ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM INTERCORRÊNCIAS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA  

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202412132337


Felipe Jose Mauricio da Rocha Maynart, Adrielly Vitórya Santos Barbosa, Alice Santos Silva, Ana Helena da Silva, Dayanne Farias da Silva, Denise Alerrandra dos Santos Almeida, Gesiely karoli Silva Rocha, ⁠Ítalo Douglas Teixeira da Silva, ⁠João Matheus do Nascimento Salu, ⁠Jonas Belarmino dos Santos Júnior, Juliene Santos de Oliveira, Kaylane Vitoria Oliveira da Silva, Maria Gleizzielly da Silva, Renilsson Pereira dos Santos, Salatiel Wellington do Nascimento Junior, Samara Jamille Panta Crespo.


RESUMO

O estudo explora a atuação da equipe multidisciplinar nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e a importância da comunicação eficaz no manejo de pacientes críticos. Composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e outros profissionais, a equipe deve enfrentar intercorrências como dificuldades na comunicação e gestão de cuidados. A colaboração integrada permite intervenções rápidas e eficazes, essenciais para resolver eventos adversos e garantir um atendimento de excelência e humanizado, reduzindo o número de óbitos. A pesquisa destaca que comunicação clara e coordenação eficiente são fundamentais para a segurança e qualidade do atendimento. Apesar dos desafios, como a imprevisibilidade das condições dos pacientes e o estresse dos profissionais, o estudo evidencia a importância de protocolos clínicos e práticas de humanização para a recuperação dos pacientes e o ambiente de trabalho. Conclui-se que melhorar a comunicação e promover a capacitação contínua são essenciais para a evolução dos cuidados intensivos.

Palavras-chave: UTI. equipe multidisciplinar. Comunicação. Intercorrências. segurança do paciente.

1. INTRODUÇÃO 
1.1. CONTEXTO 

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um ambiente complexo e dinâmico, onde são atendidos pacientes em estado crítico que necessitam de monitorização contínua e intervenções rápidas e precisas. Nesse contexto, a atuação da equipe multidisciplinar é essencial para garantir a qualidade do atendimento e a segurança do paciente. A equipe é composta por profissionais de diversas áreas, incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, entre outros, que trabalham de forma integrada para proporcionar um cuidado holístico.

Intercorrências na UTI são eventos adversos ou situações inesperadas que exigem respostas imediatas e eficazes para evitar desfechos negativos. A diversidade de conhecimentos e habilidades presentes na equipe multidisciplinar permite uma abordagem mais abrangente e eficiente na gestão dessas intercorrências. Cada membro da equipe contribui com sua expertise específica, colaborando para a identificação precoce de problemas, tomada de decisões e implementação de intervenções adequadas.

1.2. JUSTIFICATIVA 

A importância deste estudo reside em vários aspectos fundamentais para a prática clínica e a gestão de saúde na UTI. Primeiramente, a segurança do paciente é um ponto crucial, pois intercorrências na UTI podem levar a complicações graves e até a morte. Compreender como a equipe multidisciplinar pode gerenciar efetivamente essas situações é essencial para melhorar a segurança dos pacientes e reduzir a incidência de eventos adversos. Além disso, a atuação coordenada e eficiente de uma equipe multidisciplinar é essencial para fornecer um cuidado de alta qualidade. Este estudo pode identificar práticas que melhoram a qualidade do atendimento, proporcionando um tratamento mais holístico e centrado no paciente.

Outro aspecto importante é a eficiência operacional. Intercorrências exigem respostas rápidas e bem coordenadas, e entender os fatores que contribuem para uma gestão eficaz dessas situações pode levar a melhorias na eficiência operacional da UTI, reduzindo o tempo de internação e os custos hospitalares. Os resultados do estudo também podem fornecer dados valiosos para a formação e capacitação de profissionais de saúde, destacando a importância da comunicação, colaboração e tomada de decisão em equipe.

Identificar boas práticas e desafios na gestão de intercorrências pode contribuir para o desenvolvimento de protocolos e diretrizes que padronizem as ações da equipe multidisciplinar, promovendo uma resposta mais uniforme e eficaz a situações críticas. Além disso, o estudo pode revelar aspectos relacionados ao estresse e à carga de trabalho dos profissionais da UTI, oferecendo insights para melhorar o ambiente de trabalho e o suporte oferecido aos membros da equipe multidisciplinar. Portanto, este estudo é de grande relevância para aprimorar a gestão das intercorrências na UTI, beneficiando tanto os pacientes, através de um atendimento mais seguro e eficaz, quanto os profissionais de saúde, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo e eficiente.

2. PROBLEMA DE PESQUISA 

A problemática investigada neste estudo é a eficácia e eficiência da atuação da equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências na UTI. Intercorrências são eventos adversos ou situações inesperadas que podem comprometer a segurança e o bem-estar dos pacientes em estado crítico. A pesquisa busca entender como a colaboração e a integração entre os diversos profissionais da saúde impactam a identificação precoce, a tomada de decisões e a implementação de intervenções nesses casos. Especificamente, o estudo pretende responder às seguintes questões:

  • Como a atuação da equipe multidisciplinar na UTI influencia a identificação precoce de intercorrências?
  • De que forma a comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar impacta a eficácia na gestão de intercorrências na UTI?
  • Quais são as barreiras mais comuns enfrentadas pela equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências na UTI?
  • Como a coordenação entre os diferentes profissionais da equipe multidisciplinar afeta os desfechos clínicos dos pacientes na UTI?
  • Quais são os desafios específicos enfrentados por diferentes membros da equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, etc.) na gestão de intercorrências na UTI?
3. OBJETIVOS 
3.1. OBJETIVOS GERAIS 

Investigar a atuação da equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), analisando a influência dessa atuação nos desfechos clínicos dos pacientes e na qualidade do atendimento prestado. 

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
  • Analisar como a comunicação e a coordenação entre os diferentes profissionais da equipe multidisciplinar impactam a resposta a intercorrências na UTI;
  • Identificar boas práticas adotadas pela equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências, visando promover a replicação dessas práticas em outras UTIs;
  • Identificar as principais barreiras e desafios enfrentados pela equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências, propondo soluções para superálos;
  • Avaliar os desfechos clínicos dos pacientes envolvidos em intercorrências, correlacionando-os com a atuação da equipe multidisciplinar e a eficiência das intervenções realizadas;
  • Analisar o impacto da gestão de intercorrências no bem-estar e na carga de trabalho dos profissionais da UTI, propondo melhorias no ambiente de trabalho e no suporte oferecido.
4. METODOLOGIA

A metodologia deste estudo adota uma abordagem qualitativa, visando explorar as percepções e experiências dos profissionais de saúde em relação à gestão de intercorrências na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O objetivo é compreender como a interação e a comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar influenciam o manejo dessas situações, bem como identificar as barreiras e desafios enfrentados. Para alcançar esses objetivos, utilizamos a revisão integrativa da literatura como método de pesquisa. Esta técnica permite uma síntese das evidências disponíveis sobre o tema específico, integrando informações de diferentes estudos para fornecer uma compreensão abrangente da atuação da equipe multidisciplinar na UTI. 

A pesquisa foi realizada nas bases de dados científicas Google Acadêmico, Scielo e LILACS, utilizando palavras-chave como “equipe multidisciplinar”, “intercorrências”, “UTI”, “Unidade de Terapia Intensiva”, “gestão”, “comunicação”, “integração” e “saúde”. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: publicações nos últimos 10 anos, escritas em português ou inglês, que abordassem a atuação da equipe multidisciplinar na gestão de intercorrências na UTI. Foram excluídos artigos de revisão sistemática, meta-análises, editoriais e cartas ao editor.

A coleta de dados iniciou com uma busca sistemática nas bases de dados selecionadas, seguida pela revisão dos títulos e resumos dos artigos encontrados para verificar sua relevância. Os artigos que atenderam aos critérios de inclusão foram selecionados para leitura completa. Durante essa etapa, os artigos foram lidos na íntegra para garantir que se enquadrassem nos critérios de inclusão e para extrair as informações relevantes.

A análise dos dados qualitativos extraídos dos artigos foi realizada utilizando a técnica de análise de conteúdo. Para garantir a validade e a confiabilidade dos achados, a análise de conteúdo foi realizada por cinco pesquisadores de forma independente. Em caso de divergências, as categorias foram discutidas até que se chegasse a um consenso. As principais limitações deste estudo incluem a dependência de dados secundários e a escassez de estudos que abordem a temática escolhida.

5. DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO 
5.1. INTEGRAÇÃO E COMUNICAÇÃO INTERPROFISSIONAL

Uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma seção especializada de um hospital destinada ao atendimento de pacientes gravemente enfermos ou em estado crítico. Nessa unidade, são tratados pacientes que necessitam de monitoramento contínuo, suporte avançado de vida e cuidados intensivos. A UTI é equipada com tecnologia médica de ponta e é composta por uma equipe multidisciplinar altamente treinada para responder a situações de emergência. O ambiente é projetado para proporcionar o mais alto nível de cuidado possível, com recursos e infraestrutura adequados para intervenções rápidas e precisas (FERNANDES, 2019).

O funcionamento de uma UTI envolve a integração de diversos profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. Esses profissionais trabalham em conjunto para desenvolver e implementar planos de tratamento personalizados para cada paciente. O monitoramento contínuo dos sinais vitais é realizado através de equipamentos avançados, como monitores cardíacos, ventiladores mecânicos e bombas de infusão. A equipe realiza avaliações regulares e ajusta os tratamentos conforme necessário para responder às mudanças no estado do paciente. A comunicação e a colaboração são essenciais, com reuniões frequentes para discutir o progresso dos pacientes e tomar decisões clínicas informadas (BORGES, 2019).

A integração e a comunicação interpessoal entre os membros da equipe multidisciplinar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desempenham um papel crucial no manejo eficaz das intercorrências que surgem nesse ambiente altamente dinâmico. A colaboração entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e outros profissionais é fundamental para garantir que os cuidados prestados aos pacientes sejam seguros, eficientes e de alta qualidade (COHEN, 2018). 

A colaboração entre diferentes profissionais de saúde na UTI permite uma abordagem mais holística e abrangente no tratamento dos pacientes. Médicos trazem conhecimentos profundos sobre diagnóstico e tratamento clínico, enquanto enfermeiros fornecem cuidados contínuos e monitoramento próximo do estado do paciente. Fisioterapeutas contribuem com intervenções que melhoram a mobilidade e a função respiratória, essenciais para a recuperação dos pacientes críticos. Farmacêuticos garantem a administração segura e eficaz dos medicamentos, ajustando doses e prevenindo interações adversas (DE SIMONE, 2021).

Além disso, o compartilhamento de informações entre os membros da equipe é vital para a tomada de decisões rápidas e bem-informadas, especialmente em situações de emergência. A comunicação clara e eficiente entre os profissionais ajuda a prevenir erros, melhorar a coordenação dos cuidados e garantir que todos os aspectos do tratamento do paciente sejam considerados (DE SIMONE, 2021).

No entanto, a equipe da UTI enfrenta desafios significativos, como a baixa estabilidade temporal e a necessidade de operar em ambientes física e emocionalmente exigentes. A falta de gerenciamento eficaz de conflitos e a presença de objetivos múltiplos e às vezes conflitantes podem impedir o desempenho ideal da equipe. Portanto, é essencial desenvolver estratégias que melhorem a integração e a comunicação interprofissional para superar essas barreiras e promover um ambiente de cuidado colaborativo e centrado no paciente (COHEN, 2018).

Na UTI, os pacientes podem enfrentar várias intercorrências devido à gravidade de suas condições. Entre as principais intercorrências estão a insuficiência respiratória, que pode exigir ventilação mecânica; arritmias cardíacas, que necessitam de monitoramento e intervenção imediata; e infecções, como a sepse, que requerem tratamento rápido e intensivo com antibióticos. Outras intercorrências comuns incluem falência de múltiplos órgãos, complicações pós-cirúrgicas, choque circulatório e crises metabólicas. A equipe da UTI está preparada para identificar e tratar essas situações emergenciais, utilizando protocolos estabelecidos e intervenções avançadas para estabilizar e melhorar o estado dos pacientes (SANTOS, 2022).

A comunicação eficaz é um pilar fundamental na área da saúde, sendo crucial para evitar erros e garantir a segurança do paciente. Estudos demonstram que uma grande parcela dos eventos adversos no cuidado de saúde decorre de falhas na comunicação, evidenciando a necessidade de práticas comunicativas claras e completas em todas as etapas do atendimento médico. Durante as transições de cuidado, como transferências entre departamentos ou alta hospitalar, a passagem de informações detalhadas é vital para assegurar a continuidade do cuidado e prevenir lapsos que poderiam comprometer a saúde do paciente (SILVA, 2013).

Além disso, a coordenação entre os membros da equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais, depende de uma comunicação eficaz para alinhar ações e garantir que todos estejam cientes do plano de tratamento. A interação clara com o paciente e seus familiares também é essencial, pois facilita o engajamento do paciente no seu próprio cuidado, melhorando a adesão ao tratamento e os resultados de saúde (ERVIN, 2018).

O uso de tecnologias da informação, como prontuários eletrônicos e sistemas de alerta, também desempenha um papel importante na melhoria da comunicação, proporcionando registros precisos e comunicação rápida entre a equipe de saúde. Investir em treinamento e educação contínua sobre técnicas de comunicação pode ainda ajudar os profissionais a desenvolver habilidades essenciais para a interação eficaz com colegas e pacientes. Dessa forma, a comunicação eficaz não apenas previne erros médicos, mas também melhora a qualidade do cuidado e a segurança do paciente (AMAL, 2021).

5.2. PAPEL, TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA EQUIPE  MULTIPROFISSIONAL

As equipes multidisciplinares na UTI são compostas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas e psicólogos, cada um desempenhando um papel essencial. Esses profissionais trabalham juntos para garantir que os pacientes recebam um atendimento integral e de alta qualidade, especialmente em situações de intercorrência (ARAÚJO, 2021).

Os médicos lideram a equipe, avaliam o quadro clínico dos pacientes, estabelecem diagnósticos e prescrevem tratamentos. Monitoram continuamente a resposta dos pacientes, ajustando os cuidados conforme necessário. Eles devem estar preparados para intervenções rápidas e manter uma comunicação clara com as famílias. A especialização em terapia intensiva é fundamental para garantir a qualidade dos cuidados (FERNANDES, 2019).

Os enfermeiros monitoram constantemente os sinais vitais dos pacientes e administram medicamentos. Eles gerenciam estoques, garantem o funcionamento dos equipamentos, cuidam da higiene dos pacientes e realizam procedimentos de emergência. Além disso, asseguram que os registros médicos sejam precisos e completos (FERNANDES, 2019).

Os farmacêuticos garantem a administração correta dos medicamentos e promovem o uso racional dos mesmos. Eles revisam prescrições, monitoram eventos adversos e gerenciam o estoque de medicamentos. A assistência farmacêutica é essencial para a segurança e eficácia do tratamento (FERNANDES, 2019).

Os fisioterapeutas focam no suporte ventilatório e na prevenção de complicações respiratórias e motoras. Eles configuram e monitoram aparelhos de ventilação, conduzem o desmame dos ventiladores e aplicam terapias manuais para evitar os efeitos do repouso prolongado na cama (LIVRAMENTO, 2021).

Os nutricionistas realizam avaliações nutricionais e desenvolvem planos de suporte nutricional personalizado. Eles monitoram as respostas dos pacientes à alimentação enteral ou parenteral e ajustam os planos conforme necessário. A prevenção da desnutrição é uma prioridade (ARAÚJO, 2021).

Os psicólogos oferecem suporte emocional ao paciente e à família, desde a admissão até as fases finais, incluindo luto e óbito. Eles facilitam a comunicação entre a equipe médica e a família, ajudam os pacientes a manter sua identidade e esperança, e estão disponíveis para ouvir os profissionais de saúde da equipe (MUNIZ, 2020).

A diversidade nos conhecimentos e perspectivas permite que as decisões sejam tomadas de forma mais informada e abrangente. Cada membro da equipe traz sua experiência específica, o que resulta em planos de tratamento mais completos e personalizados. Segundo Sibbald (2011), a integração de diferentes profissionais em UTIs melhora a tomada de decisão, resultando em tratamentos mais eficazes e personalizados.

Em um ambiente de UTI, a condição dos pacientes pode mudar rapidamente. Visto isso, a presença de uma equipe multidisciplinar garante que as adversidades sejam detectadas e respondidas prontamente. Por exemplo, enfermeiros monitoram sinais vitais continuamente, enquanto farmacêuticos podem ajustar as doses de medicamentos com base nas alterações clínicas observadas (CARVALHO, 2013). 

A sinergia entre a equipe multiprofissional na UTI é vital para a prestação de cuidados de alta qualidade e para a obtenção de melhores resultados clínicos, caracterizada pela colaboração eficaz e comunicação aberta entre diversos profissionais de saúde. Esse processo promove uma abordagem holística, tomada de decisões informadas, comunicação aprimorada, redução de erros, continuidade do cuidado, satisfação dos pacientes e familiares, e desenvolvimento profissional contínuo. Esses fatores combinados garantem uma assistência mais segura e eficiente, resultando em melhores desfechos clínicos para os pacientes (COHEN, 2018).

Em face da UTI abordar os cuidados de pacientes críticos, essa circunstância motiva a necessidade da capacitação contínua à equipe multidisciplinar, tendo em vista a influência positiva no prognóstico do paciente. Nesse sentido, vale ressaltar que as Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde (IRAS) são um dos maiores fatores de agravos que ocorrem nessa unidade, porém, muitos desses podem ser prevenidos (SOUZA, 2013).

As IRAS mostram-se elevadas durante as internações nas unidades críticas, definidas como toda infecção adquirida em unidade hospitalar, manifestada após ou durante a internação. Esse tipo de infecção representa um importante problema de saúde pública e gera impactos para o paciente, família e as instituições hospitalares (SILVA, 2013).

A preparação dos profissionais que compõem uma equipe multidisciplinar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de extrema relevância, uma vez que a colaboração eficaz entre os membros da equipe não apenas propicia resultados positivos, mas também previne possíveis complicações no tratamento do paciente. Para isso, é fundamental que sejam implementados programas de capacitação, simulações e atualizações contínuas para o aprimoramento das habilidades e conhecimentos no contexto hospitalar (AMAL, 2021).

Em vista disso, recomenda-se que sejam desenvolvidas para a equipe da UTI, planos instrutivos direcionados à implementação de bundles para a prevenção de PAVMI, pois o bundle associa pequenos grupos de ação, que quando são utilizados em conjunto, apresenta se mais benefício para assistência em saúde, visto que envolve métodos implementados no cuidado com pacientes com risco de PAV. Os bundles podem ser aplicados em qualquer UTI, não necessitam de altas tecnologias para que seja realizado, não geram custos extras para a unidade e não aumentam a demanda de trabalho da equipe de saúde (VASCONCELLOS, 2023).

Diante desse contexto, uma vez capacitados, os profissionais poderão atender as mais diversas intercorrências, possibilitando uma abordagem mais eficaz e ágil no gerenciamento de pacientes com risco de morte. A implementação dos planos instrutivos e dos bundles, permitirá uma integração mais eficiente das práticas recomendadas, favorecendo a aplicação de estratégias de cuidado que foram comprovadamente benéficas.

5.3 HUMANIZAÇÃO E CUIDADO CENTRADO 

Promover um ambiente humanizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) envolve a adoção de diversas estratégias pela equipe multidisciplinar. Essas estratégias são fundamentais para melhorar a experiência e os resultados dos pacientes, bem como para apoiar as famílias e a própria equipe de saúde (SANTOS, 2022).

A comunicação clara e constante é essencial para um ambiente humanizado. Garantir que os pacientes e suas famílias recebam informações compreensíveis sobre o estado de saúde e os planos de tratamento é crucial. A prática da escuta ativa, que envolve ouvir atentamente as preocupações e responder adequadamente, também é fundamental. Organizar reuniões regulares entre a equipe de saúde e a família para discutir o progresso do paciente é outra estratégia importante para manter todos informados e envolvidos no processo de cuidado (SANTOS, 2022).

Adaptar os cuidados às necessidades e valores individuais dos pacientes é uma prática central na humanização da UTI. Isso inclui priorizar o controle da dor e o conforto físico e emocional dos pacientes, bem como criar um ambiente que favoreça o descanso e o sono, minimizando ruídos e interrupções desnecessárias. Essa abordagem personalizada ajuda a garantir que os cuidados prestados sejam eficazes e respeitem a dignidade dos pacientes (OLIVEIRA, 2022).

Oferecer suporte emocional é essencial tanto para os pacientes quanto para suas famílias e a equipe de saúde. Disponibilizar apoio psicológico pode ajudar a lidar com o estresse e a ansiedade associados à internação na UTI. Incluir terapias ocupacionais e fisioterapia no cuidado diário pode promover a recuperação física e emocional dos pacientes. Além disso, permitir a presença da família sempre que possível oferece conforto emocional e apoio adicional aos pacientes (NATALIN, 2023).

A criação de um ambiente acolhedor na UTI é outra estratégia importante. Isso pode ser alcançado através de uma decoração adequada, com cores suaves e iluminação apropriada. Garantir a privacidade dos pacientes durante procedimentos e visitas é essencial para manter a dignidade e o respeito. Além disso, a utilização de tecnologia de forma a minimizar o desconforto e maximizar a interação humana é um aspecto crucial na humanização do ambiente (NATALIN, 2023).

O treinamento contínuo da equipe de saúde em práticas humanizadas e centradas no paciente é vital. Isso inclui oferecer programas de suporte para promover o bem-estar da equipe e prevenir o burnout, garantindo que os profissionais estejam capacitados e motivados para oferecer um cuidado de qualidade. Uma equipe bem treinada e motivada é mais capaz de proporcionar um atendimento empático e eficiente (OLIVEIRA, 2022).

Envolver pacientes e suas famílias na tomada de decisões sobre cuidados e tratamentos é uma prática que promove a humanização. Coletar e utilizar feedback contínuo de pacientes e familiares ajuda a melhorar os cuidados e o ambiente da UTI, tornando-os mais responsivos às necessidades de todos os envolvidos. Esse engajamento contribui para um cuidado mais colaborativo e centrado no paciente (SANTOS, 2022).

A realização de reuniões interdisciplinares regulares, onde médicos, enfermeiros, terapeutas, psicólogos e outros profissionais discutem casos e trocam conhecimentos, é fundamental. Desenvolver e seguir um plano de cuidados integrado que aborde todas as dimensões da saúde do paciente garante um cuidado holístico e coordenado (SANTOS, 2022).

A implementação dessas estratégias pode transformar a UTI em um ambiente mais humano e acolhedor, melhorando a qualidade do cuidado e o bem-estar de pacientes, famílias e profissionais de saúde. A humanização do ambiente de cuidados intensivos não apenas melhora a experiência dos pacientes, mas também fortalece a relação entre a equipe de saúde e os pacientes, promovendo um ambiente de cura mais eficaz.

O ambiente da UTI é caracterizado por alta pressão e complexidade, o que pode levar ao estresse emocional significativo e ao impacto psicológico nos profissionais de saúde. O despreparo da equipe multidisciplinar para lidar com essas demandas pode exacerbar esses problemas, afetando tanto o bem-estar dos profissionais quanto a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Para mitigar esses efeitos, diversas estratégias podem ser implementadas.

Segundo Silva (2013), a falta de preparo adequado da equipe multidisciplinar para enfrentar as intercorrências e o estresse associado ao ambiente da UTI é um desafio significativo. A formação e capacitação contínua são essenciais para equipar os profissionais com as habilidades necessárias para lidar com situações críticas. Assim, programas de treinamento que incluam simulações de emergências, educação sobre gerenciamento de estresse e técnicas de autocuidado pode ajudar a preparar melhor a equipe. Além disso, promover uma cultura de apoio mútuo e reconhecimento das dificuldades enfrentadas pode aliviar a pressão sobre os profissionais.

Organizar encontros regulares entre os profissionais para discutir intercorrências e trocar experiências pode ser uma estratégia eficaz para lidar com o estresse emocional. Nesse sentido, encontros proporcionam um espaço seguro para que os profissionais compartilhem seus sentimentos, aprendam com as experiências dos colegas e desenvolvam estratégias coletivas para enfrentar os desafios. Rodas de conversa sobre cuidados paliativos e o processo de morte, com ênfase na visão dos profissionais sobre essas condições, podem ser particularmente benéficas. Essas discussões permitem que os profissionais expressem suas emoções e preocupações, promovendo uma sensação de comunidade e suporte entre a equipe. Esse momento terapêutico entre os profissionais pode ser fundamental para fortalecer o vínculo e a resiliência coletiva (SILVA, 2013). 

A comunicação assertiva é crucial para o funcionamento eficaz da equipe multidisciplinar na UTI. Capacitar os profissionais em técnicas de comunicação assertiva pode melhorar a colaboração, reduzir mal-entendidos e prevenir conflitos. Treinamentos focados em habilidades de escuta ativa, expressão clara e respeitosa de opiniões e feedback construtivo são essenciais. Uma comunicação eficaz não apenas melhora a dinâmica da equipe, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais harmonioso e menos estressante. Ao fortalecer as habilidades de comunicação, os profissionais podem lidar melhor com o estresse emocional e as pressões do ambiente da UTI (FERNANDES, 2019). 

Implementar momentos terapêuticos regulares para os profissionais de saúde pode ser uma estratégia valiosa para lidar com o estresse emocional. Sessões de terapia em grupo, conduzidas por psicólogos ou especialistas em saúde mental, podem proporcionar um espaço para que os profissionais discutam suas experiências e sentimentos. Esses momentos permitem que os profissionais se apoiem mutuamente, desenvolvam estratégias de coping e fortaleçam sua resiliência emocional. Além disso, esses encontros podem ajudar a identificar sinais precoces de burnout e outros problemas de saúde mental, permitindo intervenções precoces e apropriadas (SILVA, 2019).

5.4 DESAFIOS E SOLUÇÕES 

Lidar com intercorrências é um aspecto crucial do trabalho de uma equipe multidisciplinar, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os desafios enfrentados por essas equipes multidisciplinares podem variar dependendo do contexto, mas alguns dos principais incluem, Comunicação e Coordenação, Integração de Conhecimentos e Habilidades, Tomada de Decisão sob Pressão, Gerenciamento de Conflitos, Recursos e Tempo, Adaptação as Mudanças, Manutenção da Moral e Motivação (AMAL, 2021).

Todos esses profissionais são importantes já que essa filosofia de cuidado objetiva eliminar ou reduzir os problemas associados à enfermidade, valorizando a multidimensionalidade do ser humano. Nesse contexto, é imprescindível a interatividade entre todos os envolvidos (paciente, família e equipe multiprofissional), através da escuta ativa e de uma adequada comunicação. (SILVA, 2013).

É de suma importância que essa equipe esteja preparada para tratar as intercorrências frequentemente presentes na Unidade de Terapia Intensiva, visando atender as emergências de forma eficaz e garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes. A capacidade de enfrentar desafios são fundamentais para oferecer cuidados intensivos de alta qualidade. A preparação contínua, a formação adequada e o desenvolvimento de protocolos e estratégias são essenciais para assegurar que a equipe multidisciplinar possa responder de maneira coordenada e eficiente, proporcionando o melhor atendimento possível em situações críticas e complexas.

Para melhorar a atuação da equipe multiprofissional na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), várias soluções baseadas em evidências podem ser implementadas. Essas estratégias visam aprimorar a comunicação, a coordenação e a eficácia dos cuidados oferecidos aos pacientes. Segundo o estudo de (MARAN et al., 2022) demonstrou que a implementação de rondas multidisciplinares diárias aumenta a comunicação entre os membros da equipe e melhora dessa forma os desfechos dos pacientes na UTI. Visto isso, a realização de reuniões diárias com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e outros profissionais de saúde é essencial para discutir cada paciente, promovendo uma visão integrada do cuidado.

Um outro ponto visto em (MACEDO, 2021) mostrou que a implementação de protocolos clínicos reduz a variabilidade dos cuidados e melhora os resultados clínicos. Assim é possível desenvolver e implementar protocolos para procedimentos comuns na UTI, como sedação, manejo de ventilação mecânica e controle de infecções, assegurando a adesão da equipe por meio de treinamentos contínuos.

Vargas et al. (2020), evidenciou que a gestão eficaz de casos facilita a coordenação do cuidado e a transição entre diferentes fases do tratamento. Dessa forma, a resolução seria designar um gestor de casos ou coordenador para cada paciente crítico, garantindo que todos os aspectos do cuidado sejam integrados e coordenados, otimizando o fluxo de informações e ações.

6. CONCLUSÃO 

O presente estudo proporciona uma compreensão detalhada sobre a dinâmica e a importância da integração multidisciplinar nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A análise dos dados revela que a colaboração efetiva entre a equipe multidisciplinar é essencial para o manejo eficaz dos pacientes críticos e para a implementação de intervenções rápidas e precisas. 

Os resultados iniciais sugerem que a comunicação clara e a integração entre os membros da equipe são cruciais para a tomada de decisões eficientes e para a melhoria da segurança do paciente. A implementação de práticas comunicativas eficazes e a realização de reuniões interdisciplinares regulares demonstraram ser fundamentais para a coordenação do cuidado e o engajamento dos pacientes e suas famílias. Essas práticas ajudam a minimizar erros e garantem que todos os aspectos do tratamento sejam considerados. 

No entanto, algumas limitações foram identificadas. A natureza dinâmica e frequentemente imprevisível das condições dos pacientes na UTI pode dificultar a consistência na aplicação dos protocolos e na manutenção de uma comunicação fluida. Além disso, a necessidade de capacitação contínua e a gestão do estresse entre os profissionais são desafios persistentes que requerem atenção constante.  

Entre as conquistas evidenciadas, destaca-se a melhoria na qualidade dos cuidados prestados aos pacientes e a promoção de um ambiente mais colaborativo e centrado no paciente. O estudo demonstrou que a implementação de estratégias como o uso de bundles para a prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde (IRAS) e a adoção de práticas de humanização têm um impacto positivo na recuperação dos pacientes e no bem-estar da equipe de saúde.  

A aplicabilidade dos achados deste estudo é ampla. A promoção de uma comunicação eficaz e a integração de protocolos clínicos baseados em evidências podem ser adotadas em diversas UTIs para aprimorar os cuidados intensivos. Além disso, a capacitação contínua e o suporte psicológico para a equipe são essenciais para enfrentar o estresse e melhorar a performance em um ambiente tão exigente. 

Em conclusão, este estudo sublinha a importância da colaboração interdisciplinar e da comunicação eficaz para o sucesso das UTIs. Os resultados sugerem que práticas aprimoradas de comunicação e coordenação, juntamente com estratégias de capacitação e suporte, são fundamentais para garantir um atendimento de alta qualidade e seguro para os pacientes críticos. A contínua evolução das práticas e a atenção às limitações identificadas são essenciais para a evolução dos cuidados intensivos. 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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