REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411071524
Marlon Duarte Lopes de Souza1
Eduardo Vargas Fabbri Ferreira3
Orientador (a): Msc. Cristiano Guilherme Alves de Oliveira.
Resumo:
A ansiedade é uma resposta emocional complexa, caracterizada por um estado de alerta e preocupação diante de situações percebidas como ameaçadoras ou incertas. Este estudo teve como objetivo avaliar, por meio de um relato de caso, o potencial da suplementação de triptofano e seus cofatores como uma alternativa terapêutica no tratamento da ansiedade. A avaliação foi baseada em diagnóstico médico e na aplicação de questionários validados, como o BAI (Beck Anxiety Inventory) e o DASS-21 (Depression, Anxiety and Stress Scale). Com a suplementação de 1,2 grama de Triptofano, 16 mg de Vitamina B3, 1,3 mg de Vitamina B6, 2,4 mcg de Vitamina B12, 240 mcg de vitamina B9, 500 mg de L-Treonato de Magnésio, 800 mg de Cálcio quelado e 600 mg de Vitamina C por dia, divididos em três doses sendo administrado de 8 em 8 horas. A pesquisa utilizou os resultados dos questionários para mensurar a eficácia da suplementação ao longo de trinta dias, por meio de um estudo de caso exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. Conclui-se que se demostra inconclusivo, uma vez que ocorreu redução da ansiedade para as quais foram respondidas leves, porém não apresentando alteração para as perguntas a qual foram respondidas moderadas a graves em relação ao questionário BAI.
Palavras-chave: Ansiedade; Triptofano; Nutracêutico.
Abstract: Anxiety is a complex emotional response, characterized by a state of alertness and worry in the face of situations perceived as threatening or uncertain. This study aimed to evaluate, through a case report, the potential of tryptophan supplementation and its cofactors as a therapeutic alternative in the treatment of anxiety. The evaluation was based on medical diagnosis and the application of validated questionnaires, such as the BAI (Beck Anxiety Inventory) and the DASS-21 (Depression, Anxiety, and Stress Scale). The supplementation consisted of 1.2 grams of tryptophan, 16 mg of vitamin B3, 1.3 mg of vitamin B6, 2.4 mcg of vitamin B12, 240 mcg of vitamin B9, 500 mg of magnesium L-threonate, 800 mg of chelated calcium, and 600 mg of vitamin C per day, divided into three doses administered every 8 hours. The research used the results from the questionnaires to measure the efficacy of the supplementation over thirty days, through an exploratory and descriptive case study with a qualitative approach. It was concluded that the results were inconclusive, as there was a reduction in anxiety for questions rated as mild, but no change was observed for questions rated as moderate to severe on the BAI questionnaire.
Keywords: Anxiety; Tryptophan; Nutraceutical.
1 INTRODUÇÃO
Os transtornos de saúde mental afetam cerca de 30% das pessoas ao longo da vida e foram a sétima principal causa de disability-adjusted life-years (DALYs), representando 125 milhões de DALYs em 2019. Entre esses transtornos, a depressão e a ansiedade são especialmente preocupantes, pois foram, respectivamente, os maiores e os segundos maiores contribuintes para DALYs naquele ano. Além disso, a depressão e a ansiedade aumentam os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, fragilidade e mortalidade por todas as causas (Lu et al., 2024).
A ansiedade pode ser caracterizada por sentimentos excessivos e prolongados, sendo um distúrbio psiquiátrico cuja incidência tem aumentado com a urbanização e as mudanças no estilo de vida, afetando negativamente a saúde e a vida das pessoas de maneira ampla (Ng; Abbott, 2016).
Ainda que os sintomas sejam influenciados por fatores como gênero e condições sociais, é crucial implementar medidas preventivas na adolescência e na vida adulta para assegurar a saúde emocional e prevenir doenças psíquicas (Moura et al., 2020).
Observa-se que a ansiedade é uma das principais causadoras de diversos sintomas psicossomáticos, como medo, preocupação e estresse, que impactam diretamente o organismo (Moura et al., 2020).
Ao lidar com o transtorno de ansiedade, as principais abordagens terapêuticas incluem o uso de medicamentos ansiolíticos e/ou terapia cognitivo-comportamental (TCC). A escolha do tratamento é altamente individualizada e envolve uma decisão conjunta entre o paciente e o profissional de saúde. Enquanto alguns pacientes preferem iniciar com TCC devido a preocupações sobre os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, outros podem optar pelos medicamentos pela praticidade ou pela falta de disponibilidade para se comprometer com o tempo necessário para a terapia (Weissman et al., 2006).
A regulação neuroquímica tem o potencial de alterar a atividade neural, influenciando a excitabilidade dos neurônios e a plasticidade, o que pode, por consequência, impactar os comportamentos (Salvan et al., 2022).
Embora existam várias opções de medicamentos disponíveis para tratar a ansiedade e a depressão, como Inibidores Da Monoamina Oxidase (IMAOs), Inibidores Seletivos Da Recaptação De Serotonina (ISRS), Inibidores Da Recaptação De Serotonina-Norepinefrina (IRSN), além de antidepressivos atípicos e tricíclicos, todos apresentam limitações significativas, incluindo efeitos colaterais intensos e preocupações de segurança (Moraros et al., 2016).
Entre os compostos derivados do triptofano produzidos no corpo humano está o neurotransmissor serotonina, ou 5-hidroxitriptamina (5-HT), uma amina biogênica conhecida por regular, no sistema nervoso central humano, as principais reações adaptativas e respostas a mudanças ambientais, como ansiedade, humor, cognição, impulsividade, agressividade, libido, comportamento alimentar e temperatura corporal (Palego et al., 2016).
O objetivo deste estudo é avaliar a eficácia da suplementação de triptofano, juntamente com seus cofatores, no manejo da ansiedade em indivíduo com idade entre 17 e 40 anos, sem o uso concomitante de ansiolíticos ou outras intervenções farmacológicas que interfiram no sistema serotoninérgico, ao longo de um período de trinta dias. Além disso, busca-se investigar os possíveis efeitos adversos decorrentes dessa suplementação, com vistas a propor uma abordagem alternativa para o tratamento da ansiedade, que possa ser particularmente útil em contextos de alto estresse.
Esta pesquisa visa responder à seguinte pergunta: até que ponto a suplementação de triptofano é capaz de reduzir os níveis de ansiedade em indivíduos ansiosos? Para alcançar esse objetivo, serão utilizados questionários Beck Anxiety Inventory (BAI) e Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS-21), relatos dos participantes e documentação técnica dos profissionais envolvidos. Além disso, será avaliada a correlação entre a síntese de serotonina e a melhora na qualidade de vida dos participantes, bem como os efeitos adversos presentes durante o período de pesquisa. Os resultados serão analisados estatisticamente para determinar a eficácia da suplementação de triptofano e contribuir para a proposição de estratégias mais eficazes no tratamento da ansiedade.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Fisiologia da Ansiedade
Níveis baixos de serotonina no cérebro são um dos fatores que explicam a ansiedade e a instabilidade de humor, uma vez que esse neurotransmissor desempenha um papel fundamental na regulação do estado de ânimo e da ansiedade. Por essa razão, o 5-hidroxitriptofano, um metabólito intermediário do triptofano que atravessa a barreira hematoencefálica, é comumente utilizado como suplemento no tratamento da depressão e de outros transtornos de humor, devido à sua capacidade de restaurar os níveis de serotonina (Perez-Castro et al., 2021).
O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é marcado por uma preocupação constante e de difícil controle, além de sintomas relacionados à excitação fisiológica (Franklin et al., 2021).
Segundo Chen et al. (2024), no sistema nervoso central (SNC), os neurônios que utilizam serotonina estão predominantemente localizados em duas áreas do cérebro: o Núcleo Dorsal da Rafe (DRN) e o Núcleo Medial da Rafe (MRN). Esses neurônios desempenham um papel crucial em diversos processos biológicos, como os ciclos de sono e vigília, o controle do apetite, o humor, a memória e a resposta ao vômito. O sistema serotoninérgico é composto por 14 subtipos de receptores, sendo que a maioria deles são Receptores Acoplados à Proteína G (GPCRs), enquanto um deles atua como um canal iônico ativado por ligante.
Os transtornos de ansiedade são um problema de saúde mental comum e variado, afetando milhões de pessoas (Javaid et al., 2023). Atualmente, o diagnóstico dos transtornos de ansiedade é feito principalmente por meio de testes psicométricos, como questionários e entrevistas, em vez de métodos objetivos e quantitativos (Ruscio et al., 2017).
Além disso, devido às limitações das estratégias de tratamento disponíveis para os transtornos de ansiedade, é crucial identificar novos alvos farmacológicos para o desenvolvimento de medicamentos ansiolíticos. O tratamento desses transtornos geralmente envolve uma combinação de terapia psicológica e farmacológica (Craske et al., 2016).
Os transtornos de ansiedade, como grupo, são as condições de saúde mental mais comuns. Em 2013, aproximadamente uma em cada nove pessoas no mundo apresentou algum transtorno de ansiedade ao longo daquele ano. Pessoas com transtornos de ansiedade costumam sentir medo, ansiedade ou evitar, de forma exagerada, ameaças percebidas no ambiente (como situações sociais ou lugares desconhecidos) ou dentro de si mesmas (como sensações corporais incomuns). Essa resposta é desproporcional ao risco ou perigo real existente. O medo surge diante de uma ameaça percebida como iminente, enquanto a ansiedade reflete a antecipação de possíveis ameaças futuras (Craske et al., 2016).
Segundo Penninx et al. (2021), A terapia psicológica sem resposta, curso de doença crônica ou condições complexas e comorbidades de depressão podem priorizar o uso de medicamentos. É preciso ressaltar que, embora os medicamentos atualmente disponíveis para tratar a ansiedade sejam eficazes no controle dos sintomas, eles também possuem algumas limitações, como altos índices de efeitos adversos.
2.2 Tratamento Farmacológico com Triptofano
O funcionamento e a estrutura do cérebro estão intimamente ligados ao fornecimento de energia, aminoácidos, gorduras, vitaminas, minerais e oligoelementos presentes na alimentação. Sistemas como o imunológico, o inflamatório, o de defesa antioxidante, além da microbiota intestinal e dos fatores neurotróficos, que influenciam o risco de distúrbios relacionados ao estresse, dependem da atuação de nutrientes e fitoquímicos como cofatores. Adicionalmente, há dois principais tipos de neurotransmissores que impactam o humor: a serotonina, que regula principalmente o estado de ânimo, e a epinefrina, que influencia a motivação (Zhou et al., 2024).
O Triptofano (TRP), um aminoácido essencial, desempenha um papel crucial como precursor na produção de serotonina. A síntese de serotonina a partir do triptofano ocorre em duas etapas, sendo que a taxa de produção de serotonina está diretamente relacionada às concentrações de triptofano no cérebro (Fernstrom, 2013).
Pesquisas anteriores indicam que a 5-HT pode ser sintetizada a partir de L-Triptofano (L-Trp) no sistema nervoso de humanos e animais por meio de duas etapas enzimáticas. Nesse processo, o L-Trp é primeiro hidroxilado em 5-HTP pela triptofano hidroxilase dependente de pterina, Triptofano Hidroxilase (TPH) e, em seguida, convertido em 5-HT pela triptofano descarboxilase (TDC), uma das enzimas que atuam como descarboxilase de aminoácidos aromáticos (Wang et al., 2022).
Para que o caminho bioquímico do TRP para 5-HT ocorra, é necessário que certos cofatores estejam disponíveis, incluindo as vitaminas B3, B6, B12 e B9, além dos minerais magnésio e cálcio, que são essenciais para aumentar os níveis de 5-HT. A vitamina C também é importante, pois é necessária para a conversão do TRP em serotonina no sistema nervoso central, ao mesmo tempo em que inibe a conversão do TRP no trato gastrointestinal (Zanello; Marangon, 2012).
Portanto, considerando a importância do triptofano na síntese de serotonina, como foi explicado anteriormente, é possível argumentar que a formulação contendo triptofano e seus cofatores pode ser uma estratégia eficaz para reduzir os níveis de ansiedade, pois, tal neurotransmissor é essencial para o equilíbrio emocional e a redução de sintomas de ansiedade.
2.3 Tratamento não Farmacológico
Ao lidar com o transtorno de ansiedade, as principais abordagens terapêuticas incluem o uso de medicamentos ansiolíticos e a terapia cognitivo-comportamental (TCC). A escolha do tratamento é altamente individualizada e envolve uma decisão conjunta entre o paciente e o profissional de saúde. Enquanto alguns pacientes preferem iniciar com a TCC devido a preocupações quanto aos possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, outros podem optar pelos medicamentos pela praticidade ou pela falta de disponibilidade para se comprometer com o tempo necessário para a terapia (Weissman et al., 2006).
Embora existam várias opções de medicamentos disponíveis para tratar a ansiedade e a depressão, como Inibidores da Monoamina Oxidase (IMAOs), Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), Inibidores da Recaptação de Serotonina-Norepinefrina (IRSN), além de antidepressivos atípicos e tricíclicos, todos apresentam limitações significativas, incluindo efeitos colaterais intensos e preocupações de segurança (Moraros et al., 2017).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A natureza da presente pesquisa consiste em um estudo de caso exploratório descritivo, com abordagem qualitativa. Esse tipo de estudo permite uma compreensão mais profunda de como a suplementação de triptofano (Trp) afetaria os níveis de ansiedade, pois pesquisas sugerem que a via da serotonina pode atuar de forma sinérgica, oposta ou complementar em relação às vias da Quinurenina e do Indol, uma vez que a serotonina regula o humor no sistema nervoso central (Nunzi et al., 2024). Neste estudo, a escolha da abordagem qualitativa se deve à necessidade de entender as experiências e percepções das pessoas com ansiedade de forma mais aprofundada. O objetivo é avaliar a eficácia da suplementação de aminoácidos e vitaminas no tratamento da ansiedade, a partir de relatos de caso individuais.
Para melhor exploração desta pesquisa, observou-se que ela é classificada como pesquisa exploratória, devido ao uso de fontes bibliográficas e adaptação dos questionários como a Escala BAI, produzida pelo Dr. Aaron Beck, 1990 e a adaptação para o português do DASS-21 de Lovibond, 1995, da Faculdade Federal do Ceará (UFC) para mensurar os níveis de ansiedade.
Para um diagnóstico preciso de transtornos de saúde mental, é essencial dispor de um instrumento de triagem que seja confiável e validado. A Depression Anxiety & Stress Scales (DASS), desenvolvida por Lovibond em 1995, é amplamente empregada com esse propósito (Chen et al., 2023).
O recrutamento do paciente teve como faixa etária de 17 a 40 anos, tendo como critérios de exclusão pacientes que utilizem ansiolíticos, Inibidores de Recaptação de Serotonina, IMAOs e outros medicamentos que bloqueiem a recaptação de serotonina e, desta forma, aumentem sua concentração, além daqueles que utilizem suplementos alimentares e anabolizantes. Gestantes e lactantes também foram excluídos. A escolha ocorreu mediante o consentimento dos profissionais envolvidos e de forma voluntária pelo indivíduo, nos quais foi realizada a anamnese farmacêutica e médica. O médico realizou o diagnóstico de ansiedade e, a aplicação dos questionários anteriormente descritos.
O presente trabalho foi dividido em quatro etapas, sendo elas:
Primeira fase: Compreendeu o recrutamento dos pacientes, que seguiu os critérios anteriormente descritos.
Segunda fase: Consistiu na solicitação de exames laboratoriais, como Hemograma completo, Dosagem de Ácido Fólico, T3 livre, T4 livre, TSH ultra-sensível, Ferro sérico, Ferritina sérica, 25-Hidroxivitamina D, Vitamina B12 e Vitamina B6.
Terceira fase: Consistiu na prescrição de 1,2 gramas de L-triptofano, 16 mg de vitamina B3, 1,3 mg de vitamina B6, 2,4 mcg de vitamina B12, 240 mcg de vitamina B9, 500 mg de L-treonato de magnésio, 800 mg de cálcio quelado e 600 mg de vitamina C por dia, divididos em três doses, administradas trinta minutos antes das principais refeições, compreendidas como café da manhã, almoço e jantar.
Quarta fase: Finalizou a pesquisa com a repetição dos questionários e com os relatos dos pacientes sobre os efeitos adversos ocorridos.
Por fim foi realizado a tabulação dos dados obtidos, juntamente com os valores numéricos apresentados pelos questionários, os quais foram tratados e estes valores apresentado em porcentagem simples e gráficos apresentando a eficácia do tratamento.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO DO RELATO DE CASO
A pesquisa foi conduzida por meio de uma avaliação clínica detalhada, baseada nos sintomas relatados pela paciente, que começaram a se manifestar há aproximadamente 18 meses, com curso progressivo. Inicialmente, o quadro foi classificado como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), de acordo com o CID-10: F41.1. A avaliação diagnóstica foi embasada na análise criteriosa dos sinais e sintomas, considerando o histórico clínico da paciente e os parâmetros estabelecidos pelas diretrizes psiquiátricas atuais. A paciente, de 17 anos, não possui histórico de comorbidades nem faz uso de medicamentos contínuos.
Entre os sintomas relatados, destacam-se: irritabilidade, fadiga, tensão muscular, alterações no sono (caracterizadas por sono não reparador), além de cansaço físico e mental constante ao longo do dia. A paciente também mencionou dificuldade para se concentrar, problemas de memória, falta de foco, incapacidade de relaxar, apreensão constante e dificuldade em esquecer os problemas. Relatou ainda pensamentos repetitivos negativos, como a percepção de impotência acadêmica e intelectual, os quais, segundo ela, agravam os sintomas e prejudicam seu desempenho nos estudos.
Adicionalmente, foi aplicado o DASS-21 para uma avaliação mais aprofundada da dimensão ansiosa e para obter uma compreensão mais abrangente do nível de transtorno apresentado. O questionário BAI também foi utilizado. Embora o DASS-21 não seja uma ferramenta de uso rotineiro recomendada pela literatura, sua aplicação foi útil como instrumento complementar para o monitoramento do sofrimento psíquico da paciente, fornecendo dados valiosos para o acompanhamento longitudinal do quadro clínico.
O DASS-21, composto por 21 questões com quatro possíveis respostas para cada item, após a tabulação dos dados obtidos indicou uma classificação preliminar de ansiedade severa, acompanhada por um elevado grau de estresse. Apresentando os seguintes dados, presente no quadro (1):
Quadro 1 – DASS-21 inicial
SUBESCALA | PERGUNTA | PONTUAÇÃO |
Depressão | 3 | 3 |
5 | 2 | |
10 | 2 | |
13 | 2 | |
16 | 3 | |
17 | 1 | |
21 | 1 | |
Pontuação final | 28 | |
Ansiedade | 2 | 1 |
4 | 3 | |
7 | 0 | |
9 | 3 | |
15 | 2 | |
19 | 3 | |
20 | 3 | |
Pontuação final | 15 | |
Estresse | 1 | 2 |
6 | 3 | |
8 | 3 | |
11 | 3 | |
12 | 3 | |
14 | 2 | |
18 | 3 | |
Pontuação final | 19 |
Fonte: Adaptado do criador, 2024.
Apresentando um resultado de ansiedade classificado como severo, uma vez que o teste especifica que a faixa do resultado somatório se encontre entre 15 a 19. Nesse caso, apresentou alto nível de stress sendo classificado como moderado que parte do somatório no intervalo de 19 a 25.
Após os trinta dias repetiu se o questionário e obteve os seguintes dados, descritos no quadro (2):
Quadro 2 – DASS-21 Final
SUBESCALA | PERGUNTA | PONTUAÇÃO |
Depressão | 3 | 2 |
5 | 2 | |
10 | 2 | |
13 | 2 | |
16 | 2 | |
17 | 2 | |
21 | 1 | |
Pontuação final | 26 | |
Ansiedade | 2 | 1 |
4 | 3 | |
7 | 0 | |
9 | 3 | |
15 | 2 | |
19 | 3 | |
20 | 3 | |
Pontuação final | 15 | |
Estresse | 1 | 3 |
6 | 3 | |
8 | 3 | |
11 | 3 | |
12 | 3 | |
14 | 3 | |
18 | 3 | |
Pontuação final | 21 |
Fonte: Adaptado do criador, 2024.
Obtendo o resultado de ansiedade severo. E apresentou nível de stress sendo moderado, já que, está dentro do intervalo de 19 a 25.
Enquanto o BAI apresentou os seguintes dados, apresentados no quadro (3):
Quadro 3 – BAI início do estudo
Resposta | Vezes que foram respondidas |
A. Absolutamente não | 3 |
B. Levemente (Não me incomodou muito) | 4 |
C. Moderadamente (Foi muito desagradável, mas pude suportar) | 5 |
D. Gravemente (Dificilmente pude suportar) | 9 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
E ao final do estudo apresentou os seguintes valores, no quadro (4):
Quadro 4 – BAI final do estudo
Resposta | Vezes que foram Respondidas |
A. Absolutamente não | 5 |
B. Levemente (Não me incomodou muito) | 2 |
C. Moderadamente (Foi muito desagradável, mas pude suportar) | 5 |
D. Gravemente (Dificilmente pude suportar) | 9 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2024.
Posteriormente utilizando o software Excel os dados obtidos foram transformados em dados de porcentagem simples para os questionários BAI, uma vez que, o questionário DASS-21 não apresentou valores diferente entre sua execução não realizou gráficos. Posteriormente, foram elaborados gráficos para o questionário BAI que são, gráfico (1) e gráfico 2:
Gráfico 1 – Porcentagem do início do estudo
Fonte: Dados da Pesquisa, 2024.
Gráfico 2 – Porcentagem do final do estudo
Fonte: Dados da Pesquisa, 2024.
Com base nos dados obtidos, pode-se observar que o triptofano apresentou maior eficácia no tratamento de ansiedade leve, com uma redução de 9% em comparação ao resultado anterior no questionário BAI. No entanto, não foi observado efeito significativo para os níveis de ansiedade moderada e grave. Além disso, o questionário DASS-21 indicou que não teve alternância dos valores obtidos da sua primeira realização ao do final do estudo.
Dessa forma, o estudo se torna inconclusivo, já que resultados semelhantes foram encontrados no estudo Tryptophan and melatonin as treatments, que relatou que a ingestão de 1000 mg de TRP no café da manhã, em um único dia, não teve impacto na secreção noturna de melatonina, apesar de o TRP ser um precursor dessa substância (Nagashima et al., 2017).
Portanto, apesar de haver evidências de eficácia em casos de ansiedade leve demostrado pelo questionário BAI, não foi constatada melhora significativa nos níveis de ansiedade moderada e grave avaliados pelo questionário DASS-21. O paciente também relatou episódios de náusea e cefaleia durante o tratamento, sem relatar outros efeitos adversos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo contribuiu para o conhecimento sobre a eficácia da suplementação de triptofano no tratamento da ansiedade, ao revelar também os efeitos adversos experimentados pelo indivíduo ao longo de 30 dias de acompanhamento. Além disso, esses resultados têm importantes implicações para a saúde pública, sugerindo que a suplementação de triptofano pode ser uma alternativa eficaz para o tratamento da ansiedade leve, reduzindo o risco de efeitos adversos associados a outros tratamentos.
Após a suplementação, pode se observar que a análise dos resultados obtidos que não houve alterações significativas nas respostas do tratamento da ansiedade, mesmo que no questionário BAI tenha apresentado uma leve melhora. Não sendo evidenciado no questionário DASS-21.
Dada a importância do tema, é necessário o desenvolvimento de alternativas terapêuticas para garantir um tratamento de maior qualidade e individualizado, que atenda às diferentes necessidades dos pacientes e, assim, contribua para a redução do número de indivíduos com essa enfermidade. Nesse sentido, a suplementação de TRP, em conjunto com seus cofatores, precisa ser mais estudada para que se determine sua efetividade. No entanto, conforme demonstrado neste estudo, pode ser estudada para o tratamento de ansiedade leve.
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ZHOU, Jia et al. Association between 29 food groups of diet quality questionnaire and perceived stress in Chinese adults: a prospective study from China health and nutrition survey. Springer Medizin, 2024. Disponível em: https://www.springermedizin.de/association-between-29-food-groups-of-diet-quality-questionnaire/27326418. Acesso em: 08 ago. 2024.
Anexo
Apêndice
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Caro Participante:
Gostaríamos de convidá-lo a participar como voluntário da pesquisa intitulada Uso de Triptofano para o tratamento da ansiedade que se refere a um projeto de Graduação do(a) participante(s) Marlon Duarte Lopes de Souza do(a) Universidade Iguaçu (UNIG), Campus V, o qual pertence ao Curso de Farmácia.
O(s) objetivo(s) deste estudo é (são) a suplementação de Triptofano e seus cofatores para a redução da ansiedade.
Sua forma de participação consiste em avaliação médica, para a confirmação do diagnóstico de ansiedade, posteriormente realização de exames laboratoriais e por fim a suplementação com o Triptofano e seus cofatores.
Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa o que garante seu anonimato e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.
Não será cobrado nada e não haverá gastos. Os riscos envolvidos com a sua participação neste estudo são: (A resposta a questionários sendo esses o BAI e DASS-21, realização de exames laboratoriais e suplementação através de capsulas orais.
Não estão previstos ressarcimentos ou indenizações. São esperados os seguintes benefícios imediatos na sua participação: Redução da Ansiedade. Os resultados contribuirão para uma nova abordagem para o transtorno de ansiedade.
Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação se assim o preferir, sem penalização ou prejuízo alguma ao seu cuidado.
Desde já agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à disposição para maiores informações.
Você ficará com uma cópia deste Termo e em caso de dúvida(s) e outras esclarecimentos sobre esta pesquisa você poderá entrar em contato com o pesquisador principal Cristiano Guilherme Alves de Oliveira. Telefone (22) 99259-5294
Dúvidas a respeito da ética aplicada a esta pesquisa poderá ser questionado ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIG, Campus V – Itaperuna. BR-356 / KM 02, Itaperuna – RJ – Brasil CEP: 28300-000 Tel: (022) 3823-4000.
Eu Gianna Maria Grillo portadora da carteira de identidade número confirmo que Cristiano Guilherme Alves de Oliveira e Marlon Duarte Lopes de Souza explicou-me os objetivos desta pesquisa, bem como, a forma de participação. As alternativas para minha participação também foram discutidas. Eu li e compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta pesquisa.
Itaperuna, 06 de agosto de 2024.
Gianna Maria Grillo
Assinatura do Participante ou responsável legal
Eu, Marlon Duarte Lopes de Souza, obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido do participante da pesquisa ou representante legal para a participação na pesquisa.
Marlon Duarte Lopes de Souza
Assinatura do membro da equipe que apresenta o TCLE
Cristiano Guilherme Alves de Oliveira
assinatura do pesquisador responsável
1 – Graduando do Curso de Farmácia da Universidade Iguaçu campus V em Itaperuna/RJ. E-mail: marlonduarte10@gmail.com.
2 – Mestre em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional. Área de Concentração: Fármacos, Cosméticos, Medicamentos e Assistência Farmacêutica, UCAM. Professor de Farmacologia e Toxicologia da Universidade Iguaçu campus V em Itaperuna/RJ. E-mail: cristiano.farma@hotmail.com – Orientador.