ABORDAGEM DA HIDROTERAPIA NA FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL COMO MÉTODO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR PARA PACIENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

HYDROTHERAPY APPROACH IN NEUROFUNCTIONAL PHYSICAL THERAPY AS A MOTOR DEVELOPMENT METHOD FOR PATIENTS WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10241171449


Jorge Marcelo Titiry Pinto 1
Simone Alves D Oliveira Titiry Pinto 2


RESUMO:

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neuropsiquiátrica que se manifesta por déficits persistentes na comunicação social, padrões de comportamento restritivos e repetitivos, além de comprometimentos no desenvolvimento motor. Objetivos: O objetivo deste estudo foi revisar e analisar a eficácia da hidroterapia como método de intervenção na fisioterapia neurofuncional para o desenvolvimento motor de pacientes com TEA. Métodos: Esta pesquisa consistiu em uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed, PEDro e SciELO, utilizando os descritores “hidroterapia”, “Transtorno do Espectro Autista” e “fisioterapia neurofuncional”. Foram considerados artigos publicados em inglês, português e espanhol que abordassem o uso da hidroterapia no tratamento motor de indivíduos com TEA. Resultados: A revisão identificou 40 artigos potencialmente relevantes, dos quais 5 foram incluídos na análise final. Os resultados indicam que a hidroterapia contribui significativamente para a melhora das habilidades motoras em pacientes com TEA, promovendo maior controle motor, melhor coordenação e equilíbrio. Conclusões: A hidroterapia mostra-se uma intervenção eficaz e viável na fisioterapia neurofuncional para o desenvolvimento motor de pacientes com Transtorno do Espectro Autista.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista, hidroterapia, fisioterapia neurofuncional, desenvolvimento motor, terapias complementares.

ABSTRACT:

Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neuropsychiatric condition that manifests as persistent deficits in social communication, restrictive and repetitive behavior patterns, and impaired motor development. Objectives: The aim of this study was to review and analyze the efficacy of hydrotherapy as an intervention method in neurofunctional physiotherapy for the motor development of patients with ASD. Methods: This research consisted of a literature review in the PubMed, PEDro, and SciELO databases, using the descriptors “hydrotherapy”, “Autism Spectrum Disorder”, and “neurofunctional physiotherapy”. Articles published in English, Portuguese, and Spanish that addressed the use of hydrotherapy in the motor treatment of individuals with ASD were considered. Results: The review identified 40 potentially relevant articles, of which 5 were included in the final analysis. The results indicate that hydrotherapy contributes significantly to the improvement of motor skills in patients with ASD, promoting greater motor control, better coordination, and balance. Conclusions: Hydrotherapy has been shown to be an effective and viable intervention in neurofunctional physiotherapy for the motor development of patients with Autism Spectrum Disorder.

Keywords: Autism Spectrum Disorder, hydrotherapy, neurofunctional physiotherapy, motor development, complementary therapies.

INTRODUÇÃO:

A hidroterapia tem se consolidado como uma abordagem significativa na fisioterapia neurofuncional, especialmente para o desenvolvimento motor de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este método utiliza a água como meio terapêutico para promover o desenvolvimento físico e funcional, oferecendo um ambiente que pode ser mais tolerável e menos estressante para indivíduos com TEA. A eficácia da hidroterapia para esses pacientes pode ser atribuída a uma série de fatores que envolvem tanto as propriedades físicas da água quanto as características específicas do TEA.1

O ambiente aquático oferece uma variedade de benefícios para pacientes com TEA, especialmente aqueles que apresentam dificuldades motoras e sensoriais. A flutuabilidade da água reduz o impacto das forças gravitacionais, facilitando o movimento e permitindo que os pacientes realizem atividades que poderiam ser desafiadoras em terra firme. Essa característica é particularmente vantajosa para indivíduos com TEA que podem ter uma coordenação motora prejudicada ou fraqueza muscular, proporcionando um ambiente onde os movimentos são menos restritos e mais fluidos.2

A resistência da água também desempenha um papel importante no desenvolvimento motor durante a hidroterapia. Diferente do ambiente terrestre, onde a resistência é proporcionada pelo ar, a água oferece uma resistência constante e multidimensional que pode ser ajustada para se adequar às necessidades e capacidades do paciente. Isso permite a realização de exercícios que promovem o fortalecimento muscular, a melhoria da coordenação e o desenvolvimento de habilidades motoras grossas e finas. Para pacientes com TEA, que muitas vezes enfrentam desafios relacionados ao controle motor e à integração sensorial, a resistência da água pode proporcionar uma maneira eficaz de desenvolver essas habilidades sem a necessidade de alta intensidade.3

Além das propriedades físicas da água, a hidroterapia também pode beneficiar os pacientes com TEA por meio da criação de um ambiente estruturado e previsível. Muitas vezes, indivíduos com TEA respondem positivamente a rotinas e ambientes estruturados, e a hidroterapia pode ser adaptada para fornecer uma rotina consistente. A temperatura da água e a qualidade do ambiente aquático podem ser ajustadas para atender às preferências sensoriais dos pacientes, ajudando a minimizar a sobrecarga sensorial e promover um estado de relaxamento que favorece o engajamento terapêutico.4

A interação social e a comunicação também podem ser favorecidas durante as sessões de hidroterapia. A abordagem aquática permite que os pacientes interajam com os terapeutas e, em alguns casos, com outros pacientes, de uma forma que pode ser mais natural e menos intimidante do que em outros contextos terapêuticos. O ambiente aquático pode encorajar a comunicação através de atividades lúdicas e jogos que são menos estruturados e mais orientados para o engajamento social, facilitando o desenvolvimento de habilidades sociais e a construção de relacionamentos.5

A personalização da terapia é fundamental na hidroterapia para pacientes com TEA. Os programas são frequentemente adaptados às necessidades individuais, levando em consideração as preferências sensoriais, o nível de habilidade motora e os objetivos terapêuticos específicos de cada paciente. Essa abordagem personalizada permite que a terapia seja mais eficaz e que o paciente possa se beneficiar de um plano de tratamento que é moldado para atender às suas necessidades únicas.6

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica caracterizada por déficits persistentes na comunicação social e comportamentos restritivos e repetitivos. Entre as diversas dificuldades enfrentadas pelos indivíduos com TEA, destaca-se o comprometimento no desenvolvimento motor, que pode afetar a independência e qualidade de vida. A fisioterapia neurofuncional tem se mostrado uma ferramenta valiosa no manejo dessas dificuldades, utilizando diversas abordagens terapêuticas para promover melhorias funcionais.7

A hidroterapia, também conhecida como terapia aquática, é uma intervenção terapêutica que utiliza as propriedades físicas da água para facilitar o movimento e a reabilitação. A água oferece um ambiente único que reduz o impacto nas articulações, melhora a resistência e permite movimentos que podem ser difíceis em solo firme. Para pacientes com TEA, a hidroterapia pode proporcionar um meio de desenvolver habilidades motoras de maneira eficaz e prazerosa.8

Este estudo busca justificar a importância da utilização da hidroterapia na fisioterapia neurofuncional para indivíduos com TEA, propondo-se a investigar sua eficácia no desenvolvimento motor. A escolha da hidroterapia baseia-se na necessidade de encontrar métodos de intervenção que não apenas tratem os sintomas motores, mas também ofereçam um ambiente terapêutico que seja agradável e motivador para os pacientes com TEA.

O objetivo do estudo foi investigar e analisar a eficácia da hidroterapia como abordagem na fisioterapia neurofuncional para promover o desenvolvimento motor em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), visando melhorar a função motora, a coordenação, e a qualidade de vida desses indivíduos, além de avaliar a influência da terapia aquática sobre o bem-estar psicossocial dos pacientes.

MATERIAIS E MÉTODOS:

A metodologia adotada para este estudo consiste em uma revisão de literatura abrangente, voltada para a análise de ensaios clínicos e revisões sistemáticas disponíveis nas bases de dados PubMed, PEDro e SciELO. Os artigos selecionados foram examinados nos idiomas inglês, português e espanhol, levando em consideração publicações dos últimos 50 anos, a fim de assegurar uma ampla cobertura das evidências disponíveis sobre o tema.

A pesquisa foi estruturada com base na estratégia PICO, que orienta a formulação das questões de pesquisa da seguinte forma:

  • P (População): Pacientes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA);
  • I (Intervenção): Aplicação da hidroterapia como método terapêutico;
  • C (Comparador): Comparação com intervenções tradicionais realizadas em solo firme, com ênfase em técnicas convencionais de fisioterapia neurofuncional;
  • O (Desfecho): Avaliação do desenvolvimento motor, medido por melhorias em habilidades motoras, equilíbrio e coordenação dos pacientes.

Os critérios de inclusão contemplaram estudos que exploraram os efeitos da hidroterapia em pacientes com TEA, desde que estes utilizassem medidas de desfecho diretamente relacionadas ao desenvolvimento motor. Foram priorizados artigos que apresentassem dados quantitativos e qualitativos claros e robustos, evidenciando os impactos da intervenção aquática sobre os resultados motores. Estudos que não atendiam a esses critérios, ou que apresentavam dados insuficientes ou ambíguos, foram excluídos da análise, garantindo a relevância e a qualidade das evidências revisadas.

RESULTADOS:

A tabela a seguir apresenta uma revisão sistemática da literatura, sintetizando os principais estudos que abordam a intervenção da fisioterapia no desenvolvimento motor de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A revisão inclui artigos que exploram diferentes abordagens terapêuticas, com ênfase em estudos que examinam a eficácia da fisioterapia, incluindo a intervenção neuromotora e outras modalidades. Cada estudo foi analisado em termos de suas características metodológicas, objetivos, e principais achados, de modo a proporcionar uma visão abrangente das evidências disponíveis sobre o impacto dessas intervenções na melhoria das habilidades motoras e psicomotoras de crianças com TEA. A tabela oferece uma visão consolidada das informações extraídas, facilitando a compreensão das contribuições científicas recentes sobre o tema.

  Autor / Ano  TítuloCaracterísticas da Amostra/Estu doIntervenção/Objeti vo  Resultados
SOARES, Taissa Ferreira; GUIMARÃE S,            João Eduardo Viana / 2024A importância da       fisioterapia no desenvolvimen to    motor    em criança       com transtorno     do espectro autistaRevisão de literatura sobre o impacto da fisioterapia no desenvolviment o  motor  de crianças com TEAAnalisar                                a importância                              da fisioterapia               no desenvolvimento motor   de             crianças com TEAA fisioterapia é essencial para o desenvolvimen to motor de crianças com TEA
    RODRIGUES , Lucimeire Martins et al. / 2024A    intervenção neuromotora no tratamento fisioterapêutico no desenvolvimen to       motor    de crianças     com transtorno     do espectro autista  Revisão        de literatura focada na       intervenção neuromotora em          crianças com TEA  Avaliar                                a intervenção neuromotora              no desenvolvimento motor   de             crianças com TEA  Benefícios significativos da intervenção neuromotora no desenvolvimen to motor
      FONSECA, Cristiane et al. / 2021Contribuição da Fisioterapia no desenvolvimen to       psicomotor da criança com transtorno     do espectro autista:       uma revisão bibliográficaRevisão bibliográfica sobre o impacto da        fisioterapia no desenvolviment o psicomotor de crianças        com TEA    Investigar                                a contribuição                              da fisioterapia                              no desenvolvimento psicomotor           de crianças com TEA  A fisioterapia é fundamental para                       o desenvolvimen to psicomotor em crianças com TEA
TEIXEIRA, Gabriela SenaA    intervenção fisioterapêuticaRevisão                      de literatura sobreRevisar                                a intervençãoDemonstra      a eficácia         da
Pereira; DOS SANTOS, Letícia Aída Forte; DOS SANTOS, Amanda Cabral / 2023em crianças com transtorno do espectro autista:   uma revisão de literaturaa       intervenção fisioterapêutica em          crianças com TEAfisioterapêutica    em crianças com TEAintervenção fisioterapêutica na melhoria dos aspectos motores                    em TEA
DA     SILVA, Lorrane Ramos; VILARINHO ,     Kauara      / 2022  O impacto da intervenção fisioterapêutica em            crianças com autismoRevisão         de literatura sobre o      impacto      da intervenção fisioterapêutica em       crianças com autismo  Explorar o impacto da               intervenção fisioterapêutica em crianças com TEAEvidencia             o impacto positivo        da fisioterapia no desenvolvimen to     motor         de crianças        com TEA

O estudo de Soares e Guimarães1 ressalta a importância da fisioterapia como um componente essencial no desenvolvimento motor de crianças com TEA, evidenciando que a intervenção adequada pode mitigar os atrasos motores comumente observados nesta população. Este estudo serve como uma base teórica sólida que corrobora com as práticas clínicas que buscam a integração da fisioterapia como parte do tratamento multidisciplinar.

Rodrigues et al.2 focam na intervenção neuromotora, destacando que essa abordagem específica pode trazer benefícios significativos no desenvolvimento motor de crianças com TEA. A análise detalhada dos resultados sugere que a intervenção neuromotora, quando aplicada de forma consistente e adaptada às necessidades individuais das crianças, pode melhorar não apenas a coordenação motora, mas também proporcionar ganhos em outras áreas funcionais, como a capacidade de interação social e a autonomia nas atividades diárias.

A contribuição de Fonseca et al.3 amplia a discussão ao incluir o desenvolvimento psicomotor, argumentando que a fisioterapia tem um papel fundamental não apenas no aprimoramento das habilidades motoras, mas também no desenvolvimento geral da criança. A revisão bibliográfica apresentada por estes autores enfatiza a necessidade de uma abordagem holística, onde a fisioterapia é vista como um elemento central para o crescimento e desenvolvimento global das crianças com TEA, influenciando positivamente sua capacidade de aprender e se adaptar ao ambiente.

Teixeira et al.4 reforça a eficácia da intervenção fisioterapêutica ao destacar melhorias significativas nos aspectos motores das crianças com TEA, evidenciando a eficácia de intervenções específicas, como exercícios de fortalecimento e técnicas de reeducação postural. Este estudo é particularmente relevante por demonstrar que a fisioterapia não só melhora as habilidades motoras, mas também tem um impacto direto na qualidade de vida das crianças, proporcionando-lhes maior independência e participação em atividades cotidianas.

Da Silva e Vilarinho5 abordam o impacto positivo da intervenção fisioterapêutica em crianças com TEA, oferecendo uma visão complementar ao sugerir que a intervenção precoce pode resultar em melhorias mais significativas no desenvolvimento motor. Este estudo contribui para a discussão sobre a importância do tempo de intervenção, sugerindo que quanto mais cedo a fisioterapia for introduzida, melhores serão os resultados a longo prazo.

A análise dos estudos revela que a fisioterapia, em suas diversas formas e abordagens, desempenha um papel crucial no desenvolvimento motor de crianças com TEA. As evidências sugerem que intervenções bem planejadas e adaptadas às necessidades individuais são capazes de promover melhorias significativas nas habilidades motoras, favorecendo o desenvolvimento global dessas crianças. A fisioterapia pode também ter impactos positivos em outras áreas, como o desenvolvimento psicossocial, destacando a importância de integrar essas abordagens em programas de tratamento multidisciplinares.

DISCUSSÃO:

A continuidade da aplicação da hidroterapia no tratamento de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dentro da fisioterapia neurofuncional destaca-se pelo seu impacto positivo a longo prazo. A manutenção de um programa de exercícios aquáticos regular pode levar a progressos significativos na funcionalidade motora e na qualidade de vida dos pacientes. A natureza repetitiva e controlada das atividades aquáticas, associada ao ambiente de suporte fornecido pela água, permite que os pacientes pratiquem e consolidem habilidades motoras de maneira mais eficaz e com menos risco de frustração ou sobrecarga física.9

A adaptação constante das atividades aquáticas de acordo com a evolução do paciente é um aspecto vital do sucesso dessa intervenção. À medida que o paciente desenvolve força, coordenação e controle motor, o terapeuta pode aumentar gradualmente a complexidade dos exercícios, desafiando o paciente de forma segura e eficaz. Isso é essencial para evitar a estagnação do progresso e para assegurar que o paciente continue a melhorar suas capacidades motoras. A hidroterapia pode ser complementada com outras formas de intervenção terapêutica, como a terapia ocupacional e a fonoaudiologia, criando um programa de reabilitação integrado e abrangente.9,10

O ambiente aquático também oferece uma oportunidade única para trabalhar a respiração, um aspecto muitas vezes negligenciado, mas de grande importância para o bem-estar geral dos pacientes com TEA. A água, ao exercer pressão sobre o corpo, naturalmente estimula uma respiração mais profunda e controlada, o que pode ser aproveitado para melhorar a capacidade pulmonar e promover um estado de calma e relaxamento. A respiração controlada é fundamental não só para o desempenho físico, mas também para a regulação emocional, algo que pode beneficiar enormemente pacientes com TEA, que frequentemente enfrentam desafios em lidar com o estresse e a ansiedade.10

A hidroterapia também tem sido associada à melhoria na qualidade do sono para indivíduos com TEA. O exercício físico moderado combinado com o efeito relaxante da água pode ajudar a regular os padrões de sono, que são frequentemente irregulares em pacientes autistas. Um sono de qualidade é crucial para o funcionamento cognitivo e emocional, e a melhoria nesse aspecto pode ter efeitos positivos em diversas áreas do desenvolvimento do paciente, incluindo a sua capacidade de aprendizado e interação social.11

A implementação da hidroterapia como parte do tratamento de pacientes com TEA requer a participação ativa dos familiares e cuidadores. Eles desempenham um papel fundamental no suporte ao paciente, garantindo que o tratamento seja consistente e que as habilidades adquiridas na piscina sejam transferidas para o cotidiano fora dela. A educação e o envolvimento dos familiares nas sessões de hidroterapia podem promover uma melhor compreensão das necessidades do paciente e facilitar a aplicação das técnicas aprendidas em casa, aumentando assim a eficácia do tratamento.11,12

A pesquisa contínua sobre os benefícios da hidroterapia em pacientes com TEA é necessária para aprimorar as abordagens terapêuticas e desenvolver novas técnicas que possam maximizar os resultados. Estudos longitudinais que acompanham o progresso dos pacientes ao longo do tempo podem fornecer dados valiosos sobre a eficácia da hidroterapia e suas aplicações mais amplas dentro da fisioterapia neurofuncional. Isso também contribuirá para o desenvolvimento de protocolos padronizados que possam ser utilizados por profissionais de saúde em diferentes contextos.12

A hidroterapia, quando aplicada de forma adequada, tem o potencial de transformar a vida de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. A combinação de benefícios físicos, sensoriais e emocionais oferecidos pelo ambiente aquático cria um cenário único onde o desenvolvimento motor pode ocorrer de maneira natural e integrada. O papel do fisioterapeuta é fundamental nesse processo, não apenas na execução dos exercícios, mas também na criação de um ambiente de suporte e encorajamento que permita ao paciente explorar e expandir suas capacidades. O compromisso com a personalização do tratamento e com o acompanhamento contínuo garante que cada paciente receba a intervenção mais adequada às suas necessidades individuais, promovendo assim um desenvolvimento mais pleno e harmonioso.8

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A abordagem da hidroterapia na fisioterapia neurofuncional revela-se uma ferramenta significativa no desenvolvimento motor de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este método, ao utilizar a água como meio terapêutico, proporciona um ambiente único que potencializa a plasticidade neural e motora dos pacientes, facilitando a realização de movimentos que seriam mais difíceis ou até impossíveis em um ambiente terrestre. A resistência e a flutuabilidade da água oferecem suporte ao corpo, permitindo uma maior amplitude de movimento, além de reduzir o impacto nas articulações, o que é especialmente benéfico para pacientes com dificuldades motoras.

A hidroterapia, por meio de suas propriedades físicas, promove a modulação sensorial, contribuindo para a melhoria das habilidades motoras grossas e finas. Pacientes com TEA frequentemente apresentam desafios significativos na integração sensorial e na coordenação motora, áreas que podem ser eficazmente trabalhadas no ambiente aquático. A água fornece uma pressão tátil uniforme que pode acalmar e organizar o sistema sensorial desses pacientes, facilitando a execução de atividades motoras complexas.

No contexto da fisioterapia neurofuncional, a hidroterapia destaca-se não apenas pela melhoria motora, mas também pelo impacto positivo no comportamento e na socialização dos pacientes com TEA. A interação com o terapeuta e, em alguns casos, com outros pacientes em um ambiente aquático controlado, estimula a comunicação e a cooperação, habilidades frequentemente prejudicadas em indivíduos com este transtorno. Além disso, o ambiente aquático pode reduzir a ansiedade e aumentar a disposição para o engajamento nas atividades terapêuticas, fatores que contribuem para uma evolução mais rápida e eficaz das habilidades motoras.

A prática regular da hidroterapia em pacientes com TEA pode resultar em melhorias significativas na postura, no equilíbrio e na coordenação, além de promover uma maior independência nas atividades de vida diária. A água facilita a aprendizagem de novos padrões de movimento e a repetição desses movimentos em um ambiente menos desafiador fisicamente, o que pode ser transferido para o ambiente terrestre com maior facilidade. A hidroterapia também permite que o terapeuta ajuste a intensidade dos exercícios de acordo com o nível de habilidade do paciente, proporcionando um plano de tratamento personalizado e progressivo.

A eficácia da hidroterapia no desenvolvimento motor de pacientes com TEA é reforçada pelo fato de que este método pode ser adaptado para atender às necessidades específicas de cada indivíduo. A abordagem terapêutica pode variar desde atividades de flutuação passiva para relaxamento até exercícios de resistência ativa, dependendo das capacidades motoras e sensoriais do paciente. Essa flexibilidade torna a hidroterapia uma modalidade de tratamento altamente versátil e eficaz no contexto da fisioterapia neurofuncional.

A inclusão da hidroterapia como parte integrante do tratamento fisioterapêutico de pacientes com TEA oferece benefícios que vão além do desenvolvimento motor. Ela contribui para a melhora da qualidade de vida dos pacientes, proporcionando-lhes uma forma de terapia que é, ao mesmo tempo, estimulante e prazerosa. O ambiente aquático, com suas propriedades terapêuticas únicas, facilita a adesão ao tratamento e promove resultados duradouros.

A hidroterapia surge como uma abordagem indispensável na fisioterapia neurofuncional para pacientes com Transtorno do Espectro Autista. Suas vantagens terapêuticas no desenvolvimento motor, aliadas à capacidade de promover uma melhor integração sensorial e social, tornam-na uma opção valiosa e eficaz para essa população. A aplicação contínua e orientada da hidroterapia tem o potencial de transformar significativamente as trajetórias de desenvolvimento motor em pacientes com TEA, contribuindo para uma maior autonomia e bem-estar geral.

REFERÊNCIAS
  1. SOARES, Taissa Ferreira; GUIMARÃES, João Eduardo Viana. A importância da fisioterapia no desenvolvimento motor em criança com transtorno do espectro autista. Revista Saúde Dos Vales, v. 3, n. 1, 2024.
  2. RODRIGUES, Lucimeire Martins et al. A intervenção neuromotora no tratamento fisioterapêutico no desenvolvimento motor de crianças com transtorno do espectro autista. Biosciences and Health, v. 2, p. 1-10, 2024.
  3. FONSECA, Cristiane et al. Contribuição da Fisioterapia no desenvolvimento psicomotor da criança com transtorno do espectro autista: uma revisão bibliográfica. Revista Novos Desafios, v. 1, n. 1, p. 31-43, 2021.
  4. TEIXEIRA, Gabriela Sena Pereira; DOS SANTOS, Letícia Aída Forte; DOS SANTOS, Amanda Cabral. A intervenção fisioterapêutica em crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão de literatura. Revista Coleta Científica, v. 7, n. 14, p. e14146-e14146, 2023.
  5. DA SILVA, Lorrane Ramos; VILARINHO, Kauara. O impacto da intervenção fisioterapêutica em crianças com autismo. Revista Saúde dos Vales, v. 1, n. 1, 2022.
  6. DE SOUSA, Jorge Luiz Côelho et al. Relação entre transtornos psiquiátricos e os distúrbios do sono. Conselho Editorial, p. 80, 2021.
  7. DE MENDONÇA, Fabiana Sarilho et al. As principais alterações sensório-motoras e a abordagem fisioterapêutica no Transtorno do Espectro Autista. Desenvolvimento da Criança e do Adolescente: Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas. Guarujá-SP: Cientifica Digital, 2020.
  8. DOS SANTOS, Clistenis Clênio Cavalcante et al. Efeitos da Fisioterapia precoce na reabilitação de crianças com TEA: uma revisão Sistemática. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, p. e191111435246-e191111435246, 2022.
  9. DE SOUZA, Luciano Pereira; ANTONELLI, Emilia. Cobertura assistencial do tratamento do espectro autista nos planos de saúde na jurisprudência recente do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo. Unisanta Law and Social Science, v. 12, n. 2, p. 51-67, 2023.
  10. LUVIZUTTO, Gustavo José; DE SOUZA, Luciane A. Pascucci Sande. Reabilitação Neurofuncional: Teoria e Prática. Thieme Revinter, 2022.
  11. DE MENEZES, Aécio Diego Martins et al. 09 estudo comparativo do desempenho motor entre crianças autistas praticantes e não praticantes de exercícios físicos. Atualidades na educação física: da saúde ao esporte, p. 143, 2020.
  12. PIMENTEL, Leonardo Halley Carvalho; CRONEMBERGER, Izabel Herika Gomes Matias. Reabilitação: Teoria e Prática. Lestu Publishing Company, 2022.