REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202412052313
Carlos Augusto Gomes Neto Rebeschini1
RESUMO
Introdução: A apendicite aguda (AA) é uma das causas mais frequentes de abdômen agudo, afetando principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens. Com uma prevalência de cerca de 7% ao longo da vida, uma condição pode evoluir para complicações graves, como perfuração e peritonite. Embora sua frequência tenha diminuído nas últimas décadas, as causas dessa redução não são totalmente compreendidas. Objetivo: Analisar as opções terapêuticas disponíveis para o manejo da apendicite aguda. Metodologia: Esta pesquisa é uma revisão narrativa da literatura, utilizando a estratégia PICO. A busca foi realizada em bases científicas como PubMed, LILACS e SciELO, selecionando artigos originais, estudos de coorte, ensaios clínicos e relatos de casos publicados sem recorte temporal. Resultados e Discussão: O tratamento da apendicite aguda envolve tanto cirurgias quanto conservadoras. A apendicectomia, realizada preferencialmente em até 24 horas após a internação, é a abordagem mais comum, mas em casos de inflamação grave, a terapia conservadora com antibióticos pode ser utilizada. A tomografia computadorizada e a ultrassonografia são essenciais para o diagnóstico precoce e para o acompanhamento das complicações. Embora a apendicectomia seja frequentemente indicada, o tratamento conservador pode ser eficaz em alguns casos, com acompanhamento rigoroso. Conclusão: O tratamento da apendicite aguda requer diagnóstico precoce e intervenção rápida. O acompanhamento contínuo é fundamental para evitar complicações e melhorar o prognóstico a longo prazo.
Palavras-chave: Apendicite; Cirurgia Geral; Apendicectomia; Tratamento Conservador.
ABSTRACT
Introduction: Acute appendicitis (AA) is one of the most frequent causes of acute abdomen, mainly affecting children, adolescents and young adults. With a lifetime prevalence of around 7%, the condition can develop into serious complications such as perforation and peritonitis. Although its frequency has decreased in recent decades, the causes of this reduction are not fully understood. Objective: We aim to analyze the therapeutic options available for the management of acute appendicitis. Methodology: This research is a narrative review of the literature, using the PICO strategy. The search was carried out in scientific databases such as PubMed, LILACS and SciELO, selecting original articles, cohort studies, clinical trials and case reports published without time clipping. Results and discussion: The treatment of acute appendicitis involves both surgery and conservative therapy. Appendectomy, preferably performed within 24 hours of hospitalization, is the most common approach, but in cases of severe inflammation, conservative therapy with antibiotics can be used. Computed tomography and ultrasound are essential for early diagnosis and for monitoring complications. Although appendectomy is often indicated, conservative treatment can be effective in some cases, with close monitoring. Conclusion: The treatment of acute appendicitis requires early diagnosis and rapid intervention. Continuous follow-up is essential to avoid complications and improve the long-term prognosis.
Keywords: Appendicitis; General Surgery; Appendectomy; Conservative Treatment.
INTRODUÇÃO
A apendicite aguda (AA) é a principal responsável pelo quadro de abdômen agudo em crianças, adolescentes e adultos jovens, com maior prevalência nas segundas e terceiras décadas de vida. A probabilidade de uma pessoa desenvolver essa condição ao longo de sua vida é de cerca de 7%. Sua frequência diminuiu nas últimas décadas, mas os motivos para essa redução ainda não foram totalmente compreendidos, sendo sugeridas como possíveis causas como alterações nos hábitos alimentares, modificações na microbiota intestinal, avanços na nutrição, maior consumo de vitaminas, entre outros fatores (Franzon et al., 2009).
A AA é a condição cirúrgica mais frequente, e sua evolução pode levar à perfuração do apêndice, resultando em peritonite ou em um bloqueio epiplóico-visceral. Essas complicações são conhecidas como massas inflamatórias apendiculares (MIA), que representam cerca de 3% dos casos. O tratamento pode incluir opções cirúrgicas ou conservadoras, como o uso de antibióticos e drenagem percutânea, podendo ser seguido por apendicectomia eletiva. A abordagem conservadora foi introduzida por Bailey em 1902, em situações que demandavam adiamento da cirurgia. Atualmente, é uma estratégia válida para evitar procedimentos em ambientes com inflamação severa. Porém, sem a realização de apendicectomia, é necessário o acompanhamento contínuo dos pacientes para avaliar a necessidade de uma intervenção posterior (Mansilla et al., 2023).
Sendo assim, a investigação do impacto da apendicite aguda na saúde geral e suas implicações para o tratamento e recuperação dos pacientes é de grande relevância. O objetivo deste estudo é analisar as opções terapêuticas disponíveis, comparar os métodos de tratamento conservador e cirúrgico, e destacar a importância de um acompanhamento adequado para a prevenção de complicações a longo prazo.
METODOLOGIA
O presente estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura sobre o manejo clínico e cirúrgico da apendicite aguda. Para a formulação da questão central, foi aplicada a estratégia PICO. A pergunta principal do estudo foi: “Quais são os principais métodos de manejo clínico e cirúrgico da apendicite aguda?”
A utilização da estratégia PICO foi a seguinte: P (População/Problema): Pacientes diagnosticados com apendicite aguda; I (Intervenção): Abordagens clínicas e cirúrgicas (como uso de antibióticos e apendicectomia); C (Comparação): Diferentes estratégias de tratamento; O (Desfecho): Resultados clínicos, como resolução dos sintomas, complicações e taxas de recidiva.
Para a coleta de dados, foi realizada uma busca bibliográfica em bases de dados científicas, incluindo PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO).
Foram utilizados Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/MeSH), como “Apendicite”, “Cirurgia Geral”, “Apendicectomia” e “Tratamento Conservador”, intercalados pelo operador booleano “AND”.
Os critérios de inclusão foram definidos como: artigos originais, estudos de coorte, ensaios clínicos randomizados e relatos de casos, sem recorte temporal, nos idiomas português, espanhol ou inglês. Foram excluídos artigos incompletos, publicações que não abordavam diretamente o objetivo do estudo, pesquisas fora do período determinado e aquelas que incluíam pacientes com outras condições clínicas que poderiam influenciar os resultados, como doenças inflamatórias intestinais.
A revisão narrativa realizada não requer submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), pois este tipo de estudo não envolve a coleta de dados primários ou a realização de experimentos com seres humanos, mas sim a análise e síntese de informações previamente publicadas. Por ser uma pesquisa baseada em fontes secundárias acessíveis publicamente, não há implicações éticas diretas, isentando, assim, a necessidade de aprovação formal pelo CEP.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tratamento da AA envolve tanto abordagem clínica quanto cirúrgica. Inicialmente, a administração de antibióticos é comum, juntamente com exames laboratoriais e de imagem para confirmação do diagnóstico. O hemograma pode revelar leucocitose, sendo a análise diferencial útil para identificar possíveis complicações, como a perfuração. A ultrassonografia abdominal é o exame mais frequentemente utilizado para confirmar o diagnóstico, enquanto a tomografia computadorizada é reservada para casos específicos. A apendicectomia é realizada preferencialmente dentro de 24 horas após a internação. Além disso, o uso de antibióticos é comum, sendo mais frequente nas fases avançadas da inflamação, embora também seja iniciado precocemente em alguns casos (Franzon et al., 2009).
Além disso, a terapêutica envolve tanto abordagens clínicas quanto cirúrgicas, sendo o diagnóstico frequentemente confirmado por tomografia computadorizada (TC), especialmente em casos com sinais e sintomas não típicos ou complicações. O manejo conservador pode ser eficaz, mas, quando ocorrem complicações como abscessos ou episódios recorrentes, a apendicectomia (EA) se torna necessária. A cirurgia também é indicada quando há suspeita de neoplasias apendiculares, mais comuns em pacientes idosos. A TC desempenha um papel importante no acompanhamento de pacientes após tratamento conservador, ajudando a monitorar possíveis complicações. Apesar de a apendicectomia ser uma opção em alguns casos, não há consenso sobre sua realização rotineira. O seguimento a longo prazo é fundamental para detectar precocemente doenças subjacentes e evitar diagnósticos tardios (Mansilla et al., 2023).
Portanto, o tratamento da AA focado em diagnóstico rápido e apendicectomia de urgência, com o objetivo de prevenir complicações graves como perfuração ou abscesso. A abordagem cirúrgica pode ser realizada por laparotomia ou laparoscopia, conforme o caso (Snyder; Guthrie; Cagle, 2018). O prognóstico dos pacientes está relacionado ao tempo entre o início dos sintomas e a busca por atendimento médico, ao estágio da apendicite e à idade do paciente. Quanto mais tardio o diagnóstico e mais avançado o estágio da doença, maior o risco de complicações e maior o tempo de internação. Pacientes mais velhos tendem a ter um prognóstico pior, devido ao aumento das comorbidades e à possibilidade de diagnóstico mais tardio (Gutierrez et al., 2020).
CONCLUSÃO
O tratamento da apendicite aguda envolve uma abordagem combinada, com foco na intervenção rápida para prevenir complicações graves. A apendicectomia é a opção principal, mas, em alguns casos, pode ser considerada uma abordagem conservadora, especialmente quando há complicações leves. O diagnóstico precoce, apoiado por exames de imagem e o uso adequado de antibióticos, são fatores chave para o sucesso terapêutico.
Apesar dos avanços, existem limitações, como falta de um consenso claro sobre a escolha do tratamento em situações mais complexas. O prognóstico ainda depende de vários fatores, incluindo a idade e a presença de comorbidades. Pesquisas futuras podem se concentrar em melhorar as diretrizes para o manejo da apendicite, refinando os critérios para intervenções conservadoras e cirúrgicas, além de explorar novas abordagens terapêuticas.
REFERÊNCIAS
FRANZON, Orli et al. Apendicite aguda: análise institucional no manejo peri-operatório. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 22, p. 72-75, 2009.
GUTIERREZ, Marcel et al. Appendectomy: prognostic factors in the brazilian unified health system. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 66, n. 11, p. 1493-1497, 2020.
MANSILLA, Sofía et al. Apendicetomía electiva: caso clínico y revisión de la bibliografía. Revista Cirugía del Uruguay, v. 7, n. 1, 2023.
SNYDER, Matthew J.; GUTHRIE, Marjorie; CAGLE, Stephen. Acute appendicitis: efficient diagnosis and management. American family physician, v. 98, n. 1, p. 25-33, 2018.
1Graduado em Medicina pela Faculdade São Leopoldo Mandic, São Paulo.
E-mail: carlos.g.rebeschini@gmail.com