PLANTAS MEDICINAIS: CAMINHOS NATURAIS PARA A SAÚDE E A CURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412061015


Danielle de Sousa Ferreira Brito1; Polyana Christine de Oliveira2; Iany Neres Ramalho2; Maíra Amaral Silveira Gomes Ferreira2; Merilaine Isabel dos Santos2; Ana Carolina Carvalho Rios2; Raquel Resende Cabral de Castro e Silva2; Maria Clara Santos Mayrink2; Renata Castro Mendes3; Ayla Lima Soares4; Polyana Carina Viana da Silva4; Dylmadson Iago Brito de Queiroz5; Leia Garcia Torres6; Kelly Franciane Lima Alves7; Juliane Guerra Golfetto8; Edma Nogueira da Silva9


RESUMO:

Introdução: Por milhares de anos, as plantas medicinais têm desempenhado um papel fundamental na cura e no tratamento de diversas condições de saúde. Sua utilização atravessa diferentes culturas e períodos históricos, sendo reconhecida como uma alternativa terapêutica e preventiva para inúmeras enfermidades. Objetivo: Avaliar a eficácia e a segurança do uso de plantas medicinais no tratamento de diversas condições de saúde, contribuindo para uma visão integrada entre práticas tradicionais e medicina moderna. Metodologia: Esta pesquisa é baseada em uma revisão de literatura, utilizando os bancos de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram analisados nove artigos científicos, respeitando os critérios de inclusão: publicações completas, em português, indexadas nos referidos bancos de dados e publicadas nos últimos cinco anos. Os descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram: plantas medicinais, terapias alternativas e fitomedicina. Resultados e Discussão: Os estudos revisados destacaram as propriedades medicinais de diversas plantas, incluindo seus compostos ativos e mecanismos de ação. Benefícios terapêuticos foram observados em condições como distúrbios gastrointestinais, respiratórios e dermatológicos. Também foram abordados aspectos como a segurança no uso de plantas medicinais, incluindo potenciais efeitos adversos e interações medicamentosas. Além disso, práticas de cultivo, colheita e preparo de plantas foram discutidas, enfatizando a necessidade de conservação da biodiversidade e do conhecimento tradicional. Considerações Finais: Este estudo reforça a relevância de pesquisas científicas contínuas sobre plantas medicinais, promovendo sua integração com a medicina moderna. Essa abordagem contribui para práticas de saúde mais acessíveis, sustentáveis e culturalmente alinhadas às comunidades, oferecendo alternativas complementares aos tratamentos convencionais.

Palavras-chave: Plantas medicinais. Fitoterapia. Tratamento alternativo. Saúde natural.

ABSTRACT

Introduction: For thousands of years, medicinal plants have played a fundamental role in the healing and treatment of various health conditions. Their use spans different cultures and historical periods, and they are recognized as a therapeutic and preventive alternative for numerous diseases. Objective: To evaluate the efficacy and safety of the use of medicinal plants in the treatment of various health conditions, contributing to an integrated vision between traditional practices and modern medicine. Methodology: This research is based on a literature review, using the Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SciELO) databases. Nine scientific articles were analyzed, respecting the inclusion criteria: complete publications, in Portuguese, indexed in the aforementioned databases and published in the last five years. The descriptors in Health Sciences (DeCS) used were: medicinal plants, alternative therapies and phytomedicine. Results and Discussion: The reviewed studies highlighted the medicinal properties of several plants, including their active compounds and mechanisms of action. Therapeutic benefits were observed in conditions such as gastrointestinal, respiratory and dermatological disorders. Aspects such as the safety of medicinal plants, including potential adverse effects and drug interactions, were also addressed. In addition, practices for growing, harvesting and preparing plants were discussed, emphasizing the need to conserve biodiversity and traditional knowledge. Final Considerations: This study reinforces the relevance of continuous scientific research on medicinal plants, promoting their integration with modern medicine. This approach contributes to more accessible, sustainable and culturally aligned health practices for communities, offering complementary alternatives to conventional treatments.

Keywords: Medicinal plants. Phytotherapy. Alternative treatment. Natural health.

INTRODUÇÃO

Desde tempos imemoriais, as plantas medicinais têm sido utilizadas como uma fonte primordial de tratamento e cura para uma ampla gama de doenças. Antes mesmo do desenvolvimento da medicina moderna, nossos antepassados confiavam no vasto conhecimento das propriedades medicinais das plantas para aliviar sintomas e promover a recuperação da saúde. Esse conhecimento ancestral, transmitido de geração em geração, continua a ser valorizado e explorado até os dias de hoje, especialmente em sociedades onde o acesso à medicina convencional pode ser limitado (BRAGA; SILVA, 2021).

O uso de plantas medicinais abrange uma diversidade impressionante de espécies botânicas, cada uma com suas próprias propriedades terapêuticas e aplicações específicas. De ervas aromáticas a árvores frutíferas, a natureza oferece uma farmácia natural repleta de recursos potenciais para tratar uma variedade de condições de saúde, desde resfriados comuns até doenças crônicas mais complexas (SOUZA; MORAES; ALVIM, 2021).

Embora a medicina moderna tenha avançado consideravelmente, incorporando descobertas científicas e tecnológicas para desenvolver tratamentos mais eficazes, o interesse pelo uso de plantas medicinais continua a prosperar. Isso se deve, em parte, à crescente conscientização sobre os efeitos colaterais e limitações das terapias convencionais, bem como à busca por alternativas mais naturais e menos invasivas.

Nesta era de redescoberta e valorização dos conhecimentos tradicionais, o estudo e a aplicação das plantas medicinais têm despertado interesse não apenas entre comunidades indígenas e povos tradicionais, mas também entre pesquisadores, profissionais de saúde e consumidores em geral. A ciência moderna tem-se voltado para investigar os mecanismos de ação das substâncias bioativas presentes nas plantas, buscando compreender melhor seu potencial terapêutico e integrá-lo de forma segura e eficaz à prática clínica.

Nesta perspectiva, este trabalho explora o fascinante mundo das plantas medicinais, examinando seu uso histórico, suas aplicações terapêuticas contemporâneas e os desafios e oportunidades associados à sua integração no sistema de saúde atual. Ao fazê-lo, pretende-se lançar luz sobre o vasto potencial das plantas medicinais como uma fonte valiosa de cura e bem-estar, destacando seu papel complementar na promoção da saúde e no tratamento de doenças.

Tem-se, neste interim, o objetivo de investigar a eficácia e a segurança das plantas medicinais no tratamento de diferentes condições de saúde, promovendo uma integração harmoniosa entre a sabedoria ancestral das práticas tradicionais e os avanços da medicina moderna.

METODOLOGIA

Este estudo configura-se como uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, estruturada como uma revisão de literatura. A pesquisa exploratória caracteriza-se por ser utilizada em temas pouco estudados, nos quais a formulação de hipóteses ainda é complexa. Segundo Zanella (2013), esse tipo de pesquisa frequentemente serve como etapa inicial para estudos mais aprofundados, proporcionando uma visão preliminar sobre o fenômeno investigado.

No contexto da abordagem qualitativa, o objetivo principal é compreender fenômenos complexos em sua profundidade e especificidade. Conforme apontado por Zanella (2013), os resultados dessa abordagem são apresentados em formatos descritivos, como narrativas, transcrições de entrevistas e análises documentais, evitando, portanto, o uso de dados numéricos.

Quanto à revisão de literatura, Lakatos e Marconi (2017) destacam que sua finalidade é oferecer ao pesquisador uma visão abrangente das produções existentes sobre um determinado tema. Isso inclui o levantamento e a análise de fontes escritas, faladas ou audiovisuais, permitindo reunir informações consistentes para embasar a pesquisa.

O levantamento dos trabalhos científicos na literatura se deu no período de agosto a novembro de 2024 através de uma criteriosa busca na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para tal, os descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram: plantas medicinais, terapias alternativas e fitomedicina.

Como critérios de elegibilidade foram considerados artigos e livros dos idiomas português e inglês, publicados de 2020 a 2024, com disponibilização completa de seu conteúdo de forma gratuita e indexados nas bases de dados supracitadas. Foram excluídos artigos de revisão bibliográfica e os que não atingiram ao objetivo do estudo.

Em seguida foi realizada a leitura exploratória dos resumos dos 36 trabalhos científicos selecionados. Resultando em nove artigos científicos para propiciar embasamento teórico para esta pesquisa e que são discutidos a seguir. 

DESENVOLVIMENTO

Exploração das práticas históricas de uso de plantas medicinais em diversas culturas ao longo do tempo

A história e a tradição das plantas medicinais remontam aos primórdios da humanidade, evidenciando a profunda conexão entre os seres humanos e o reino vegetal ao longo do tempo. Desde tempos imemoriais, as plantas têm desempenhado um papel central na medicina tradicional de diversas culturas ao redor do mundo, sendo utilizadas para tratar uma ampla gama de condições de saúde e promover o bem-estar físico, mental e espiritual.

Em civilizações antigas como a egípcia, a chinesa, a indiana e a grega, as plantas medicinais ocupavam um lugar de destaque na prática médica, sendo registradas em textos antigos, hieróglifos e manuscritos que documentavam suas propriedades medicinais e métodos de preparação. Os egípcios, por exemplo, faziam uso de plantas como o alho, a sálvia e a menta para tratar diversas enfermidades, enquanto os chineses desenvolveram um vasto sistema de medicina herbal baseado em plantas como ginseng, gengibre e camomila (COSTA et al., 2021).

Na Europa medieval, a tradição das plantas medicinais continuou a florescer, influenciada pela fusão de conhecimentos greco-romanos, árabes e locais. Mosteiros e jardins botânicos tornaram-se centros de estudo e cultivo de ervas medicinais, onde monges e herbalistas compilavam manuscritos detalhando as propriedades e usos terapêuticos das plantas. Figuras como Hildegarda de Bingen, uma freira beneditina do século XII, destacaram-se por suas contribuições para a medicina herbal e a preservação do conhecimento sobre plantas medicinais (SILVA et al., 2021).

Durante a era da colonização, as práticas de uso de plantas medicinais foram levadas para novas terras pelos colonizadores europeus, muitas vezes incorporando-se aos sistemas de medicina tradicionais das populações indígenas. Nos Estados Unidos, por exemplo, os nativos americanos utilizavam uma variedade de plantas, como a echinacea e o golden seal, para tratar doenças e fortalecer o sistema imunológico, práticas que foram adotadas pelos colonos europeus (ROCHA et al., 2021).

Atualmente, a medicina herbal continua a desempenhar um papel importante em muitas culturas ao redor do mundo, coexistindo com a medicina moderna e complementando-a em muitos casos. O interesse renovado pelas plantas medicinais reflete-se no crescente número de estudos científicos que buscam validar suas propriedades terapêuticas e entender os mecanismos pelos quais elas atuam no organismo humano (BRAGA; SILVA, 2021).

A história e a tradição das plantas medicinais testemunham a sabedoria acumulada ao longo de milênios de interação entre os seres humanos e as plantas. Essas práticas ancestrais continuam a inspirar e enriquecer a medicina contemporânea, oferecendo uma abordagem holística e natural para a promoção da saúde e do bem-estar (PARENTE et al., 2022).

Diversidade botânica e suas propriedades terapêuticas e potenciais aplicações

A diversidade botânica é uma fonte inesgotável de recursos para a medicina, oferecendo uma vasta gama de plantas medicinais com propriedades terapêuticas distintas e potenciais aplicações na saúde humana. Essas plantas têm sido utilizadas ao longo da história por diversas culturas ao redor do mundo, tanto na forma de chás, infusões, tinturas, quanto na produção de medicamentos fitoterápicos (COSTA et al., 2021).

Um dos aspectos mais fascinantes da diversidade botânica é a variedade de compostos bioativos encontrados nas plantas, como alcaloides, flavonoides, terpenos e polifenóis, que conferem às plantas suas propriedades medicinais. Esses compostos podem atuar de diversas maneiras no organismo humano, incluindo atividade antioxidante, anti-inflamatória, analgésica, antimicrobiana e até mesmo antitumoral (ROCHA et al., 2021).

Entre as plantas medicinais mais conhecidas, destacam-se a camomila, o gengibre, a hortelã-pimenta, o alho, a calêndula, o ginseng, entre muitas outras (SILVA FILHO; OLIVEIRA; LEMOS, 2023). Cada uma dessas plantas possui propriedades terapêuticas específicas que podem ser aproveitadas para tratar uma ampla variedade de condições de saúde, desde problemas digestivos e respiratórios até distúrbios do sono, ansiedade e depressão (FRANCO et al., 2022).

Além disso, a utilização de plantas medicinais oferece uma abordagem mais natural e holística para o cuidado da saúde, muitas vezes associada a menos efeitos colaterais e menor impacto ambiental em comparação com medicamentos sintéticos. No entanto, é importante ressaltar a importância de utilizar plantas medicinais de forma responsável, buscando orientação de profissionais de saúde qualificados e respeitando as doses recomendadas (PARENTE et al., 2022).

Em um mundo onde a busca por alternativas naturais e sustentáveis para a saúde está cada vez mais presente, a diversidade botânica representa um valioso tesouro a ser explorado. Ao compreender e valorizar as propriedades terapêuticas das plantas medicinais, podemos aproveitar ao máximo seu potencial para promover o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, integrando saberes ancestrais com a ciência moderna em benefício da saúde humana (BRAGA; SILVA, 2021).

Mecanismos de ação presentes nas plantas medicinais e sua interação com o organismo humano 

As plantas medicinais têm sido utilizadas há milhares de anos como fontes de tratamento para uma variedade de condições de saúde. Seus benefícios terapêuticos estão associados às diversas substâncias bioativas que contêm, tais como alcaloides, flavonoides, terpenóides, entre outros compostos. A interação dessas substâncias com o organismo humano ocorre através de diversos mecanismos, que podem variar de acordo com a planta e a condição de saúde tratada (SANTOS; MORAIS, 2024).

Um dos mecanismos de ação mais comuns das plantas medicinais é a ação dos fitoquímicos como antioxidantes. Essas substâncias ajudam a combater o estresse oxidativo no corpo, reduzindo os danos causados pelos radicais livres e promovendo a saúde celular. Isso pode ajudar a prevenir e tratar uma série de doenças, desde condições inflamatórias até câncer (BRAGA; SILVA, 2021).

Outro mecanismo importante é a atividade anti-inflamatória das plantas medicinais. Muitas delas contêm compostos que ajudam a modular a resposta inflamatória do organismo, reduzindo a inflamação e aliviando sintomas associados a doenças como artrite, doenças autoimunes e problemas gastrointestinais (COSTA et al., 2021).

Além disso, algumas plantas medicinais têm propriedades antimicrobianas, o que significa que podem ajudar a combater infecções causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Isso é especialmente relevante em um contexto de resistência aos antibióticos, onde o uso de substâncias naturais pode oferecer uma alternativa ou complemento aos tratamentos convencionais (SILVA et al., 2021).

Outro mecanismo importante é a modulação do sistema imunológico. Algumas plantas medicinais têm a capacidade de estimular ou regular a resposta imune do organismo, fortalecendo suas defesas naturais contra doenças e infecções. Além desses mecanismos, as plantas medicinais também podem atuar de outras formas, como regulando os níveis de hormônios, melhorando a circulação sanguínea, promovendo a desintoxicação do organismo, entre outros (ALMEIDA et al., 2020).

É importante ressaltar que muitas dessas substâncias atuam de forma sinérgica, ou seja, seus efeitos combinados podem ser mais potentes do que os de cada substância isoladamente. No entanto, é essencial que o uso de plantas medicinais seja feito com cautela e sob orientação adequada, uma vez que, assim como qualquer outro tratamento, elas podem apresentar efeitos colaterais e interações com outros medicamentos. A consulta a um profissional de saúde qualificado é fundamental para garantir a segurança e eficácia do uso de plantas medicinais como parte de um plano de tratamento integrativo (SILVA FILHO; OLIVEIRA; LEMOS, 2023).

A eficácia e segurança do uso de plantas medicinais para o tratamento de diferentes condições de saúde

O uso de plantas medicinais para o tratamento de diversas condições de saúde remonta a milênios e continua a ser uma prática amplamente difundida em muitas culturas ao redor do mundo. Embora a eficácia e segurança dessas plantas possam variar dependendo da espécie, da preparação e da dosagem, há evidências crescentes que respaldam seu potencial terapêutico em diferentes contextos (COSTA et al., 2021).

Em muitas comunidades, o conhecimento tradicional sobre o uso de plantas medicinais é passado de geração em geração e continua a desempenhar um papel significativo na promoção da saúde e no tratamento de doenças comuns. Estudos científicos têm corroborado muitos desses usos tradicionais, identificando compostos bioativos presentes em diversas plantas que exibem propriedades farmacológicas úteis para o tratamento de condições como dores de cabeça, problemas digestivos, inflamações, entre outros (BRAGA; SILVA, 2021).

No entanto, é importante ressaltar que nem todas as plantas medicinais são igualmente eficazes ou seguras, e algumas podem apresentar efeitos colaterais adversos ou interações com medicamentos convencionais. Portanto, é essencial que o uso de plantas medicinais seja realizado de maneira consciente e informada, sob a orientação de profissionais de saúde qualificados e com conhecimento adequado sobre fitoterapia (ALMEIDA et al., 2020).

Além disso, a pesquisa científica continua a ser fundamental para avaliar a eficácia e segurança das plantas medicinais, bem como para identificar seus mecanismos de ação e potenciais aplicações clínicas. Estudos clínicos controlados e revisões sistemáticas são importantes para fornecer evidências robustas que possam guiar a prática clínica e informar o público sobre os benefícios e riscos associados ao uso de plantas medicinais (ROCHA et al., 2021).

As plantas medicinais têm demonstrado potencial terapêutico para o tratamento de uma variedade de condições de saúde, oferecendo uma alternativa natural e complementar aos tratamentos convencionais. No entanto, é essencial abordar seu uso com cautela, garantindo a qualidade, segurança e eficácia das preparações fitoterápicas, além de buscar orientação profissional para maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados ao seu uso (SANTOS; MORAIS, 2024).

Uso tradicional versus uso moderno: comparação entre as abordagens tradicionais de uso de plantas medicinais e as práticas modernas de fitoterapia

O uso de plantas medicinais é uma prática ancestral que remonta aos primórdios da humanidade, enquanto a fitoterapia moderna representa uma abordagem mais científica e sistematizada para o uso terapêutico das plantas. Comparar as abordagens tradicionais e modernas revela uma série de vantagens e desafios associados a cada uma delas (ALMEIDA et al., 2020).

As abordagens tradicionais de uso de plantas medicinais muitas vezes são baseadas em conhecimentos transmitidos oralmente ao longo das gerações. Elas são enraizadas nas culturas locais e frequentemente envolvem práticas rituais e simbólicas (SILVA et al., 2021).

Uma das vantagens dessas práticas é a sua acessibilidade, já que muitas comunidades ao redor do mundo têm fácil acesso a plantas medicinais locais, muitas vezes cultivadas em seus próprios quintais. Além disso, essas práticas frequentemente abordam o ser humano de maneira holística, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos emocionais, espirituais e sociais da saúde (ROCHA et al., 2021).

Por outro lado, as práticas modernas de fitoterapia são baseadas em evidências científicas e geralmente envolvem a extração e o isolamento de compostos ativos das plantas para uso em medicamentos padronizados. Uma das vantagens dessa abordagem é a possibilidade de padronização da dosagem e da qualidade dos produtos fitoterápicos, o que pode aumentar a segurança e a eficácia do tratamento. Além disso, a fitoterapia moderna se beneficia dos avanços tecnológicos, como a cromatografia e a espectroscopia, que permitem a identificação precisa dos compostos ativos das plantas e a compreensão de seus mecanismos de ação (COSTA et al., 2021).

No entanto, a fitoterapia moderna também enfrenta desafios significativos, incluindo a perda de conhecimentos tradicionais e a descaracterização cultural das práticas de cura. Além disso, o processo de industrialização e padronização pode levar à simplificação excessiva das plantas medicinais, ignorando a complexidade de suas interações químicas e os efeitos sinérgicos entre os diferentes componentes. Outro desafio é a crescente comercialização de produtos fitoterápicos, que muitas vezes são vendidos sem orientação adequada e podem apresentar riscos à saúde se utilizados de forma inadequada (BRAGA; SILVA, 2021).

Tanto as abordagens tradicionais quanto as modernas de uso de plantas medicinais têm suas vantagens e desafios. Enquanto as práticas tradicionais são profundamente enraizadas nas culturas locais e podem oferecer uma abordagem holística para a saúde, a fitoterapia moderna se beneficia da ciência e da tecnologia para produzir medicamentos fitoterápicos padronizados e seguros (FRANCO et al., 2022). Uma abordagem integrativa que valorize tanto o conhecimento tradicional quanto os avanços científicos pode oferecer o melhor dos dois mundos, promovendo a saúde e o bem-estar de forma abrangente e sustentável (SANTOS; MORAIS, 2024).

A importância da conservação da biodiversidade e práticas agrícolas sustentáveis ​​na produção de plantas medicinais

O cultivo e a colheita sustentáveis de plantas medicinais são fundamentais não apenas para garantir a disponibilidade contínua desses recursos naturais, mas também para preservar a biodiversidade e promover práticas agrícolas responsáveis. A conservação da biodiversidade é crucial, uma vez que muitas plantas medicinais dependem de ecossistemas específicos para prosperar, e a perda desses habitats pode levar à extinção de espécies valiosas para a medicina tradicional e moderna (COSTA et al., 2021).

Para garantir a sustentabilidade na produção de plantas medicinais, é essencial adotar práticas agrícolas que respeitem os limites dos ecossistemas e promovam a regeneração do solo e da vegetação. Isso inclui técnicas como a rotação de culturas, o uso de adubos orgânicos, a implementação de sistemas agroflorestais e a proteção de áreas de conservação. Além disso, é importante envolver comunidades locais e povos indígenas, que muitas vezes possuem conhecimentos tradicionais valiosos sobre o cultivo e o manejo sustentável de plantas medicinais (SANTOS; MORAIS, 2024).

A certificação orgânica e de comércio justo também desempenha um papel importante na promoção da sustentabilidade na produção de plantas medicinais. Essas certificações garantem que as práticas agrícolas sejam ecologicamente responsáveis, socialmente justas e economicamente viáveis, incentivando os produtores a adotarem métodos sustentáveis e a protegerem os direitos dos trabalhadores (ROCHA et al., 2021). Além disso, é fundamental promover a educação e conscientização sobre a importância da conservação da biodiversidade e do uso responsável de plantas medicinais. Isso inclui fornecer informações sobre as espécies ameaçadas, os impactos ambientais da colheita excessiva e as alternativas sustentáveis disponíveis. Através da educação, os consumidores podem fazer escolhas informadas e apoiar produtores e empresas que adotam práticas agrícolas sustentáveis (BRAGA; SILVA, 2021).

O cultivo e a colheita sustentáveis de plantas medicinais são essenciais para proteger a biodiversidade, garantir a disponibilidade contínua desses recursos naturais e promover práticas agrícolas responsáveis. Ao adotar técnicas de cultivo sustentável, envolver comunidades locais e consumidores, e promover a conscientização sobre a importância da conservação da biodiversidade, podemos contribuir para um futuro mais saudável e sustentável para todos (ALMEIDA et al., 2020).

Análise das tendências atuais de integração de terapias baseadas em plantas medicinais 

Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo no interesse e na adoção de terapias baseadas em plantas medicinais como complemento ou alternativa aos tratamentos convencionais. Essa tendência reflete uma crescente busca por abordagens mais naturais e holísticas para a promoção da saúde e o tratamento de diversas condições médicas. Neste contexto, a análise das tendências atuais de integração de terapias baseadas em plantas medicinais revela uma série de aspectos relevantes e perspectivas promissoras (ALMEIDA et al., 2020).

Em primeiro lugar, é importante destacar o crescente reconhecimento científico da eficácia e segurança de muitas plantas medicinais. Avanços na pesquisa farmacológica têm contribuído para identificar os compostos ativos presentes em diversas espécies vegetais, bem como seus mecanismos de ação e potenciais aplicações terapêuticas. Esse acúmulo de evidências científicas tem fortalecido a credibilidade das terapias baseadas em plantas medicinais e estimulando sua integração nos sistemas de saúde convencionais (SILVA et al., 2021).

Além disso, as terapias baseadas em plantas medicinais são frequentemente percebidas como mais acessíveis e econômicas em comparação com os medicamentos sintéticos. Para muitas comunidades e países em desenvolvimento, onde o acesso a serviços de saúde e medicamentos é limitado, as plantas medicinais representam uma alternativa viável e culturalmente relevante para o tratamento de doenças comuns. Esse aspecto de democratização do acesso à saúde contribui para impulsionar a integração dessas terapias em diferentes contextos sociais e de saúde pública (SILVA et al., 2021).

Outro fator importante a considerar é a crescente demanda do público por abordagens de tratamento mais naturais e menos invasivas. O aumento da conscientização sobre os potenciais efeitos colaterais e riscos associados aos medicamentos sintéticos tem levado muitas pessoas a buscar alternativas mais seguras e gentis para sua saúde. Nesse sentido, as terapias baseadas em plantas medicinais, muitas das quais têm uma longa história de uso tradicional, têm ganhado popularidade como opções de tratamento mais naturais e menos agressivas (ROCHA et al., 2021).

No entanto, é importante reconhecer que a integração de terapias baseadas em plantas medicinais enfrenta desafios significativos, incluindo questões relacionadas à regulação, padronização e qualidade dos produtos vegetais. (FRANCO et.al. 2022) A falta de regulamentação adequada pode resultar em variações na qualidade e potência dos produtos à base de plantas, bem como em preocupações com segurança e eficácia. Portanto, é fundamental estabelecer diretrizes claras e padrões de qualidade para garantir o uso seguro e eficaz dessas terapias (ALMEIDA et al., 2020).

A análise das tendências atuais de integração de terapias baseadas em plantas medicinais revela um cenário complexo e multifacetado, marcado por avanços científicos, demandas do público e desafios regulatórios. Embora haja um crescente reconhecimento do potencial terapêutico das plantas medicinais, é necessário um esforço contínuo para promover sua integração responsável e sustentável nos sistemas de saúde, visando maximizar os benefícios para a população e garantir sua segurança e eficácia (COSTA et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de plantas medicinais para a cura de doenças representa uma prática ancestral que continua a desempenhar um papel significativo na saúde e no bem-estar das pessoas em todo o mundo. A riqueza da natureza em fornecer uma variedade de compostos bioativos e propriedades terapêuticas tem sido explorada por diferentes culturas ao longo da história, e a ciência moderna tem cada vez mais reconhecido o valor e a eficácia dessas plantas na medicina.

No entanto, é essencial abordar o uso de plantas medicinais com cautela e responsabilidade, pois nem todas as substâncias naturais são seguras ou adequadas para todos os indivíduos. É crucial realizar pesquisas científicas rigorosas para entender melhor os mecanismos de ação, os efeitos colaterais e as interações das plantas medicinais com outros medicamentos.

Além disso, é importante promover a preservação da biodiversidade e o manejo sustentável das plantas medicinais, garantindo sua disponibilidade contínua para as gerações futuras. Isso envolve práticas como cultivo orgânico, conservação de habitats naturais e respeito aos conhecimentos tradicionais das comunidades indígenas e locais.

Em resumo, o uso de plantas medicinais oferece uma abordagem complementar e holística para a promoção da saúde e o tratamento de doenças, mas deve ser integrado de forma responsável e baseado em evidências dentro dos sistemas de saúde convencionais. Ao unir os conhecimentos ancestrais com as descobertas científicas modernas, podemos explorar todo o potencial terapêutico das plantas medicinais para o benefício de todos.

REFERÊNCIAS

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ZANELLA, L. C. Métodos Quantitativo e Qualitativo de Pesquisa. Livro Texto de Metodologia de Pesquisa. 2013; 2ª ed., Unidade 5, 100 p.


1Enfermeira do Hospital Universitário de Brasília / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUB-UNB/EBSERH);
2Enfermeira do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC-UFMG/EBSERH);
3Fisioterapeuta respiratória do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC-UFMG/EBSERH);
4Enfermeira do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUWC-UFC/EBSERH);
5Discente de Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
6Discente de Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica Coração Eucarístico;
7Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HU-UFS/EBSERH);
8Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUSM-UFSM/EBSERH);
9Enfermeira do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora / Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HU-UFJF/EBSERH).