REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202412121804
Júlia Rodrigues Moraes
Orientadora: Isabela Araújo Oliveira
RESUMO
INTRODUÇÃO: A dor miofascial é caracterizada pela presença de tensão das fibras musculares. Trata-se da principal causa de dor em 30 a 85 por cento das pessoas com dores musculoesqueléticas. A técnica de agulhamento seco é um procedimento minimamente invasivo utilizado no tratamento de dores miofasciais. OBJETIVOS: Descrever a experiência da implementação da técnica de agulhamento seco em pacientes com dor miofascial em uma Unidade de Saúde da Família. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência referente à resolutividade da dor miofascial através do agulhamento seco realizado em pacientes diagnosticados clinicamente e sem contraindicações, bem como abordagem dos desafios associados ao procedimento. RESULTADOS: Os resultados sugerem resolutividade da dor miofascial através do agulhamento seco, sendo o número de sessões necessárias variável de acordo com a temporalidade da dor. O tempo restrito e o baixo conhecimento dos pacientes quanto à técnica são alguns desafios enfrentados na aplicabilidade do agulhamento seco no contexto da atenção primária. DISCUSSÃO: A técnica de agulhamento seco é pouco invasiva e tem baixo custo, com aplicabilidade vantajosa na atenção primária à saúde. CONCLUSÃO: O agulhamento seco demonstra-se eficaz no manejo da dor miofascial, exigindo capacitações profissionais para ampliação da aplicação da técnica, além de estratégias educacionais para facilitar a adesão dos pacientes.
Palavras-chave: Agulhamento seco. Dor miofascial. Atenção primária.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Myofascial pain is characterized by the presence of tension of muscle fibers. It is the leading cause of pain in 30 to 85 percent of people with musculoskeletal pain. The dry needling technique is a minimally invasive procedure used in the treatment of myofascial pain. OBJECTIVES: To describe the experience of implementing the dry needling technique in patients with myofascial pain in a Family Health Unit. METHODOLOGY: This is an experience report regarding the resolution of myofascial pain through dry needling performed in clinically diagnosed patients with no contraindications, as well as addressing the challenges associated with the procedure. RESULTS: The results suggest resolvability of myofascial pain through dry needling, and the number of sessions required varies according to the temporality of the pain. The restricted time and the low knowledge of patients regarding the technique are some of the challenges faced in the applicability of dry needling in the context of primary care. DISCUSSION: The dry needling technique is minimally invasive and has a low cost, with advantageous applicability in primary health care. CONCLUSION: Dry needling has been shown to be effective in the management of myofascial pain, requiring professional training to expand the application of the technique, as well as educational strategies to facilitate patient adherence.
Keywords: Dry needling. Myofascial pain. Primary care.
1. INTRODUÇÃO
O conceito de dor, revisado pela International Association for the Study of Pain (IASP) em 1979, é definido como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. De acordo com o mecanismo fisiopatológico, a dor pode ser subdividida em nociceptiva, neuropática ou nociplástica. Quanto à classificação temporal, pode ser aguda ou crônica, sendo esta última caracterizada pela persistência por um período de 3 a 6 meses (Aguiar et al., 2021).
A dor crônica tem uma prevalência de aproximadamente 45,59% na população brasileira, com maior incidência em mulheres com idade entre 45 e 65 anos. No Brasil, é considerada um problema de saúde pública, estando associada a maior estresse físico e emocional (Aguiar et al., 2021).
A síndrome de dor miofascial (SDM), classificada predominantemente como uma condição nociceptiva, é um subtipo de dor caracterizada pela presença de tensão das fibras musculares, denominadas “bandas tensas”, que contém pontos hiperirritáveis, chamados de pontos gatilhos, que são identificados pela palpação e produzem dor local ou referida. Podem ser classificados em ativos, latentes e satélites. Os pontos ativos são assim denominados por gerarem dor espontaneamente, com padrão à distância. Já os pontos latentes, desencadeiam a dor apenas quando estimulados. Os satélites, por sua vez, resultam de pontos gatilhos ativos ou latentes (primários) que persistem por um período prolongado. Além da dor, os pontos gatilhos estão associados à restrição da amplitude de movimento e à redução da força muscular, comprometendo significativamente a funcionalidade e qualidade de vida do paciente (Carvalho et al., 2017, Dash; Ferreira, 2023).
Estima-se que a dor miofascial seja a principal causa de dor em 30 a 85 por cento das pessoas com dores musculoesqueléticas. A etiologia da síndrome dolorosa miofascial é multifatorial. Os pontos gatilhos são gerados através da liberação excessiva de acetilcolina na junção neuromuscular, o que leva a uma tensão desordenada das fibras musculares, gerando isquemia e hipóxia das mesmas, que por sua vez, estimulam a liberação de substâncias inflamatórias, como por exemplo a substância P (Carvalho et al., 2017).
A dor miofascial pode se manifestar como outras condições, bem como estar associada a essas, como cefaleia tensional e disfunções temporomandibulares. O tratamento envolve alongamentos, compressão isquêmica, compressas mornas e a técnica de agulhamento seco. (Sabatke et al., 2015, Correia et al., 2015). O agulhamento seco é um procedimento minimamente invasivo, que utiliza uma agulha específica para alcançar o ponto hiperirritável, por meio da sua inserção no tecido muscular através da pele, com consequente contração rápida e involuntária das fibras musculares tensas, fenômeno denominado “Twicth”. Entre os efeitos locais promovidos pela técnica, destaca-se o estiramento dos sarcômeros, secundário à redução da justaposição dos filamentos de actina e miosina (Carvalho et al., 2017).
A eficácia da técnica de agulhamento seco vem sendo amplamente discutida na literatura. Por ser uma abordagem de baixo custo, minimamente invasiva, com tempo de execução relativamente curto e resultados efetivos no alívio da dor, o agulhamento seco se apresenta como uma estratégia viável no manejo de dor miofascial, especialmente para pacientes com polifarmácia, uso excessivo de analgésicos e múltiplas comorbidades (Dash; Ferreira, 2023).
Na Atenção Primária à Saúde (APS), a adoção de estratégias resolutivas como o agulhamento seco é fundamental para garantir um atendimento qualificado e eficaz. Dessa forma, este trabalho trata-se de um relato de experiência sobre a implementação do agulhamento seco em uma Unidade de Saúde da Família, discutindo tanto a resolutividade no alívio da dor miofascial quanto os desafios práticos enfrentados durante sua aplicação, possibilitando o entendimento sobre as potencialidades e limitações dessa técnica no contexto da APS.
2. OBJETIVOS
Descrever a experiência prática da implementação da técnica de agulhamento seco em pacientes com dor miofascial atendidos em uma Unidade de Saúde da Família, destacando os resultados obtidos e os desafios enfrentados durante a realização do procedimento no contexto da Atenção Primária.
3. MATERIAIS E MÉTODO(S)
Trata-se de um estudo do tipo relato de experiência realizado em uma Unidade de Saúde da Família localizada no município de Anápolis-GO, onde a implementação da técnica de agulhamento seco ocorreu como parte do manejo de pacientes diagnosticados com dor miofascial. A experiência ocorreu entre os meses de julho a novembro de 2024.
A avaliação da dor foi realizada através da anamnese e exame físico direcionados, e o resultado imediato do procedimento foi avaliado conforme a escala numérica de dor – Anexo 2 -, avaliação da amplitude de movimento e força dos músculos envolvidos.
A população deste estudo engloba os pacientes com diagnóstico de dor miofascial. A seleção foi baseada em critérios como a presença de pontos gatilhos identificados no exame físico e relato de dor compatível com o quadro, com preenchimento dos critérios de inclusão para realização do procedimento, sem contraindicações à realização do mesmo.
Os critérios de inclusão foram: pacientes adultos com diagnóstico de dor miofascial, sem contraindicações à realização do procedimento e concordância total com as orientações descritas no Termo de Consentimento Livre Esclarecido – Apêndice 1. As contraindicações absolutas foram incluídas nos critérios de exclusão à realização do agulhamento seco, que são: recusa do paciente, áreas com linfedema, urgências médicas, histórico de reação anormal a procedimentos anestésicos, estados de inconsciência ou confusão mental.
Além disso, como critérios de exclusão para a realização do procedimento, também foram consideradas as contraindicações relativas: terapia com anticoagulante, distúrbios vasculares, epilepsia, alergia ao metal da agulha, gravidez e crianças (Carvalho et al., 2017).
Os pacientes submetidos ao procedimento foram previamente informados sobre o quadro de dor miofascial e as possibilidades terapêuticas existentes, assim como os efeitos adversos associados. Além disso, foram orientados verbalmente sobre o procedimento e os seus riscos, sendo a realização do procedimento consentida pelos pacientes por meio da assinatura do TCLE – Apêndice 1. O procedimento foi conduzido de acordo com descrições baseadas em evidências, sendo o agulhamento seco realizado por meio da inserção de uma agulha estéril na pele até atingir o ponto hiperirritável na camada muscular. Para potencializar os resultados, foi aplicada a técnica de pistonagem, caracterizada pelo movimento repetitivo de inserção e retirada parcial da agulha no mesmo ponto. Essa abordagem foi escolhida por sua maior eficácia em promover o relaxamento local das fibras musculares em comparação com outras técnicas existentes (Carvalho et al., 2017).
4. RESULTADOS
O início da experiência com o agulhamento seco em pacientes com dor miofascial ocorreu durante o período de especialização em Medicina de Família e Comunidade, sendo essa a principal porta de entrada para aprofundar os conhecimentos sobre a Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) e suas abordagens terapêuticas. Durante a graduação em medicina, o contato com o tema foi praticamente inexistente, sem ao menos menções teóricas, e principalmente sem experiências práticas robustas ou treinamento específico.
Essa lacuna se mostrou evidente ao longo da prática clínica, onde a demanda por manejo de dores crônicas era significativa e os pacientes demonstravam recorrência do quadro álgico apesar da terapêutica com analgésicos, fisioterapia e outras intervenções. Com a finalidade de maximizar a resolutividade na APS, a busca por conhecimento teórico e prático se estendeu para além dos conhecimentos abordados durante a residência médica.
Além disso, a importância do diagnóstico da dor miofascial e do agulhamento seco foi evidenciada diante do perfil dos pacientes atendidos na unidade de saúde: indivíduos com queixas de dores crônicas, muitas vezes sem um diagnóstico claro que justificasse o quadro álgico, mesmo após diversas consultas na APS e em serviços especializados, realização de exames de imagem e uso crônico de analgésicos. Essas condições, frequentemente associadas a impactos negativos na funcionalidade diária e laboral desses pacientes, reforçam a importância e a necessidade de um diagnóstico correto e do uso de abordagens terapêuticas efetivas. Dessa forma, a inclusão do agulhamento seco nos atendimentos realizados na UBS revelou-se uma iniciativa de grande relevância e uma experiência transformadora, evidenciando tanto os desafios na sua implementação, quanto os benefícios.
As vantagens observadas nos pacientes diagnosticados com dor miofascial e submetidos ao agulhamento seco foram evidentes. Houve resolução completa da dor e um consequente retorno à funcionalidade habitual. A reavaliação através da escala numérica da dor, palpação do músculo afetado e a amplitude de movimento demonstraram melhora imediata após a realização do procedimento. Os retornos foram agendados brevemente objetivando avaliar a necessidade de nova sessão de agulhamento e eram sempre acompanhados de muita satisfação do paciente.
O desfecho do caso de uma paciente acompanhada na UBS por dor miofascial crônica exemplifica as vantagens do agulhamento seco. Trata-se de uma paciente de 57 anos, com dor crônica na região proximal do antebraço direito, desencadeada pelo movimento repetitivo realizado no trabalho como costureira. Na escala de dor numérica, a paciente relatava dor de máxima intensidade (10/10), além de restrição da amplitude do movimento de pronação do antebraço e diminuição de força, com impacto significativo no trabalho. Contrariamente à ideia da paciente de necessidade de realização de exame de imagem, a equipe realizou o diagnóstico clínico de dor miofascial através de anamnese e exame físico detalhados, incluindo a identificação de ponto gatilho em musculatura de braquiorradial à direita. Após realização de três sessões de agulhamento seco, bem como a realização dos alongamentos indicados à paciente, a mesma referiu a resolução do quadro. A avaliação clínica posterior incluiu o relato de ausência de dor, representada na escala numérica em 0 de um total de 10 pontos, bem como o retorno à funcionalidade habitual, avaliada através do retorno da amplitude da pronação do músculo em questão, bem como a simetria de força das estruturas musculares envolvidas.
É notório, no entanto, que o retorno da dor miofascial é frequente na prática clínica, uma vez que os fatores desencadeantes estão associados a movimentos repetitivos, erros posturais, prática de alongamentos escassa e/ou excesso de carga. A redução da recorrência dos quadros dolorosos exige que o paciente compreenda o processo de desenvolvimento da dor miofascial e consequentemente, contribua na minimização dos aspectos perpetuantes mencionados. Neste contexto, o perfil laboral da população estudada caracterizado por excesso de esforço físico, bem como o baixo letramento em saúde, contribuíram para as recidivas das dores miofasciais.
Quanto aos obstáculos observados em relação à dor miofascial e o agulhamento seco, destaca-se, ainda, o desconhecimento por parte dos pacientes e colegas profissionais. Muitos pacientes demonstraram resistência ao diagnóstico de SDM e ao uso do agulhamento seco como tratamento. Frequentemente, havia demandas por exames de imagem para validar o diagnóstico, mesmo quando não necessários, o que exigiu tempo adicional para explicações detalhadas e para estabelecer confiança na abordagem.
Considerando as dificuldades encontradas e o contexto dos pacientes inseridos no território acompanhado pela unidade, foi necessário o uso de técnicas de comunicação adequadas. Em determinadas ocasiões, o detalhamento diagnóstico e terapêutico não foi suficiente para a decisão positiva referente ao agulhamento. Nestes casos, o tratamento proposto incluía somente a realização dos alongamentos, o uso de compressas mornas, além da prescrição de analgésicos simples e relaxante muscular.
Além disso, as limitações no sistema de saúde, como por exemplo, a falta de agulhas específicas e o tempo reduzido das consultas médicas exigiram ações alternativas para facilitar a inclusão do procedimento nos atendimentos. As agulhas foram adquiridas pelos residentes e preceptores, e objetivando otimização do tempo, foi incluído na agenda médica horários semanais específicos para a realização dos agulhamentos secos.
5. DISCUSSÃO
Devido à prevalência de dor crônica na população e o consequente impacto na funcionalidade e absenteísmo no trabalho, é frequente a busca por atendimento médico por esse motivo, o que corrobora com as principais demandas abordadas nas consultas médicas realizadas na UBS. O direcionamento da anamnese e exame físico foi primordial nos atendimentos realizados, visto que o diagnóstico da síndrome dolorosa miofascial não possui critérios completamente elucidados. Sabe-se que o diagnóstico é eminentemente clínico e os critérios essenciais sugeridos são presença de banda tensa à palpação da musculatura, ponto de hipersensibilidade e dor referida. Enfatiza-se a importância da combinação de pelo menos dois dos três itens para a confirmação do diagnóstico de dor miofascial (Dommerholt; Fernandez-de-las-peñas, 2017).
Apesar de ser uma condição predominantemente nociceptiva, pode estar associada a outros tipos de dores, com componentes neuropáticos e/ou nociplásticos (Dach; Ferreira, 2023). Por isso, é fundamental a realização de uma anamnese e exame físico detalhados, objetivando um diagnóstico preciso e, consequentemente, uma maior resolutividade no tratamento dos pacientes.
O processo de reconhecimento da dor miofascial inclui, além da anamnese e identificação da banda tensa muscular, os testes de força e amplitude de movimento dos músculos envolvidos (Caramês; Carvalhão; Real Dias, 2009). As alterações observadas nestes testes auxiliam tanto o profissional quanto o paciente a compreenderem o impacto da dor na funcionalidade, além de contribuir com a comunicação do diagnóstico ao paciente. Após a realização do agulhamento seco, recomenda-se repetir os testes de força e amplitude, bem como realizar a palpação do músculo afetado, com o objetivo de verificar a melhora imediata do quadro doloroso e suas implicações funcionais.
O diagnóstico da dor miofascial apresenta desafios que incluem a experiência clínica do examinador, as especificidades do músculo avaliado e a descrição individualizada das características da dor relatada por cada paciente (Dommerholt; Fernandez-de-las-peñas, 2017). No contexto da Atenção Primária à Saúde, esses desafios são ampliados pela limitação de tempo em cada consulta. Nesse cenário, a longitudinalidade do cuidado torna-se uma ferramenta essencial, permitindo o agendamento de consultas com intervalos menores, a fim de garantir um manejo adequado desde o diagnóstico até a implementação da terapêutica proposta. Além disso, favorece a comunicação clínica eficaz e a inclusão de orientações preventivas para minimizar novos episódios de dor miofascial.
A técnica de agulhamento seco, além de ser uma abordagem minimamente invasiva e de baixo custo, também apresenta uma baixa incidência de efeitos adversos associados (Dach; Ferreira, 2023). Essas características tornam sua aplicação altamente vantajosa no contexto da APS.
Os agulhamentos secos realizados na APS foram predominantemente efetuados na musculatura de trapézio superior, sendo este um dos músculos frequentemente envolvidos nas dores miofasciais, conforme demonstrado na literatura, além do sub-occipital, esternocleidomastoideo, temporal e oblíquos superiores (Caramês; Carvalhão; Real Dias, 2009). Os resultados sugerem resolutividade da dor miofascial através do agulhamento seco em pacientes da UBS, que corroboram com o estudo proposto por Dach; Ferreira, 2023. A abordagem eficaz da dor miofascial, além do agulhamento seco, depende da realização de alongamentos, aplicação de calor por meio de compressas mornas e correção dos fatores perpetuantes. As dores miofasciais de caráter agudo geralmente necessitam de 2 a 3 sessões de agulhamento seco para um desfecho adequado, enquanto os casos crônicos requerem entre 3 e 5 sessões (Carvalho et al., 2017). A terapia farmacológica pode ser adjuvante no tratamento do paciente, incluindo prescrição de relaxantes musculares e analgésicos (Caramês; Carvalhão; Real Dias, 2009).
6. CONCLUSÕES
O agulhamento seco tem se mostrado eficaz no manejo da síndrome dolorosa miofascial no contexto da Atenção Primária à saúde, contribuindo para a melhoria da funcionalidade dos pacientes. O baixo custo, a dispensa de exames complementares e a efetividade da técnica reforçam a viabilidade de sua aplicação em UBS. Portanto, sugere-se a realização de capacitações aos profissionais de saúde, a fim de potencializar a implementação do agulhamento, além de ações educativas destinadas aos pacientes para promover a compreensão quanto ao diagnóstico e os benefícios desse tratamento.
A experiência descrita ressalta o potencial do agulhamento seco, mas também evidencia desafios práticos, como tempo limitado e a baixa adesão dos pacientes, o que aponta para a necessidade de estratégias integrativas. É imprescindível, portanto, que a aplicabilidade dessa técnica esteja associada a práticas complementares e a uma abordagem educacional.
Estudos futuros sobre a implementação de materiais educativos antes da realização do agulhamento seco podem contribuir para uma gestão mais eficiente do tempo de consulta e ajudar a tranquilizar os pacientes. Dessa forma, este relato destaca o papel essencial do agulhamento seco no manejo da dor miofascial, incentivando sua aplicação em cenários similares e estimulando estudos adicionais para padronizar a técnica e avaliar seus impactos a longo prazo.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Débora Pinheiro; SOUZA, Cleanis Pereira de Queiroz, BARBOSA, Wania Justina Miranda; JÚNIOR, Francisco Fleury Uchoa Santos; OLIVEIRA, Anamaria Siriani de. Prevalência de dor crônica no Brasil: revisão sistemática. BrJP, São Paulo, n. 4, v. 3, 2021. Disponível em: https://brjp.org.br/article/10.5935/2595-0118.20210041/pdf/brjp-4-3-257-trans1.pdf. Acesso em: 4 dez. 2024.
CARVALHO, Andreia Valle de; GROSSMANN, Eduardo Grossmann, FERREIRA, Flávia Regina; JANUZZI, Eduardo; FONSECA, Roberta Maria Drumond Furtado Bossi. The use of dry needling in the treatment of cervical and masticatory myofascial pain. Rev. dor 18 (3) • Jul-Sep 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdor/a/SG3ShK7mRQW9DXXQCMHjL9N/?format=pdf &lang=pt. Acesso em: 3 dez. 2024.
CARAMÊS, J.; CARVALHÃO, F.; REAL DIAS, M. C. Dor miofascial por pontos gatilho. Uma doença multidisciplinar. Órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, 34, pp.38-43, 2009. Disponível em: https://www.arprheumatology.com/article_download.php?id=385. Acesso em: 5 dez. 2024.
CORREIA, Luci Mara França; GUIMARÃES, Antonio Sergio; TEIXEIRA, Marcelo Luschesi Teixeira; RODRIGUES, Luciane Lacerda. Evaluation of body painful areas in patients with muscular temporomandibular disorder: a retrospective study. Rev. dor 16 (4) • Oct-Dec 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdor/a/3fgtxCmWGbCzBXQbDNqmvwP/. Acesso em: 3 nov. 2024.
DACH, Fabíola; FERREIRA, Karen S. Treating myofascial pain with dry needling: a systematic review for the best evidence-based practices in low back pain. Arq. Neuro-Psiquiatr. 81 (12) • Dec 2023 Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/v4wLZLqJF3Bg7xYmFn3PGQC/. Acesso em: 30 nov. 2024.
PUPPIN, Maria Angélica Ferreira Leal; MARQUES, Amélia Pasqual; SILVA, Ary Gomes da; NETO, Henrique de Azevedo Futuro. Alongamento muscular na dor lombar crônica inespecífica: uma estratégia do método GDS. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.18, n.2, p. 116-21 , abr/jun. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/qDgJ5rQ7Lmjvydj4yfPgTny/. Acesso em: 4 dez. 2024.
SABATKE, Svetlana; SCOLA, Rosana Herminia; PAIVA, Eduardo S.; KOWACS, Pedro André. Injecction of trigger points in the temporal muscles of patients with miofascial syndrome. Arq. Neuro-Psiquiatr. 73 (10) • Oct 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/SJWRywSGFnyxSxNk5FrbMVB/. Acesso em: 5 dez. 2024.