O USO DA TERMOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME FIBROMIÁLGICA

THE USE OF THERMOGRAPHY IN THE DIAGNOSIS OF FIBROMYALGIC SYNDROME

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202412071255


Beatriz Silva Messias¹
Fabiano Carvalho de Sousa Silva²
Matheus Lima de Miranda³
Jader Rodrigues Figueiredo da Silva⁴


Resumo

A fibromialgia é uma doença reumática complexa, caracterizada por dor difusa, fadiga, insônia e pode ser associada a problemas emocionais como depressão e ansiedade. É uma patologia que não há um método validado para um diagnóstico preciso. A termografia possibilita a identificação dos pontos de alta sensibilidade com reação dolorosa através de câmeras especiais acopladas a vários termômetros. O objetivo deste estudo é caracterizar o uso da termografia como recurso auxiliar diagnóstico da FM. Trata-se de uma revisão bibliográfica, foram usadas as bases de dados (Scielo, Google acadêmico, Pubmed, Portal BVsalud, e BDTD). Incluindo pesquisas entre o período de 2014 a 2024 e que não fossem uma revisão de literatura. Resultados identificam que a termografia tem alta especificidade para identificar pontos quentes, mas não tem alta sensibilidade para identificar dores crônicas, assim não foi possível verificar a presença de dor, mas sim alterações vasomotoras em todas as áreas de projeção dolorosa, identificadas na palpação. Conclui-se que a termografia tem viabilidade para complementar e acompanhar o tratamento de um paciente com fibromialgia associados a outras condições e achados clínicos, porém não deve ser usada de forma isolada.

Palavras-chave: Termografia. Diagnóstico. Fibromialgia

Abstract

Fibromyalgia is a complex rheumatic disease characterized by diffuse pain, fatigue, insomnia and can be associated with emotional problems such as depression and anxiety. There is no validated method for accurate diagnosis. Thermography makes it possible to identify points of high sensitivity with a painful reaction using special cameras coupled to various thermometers. The aim of this study was to characterize the use of thermography as a diagnostic aid for FM. This is a bibliographic review, using databases (Scielo, Google Scholar, Pubmed, Portal BVsalud, and BDTD). It included research from 2014 to 2024 that was not a literature review. The results show that thermography has high specificity for identifying hot spots, but does not have high sensitivity for identifying chronic pain, so it was not possible to verify the presence of pain, but rather vasomotor changes in all areas of painful projection, identified on palpation. We conclude that thermography is viable for complementing and monitoring the treatment of a patient with fibromyalgia associated with other conditions and clinical findings, but it should not be used in isolation.

Keywords: Thermography. Diagnosis. Fibromyalgia

1 INTRODUÇÃO

Segundo Couto et al (2020), a fibromialgia é uma síndrome reumatológica crônica, cuja origem é desconhecida, e que afeta principalmente mulheres na faixa etária de 40 a 60 anos. Essa condição é marcada por dores generalizadas com exacerbação em quadros de instabilidade emocional, fadiga muscular, insônia e rigidez articular.

De acordo com Marques (2015, p. 02):

Em 1090, o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) estabeleceu que a fibromialgia seria classificada pela presença de dor espalhada (hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura e no esqueleto axial) e crônica (há mais de três meses), associada à sensibilidade dolorosa aumentada a palpação digital (pressão de aproximadamente 4kg), em pelo menos 11 dos 18 tender points. Naquela ocasião essa condição fornecia os melhores índices de sensibilidade (94,4), especificidade (81,1%) e acurácia (84,9) em falação a outras doenças reumatológicas. A validação desses critérios para a população brasileira, 1999, conclui que a combinação de dor espalhada e crônica e a presença de 9 ou mais tender points possíveis apresentava melhores propriedades métricas com a sensibilidade de 93,2%, especificidade de 92,1% e acurácia de 92,6%

Para Oliveira (2017) os mecanismos estressores na FM, responsáveis pela manifestação dos sintomas, são multifatoriais, apesar de sua etiologia ser ainda uma incógnita. Existem estudos que apontam fatores estressantes que podem ativar pontos dolorosos.

Segundo Pereira (2021) esses fatores que podem estar relacionados a quadros de ativação de dor são de origem ambiental, distúrbios endócrinos, e principalmente emocionais como crises de estresse, ansiedade e depressão.

De acordo com Oliveira (2017), apesar do avanço da medicina em relação aos diagnósticos de doenças reumatológicas, ainda não se tem bem definidos biomarcadores que apontam de forma clara e específica que qualificam indivíduos como portadores da síndrome fibromiálgica (SFM), contudo, afins de tratamento existem sintomas comuns a pacientes acometidos pela síndrome. Logo, Costa (2022.p. 19) “pode haver um componente periférico significativo, com redução da densidade de fibras nervosas epidérmicas, principalmente fibras sensoriais, que causariam dor, parestesia e disfunção autônoma”.

A fibromialgia para Gomes (2023), é uma patologia crônica, com sintomas aparentes em várias as partes do corpo, com evidencias em hipersensibilidade com prevalência em determinados pontos do corpo e fadiga com pequenos esforços, ainda que não haja uma cura definitiva para a fibromialgia, à meios de tratamentos que podem vir a ser de grande ajuda quando se fala na fibromialgia, nele inclui um tratamento multiprofissional, contando com a equipe medica, farmacológica, psicológica e o tratamento fisioterapêutico que vem sendo de grande auxilio para amenizar o quadro clinico em que o paciente se encontra.

Amaya et al (2018), relata que a termografia é um elemento que possibilita a identificação dos pontos de alta sensibilidade com reação dolorosa através de câmeras especiais acopladas a vários termômetros, o resultado aponta uma elevação da temperatura nas regiões, ademais, surge uma resposta em tempo mais hábil e preciso.

Segundo Telson et al (2024), a termografia  é um método não invasivo e sem contato que avalia a distribuição de temperaturas em um panorama. Essa técnica capta a radiação infravermelha emitida por corpos ou objetos e a converte em informações de temperatura, sendo uma abordagem não radioativa.

De acordo com Amaya (2018), de forma objetiva e rápida a termografia infravermelha monitora a temperatura corporal e suas variações características de cada disfunção. A termografia permite o diagnóstico de dores crônicas como a fibromialgia através de variações de temperatura anormais, além disso, acompanha a evolução de casos clínicos  e a eficácia de determinado tratamento proposto.

A presente pesquisa trata do uso da termografia no diagnóstico de doenças reumáticas e tem como objetivo geral: “Caracterizar o uso da termografia como recurso auxiliar no diagnóstico da fibromialgia”.

O interesse a pesquisar sobre o seguinte estudo surgiu após a termografia ser um tema bastante abordado no 2º Congresso de Avanços na Fisioterapia, 2022, em Teresina no estado do Piauí, devido a sua grande possibilidade de diagnóstico de algumas patologias. Assim, surgiu a ideia de buscar a possibilidade de atuação da termografia para auxilio no diagnóstico da fibromialgia.

A fibromialgia é uma doença reumática que acomete de 2% a 22% da população mundial. Com isso torna- se de grande importância realizar pesquisas e estudos para melhorar e acelerar o diagnóstico de um paciente com síndrome fibromiálgica.

O estudo desse tema reflete uma determinada importância, pois é de grande necessidade buscar métodos diagnósticos mais rápidos e precisos para um paciente que possivelmente tenha fibromialgia. Nesse caso direcionando para a termografia e investigando sua relação com os pontos de dor de um indivíduo com síndrome fibromiálgica.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

Segundo Riberto (2014), a Fibromialgia é uma doença reumatológica, autolimitante, com predominância no sexo feminino entre 30 e 65 anos de idade, caracterizada por vários pontos dolorosos pelo corpo, fadiga muscular, parestesia, dores de cabeça, mal estar geral, insônia, intestino irritado e diminuição da capacidade de realizar as atividades de vida diárias em tempos ativos de crise. A Síndrome Fibromiálgica tem causa inicialmente desconhecida, porém existem fatores estressantes que desencadeiam o período ativo da doença.

De acordo com Marques (2015, p. 07):

Esses sintomas podem modificar-se em intensidade de acordo com algumas condições moduladoras: alterações climáticas, estresse emocional, grau de atividade física piorando com exercícios vigorosos e cessação repentina da atividade física, mudança no padrão do sono ou coexistência com outras patologias. Fazem parte dos sintomas dolorosos a alodínea (dor resultante de estímulo que não seria doloroso) e disestesias (sensação desagradável sentida nas extremidades que varia desde amortecimento até agulhadas).

São centenas de doenças que recebem a caracterização de doença reumática. Nesse caso, um olhar clínico atento deve ser considerado, pois os sinais e sintomas podem ser semelhantes a um acometimento, por exemplo, traumático. No entanto, alguns fatores colhidos na anamnese possibilitam a diferenciação. Entre esses, a definição da causa, o tempo de quadro álgico, a existência de fatores estressantes, manifestação de sinais inflamatórios, e quantidade de articulações acometidas. (Imboden et al., 2014)

Os objetivos gerais do exame físico é dividido por partes e indagações feitas pelo examinador, como, detalhar de forma anatômica onde estão os problemas relatados pelo paciente, se acometeu uma ou mais articulações, se tem alguma assimetria, se é de uma complexidade maior que o esperado, se é em nível central ou periférico, se há rupturas tendinosas e ou ósseas , distinguir fraqueza muscular de atrofias e tensões, observar se o paciente se encontra em estado febril ou alterações que possam dirigir a atenção para outros órgãos (Imboden et al., 2014)

Ao se tratar de diagnóstico da Síndrome Fibromiálgica (SFM) deve ser considerado as manifestações clínicas do paciente, dor difusa, cefaleia, fadiga muscular, insônia, rigidez e a presença de fatores biopsicossociais e somáticos que influenciam no aparecimento de uma nova crise e aumento relativamente dos sintomas. Ademais, a SFM pode estar associada a outras doenças reumatológicas, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide (Costa, 2022).

Ao contrário de outras patologias de acometimento reumatológico, a fibromialgia desde a década de setenta se dispõe de estudos e pesquisa para validação de instrumento diagnóstico. Em 1977, Smythe realizou um estudo e propôs uma avaliação de 25 pontos em determinadas áreas do corpo, onde o paciente recebe o diagnóstico positivo para a síndrome com a presença 12 a 14 pontos sensíveis a pressão exercida pelo polegar do avaliador, além de hiperestesia supra escapular (Bennett, 1981).

Logo, a diretriz mais atual de 2017 recomenda o uso de critérios de 1990, com o teste de 18 pontos corporais, com sensibilidade dolorosa de pelo menos 11 pontos, além disso o novo estudo indica a complementação no diagnóstico com a diretriz de 2010, onde determina avaliação da funcionalidade, dor difusa crônica ou dor axial, e sensação de edema em extremidades. Além disso, distúrbios do sono, alteração de humor e cognição devem ser observados (Heymann., 2017).

Figura 1: Critérios de classificação da fibromialgia estabelecidos em 1990 pelo Colégio Americano de Reumatologia.

 Fonte: (Marques.,2015)

Desde tempos antigos, estudiosos gregos já se interessavam e reconheciam a temperatura corporal como um sinal do corpo humano, seja como alerta ao seu aumento durante um trauma ou o suor funcionando mecanismo resfriamento. Segundo o filosofo Hipócrates, as variações temperatura, principalmente a elevação, em um segmento do corpo simboliza um sinal de que há alguma enfermidade nesse local (Brioschi et al., 2016).

No início do século XIX o cientista alemão William Hershell, segundo Brioschi (2016, p. 7) “usando um espectroscópio, descobriu que o sol emitia raios infravermelhos. Esta descoberta e sua relação com a luz não se tornaram claras até a metade do século XIX”.

Os estudos baseados em imagens infravermelhas continuaram em evolução quando em 1950 foram utilizadas para ajudar a construir projetos que beneficiariam a defesa militar americana através de câmeras termográficas. Além disso como diz Conduto (2020, p.16) “Estes dispositivos modernos revolucionaram a ciência e rapidamente substituíram muitas das formas mais primitivas de medir temperatura, como termômetros de contato e termometria de cristal líquido.”

A termografia é um instrumento de auxílio médico indolor de fácil manuseio e resposta rápida para verificar desequilíbrios na temperatura corporal dos tecidos, segundo Côrte et al. (2016, p2):

Como efeito natural de metabolismo, o ser humano libera constantemente diferentes níveis de energia no comprimento de onda infravermelho, e esta informação pode ser expressa e medida na forma de calor visto isso, a termografia detecta a luz infravermelha emitida pelo corpo e visualiza mudanças na temperatura corporal relacionadas à alteração no fluxo sanguíneo.

De acordo com Salvador (2014), na prática clínica o exame termográfico, traz diferentes resultados além de alterações físicas, como faz o raio-X e a tomografia, assim, auxilia no diagnóstico de patologias que cursam com reações inflamatórias e com hiperativação celular. Assim, não revela alterações físicas palpáveis, mas sim uma possível resposta do próprio organismo a essas modificações.

Diversas pesquisas se voltam para o âmbito do exame termográfico, devido aos seus benefícios. Na área de saúde da mulher vem ganhando espaço, segundo Santana (2020, p.24) a termografia de mama como método de triagem pode vir a reduzir a exposição desnecessária de pacientes às radiações ionizantes e a outros exames, além de diminuir o desgaste físico e emocional da paciente os gastos dos estabelecimentos de saúde com realização de procedimentos. O corpo humano regula sua temperatura através de células do sistema nervoso simpático que causam os fenômenos de vasodilatação e vasoconstrição, aumentando e diminuindo o fluxo sanguíneo. A termorregulação assim ocorre e é gerenciado pelo SNC autônomo, no qual há um controle rígido para manter a temperatura corporal por cerca de 37°, ideal para funcionalidade dos tecidos e reações químicas do corpo humano (Santos et al 2014).

O processo a ser feito para a realização do exame de imagem termográfica é subdividido em partes, como, necessidade de um ambiente fechado com a temperatura de aproximadamente 23ºC, sala livre de radiações, e com iluminação fluorescente, paciente deve permanecer em repouso nesta sala durante aproximadamente 15 minutos, evitar ações de movimento sob a pele antes do exame a fim de impedir mudanças de temperaturas que afetem no diagnóstico do exame (Oliveira, 2017).

Para que seja realizado o exame de termografia é necessário que o paciente siga algumas orientações prévias, como não praticar atividade física por pelo menos 60 minutos antes do exame, não ingerir bebidas alcoólicas, evitar o consumo de cigarro ou derivados do tabagismo, usar roupas confortáveis para não gerar compressão, não usar nenhum tipo de joia como aneis e correntes durante o exame, não se submeter a qualquer tratamento termoterápico, evitar contato com água quente ou fria demais por volta de duas horas antes do exame. Caso o paciente não possa cumprir algum desses requisitos, ou seja, necessário ingerir algum medicamento, o profissional deve ser devidamente informado antes da realização do exame. (Oliveira, 2017).

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa, quanto à metodologia é de caráter exploratório, descritivo e faz uso da modalidade narrativa, trata-se de uma revisão bibliográfica que busca responder qual a viabilidade do uso da termografia no diagnóstico da fibromialgia. Foi realizada a busca de dados através dos Descritores de Saúde: Thermography, Diagnostic, Fibromialgya, também contemplando sua colocação no português e todos foram unidos pelo operador AND. As pesquisas de artigos foram realizadas nos seguintes bancos de dados: Scielo, Google Acadêmico, Pubmed, Portal BVSALUD, e BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações), foram encontrados no total para compor a população 433 artigos.

Ademais, utiliza-se como critério de inclusão artigos que estivessem publicados no período de 2014 a 2024, cujo texto completo estivesse nos idiomas inglês, português ou espanhol e que investigassem o uso da termografia na fibromialgia. Foram excluídos da busca, artigos duplicados, cartas ao editor, estudos de revisão bibliográfica narrativa, integrativa ou sistemática, por fim, após a análise desses critérios, foram incluídos 7 artigos para compor a amostra deste estudo, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2: Fluxograma de identificação e seleção de artigos:

Fonte: (Pesquisa direta.,2024)

4 RESULTADOS

Segundo Côrte e Hernandez (2016), a termografia infravermelha de uso médico é uma ferramenta de análise não radioativa e indolor, utilizada para avaliar as funções fisiológicas do fluxo sanguíneo relacionadas ao controle de temperatura. A termografia detecta pontos luminosos emitidos pela alteração de temperatura no corpo humano relacionada a alteração do fluxo sanguíneo, podendo indicar pontos dolorosos no corpo.

De acordo com Amaya et al (2018), informa que a administração do recurso da termografia, que se baseia na identificação de pontos dolorosos através de câmeras especiais com recursos que possibilita a identificação de modulações de temperatura, onde possa ser um ponto doloroso.

De acordo com Salvador (2014), com o estudo do exame termográfico, revela alguns resultados positivos para a área do estudo, pois revela pontos que não conseguimos ver a olho nu, como faz o raio-X e a tomografia, auxiliando com a identificação relacionadas à alterações inflamatórias, resultando na visibilidade de focos de inflamação pelo corpo do paciente.

De acordo com Couto et al (2020) avaliação da fibromialgia envolve uma abordagem multidimensional, incluindo critérios clínicos de diagnóstico baseados na presença de dor crônica difusa e sensibilidade em pontos específicos, dores que perduram por mais de 3 meses. A combinação de métodos quantitativos e qualitativos é essencial para capturar a complexidade do quadro clínico, permitindo uma melhor linha para o tratamento pois até o momento não existem exames laboratoriais, farmacológicos ou de imagens que possam confirmar a presença da enfermidade.

Gomes (2023) diz que a fibromialgia é uma síndrome complexa caracterizada por dor musculoesquelética crônica difusa, fadiga, distúrbios do sono e sintomas psicológicos. O diagnóstico da doença, por ser baseado principalmente em critérios clínicos, passou por diversas atualizações nos últimos anos. A mais recente proposta pela American College of Rheumatology (ACR) de 2017, destaca a importância de uma avaliação detalhada dos sintomas, incluindo a dor generalizada e a gravidade da fadiga, além de excluir outras condições com características semelhantes. Em conjunto com a avaliação clínica, testes complementares, como exames laboratoriais e de imagem, podem ser utilizados para descartar outras patologias. No entanto, ainda não existem exames específicos que confirmem a fibromialgia de forma conclusiva, o que torna o diagnóstico um desafio contínuo.

Riberto (2014) fala que nos últimos anos, a pesquisa tem se concentrado no aprimoramento das tecnologias de imagem, como a ressonância magnética funcional e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que estão sendo exploradas para identificar padrões de atividade cerebral característicos da fibromialgia. Essas técnicas têm mostrado alterações na percepção de dor e na resposta do sistema nervoso central, fornecendo uma base neurofisiológica para a condição. Porém, mesmo com os avanços, a abordagem diagnóstica permanece multifatorial, exigindo uma combinação de avaliação clínica, excluindo outras doenças, e o uso de tecnologias emergentes para complementar a análise do quadro clínico.

Segundo Telson et al (2024), a realização do exame termográfico é um ponto positivo para a análise da fibromialgia, já que se trata de uma patologia com hipersensibilidade, pois é um exame não invasivo, não radioativo e sem contato físico, pois com o auxílio de câmeras especiais, detectam focos de temperatura elevada em determinadas regiões do tecido, captando radiação infravermelha que é emitida pelo corpo.

Heyman et al (2017) afirma que a imagem termográfica infravermelha pode identificar alguns pontos de uma sensibilidade dolorosa. Logo, a termografia não tem o poder de diagnóstico absoluto para a fibromialgia, porém auxilia na documentação e acompanhamento da Síndrome Fibromiálgica.

Para Oliveira (2017) a imagem termográfica em indivíduos portadores de fibromialgia, descreveu um perfil de hiperreatividade vascular no tronco irradiado para MMSS. Além disso, pacientes com uma maior camada adiposa não foi identificada uma ativação vascular em pontos musculares, a partir disso para Oliveira foi definido que a termografia de forma isoladamente não pode ser configurada um exame padrão ouro para reconhecer a fibromialgia.

Amaya (2018) relata a relevância que as imagens infravermelhas geradas por câmera termográficas trás em relação a acompanhamento de pacientes pós tratamentos de hidroterapia, foi observado a diminuição de temperatura e dor de pacientes portadores da SFM principalmente na região lombar, constando assim a capacidades auxiliar diagnóstica da termografia.

Segundo Telson et al (2024), esclarece que por se tratar de uma ferramenta não invasiva e indolor, o uso da termografia auxilia no diagnóstico de anormalidades na temperatura associada a processo inflamatório tecidual, lesões ou alterações teciduais.

Para Brioschi et al (2018) a termografia é importante para a avaliação da distribuição da temperatura em pacientes portadores de fibromialgia. Nesse âmbito, foi possível correlacionando os critérios de diagnóstico da SFM da ACR de 1990 identificar e descrever um índice objetivo para a perícias desses pacientes com fibromialgia

De acordo com Costa (2022), para encontrar um diagnóstico preciso é necessário continuar outros estudos em busca de validação de um método mais eficaz para o diagnóstico da SFM, porém não exclui o uso das imagens termográficas infravermelhas para complementar e realizar acompanhamento de pacientes com fibromialgia.

Da mesma forma, Kumpel et al (2021), em sua pesquisa também identificou alterações de temperatura em áreas do corpo de pacientes com FM e afirmou que a termografia tem alta especialidade para identificar pontos quentes, mas não tem alta sensibilidade para identificar dores crônicas. Nesse caso, não foi possível verificar a presença de dor, mas sim alterações vasomotoras em todas as áreas de projeção dolorosa, relatada no momento do exame de palpação. Logo, é de grande viabilidade manter essas informações para se somar a outras alterações e achados clínicos.

De acordo o Conselho Nacional de Saúde (CNS), em 2019 na Resolução n° 617 de 23 de agosto de 2019, cláusula n °36 p.375, deve -se garantir o diagnóstico, tratamento clínico, multidisciplinar, com acompanhamento de exames de termografia e medicamentos para pessoas com fibromialgia.

5 DISCUSSÃO

No sentido oposto às outras pesquisas, Rúbio et al (2021) discorda, o exame termográfico infravermelho deve ser descartado como uma ferramenta auxiliar diagnóstica em mulheres com fibromialgia. Embora houvesse uma alteração de temperatura de 0,5 °C para mais entre os pacientes portadores da síndrome, a elevação foi muito baixa para ser considerada favorável para diagnosticar um paciente.

Já para Ammer et al (2014), a termografia de corpo total foi capaz de identificar diversos pontos quentes em cada indivíduo com a patologia por se tratar de um exame mais específico e sensível. No entanto, a contagem de pontos dolorosos não deve ser substituída e sim agregada  ao exame termográfico.

Segundo Amaya et al (2018), para o desenvolvimento do estudo foram acompanhados pacientes portadores da Síndrome Fibromiálgica dispostos a sessões de hidroterapia, para acompanhar a evolução foi usada uma câmera termográfica Fluke Ti 400, que verificou através das imagens a diminuição da temperatura na região lombar de todos os pacientes que realizaram as sessões de hidroterapia e destacou a importância do exame para monitoramento de um tratamento e assim acompanhar a evolução de cada paciente antes, durante e após o tratamento fisioterapêutico.

Assim como Amaya et al (2018), Conduto (2022) abordou a eficiência das imagens termográficas para diagnosticar doenças de coluna, cabeça, pescoço, articulações, disfunções na tireoide, bem como a fibromialgia auxiliando a diagnosticar, tratar e monitorar processos inflamatórios causados pela patologia.

6 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A termografia é um exame de imagem responsável por identificar alterações através de variações de temperaturas, é rápido, indolor, não invasivo e não apresenta riscos ao paciente.

De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, observou-se que o exame termográfico tem um grande potencial para complementar o diagnóstico de pacientes com fibromialgia, sendo capaz de identificar alterações vasomotoras através das imagens termográficas em áreas de projeção dolorosa por ser um exame específico. Além de ser viável para monitorar o tratamento da FM e evolução da doença. No entanto, a termografia não deve ser considerada padrão ouro para diagnosticar de forma isolada um indivíduo com a síndrome fibromiálgica. As informações obtidas no exame devem ser somadas ao exame de palpação e história clínica do paciente.

Além disso, fatores patológicos e fisiológicos devem ser estudados para validar se a variação de temperatura corporal pode estar diretamente ligada aos sintomas da SFM.

Dessa forma, se torna válido o aprofundamento do estudo e a realização de novas pesquisas buscando analisar o uso da termografia com a fibromialgia, visto que é uma síndrome que pode ter influência de outros fatores biopsicossociais.

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¹Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Campus UNIFAESF – beatrizsilvamessias543@gmail.com;
²Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Campus UNIFAESF – fabianocdss@gmail.com;
³Docente do Curso Superior de Fisioterapia Campus UNIFAESF – matheus.lmiranda2@gmail.com;
⁴Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Campus UNIFAESF – jrf.fisio@outlook.com.