QUESTIONÁRIOS DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADOS À INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA POPULAÇÃO IDOSA: REVISÃO DE LITERATURA

QUALITY OF LIFE QUESTIONNAIRES RELATED TO URINARY INCONTINENCE IN THE ELDERLY POPULATION: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412061321


Bruna Loretta Flores da Silva1
Marina Brasil de Abreu1
Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A Incontinência urinária é definida como qualquer perda involuntária de urina, sendo ela classificada como incontinência urinária de urgência, de esforço e mista. A incontinência urinária é uma das patologias mais presente no âmbito geriátrico, causando não só consequências físicas, mas também psicológicas e sociais, na qual afetam a qualidade de vida da pessoa que a tem. Em vista disso, a introdução de questionários específicos sobre a qualidade de vida do idoso tem sido essencial para o processo de identificação e classificação da qualidade de vida da pessoa com incontinência urinária. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura sobre os questionários relacionados à incontinência urinária na população idosa. Materiais e método: Trata-se de uma revisão de literatura, com busca nas bases de dados Pubmed, Scielo e BVS, através dos descritores questionário de qualidade de vida, incontinência urinária e população idosa. Resultados: Foram incluídos 3 estudos nesta revisão, os quais utilizaram os questionários ICIQ-SF (International Consultation on Incontinence Questionnaire Short Form) e KHQ (King’s Health Questionnaire). Através do ICIQ-SF foi possível verificar que a incontinência urinária (IU) impactou negativamente a qualidade de vida (QV), variando sua apresentação de muito severa a branda, esta última apresentou maior prevalência, seguida de que não interfere apesar da incontinência. Da mesma forma o estudo com o KHQ demonstrou impactos negativos, com impactos nos domínios limitações de função, físicas, sono e medida de gravidade. Conclusão: os resultados demonstraram que os questionários de QV relacionados à IU demonstram o impacto negativo na QV dos idosos. Porém ainda com carência de estudos quanto aos demais questionários existentes.

Palavras-chave: “Questionários”. “Qualidade de vida”. “Incontinência urinária”. “População Idosa”. “Fisioterapia”

Abstract

Background: Urinary incontinence is defined as any involuntary loss of urine, and is classified as urgency, stress and mixed urinary incontinence. Urinary incontinence is one of the common pathologies present in geriatrics, causing not only physical consequences, but also psychological and social ones, which affect the quality of life of the person who suffers from it. In view of this, the introduction of specific questionnaires on the quality of life of the elderly has been essential for the process of identifying and classifying the quality of life of people with urinary incontinence. Pourpose: Conduct a literature review on questionnaires related to urinary incontinence in the elderly population. Methods: This is a literature review, with searches in the Pubmed, Scielo and BVS databases, using the descriptors quality of life questionnaire, urinary incontinence and elderly population. Results: Three studies were included in this review, which used the ICIQ-SF (International Consultation on Incontinence Questionnaire Short Form) and KHQ (King’s Health Questionnaire) questionnaires. Through the ICIQ-SF, it was possible to verify that urinary incontinence (UI) had a negative impact on quality of life (QoL), varying in presentation from very severe to mild, the latter having a higher prevalence, followed by that which does not interfere despite incontinence. Likewise, the study with the KHQ demonstrated negative impacts, with impacts on the domains of functional limitations, physical limitations, sleep and severity measurement. Conclusion: The results demonstrated that QoL questionnaires related to UI demonstrate a negative impact on the QoL of the elderly. However, there is still a lack of studies regarding other existing questionnaires.

Keywords: “Questionnaires”. “Quality of life”. “Urinary incontinence”. “Elderly Population”. “Physioterapy”

1  INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural, que está intimamente ligado à perda da homeostase, onde o organismo sofre uma série de perturbações (Parry; Narita, 2016; Calcinotto et al., 2019). Junto a esse processo, há uma maior ocorrência de doenças crônicas, às quais podem ser acrescidas às síndromes geriátricas, dentre elas a incontinência urinária (IU) (Kessler et al., 2018; Ribeiro et al., 2018).

A IU é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como qualquer perda involuntária de urina (Abrams et al., 2009), que ocorre devido a um desequilíbrio entre o sistema nervoso, o músculo da bexiga, os esfíncteres e o pavimento pélvico (Silva Araújo et al., 2017). É classificada como incontinência urinária de urgência (IUU), incontinência urinária de esforço (IUE) e incontinência urinária mista (IUM) (Abrams et al., 2003). A IU é considerada uma das patologias mais presentes e importantes no âmbito geriátrico, pois gera consequências psicológicas, sociais, as quais reduzem a autoestima e autonomia da pessoa, modificando assim sua qualidade de vida (QV) (Silva; D’elboux, 2012).

Existem questionários relacionados à IU que avaliam a qualidade de vida (QV) bem como os sintomas decorrentes dela. Dentre eles: Incontinence Impact Questionnaire short form (IIQ-7), Incontinence Quality of Life Questionnaire (I-QOL), King’s Health Questionnaire (KHQ), International Consulation on Incontinence Questionnaire short form (ICIQ-SF) e Urogenital Distrees Inventory short form (UDI-6), estes todos validados para o português (Pinto, 2018).

O IIQ-7 é composto por sete perguntas, relacionadas às tarefas diárias, atividades físicas, lazer, tempo de viagem por meio de carro ou ônibus, atividades sociais, saúde emocional e frustração, tendo como opções de resposta zero para nem um pouco, um para um pouco, dois para moderadamente e três para muito (Stievano, et al.,2015).

O I-QOL é composto por 22 perguntas, divididas em três domínios: limitação de comportamento, impacto psicológico e embaraço social. Para cada pergunta há a possibilidade de cinco respostas, os resultados serão pontuados em uma escala de 0 a 100, quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida (Patrick et al., 1999).

O King’s Health Questionnaire (KHQ) avalia os sintomas da incontinência urinária e o impacto na QV (Kelleher, 2000). Estruturado em 30 perguntas que estão dispostas em nove domínios (saúde geral, impacto da incontinência, limitações das atividades diárias, limitações físicas, limitações sociais, relações pessoais, emoções, sono/disposição e medidas de gravidade). As respostas, por domínios, são de valores numéricos, variando de 0 a 100 o escore de QV. Esta será pior quanto maior for o número obtido (Fonseca et al., 2005).

O ICIQ-SF é composto por quatro questões que avaliam a frequência, a gravidade e o impacto da IU, além de um conjunto de oito itens de autodiagnóstico relacionados às causas ou a situações de IU vivenciadas pelos pacientes (Tamanini et al., 2004).

O inventário de angústia urogenital UDI-6 é composto por seis perguntas que têm como resposta sim, não, nem um pouco, um pouco e moderadamente (Stievano et al.,2015).

Os idosos frequentemente apresentam IU, visto que com o avançar da idade os músculos do assoalho pélvico (AP) apresentam sua função comprometida, que reflete em outros problemas de saúde, implicando impactos na qualidade de vida (QV) (Sousa et al., 2011; Silva et al., 2017). Levando em consideração que a expectativa de vida da população idosa tem aumentado, estima-se que em 2030, 1 em cada 6 pessoas terá 60 anos ou mais e que em 2100, 36% da população terá mais de 60 anos. A Assembleia Geral da ONU declarou o período 2021 – 2030 como Década do Envelhecimento Saudável. Anos estão sendo adicionados à vida, porém a qualidade de vida deve ser adicionada a esses anos (OPAS, 2020). Em detrimento declaração da ONU, sobre as estimativas do envelhecimento populacional, torna-se importante estudos que envolvam ações voltadas para a elaboração de políticas públicas, visto que a IU é considerada um problema de saúde pública, que gera custos econômicos altos tanto para o indivíduo, à sua família, como também ao poder público (Subak et al., 2006; Araújo, 2009).

Em detrimento disso, o uso de questionários, genéricos ou específicos, na de avaliação de qualidade de vida das pessoas com IU, tem sido intensificado na pesquisa científica nos últimos anos (Tamanini et al., 2004).

Sendo assim, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura sobre os questionários relacionados à incontinência urinária na população idosa.

2  MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura.

As bases de dados pesquisadas foram Pubmed, Scielo e BVS. As palavras-chave utilizadas foram questionário de qualidade de vida, incontinência urinária e população idosa, pesquisadas no idioma inglês. O período da busca nas bases de dados foi de agosto e setembro de 2024.

Os critérios de inclusão foram artigos que abordassem aplicação de algum dos questionários de qualidade de vida relacionados à incontinência urinária, participantes de pesquisa dos sexos feminino e masculino, com idade igual ou superior a 60 anos. Os critérios de exclusão foram artigos duplicados e que não estavam na íntegra e os publicados anteriormente ao ano de 2014.

Os resultados foram apresentados em forma de tabela.

3  RESULTADOS

Foram encontrados 203 artigos nas bases de dados, sendo 86 artigos na BVS, 117 artigos na PubMed e nenhum na SciELO; desses 100 foram excluídos por estarem duplicados. Leu-se 103 títulos e resumos, onde foram excluídos 22 por não abordarem IU, 22 por não estarem disponíveis na íntegra, 20 por não serem só idosos, 19 por não serem idosos os participantes, 06 por serem estudo de validação de questionário, 02 poque não utilizaram questionário de QV sobre IU e 01 por ser diretriz. Foi realizada a leitura na íntegra de 12 artigos, dos quais excluíram-se 09, por não abordarem IU, por não estarem disponíveis na íntegra, por não serem só idosos e por não serem idosos os participantes. Sendo inclusos nesta revisão 03 estudos conforme figura 1.

FIGURA 1 – Fluxograma do estudo.

A síntese dos estudos inclusos nesta revisão encontra-se na tabela 1.

TABELA 1 – Síntese dos artigos selecionados

Este estudo traz dados referentes à 1132 pessoas.

A média de idade das pessoas incluídas nesta revisão foi de 79,04 anos.

Os dois primeiros estudos utilizaram o questionário ICIQ-SF. Sendo que o primeiro apenas utilizou as duas primeiras perguntas do questionário para avaliar a IU, como critério de inclusão dos participantes no estudo, visto que o objetivo do estudo foi avaliar a incidência e o agravamento da IU entre os pacientes mais velhos submetidos à cirurgia de fratura de quadril; já o segundo houve a aplicação de todo o questionário. Os agentes comunitários realizaram entrevista pessoalmente aos 70 idosos, tanto na unidade de saúde como através de visitas domiciliares. O terceiro estudo foi aplicado a 814 idosas residentes em áreas urbanas e rurais de quatro estados da Malásia peninsular que participaram da fase 3 do estudo longitudinal maior “Modelo Neuroprotetor para Longevidade da Saúde entre Idosos da Malásia” (LRGS TUA). A IU foi autorrelatada com base na resposta “sim” se as participantes estivessem apresentando qualquer vazamento; as que apresentaram foram categorizadas como “IU”, então responderam o KHQ para avaliar a gravidade da IU e seu impacto na QV. Ele foi aplicado em inglês e malaio, de acordo com a preferência das participantes.

O questionário ICIQ-SF avalia o impacto da IU na QV e qualifica a perda de urina, através de questões a respeito da frequência da perda urinária, da sua gravidade, ou seja, a quantidade de urina em cada escape e do impacto decorrente de acordo com a percepção do indivíduo, nesta questão há um escore que varia de 0 a 10; quanto maior for o escore, pior será a QV. Já o KHQ apresenta 30 questões distribuídas em três partes: a parte 1 avalia a saúde geral e percepção da IU, a segunda avalia o nível de limitação para cada domínio da QV, dentre eles no desempenho de tarefas, física/social, relações pessoais, emoções e sono/disposição; e a terceira, a gravidade da incontinência. Todas as respostas recebem uma pontuação, que são somadas e avaliadas por cada domínio, ao final tem-se um escore que varia de 0 a 100, quanto maior for a pontuação, menor ou pior será a QV.

4  DISCUSSÃO

Através desta revisão de literatura foi possível verificar a importância dos questionários de QV relacionados à IU na população idosa. Visto que os estudos selecionados foram capazes de demonstrar o impacto negativo na vida dos idosos. O ICIQ-SF tem como objetivo avaliar o impacto da IU na QV da pessoa e qualifica a perda de urina. Já o KHQ pode ser dividido em três partes: a primeira descreve a saúde geral do indivíduo e sua percepção quanto à incontinência; a segunda avalia o nível de limitação para cada domínio de QV; e a terceira avalia a gravidade da incontinência com base em nove características da incontinência.

Com base no estudo realizado identificou-se que muitos idosos, principalmente do sexo feminino, apresentam IU e que esta apresenta um impacto negativo na QV deles.

Observou-se que os estudos de Arroyo-Huidobro et al. (2024) e Limonge et al. (2023), apesar de ambos terem utilizados o questionário ICIQ-SF somente o segundo obteve êxito porque pôde ser utilizado na sua totalidade para verificar o impacto da IU na QV dos idosos. Já o estudo de Murukesu, Singh e Shahar (2019) conseguiu verificar o impacto na QV do grupo proposto utilizando o questionário KHQ.

O estudo de Arroyo-Huidobro et al. (2024) apesar de utilizar o questionário ICIQ-SF, utilizou somente as duas primeiras perguntas, como critério de inclusão dos pacientes, no sentido de identificar se eram incontinentes ou não. Tal fato limitou o estudo e a aquisição de novos saberes quanto à sua aplicação na íntegra. Devido ao fato de os pacientes terem entrado no estudo após uma fratura de quadril, não foi possível avaliar a QV antes da fratura (Arroyo- Huidobro et al., 2024).

Limonge et al. (2023) e Murukesu, Singh e Shahar (2019) obtiveram resultado positivo ao conseguir verificar que a IU afeta negativamente a qualidade de vida dos idosos, o primeiro através da aplicação do questionário ICIQ-SF e o segundo estudo através do KHQ. Porém não há como fazer uma comparação entre ambos, visto que se trata de questionários diferentes, além do fato de o primeiro estudo ter como participantes idosos do sexo feminino e masculino e no segundo somente mulheres.

Limonge et al. (2023) tiveram como objetivo verificar a influência da IU na QV dos idosos. Dos 70 participantes da pesquisa, 30% eram homens e 70% eram mulheres. No critério idade, a faixa etária prevalente se encontrou nos grupos de 70-79 anos (40%), seguido de 60- 69 anos (39%), 80-89 anos (17%), e, por último, três entrevistados entre 90-100 anos (4%). Na pesquisa, foi encontrada prevalência de IU em 44% dos idosos participantes, com predominância do sexo feminino, representando a maior parte dos idosos afetados pelo problema (81%). O sexo masculino constituiu 19% de tal amostra. No quesito frequência, foi identificado que a maior parte (64%) dos idosos perde urina uma vez por semana ou menos e, em relação à quantidade de urina perdida, a maioria (68%) afirmou perda de pequena quantidade, enquanto 19% perdiam moderada e 13% grande quantidade. Entre os idosos afetados, o escore do ICIQ-SF, que representa o impacto da incontinência na QV baseada nas questões do instrumento, revelou consequências enquadradas como muito severas em 3%, severa em 23%, moderada em 35% e branda em 39% dos idosos. Muitos idosos da pesquisa, apesar da incontinência percebida pelo questionário, não relataram impactos na sua qualidade de vida, ou seja, cerca de 35% dos indivíduos que são enquadrados como incontinentes, afirmaram que o grau de interferência em sua vida seria zero na pergunta: Em geral, quanto que você perder urina interfere em sua vida? Por favor, circule entre 0 (não interfere) e 10 (interfere muito). Já no estudo de Guedes et al. (2021) das 106 participantes praticantes de atividade física do nordeste brasileiro, com a idade variando de 60 a 88 anos de idade, 58 (54,71%) apresentaram IU, sendo mais prevalente na faixa de 60 a 69 anos de idade, com 35 participantes, ou seja, 56,89%. Com relação ao impacto na QV o impacto variou de leve a severo, este último em menor número, com seis participantes; o moderado enquadrou metade das participantes. O estudo não demonstrou a frequência e a quantidade de urina perdida. Alshammari et al. (2020) verificaram que dos 124 participantes ambulatoriais de Riade, capital da Arábia Saudita, de ambos os sexos, 62,9% correspondiam às mulheres. As pontuações do ICIQ-SF quanto ao impacto geral da IU variaram de leve a grave; leve 14 (11,3%), moderada 78 (62,9%) e grave 32 (25,8%), sendo o gênero feminino prevalente nas três pontuações. A maioria das participantes que apresentavam IU moderada 47 (37,9%) ou grave 16 (12,9%) eram obesas. Freitas et al. (2020) identificaram que “diversas vezes ao dia” apresentou 37,6% de impacto quanto a frequência de perdas urinárias.

O estudo de Murukesu, Singh e Shahar (2019) com a aplicação do KHQ objetivou avaliar a gravidade da IU e o seu impacto na QV de mulheres idosas da zona urbana e as da zona rural. Das 814 mulheres, um total de 157, ou seja, 19% das idosas relataram IU, sendo mais prevalente na população rural. Os achados de prevalência de IU entre a população urbana e rural foram de 16 e 23%, respectivamente. Quanto à qualidade de vida das mulheres idosas urbanas e rurais com incontinência com base no KHQ, tanto a população urbana quanto a rural expressaram percepção geral positiva da saúde na Parte 1. Porém, 96% das participantes relataram que a vida diária foi impactada devido à IU por pelo menos “um pouco”. Os achados na Parte 2 do KHQ mostraram que mulheres idosas no ambiente rural tiveram pontuações mais altas para todos os domínios da QV. As idosas incontinentes apresentaram impactos significativos nos seguintes domínios limitações de função (42,0 ± 18,2), físicas (54,0 ± 22,6) sono (46,2 ± 27,1) e medidas de gravidade (36,7 ± 20,6). A Parte 3 não encontrou nenhuma diferença significativa entre as duas populações, o que implica que mulheres idosas rurais e urbanas experimentaram níveis semelhantes de gravidade da incontinência. Evangelista et al.

(2021) constataram através da média que os domínios mais comprometidos foram impacto da IU (63,2 ± 36,6), percepção geral da saúde (53,6 ± 21,5), e medidas de gravidade (44,0 ± 22,6). Freitas et al. (2020) identificaram que os domínios com maiores escores e impacto negativo foram impacto da IU (54,1 ± 24,8), percepção de saúde (43,7 ± 11,5) e medidas de gravidade (31,2 ± 23,8). No estudo de Ferreira, Kawasara e Batista (2019) dentre os domínios, demonstrados por média, o de maior impacto foi o de percepção geral (46,21 pontos), seguidos do de medida de gravidade (45,2 pontos), impacto da incontinência (32,32), sono/disposição (23,23 pontos). A maior limitação foi quanto às atividades de vida diária (21,5 pontos). Apesar dos impactos o domínio relações pessoais foi o que teve pouca interferência. Enquanto Oliveira et al. (2014) identificaram os domínios, demonstrados por média, com maior impacto o de percepção geral de saúde (40,0 pontos), sono/disposição (37,47 pontos), impacto da incontinência (36,63 pontos) e limitações físicas (27,48 pontos).

Sugere-se que futuras pesquisas sejam realizadas utilizando os demais questionários existentes e que possam ser aplicados em sua íntegra, a fim de construir conhecimentos robustos, contribuindo na formulação de políticas de saúde que possam prevenir os impactos que a IU acarreta à vida dos idosos, grupo este que vem crescendo com o aumento da expectativa de vida.

Os resultados obtidos nesta revisão reforçam a importância dos instrumentos existentes, contribuindo para a construção do conhecimento, tanto à especialidade de fisioterapia em gerontologia quanto à fisioterapia em saúde da mulher, proporcionando evidenciar a importância do fisioterapeuta, profissional capacitado e habilitado a atuar na prevenção e tratamento da IU, agente promotor de saúde e bem estar colaborando para uma qualidade de vida positiva.

5  CONCLUSÃO

Os questionários de qualidade de vida relacionados à incontinência urinária são variados, cada um com quesitos específicos na sua composição, mas com um fim único, verificar se a qualidade de vida é impactada negativamente.

Dessa forma, os resultados demonstraram que a qualidade de vida dos idosos foi impactada negativamente pela incontinência urinária, gerando limitações de função, físicas, sono e disposição. Mas também foi possível perceber, que houve uma parcela significativa de idosos, que apesar de incontinentes informaram não terem sua qualidade de vida afetada, demonstrando a percepção errônea de que a incontinência urinária faz parte desta fase da vida.

Portanto os questionários de qualidade de vida relacionados à incontinência urinária, demonstraram suas importâncias como instrumentos que geram subsídios às futuras pesquisas relacionadas à incontinência urinária à população idosa, com o intuito de promover políticas de saúde que visem prevenir e tratar a incontinência urinária e os idosos não tenham suas vidas afetadas. Mas ainda se faz necessários mais estudos com os demais instrumentos existentes, com geração de pesquisas robustas.

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1 Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.

Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.