ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA FARMACOTERAPIA DE IDOSOS ASMÁTICOS

PHARMACEUTICAL CARE IN THE PHARMACOTHERAPY OF ELDERLY ASTHMATIC PATIENTS

ATENCIÓN FARMACÉUTICA EN LA FARMACOTERAPIA DE PACIENTES ASMÁTICOS ANCIANOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412111003


Giovanna Yachne Oliveira Bernal1
Regina Castro Araújo2
Thierica Hellen Nascimento Ferreira3


Resumo   

O processo de envelhecimento é influenciado por diversos fatores, como saúde, genética, estilo de vida e contexto social. Conforme a população idosa cresce, doenças como asma se tornam mais proeminentes, representando uma importante causa de morbimortalidade em adultos e idosos. A asma, uma condição respiratória crônica caracterizada por sintomas como sibilo, falta de ar e tosse, pode ser subdiagnosticada em idosos devido à confusão com outras condições de saúde. O tratamento da asma em idosos visa controlar os sintomas com a menor dose de medicamentos possível, considerando outras condições médicas e medicamentos em uso. No entanto, o diagnóstico da asma em idosos pode ser desafiador, o que pode levar a um aumento equivocado nos casos de óbitos atribuídos à doença. Farmacêuticos especializados no cuidado ao idoso desempenham um papel crucial na equipe de assistência, analisando prescrições, revisando a farmacoterapia e educando sobre medicamentos. Eles promovem a adesão ao tratamento e a educação em saúde, especialmente no manejo da asma, onde a correta utilização dos dispositivos inalatórios é fundamental para a eficácia do tratamento.    

Palavras-chave:  Envelhecimento; Asma; Assistência Farmacêutica; Farmacoterapia.   

Abstract    

The aging process is influenced by various factors such as health, genetics, lifestyle, and social context. As the elderly population grows, diseases like asthma become more prominent, representing a significant cause of morbidity and mortality in adults and the elderly. Asthma, a chronic respiratory condition characterized by symptoms such as wheezing, shortness of breath, and cough, may be underdiagnosed in the elderly due to confusion with other health conditions. Treatment of asthma in the elderly aims to control symptoms with the lowest possible dose of medications, considering other medical conditions and medications in use. However, diagnosing asthma in the elderly can be challenging, leading to a mistaken increase in deaths attributed to the disease. Pharmacists specialized in elderly care play a crucial role in the healthcare team, analyzing prescriptions, reviewing pharmacotherapy, and educating about medications. They promote treatment adherence and health education, especially in managing asthma, where proper use of inhalation devices is essential for treatment efficacy.   

Keywords: Aging; Asthma; Pharmaceutical Care; Pharmacotherapy.   

Resumen    

El proceso de envejecimiento está influenciado por diversos factores, como la salud, la genética, el estilo de vida y el contexto social. A medida que la población de adultos mayores aumenta, enfermedades como el asma se vuelven más prominentes, representando una causa importante de morbilidad y mortalidad en adultos y ancianos. El asma, una afección respiratoria crónica caracterizada por síntomas como sibilancias, falta de aire y tos, puede ser subdiagnosticada en ancianos debido a la confusión con otras condiciones de salud. El tratamiento del asma en ancianos tiene como objetivo controlar los síntomas con la menor dosis de medicamentos posible, teniendo en cuenta otras condiciones médicas y medicamentos en uso. Sin embargo, el diagnóstico del asma en ancianos puede ser desafiante, lo que puede llevar a un aumento erróneo en los casos de muerte atribuidos a la enfermedad. Los farmacéuticos especializados en el cuidado de ancianos desempeñan un papel crucial en el equipo de atención médica, analizando recetas, revisando la farmacoterapia y educando sobre medicamentos. Promueven la adherencia al tratamiento y la educación en salud, especialmente en el manejo del asma, donde el uso adecuado de los dispositivos inhaladores es fundamental para la eficacia del tratamiento.   

Palabras-clave: Envejecimiento; Asma; Atención Farmacéutica; Farmacoterapia.   

1. Introdução   

A asma é uma doença heterogênea, frequentemente marcada por inflamação crônica das vias aéreas (GINA, 2023).   

A asma é uma condição de saúde amplamente difundida tanto no Brasil quanto globalmente, representando uma das principais causas de internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Caracteriza-se por episódios recorrentes de broncoconstrição reversível. (Feitosa, Batista & Araújo, 2021). Estima-se que 23,2% dos brasileiros convivam com essa condição, com uma incidência que varia de 19,8% a 24,9% nas diferentes regiões do país. No ano de 2021, foram registrados aproximadamente 1,3 milhão de atendimentos na Atenção Primária à Saúde, que serve como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS). Esse número representa um aumento de aproximadamente 231 mil consultas em relação ao ano anterior (Ministério da Saúde, 2022).   

A asma manifesta peculiaridades fisiopatológicas, terapêuticas e clínicas distintas em indivíduos com mais de sessenta anos, o que complica o processo de diagnóstico e tratamento eficaz. Somando-se a isso, a semelhança de sintomas com outras condições, como bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), aumenta a probabilidade de confusão diagnóstica (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019).   

Comorbidades como diabetes mellitus, hipertensão arterial e osteoporose, frequentes na velhice, resultam em polimedicação, além do uso de sedativos ou tranquilizantes, o que dificulta a resposta terapêutica e aumenta os riscos de complicações da asma (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019).   

De acordo com Khosa et al. (2023), fatores como polifarmácia, diminuição da capacidade pulmonar, entre outros fatores, deixam essa classe ainda mais fragilizada.   

Na população idosa, a asma pode surgir após os 60 anos, porém também pode ter sua origem na infância e permanecer até a idade avançada. Adicionalmente, é possível que se tenha desenvolvido durante a juventude e reapareça devido à sensibilidade. A sensibilidade a anti-inflamatórios e analgésicos, como o ácido acetilsalicílico (AAS), pode desencadear o desenvolvimento da asma, resultando em crises prolongadas e agudas. Essas crises podem estar possivelmente relacionadas à sinusite e à polipose nasal (PN). Portanto, é crucial ter precaução ao administrar esses medicamentos em idosos (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019).   

Na perspectiva contemporânea da saúde, o papel do farmacêutico é crucial na educação dos asmáticos sobre o uso adequado dos dispositivos inalatórios. Essa função visa assegurar o tratamento correto e o uso racional de medicamentos, com o objetivo de alcançar resultados efetivos que promovam uma melhor qualidade de vida para os pacientes. Ao desempenhar essa responsabilidade, o farmacêutico não apenas contribui para o bem-estar individual dos pacientes asmáticos, mas também para o progresso geral da saúde da comunidade (Rodrigues et al., 2021). Dessa forma, o objetivo desse trabalho é investigar a importância do farmacêutico na farmacoterapia de idosos asmáticos.   

2. Metodologia   

Este trabalho será realizado por meio de uma revisão bibliográfica, no qual serão utilizados artigos científicos com base nos dados literários do Scielo, Scopus, Lilacs, ScienceDirect com finalidade de analisar os dados coletados. Terá como abordagem a forma qualitativa.   

Essa revisão bibliográfica é um tipo de pesquisa explicativa descritiva. O objetivo dessa metodologia é investigar a importância do farmacêutico na farmacoterapia de idosos asmáticos, tendo como público alvo os idosos asmáticos.    

Serão utilizadas palavras-chave “atenção farmacêutica”, “idosos asmáticos”, processo asmático”, “envelhecimento ativo”, “farmacoterapia de idosos asmáticos”, “envelhecimento na atualidade”, “asma”, “asma em idosos”, “asma em pacientes mais velhos”, “tratamento farmacêutico da asma em idosos”, “atenção farmacêutica para idoso”, “atenção farmacêutica para idosos asmáticos” em português, inglês e espanhol, no período de 2019 a 2024. Como critério de exclusão, serão destacadas pesquisas, dissertações, teses e artigos de sites informais como: blogs, redes sociais e info escolar.   

3. Resultados e Discussão   

O envelhecimento na atualidade   

O curso natural do envelhecimento, ou senescência, é um tema que continua desafiando os avanços da tecnologia e da ciência. Apesar das muitas pesquisas e recursos estéticos disponíveis, o processo de envelhecimento permanece inevitável e é influenciado por uma série de fatores. Estes incluem a saúde individual, predisposição genética, nível educacional, acesso aos cuidados de saúde, atividade mental, prática de exercícios físicos e outros hábitos saudáveis de vida, bem como a personalidade e o humor. Além disso, diferenças entre os gêneros, participação em treinamento cognitivo, etnia, contexto social e cultural também desempenham papéis importantes no processo de envelhecimento (Machado, Pereira, Cezario & Junior, 2020).   

O processo de envelhecimento não é apenas uma questão de passagem do tempo, mas sim, uma interação complexa entre o estado cognitivo, físico e de vitalidade de cada pessoa. É importante lembrar que o envelhecimento é único e distinto para cada indivíduo (Spindle & Santos, 2021).   

Analisamos o processo de envelhecimento no país e como a carga de doenças se altera com a idade. Observamos um rápido crescimento da parcela idosa da população, onde doenças respiratórias (crônicas e infecciosas), neurológicas e cardiovasculares se tornam mais proeminentes (Mrejen, Nunes & Giacomin, 2023).   

O conceito de envelhecimento ativo, juntamente com a possível prevalência de doenças crônicas não infecciosas, demanda principalmente adaptações na estrutura organizacional do trabalho. Isso inclui o desenvolvimento tanto de tecnologias genéricas quanto especializadas na gestão da saúde. Além disso, é crucial a implementação de um modelo de atenção à saúde baseado na abordagem da clínica ampliada (Damaceno & Chirelli, 2019).   

Um estudo realizado no estado do Paraná, na cidade de Maringá, Brasil, investigou o impacto do convívio em grupos de pessoas idosas. A pesquisa contou com a participação de 14 idosos em um estudo qualitativo, onde os dados das entrevistas foram analisados através da análise de conteúdo. Foram identificadas três categorias relevantes para o envelhecimento ativo: o grupo de convívio como um espaço de aprendizagem; o grupo como um promotor da saúde e do envelhecimento ativo; e o grupo como uma oportunidade de lazer e socialização para os idosos. Consequentemente, os idosos percebem os benefícios do convívio em grupo, que abrange aspectos como lazer, socialização e aprendizado, resultando em melhorias na saúde física e mental e, em última análise, na qualidade de vida (Reis, Casas-Novas, Serra, Magalhães & Sousa, 2021).   

Processo asmático   

A asma é uma condição respiratória comum e crônica que afeta de 1 a 18% da população em diferentes países (GINA, 2021).   

Os sintomas típicos incluem sibilo, falta de ar, aperto no peito e/ou tosse, junto com uma variação na capacidade de expirar o ar dos pulmões. Estes sintomas e a gravidade da limitação do fluxo de ar podem variar ao longo do tempo. Fatores como exercício, exposição a alérgenos ou irritantes, mudanças climáticas e infecções virais respiratórias frequentemente desencadeiam essas variações. Embora os sintomas possam se resolver espontaneamente ou em resposta a medicamentos, também é comum que desapareçam por semanas ou meses. No entanto, episódios de exacerbação da asma podem ocorrer, às vezes sendo graves e representando um fardo significativo para os pacientes e a comunidade (GINA, 2021).   

A asma geralmente está associada à hiperresponsividade das vias aéreas e à inflamação crônica, que podem persistir mesmo quando os sintomas estão ausentes, embora possam ser controladas com tratamento adequado (GINA, 2021).   

A asma é uma doença clinicamente heterogênea; no entanto, a inflamação crônica e o remodelamento da parede das vias aéreas são características consistentes na maioria dos pacientes, mesmo na ausência de sintomas. O processo de inflamação crônica envolve a ativação de uma variedade de células, como eosinófilos, mastócitos e linfócitos, e mediadores inflamatórios, afetando todo o sistema das vias aéreas, embora de forma mais pronunciada nos brônquios de tamanho médio. O remodelamento, a contração do músculo liso, o edema e a hipersecreção de muco contribuem para o estreitamento das vias aéreas, resultando nos sintomas e nas anormalidades fisiológicas associadas à asma (Serra, 2019).   

Com o objetivo de categorizar os níveis de gravidade da asma, foram estabelecidas quatro classes, cada uma refletindo um grau de intensidade distinto (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019):   

  • Asma Grau 1: Caracterizada por sintomas intermitentes, afetando a maioria dos pacientes que conseguem levar uma vida normal. O indivíduo pode permanecer longos períodos sem apresentar sintomas significativos, e quando ocorrem, geralmente são tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar.   
  • Asma Grau 2: Apresenta sintomas levemente persistentes, com o paciente relatando sintomas em mais de uma 
  • ocasião por semana.   
  • Asma Grau 3: Sintomas moderadamente persistentes, com o paciente experimentando sintomas diários prolongados que interferem nas atividades físicas e no sono.
  • Asma Grau 4: Indica sintomas graves, com o paciente sofrendo de sintomas persistentes e instáveis, que tendem a piorar durante a noite e causam significativas limitações, apesar do tratamento em curso.   

Existem grupos reconhecidos de características demográficas, clínicas e/ou fisiopatológicas frequentemente referidos como fenótipos de asma. Vários fenótipos foram identificados até o momento. Um dos mais comuns e facilmente reconhecíveis é a asma alérgica, frequentemente iniciada na infância e associada a histórico pessoal e/ou familiar de doenças alérgicas, como eczema, rinite alérgica ou alergias a medicamentos ou alimentos. Exames de expectoração revelam inflamação das vias aéreas por eosinófilos neste tipo de asma, que geralmente responde bem ao tratamento com corticosteroides inalados (Alves, 2019).   

Outro fenótipo comum é a asma não alérgica, que, como o próprio nome sugere, não está associada a alergias e geralmente respondem menos aos corticosteroides inalados. A asma de início tardio é outro fenótipo frequente, manifestando-se em alguns adultos, especialmente mulheres, muitas vezes pela primeira vez na idade adulta. Esses pacientes geralmente não têm alergias e muitas vezes precisam de doses mais elevadas de corticosteroides, ou são refratários a esses medicamentos (Alves, 2019).   

A asma com limitação fixa do fluxo de ar também é comum, afetando alguns pacientes com asma de longa duração, que desenvolvem limitação fixa do fluxo de ar, provavelmente devido ao remodelamento da parede das vias aéreas. Um outro fenótipo é a asma associada à obesidade, caracterizada por sintomas respiratórios proeminentes em pacientes obesos com asma e pouca inflamação eosinofílica das vias aéreas (Alves, 2019).   

O termo “asma de início tardio” refere-se ao desenvolvimento de sintomas de asma na vida adulta em um paciente que anteriormente não apresentava sintomas respiratórios (Kuruvilla, Lee & Lee, 2019).   

É um grupo específico de pacientes asmáticos com elevados níveis de Th2, que desenvolvem a doença tardiamente e mostram resistência aos esteroides. A maioria desses pacientes apresenta rinossinusite crônica ou polipose nasal, que frequentemente precedem o desenvolvimento da asma (Venancio-Hernández, Mendieta-Flores, Mendieta-Marín, AlanizFlores, & Reyes-Arellano, 2022).   

Processo asmático em idosos   

Anteriormente, a asma era vista como uma doença prevalente na infância e adolescência. No entanto, hoje em dia, a asma é reconhecida como uma causa significativa de morbimortalidade em adultos e idosos. A sua carga de complicações é ainda mais pronunciada em idosos do que em adultos. Embora a asma geralmente se manifeste de forma leve na maioria dos casos, em 5 a 10% das vezes, ela pode se manifestar de forma grave, o que pode levar o paciente ao óbito nesses casos. Assim como acontece com outras doenças do sistema respiratório, a asma é uma causa significativa de mortalidade entre a população idosa (Torquato, Costa, Nascimento & Pereira, 2021).   

Segundo Pinto et al. (2023), entre 2000 e 2019, ocorreram aproximadamente 31.384 mortes por asma em idosos no Brasil. A maior frequência de óbitos foi registrada nas regiões Sudeste (39,8%) e Nordeste (33,9%), enquanto as menores taxas foram observadas nas regiões Norte (4,0%) e Centro-Oeste (5,3%) do país.

Tabela 1: Mortalidade de Idosos por regiões do sexo masculino e feminino de 2000 a 2019.

Fonte: Pinto et al. (2023).  

A asma é uma condição comum em idosos com 65 anos ou mais e está correlacionada a uma maior morbimortalidade, possivelmente devido à falta de diagnóstico e tratamento adequados. Muitos desses pacientes podem não reconhecer seus sintomas, confundindo a dispneia com sedentarismo, obesidade ou problemas cardíacos (Ministério da Saúde, 2021).   

De acordo com Araújo, Oliveira, Nascimento & Cunha (2020), em segundo lugar no ranking das principais causas de mortalidade hospitalar de idosos no estado do Pará, entre 2008 e 2019, foi vinculada às doenças do aparelho respiratório.   

Após os 60 anos, a capacidade respiratória total dos pulmões começa a diminuir, independentemente do estado de saúde do indivíduo. Isso resulta na redução das funções pulmonares, as quais também são influenciadas por fatores ambientais, exposição a alérgenos e outras doenças. Além disso, a idade impacta o sistema imunológico, levando ao comprometimento da defesa pulmonar (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019).   

Sintomas e crises de asma em idosos podem ser desencadeados e agravados por vários fatores, incluindo refluxo gastroesofágico, atividade física, aspectos emocionais, mudanças climáticas e infecções virais. Embora a prática de exercícios físicos traga benefícios significativos para os idosos em todos os aspectos, é crucial que seja supervisionada. Antes do exercício, o idoso deve realizar um aquecimento adequado e, se necessário, receber medicação prévia (Vieira, Lemos & Queiroga, 2019).   

O tratamento da asma em idosos visa alcançar e manter o controle da doença, utilizando a menor dose de medicamento possível. É crucial considerar cuidadosamente as morbidades e todos os medicamentos em uso, incluindo medicamentos tópicos para os olhos, que podem afetar negativamente o controle da doença (Ministério da Saúde, 2021).

Tanto a presença de eosinofilia quanto a obstrução do fluxo de ar aumentaram as chances de desenvolvimento subsequente de asma em idosos. É notável que os idosos enfrentaram menos dificuldades nas atividades diárias, apesar de apresentarem uma frequência maior de dispneia durante esforços (avaliada pelas pontuações mMRC), em comparação com pacientes mais jovens com asma recentemente diagnosticada (Nishi et al., 2023).   

Outra questão relevante a mencionar é a dificuldade no diagnóstico da asma devido à sua heterogeneidade clínica e funcional, especialmente em idosos, e à limitada disponibilidade de testes diagnósticos como a espirometria. Essa dificuldade pode levar a um aumento equivocado nos casos de óbitos atribuídos à asma, especialmente em situações em que ocorrem sem assistência ou supervisão médica (Cavalcanti & Oliveira, 2020).   

Atenção farmacêutica em idosos asmáticos   

Para um farmacêutico que busca se especializar no cuidado ao idoso, é crucial possuir uma série de características fundamentais, algumas das quais podem ser consideradas incomuns em relação às responsabilidades tradicionais da profissão. Entre essas características, destacam-se a empatia, proatividade, dinamismo, habilidades avançadas de comunicação e de gerenciamento de situações complexas, além da capacidade de interagir facilmente com membros de equipes multiprofissionais (CRF-SP, 2020, p.45).   

O farmacêutico, em colaboração com a equipe de assistência aos idosos com asma, pode desempenhar uma série de atividades, incluindo análise de prescrições de medicamentos, acolhimento profissional, revisão da farmacoterapia, conciliação medicamentosa, educação em saúde e fornecimento de informações sobre os medicamentos. Além disso, eles podem oferecer orientações de alta, promover a adesão ao tratamento, estimular o autocuidado e identificar problemas associados aos medicamentos (Silva, Melo, Silva, Cabral & Wanderley, 2019).   

A Atenção Farmacêutica vai além de simplesmente orientar os pacientes sobre o uso adequado dos medicamentos, garantindo maior efetividade e segurança. Ela também oferece informações aos pacientes sobre possíveis interações entre os medicamentos e entre estes e os alimentos. Além disso, envolve a avaliação da eficácia, posologia e efeitos adversos dos medicamentos, bem como a identificação ágil e eficaz de possíveis problemas relacionados a estes (Corcini & Garcia, 2020).   

Este profissional desempenha um papel significativo, uma vez que mantém um contato frequente com pacientes asmáticos, permitindo estabelecer uma relação contínua com a comunidade. Essa proximidade o torna uma peça fundamental para a promoção da educação em saúde (Menega, Senhorelo & Borges, 2020). Considerando que a terapia para o tratamento da asma é frequentemente negligenciada, devido a diversos fatores que prejudicam a adesão, a demanda por um grande número de medicamentos de uso contínuo tende a dificultar ainda mais o cumprimento do tratamento por parte do paciente (Corcini & Garcia, 2020; Lima, Silva, Reis, & Fernandes 2020).   

Dessa forma, o farmacêutico desempenha um papel crucial ao educar sobre a importância da frequência e da adequação no uso dos dispositivos inalatórios no controle da asma, podendo inclusive contribuir para a redução da morbidade da doença. Afinal, nenhum medicamento pode oferecer eficácia ao tratamento se não for administrado de forma adequada, especialmente no caso da terapia inalatória, que demanda cuidados técnicos para sua efetividade. Além disso, o farmacêutico pode explicar e reforçar as instruções de uso, identificar eventuais problemas relacionados aos medicamentos, tudo isso visando promover a adesão ao tratamento (Lima & Vieira, 2021).   

4. Considerações Finais   

Diante do exposto, a asma é uma condição crônica que afeta as vias respiratórias inferiores causando inflamações e estreitamento dos bronquíolos, levando a dificuldade de respirar, chiado no peito e tosse e, além disso, produzindo muco extra.    

A atuação do farmacêutico é extremamente necessária para o controle da doença no paciente pois contribui para uma melhor adesão terapêutica, de forma que o paciente obtenha maior compreensão da importância de seguir à risca o tratamento farmacológico e não farmacológico.   

Afim de desenvolver uma relação de confiança e acolhimento com o paciente e também seus cuidadores, o farmacêutico deve orientá-los a ser atenciosos com os sintomas, que saibam lidar com as crises caso ocorram, que ajudem o idoso a não ficar exposto a fatores que podem desencadear uma crise asmática.    

Em casos de idosos asmáticos o profissional farmacêutico está em uma posição ideal para garantir que a medicação prescrita seja adequada e também evitar interações medicamentosas prejudiciais, e ainda fornecer orientações sobre o uso correto de dispositivos inaladores.   

A atenção farmacêutica é crucial para otimizar a farmacoterapia de idosos com asma, reduzindo assim a incidência de crises e hospitalizações, e consequentemente, proporcionando bem-estar e uma maior qualidade de vida.   

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1ORCID: https://orcid.org/0009-0001-9540-3499 – Faculdade Integrada Carajás, Brasil – E-mail: giovanna.yob@gmail.com
2ORCID: https://orcid.org/0009-0005-6973-1471 – Faculdade Integrada Carajás, Brasil – E-mail: reginacoelhocastro@hotmail.com
3ORCID: https://orcid.org/0009-0007-8637-0158 – Faculdade Integrada Carajás, Brasil – E-mail: thiericahellen@gmail.com