A INTEGRAÇÃO ENSINO-SERVIÇO NA FORMAÇÃO EM ODONTOLOGIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE CARUARU-PE

TEACHING-SERVICE INTEGRATION IN DENTISTRY TRAINING IN THE FAMILY HEALTH STRATEGY IN THE CITY OF CARUARU-PE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10241161304


Marcos Gustavo Oliveira da Silva[1]
Paulette Cavalcanti de Albuquerque [2]
José Eudes de Lorena Sobrinho[3]
Helison Cleiton dos Santos Ferreira[4]
Karollayne Alves da S. Paiva[5]
Talita Lima das Mercês[6]
Maria Elloysa da Silva[7]
Karen Miranda Santos[8]
Brenda Stephanie Souza[9]
Nataliane Pereira Da Silva[10]
Michele Amorim Bezerra da Silva Moura[11]
Rommel Domingos Farias dos Santos[12]
José Ewerton Gomes da Silva[13]
Isabella Cinthya Florencio[14]
Suyane Mirelli dos Santos Silva[15]


INTRODUÇÃO

A integração ensino-serviço denomina-se o trabalho coletivo pactuado, articulado e integrado de estudantes e professores dos cursos de formação na área da saúde com trabalhadores dos serviços, cujo resultado amplia a qualidade de atenção à saúde da população, a excelência da formação profissional e o desenvolvimento dos trabalhadores dos serviços1

Observa-se que tradicionalmente a odontologia absorveu o modelo do Relatório Gies publicado em 1926 pelo governo americano e que segundo Moysés2  este padrão influenciou, de modo definitivo, o modelo de educação e de prática odontológica nos Estados Unidos e nos demais países que são influenciados por eles. Apesar da inserção em 2001 da odontologia no Programa de Saúde da Família (PSF) como estratégia para reorientação de suas práticas, evidenciou-se um desalinho do ensino e as reais necessidades de saúde da população.

Com o objetivo de modificar esse cenário foram implantadas as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN´s) para os cursos de graduação, criando métodos educativos mais humanizados, com estudantes comprometidos e integrados à realidade social e epidemiológica3.A própria Resolução nº 3, de 21 de Julho de 2021 menciona em seu capítulo um que a formação do futuro cirurgião dentista (CD) deve considerar o Sistema Único de Saúde (SUS) como cenário de aprendizado, articulando ações e serviços para a formação profissional. Também enfatiza que o perfil deste egresso dever possuir as seguintes características: humanístico, ético, promotor da saúde e transformador da realidade em benefício de toda sociedade4.

 Para atender às DCNs, as instituições de ensino superior da área de saúde têm desenvolvido atividades no território como parte de seus projetos educacionais. Tais programas têm sido comprovadamente efetivos por estudos, gerando ótimas perspectivas de inovação e concretização no tocante à integração ensino-serviço, favorecendo a formação profissional para o SUS3.Segundo Mestriner Junior5 et al. a estratégia para formação profissional tem levado o estudante a participar de novos cenários de ensino aprendizagem, reorientando a formação de profissionais da odontologia.

Dentre os vários cenários de práticas pelo estudante de odontologia na Atenção Primária à Saúde pode-se elencar a realização de Levantamentos Epidemiológicos em escolares do território. Silva Junior6 et al. confirmam que a realização de inquéritos deve fazer parte do processo educacional destes estudantes em momentos oportunos e em diversas disciplinas.

Outras atividades são fundamentais durante os estágios curriculares supervisionados em odontologia. O Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007, é um espaço importante nesta atuação, com enfoque na execução de atividades de saúde no ambiente escolar em todo o território nacional7.Todas estas atividades são dependentes de uma preceptoria comprometida para a sua efetivação. Conforme Toassi, Davoglio e Lemos8  é de responsabilidade do preceptor acompanhar e orientar os estudantes na realização de suas atividades no serviço. Os mesmos autores mencionam que nesta preceptoria participam profissionais ligados ao serviço e alguns residentes de odontologia que acompanham o estudante no seu período de estágio.

Neste contexto, faz-se necessária a produção de estudos que abordem a temática e reflitam a potencialidade da integração ensino-serviço no desenvolvimento da formação dos futuros formandos em odontologia, na melhoria da qualidade do serviço e no aperfeiçoamento da prática profissional dos preceptores. Também espera-se que os resultados da pesquisa possam gerar maior reflexão e mudança de postura das equipes, com o estímulo ao exercício de um estágio supervisionado em odontologia dentro do que preconiza as DCN´s.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo no município de Caruaru entre novembro de 2023 e maio de 2024 com abordagens quantitativas e qualitativas com questionário e entrevista audiogravada envolvendo os cirurgiões-dentistas servidores ou residentes da atenção básica preceptores dos alunos de graduação em odontologia e atuantes na rede de Atenção Primária à saúde do município, além da análise documental e revisão bibliográfica.

 No âmbito da Atenção Primária, o município de Caruaru conta com 60 Unidades Básicas de Saúde com a distribuição das Equipes de Saúde Bucal (ESB) seguindo a seguinte configuração: ESB Porte um, quando só existe uma ESB dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS), ESB Porte dois quando na mesma Unidade existem dois ESB e ESB Porte três quando na mesma edificação existem três ESB, totalizando-se 76 ESB que atuam na Atenção Primária do município. Vale ressaltar que os dentistas residentes em Atenção Primária são responsáveis por uma Equipe de Saúde Bucal, sendo os preceptores dos mesmos os dentistas servidores do município de Caruaru que atuam na mesma UBS, mas lotados em outra equipe.

Foram critérios de inclusão da pesquisa os cirurgiões-dentistas servidores e os dentistas residentes atuantes na Estratégia de Saúde da Família da Secretaria de Saúde de Caruaru que estejam desenvolvendo a preceptoria há mais de seis meses. Como critério de exclusão os cirurgiões-dentistas servidores que estejam de licença prêmio ou afastados por outro motivo por longo período e os cirurgiões-dentistas residentes afastados por trancamento do semestre ou que não foram possíveis serem localizados no momento da coleta de dados.

Inicialmente buscou-se ampliar o questionário e a entrevista para um total de 22 profissionais, mas dois cirurgiões-dentistas residentes não participaram da pesquisa, pois o primeiro tinha desistido do programa e a última estava realizando rodízio externo em um município há mais de 133km de distância de Caruaru, não retornando mais ao Agreste Pernambucano, sendo realizado o trabalho com 20 participantes. Nesta perspectiva responderam ao questionário um total de 20 preceptores, sendo dez dentistas servidores e dez dentistas residentes e quanto à entrevista um total de 19 preceptores participaram, sendo nove dentistas servidores e dez dentistas residentes, pois uma dentista servidora não autorizou sua participação na entrevista.

Solicitados os contatos telefônicos dos celulares dos participantes da pesquisa à Coordenação de Saúde bucal de Caruaru, os mesmos foram contactados por mensagens de whatsapp, e os que responderam demonstrando interesse em participar da investigação foram convidados para um encontro na UBS em que trabalham para a apresentação do estudo, seus objetivos, métodos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Logo após este momento, os profissionais interessados participaram de uma entrevista de forma presencial com a gravação das respostas por intermédio do aplicativo de gravação de áudio do aparelho de celular do entrevistador. Finalizadas as entrevistas, os mesmos dentistas participaram do preenchimento do questionário.

Os questionários foram compostos por eixos, sendo o primeiro relacionado a dados sociodemográficos tais como: sexo, idade, cor ou raça/etnia e também questões referentes à formação e atuação profissional como: faculdade de formação, tipo de vínculo empregatício, realização de curso de preceptoria, atuação exclusiva pelo SUS, tempo na atenção primária, tempo como preceptor dos alunos de graduação e a motivação para tal, se apresenta especialização em saúde da família e/ou especialização em outra área do conhecimento e se possui ou está realizando residência em saúde da família, mencionando a instituição de realização, caso a possua. No segundo eixo, foram abordadas questões referentes a atuação dos profissionais dentistas na preceptoria como postura e atitude do preceptor relacionados ao compromisso, interesse e acessibilidade frente à preceptoria e dados sobre a competência técnica e didática dos entrevistados quanto ao domínio cognitivo, atualização, necessidades educacionais singulares e prática didático-pedagógica.

Os questionários obtiveram respostas objetivas e diretas até a questão de número 14, padronizado numa escala de 0 a 2 para as perguntas subsequentes como na categoria postura e atitude do preceptor em relação à dedicação e compromisso, interesse/iniciativa e acessibilidade/disponibilidade, seguindo na categoria competência técnica e didática em relação ao domínio do conteúdo, atualidade, prática educacional singular e recursos didáticos pedagógicos. Essa escala foi padronizada como sendo: 0 – abaixo do padrão, 1 – 50% do padrão e 2 – padrão.

A Estatística Descritiva foi utilizada no estudo quantitativo, através da aplicação de um questionário, utilizando-se das seguintes variáveis: Perfil sócio demográfico (sexo, idade e cor); Perfil de formação (Instituição de formação, curso de preceptoria, especialização em saúde da família, especialização em outra área, residência em saúde da família e a instituição em que realizou a residência em saúde da família); Perfil profissional (vínculo profissional, tempo de atuação na APS, tempo de atuação como preceptor e o motivo para ser preceptor. Além destes foram analisadas questões como atuação dos preceptores como: postura/atitude (dedicação e compromisso, interesse e iniciativa, acessibilidade e disponibilidade), competência técnica/didática (domínio do conteúdo, atualidade, prática educacional singular e recursos didáticos pedagógicos).   

Foi realizada a transcrição cuidadosa de todo conteúdo gravado durante a entrevista, incluindo eventuais pausas, interrupções, dúvidas. Para auxiliar neste processo, foi utilizado o aplicativo Reshape – Transcrições, que mesmo após o trabalho efetuado pelo mesmo foram revisadas todas as conversações para oferecer um produto mais próximo possível do diálogo entre entrevistador e entrevistado.

As perguntas que foram dialogadas pelo entrevistador basearam-se nas experiências e impressões dos preceptores diante do cotidiano na prática da preceptoria com os alunos de graduação em odontologia na Atenção Primária em quatro categorias principais como atividades no território como qualificadores do estágio curricular, contribuições da integração ensino-serviço, modos de avaliações do estágio curricular com o aluno e momento de estudo com o estudante. As categorizações foram construídas durante a leitura e análise das transcrições das entrevistas.

A seguir (Quadro 1), pode-se observar a quantidade de entrevistas por grupo, o agrupamento dos atores-chaves e a codificação utilizada para a identificação dos participantes:

Quadro 1 – Quantidade de entrevistas por grupos participantes da pesquisa em Caruaru, PE, 2023

GruposQuantidade            de entrevistasIdentificação              dos participantes
Preceptores dentistas  servidores9PDS1 PDS2 PDS3 PDS4 PDS5 PDS6 PDS7 PDS8 PDS9
Preceptores dentistas Residentes em Saúde      da Família10PDR1 PDR2 PDR3 PDR4 PDR5 PDR6 PDR7 PDR8 PDR9 PDR10

PDS = Preceptor dentista servidor; PDR = Preceptor dentista residente em Saúde da Família

Fonte: elaborado pelo autor (2023)

Também foram codificadas as nomenclaturas das faculdades mencionadas nas falas dos entrevistados como faculdade 1 e faculdade 2, para não identificar a instituição de nível superior relatada pelos preceptores nas entrevistas. Os dados foram coletados em papel e digitados, criando-se um banco de dados. Os mesmos foram tabulados no programa WPS Office e os resultados foram expressos em percentuais e apresentados por meio de tabelas com médias e proporções.

Esta pesquisa foi desenvolvida em conformidade com as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas que envolvem seres humanos, aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), através da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 20129; e com normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais, aprovadas pelo CNS, através da Resolução nº 510, de 07 de abril de 201610. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz de Pernambuco e aprovado no parecer consubstanciado do CEP N0 6.486.389 e CAAE: 74486523.7.0000.5190.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Num primeiro momento será apresentado os dados sóciodemográficos dos participantes da pesquisa em conformidade com o sexo, idade e cor auto-declarados pelos preceptores entrevistados, conforme a Tabela 1:

Tabela 1 – Dados Sociodemográficos dos Cirurgiões dentistas de Caruaru, PE, 2023

Fonte: dados da pesquisa (2023)

Foi observado na pesquisa que 70% são do sexo feminino e 30% masculino, corroborando com os estudos de Costa11 et al. que afirmam que a escolaridade das mulheres aumentou entre os anos 1970 e 2000, sobretudo na educação superior. Como exemplo em 1970, 25% das pessoas com curso superior eram compostas por mulheres, aumentando para 53% no ano 2000. Segundo Matos, Toassi e Oliveira12, no Brasil as mulheres são maioria atuando como cirurgiões-dentistas em 25 dos 27 estados brasileiros, representado 56% do total dos profissionais.

Também foi observado que o grupo de preceptores é composto pela sua maior parte (60%) por cirurgiões-dentistas da faixa etária entre 25 e 34 anos; 15% possuem idade entre 35 e 44 anos, 15% entre 45 e 54 anos, 10% entre 18 e 24 anos e nenhum possui mais de 54 anos, com uma média de idade de 33,15 anos. Este panorama é semelhante ao perfil nacional onde o maior número de profissionais se encontra na faixa etária entre 26 a 35 anos13, representando muitas vezes o início da carreira profissional, fato este evidenciado pelo mesmo autor ao relatar que a distribuição dos dentistas que trabalham na Estratégia de Saúde da Família por faixa etária evidencia que a maior parte (68%) tem menos de 40 anos de idade e 33% têm menos de 30 anos.

No que se refere à questão cor, 65% se autodeclararam como sendo da cor branca, 25% parda, 5% preta, 5% amarela e nenhum da raça/etnia indígena. Esta predominância pela cor branca pode ser confirmada em um estudo realizado por Nascimento14 et al. em uma faculdade de odontologia de uma instituição pública do nordeste brasileiro, onde foi observado que 55,3% dos estudantes do turno integral e 44% dos que estudam somente à noite autodeclararam-se como sendo da cor branca, ou seja, a maioria dos estudantes.

A seguir prosseguiremos com informações a respeito da formação e atuação profissional dos dentistas preceptores de Caruaru, compreendendo dados a respeito da trajetória acadêmica, vinculação profissional, nível de pós-graduação, tempo de experiência profissional e aspectos relacionados à vivência na preceptoria. A Tabela 2ilustra os resultados entre as duas categorias em estudo: preceptor dentista servidor e preceptor residente.

Tabela 2 – Formação e atuação profissional dos dentistas preceptores em Caruaru, PE, 2023

Fonte: dados da pesquisa (2023)

Com relação à formação e atuação profissional a Tabela 2demonstra que a maioria dos cirurgiões-dentistas servidores se formaram na Associação Caruaruense de Ensino Superior (ASCES) (40%) e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) (40%). Nesta categoria nenhum profissional mencionou ter estudado na Universidade Maurício de Nassau (UNINASSAU), além de que 10% declararam que concluíram sua graduação na Universidade de Pernambuco (UPE), sobrando ainda os 10% que se formaram em outras instituições de ensino superior. Em relação aos cirurgiões-dentistas residentes em Atenção Primária, 70% relataram que se formaram na ASCES, 10% na UNINASSAU e os 20% restantes em outra instituição de ensino superior (IES) não constante na tabela do questionário.

Num primeiro momento observa-se a predominância dos dentistas servidores formados pela ASCES e pela UFPE, haja vista que uma parcela considerável deles, cujos intervalos das faixas etárias correspondentes são: 35 a 44 anos – 15% e 45 a 54 anos – 15%, constantes na Tabela 1, possuem mais tempo de formação profissional que os residentes e estas faculdades são umas das mais antigas no estado de Pernambuco, sendo a primeira localizada em Caruaru e a segunda com sede do curso de graduação em odontologia em Recife. Essa alta prevalência de formação na ASCES também predomina entre os dentistas residentes, pois a maioria (70%) é egresso da referida instituição, que após formados continuaram os estudos na mesma pela realização da pós-graduação lato sensu na modalidade de residência.

Outra justificativa seria a tendência de interiorização das instituições de nível superior e consequente permanência dos graduados nas regiões próximas da faculdade de formação, atuando profissionalmente nelas e favorecendo o desenvolvimento da localidade. Dado este que pode ser confirmado por Lubambo e Bastos15 que mencionam: Em se tratando do processo de interiorização, conduzido pelo estado no seu papel de pastoreio, as instituições de ensino tanto públicas quanto privadas passam a ter uma relação mais próxima com o setor produtivo local e regional e com a própria sociedade civil organizada, em ações locais e multiescalares.

Constatou-se na presente pesquisa que cerca de 30% dos residentes e 40% dos cirurgiões-dentistas servidores não atuam exclusivamente pelo SUS, ou seja, possuem outro vínculo trabalhista. Em um estudo sobre a organização do trabalho e perfil dos profissionais do Programa de Saúde da Família do município de Teixeiras, no estado de Minas Gerais, Cotta16 et al. afirmam que quando um profissional da saúde do PSF apresenta mais de um vínculo além do serviço público, há uma indução do profissional em não considerar o trabalho do PSF como sua atividade principal, consequentemente não se dedicando totalmente em suas atribuições no setor público.

Ao serem abordados sobre o tempo de atuação profissional na atenção primária e também sobre o tempo em que atuam como preceptores dos alunos de graduação em odontologia, na primeira abordagem a maioria dos servidores (60%) trabalha como dentista da Estratégia de Saúde da Família há mais de 10 anos em contraste com os 70% dos residentes entrevistados que declararam atuar na atenção primária entre 01 e 05 anos.

Observa-se que a maioria dos residentes não ultrapassa 05 anos de experiência profissional na atenção primária, pois geralmente são profissionais recém formados que logo se inseriram nesta pós-graduação. Para confirmar esses dados pode-se mencionar uma pesquisa realizada por Oshima17 et al. onde foi constatado o perfil dos cirurgiões-dentistas em Residências Multiprofissionais em Saúde da região Sul do Brasil onde 70% tinham no máximo 3 anos de formação, não possuíam outra especialização (stricto e/ou lato sensu) e não possuíam experiência profissional prévia em Saúde Pública. Na segunda pergunta, constatou-se que os dentistas servidores também mantém uma média maior de tempo atuando na preceptoria em relação aos residentes, pois 30% dos pós-graduandos atuam na preceptoria há menos de um ano comparado aos primeiros em que não há nenhum relato dos mesmos atuarem na preceptoria nesta menor escala de tempo.

A grande maioria (70%) dos servidores e (80%) dos residentes revelaram que a motivação de exercerem a preceptoria seria por gostarem de executar o ofício, 20% de cada categoria por acreditarem que é uma das atribuições do profissional da atenção primária e apenas 10% dos servidores mencionaram que se sente obrigados a exercerem essa função. Em uma pesquisa realizada por Palmier18 et al. ao indagarem os preceptores se estão motivados para exercerem tal ofício, 90% dos mesmos confirmaram que sim, resultado muito próximo do obtido em nossa pesquisa em relação às opiniões dos dois grupos estudados.

Ao serem questionados se possuem algum tipo de qualificação profissional como curso de preceptoria, especialização em saúde da família, residência em saúde da família ou especialização em outra área do conhecimento, 80% dos servidores afirmaram que apresentam alguma qualificação quanto à preceptoria em contraste aos 30% dos residentes que afirmaram possuí-la. Sousa19 confirma que a realização de especialização em saúde da família ou em outra área da saúde pública contribui na qualidade de atuação do profissional tanto na atenção primária quanto na prática da preceptoria.

Dando prosseguimento, 20% dos cirurgiões-dentistas servidores assinalaram que possuem certificado de conclusão de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, todos obtidos pela ASCES, mais uma vez confirmando que a presença de uma instituição de nível superior nos municípios do interior, especificamente na cidade de Caruaru, tem contribuído no fornecimento de profissionais mais qualificados na cidade no qual a instituição faz parte, contrariando com a antiga centralização do ensino superior público que favorecia a migração dos formandos do interior para as capitais, onde muitas vezes não retornavam para suas cidades de origem, conforme relatado por Rieder20.

Quanto à postura e atitude do preceptor, enfatizaram-se as respostas dos preceptores frente às perguntas que se relacionaram à dedicação/compromisso, interesse/iniciativa e acessibilidade/disponibilidade. Quanto ao primeiro termo enfatizou-se o grau de envolvimento do profissional com as atividades de sua responsabilidade quando atuam na preceptoria.  Nesta linha de pensamento, podemos mencionar o que Barreto21 et al. relatam que o preceptor deve possuir uma relação horizontalizada em relação aos estudantes, não sendo, portanto, a voz da verdade ou detentor do conhecimento único e verdadeiro.

No nosso estudo, 90% dos servidores entrevistados relataram que se consideram padrão na questão de se comprometerem da melhor forma possível com os alunos que recebem nas unidades de saúde da família e 10% admitiram ter algum grau de engajamento, mas sem alcançar o padrão ideal. Por sua vez a totalidade dos residentes declararam que são completamente comprometidos e dedicados com as atividades da preceptoria.

Ao se falar sobre o tema interesse e iniciativa, Paula e Toassi22:134 mencionam que “os estudos apontam que se espera que o preceptor tenha o interesse de exercer a preceptoria, seja receptivo como os estudantes, facilitando a comunicação e integrando-os ao restante da equipe […]”. Considerando o tema acima, observa-se que o percentual de ambas as classes, servidores e residentes, coincidem na questão de diligência e prontidão frente às demandas dos graduandos, pois 80% de ambos responderam que se comportam de forma padrão neste quesito e os 20% restantes de ambas as classes responderam que não se consideram padrão.

Para finalizar a abordagem sobre postura e atitude do preceptor foram indagados aspectos relacionados à acessibilidade e disponibilidade dos mesmos quanto às demandas dos alunos. No presente estudo 100% dos servidores afirmaram que são totalmente acessíveis aos estudantes quando os mesmos necessitam da sua presença em qualquer necessidade. Entre os residentes, 80% declararam que atuam de forma padrão, ou seja, sendo totalmente acessíveis aos estagiários quando os mesmos o necessitam e 20% assinalaram que não são totalmente acessíveis quando demandados pelos graduandos. Todos estes dados podem ser visualizados na Tabela 3:

Tabela 3 – Postura e atitude do cirurgião-dentista preceptor em Caruaru, PE, 2023

Postura/atitude do preceptorServidor (N)%Residente(N)%
Dedicação e compromissoap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 01101/2p = 0000
p = 09                  90p = 10                   100
Interesse e iniciativaap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 02201/2p = 0220
p = 08        80p = 08                 80
Acessibilidade e disponibilidadeap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 001/2p = 0220
p = 10      100p = 08                 80

Ap = Abaixo do Padrão; 1/2 p = 50% do padrão; p = Padrão

Fonte: dados da pesquisa (2023)

No próximo eixo que aborda o tema competência técnica e didática, muito relacionado à formação e qualificação profissional, foram mencionados o domínio cognitivo do conteúdo e/ou habilidade técnica. Em primeiro lugar é importante mencionar o conceito do termo preceptor que para Mills, Francis e Bonner23 é o profissional que não é da academia e tem como atribuição inserir e socializar o graduando no ambiente de trabalho.

Como resultado de nossa pesquisa constatou-se que a totalidade dos servidores se sentem totalmente habilitados quanto ao domínio dos conteúdos abordados dentro do cotidiano das práticas da atenção primária. Dentre os residentes, 80% afirmaram que se sentem totalmente padrão quanto ao domínio cognitivo e habilidade técnica na prática da preceptoria e apenas 20% admitem que não são totalmente capacitados nesta função. Acreditamos que o domínio do conteúdo tem relação direta com a atualização dos preceptores no aspecto de capacitações nas diversas modalidades.

Dentro deste panorama o questionário aplicado perguntou se os preceptores se mostravam atualizados e se têm o hábito de oferecer aos alunos artigos/estudos e materiais atuais com relação a temas tratados e problemas de saúde enfrentados e que são objeto de aprendizado. Neste contexto 60% dos entrevistados tanto servidores quanto residentes afirmaram que não se sentem tão atualizados como deveriam e desenvolvem a prática de estudo com os alunos de forma esporádica, sem um grande comprometimento e 40% declararam o oposto, ou seja, que se sentem atualizados e desenvolvem momentos de estudo com os graduandos de forma regular com leitura de artigos e materiais condizentes com temas pertinentes à área de atuação do cotidiano da atenção primária. A partir disso, pode-se visualizar que apesar de todos os dentistas servidores preceptores terem declarado que se sentem totalmente habilitados quanto ao domínio dos conteúdos, os mesmos não possuem a prática de se atualizarem e repassarem aos alunos materiais atuais que são objeto de aprendizado.

Um dos obstáculos enfrentados pelos preceptores na dedicação e compromisso em desenvolverem as suas atribuições frente aos alunos de graduação, como a prática de estudo com os estagiários, podemos mencionar os diversos compromissos que os profissionais possuem no dia a dia nas Unidades de Saúde da Família. Ratificando esse pensamento Carrard24 relaciona que um dos problemas dos preceptores para desempenharem suas funções seria a falta de tempo.

Ao se mencionar o interesse dos preceptores em se atualizarem, concordamos com Teixeira25:77 et al. ao relatarem que “torna-se responsabilidade do preceptor a busca por constante aperfeiçoamento”. Também é muito importante destacar o momento de estudo entre preceptor e estagiário, onde devem oportunizar o espaço para debaterem as demandas e dúvidas que surgem no cotidiano das atividades nas Unidades de Saúde da Família. Em um estudo realizado por Ferreira, Tsuji e Tonhom26 sobre aprendizagem baseada em problemas do internato, é relatado que os estudantes da Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) trazem casos para debater com os preceptores, onde são realizados discussões numa perspectiva de haver uma troca de conhecimentos para que as dúvidas sejam esclarecidas.  

Dentro da prática educacional singular foi perguntado a capacidade de identificar adequadamente as necessidades educacionais singulares dos estudantes, sejam elas as dúvidas, dificuldades, fragilidades e outras. 90% dos servidores assinalaram que têm percebido o andamento do aprendizado dos estudantes, identificando as habilidades e as hesitações dos alunos dentro do cotidiano do estágio e 10% dos mesmos afirmaram que têm sido não totalmente sensíveis na identificação das necessidades educacionais dos graduandos.

Entre os residentes há uma pequena variação nestes dados, pois 80% deles se consideram padrão quanto ao acompanhamento dos alunos com percepção em relação ao andamento do aprendizado e 20% dos mesmos não tem sido tão eficazes neste processo. Ferreira, Tsuji e Tonhom26 relatam que o próprio manual do internato da FAMEMA esclarece que o preceptor deve estar atento a reconhecer as dificuldades de conhecimento dos alunos sob sua supervisão e tem a função de ajudá-los a elaborarem os objetivos de aprendizagem.

A última pergunta referiu-se aos recursos didáticos-pedagógicos utilizados pelos preceptores e também no uso de metodologias que facilitem o aprendizado. 40% dos servidores entrevistados afirmaram que se consideram eficientes na variação da prática didática-pedagógica e sensíveis para perceberem a necessidade de mudança do método de abordagem, facilitando o aprendizado dos alunos nas situações em que se tem tido pouca efetividade, na contramão os 60% restantes relataram que não são tão eficientes nestas atribuições.

Por outro lado, a maior parte dos residentes (70%) se consideram totalmente efetivos quanto às mudanças nos aspectos didáticos-pedagógicos e receptivos às mudanças de métodos quando se fizerem necessárias, restando os outros 30% que não se consideram tão efetivos nestas características. De um modo geral os relatos da literatura têm demonstrado que algumas vezes os preceptores têm domínio em aspectos técnicos e poucos conhecimentos em saberes pedagógicos, o que significa dizer que nem sempre um bom clínico possui credenciais para exercer a preceptoria, pois a função do preceptor deve ir além da transmissão de conhecimentos puramente clínicos nos serviços de saúde25.

Fato este observado pelo resultado do baixo percentual (40%) dos servidores quanto ao aspecto de mudanças didáticas-pedagógicas, reflexo da herança do modelo Flexneriano, com poucas iniciativas para mudanças no método educacional.  Todos estes dados podem ser visualizados na Tabela 4:

Tabela 4 – Competência técnica e didática dos dentistas preceptores em Caruaru, PE, 2023

Competência técnica/didáticaServidor (N)%Residente(N)%
Domínio de conteúdoap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 06601/2p = 0660
p = 10                  100p = 08                 80
Atualidadeap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 02201/2p = 0220
p = 04    40p = 04                40
Prática educacional singularap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 01101/2p = 0220
p = 09  90p = 08                 80
Recursos didáticos- pedagógicosap = 00                   ap = 00                   
1/2p = 06601/2p = 0330
p = 0440p = 07              70

ap = Abaixo do Padrão; 1/2 p = 50% do padrão; p = Padrão

Fonte: dados da pesquisa (2023)

Quanto à análise do conteúdo da entrevista observou-se que os preceptores percebem o estágio curricular na Estratégia de Saúde da família sendo enriquecedor para a formação do graduando, pois neste espaço o estagiário pode experimentar cenários diferentes em relação ao estágio tradicional em odontologia, geralmente limitado a procedimentos clínicos em um consultório dentário. As falas seguintes demonstram essa afirmativa:

É sim, porque quando os alunos começam a frequentar o estágio dentro da UBS, uma dessas atividades é fazer visita domiciliar e aí o aluno conhece o território, ele entende onde é que aquela população que ele vai atender está inserida, como é o perfil daquela população e o que é que eles fazem, como é o dia-a-dia, então isso é muito importante. (PDS5)

Sim, pois os alunos vão identificar as particularidades dos territórios e assim ter uma melhor absorção dos conteúdos que foram ministrados na sala de aula, tendo uma vivência na prática de como é a questão da saúde da família, da vivência diária dentro do território. (PDR5)

A odontologia tradicionalmente é uma profissão que está muito voltada aos saberes técnicos da profissão, onde muitas vezes os profissionais não se aproximam com aspectos da saúde coletiva. A literatura menciona que entre os anos de 1930 e 1970 a odontologia presenciou uma fase de tecnificação, com o surgimento e crescimento em vários eventos científicos, além de no período ter havido o início do crescimento da indústria odontológica27.

As Diretrizes Curriculares Nacionais de Odontologia foram criadas na perspectiva de organização curricular das Instituições de Educação Superior do país. Nela são estabelecidos os princípios, fundamentos e as finalidades na formação em odontologia em âmbito nacional, no desenvolvimento e na avaliação dos projetos pedagógicos do respectivo curso de graduação.6 Os cenários dentro da atenção primária são adequados no desenvolvimento dos estudantes dentro do que preconiza as DCS´s, pois reúne condições que ampliam nos alunos aspectos generalistas, humanísticos e habilidades em trabalhar em equipe de forma interdisciplinar, interprofissional e transdisciplinar.

Nesta mesma linha de pensamento, os preceptores têm relatado a ampliação das atividades exercidas pelos estagiários na atenção primária e a oportunidade de vivenciarem situações clínicas diversificadas. Dentro deste contexto a prática da clínica ampliada tem gerado uma experiência profissional mais abrangente e diferenciada.

Na atenção primária a gente tem diversos pacientes com diversas situações clínicas diferentes, onde a gente precisa ser resolutivo, pontual e bem específico em cada caso. […] A oportunidade do estágio extra-curricular, principalmente na atenção básica, essa vivência que a gente vai ter com a grande demanda e com outras possibilidades de aprendizado, onde a gente consegue colocar uma clínica integrada de diversas especialidades no atendimento do SUS. (PDR6)

Os estágios que são desenvolvidos aqui na unidade são bastante importantes para o currículo e para a aprendizagem deles também. Então, aqui a gente desenvolve tanto atividades teóricas de sala de espera, discussão de casos, como também atividades práticas nos atendimentos. (PDR7)

Nesta perspectiva é importante também destacar a importância da incorporação de práticas constantes de avaliação e acompanhamento dos danos e determinantes da saúde, tomando como base conceitos como acesso, vínculo, acolhimento, ética e responsabilidade dentro da profissão28.

Em seguida é importante mencionar que na inserção dos alunos no cotidiano da atenção primária gera-se uma percepção da realidade profissional a partir da vivência dentro de um serviço de saúde. Segundo os entrevistados existe um mundo no meio universitário totalmente diferente do que se é vivenciado na prática nas unidades de saúde. As falas seguintes demonstram essa afirmativa:

O estágio em si, eu acho que ele é super importante no território, principalmente para que o aluno, ele consiga entender a realidade, né, de vários territórios, de onde ele está estagiando, e que é diferente daquilo que a gente consegue perceber dentro da instituição de ensino. (PDS6)

São importantes porque ajudam eles a verem como é a realidade, não só do sistema público, como assim, a realidade da população. Eles enxergam a realidade da coisa, porque dentro da faculdade é uma realidade muito diferente, a gente está acostumado a ter tudo lá e os pacientes serem coisas mais simples e estar sempre com os professores ajudando, qualquer dúvida, é totalmente diferente. (PDR2)

Tal assertiva pode ser confirmada com o que preconiza a diretriz 2 relatada pela Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO) quanto aos cenários e atividades do estágio supervisionado, onde se estabelece como local onde o estudante reconhece a realidade social, o funcionamento do serviço de saúde, tendo a possibilidade de articular a teoria com a prática em situação real29.

Ao serem indagados sobre as contribuições da integração ensino-serviço na qualidade dos serviços prestados à população na Atenção Primária, todos os entrevistados, sejam eles dentistas servidores e residentes, concordaram que a presença dos estagiários de odontologia na Estratégia de Saúde da Família tem melhorado os serviços de saúde prestados à população, seja no aspecto da humanização do atendimento, seja nas inovações técnicas trazidas do meio acadêmico.

Contribui com um atendimento mais completo e humanizado e também mais inovador, porque eles acabam trazendo da faculdade técnicas e condutas mais recentes. (PDR3)

Eles sempre trazem algum material novo, alguma dinâmica nova, que a gente não tem acesso. O acesso para eles é bem mais fácil do que o nosso. (PDS2)

Mota, Farias e Santos30 perceberam essa relação em um estudo realizado sobre a humanização no atendimento odontológico desenvolvido pelos alunos de graduação em odontologia, onde constatou-se que na percepção dos pacientes os alunos desenvolvem um atendimento tecnicamente mais humanizado em comparação aos profissionais formados.

Um outro aspecto que merece destaque, seria o fato de alguns preceptores entenderem que a presença dos estagiários na atenção primária traz mais qualidade ao serviço pela ampliação dos números de atendimentos, executados numa parceria com eles. As falas abaixo demonstram esse pensamento:

[…] Estimula bastante a qualidade a melhorar, porque, como tem ali vários alunos, então a gente consegue delegar mais funções para atingir mais pessoas, para serem atingidas e receber algum tratamento ou algum tipo de orientação. E, às vezes, a própria contribuição de palestras que eles conseguem dar, de fazer visitas com a gente, e a gente consegue atingir mais pessoas e, consequentemente, tratar mais pessoas, levar saúde para mais pessoas também com a presença dessa integração, do ensino e do serviço. (PDR4)

[…] a gente consegue oferecer mais atividades de prevenção e promoção, isso impacta diretamente na qualidade do serviço que é ofertado […]. Então eu acho que não só a questão da prevenção e promoção de saúde, que a gente consegue ampliar, como a questão de atendimento mesmo, de muitas vezes conseguir mais” (PDS9)

Corroborando com essas informações Toassi, Davoglio e Lemos8:235 em um estudo sobre a integração ensino-serviço-comunidade com os alunos de graduação em odontologia de uma universidade pública do sul do Brasil constataram que “em nível individual, o estágio propiciou uma mudança de olhar sobre a prática, favorecendo a realização de um número maior de atividades clínicas no serviço e nas atividades coletivas”.

Falando-se sobre o papel da integração ensino-serviço como estratégia pedagógica para os alunos de graduação em odontologia, nota-se que existem diversos olhares a respeito dos ganhos dos mesmos quando estão inseridos na Estratégia de Saúde da Família. Na fala seguinte observa-se o pensamento da dentista servidora PDS8, no qual atribue como ganho apenas a capacidade dos alunos praticarem a odontologia, por sua vez a residente PDR2 faculta como benefício a experiência do estagiário de conhecer a realidade do serviço público no SUS.

Eu acredito que sem essa, vamos dizer, essa integração, seria bem mais difícil os alunos terem a prática que eles necessitam. […] De prática realmente, de botar a mão na massa, de fazer restaurações, de fazer extrações, isso é muito importante para a autoconfiança do aluno […]. (PDS8)

Tem a função de mostrar a eles a realidade do ambiente em que eles estão inseridos no estágio, e realmente mostrar como é o dia-a-dia do SUS, do Serviço Público de Saúde. (PDR2)

A primeira fala desenvolvida pela servidora PDS8 demonstra claramente a percepção da mesma quanto ao papel do estágio supervisionado na formação acadêmica do aluno, puramente tecnicista. Esse perfil é um estereótipo da visão do cirurgião-dentista, que emprega seu trabalho meramente técnico no atendimento relacionado à saúde bucal das pessoas. Apesar de críticas da sociedade a respeito deste modelo, tal estereótipo mantém-se, frutos da história da profissão31.

Na contramão deste exemplo têm-se valorizado um modelo mais preventivo da odontologia, que leva em consideração os determinantes e condicionantes das enfermidades. A formação dos profissionais de odontologia com perfil caracterizado como puramente técnico tem entrado em desuso, principalmente após a inserção da odontologia na atenção primária do Brasil32, investindo-se e estimulando capacitações para que os profissionais dentistas possam se adequar a este novo padrão

Nesta linha de pensamento a residente PDR2 demonstra sua visão a respeito dos ganhos dos graduandos quando os mesmos têm a oportunidade de vivenciarem o estágio na Estratégia de Saúde da Família. A mesma estabelece a experiência no serviço público de saúde como fator enriquecedor na formação do estudante de graduação. Concordamos com Toassi, Davoglio e Lemos8 ao mencionarem que o contato do estudante com o serviço público gera pontos positivos, como por exemplo, a aproximação dos estagiários com a comunidade, possibilitando a realização de atividades que vão além dos limites físicos do espaço de formação do meio acadêmico.

Falando-se sobre as contribuições da Integração ensino-serviço para o crescimento profissional dos preceptores, as inovações trazidas pelos estudantes têm estimulando os profissionais a se atualizarem mais, sendo um ganho ao serviço de saúde.  As falas abaixo relatam esta visão pelos entrevistados:

Eu acho que soma quando eles [ESTAGIÁRIOS] chegam aqui na unidade, porque como eu falo assim, eu já estou formada há um certo tempo a gente tem que continuar estudando, mas eles estão começando agora e com certeza já estão vendo coisas mais atualizadas. (PDR8)

Porque como eu tenho essa troca de experiência com eles, eu consigo ampliar mais meu campo de visão. E aí eu acredito que cresceu. É tanto que eu fui fazer a especialização para a preceptoria. (PDS4)

A residente PDR8 relata que a convivência com os estagiários estimula a atualização dos preceptores através dos estudos para acompanharem a evolução científica trazida pelos alunos. Dentro desta perspectiva, Shannon33 et al. em um estudo identificaram entre profissionais da saúde preceptores e estagiários da zona rural da Austrália que havia uma troca de informações e debates, e essa interação estimulava os profissionais de saúde a estudarem mais, buscando se atualizarem na perspectiva de relacionarem as evidências cientificas às práticas profissionais, fato percebido na fala da servidora PDS4, que viu a necessidade de realizar especialização em preceptoria como fruto da troca de experiência com os alunos.

Os preceptores ao serem abordados sobre os tipos de avaliações que aplicam aos estudantes, referiram diversas modalidades. Neste primeiro momento observa-se que alguns admitem avaliarem o aluno a depender das exigências da faculdade de origem, como exemplificado nas falas abaixo:

Depende da instituição, da forma como a instituição quer que a gente faça essa avaliação, inclusive tem instituição que não pede avaliação, tem instituição que pede ficha preenchida. (PDS6) 

[…] com os estagiários da Faculdade 1 sim, porém agora eu estou como preceptora da Faculdade 2 e eu não faço avaliação, só realmente assino uma frequência. (PDS5)

Nestas primeiras falas observa-se que os preceptores quando avaliam o aluno adotam o método avaliativo somativo com atribuição de uma nota a partir do desempenho dos mesmos durante o período de estágio, a depender do fornecimento pela instituição de ensino superior de uma ficha com critérios sequenciais de avaliação.

Por outro lado, existem profissionais que tem se adequado ao processo de avaliação formativa, quando estão com a missão de entenderem o andamento de aprendizado dos alunos. As falas seguintes demonstram o cuidado da servidora PDS4 e do Residente (PDR5)

 neste processo avaliativo mais efetivo:

Que eu gosto de fornecer feedbacks. […] Eu não gosto de avaliar. […] Mas eu sempre gosto de conversar o que foi que a gente fez. Então, o que você acha que você aprendeu de novo hoje? O que você acha que eu errei? […] Então, eu sempre tenho esse feedback com eles. (PDS4)

A avaliação é feita diretamente com o aluno. A gente faz uma construção, geralmente de cada encontro. Vai avaliando o desempenho dessas atividades por encontro e, ao final do estágio, a gente também senta com os alunos para poder avaliar esse estágio. (PDR5)

Observa-se que a servidora PDS4 enfatiza a terminologia feedback, um termo bastante empregado na avaliação formativa. O uso do feedback “[…] pode promover a qualidade das relações professor-aluno e o envolvimento acadêmico e desempenho dos alunos”34:171. O residente PDR5, por sua vez não menciona o mesmo termo, mas relata que tem o hábito de sentar com os alunos diariamente para avaliá-los de modo compartilhado.

Dando continuidade às entrevistas foi abordado se os preceptores têm o hábito de estudar com os estudantes.  Partindo da premissa de que no processo educativo é muito importante o momento de estudo entre preceptor e estagiário, seja ele espaço para leitura de livros e publicações, seja discussão de casos clínicos, alguns servidores relataram que não realizam esse momento pela falta de tempo, como resultado da alta demanda de atividades dentro da atenção primária:

Não, sentar mesmo com eles, eu não costumo sentar com eles pra estudar, não. A dinâmica dentro do nosso dia a dia aqui na atenção básica, eu acho que nem permite isso, né, fica difícil dizer a você que eu sento com eles pra estudar, não. (PDS8)

Excelente pergunta, porque a gente sabe que a demanda da gente na atenção primária dentro de uma unidade de saúde, ela é enorme, ela é imensa, então de fato, muitas vezes essa questão de sentar para estudar, ela fica um pouco comprometida […]. (PDS6)

Observa-se nas falas que os preceptores entendem a necessidade de ter um momento de estudo com os alunos, mas as metas estabelecidas diariamente de atendimentos e outras atividades no trabalho têm dificultado esse espaço. Por sua vez existem outros profissionais que relatam que não tem momento de estudo com os alunos, mas propõe a eles a busca por livros e arquivos da literatura para a resposta de alguns casos quando os mesmos têm a necessidade de mais conhecimentos científicos no enfrentamento das atividades diárias:

Que eu sento com ele para estudar, não. Mas a gente propõe algumas coisas para eles pesquisarem. (PDR2)

Eu já indiquei para, assim, por exemplo, teve algumas ações aqui mesmo na unidade, que eles precisavam falar alguma coisa, sobre referir algum tema aí eu referenciei assim: vocês podem estudar tal ou certo tema para vocês poderem agregar conhecimento nesse dia mas assim, não sentei diretamente com eles, só realmente indiquei. (PDR8)

Delegar a tarefa aos alunos de estudarem é uma das atividades propostas pelos preceptores PDR 2 e PDR 8. Os mesmos sabem da importância dos estudantes de buscarem na literatura respostas das dúvidas que surgem no cotidiano, mas direcionam essa atividade exclusivamente aos estagiários em rastrearem as soluções orientadas pela literatura por conta própria, típico da aprendizagem significativa.

Já nas falas abaixo observa-se a preocupação dos preceptores em terem um momento para estudar com os alunos durante o período do estágio curricular. Esse momento é direcionado para discussão de casos clínicos e o esclarecimento das mais diversas dúvidas trazidas pelos estudantes:

Sim, a gente faz [MOMENTO DE ESTUDO] uma vez no mês, a gente faz discussões de casos com as meninas e aí elas trazem casos clínicos, tanto da faculdade como a gente pega daqui também e monta […]. (PDR9)

Sim, aqui a gente tem essa prática todos os dias, basta aparecer algo muito diferente durante o atendimento, que a gente para, imprime artigo, conversa […]. (PDS5)

Neste cenário observamos que o modelo de ensino se encaixa na aprendizagem baseada por problemas (ABP), pois a mesma “é uma proposta pedagógica que consiste no ensino centrado no estudante e baseado na solução de problemas, reais ou simulados”35:301.  

CONCLUSÃO

O presente estudo teve por objetivo apresentar a integração ensino-serviço dentro do estágio supervisionado em odontologia na atenção primária em Caruaru-PE. Um fator diferenciador nesta pesquisa é a presença de preceptores de diferentes formações profissionais, representados por cirurgiões-dentistas servidores e residentes, ambos atuando como preceptores dos alunos de graduação em odontologia na Atenção Básica no referido município.

Observou-se que o maior tempo de atuação profissional proporciona maior qualificação na preceptoria, dado este que gera maiores oportunidades de qualificação

profissional através da inserção do preceptor em cursos de capacitações e especializações oferecidos numa parceria entre a Secretaria de Saúde de Caruaru e as Instruções de Ensino Superior das localidades, para capacitá-los na preceptoria. Os servidores neste quesito são mais qualificados por serem os profissionais que atuam na atenção primária, em sua maioria, há mais de 10 anos, resultando em 80% deles possuírem especializações, inclusive 20% já concluíram residência em Saúde da Família. Por outro lado, os residentes preceptores da presente pesquisa apesar de estarem inseridos numa especialização padrão-ouro, são profissionais que, na sua grande maioria, têm tempo de atuação profissional entre 01 a 05 anos, ou seja, são cirurgiões-dentistas recém formados, e ainda estão consolidando experiência na prática profissional e de preceptoria, que coincidem na questão tempo, além de que apenas 20% deles já possuem algum tipo de especialização concluída.

Neste estudo foi constatado que tanto os preceptores servidores e os residentes acreditam que a integração ensino-serviço contribui na qualidade dos serviços prestados à população. Os primeiros atribuem essa qualificação na ampliação do quantitativo dos atendimentos clínicos realizados no consultório odontológico e os últimos afirmam que a prática da humanização seria o fator diferencial realizado pelos estudantes na atenção primária. Esses dados confirmam que apesar dos profissionais servidores possuírem mais tempo de experiência profissional, sendo um dos fatores qualificadores na atuação da preceptoria, eles têm herdado uma postura mais biomédica e tecnocêntrica na abordagem com os alunos, fruto do modelo Flexneriano, que prevaleceu em décadas passadas, possuindo uma certa dificuldade em mudança na prática didático-pedagógica em relação aos residentes.

Como fruto da formação puramente biomédica, uma parcela considerável dos servidores acredita que a presença dos alunos de graduação em odontologia na atenção primária têm contribuído para que os mesmos tenham oportunidade de praticarem mais os atendimentos clínicos, e a maioria dos residentes relata que a integração ensino-serviço tem sido uma oportunidade para que os alunos possam conhecer a realidade do serviço público no SUS, vivenciando atividades de saúde no próprio território. No que se relaciona ao crescimento profissional dos preceptores, servidores ou residentes, ambos concordam que a presença dos graduandos em odontologia tem sido um estímulo para que os mesmos possam procurar se atualizarem frente às inovações trazidas pelos estudantes.

Constatou-se que 60% dos preceptores servidores e residentes declararam que não têm a prática de estudar com os alunos durante o período de estágio, sendo atribuído a falta de tempo ocasionado pelas altas demandas por atendimentos clínicos como uma das principais causas, sendo necessário a valorização de espaços como estes onde a troca de informações e construções de conhecimentos possam ser realizadas.

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[1] Cirurgião-dentista especialista em Saúde da Família na modalidade Residência pela Universidade de Pernambuco (UPE) e Mestre em Saúde da Família pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, CPQAM/FIOCRUZ-PE (e-mail: marcos.osilva@hotmail.com)

[2] Médica mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz e doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (e-mail: paulette.cavalcanti@gmail.com);

[3] Cirurgião-dentista mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em Saúde Pública pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, CPQAM/FIOCRUZ-PE (e-mail: eudes.lorena@upe.br);

[4] Psicólogo, Especialista em Neuropsicologia, Mestre em Psicologia. E-mail: psihelisonferreira@gmail.com;

[5] Estudante de odontologia- (karollaynepaiva@outlook.com);

[6] Bacharela em Direito – Acadêmica de Odontologia- (talitalima.16@hotmail.com);

[7] Biomedica e estudante de odontologia. ( email: elloysam6@gmail.com);

[8] Estudante de odontologia (jkarenmsantos123@hotmail.com);

[9] Estudante de odontologia ( brendasssouza94@gmail.com);

[10] Estudante de Odontologia (natalianepereiradasilva@hotmail.com);

[11] Estudante de Odontologia (micheleamorim1687@gmail.com);

[12] Discente em Odontologia (rommelfarias@yahoo.com.br);

[13] Estudante de Odontologia (ewertongomes788@gmail.com);

[14] Estudante de Odontologia (Isabellaflorencio19@hotmail.com);

[15] Estudante de Odontologia (mirellisuyane@gmail.com)