O CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO SOBRE LESÃO POR PRESSÃO FATORES DE RISCO, CLASSIFICAÇÃO E MÉTODOS DE PREVENÇÃO

Ciências da Saúde, Volume 29 – Edição 141/DEZ 2024 / 16/12/2024

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202412120602

 Aline Feitosa Lima de Oliveira1
Cristiane da Silva Lopes2
Tábata de Paula Cardoso3
Orientadora: Enfª Mestra Danila Soares Tambalo4

Resumo

Objetivo: Descrever o conhecimento do enfermeiro assistencial referente à avaliação, classificação e métodos de prevenção de lesão por pressão. Método: Trata-se de um levantamento bibliográfico de caráter descritivo, com técnica de leitura exploratória utilizando artigos relacionados ao tema. Resultados: Foram encontrados 76 artigos nas bases de dados utilizadas: (Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram excluídos 33 estudos por estarem duplicados nas bases verificadas e 26 artigos por não se enquadrem nos critérios de inclusão do estudo. Ao final, a amostra do presente estudo foi composta por 17 artigos científicos, sendo 15 artigos da Biblioteca Virtual em Saúde, 01 da LILACS e 01 artigo da Scielo. Considerações Finais: Os estudos evidenciaram uma lacuna de conhecimento sobre as medidas de prevenção, além de inclusão de atividades não mais recomendadas, e a baixa participação em eventos de capacitações e atualizações. 

Palavras-chave: conhecimento, prevenção, enfermeiro, lesão por pressão.

Abstract

Objective: To describe the knowledge of clinical nurses regarding the assessment, classification and prevention methods of pressure injuries. Method: This is a descriptive bibliographic survey, with an exploratory reading technique using articles related to the topic. Results: 76 articles were found in the databases used: (Virtual Health Library (VHL), Scientific Electronic Library Online (Scielo) and Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS). 33 studies were excluded because they were duplicates in the verified databases and 26 articles because they did not meet the study’s inclusion criteria. In the end, the sample of the present study consisted of 18 scientific articles, 15 articles from the study. Virtual Health Library, 01 from LILACS and 01 article from Scielo. Final Considerations: The studies highlighted a gap in knowledge about prevention measures, in addition to the inclusion of activities that are no longer recommended, and low participation in training and update events. 

Keywords: knowledge, prevention, nurse, pressure injuries.

Introdução

A lesão por pressão (LP) é caracterizada como um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea exposta a uma superfície dura por um período prolongado de tempo ou relacionado a um dispositivo médico ou outro artefato 1. Dessa forma, indivíduos que apresentam mobilidade reduzida, alterações na percepção sensorial e na circulação periférica, níveis de consciência alterados, incontinência urinária e fecal, nutrição deficiente ou imunodeprimidos são considerados com maior risco para desenvolver LP 2,3.

As lesões por pressão, se constituem como um sério problema de assistência à saúde, refletindo em sofrimento dos pacientes e familiares, gastos à instituição, aumento da carga de trabalho da equipe de enfermagem e aumento do período de internação desses pacientes 2. 

Diante da necessidade de gestão de riscos voltada para a qualidade e segurança do paciente, o Ministério da Saúde (MS) em 2013 instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que tem como objetivo contribuir para melhorar o cuidado nos serviços de saúde no Brasil 4. 

Como forma de garantir as ações de Segurança do Paciente nos serviços de saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36, de 25 de julho de 2013 que estabelece a obrigatoriedade de implantação do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) em serviços de saúde, o qual desempenha papel fundamental em todo processo de implantação do Plano de Segurança do Paciente (PSP)5.

A lesão por pressão e sua prevenção é uma das metas previstas no Plano de Segurança do Paciente (PSP) é de responsabilidade da equipe multidisciplinar em todos dos níveis de atenção do sistema de saúde e é considerada um indicador assistencial de enfermagem por ser considerada um incidente/ evento adverso (EA) evitável 5, 2, 6.

Historicamente as diretrizes internacionais com recomendações para a prevenção e tratamento das lesões por pressão existem desde a década de 1990 e são revisadas a cada cinco anos. Portanto os protocolos institucionais devem ser respaldados nessas diretrizes e os profissionais precisam atualizar- se constantemente1.

Segundo a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NUAP), os Estados Unidos da América (EUA) têm a prevalência de LP de 15% e Incidência de 7% nos hospitais, enquanto no Reino Unido os casos atingem entre 4% e 10% em pacientes internados, no Brasil um estudo realizado em um hospital geral universitário mostrou uma incidência de 39,81%7. 

Para operacionalizar os registros dos casos e das investigações de eventos adversos (EA) realizadas pelos NSP dos serviços de saúde, a Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES/Anvisa) por meio dos dados gerados pelo Notivisa, disponibiliza trimestralmente no sítio eletrônico da Anvisa relatórios nacionais e por unidade de federação (UF), dos últimos 12 meses de notificações 8.

Os dados gerados por meios das notificações ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), demonstrou que no período de 2014 a 2022, dos 1.100.352 incidentes relacionados à assistência à saúde, 223.378 (20,30%) corresponderam a notificações de lesões por pressão, sendo durante este período, o segundo tipo de evento mais frequentemente notificado pelos Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) dos serviços de saúde do país. Dos 26.735 never events (eventos que nunca deveriam ocorrer em serviços de saúde), 19.307 (72,21%) foram decorrentes de lesão por pressão no estágio 3 e 5.769 (21,57%), resultantes de lesão por pressão no estágio 4. Quanto aos óbitos notificados ao SNVS (5.358) no mesmo período, em 65 pacientes a lesão por pressão contribuiu diretamente para o óbito 8. 

O enfermeiro tem o papel fundamental no aprimoramento e gerenciamento da assistência e, no que diz respeito às lesões deve atuar desde a identificação dos fatores de risco para LP, fornecer orientações para a implementação de medidas preventivas, além de propor o tratamento e monitoramento das lesões, sendo necessário desenvolver habilidades de supervisão de serviços para obter, manter e/ou melhorar os recursos físicos, técnicos, humanos e de informação, visando a segurança de pacientes 9. 

Considerando que a redução da incidência das LP é de extrema importância em todos os níveis de atenção à saúde, considerando a alta incidência em pacientes hospitalizados  e que necessitam de resposta efetivas e que a atuação do enfermeiro como protagonista na condução das práticas de segurança para evitar a LP e no manejo de LP, considerando protocolos específicos como forma de direcionar as condutas, surge o seguinte pergunta de pesquisa: qual o conhecimento dos enfermeiros quanto aos fatores de risco, classificação e medidas de prevenção de LP? 

Objetivo Geral

Descrever o conhecimento do enfermeiro assistencial referente a fatores de risco, classificação,  métodos de prevenção de lesão por pressão.

Metodologia

O presente estudo consiste em um levantamento bibliográfico, realizado nos meses de setembro a novembro de 2024, de caráter descritivo, com técnica de leitura exploratória. Como fonte de pesquisa serão utilizados artigos que estão relacionados ao tema. 

Os critérios de inclusão utilizados foram artigos científicos publicados na língua portuguesa, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, por meio de leitura de títulos e dos resumos. Após o levantamento dos artigos foi realizada a leitura completa dos documentos e a busca pelo entendimento do assunto abordado. 

Os artigos foram pesquisados nas seguintes bases de dados online: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), sendo considerado os documentos publicados no período de 2013 a 2024, utilizando os seguintes descritores: conhecimento, enfermeiro, lesão por pressão e prevenção.

Foram utilizados como critérios de exclusão referências duplicadas, artigos repetidos e, em língua estrangeira. 

Resultados 

Foram encontrados 76 artigos nas bases de dados utilizadas, sendo 43 artigos da Biblioteca Virtual em Saúde, 29 na LILACS e 4 artigos da Scielo, utilizando os descritores e critérios de inclusão mencionados anteriormente. 

Antes do início da leitura dos títulos e resumos dos artigos, foram excluídos 33 estudos por estarem duplicados nas bases verificadas, totalizando 43 artigos para análise de informações pertinentes, sendo 39 da BVS, 3 da LILACS e 1 da Scielo.

Foram excluídos 26 artigos por não se enquadrem nos critérios de inclusão do estudo, devido englobar população de enfoque distinta (conhecimento dos acadêmicos de enfermagem e outros profissionais da equipe de enfermagem, como os técnicos ou auxiliares), ou objetivos diversos (verificar a atuação prática dos enfermeiros ou conhecimento sobre escala de avaliação de risco de desenvolvimento de LP).

Ao final, a amostra do presente estudo foi composta por 17 artigos científicos, sendo 15 artigos da Biblioteca Virtual em Saúde, 01 da LILACS e 01 artigo da Scielo. Destes, duas dissertações de mestrados e duas revisões de literatura. Com base no tipo do estudo, apenas dois tiveram enfoque qualitativo. 

A respeito do ano de publicação, 23,53% foram publicados nos anos de 2018 e 2019, com 04 artigos encontrados em cada ano citado. Seguida pelos anos de 2016, 2020, 2021 e 2023 com dois artigos em cada ano.

A maioria dos estudos encontrados foram realizados nas regiões do Sul e Nordeste do Brasil, sendo 6 artigos em cada localização informada, seguida de Norte, Sudeste e Distrito Federal, além de um estudo executado em Coimbra, Portugal.

Os artigos selecionados serão apresentados no Quadro 1 a seguir: 

Quadro 1- Apresentação dos artigos selecionados segundo autores, ano, base de dados, título, objetivo e principais resultados – Campo Limpo Paulista/SP – 2024.  

Autor (es)AnoBase de dadosTítuloObjetivoPrincipais resultados
Moura, Vanessa Leal de Lima de; Koller, Francisco José ; Santos, Aline Renata dos; Batista, Josemar; Burdzinsk, Vanessa de Fátima 2021BVS
Conhecimento dos enfermeiros sobre o protocolo de lesão por pressão em um hospital privado e acreditado		Investigar   o   conhecimento   dos enfermeiros  em  relação  ao  uso  do  protocolo de lesão por pressão instituído em um hospital privado e acreditado27 participantes, sendo que mais de 77% eram mulheres, quase ⅓ tinham sido contratados nos últimos 12 meses e trabalhavam na UTI. Mais de 50% dos enfermeiros relataram se sentir seguros para realizar classificação de uma lesão por pressão, estarem satisfeitos com os treinamentos e materiais oferecidos na prevenção e tratamento das lesões, e terem fácil acesso ao uso de coberturas e curativos descritos no protocolo, além de conseguirem aplicar a escala de Braden diariamente.
Souza, Elisangela; Rodrigues, Nicole Hertzog;  Silva, Luana Gabriela Alves da; Silva, Débora Monteiro da; Oliveira, Suzana Grings de;  Souza, Luccas Melo de2020BVSAvaliação e tratamento de lesões por pressão na estratégia saúde da família Conhecer como os enfermeiros atuam na avaliação e tratamento de lesões por pressão no contexto da Estratégia Saúde da FamíliaElencaram-se as seguintes categorias: Participação em formação específica sobre lesão por  pressão; Aplicação  de  método  de  avaliação  de  lesões  por  pressão; indicações,  utilização  e  disponibilidade  de coberturas  para  a  prevenção  e  tratamento  de  lesões  por  pressão,  e  orientações  a  pacientes  e  familiares  sobre  os cuidados  com  lesões  por  pressão.
Silva, Taiara Fonseca da; Tristão, Fernanda Sant ́ Ana; Echevarria-Guanilo, Maria Elena; Zillmer, Juliana Graciela Vestena; Oliveira, Camila Maria de; Blair, Isabela Jéssica Queiroz 2023BVSCuidados para prevenção de lesão por pressão realizada por enfermeiros em um hospital de ensino Identificar os fatores de risco para lesão por pressão reconhecida e os cuidados de enfermagem realizados em relação à prevenção de lesão por pressãoOs enfermeiros apresentaram mais domínio sobre as respostas de perguntas relacionadas aos fatores de risco de desenvolvimento de lesão (como mobilidade no leito prejudicada e proeminência óssea aparente) e medidas de prevenção. 
Silva, Tiago André Baptista; Pereira, Aurora 2023BVSConhecimento dos Enfermeiros do Serviço de MedicinaIntensiva, na área de Prevenção de Úlceras por PressãoAnalisar o conhecimento dos enfermeiros de um Serviço de Medicina Intensiva, sobre a prevenção de UPP Os participantes responderam a escala Pressure Ulcers Knowledge Assessment Tool. Observaram lacunas no conhecimento sobre os itens relacionados a medidas preventivas, etiologia, desenvolvimento e classificação de LP.
Freire, Daniela de Aquino; Oliveira, Thaís da Silva; Souza, Nauã Rodrigues de; Santos, Franciene Marília Elias dos; Santos, Katiane Santana dos; França, Maria Joanna Darc de Melo 2020BVSVariáveis associadas à prevenção das lesões por pressão: conhecimento para o cuidado de enfermagemIdentificar  na  literatura  científica  as  variáveis  associadas  à  prevenção  da  LPP  para  subsidiar  o  cuidado  de  enfermagem. Foram encontrados poucos estudos relacionados ao tema de LP com a variável prevenção. A maior parte das medidas levantadas estavam relacionadas ao alívio da pressão (como, mudança de decúbito e reposicionamento), se enquadrando na categoria técnico-científica.
Ferreira, Margarida Maria Figueiredo; Soares, Maria de La Salete Rodrigues; Fonseca, Maria José Lopes2019BVSPrevenção da úlcera por pressão: contributos da enfermagem de reabilitaçãoContribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem na área da prevenção da úlcera por pressão numa Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente.Evidenciando déficit de conhecimentos sobre os guidelines na área da prevenção das lesões, principalmente na área “quantidade de pressão e forças de torção”, “classificação e observação da UP”, e na “duração da pressão e das forças de torção”.
ManganelliI, Rigielli Ribeiro; KirchhofII,Raquel Soares; PieszakIII, Greice Machado; Dornelles, Carla da Silveira 2018BVSIntervenções de enfermeiros na prevenção de lesão por pressão em uma unidade de terapia intensiva Caracterizar a população estudada e descrever as intervenções dos enfermeiros para a prevenção de lesão por pressão em uma Unidade de Terapia Intensiva Adulto.Amostra composta em sua maioria por mulheres. Os cuidados que mais foram citados são:  avaliação da atividade-mobilidade dos pacientes e o  exame físico em sua admissão. E os cuidados de prevenção,  os participantes prescreveram  manutenção da hidratação da pele do paciente, mudança de decúbito, higiene corporal e o uso de colchão piramidal.
Sousa RC de, Faustino AM.2019BVSConhecimento de enfermeiros sobre prevenção e cuidados de lesão por pressão Identificar o conhecimento dos enfermeiros assistenciais quanto à prevenção e aos cuidados com lesões por pressão (LPP) em unidades de clínica médica e cirúrgica de um hospital universitário de Brasília. Os  itens  que os participantes tiveram menor pontuação são os relacionados  ao  uso  de  dispositivos,  como  luva  d’água  (23,6%),  almofadas  (23,6%),  e  em relação a posicionamento e reposicionamento, além da massagem em proeminências ósseas.
Cardoso, Dieffeson da Silva, Carvalho, Francisco Matheus Oliveira, Rocha, Gedeilson Bonfim da, Mendes, Jadilson Rodrigues, Cardoso, Saraí de Brito, Rocha, Francisca Cecília Viana2019BVSConhecimento dos enfermeiros sobre classificação e prevenção de lesão por pressãoAvaliar o conhecimento dos enfermeiros sobre Lesão por Pressão.Quase ⅓ dos participantes tiveram erros na classificação da LP estágio II. Dentre as medidas preventivas, quase 50% dos participantes responderam incorretamente às questões relacionadas ao tempo de mudança de decúbito e inspeção da pele. E mais de 50%, informaram, de maneira incorreta, que o uso de luvas de água ou ar aliviam a pressão, e o período de reposicionamento na posição sentada.A maior parcela de acertos esteve nos itens: fatores de risco de desenvolvimento de LP, avaliação do risco do paciente no momento da admissão no hospital, a realização de escala de horário para mudança de decúbito aos pacientes com risco de LP, importância de orientação ao paciente e familiares sobre o desenvolvimento e risco das lesões, uso de colchões para auxílio da redistribuição do peso e manutenção da pele limpa e livre de umidade.
Araújo, Thiago Moura de;  Araújo, Márcio Flávio Moura de; Barros, Lívia Moreira;  Oliveira, Francisca Jane Gomes de;  Silva, Leonardo Alexandrino da;  Caetano, Joselany Áfio2019BVSIntervenção educativa para avaliação do conhecimento de enfermeiros intensivistas sobre lesão por pressãoComparar  o  conhecimento  de  enfermeiros  intensivistas  sobre  lesões  por  pressão  antes  e  após  intervenção   educativa. Após a intervenção foi observado aumento da  média de acertos nos itens relacionados à prevenção e estadiamento de LP. 
Aroldi, Juscilynne Barros da Costa;  Peres, Heloisa Helena Ciqueto;  Mira, Vera Lucia2018ScieloPercepção do impacto no trabalho de um treinamento on-line sobre prevenção de lesão por pressãoAvaliar a percepção do impacto em amplitude e o suporte à transferência do treinamento on-line sobre prevenção de lesão por pressãoObserva-se transferência e construção de conhecimento, como também de habilidades para a prática assistencial, após a realização do treinamento on-line..
Santos, Rosenilda dos; Zagonel, Ivete Palmira Sanson;  Sanches, Leide da Conceição; Ribeiro, Elaine Rossi; Garbelini, Maria Cecilia Da Lozzo 2018BVSEducação em saúde: conhecimento dos enfermeiros para prevenção da lesão por pressão no domicílioApreender o conhecimento dos enfermeiros sobre lesão por pressão para estabelecer ações de educação em saúde para cuidadores familiares de pacientes acamadosOs enfermeiros informaram conhecimento sobre as questões relacionadas às causas, fatores de risco e estágios da lesão por pressão. Expressaram despreparo ou redução de pessoal, assim como insuficiência de materiais para realizar os curativos. 
Soares, Cilene Fernandes;  Heidemann, Ivonete Teresinha Shulter Buss;  Durand, Michelle Kuntz;  Costa, Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da;  Marçal, Claudia Cossentino Bruck; Ferreira, Juliana Martins2018BVSPrática educativa com enfermeiros da atenção primária: não à lesão por pressãoAnalisar, a partir da visão dos enfermeiros da Atenção Primária, as contribuições da prática educativa na prevenção da Lesão por pressão e promoção da saúde.Os dados foram registrados em duas categorias, sendo a primeira relacionada à prática educativa do enfermeiro como medida de intervenção e mudança da prática diária,  outra, sobre a importância deste profissional na mudança da assistência para prevenção de LP e promoção da saúde. Trazem sobre a importância de elencar cuidados individualizados com base nas necessidades de cada paciente. 
Braquehais, Adna Ribeiro;   Dallarosa, Fábia Sostisso2016BVSConhecimento dos enfermeiros acerca da prevenção de lesões por pressão em unidade de terapia intensiva Investigar o perfil e o conhecimento dos enfermeiros acerca da prevenção de úlceras por pressãoOs participantes demonstraram conhecimento sobre a definição e os fatores de risco de LP, foram citados a imobilização, nutrição inadequada e fricção. 70% dos participantes responderam de forma incorreta sobre a definição de cisalhamento.   Considerado um conhecimento intermediário no geral. Metade da amostra participaram de capacitações sobre o tema. 
Peça, Diana Elisa Gonçalves de Almeida; Graça, Luís 2016BVSDeterminantes das atitudes dos enfermeiros de cuidados intensivos polivalentes perante a prevenção de úlceras de pressãoAnalisar os fatores determinantes das atitudes dos enfermeiros de cuidados intensivos polivalentes perante a prevenção de LP.As melhores pontuações foram alcançadas nas questões relativas à nutrição, pele e dispositivos médicos e escalas de avaliação do risco.
Albuquerque, Adriana Montenegro;  Souza, Maria Amélia de; Torres, Valdicleia da Silva Ferreira; Porto,Virginia de Araújo;  Soares, Maria Julia Guimarães Oliveira; Torquato; Isolda Maria Barros 2014BVSAvaliação e prevenção da úlcera por pressão pelos enfermeiros de terapia intensiva: conhecimento e prática Identificar o perfil dos enfermeiros em Centro de Terapia Intensiva e investigar o seu conhecimento acerca da avaliação e prevenção para úlcera por pressão no referido setor.As respostas sobre os itens de prevenção tiveram mais acertos comparados a avaliação de LP.
Ferreira PAC, Delphim LM, Rodrigues JFC, Dias MJ da GSN. 2021LILACSPrevenção de lesões por pressão nos doentes em unidades de cuidados intensivosIdentificar o nível de conhecimento e quais as atitudes dos enfermeiros sobre a prevenção de lesões por pressão nos doentes  em  unidades  de  cuidados  intensivosO nível de conhecimento dos enfermeiros demonstrou ser insuficiente e as suas atitudes positivas. Os principais fatores influenciadores foram: idade, anos de experiência profissional, formação/educação e treino  na  área  das  lesões  por  pressão.

Fonte: Autores, 2024.

DISCUSSÃO 

Os resultados do presente estudo evidenciaram que a maioria das pesquisas buscam verificar o conhecimento do enfermeiro e sua atuação mediante a identificação e classificação da lesão por pressão, como também o manejo de prevenção 10-18. 

Apesar da vasta possibilidade de atuação do enfermeiro voltados a diversas áreas da saúde e assistência ao paciente, quando se recorre ao assunto relacionado à LP,  somente dois estudos tiveram como enfoque a atenção primária à saúde​19,20​, um no ambiente domiciliar21 e os demais foram desenvolvidos em ambiente hospitalar, com a sua grande maioria em unidades de terapia intensiva​11,12,13,14,16,17,18.   

O enfoque das pesquisas em ambiente hospitalar  pode estar relacionado às metas e indicadores de avaliação das ações de segurança do paciente, conforme previsto no Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) pelo Ministério da Saúde (MS) e também da preconização da criação de Núcleo de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde conforme Portaria MS/GM nº 529, de 01 de abril de 2013 e na RDC nº 36, de 25 de julho de 2013, sendo a redução do risco de danos aos pacientes resultantes de LP um dos atributos das seis metas internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e um marcador da qualidade da assistência prestada 5.  

O olhar especial as UTIs, pode ser justificado pela alta incidência e prevalência de LP nesse setor, devido às restrições de mobilidade e nutricionais impostas ao paciente, além de outros fatores intrínsecos e extrínsecos a essa clientela, como sua gravidade clínica com necessidade de uso de drogas vasoativas ou sedativas que comprometem a circulação sanguínea do paciente ou o nível de consciência, alterando sua percepção sensorial, atividade, mobilidade e aumentando o risco de fricção e cisalhamento, além do aumento do tempo de internação pela complexidade clínica11,12,14-18​.  

A maioria dos estudos avalia o conhecimento do enfermeiro sobre  fatores de risco para LP, classificação e medidas preventivas11,18,20,22-26 por meio de questionários elaborados pela própria equipe de pesquisa. Apenas um estudo utilizou a escala Pressure Ulcers Knowledge Assessment Tool11​.  

Apenas três pesquisas abordam o conhecimento do enfermeiro sobre as medidas de classificação e tratamento de LP e uso de protocolos, sendo que um deles avalia a percepção e confiança dos enfermeiros na realização de tais condutas, outro avalia se são utilizados instrumentos para classificação de LP, observando -se pouca adesão a instrumentos para essa finalidade e algumas vezes indicação de coberturas fora do que é fornecido pelo serviço de saúde,  outro estudo evidenciou conhecimento dos enfermeiros quanto às causas, fatores de risco e estágios das LPs e pouco conhecimento quanto os protocolos, evidenciando a importância de implementação de protocolos que contemplem instrumentos de classificação de LP como também condutas quanto ao tratamento para uniformização da informações e condutas​20-22. 

Verifica-se uma diversidade de resultados favoráveis nos estudos que investigaram o conhecimento dos enfermeiros quanto à definição de LP, fatores de risco e classificação, no entanto houve resultados desfavoráveis na análise do conhecimento desses profissionais quanto às medidas de prevenção. Observa – se que a maioria dos estudos relatam desinformação a respeito de cuidados de prevenção, como também pouca procura dos enfermeiros por  cursos de capacitação​ 14,17,18,23.  

Nos estudos que analisaram o conhecimento dos enfermeiros sobre os fatores de risco para o desenvolvimento de LP estavam elencadas situações que aumentam o contato da pele com estruturas ósseas e consequentemente acentuam o risco para ocasionar essas feridas, como imobilidade no leito, proeminência óssea aparente e nutrição inadequada 11,14,21,24,27​​. 

Quanto às medidas de prevenção foram avaliados os procedimentos para alívio de pressão como mudança de decúbito e reposicionamento, auxílio de escala de horário para orientação da equipe quanto ao tempo de reposicionamento do paciente no leito, uso de colchão piramidal  para  auxílio na redistribuição de peso, higiene corporal e hidratação da pele, orientação dos familiares e pacientes sobre o desenvolvimento de LP e os fatores de risco12,18,20,24-26,28. Neste quesito, os enfermeiros demonstraram conhecimento benéfico sobre as medidas de descompressão, por elencar medidas relacionadas a isso aos questionamentos relacionados às intervenções de prevenção​.3,20,23 

Medidas essas, que vão de encontro às orientações presentes na nota técnica para prevenção de lesão por pressão, publicada pela Anvisa 8. 

O documento orienta as medidas necessárias a ser instituídas aos pacientes no ambiente hospitalar, como a avaliação de LP na admissão no local, reavaliação diária de risco de desenvolvimento de LP de todos os pacientes internados, inspeção diária do tegumento, controle da umidade e permanência do paciente seco e com a pele hidratada, além da melhora da nutrição e hidratação do paciente, como também a redução da pressão externa 8,27​.  

Segundo a orientação da Anvisa, essas medidas podem ser alcançadas com a realização do uso de uma escala de avaliação de risco de desenvolvimento de LP, como a Escala de Braden, que é fundamental para determinar as estratégias adequadas para cada paciente, pois avalia os fatores de risco. Além da utilização da Escala de Braden,  são medidas preventivas recomendadas a avaliação das áreas de maior pressão, como o sacro, cóccix, ísquio, trocanter, calcâneo, cotovelos e sob dispositivos médicos, com atenção para o eritema não branqueável; utilizar produtos para higiene com pH equilibrado e hidratante na pele seca; reposicionar o paciente, evitando as áreas com presença de alterações de coloração e integridade da pele, e determinar frequência para isso 7,27.  

No entanto, alguns estudos demonstraram que os profissionais ainda utilizam medidas não recomendadas para prevenção de LP, como o uso de luvas de água ou ar e massagem em proeminências ósseas, devido aumentar o risco de sofrimento tissular em algumas regiões específicas da pele, pelo aumento da pressão exercida no local 23-25​​. 

A equipe de enfermagem é a responsável por prestar cuidados ininterruptos aos pacientes hospitalizados, com enfoque na assistência segura e prevenção de LP, com o objetivo de reduzir a um mínimo aceitável o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde, para isso a prescrição de cuidados ou a execução de procedimentos na prática pelo técnico de enfermagem devem ser orientados pelo enfermeiro27.

Os enfermeiros têm como responsabilidade direcionar a equipe de enfermagem durante a assistência, e para isso necessitam estar capacitados para o reconhecimento dos fatores de risco e orientações de medidas para evitar o surgimento de lesões, uma vez que  são consideradas como eventos adversos à assistência em saúde​ 27,8.  

As alternativas encontradas pelas instituições para melhorar o conhecimento abaixo do esperado em relação às medidas de prevenção foram capacitações e práticas educativas aos profissionais​. Nos estudos analisados essas práticas foram realizadas por meio de ensino híbrido 13,28.

As informações a respeito dos temas são aprimoradas com o avanço da pesquisa e da tecnologia, requerem atualização constante com prática baseada em evidência, fortalecendo as medidas de segurança do paciente com melhora da qualidade da assistência, para isso é necessário investimento na capacitação dos profissionais pelos setores de educação das instituições de saúde16.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos mostram conhecimentos diversos entre os enfermeiros sobre classificação, além de medidas de prevenção e dos fatores de risco. A prevalência dos estudos foram no ambiente hospitalar, dentro das Unidades de Terapia Intensiva.

Foi evidenciado  lacunas de conhecimento sobre as medidas de prevenção com condutas não mais recomendadas para prevenção, além da  baixa participação em eventos de capacitações e atualizações, o que implica prejuízos para qualidade da assistência como aumento do risco de iatrogenias,  tempo de internação, risco de infecção, além da morbimortalidade.

É de suma importância a oferta e incentivo da participação dos enfermeiros em atividades de educação voltadas a esse tema, para aprimoramento e atualização, pois é o profissional responsável por realizar as prescrições de cuidados que são seguidas pela equipe de enfermagem.

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