REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412051842
Samio Cassio da Silva Ramos [1]
Albione Souza Silva[2]
Alexandre Ferreira dos Santos[3]
Paulo Roberto Nogueira Silva[4]
Heloisa Helena Tourinho Monteiro[5]
RESUMO
O presente texto é fruto da pesquisa que procurou analisar aspectos biográficos de Jorge Oliveira Santana, com ênfase em sua atuação no futebol do município de Ipiaú-BA. A pesquisa de caráter social-qualitativa, fundamentou-se em estudos documentais da micro história futebolística ipiauense. O caminho metodológico fundamentado na história oral (HO), tendo utilizado o aporte de narrativas cedidas por ex-companheiros futebolísticos do sujeito da pesquisa. O texto tem como objetivo evidenciar a relevância e o legado de “Jorge Pato” para o futebol ipiauense; bem como demarcar categorias interseccionais que atravessaram o sujeito Jorge Oliveira Santana, na sua vivência histórica, como classe e raça. Neste viés, camadas da sua biografia são reveladas, associadas ao contexto histórico da sociedade brasileira, na esfera da história local e regional. Aspectos da vida pessoal e individual do atleta como a dependência alcoólica, presença de “cartolas de equipes de futebol”, questões identitárias etc, são relevantes na tessitura ilustrativa dos fenômenos estudados à luz de um retrato da sociedade Ipiauense da época. A documentação levantada, a partir de análise biográfica e coleta de depoimentos traduz o quanto o artigo possibilita desvelar as realidades sócio históricas da História do Brasil.
Palavras-chave: Biografia; História Oral; Futebol; Legado; Classe; Raça; Preconceito
INTRODUÇÃO
Esse texto irá apresentar a trajetória histórico, biográfica de Jorge Oliveira Santana, o Jorge Pato, para tanto, inicia-se destacando algumas informações de cunho socioeconômico do município de Ipiaú, localizado no Território Médio Rio das Contas, compondo parte da região sul da Bahia. Até o final da década de 1980, a região vivia o esplendor das riquezas geradas pela lavoura cacaueira. “Entre o período de 1930 a 1980, a lavoura cacaueira alcançara o seu apogeu, tanto na produção como nos preços” (ROCHA, 2005, p. 5). Embora a abundância e riqueza marquem o período, pessoas pretas, pardas e periféricas viviam à margem das riquezas geradas pelos pés de cacau. No início da década de 1970, o município de Ipiaú vivenciou uma grande efervescência cultural, religiosa, política e artística. À época, a cidade era administrada por Salvador da Mata [1]correligionário da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), idealizador do Ginásio de Rio Novo, fundado em 1950. Seu sucessor foi o populista Hildebrando[2] Nunes Rezende, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Segundo Paulo Magalhães, Hildebrando Nunes “vivenciou o ápice do prestígio, do poder e influência no primeiro mandato do executivo municipal; e a perda da sua base social e política, além da solidão, após o segundo mandato, nos anos 80”. (MAGALHÃES, 2017, p. 150). Vale destacar, que a década de 1970 foi um momento vitorioso para o futebol brasileiro e é nesse contexto que a Seleção de Futebol brasileira se sagra tricampeão do mundo, no México. Essa conquista, bastante utilizada pela propaganda dos governos da Ditadura civil-militar do Brasil (10964 – 1985) para criar um sentimento ufanista e de defesa do regime autoritário e ditador, recrudescido, sobretudo, durante os governos dos presidentes Artur Costa e Silva, que decretou o AI-5, e Emílio Garrastazu Médici, preconizador do lema “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Logo após o Brasil vencer a Itália na final da Copa do Mundo no México de 1970, pelo placar de 4×1, e mostrando toda a sua superioridade dentro de campo aos seus adversários, o jornal O Globo publicou na capa a seguinte frase, “Tri, o carnaval em junho”. Essa declaração foi dada pelo então presidente da República do Brasil, Emílio Garrastazu Médici (SCHMULLER, SCHMIDT, 2020, p. 08).
Desta forma, Ipiaú seria influenciada por esse período histórico do futebol. No ano de 1972 pela primeira vez a cidade seria campeã, do maior campeonato amador do mundo o intermunicipal[3], feito repetido em 1977, onde é revelado jogador Jorge Pato, que fincou seu nome na história do futebol local e regional, naquele ano Ipiaú foi bicampeão do intermunicipal contra a forte seleção de São Felix. CASTRO, (2018) relata que:
[…] Ipiaú, conquistou mais um título pelo Campeonato Intermunicipal. Foi no ano de 1977 numa decisão contra a Seleção de São Felix com um gol de Boca de Pia. Nessa decisão Ipiaú sagrou-se bicampeão do Intermunicipal. Roberto, Litinho, Pedrito, Sapatão, Boca de Pia, João Velho, Carlinhos, Dadá, Jorge Pato, Cesar Véi e Gajé, foram os atletas da campanha vitoriosa CASTRO, 2018).
A pesquisa mostrou as relações históricas da vida de Jorge Pato, da política e do futebol. Questões raciais, econômicas e de classe, foram fatores que combinados, embargaram uma maior visibilidade do atleta em esfera nacional. Desse modo, essas narrativas e memórias foram verificadas durante o levantamento dos dados biográficos de Jorge Oliveira Santana, o Jorge Pato, revelando e analisando a trajetória futebolista de Jorge Oliveira Santana (Jorge Pato). A escolha da metodologia da História Oral (HO) com entrevistas semiestruturadas, com ex-companheiros da equipe que o pesquisado jogou, decorre da compreensão do valor que os relatos memorias, passados pelo crivo da pesquisa, pode agregar aos fatos históricos. A pesquisa problematizou o contexto sociocultural de Jorge Pato dentro de suas redes de inter-relações e vivências que delinearam e estabeleceram marcadores interseccionais, que possivelmente impediu ascensão maior no universo futebolístico, uma vez que o ambiente da época era pouco promissor para aqueles que reunisse realidades mais humildes. Mesmo assim, o legado de Jorge Pato para o futebol local e regional, se sobrepôs às limitações impostas; por isso, é preciso que as gerações atuais e futuras, conheça a exponencial história esportiva desse grande atleta da seleção local. O texto alerta para a ação de cartolas contemporâneos, de sorte que não cometam os mesmos erros do passado, na condução dos promissores atletas do futebol ipiauense, e de tantos outros locais desse imenso Brasil. Na atualidade, apesar das políticas públicas, os campeonatos continuam mobilizando a força dos atletas locais que buscam reconhecimento e inserção nacional. A Federação Baiana de Futebol (FBF), organiza o Campeonato de Futebol Intermunicipal e Baiano, o que revela a atuação de jogadores nessa cena esportista. A história de Jorge pato torna-se inspiração para futuros atletas, bem como reflexão para os impedimentos e limitações que marcam a História do Brasil, nesse quesito individual dos sujeitos que vivenciam os preconceitos e discriminações sociais. Alguns marcadores da vida pessoal de Jorge foram investigados, pois apesar da pessoalidade dessas questões, identifica-se uma interseccionalidade com relação à classe e raça, bem como o fato de ser adicto do álcool. Numa época em que administração da carreira do futebol não era profissionalizada, esses aspectos, como demonstrou a pesquisa, contribuíram para impor uma marca melancólica em sua persona, do mesmo modo, que se evidencia manipulações e ingerências que atrapalharam a sua carreira desportiva.
JORGE PATO UM CRAQUE DOS GRAMADOS DA REGIÃO SUL CACAUEIRA
A região sul-baiana, durante as décadas de 1930, aos finais dos anos 1980, tem no município de Ipiaú e nas demais localidades do sul do Estado da Bahia um período de destaque econômico em decorrências das riquezas advindas da lavoura cacaueira, portanto, os investimentos, com infraestruturas permitiam que alguns times locais possuíssem sedes próprias, por exemplo, Temão e o Independente[4] Esporte Cultura. Não à toa, mesmo sendo equipes amadores, suas estruturas eram consideradas superiores a muitas equipes profissionais que disputavam o Campeonato Baiano de Futebol. Jorge Oliveira Santana foi atravessado por marcadores interseccionais, ocorrências corriqueiras em relação às pessoas pretas, indígenas e pardas no Brasil. De acordo, com os relatos dos familiares Jorge Oliveira Santana, nasceu no Centro-Sul Baiano em Itapetinga-BA, em 31 de agosto de 1957. Ele foi registrado pelos seus pais, Bispo Florêncio Santana e Albertina Alves Oliveira. Jorge Santana foi casado com a senhora Solange, o casal teve uma filha Isangela Alves Santana Brandão e um filho Isaac Alves Santana. Jorge Oliveira, faleceu precocemente aos 40 anos, às 4:55 horas da madrugada do dia 25 de janeiro de 1998, em Feira de Santana-BA. A presença da figura paterna ou de quem ocupa essa função humana é de exponencial importância para o desenvolvimento integral das pessoas, há sujeitos que não conseguem, superar a ausência da figura paterna em suas existências. Neste sentido, muitos agregam marcadores interseccionais ou cicatrizes profundas em suas subjetividades difíceis de serem solucionadas. Exposto de outra maneira, muitos sujeitos desenvolveram problemas seríssimos com o uso de bebidas ou outras substâncias nocivas à saúde física e mental. Historicamente, muitas mulheres são obrigadas a desempenharem os dois papeis na criação dos filhos/as, e dessa maneira elas, são vítimas de preconceitos por conta da condição de mãe solo. A mãe de Jorge era uma mulher muito trabalhadora, foi feirante fez de tudo um pouco para criá-lo, porém, o pai não era presente, possivelmente a não convivência com o pai tenha gerado nele uma carência, daí a relação com álcool por conta da ausência paterna” (informação verbal).“Mãe solo vem sofrendo historicamente com o preconceito por não estar inserida em uma relação conjugal, atendendo aos padrões impostos pela sociedade, de outro o abandono paterno parece ser natural” (BORGES, 2020, p. 10). Segundo o colaborador que atribuirmos o pseudônimo de o presidente, pontua que:
Segundo a minha esposa Solange, somos casados a 16 anos, Jorge Pato era uma figura pública, eles foram casados até as crianças ficarem adolescentes, a separação foi muito por conta, do que acontece com muitos jogadores de futebol, que não são bem assessorados, naquela época era pior. Segundo Orlindo Lopes, ele me disse que, em um desses intermunicipais qual a seleção participou fez 23 gols, ele fez 17 gols. Desse jeito, os caras da diretoria do atlético Mineiro, vieram a Ipiaú para contratá-lo, no intuito dele subsistir Reinaldo, o salário seria trinta vezes, do que ele ganhava na seleção, um apartamento alugado pelo clube minério, uma funcionária para fazer os serviços doméstico, também um carro com motorista a disposição do casal, porém, ele não quis ir. O pessoal da diretoria insistiu e disseram, minha senhora, a empregada, o apartamento, o carro está lá, e o contrato está aqui para ele assinar, tente convence-lo.” Ela disse vá rapaz a gente está começando a vida agora, e eu estou grávida, será bom pra gente, mas, ele preferiu aos amigos do que ir jogar no atlético minério, ele era muito associável, não gostava de drogas ilícitas, e protegia os jogadores mais jovens.
Fonte: Transcrição de áudio
2023
JorgeOliveira, foi um jovem que tinha um talento excepcional, era considerado um craque no sentido mais empolgante da palavra para o futebol. Destacava-se por suas habilidades, preparo físico, coragem e faro de gols; por esses atributos era admirado por torcedores do seu clube e mesmo pelos torcedores adversários que lhes viam jogando. Tais narrativas são verificadas nos levantamentos de dados concedidos por seus ex-companheiros de Seleção de Ipiaú, campeã do Campeonato Intermunicipal de 1977, vencendo a Seleção de Cachoeira por 1x 0, com 1 gol de Boca de Pia. No ano seguinte, em 1978, a Seleção de Ipiaú sagrou-se vice-campeã do intermunicipal.
Vale pontuar, que o intermunicipal[5] é considerado o maior campeonato amador do Brasil e do mundo. Segundo relato verbal do nosso entrevistado, que atribuirmos o pseudônimo de “Radialista”, afirma que:
Após a fundação o Temão tomou proporções de um grande time na região, disputando vários campeonatos, inclusive da Federação Baiana. Fernando um dos fundadores não pensou duas vezes e pediu que eu fosse em busca de Jorge para jogar no time. Fui acompanhado do amigo Paulo Roberto em busca de Pato, que após reverem seus amigos, fez jogo duro para poder retornar pois ele se encontrava em casa tomando cerveja e fazendo churrasco com os amigos e tinha uma dívida também que foi passada para Orlindo, mas não sabia ele que Orlindo estava munido de um limite de um cheque em branco prá trazê-lo de qualquer forma. Resolvido o problema, o mesmo aceitou e retornou a cidade de Ipiaú. Chegou numa sexta, treinou e foi um dos destaques no coletivo. Os diretores do Temão conseguiram inscrever Jorge Pato em tempo recorde e no domingo o mesmo estreou no time de Ipiaú venceu por 2 x 0 e pato marcou os 2 gols da vitória, que se repetia no outro jogo na cidade de Ilhéus.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Na narrativa do colaborador Radialista fica evidenciado que Jorge Pato foi um grande jogador de futebol, se destacando na equipe do Temão e que já na sua estreia foi decisivo na vitória da equipe no campeonato. As memórias são construções sociais e coletivas, dessa maneira, fazem parte das relações interpessoais entre os sujeitos sendo mediadas pelo mundo, “A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas” (LE GOFF, 1990, p. 366). Um dos seus companheiros, que chamaremos de Lateral, fazendo uso de suas memórias, em sua narrativa tratando da performance futebolística de Jorge Pato, afirmou:
[…] A gente conheceu Jorge Pato, aqui no time do Temão, ele jogou na seleção de Itapetinga, veio aqui jogar em Ipiaú, venceu a nossa seleção por dois a zero, sendo os dois gols dele. Iria começar o campeonato da cidade, aí Fernando o viu jogando e, mandou Orlindo buscar ele em Itambé, do tempo que eu, joguei bola; nunca vi um centroavante igual a ele. Pensa em um cara ruim de ser marcado? Tinha uma habilidade, que eu nuca vi um jogador igual a ele, eu falava meu bicho está ali nos pés de Jorge Pato, quando Orlindo trouxe ele, o primeiro jogo que ele jogou foi contra o Ipiaú, foram convocados 11 jogadores do Temão para seleção: Fernando, Roberto, Litinho, Carlinhos, Kipá, Ral, Dadá, Japonês, Jorge Pato, Cesar etc. Fomos campão em 1977 e vice em 1978 do intermunicipal, ele foi o melhor jogador e artilheiro por duas vezes do campeonato.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Percebe-se na narrativa do colaborador Lateral I que Jorge Pato foi além de um grande jogador, foi também decisivo com suas grandes atuações em campo, ajudando para as conquistas das vitórias e consecutivamente do Campeonato Intermunicipal em 1977 e do vice em 1978. O talento de Jorge Pato, chamou atenção de todo o interior da Bahia, inclusive do Clube Sportivo Sergipe. Um diretor do clube sergipano veio em Ipiaú, contratá-lo. Nesse dia ele estava na sede do Temão, com seu companheiro de seleção, Lateral, que também fez parte da seleção campeã de 1977, relata que:
O primeiro ano em que o Sergipe, iria disputar o campeonato brasileiro da primeira divisão, um diretor do clube veio na sede do Temão buscar ele e ofereceu uma maleta de dinheiro pra ele assinar o contrato. Ele veio falar comigo, o que eu achava, eu disse para ele vai Pato, tu só vais jogar duas partidas, vai passar para um time de maior expressão nacional. Logo, logo vai ser convocado para seleção brasileira. Eu disse pra ele, tu, pato, é melhor que Reinaldo do atlético mineiro. Só que Fernando ofereceu o dobro de dinheiro e ele ficou jogando por aqui nos campeonatos da cidade.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Fica nítido no relato do colaborador Lateral que Jorge Pato tinha muito talento e que despertava o interesse de outras equipes de futebol não só do Estado da Bahia, mas também em nível nacional, de equipes de maior expressão. Ficou evidenciado no relato do colaborador Lateral que Jorge Pato ao tomar sua decisão em permanecer em Ipiaú, contribuiu para limitar a sua ascensão ao futebol nacional. O colaborador citado anteriormente destaca a excelente passagem, de Jorge Pato pelo selecionado de Gongogi em 1985, do mesmo modo, ele destaca que Jorge Pato tinha ótimo desempenho, mesmo depois de noites perdidas em festa de clubes da cidade, como o Rio Novo Tênis Clube, nos dias atuais desativado. O Lateral destaca que:
[…] também jogamos na seleção de Gongogi, foi a melhor seleção da história de Congogi 1985. A seleção base era Reberto, Carlinhos, Clovis, Carlinhos de (Barra do Rocha), Litinho, Zé Paulo, Pinguim, Cesar, Jorge Pato, Leninho e eu, Jorge Pato era diferenciado, se ele chegasse pra você e falasse não se preocupa não, que vou ganhar o jogo pra você. Orlindo Cansou de pegar ele no clube nas ‘festas três horas da manhã, e dizia vamos Pato pra casa dormir, ele falava não se preocupe não, que vou ganhar o jogo pra você; ele chegava no estádio ficava embaixo do chuveiro ia para o jogo, e dizia não se preocupem que vou ganhar o jogo, se você visse o cara jogando, depois de tomar uma, diria esse cara é de outro planeta.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
O grupo da seleção campeã de 1977 era uma equipe individualmente excelente, porém, o coletivo foi o mais importante, levando a seleção ganhar o segundo título da história de Ipiaú, feito repetido pela terceira vez em 1998. Neste sentido, diante dos dados levantados constatamos que Jorge Pato, mesmo sendo um craque, no sentido mais lato da palavra, foi um atleta privilegiado fisicamente, tecnicamente e muito habilidoso. Era um jogador que exercia elevado carisma e liderança de grupo. Em informação prestada por um dos seus amigos e companheiros de Seleção de Ipiaú, campeã do Intermunicipal de 1977, o qual identificaremos com o pseudônimo de “Central”, relata que:
Jorge Pato, para mim foi um amigo e irmão que eu tive, lágrimas! Um cara de um talento excepcional. Pena que ele se desviou para o lado da bebida, ele não seguiu a carreira até o final, a qual seria muito aproveitada. Ele tinha o talento para o futebol; um cara que desequilibrava nos gramados, fomos campeões do intermunicipal em 1977. Era uma equipe maravilhosa e muito boa, para ganhar aqui dentro de Ipiaú era muito difícil; fora já era, imagine aqui? O time base era: Roberto, Litinho, Pedrito, Sapatão, Boca de Pia, João Velho, Carlinhos, Dadá, Jorge Pato, Cesar Véi e Gajé. Orlindo o trouxe para jogar no Temão, aqui foi meu adversário, eu jogava no Ipiaú e ele no Temão. Com certo tempo ele foi jogar no mesmo time que eu, fomos campeões da cidade, e em outros municípios.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Segundo o relato do colaborador, Central, Jorge Pato foi um grande jogador, que desequilibrava nos gramados, com grandes atuações e conquistas de campeonatos, mas que o alcoolismo muito contribuiu para a limitação da sua ascensão e destaque no futebol em equipes de maior expressão a nível estadual e também nacional. Por fim, depreende-se nas narrativas dos colaboradores que afirmaram que Jorge Pato se destacou muito nos campos de futebol e colaborou de forma decisiva na conquista de vitórias e títulos conquistados nas equipes que atuou e que deixou um grande legado para o futebol do município de Ipiaú – BA
“JORGE PATO”: UM HOMEM ATRAVESSADO POR MARCADORES INTESECCIONAIS
Nos últimos anos o conceito de interseccionalidade vem sendo debatido com assiduidade no meio acadêmico, principalmente por pessoas ativistas e acadêmicas, brasileiras e americanas do movimento negro do Brasil e dos Estados Unidos. Collins (2021, p. 19) relata que o uso da interseccionalidade como ferramenta analítica significa que ela pode assumir diferentes formas, pois atende a uma gama de problemas sociais. Alguns marcadores interseccionais se combinaram recaindo sobre o nosso pesquisado. Jorge Pato, era um sujeito etnicamente localizado na categoria de pessoa preta , dessa maneira, a historiografia afirma que essas pessoas são vítimas do racismo estrutural, para além disso, a biografia de Jorge pato demonstra o sofrimento frente ao vício da bebida alcoólica. Almeida (2019, p. 27) enfatiza que a desigualdade racial é uma característica da sociedade não apenas por causa da ação isolada de grupos ou de indivíduos racistas, mas fundamentalmente porque as instituições são hegemonizadas por determinados grupos raciais que utilizam mecanismos institucionais para impor seus interesses políticos e econômicos.
Mesmo Jorge Pato sofrendo com os problemas em decorrência do consumo do álcool não deixava de corresponder com as expectativas dos torcedores e dirigentes admiradores do seu futebol. O nome Jorge Pato, de certo modo, foi gerado em razão do chamado racismo recreativo, prática resultante do racismo estrutural, que se constitui pela exclusão de pessoas pretas, pardas e indígenas dos espaços políticos, jurídicos e econômicos, e também manifestado nos preconceitos.
A origem do segundo nome, (“Pato”), agregado ao seu primeiro nome (Jorge) veio da seguinte situação inusitada: ele e outros jogadores resolveram matar um pato para comer em uma farra, depois do treino da seleção. Porém, somente sobre ele foi que recaiu a culpa pelo ocorrido. Assim, dessa forma, pouco tempo após sua chegada a Ipiaú, sentiu-se discriminado a ponto de resolver ir embora para a cidade de Itambé. Entretanto, retorna posteriormente por insistência de Orlindo Lopes quando foi procurá-lo e o convence a voltar para Ipiaú.
A partir deste episódio fatídico, Jorge supera a situação vexatória, passando a ressignificar o episódio com uma postura de elevado senso de humor e, “adotando a nova identidade”, supera o evento traumático. O torcedor, desportista e amigo de Jorge Pato, aqui denominado de “VBO”, nos relatou que:
Jorge Pato foi um jogador de uma enorme grandeza, era um bom centroavante, que enfrentava qualquer coisa. Rapaz, ele era destemido, não tinha medo de ninguém. O que eu sei de Jorge é que ele pegou um pato ali no cinquentenário e levou para a sede da seleção, chegando lá Jaime cobrinha o fez devolver o pato, mas o pato estava estragado. Fui passando, me chamaram e perguntaram se eu queria aprontar o pato e eu disse que sim, como eu caçava gato eu aprontei o gato e comi o pato. Eles foram pra um lugar beber cachaça e estavam se gabando por ter comido um pato gostoso danado, e eu disse a eles, que comeram o gato por pato. De todos os centroavantes que eu vi jogando aqui em Ipiaú, os melhores foram Jorge Pato e Jorge Campos, mas Jorge Pato foi melhor que Jorge Campos, ele jogou no Temão e no Ipiaú, a seleção de 1977 era de nível dez.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Concluímos no relato do colaborador VBO que Jorge Pato foi um grande atacante e que se destacou muito como um centroavante habilidoso. Bem como, o episódio do “pato” trouxe marcas para a carreira de Jorge Pato, mas que foram superadas, sobretudo, quando ele atuava em campo, se destacando como um grande jogador de futebol.
GÊNIOS NOS GRAMADOS VENCIDOS PELO ALCOOLISMO
O uso abusivo de bebidas alcoólicas é uma problemática na sociedade e não seria diferente na categoria esportiva do futebol. Relatos jornalísticos mostram que faz parte do cotidiano de muitos atletas amadores e profissionais. O vício nas bebidas como cerveja, uísque cachaça, dentre outras podem ser ocasionados por influência da própria família, do mesmo jeito, por persuasão de amigos e da grande mídia. Dessa forma, muitos atletas brasileiros reconhecidos internacionalmente, como Garrincha, dentre outros, tiveram problemas seríssimos em suas carreiras futebolísticas e pessoais por conta do consumo abusivo de bebidas alcoólicas, um dos casos exemplares e de Manoel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha. Costa (2013) relata que:
Gênio e imprevisível, Garrincha encantou o mundo com seus dribles desconcertantes e a maneira simples de encarar os oponentes, que eram chamados por ele de “João”. Porém, não foi capaz de enfrentar seu maior adversário: o alcoolismo. Assim, no dia 20 de janeiro de 1983, o ídolo do Botafogo e campeão das Copas do Mundo de 1958 e 1962 faleceu no Rio de Janeiro, com apenas 49 anos, por consequência de uma cirrose hepática (COSTA, 2013, p. 2).
O alcoolismo é causador de vários danos desde familiar, social, profissional e pessoal. Consequentemente os sujeitos, em virtude de não abandoarem o consumo excessivo do álcool terão prejuízos irreversíveis, como a perda da saúde financeira, moral, mental. Do mesmo modo, muitos perdem até suas famílias e, consequentemente à saúde e a própria vida precocemente. Sua influência na saúde também está relacionada aos diferentes padrões de consumo de álcool. Assim, o consumo crônico pode causar malefícios e dependência, resultando em doenças mentais, hepáticas, cardiovasculares, neoplasias, entre outras (MALTA, 2018, p. 138).
Pessoas viciadas não são as únicas responsáveis, pelos problemas causados pelo abuso do álcool. Dessa maneira, a mídia, a sociedade e o Estado também são responsáveis pelo número excessivo de pessoas dependentes de bebidas alcoólicas, portanto, o Estado brasileiro tem o dever de promover políticas públicas, para atender as pessoas em condições de dependências dessa droga legalizada, criando condições para que elas se restabeleçam socialmente.
A mídia brasileira historicamente, vem mostrando uma falsa alegria em suas propagandas, em seus comerciais, mostrando pessoas que não são os padrões da maioria dos brasileiros, geralmente os cenários praias em dias de sol, ou em estádios de futebol. Essas imagens veiculadas nos meios de comunicação, influenciam exponencialmente o inconsciente coletivo, dessa maneira, às pessoas são induzidas ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, consequentemente as empresas cervejeiras aumentam seus lucros de maneira gigantesca, por exemplo, uma das empresas do seguimento das bebidas que mais acumulam capital é a Ambev, empresa brasileira. Moreira (2022) enfatiza que:
A Ambev registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,085 bilhões no segundo trimestre de 2022, o que representa um crescimento de 4,2% ante o apurado no mesmo período do ano passado. Sem o ajuste, o lucro foi de R$ 3,064 bilhões, avanço de 4,6% ante o apurado um ano antes (MOREIRA, 2022).
De acordo com Moreira (2022) a arrecadação das grandes empresas de bebidas alcoólicas é muito grande, acumulando grande capital a cada ano. Fato que ocorre em virtude da publicidade e do patrocínio que é ofertado para os clubes do futebol brasileiro.
MEMÓRIAS FUTEBOLÍSTICAS IPIAUIENSES E IDENTIDADES
As memórias e as boas lembranças a respeito do pesquisado são compartilhadas por todos os nossos colaboradores, desse jeito, a individualidade é peça de menor valor nesse processo de construção das memórias coletivas, as narrativas a seguir convergem, com as demais falas postas nesse trabalho acadêmico. Certamente, se nossa impressão pode apoiar-se não somente sobre nossa lembrança, mas também sobre a dos outros, nossa confiança na exatidão de nossa vocação será maior, como se uma mesma experiência fosse recomeçada, não somente pela mesma pessoa, mas por várias (HALBWACHS, 1990, p. 25).
As lembranças individuais são influenciadas pela memória coletiva, desse modo, as narrativas seguintes, são frutos de um processo da individualidade humana. Porém, é nítido nas falas do colaborador o qual chamaremos de “Quarto Zagueiro”, confirmam as falas dos demais, expondo que o pesquisado foi um ser humano excepcional em vários sentidos, como um craque dos gramados, também como um ótimo amigo dos seus companheiros de seleção e de clubes amadores, conforme relatado no registro abaixo:
Primeiro é um prazer falar de Jorge Pato e, foi um prazer ter jogado com ele. Jorge Pato, foi um jogador fora da linha. As pessoas podem até pensar que sou nostálgico no momento. Jorge Pato, foi o centroavante mais completo que eu vi jogar, ele puxava a responsabilidade e, quando provocado, para jogar ele dava conta do recado. O que mais chamou minha atenção, foi quando eu estava com a idade entre 19 e 20 anos de idade, um certo dia depois de um treino da seleção, fui levando para um determinado lugar pelos boleiros, eles queriam que eu bebesse. Porém, Jorge pato proibiu, isso marcou muito minha vida. Ele achava que eu não poderia beber e, sim, jogar bola. Nos tempos de hoje ele poderia ser comparado a Neymar entre outros. Joguei no ADJ, Atlanta, Poções, Pirassununga e Teófilo Otoni em Minas Gerais, nenhum dos jogadores que eu joguei, tanto a favor ou contra foi igual a ele. Jorge Pato foi um jogador de alto nível. No intermunicipal de 1984, ele foi o vice-artilheiro do campeonato, naquele ano foram mais de cem seleções disputando aquele certame.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Na narrativa do quarto zagueiro fica evidenciada a sua convicção na qualidade técnica bem como no caráter do atleta (in memoriam). A liderança de Jorge pato, não se resumia unicamente aos seus atributos técnicos, mas que ele tinha preocupação com os mais jovens, isso significa que os sujeitos são constituídos de uma identidade diferente daquelas construídas socialmente. Em todas as narrativas dos colabores desse trabalho, foi unanime a afirmação que Jorge Oliveira “Jorge Pato” foi uma pessoa muito sociável e entrosado com os seus companheiros de futebol.
Um atleta destemido, aguerrido, respeitado e admirado pelos seus adversários. Amado pelos torcedores e dirigentes. Algumas vezes dizemos que somos ingleses ou galeses ou indianos ou jamaicanos. Essas identidades não estão literalmente impressas em nossos genes. Entretanto. Nós efetivamente pensamos nelas como se fossem nossa natureza essencial (HALL, 2006, p. 47).
Dessa forma, a identidade forjada de um homem vai para além das identidades construídas por outros indivíduos. A rigor, se o ambiente social não é determinante, tampouco o indivíduo sairá incólume diante das tramas sociais que ele e outros tecem em seus cotidianos desafiados por questões eventuais ou ordinárias, exigindo tomada de posicionamentos frente as incertezas da vida atravessadas pelos dramas de cunho social e psíquica.
IPIAÚ E O AMADORISMO FUTEBOLÍSTICO: UMA TORCIDA APAIXONADA PELO INTERMUNICIPAL
A torcida da seleção de futebol amadora de Ipiaú ao longo dos anos demostrou toda sua paixão pelo selecionado local, os investimentos financeiros nos clubes que disputavam o campeonato municipal eram generosos. Entre as décadas de 1970 e meados de 1990, foram os momentos mais generosos do futebol local, onde a cidade se sagra tricampeã do intermunicipal nos anos 1972, 1977 e 1998. O Temão e as equipes já citadas, em outro momento do texto, como o Independente Esporte e Cultura e o Ipiaú Esporte Clube, revelaram grandes jogadores para seleções amadoras e para clubes profissionais.
Jorge Santana, foi um atleta de grande potencial futebolístico. Ele também chamou atenção de clubes amadores e profissionais. Na narrativa do colaborador Radialista, é possível verificar problemas com cartolas dificultando a ascensão do atleta para o cenário nacional e quiçá internacional, conforme observado em informações abaixo citadas, prestadas por um dos responsáveis pela vinda de Jorge Pato para Ipiaú, exímio conhecedor da história do futebol ipiauense, cujo denominamos de “Radialista”, relata que:
Diante de toda a sua elegância, maestria dentro de campo, Jorge Pato foi ganhando olhares de times da região e até mesmo do Brasil, ele atuou pela equipe do Fluminense de Feira, atuou poucas partidas pois recebeu propostas do Sergipe e o time de feira não o liberou, por isso, ele saiu e retornou para Ipiaú. Jorge viveu a melhor fase de sua trajetória no futebol de Ipiaú no ano de 1977, ano este que foi campeão por Ipiaú, ano que ficou marcado com a vinda do Flamengo do Rio de Janeiro para enfaixar os campeões amadores de Ipiaú, neste jogo o flamengo venceu o selecionado de Ipiaú por 4×1 e Jorge Pato foi um dos melhores em campo pelo time de Ipiaú, chamando atenção do treinador Joubert que o queria levar para o time carioca.
Fonte: Transcrição de áudio
2022
Na narrativa do colaborador radialista e dos demais supracitados é possível verificar a genialidade do pesquisado. Reconhecidamente, o Brasil é um verdadeiro celeiro de atletas habilidosos e admirados em todos os lugares do mundo onde se pratica o futebol. Sem dúvidas, a presença de jogadores brasileiros atraia a atenção de olheiros e dirigentes internacionais. Porém, é preciso melhorar a gestão das carreiras dos jovens jogadores para que não sejam desperdiçadas por falta de uma maior orientação e acompanhamento sócio psicológico, desde as fases inicias, nas bases dos times e nas escolinhas de futebol.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na ocasião que iniciamos a pesquisa, averiguou-se a importância do futebol no município de Ipiaú, cidade vocacionada pelo futebol amador e profissional. Vale destacar que a cidade também foi sede do Doce[6] Mel Esporte Clube, que foi campeão da Segunda Divisão do Campeonato Baiano nos anos de 1987 e 2019. Porém, é nítido que os interesses pessoais dos dirigentes do futebol amador e profissional, estão acima das demais pessoas como torcedores e atletas. Dessa forma, muito jogadores como Jorge Pato não tiveram seus talentos potencializados devidamente com o acompanhamento de uma equipe multifuncional que trate o atleta de forma holística, abarcando os cuidados para além das quatro linhas do gramado.
Possivelmente, medidas como essa evitariam o desvio no percurso promissor de muitos jovens atletas talentosos que encantaram os torcedores durante certo tempo, mas tiveram suas carreias abreviadas ou sem obter êxito pelos descaminhos das ilusões e vícios que os levaram a abreviarem suas carreiras e vidas dentro e fora dos campos de futebol de Ipiaú e região.
Os objetivos específicos postulados foram respondidos evidenciando a relevância e o legado de “Jorge Pato” para o futebol de Ipiaú e região. O pesquisado ofereceu momentos de alegria para os torcedores mais fanáticos e ávidos de espetáculos produzidos pelo futebol arte. Jorge Paro era um artista da bola, colaborando para que a seleção de Ipiaú cravasse seu nome na história do futebol do interior baiano. Os prognósticos e as hipóteses aos quais chegamos, através das entrevistas semiestruturadas coletadas, se na época da juventude de Jorge Pato, ele fosse melhor assessorado possivelmente ele teria ingressado em equipes de expressão nacional e até internacional, chegado à seleção brasileira, pois essas impressões são constadas nas narrativas dos colaboradores.
Esperamos que futuras gerações de atletas de Ipiaú e região tenham melhores direcionamentos por parte de suas famílias e de cartolas comprometidos com o futebol local e regional. Por fim, esperamos que essa pesquisa contribua para futuros trabalhos com a temática do futebol, pois devido ao pouco tempo para a pesquisa e pouco espaço nesse artigo, esperamos que outros trabalhos cubram possíveis lacunas deixadas por este estudo.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvo Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro, Pólen. 2019. 264 p. (Feminismo plurais/ coordenação de Djamila Ribeiro).
BORGES, Lize. Mãe solteira não. Mãe solo! Considerações sobre maternidade, conjugalidade e sobrecarga feminina. Revista Direito e Sexualidade n. 1, 2020.
BRASIL. RankingCBF. Vai começar o Maior Campeonato Amador do Mundo: Campeonato Intermunicipal Edinaldo Rodrigues 2023. Dispónível>https://www.rankingcbf.com/post/vai-come%C3%A7ar-o-maior-campeonato-amador-do-mundo-campeonto-intermunicipal-edinaldo-rodrigues-2023. Acesso em: 01 nov. 2024
CASTRO. José A. 2018. Dispónível>https://giroemipiau1.com.br/2018/05/28/gaje-70-anos-e-mais e-300-gols-no/. Acesso em: 20 set. 2024.
COLLINS, Patricia H. Interseccionalidade [recurso eletrônico] / Patricia Hill Collins, Sirma Bilge; tradução Rane Souza. – 1. ed. – São Paulo: Boitempo. Disponível: http://www.ser.puc-rio.br/2_COLLINS. PDF. Acesso eletrônico em: 25 out. 2024
COSTA, Felippe. Álcool e bola: 30 anos após morte de Mané, bebida ainda estraga carreiras. Disponível>https://criminal.mppr.mp.br/arquivos/File/ExecucaoPenal/CONED/Clippings_e_Boletins/2013/18JANEIRO.pdf
HALL, Stuart. Da diáspora identidades e mediações culturais. Belo Horizonte. Ed. UFMG; Brasília, DFUNESCO no Brasil, 2003.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão [et al.] — Campinas: SP Editora da UNICAMP, 1990. (Coleção Repertórios).
MAGALHÃES, Paulo Andrade. Portas do Eden: a poética de José Américo Castro e o imaginário coletivo de Ipiaú. Ipiaú / Salvador. Nós & Vós, 2017, p. 150.
MALTA, Deborah Carvalho. Álcool e Doenças e agravos não transmissíveis: o Monitoramento Da população brasileira segundo inquéritos populacionais. Disponível>http://capacidadeshumanas.org/oichsitev3/wpcontent/uploads/2018/10/06_Alcoolismo-final.pdf. /. PDF. Acesso eletrônico em: 02 ago. 2024.
MOREIRA, Beth. Lucro líquido da Ambev no 2º tri registra crescimento de 4,2% em relação a 2021. Disponível>https://www.cnnbrasil.com.br/business/lucro-liquido-da-ambev-no-2o-tri-registra-crescimento-de-42-em-relacao-a-2021/. Acesso em: 02 out. 2024.
ROCHA, Joallan C. A trajetória da reforma agrária no município de Ipiaú: de Euclides Neto ao MST. Salvador: Semana de Mobilização Científica (SEMOC) – UFBA, 2005.
SCHMULLER, Leonardo G.; SCHMIDT, Leonete Luzia. A vitória na copa do mundo de futebol em 1970 e seu uso pela mídia para enaltecimento do governo na ditadura militar. São Paulo: Cidade Editora, 2020.
[1] Salvador da Matta, Aliança Renovadora Nacional (ARENA) 31 de janeiro de 1971 30 de janeiro de 1973 Prefeito eleito em sufrágio universal. https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_prefeitos_de_Ipia%C3%BA. Acesso 03/12/2022.
[2] Hildebrando Nunes Rezende (1973-1977 e 1983-1988). Líder carismático e populista, natural de Ipiaú, investiu no assistencialismo, eletrificou diversas regiões da zona rural, construiu pontes e estradas e expandiu o bairro da Democracia. Mandou compor o Hino de Ipiaú, fundou o Museu do Lavrador e criou a Secretaria da Cultura, além de construir a Praça do Cinquentenário. Pavimentou a Avenida Getúlio Vargas, Avenida do Contorno, Bairro Euclides Neto e Rua do Honório. Acesso 27/11/2022. https://giroemipiau1.com.br/2012/11/26/os-prefeitos-de-ipiau.
[3] O status de maior campeonato amador do mundo não foi conquistada à toa. O caminho percorrido para o Intermunicipal conseguir um lugar de destaque no esporte mais amado e praticado pelos brasileiros foi árduo. Até aqui, inúmeros craques e atletas de destaques foram revelados como Aldair, Edílson Capetinha, Júnior Nagata, Júnior Baiano, Liédson, Bobô, Charles, Vandick, Washington, César Santos, Jorge Campos, Neto Berola, Pierre, Claudir, entre outros (BRASIL. RankingCBF, 2023).
[4] O Independente Esporte e Cultura foi uma agremiação do Município de Ipiaú (BA). Fundado no dia 19 de agosto de 1949, por um grupo de jovens sob a liderança de Álvaro Martins. O rubro-negro ipiauense se tornou o bicho papão do interior da Bahia nas décadas de 1960 quando acumulou inúmeros títulos e reuniu grandes atletas. Sua estrutura assemelhava-se às dos clubes profissionais e sua maneira de jogar era tão harmoniosa que chegou a ser comparada a uma orquestra. Publicado em 04/09/2016 Sérgio Mello, https://historiadofutebol.com/blog/?p=94069. Acesso em: 01 set. 2024.
[5] O Campeonato Baiano Intermunicipal de Futebol é uma competição realizada na Bahia que com equipes de diversos municípios do estado. Disputada desde 1946, é uma das maiores competições amadoras de futebol do mundo [carece de fontes] e é organizada pela Federação Baiana de Futebol. O Campeonato Baiano Intermunicipal de Futebol é uma competição realizada na Bahia que com equipes de diversos municípios do estado. Disputada desde 1946, é uma das maiores competições amadoras de futebol do mundo [carece de fontes] e é organizada pela Federação Baiana de Futebol. Acesso em: 02 ago. 2024.
[6] Em 2019, se sagrou bicampeão da Segunda Divisão Baiana ao vencer o Olímpia de Lauro de Freitas, por 3 a 0 no jogo de volta após derrota na ida por 2 a 1. Com o título, garantiu vaga no Campeonato Baiano de 2020, estreando com o novo nome. Em fevereiro de 2021, confirmou a mudança de sede, se estabelecendo em Cruz das Almas, passando a jogar no Estádio Barbosão até 2024, devido o Estádio Pedro Caetano, em Ipiaú, estar em reforma, mas com atrasos, não pôde ser utilizado. https://pt.wikipedia.org/wiki/Doce_Mel_Esporte_Clube. Acesso em: 01 set. 2024.
[1] Especialista em Gênero, Raça e Sexualidade pela UNEB/UNEAD/UAB, polo de Valença-BA, Graduado em História pela UNEB/UNEAD/UAB, polo de Ipiaú-BA. E-mail: samioipiau@hotmail.com. Orcid id: 0009-0008-9933-7485.
[2] Mestre em História pela Universidade do Estado da Bahia, Campus II – Alagoinhas. Professor do Complexo Integrado de Educação em Ipiaú. E-mail: professoralbione@yahoo.com.br. Orcid id: 0009-0003-2762-5799.
[3] Graduado em História pela UNEB/UNEAD/UAB, polo de Ipiaú-BA. E-mail: afdossantos@hotmail.com. Orcid id: 0009-0003-4515-6834.
[4] Mestre em Relações Étnicas e Contemporaneidade – PPGREC/UESB. Esp. em História e Cultura Afro brasileira e em Educação no/do Campo. Graduado em História e em Pedagogia. Professor do Colégio Estadual Luiz Navarro de Brito. Pesquisador do GEPER/CNPq. pnogueirasilva@yahoo.com.br. Orcid id: 0000-0002-1084-5774.
[5] Doutora em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia–UNEB. Professora de História do Ensino Fundamental e Ensino Médio do Liceu Salesiano. Professora Formadora da Universidade Aberta do Brasil – UAB/UNEAD/UNEB. Membro do Grupo Gestor do Fórum Baiano de Educação Infantil (FBEl) e Membro do Grupo de Pesquisa FECOM – UNEB. E-mail: heloisaheroi@gmail.com. Orcid id: 0009-0002-3681-202X