MANEJO DA OSTEOPOROSE EM IDOSOS COM COMORBIDADES MÚLTIPLAS: REVISÃO INTEGRATIVA SOBRE PROTOCOLOS DE PREVENÇÃO DE FRATURAS, OTIMIZAÇÃO TERAPÊUTICA E REDUÇÃO DE EFEITOS ADVERSOS

MANAGEMENT OF OSTEOPOROSIS IN ELDERLY INDIVIDUALS WITH MULTIPLE COMORBIDITIES: INTEGRATIVE REVIEW ON PROTOCOLS FOR FRACTURE PREVENTION, THERAPEUTIC OPTIMIZATION AND REDUCTION OF ADVERSE EFFECTS

Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412102208


Adyne Nogueira dos Santos¹; Ana Carolina Brito Alencar Alves2; Beatriz Antonia de Jesus Simonato3; Beatriz Matheus Duarte4; Douglas Segadilha Prado5; Lorran Nogueira Teles6; Lucas Moraes Cury7; Ludmilla Sousa Teixeira8; Marcos Diego Feitosa9; Mariany Bastos Batista10; Patrícia Alves da Silva¹¹; Tatiana Ferrari Becegatto12; Viviane zaida sangaletti Ribeiro de Souza13; Claudio Roberto Rafaeli14


RESUMO

A osteoporose é uma doença prevalente entre idosos, especialmente aqueles com múltiplas comorbidades, representando um significativo desafio clínico. Este estudo aborda a integração de estratégias para prevenção de fraturas, otimização terapêutica e redução de efeitos adversos em populações vulneráveis. A revisão identifica os avanços terapêuticos recentes, como moduladores da via Wnt e terapias baseadas em células-tronco, além de destacar a importância da personalização do tratamento e da abordagem multidisciplinar. Conclui-se que o manejo efetivo da osteoporose em idosos exige intervenções inovadoras, estudos clínicos mais inclusivos e programas personalizados que melhorem a adesão ao tratamento.

Palavras-chave:  Osteoporose; Idosos; Comorbidades; Prevenção de fraturas; Terapias inovadoras; Polifarmácia; Adesão ao tratamento.

ABSTRACT

Osteoporosis is a prevalent disease among the elderly, particularly those with multiple comorbidities, posing significant clinical challenges. This study explores the integration of strategies for fracture prevention, therapeutic optimization, and reduction of adverse effects in vulnerable populations. The review identifies recent therapeutic advances, such as Wnt pathway modulators and stem cell-based therapies, while emphasizing the importance of personalized treatment and multidisciplinary approaches. It concludes that effective management of osteoporosis in the elderly requires innovative interventions, more inclusive clinical studies, and personalized programs to enhance treatment adherence.

Keywords: Osteoporosis; Elderly; Comorbidities; Fracture prevention; Innovative therapies; Polypharmacy; Treatment adherence.

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno global que apresenta desafios complexos para os sistemas de saúde. Entre as condições que afetam predominantemente os idosos, a osteoporose se destaca devido à sua alta prevalência e ao impacto significativo em termos de morbidade e mortalidade. De acordo com Kalache et al. (1987), o aumento da longevidade vem acompanhado de uma transição epidemiológica marcada pelo predomínio de doenças crônicas, como a osteoporose, que afetam gravemente a qualidade de vida e a independência funcional dos indivíduos.

No Brasil, o envelhecimento acelerado da população é particularmente preocupante. Ramos et al. (1987) apontam que a demografia brasileira passou por uma transformação substancial nas últimas décadas, resultando em um crescimento expressivo da população idosa. Este cenário amplifica o impacto de doenças como a osteoporose, especialmente em indivíduos com múltiplas comorbidades, para os quais o manejo clínico apresenta desafios específicos, como a polifarmácia e a maior propensão a efeitos adversos associados a terapias convencionais.

A osteoporose em idosos com condições crônicas é associada a altas taxas de fraturas, particularmente em locais como quadris, vértebras e punhos, que frequentemente resultam em hospitalizações prolongadas, necessidade de reabilitação e, em muitos casos, aumento da mortalidade. Veras (2002) destaca que a assistência ao idoso deve ser adaptada às suas necessidades específicas, enfatizando a importância de estratégias integradas que considerem tanto a prevenção de fraturas quanto a redução dos efeitos adversos das terapias, que frequentemente complicam o manejo da osteoporose em pacientes com comorbidades.

A proposta é contribuir para uma abordagem clínica mais eficaz e segura, com base em evidências científicas, que atenda às necessidades da população idosa em um cenário de múltiplas comorbidades. Trabalhos como os de Kalache et al. (1987), Ramos et al. (1987) e Veras (2002) formam a base para compreender a relevância desse tema, enquanto esta revisão integrativa se propõe a avançar na discussão e oferecer insights práticos para o manejo da osteoporose nessa população.

2. PANORAMA GERAL DA OSTEOPOROSE EM IDOSOS

A osteoporose é uma condição metabólica caracterizada pela redução da densidade mineral óssea (DMO) e alterações na microarquitetura óssea, resultando em fragilidade aumentada e maior risco de fraturas. Essa doença atinge predominantemente idosos, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade nessa população, com impacto direto na qualidade de vida e nos custos de saúde (Kanis et al., 2005; Papaioannou et al., 2010).

2.1.    Definição e Epidemiologia

A osteoporose é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma DMO que está pelo menos 2,5 desvios-padrão abaixo da média de adultos jovens saudáveis, medida por densitometria óssea. A prevalência da osteoporose aumenta significativamente com a idade, particularmente em mulheres após a menopausa devido ao declínio nos níveis de estrogênio, mas também afeta homens idosos (Kanis et al., 2005).

Kanis et al. (2005) desenvolveram o FRAX®, uma ferramenta validada para estimar o risco de fraturas em 10 anos, incorporando fatores de risco clínicos e medidas de DMO. Essa ferramenta tem sido amplamente utilizada para identificar pacientes de alto risco e para orientar decisões de tratamento.

As fraturas osteoporóticas, especialmente as de quadril, representam um dos maiores impactos da doença. Segundo Papaioannou et al. (2010), fraturas de quadril estão associadas a uma mortalidade de até 30% no primeiro ano após o evento, além de uma alta incidência de incapacidades de longo prazo. Fraturas vertebrais, embora menos fatais, também têm um impacto significativo na qualidade de vida devido à dor crônica e deformidades.

2.2.    Fatores de Risco em Pacientes com Múltiplas Comorbidades

A coexistência de múltiplas condições crônicas em idosos, como artrite reumatoide, doenças cardiovasculares e diabetes, exacerba os desafios do manejo da osteoporose. Entre os fatores de risco mais críticos estão:

  • Polifarmácia: O uso de múltiplos medicamentos aumenta a chance de interações medicamentosas que podem comprometer a saúde óssea. Medicamentos como glicocorticoides, amplamente utilizados em condições inflamatórias crônicas, estão associados à redução da DMO e ao aumento do risco de fraturas (Forsblad D’Elia et al., 2003; Papaioannou et al., 2010).
  • Sarcopenia: A perda de massa muscular com a idade contribui para a instabilidade postural, aumentando o risco de quedas, principal precursor das fraturas osteoporóticas. Estudos mostram que a sarcopenia frequentemente coexiste com a osteoporose em uma condição conhecida como osteossarcopenia (Forsblad D’Elia et al., 2003).
  • Alterações hormonais: A deficiência de estrogênio em mulheres pós-menopáusicas e de testosterona em homens idosos é um dos fatores centrais no desenvolvimento da osteoporose. A artrite reumatoide, por exemplo, agrava essa situação devido à inflamação crônica e uso frequente de medicamentos como corticoides (Forsblad D’Elia et al., 2003; Papaioannou et al., 2010).

2.3.     Abordagem Multidisciplinar no Manejo Clínico

A complexidade da osteoporose em pacientes idosos com comorbidades exige uma abordagem multidisciplinar. Estudos como os de Papaioannou et al. (2010) enfatizam a importância de integrar diferentes especialidades para abordar os múltiplos aspectos da doença.

  • Reumatologistas e geriatras: Responsáveis pelo diagnóstico, avaliação do risco de fraturas e implementação de estratégias farmacológicas. Medicamentos como bifosfonatos e denosumabe são amplamente utilizados para retardar a perda óssea e reduzir o risco de fraturas (Kanis et al., 2005; Papaioannou et al., 2010).
  • Nutricionistas: Essenciais para otimizar a ingestão de cálcio e vitamina D, elementos críticos para a saúde óssea. Papaioannou et al. (2010) sugerem que a suplementação de vitamina D é particularmente eficaz na redução do risco de quedas em idosos.
  • Fisioterapeutas: Desenvolvem programas de exercício físico para melhorar o equilíbrio, a força muscular e a densidade óssea, abordando os riscos da sarcopenia. Intervenções como treinamento de resistência e atividades de impacto leve têm mostrado eficácia na prevenção de fraturas (Forsblad D’Elia et al., 2003).

A osteoporose em idosos é uma condição altamente prevalente e clinicamente significativa, com impactos devastadores na qualidade de vida e altas taxas de morbidade e mortalidade. Estudos como os de Kanis et al. (2005), Forsblad D’Elia et al. (2003) e Papaioannou et al. (2010) demonstram a importância de estratégias diagnósticas baseadas em evidências e intervenções multidisciplinares para o manejo eficaz da osteoporose em pacientes com múltiplas comorbidades. A integração de abordagens farmacológicas, nutricionais e físicas é essencial para minimizar os riscos e melhorar os desfechos nessa população vulnerável.

3. PREVENÇÃO DE FRATURAS EM IDOSOS COM COMORBIDADES

A prevenção de fraturas em idosos com comorbidades é uma estratégia central no manejo da osteoporose, uma vez que fraturas osteoporóticas estão associadas a significativa morbidade, perda de independência funcional e aumento da mortalidade. Essa abordagem requer a combinação de intervenções não farmacológicas e terapias farmacológicas personalizadas, baseadas no perfil clínico e nas condições associadas do paciente.

3.1.     Estratégias Não Farmacológicas

Intervenções no estilo de vida e medidas para reduzir o risco de quedas são pilares fundamentais na prevenção de fraturas. Essas estratégias são particularmente importantes em populações de idosos, onde a coexistência de comorbidades pode aumentar os riscos de eventos adversos associados a terapias farmacológicas.

  1. Atividade Física e Exercícios Físicos: A prática regular de exercícios físicos é uma intervenção amplamente reconhecida para a prevenção da perda óssea e fortalecimento muscular. Tourinho et al. (2008) destacam que a atividade física não apenas ajuda a preservar a densidade mineral óssea em mulheres pré-menopáusicas com artrite reumatoide, mas também melhora o equilíbrio e reduz o risco de quedas, mesmo em indivíduos com condições crônicas.

De Jong et al. (2004) demonstraram que exercícios de alta intensidade, incluindo treinamento resistido e atividades com impacto moderado, podem retardar significativamente a perda óssea em pacientes com artrite reumatoide. Essa evidência apoia a inclusão de programas de exercício personalizados como componente essencial da prevenção de fraturas em idosos.

  1. Dieta Rica em Cálcio e Vitamina D: A ingestão adequada de cálcio e vitamina D é fundamental para a manutenção da saúde óssea. A suplementação de vitamina D, em particular, tem demonstrado eficácia na redução do risco de quedas e fraturas em idosos, devido ao seu papel no fortalecimento muscular e na manutenção do equilíbrio.
  2. Prevenção de Quedas: Adaptações no ambiente doméstico, como instalação de barras de apoio e eliminação de obstáculos, são medidas importantes para minimizar o risco de quedas. Além disso, programas de treinamento de equilíbrio e força podem ser altamente eficazes na redução de quedas em idosos vulneráveis.

3.2.     Terapias Farmacológicas

As terapias farmacológicas para a osteoporose são indicadas para pacientes com alto risco de fraturas, particularmente aqueles que já sofreram fraturas ou possuem densidade mineral óssea muito baixa. As opções incluem:

  1. Bifosfonatos : Bifosfonatos, como alendronato e risedronato, são a primeira linha de tratamento para a osteoporose. Eles agem inibindo a reabsorção óssea mediada por osteoclastos, reduzindo significativamente o risco de fraturas vertebrais e não vertebrais. Embora geralmente bem tolerados, bifosfonatos podem estar associados a efeitos adversos gastrointestinais e, raramente, osteonecrose da mandíbula.
  2. Denosumabe: Denosumabe é um anticorpo monoclonal que inibe o RANKL (ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa-B), um mediador essencial da reabsorção óssea. Ele é eficaz na redução de fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril. É uma opção importante para pacientes que não toleram bifosfonatos ou possuem contraindicações.
  3. Teriparatida: A teriparatida é uma forma recombinante do hormônio paratireoideano, que estimula a formação óssea. É indicada principalmente para pacientes com osteoporose grave e história de múltiplas fraturas. Embora altamente eficaz, seu uso é limitado devido ao alto custo e à duração recomendada de tratamento de até dois anos.
  4. Prevenção de Osteoporose Induzida por Glicocorticoides:
    Grossman et al. (2010) recomendam a avaliação precoce e o uso de bifosfonatos em pacientes em terapia crônica com glicocorticoides, uma vez que esses medicamentos aceleram a perda óssea e aumentam o risco de fraturas. A suplementação de cálcio e vitamina D também é indicada como medida complementar.

3.3.     Evidências Clínicas na Redução de Fraturas

Estudos clínicos robustos têm demonstrado a eficácia das intervenções mencionadas na redução de fraturas em populações vulneráveis. Tourinho et al. (2008) e de Jong et al. (2004) fornecem evidências sobre o papel essencial do exercício físico na manutenção da saúde óssea e na prevenção de quedas. Por outro lado, Grossman et al. (2010) destacam a necessidade de terapias específicas para osteoporose induzida por glicocorticoides, sublinhando a importância da prevenção farmacológica em populações de alto risco.

A prevenção de fraturas em idosos com osteoporose e comorbidades requer uma abordagem integrada que combine intervenções não farmacológicas, como exercício físico e suplementação nutricional, com terapias farmacológicas baseadas no perfil de risco do paciente. Estudos como os de Tourinho et al. (2008), de Jong et al. (2004) e Grossman et al. (2010) reforçam a eficácia dessas estratégias, sublinhando a importância de uma abordagem personalizada para maximizar os benefícios e minimizar os riscos no manejo da osteoporose.

4. OTIMIZAÇÃO TERAPÊUTICA E MANEJO DA POLIFARMÁCIA

A polifarmácia, definida como o uso simultâneo de múltiplos medicamentos, é uma característica comum no manejo de idosos com múltiplas comorbidades. Embora muitas vezes seja inevitável para tratar condições crônicas coexistentes, a polifarmácia aumenta significativamente o risco de interações medicamentosas, efeitos adversos e complicações relacionadas ao tratamento. No contexto da osteoporose, essa situação exige uma abordagem cuidadosa para otimizar o tratamento e minimizar riscos, especialmente em pacientes vulneráveis.

A polifarmácia em idosos com osteoporose apresenta desafios únicos devido à alta prevalência de comorbidades, como insuficiência renal, diabetes e doenças cardiovasculares. Medicamentos comumente usados no manejo da osteoporose, como bifosfonatos, podem ter efeitos adversos exacerbados por essas condições:

  • Interações medicamentosas: A coexistência de múltiplos tratamentos aumenta a probabilidade de interações adversas. Por exemplo, o uso concomitante de bifosfonatos com inibidores de bomba de prótons pode reduzir a absorção de cálcio, prejudicando a saúde óssea.
  • Efeitos renais e gastrointestinais: Os bifosfonatos, como alendronato, são contraindicados em pacientes com insuficiência renal severa, devido ao risco de nefrotoxicidade. Além disso, podem causar efeitos adversos gastrointestinais, como esofagite e úlceras gástricas, particularmente em pacientes que já fazem uso de medicamentos irritantes, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).

Mota et al. (2012) destacam que o manejo da artrite reumatoide, que frequentemente coexiste com a osteoporose, envolve o uso de medicamentos imunossupressores, como metotrexato e leflunomida. Essas terapias, embora essenciais para o controle da inflamação, podem interferir no metabolismo ósseo e agravar a perda óssea em pacientes suscetíveis.

Dada a complexidade do manejo em idosos, a personalização do tratamento é fundamental para otimizar os benefícios terapêuticos e reduzir os riscos associados à polifarmácia. Essa abordagem deve incluir:

a) Avaliação Individualizada: A avaliação do estado de saúde geral, função renal e hepática, bem como das interações medicamentosas potenciais, deve orientar a escolha e o ajuste das terapias. Por exemplo, em pacientes com insuficiência renal moderada, alternativas aos bifosfonatos, como denosumabe, podem ser preferidas devido à sua segurança renal.

b) Escolha de Medicamentos Baseada nas Comorbidades: Westlake et al. (2010) ressaltam que medicamentos como o metotrexato, usados no controle da inflamação sistêmica em condições como artrite reumatoide, podem estar associados a melhorias na saúde óssea devido à redução da inflamação. No entanto, a monitorização regular é necessária para prevenir efeitos adversos, como hepatotoxicidade.

c) Ajuste de Doses: O ajuste de doses com base na idade e função renal é essencial para evitar toxicidade. Protocolos para reduzir a dose de bifosfonatos em idosos com função renal comprometida, por exemplo, podem ajudar a mitigar riscos sem comprometer a eficácia terapêutica.

A polifarmácia é um desafio significativo no manejo da osteoporose em idosos com múltiplas comorbidades. Estudos como os de Mota et al. (2012), Westlake et al. (2010) e Alcorn et al. (2009) destacam a importância de uma abordagem personalizada para otimizar o tratamento e minimizar riscos. Protocolos práticos, como ajuste de doses, escolha criteriosa de medicamentos e monitoramento regular, são essenciais para alcançar resultados terapêuticos eficazes enquanto se protege a segurança do paciente. Uma abordagem multidisciplinar é fundamental para abordar a complexidade da polifarmácia nessa população vulnerável.

5. REDUÇÃO DE EFEITOS ADVERSOS RELACIONADOS AO TRATAMENTO

A redução dos efeitos adversos relacionados ao tratamento da osteoporose é um aspecto fundamental no manejo de pacientes idosos com múltiplas comorbidades. Esses pacientes estão particularmente vulneráveis a complicações devido às interações medicamentosas, à presença de condições clínicas subjacentes e à maior sensibilidade a terapias farmacológicas. Estratégias que incluem monitoramento cuidadoso, uso de terapias alternativas e cuidados adequados no período perioperatório são cruciais para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

Entre os principais efeitos adversos a serem monitorados estão a hipercalcemia, a dor óssea e as complicações gastrointestinais. A hipercalcemia, frequentemente associada ao uso de agentes anabolizantes como a teriparatida, pode levar a sintomas graves, como fadiga e distúrbios cardíacos, sendo necessário ajustar a dose ou interromper o tratamento em casos extremos. A dor óssea é outro efeito comum, especialmente em pacientes tratados com bifosfonatos e denosumabe, e pode impactar negativamente a adesão ao tratamento. Além disso, as complicações gastrointestinais, como esofagite e úlceras gástricas, estão associadas ao uso de bifosfonatos em pacientes que não seguem as orientações adequadas de ingestão. Estudos como o de Steiner et al. (2009) sugerem que o monitoramento de perfis metabólicos pode ajudar a prever e mitigar esses riscos.

No contexto das terapias alternativas, é essencial considerar a individualização do tratamento. Agentes anabolizantes, como a teriparatida, são indicados para pacientes com osteoporose grave, mas seu uso é limitado pelos custos elevados e pelo risco de hipercalcemia. Em contrapartida, os agentes antirreabsortivos, como bifosfonatos e denosumabe, são amplamente utilizados para reduzir o risco de fraturas, embora possam causar complicações como osteonecrose da mandíbula. O estudo de Edwards et al. (2010) destaca como a inflamação crônica, mediada por citocinas como a interleucina-6, pode influenciar a eficácia e os efeitos adversos desses tratamentos. Além disso, a hidroxicloroquina, embora não seja um tratamento primário para osteoporose, demonstrou propriedades anti-inflamatórias e hipocolesterolêmicas úteis, especialmente para mitigar efeitos adversos metabólicos associados ao uso prolongado de corticoides (Wallace et al., 1990).

Os cuidados perioperatórios em pacientes submetidos a cirurgias para fraturas osteoporóticas também desempenham um papel crucial. Antes da cirurgia, é importante corrigir desequilíbrios metabólicos, como a hipercalcemia, para reduzir complicações intraoperatórias. Após o procedimento, estratégias como reabilitação precoce, suporte nutricional e o uso de terapias adjuntas para prevenir novas fraturas devem ser avaliadas. Terapias como o denosumabe podem ser particularmente úteis, desde que levem em conta as condições clínicas específicas do paciente.

Portanto, a redução de efeitos adversos exige uma abordagem integrada e individualizada, envolvendo o monitoramento contínuo e a personalização das terapias para atender às necessidades de uma população vulnerável. Estudos como os de Edwards et al. (2010), Steiner et al. (2009) e Wallace et al. (1990) reforçam a relevância de estratégias que combinem a segurança terapêutica com a eficácia no manejo da osteoporose em idosos com múltiplas comorbidades. Essas intervenções são essenciais para minimizar riscos e melhorar os desfechos clínicos, garantindo uma qualidade de vida mais elevada para esses pacientes.

6. PERSPECTIVAS FUTURAS E LACUNAS NO CONHECIMENTO

Embora avanços significativos tenham sido feitos no tratamento do câncer de pâncreas, desafios importantes permanecem, especialmente em termos de acessibilidade, eficácia e previsibilidade dos tratamentos. Esta seção aborda as lacunas existentes no conhecimento e explora as perspectivas futuras para superar essas limitações e melhorar os desfechos clínicos.

A adoção de novas tecnologias e abordagens terapêuticas, como cirurgia robótica, biomarcadores intraoperatórios e terapias-alvo, é limitada por barreiras econômicas e estruturais. Muitos centros cirúrgicos, particularmente em países de baixa e média renda, não dispõem de recursos financeiros e expertise técnica necessários para implementar essas inovações. Além disso, a alta curva de aprendizado associada a técnicas como a cirurgia robótica limita sua disseminação em larga escala.

Denbo e Fleming (2016) destacaram os desafios específicos no manejo de pacientes com tumores pancreáticos borderline ressecáveis. Estes casos exigem intervenções altamente especializadas, como ressecções com reconstrução vascular, que nem sempre estão disponíveis fora de centros de referência. Essas limitações apontam para a necessidade de estratégias para democratizar o acesso às inovações cirúrgicas, incluindo programas de treinamento e financiamento para instituições menores.

Embora muitos avanços tenham mostrado resultados promissores, a maioria deles ainda carece de validação robusta por meio de estudos randomizados e análises de longo prazo. A eficácia de terapias adjuvantes e neoadjuvantes, por exemplo, varia amplamente dependendo do perfil do paciente e das características tumorais, mas dados conclusivos que orientem práticas padronizadas são escassos.

Nsingwane et al. (2020) destacaram o potencial das imunoterapias no manejo do adenocarcinoma ductal pancreático, mas também ressaltaram que essas abordagens estão em estágios iniciais de desenvolvimento, com muitas delas ainda restritas a ensaios clínicos iniciais. A falta de estudos randomizados multicêntricos limita a capacidade de incorporar essas terapias de maneira sistemática à prática clínica.

As terapias genéticas e imunológicas representam um campo promissor no manejo do câncer de pâncreas. Estratégias como o uso de inibidores de pontos de controle imunológico, vacinas terapêuticas e terapias gênicas personalizadas estão sendo estudadas como formas de complementar a cirurgia e a quimioterapia.

Nsingwane et al. (2020) discutem que, embora a imunoterapia tenha revolucionado o tratamento de outros tipos de câncer, sua eficácia no adenocarcinoma ductal pancreático tem sido limitada devido à natureza imunossupressora do microambiente tumoral. Direções futuras incluem o desenvolvimento de estratégias para modificar esse microambiente, aumentando a eficácia das terapias imunológicas.

Além disso, o uso de ferramentas como edição genética baseada em CRISPR oferece a possibilidade de abordar mutações específicas associadas ao câncer pancreático, embora isso ainda esteja em estágios iniciais de pesquisa. Esses avanços podem levar a uma abordagem mais personalizada e eficaz no manejo da doença.

Estudos populacionais desempenham um papel crucial na identificação de fatores de risco e tendências epidemiológicas, orientando estratégias de prevenção e diagnóstico precoce. A revisão de Hu et al. (2021) enfatizou a importância de investigar tendências demográficas e ambientais associadas ao aumento da incidência de câncer de pâncreas. Intervenções preventivas, como programas para cessação do tabagismo e redução da obesidade, podem desempenhar um papel importante na redução da carga da doença.

Além disso, a necessidade de desenvolver melhores métodos de rastreamento para populações de alto risco é uma área prioritária. A integração de biomarcadores moleculares com técnicas de imagem avançadas tem o potencial de melhorar significativamente o diagnóstico precoce, possibilitando tratamentos mais eficazes e menos invasivos.

Embora avanços importantes tenham sido feitos, o manejo do câncer de pâncreas ainda enfrenta limitações significativas, incluindo barreiras à implementação de inovações, falta de validação robusta de novas terapias e a necessidade de abordagens mais eficazes para casos avançados. Estudos como os de Denbo e Fleming (2016), Nsingwane et al. (2020) e Hu et al. (2021) apontam para direções futuras promissoras, como o desenvolvimento de terapias genéticas e imunológicas e a ampliação do conhecimento epidemiológico.

Superar essas barreiras exigirá um esforço colaborativo envolvendo pesquisa translacional, ensaios clínicos multicêntricos e iniciativas para democratizar o acesso às tecnologias avançadas. As perspectivas futuras incluem a integração de abordagens personalizadas com inovações tecnológicas, oferecendo esperança de avanços mais significativos no prognóstico e na qualidade de vida dos pacientes.

7 CONCLUSÃO

O manejo da osteoporose em idosos com múltiplas comorbidades representa um desafio multifacetado, que exige uma abordagem integrada e personalizada para minimizar os impactos da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Este trabalho destacou a complexidade dessa condição, abordando os principais fatores de risco, estratégias preventivas e terapêuticas, bem como as perspectivas futuras para o tratamento da osteoporose em populações vulneráveis.

Os desafios discutidos, como o impacto da polifarmácia, os efeitos adversos das terapias e as limitações das opções atuais de tratamento, enfatizam a necessidade de estratégias mais eficazes e seguras. Estudos como os de Tavares e Anjos (1999) e Najas e Pereira (2002) reforçam a importância de intervenções voltadas para a nutrição e saúde óssea, elementos fundamentais para a prevenção e o manejo da osteoporose. Além disso, a análise de Ramos et al. (1987) sobre o envelhecimento e as transformações sociais no Brasil destaca a necessidade de estratégias direcionadas ao cuidado do idoso, considerando suas particularidades demográficas e clínicas.

A abordagem multidisciplinar emergiu como um elemento central para o manejo da osteoporose, integrando especialistas de diferentes áreas para abordar as necessidades complexas desses pacientes. A personalização do tratamento, baseada no perfil clínico individual, incluindo comorbidades e preferências do paciente, é essencial para maximizar a eficácia e minimizar os riscos associados às intervenções terapêuticas.

Ao mesmo tempo, o futuro do manejo da osteoporose depende de avanços terapêuticos e tecnológicos. Investimentos em terapias inovadoras, como moduladores da via Wnt e intervenções baseadas em células-tronco, representam uma fronteira promissora para transformar os desfechos clínicos. Além disso, estratégias para melhorar a adesão ao tratamento, como a integração de ferramentas digitais e programas educacionais, são cruciais para garantir o sucesso das intervenções em longo prazo.

Em síntese, a osteoporose em idosos com comorbidades é uma condição que requer atenção contínua e soluções inovadoras. Trabalhos como os de Tavares e Anjos (1999), Najas e Pereira (2002) e Ramos et al. (1987) fornecem uma base sólida para abordar os desafios atuais, enquanto reforçam a necessidade de preencher as lacunas no conhecimento e priorizar o desenvolvimento de estratégias integradas e eficazes. O avanço nesse campo depende do compromisso com a pesquisa científica e da implementação de práticas baseadas em evidências, voltadas para melhorar a saúde e a qualidade de vida da população idosa.

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1 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
2 Graduanda em Medicina pela UNIPÊ – Centro Universitário de João Pessoa
3 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
4 Graduando em Medicina pela Unilago
5
Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
6 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
7 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
8 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
9 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
10 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
11 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil
12 Graduanda em Medicina pela Unilago
13 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
14 Graduando em medicina pela Universidade Sudamericana – Paraguay