THE ROLE OF NURSING IN TODAY’S TUBERCULOSIS SITUATION: INTEGRATIVE REVIEW
EL PAPEL DE LA ENFERMERÍA EN LA SITUACIÓN ACTUAL DE LA TUBERCULOSIS: REVISIÓN INTEGRADORA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412051102
Aline Sousa Figueredo
Ariadna Luz dos Santos
Lucilene Sousa Pereira
Naomi Dafine Bispo Rodrigues
RESUMO
Este trabalho aborda o papel da enfermagem no controle da tuberculose na atualidade, analisando os desafios enfrentados pelos profissionais e as estratégias empregadas para prevenção e manejo da doença. O problema de pesquisa foi delimitado na questão: “Qual é o papel da enfermagem no controle da tuberculose no Brasil e no mundo, considerando os desafios atuais na atenção primária à saúde?”. O objetivo geral é investigar como a atuação dos enfermeiros contribui para o controle da tuberculose, com foco na atenção primária por meio de uma revisão integrativa de leitura. Os objetivos específicos incluem: identificar os desafios enfrentados pela enfermagem no manejo da doença, destacar as práticas mais eficazes na prevenção e no tratamento, e propor estratégias para a melhoria da assistência e adesão ao tratamento. Para atingir esses objetivos, foi utilizada uma metodologia de revisão integrativa, fundamentada em produções científicas publicadas entre 2019 e 2024, disponíveis nas bases Google Acadêmico, MEDLINE e SciELO Brasil. Essa abordagem incluiu uma análise sistemática e abrangente, evidenciando a importância dos enfermeiros na educação em saúde, na gestão do cuidado e no enfrentamento das desigualdades que comprometem o controle da tuberculose.
Palavras-chave : enfermagem. tuberculose. atenção primária à saúde.
ABSTRACT
This study addresses the role of nursing in tuberculosis control in the current context, analyzing the challenges faced by professionals and the strategies employed for disease prevention and management. The research problem was delimited in the question: “What is the role of nursing in tuberculosis control in Brazil and worldwide, considering the current challenges in primary healthcare?”. The general aim of this study is to explore the role of nurses in tuberculosis control within the context of primary care. This will be achieved through a comprehensive integrative literature review. Specific objectives include: identifying the challenges faced by nursing in managing the disease, highlighting the most effective practices in prevention and treatment, and proposing strategies to improve care and adherence to treatment. To achieve these objectives, an integrative review methodology was used, based on scientific publications published between 2019 and 2024, available in the Google Scholar, MEDLINE, and SciELO Brasil databases. This approach included a systematic and comprehensive analysis, highlighting the importance of nurses in health education, care management, and addressing the inequalities that compromise tuberculosis control.
Keywords: nursing. tuberculosis. primary healthcare.
RESUMEN
Este estudio aborda el papel fundamental de la enfermería en el control de la tuberculosis en la actualidad, analizando los desafíos que enfrentan los profesionales y las estrategias implementadas para prevenir y manejar esta enfermedad. El problema de investigación se delimitó a través de la siguiente pregunta: “¿Cuál es el papel de la enfermería en el control de la tuberculosis en Brasil y a nivel mundial, considerando los desafíos actuales en la atención primaria de salud?”. El objetivo general es investigar cómo la práctica de los enfermeros contribuye al control de la tuberculosis, con un enfoque especial en la atención primaria a través de una revisión integrativa de lectura. Los objetivos específicos incluyen: identificar los desafíos que enfrenta la enfermería en el manejo de la enfermedad, destacar las prácticas más efectivas en prevención y tratamiento, y proponer estrategias para mejorar la atención y la adherencia al tratamiento. Para alcanzar estos objetivos, se empleó una metodología de revisión integrativa, basada en publicaciones científicas indexadas entre 2019 y 2024, disponibles en las bases de datos Google Académico, MEDLINE y SciELO Brasil. Este enfoque incluyó un análisis sistemático y exhaustivo, resaltando la importancia de los enfermeros en la educación para la salud, la gestión de la atención y en abordar las desigualdades que comprometen el control de la tuberculosis.
Palabras clave: enfermería, tuberculosis, atención primaria de salud.
1. INTRODUÇÃO
A tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. A relevância desse tema é reforçada pelas altas taxas de incidência e mortalidade, que desafiam constantemente os sistemas de saúde. Essa preocupação torna-se ainda mais evidente no contexto atual, em que fatores como desigualdades sociais, dificuldades no acesso aos serviços de saúde e a resistência aos medicamentos impactam diretamente o controle da doença. (Araújo et al., 2022).
A atuação dos profissionais de saúde, em especial dos enfermeiros, é fundamental para enfrentar esses desafios. Contudo, a rotina extenuante desses trabalhadores, muitas vezes marcada por jornadas longas e recursos escassos, evidencia a necessidade urgente de estratégias integradas que promovam um cuidado mais eficaz e humanizado. Esse cenário não se restringe apenas à assistência direta ao paciente, mas inclui também ações educativas e preventivas que são essenciais para a redução da propagação da tuberculose. (Ferreira et al., 2021).
De acordo com Pereira et al. (2024), no Brasil, a Estratégia Saúde da Família e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose desempenham um papel crucial na articulação de políticas públicas externas para o combate à doença. No entanto, a eficácia dessas ações depende diretamente da capacitação e do engajamento dos profissionais envolvidos, bem como do suporte institucional necessário para superar barreiras estruturais e sociais.
Além disso, a pandemia de COVID-19 intensificou os desafios no controle da tuberculose, diminuindo a detecção de novos casos e agravando as dificuldades de acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Esse cenário destacou ainda mais a vulnerabilidade dos profissionais de saúde, que enfrentam não apenas o aumento da carga de trabalho, mas também expõem os riscos de contaminação e a pressão psicológica decorrente dessas condições adversas. (Reis et al., 2024).
Diante desse panorama, o presente estudo busca investigar de forma específica o papel da enfermagem no controle da tuberculose, com foco nas ações desempenhadas na atenção primária à saúde. Os objetivos incluem identificar os desafios enfrentados pelos enfermeiros, analisar as práticas mais eficazes no manejo da doença e propor estratégias que possam melhorar a qualidade da assistência e a adesão ao tratamento.
A relevância deste estudo justifica-se pela necessidade de compreender os aspectos que influenciam o controle da tuberculose no Brasil, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas institucionais mais eficazes. A análise das condições de trabalho, dos desafios enfrentados e das estratégias adotadas visa contribuir para a promoção de um sistema de saúde mais equitativo e resiliente.
Em relação à estrutura, a primeira seção deste trabalho aborda os aspectos epidemiológicos e clínicos da tuberculose, destacando os fatores de risco e dificuldades no diagnóstico e tratamento. A segunda seção explora a atuação da enfermagem na atenção primária, focando nas ações educativas e gerenciais desempenhadas por esses profissionais. Por fim, a terceira seção analisa as políticas e estratégias institucionais inovadoras, propondo melhorias com base nas necessidades específicas.
Para tanto, o objetivo geral é investigar como a atuação dos enfermeiros contribui para o controle da tuberculose, com foco na atenção primária por meio de uma revisão integrativa de leitura. Para isso, serão analisadas práticas assistenciais, desafios enfrentados e estratégias inovadoras por esses profissionais no manejo da doença.
Com isso, espera-se que este estudo contribua para uma compreensão mais ampla e aprofundada do controle da tuberculose, reforçando a importância da valorização e do suporte aos profissionais de saúde e promovendo a eficiência e a sustentabilidade do sistema de saúde.
2. METODOLOGIA
A Metodologia Científica é importante para que os artigos sigam normas, padrões e boas práticas. Por meio da metodologia também as investigações ou estudos podem ser classificados. O presente estudo é de revisão bibliográfica (Snyder, 2019; Pereira et al., 2018; Gil, 2017) Este estudo consiste em uma revisão integrativa (Mattos, 2015; Crossetti, 2012; Botelho, Cunha & Macedo, 2011) de caráter exploratório (Lakatos & Marconi, 2021; Creswell, Silva & Rosa, 2014), fundamentada em produções científicas acessíveis nas bases de dados Google Acadêmico, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e SciELO Brasil (SciELO).
A revisão integrativa possibilita uma análise abrangente e sistemática do tema, sintetizando os resultados das investigações anteriores para identificar padrões e lacunas na literatura. Para conduzir a pesquisa, foi seguido um processo metodológico em seis etapas: formulação da questão de pesquisa, busca e seleção de artigos aplicando critérios específicos de inclusão e exclusão, proteção de dados relevantes, avaliação crítica da qualidade dos estudos selecionados, análises e interpretação dos estudos resultados e apresentação final das descobertas.
A pesquisa foi orientada pela estratégia PICo, sendo “P” a população ou problema treinado — enfermeiros e o enfrentamento da tuberculose; “I” o interesse — o papel da enfermagem na assistência e controle da doença; e “Co” o contexto — estudos nacionais e internacionais que abordam a temática da tuberculose e os desafios da atenção primária à saúde. A pergunta norteadora foi: Qual é o papel da enfermagem no controle da tuberculose no Brasil e no mundo, considerando os desafios atuais na atenção primária à saúde?
Os critérios de inclusão foram: estudos publicados entre 2019 e 2024, disponíveis integralmente e de acesso gratuito, nos idiomas português, inglês ou espanhol, que abordam diretamente a atuação da enfermagem no controle da tuberculose. A coleta de dados foi realizada em outubro de 2024, com uma pré-seleção baseada na leitura de títulos e resumos. Apenas os estudos que atenderam aos critérios de inclusão foram lidos integralmente para garantir sua relevância ao objetivo da pesquisa. Os descritores utilizados foram “Enfermagem”, “Tuberculose” e “Atenção Primária”, combinados pelos operadores booleanos “AND” e “OR”.
Para tanto, os artigos selecionados foram organizados em quadros informativos contendo detalhes como título, objetivo, resultados, autores e ano de publicação. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva, permitindo identificar padrões e categorizar os achados em temas como ações de enfermagem no controle da tuberculose, desafios na atenção primária e estratégias de prevenção e tratamento.
3. RESULTADOS
A coleta inicial de dados descobriu a identificação de um total de 543 publicações que eram potencialmente relevantes para a realização deste estudo. No entanto, ao aplicar os critérios de inclusão previamente estabelecidos, 459 dessas publicações foram descartadas por não atenderem aos requisitos específicos definidos.
Além disso, 37 estudos foram excluídos devido à duplicação de informações, o que comprometeria a originalidade e a validade dos dados. Outros 47 artigos foram excluídos porque alguns links eram inativos ou se tornaram inacessíveis para consulta gratuita.
Após uma avaliação detalhada e criteriosa, apenas 08 artigos atenderam plenamente aos critérios estabelecidos para a seleção. Para fornecer uma compreensão mais clara e visual do processo de seleção dos artigos, foi desenvolvido o fluxograma a seguir (Figura 1), que ilustra todas as etapas dessa análise.
Figura 1: Tabela referente à seleção dos artigos pesquisados.
Conforme ilustrado na Figura 1, após a análise inicial, foram escolhidos doze estudos para compor a pesquisa. Desses estudos, cinco foram indexados na base de dados do Google Acadêmico, enquanto outros três foram encontrados nas bases MEDLINE e SCIELO, respectivamente. Para facilitar a identificação e o detalhamento dos estudos selecionados, foi elaborado o Quadro 1.
Quadro 1: Estudos selecionados considerando título, autores, ano, periódico, título e periódico.
N° Identif.. | Título | Autor/Ano | Periódico |
1 | O papel do enfermeiro frente ao controle da tuberculose. | Araújo, A.T.M. 2022 | Faculdade Pitágoras |
2 | Potencial de atuação do enfermeiro no enfrentamento do tratamento da tuberculose na estratégia de saúde da família. | Ferreira, B.C.A. et al. 2021 | Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento. |
3 | Tuberculose pulmonar e desafios associados ao seu diagnóstico e tratamento em jovens e adultos. | Pereira, P.S. et al. 2024 | Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento |
4 | Atuação do enfermeiro no controle da tuberculose pulmonar na saúde primária no Amazonas: revisão de literatura. | Reis, L.T. 2024 | Brazilian Journal of Health Review |
5 | Percepções de enfermeiros sobre gestão do cuidado e seus fatores intervenientes para o controle da tuberculose. | Rodrigues, I.L.A. et al. 2022 | Esc Anna Nery |
6 | Cuidados ao paciente com tuberculose: atualidades e reflexões. | Silva, I.B.N. et al. 2024 | Revista Contemporânea |
7 | A gestão da tuberculose e a enfermagem de saúde pública: da especialidade à mestria. | Sousa, S.B.S. 2022 | Universidade Católica Portuguesa |
8 | Atuação do enfermeiro ao paciente com tuberculose na atenção básica. | Xavier, I.D. 2019 | Centro Universitário Atenas |
Fonte: Autoria própria, 2024.
No quadro apresentado, observa-se que os estudos desenvolvidos foram publicados ao longo do período de 2019 a 2024. Entre esses, foram definidas três publicações do ano de 2022, três do ano de 2024, uma de 2021 e uma de 2019. No que se refere aos veículos de publicação, a maior parte dos estudos foi veiculada em periódicos especializados na área de enfermagem, além de revistas científicas de caráter multidisciplinar, com ênfase nas publicações específicas para a saúde.
O Quadro 2 traz uma descrição detalhada do tipo de estudo, dos objetivos e dos principais resultados dos artigos que compõem a amostra desta pesquisa, proporcionando uma visão abrangente dos achados mais significativos.
Quadro 2: Distribuição e organização dos estudos selecionados considerando tipo de estudo, objetivo e principais achados
N° Identif.. | Tipo de estudo | Objetivo | Principais Achados |
1 | revisão de literatura. | destacar a atuação da enfermagem no controle da tuberculose e sua perspectiva na atenção primária | É fundamental o envolvimento do enfermeiro na gestão, assistência e supervisão das equipes, garantindo o manejo adequado do caso clínico e a integração entre os níveis de cuidado. |
2 | pesquisa descritiva | Analisar o enfrentamento do enfermeiro no tratamento da tuberculose. | O cuidado prestado pelo enfermeiro no cuidado prestado às pessoas com diagnóstico de tuberculose é essencial.. |
3 | pesquisa bibliográfica. | destacar os desafios associados ao diagnóstico e tratamento da tuberculose pulmonar entre jovens e adultos. | As abordagens integradas e multidisciplinares, juntamente com conscientização, acesso facilitado aos serviços de saúde, pesquisa contínua e políticas públicas eficazes, são essenciais para enfrentar os desafios associados a esta doença. |
4 | revisão integrativa da literatura. | analisar a atuação do enfermeiro no controle da tuberculose pulmonar na saúde primária no Amazonas | O controle eficaz da tuberculose pulmonar depende da atuação proativa dos enfermeiros na saúde primária. |
5 | Estudo descritivo. | Analisar as percepções de enfermeiros sobre gestão do cuidado e seus fatores intervenientes para o controle da tuberculose na Atenção Primária em Saúde. | O conhecimento dos enfermeiros sobre a política e a gestão do cuidado no controle da tuberculose precisa ser fortalecido. |
6 | pesquisa bibliográfica. | contextualizar e refletir, acerca de vertentes sobre o cuidado ao paciente com tuberculose. | O cuidado ao paciente com tuberculose é multiprofissional, pois é preciso profissionais engajados em alcançar a cura da doença, junto ao paciente.. |
7 | Pesquisa de campo | Analisar a gestão da tuberculose na saúde pública, sobretudo, na enfermagem. | alcançou-se sucesso no empoderamento comunitário do ACeS para a vigilância da tuberculose e no desenvolvimento de competências para o mestrado em Enfermagem. |
8 | Revisão integrativa da literatura | descrever a atuação do enfermeiro da Atenção Básica junto ao paciente portador da Tuberculose. | Este estudo apresenta estratégias para prevenir e controlar a Tuberculose, destacando ações educativas, controle de contatos e campanhas de vacinação. |
Fonte: Autoria própria, 2024.
4. Discussões
4.1 Aspectos clínicos gerais e epidemiológicos da tuberculose
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa grave, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (também chamada de Mtb), que não afeta apenas seres humanos, mas também outros mamíferos. Classificada como um dos maiores desafios da saúde pública mundial, a tuberculose permanece como uma doença de alta incidência, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) . Pessoas que vivem com o HIV, fumantes, indivíduos com desnutrição, portadores de diabetes ou doenças crônicas possuem maior suscetibilidade para desenvolver a infecção, devido à vulnerabilidade de seus sistemas imunológicos. ((Araújo, 2022).
Essa enfermidade é atualmente uma doença infecciosa que mais provoca óbitos entre adultos e adolescentes em todo o planeta, superando outras condições como o HIV. A tuberculose é especialmente prevalente em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde representa uma questão alarmante de saúde pública. Dados da OMS indicam que a tuberculose não é um problema restrito ao Brasil, mas sim um desafio enfrentado por diversas nações. Em 2016, por exemplo, estima-se que 10,4 milhões de pessoas ao redor do mundo tenham adoecido devido à tuberculose, com aproximadamente 1,3 milhão de mortes atribuídas diretamente à enfermidade. (Ferreira et al. 2021).
Araújo (2022) expõe em seu artigo que o Brasil está listado entre os 30 países com maior carga de tuberculose no mundo. No ano de 2020, foram notificados cerca de 66,8 mil novos casos. Apesar disso, a incidência naquele ano foi de 31,6 casos por 100 mil habitantes, inferior ao índice de 37,4 por 100 mil registrados em 2019.
Essa redução inesperada pode ser parcialmente explicada pelos efeitos da pandemia de COVID-19, que impactou a detecção e notificação de novos casos. Com o objetivo de erradicar a tuberculose como um problema significativo de saúde, foi implementado em 2017 o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose, que estabelece metas ambiciosas, como reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e alcançar um índice de mortalidade inferior a 1 morte por 100 mil habitantes até o ano de 2035. (Sousa, 2022).
Segundo Ferreira et al. (2021), historicamente, a tuberculose já foi conhecida por outros nomes, como “tísica” e “peste branca”. No século XIX, tornou-se famosa por causar uma verdadeira epidemia, com milhares de mortes em todo o mundo. A bactéria causadora da tuberculose, chamada de Bacilo de Koch (BK) , foi identificada em 1882 pelo cientista alemão Robert Koch. O BK é a principal espécie do complexo Mycobacterium tuberculosis, que inclui outras seis bactérias também capazes de provocar infecções. Embora a forma mais comum da doença seja a tuberculose pulmonar, existem outras manifestações extrapulmonares, que podem afetar diferentes órgãos e sistemas do corpo humano, tornando o diagnóstico e o tratamento ainda mais desafiadores.
Rodrigues et al. (2022) explica que a transmissão da tuberculose pulmonar ocorre principalmente através de aerossóis. Essas minúsculas gotículas são liberadas no ar por indivíduos infectados, conhecidos como bacilíferos, durante a tosse, fala ou espirro. Quando inaladas por uma pessoa saudável, as partículas podem transportar o bacilo até os pulmões, iniciando o processo de infecção. Os bacilíferos são caracterizados pela presença do bacilo no escarro, detectado por meio da baciloscopia direta, que é o método de diagnóstico mais amplamente utilizado. A técnica consiste na pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) no material coletado do paciente, sendo uma ferramenta essencial para o controle e o manejo da doença.
Segundo Araújo (2022), a baciloscopia do escarro, que é uma das principais ferramentas para o diagnóstico da tuberculose pulmonar, apresenta uma capacidade de detecção que varia entre 60% e 80% dos casos em adultos, desde que seja realizada corretamente. No entanto, em crianças, esse percentual é um pouco menor, dado que a coleta de amostras de boa qualidade é mais difícil.
Os resultados desse exame são expressos em forma de cruzes, representados por +, ++ ou +++, o que indica a carga bacilar encontrada. Paralelamente, outro método diagnóstico amplamente utilizado é a prova tuberculínica, também conhecida como teste de Mantoux. Apesar de sua popularidade, este teste não serve para diagnosticar a tuberculose pulmonar, sendo útil apenas para identificar a infecção latente por tuberculose. (Araújo, 2022).
Xavier (2019) descreve que as manifestações clínicas da tuberculose decorrem, em grande parte, das respostas imunológicas do organismo à infecção pelas micobactérias e aos seus antígenos. Inicialmente, durante a fase primária da doença, ocorre a ativação de neutrófilos, que são rapidamente atraídos para o local da infecção. Posteriormente, esses neutrófilos são substituídos por macrófagos em um prazo de aproximadamente uma semana. Embora esses macrófagos fagocitem e tentem eliminar os microrganismos, a bactéria permanece viável e resistente devido à proteção conferida por seu revestimento seroso.
O processo de infecção tem início quando o bacilo atinge os alvéolos pulmonares. A partir daí, ele pode se disseminar para os nódulos linfáticos por meio da circulação sanguínea, alcançando tecidos e órgãos mais distantes, como rins, intestino delgado, ossos, entre outros. Contudo, nos adultos, a forma pulmonar é a mais comum, sendo responsável por cerca de 90% dos casos, que geralmente iniciam nos pulmões.
Nos casos de uma primeira infecção, as lesões provocadas pela tuberculose podem, em algumas situações, retornar espontaneamente, graças à absorção do processo inflamatório, à formação de fibrose e às calcificações das áreas afetadas. Entretanto, em outros casos, há a possibilidade de reativação dos focos primários, levando a ocorrências como a caseificação progressiva (necrose tecidual) e a cavernização, características da tuberculose crônica. Essa progressão é mais comum em indivíduos que convivem com portadores de tuberculose bacilífera, o que aumenta o risco de exposição contínua ao bacilo. (Xavier, 2019).
De acordo com Sousa (2022), na tuberculose pulmonar, a maioria dos casos é assintomática ou apresenta sintomas um pouco específicos, como anorexia, fadiga e irritabilidade. Por vezes, os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos de resfriados e gripes, incluindo febres, tosse seca, sudorese noturna e perda de peso. Geralmente, a tuberculose ativa se manifesta após anos de infecção, sendo desencadeada por situações que provocam baixa imunidade.
No diagnóstico da tuberculose pulmonar, a radiografia de proteção desempenha um papel fundamental, sendo indicada tanto para a avaliação inicial quanto para o acompanhamento da evolução da doença. Este exame deve ser solicitado a todos os pacientes que apresentem suspeitas clínicas de tuberculose pulmonar. Além disso, o diagnóstico clínico baseia-se nos sinais e sintomas mais frequentes da doença. Qualquer paciente com sintomas respiratórios, como secos ou produtivos, persistindo por três semanas ou mais, deve ser investigado minuciosamente. (Ferreira et al. 2021).
Embora a tuberculose tenha cura, o sucesso do tratamento depende de vários fatores. O esquema terapêutico convencional possui uma duração de seis meses, dividida em duas fases: a fase intensiva, que dura dois meses e inclui o uso dos medicamentos rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, e a fase de manutenção, que se estende por mais quatro meses e utiliza apenas rifampicina e isoniazida. (Reis, 2024).
Contudo, o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, por si só, não garante a adesão eficaz ao regime terapêutico nem a cura completa da doença. Muitos desafios ainda precisam ser superados, incluindo o preconceito em relação à tuberculose, a falta de capacitação adequada de profissionais da saúde, a baixa adesão dos pacientes ao tratamento, o desconhecimento sobre a doença por parte de pacientes, familiares e comunidades, bem como a ausência de incentivos financeiros que poderiam melhorar o acompanhamento e o controle da enfermidade.
4.2 O papel da atenção primária e da enfermagem no controle da tuberculose
No Brasil, Pereira et al. (2024) informa ainda que foi implementado o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, em conjunto com a Estratégia de Saúde da Família, com o objetivo de prevenir, combater, diagnosticar precocemente e tratar a tuberculose por meio da atenção primária à saúde. Esses programas, aliados a uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada, desempenham um papel crucial na implementação de ações práticas e no combate à doença.
A eficácia das ações de controle da tuberculose está diretamente vinculada à participação ativa de diversos atores, como profissionais de saúde, governos e comunidades. É essencial que os profissionais de saúde assumam um papel proativo, não apenas na busca ativa de casos de tuberculose em suas respectivas Unidades de Saúde, mas também na capacitação de membros das comunidades, de forma a torná-los aptos a identificar indivíduos suspeitos e encaminhá-los -los para exames diagnósticos. (Silva et al. 2024).
Para que uma assistência de enfermagem seja realmente eficaz e abrangente, independentemente da patologia do paciente, é necessário o uso de métodos que sistematizem e organizem as ações. Nesse contexto, destaca-se a Sistematização da Assistência de Enfermagem, que se apresenta como uma metodologia essencial, embasando teoricamente e cientificamente a prática do cuidar em enfermagem. Esse processo pode ser definido como uma ferramenta metodológica que permite organizar, planejar e executar ações de forma sistemática e estruturada, garantindo uma abordagem eficiente durante o período em que o paciente está sob cuidados de enfermagem. (Silva et al. 2024).
O papel do enfermeiro no enfrentamento da tuberculose abrange a obtenção de uma história clínica completa e a realização de um exame físico detalhado do paciente. A partir das informações obtidas, cabe ao enfermeiro elaborar diagnósticos de enfermagem, prescrever os cuidados necessários e monitorar a evolução clínica e os resultados do tratamento. Esse processo permite que a assistência seja prestada de forma personalizada, atendendo às necessidades específicas de cada paciente e contribuindo significativamente para sua recuperação e melhoria do estado clínico. (Xavier, 2019).
Além disso, Reis (2024) lembra que a assistência de enfermagem deve considerar todas as dimensões da vida do paciente, incluindo aspectos emocionais, psicológicos, familiares, socioeconômicos e culturais. É essencial compreender o contexto em que o paciente está inserido e buscar estratégias que assegurem a adesão ao tratamento de forma contínua e eficaz.
O profissional de enfermagem tem a responsabilidade de oferecer um atendimento integral e individualizado, respeitando cada paciente de forma humanizada. Essa abordagem visa garantir uma assistência de qualidade superior, dúvidas e contribuir diretamente para o sucesso do tratamento. Além disso, o enfermeiro também desempenha um papel gerencial e organizacional, sendo responsável por planejar e coordenar ações que visem minimizar o impacto social da tuberculose e combater a progressão da doença. (Sousa, 2022).
Portanto, a atuação do enfermeiro e da equipe multiprofissional é de extrema relevância na operacionalização do tratamento da tuberculose. Essa importância reforça a necessidade de investimentos em tecnologia e estratégias adequadas para a atenção primária à saúde, visando melhorar ainda mais o alcance e a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.
4.2.1 O papel essencial do enfermeiro no combate à tuberculose
Sousa (2022) explica ainda que as campanhas de controle da tuberculose têm como objetivo principal orientar a população sobre comportamentos essenciais para a recuperação e proteção da saúde, tanto individual quanto coletiva. É importante ressaltar que a tuberculose não está restrita a uma região específica, podendo atingir qualquer população. Assim, como a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, cabe a este garantir sua proteção por meio de políticas sociais e econômicas que promovam a redução da doença e de outros fatores agravantes, garantindo o acesso universal e igualitário a serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde.
Reconhecida como um grave problema de saúde pública em todo o mundo, a tuberculose apresenta alta taxa de transmissão entre pessoas e pode levar ao óbito, tornando o diagnóstico precoce e preciso indispensável. Para isso, é essencial que os profissionais de saúde conheçam os métodos diagnósticos disponíveis, compreendendo suas vantagens e limitações. A escolha do método mais adequado deve considerar fatores como idade do paciente, local de residência, estado do sistema imunológico e outras condições específicas. Um diagnóstico rápido e eficiente permite o início imediato do tratamento, aumentando as chances de cura e diminuindo a propagação da doença. (Rodrigues et al. 2022).
Nesse sentido, o tratamento da tuberculose tem como objetivos principais a cura do paciente e a interrupção da transmissão na comunidade. Para alcançar esses resultados, os medicamentos usados devem ser capazes de reduzir rapidamente a população bacilar no organismo, prevenir o surgimento de resistência durante o tratamento e esterilizar as lesões causadas pela doença, evitando o risco de recidivas. (Xavier, 2019).
Apesar da alta eficácia do esquema terapêutico, que pode atingir até 95%, a efetividade em condições reais varia significativamente, dependendo das situações locais. No Brasil, a taxa média de cura é de aproximadamente 70%, oscilando entre 50% e 90%, conforme a região e as condições de acesso ao tratamento. (Ferreira et al. 2021).
Portanto, o enfrentamento da tuberculose requer uma combinação de diagnósticos precisos, tratamentos adequados e políticas públicas eficazes. Apenas com a integração de esforços entre governos, profissionais de saúde e a sociedade será possível reduzir os impactos sociais e econômicos da doença, promovendo a saúde e o bem-estar da população.
4.2.2 Fatores que Influenciam a Efetividade do Tratamento
A baixa efetividade do tratamento da tuberculose pode ser atribuída a diversos fatores, sendo que um dos mais significativos é a falta de adesão por parte do paciente. Essa falta de adesão pode ocorrer de três maneiras distintas: em primeiro lugar, pelo abandono completo do tratamento, no qual o paciente interrompeu o uso de todos os medicamentos prescritos; em segundo lugar, pelo uso incorreto dos medicamentos, quando o paciente utiliza apenas alguns dos remédios indicados pelo profissional de saúde; e, por fim, pelo uso irregular, quando o paciente toma os medicamentos de forma esporádica, por exemplo, em alguns dias da semana, mas não todos os dias, o que compromete a eficácia do tratamento. (Pereira et al. 2024).
O tratamento da tuberculose, portanto, tem como objetivo principal aliviar os sintomas pulmonares e sistêmicos, além de eliminar de maneira eficaz os bacilos viáveis da doença. Dessa forma, a meta também envolve restaurar a saúde do paciente, para que ele possa retornar rapidamente ao trabalho e à vida familiar, promovendo sua reintegração social e comunitária. (Pereira et al. 2024).
Além disso, Araújo (2022) ainda expõe que é essencial prevenir a propagação da infecção para outras pessoas. Para tanto, uma quimioterapia deve ser administrada de acordo com a prescrição médica, até que a doença esteja completamente controlada. Os esquemas terapêuticos são compostos por múltiplos medicamentos, com a finalidade de erradicar o máximo de microrganismos viáveis no organismo do paciente ou mais rapidamente possível, além de minimizar a possibilidade de surgimento de novas cepas de bacilos resistentes.
Nesse contexto, Ferreira et al. (2021) explica que o enfermeiro desempenha um papel crucial na gestão do tratamento, sendo responsável por avaliar cada paciente individualmente e determinar a melhor forma de administração dos medicamentos. Dependendo da situação, o enfermeiro pode optar por encaminhar o paciente para a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou, alternativamente, organizar o apoio de um Agente Comunitário de Saúde (ACS) que irá acompanhar o paciente durante todo o período do tratamento em sua residência.
Para garantir a adesão ao tratamento, especialmente nos finais de semana ou feriados, um membro da família ou alguém do convívio social do paciente será designado para supervisionar a ingestão diária dos medicamentos. Além disso, durante o tratamento, é necessário que o paciente realize avaliações mensais, nas quais serão monitorados exames como hemograma, perfil hepático, função renal e baciloscopia do escarro, caso o paciente ainda apresente consulta. (Reis, 2024).
Para tanto, de acordo com Rodrigues et al. (2022) a efetividade do tratamento, portanto, também está intimamente ligada a fatores relacionados ao próprio paciente, como idade, presença de comorbidades, estado, nutrição, consumo imunológico excessivo de álcool, adesão ao regime terapêutico e tolerância aos medicamentos. Além disso, aspectos genéticos do paciente podem influenciar, visto que podem afetar a absorção e o metabolismo dos medicamentos, além de determinar a vulnerabilidade a possíveis toxicidades. Em relação ao bacilo causador da doença e à sua apresentação, fatores como a virulência do bacilo, a suscetibilidade da cepa, a extensão radiológica da doença e a presença de cavidades pulmonares são determinantes para o sucesso ou insucesso do tratamento.
Para além disso, a capacitação dos profissionais de saúde é fundamental para o sucesso do planejamento e execução das ações externas à prevenção, promoção e recuperação da saúde da população. Treinamentos adequados são, portanto, essenciais para garantir que os profissionais de atenção primária estejam aptos a identificar precocemente os sinais de tuberculose e, mais importante ainda, para que possam implementar intervenções rápidas e eficazes. Isso, além de contribuir para o tratamento adequado de cada paciente, também favorece a redução das taxas de incidência da doença em uma comunidade, promovendo a saúde coletiva de forma geral. (Rodrigues et al. 2022).
No contexto do trabalho do enfermeiro, são destacadas diversas ações e atividades assistenciais realizadas diretamente com o paciente. No entanto, é importante ressaltar que, para garantir a eficácia do tratamento, deve-se considerar a implementação de capacitação contínua para toda a equipe de saúde. Isso visa promover uma maior adesão ao tratamento e garantir sua continuidade até que o paciente com tuberculose pulmonar (TB) seja curado. Além disso, a implementação de políticas públicas adequadas também é essencial para melhorar a qualificação dos profissionais e fornecer um atendimento de excelência aos usuários.
Para tanto, Silva et al. (2024) descreve ainda que o profissional de enfermagem possui um papel central no cuidado ao paciente com tuberculose, sendo aquele que mantém um contato diário e contínuo, criando um vínculo de confiança mais estreito com o paciente. Esse é fundamental, pois facilita a identificação de novos casos da doença, além de contribuir para a redução do abandono do tratamento, que é o principal fator responsável pela não cura da doença e pelo vínculo ao surgimento de casos multirresistentes.
Portanto, a atuação do enfermeiro é de grande relevância, pois ele desempenha um papel crucial desde o diagnóstico até a cura do paciente, orientando-o sobre a patologia, auxiliando nos exames para diagnóstico e realizando um plano de cuidados específicos para promover uma melhor qualidade de vida.
Dessa forma, é enfático afirmar que o enfermeiro exerce um papel fundamental na atenção à tuberculose em todas as fases do processo, desde a prevenção até o acompanhamento pós-tratamento. A prevenção, por exemplo, inclui a realização de campanhas educativas sobre a tuberculose na comunidade, identificando situações de risco e implementando estratégias preventivas, como programas de vacinação e orientação sobre medidas de higiene respiratória. (Araújo, 2022).
Assim, Pereira et al. (2024) descreve que, o acompanhamento do tratamento, por sua vez, envolve o monitoramento da adesão ao regime terapêutico e a resolução de barreiras eventuais, como os efeitos colaterais dos medicamentos. O enfermeiro também realiza visitas domiciliares para avaliar as condições de vida do paciente, garantindo que o tratamento seja seguido corretamente. Além disso, é responsável pela notificação dos casos de tuberculose às autoridades de saúde, colaborando na gestão dos registros e relatórios.
Nesse sentido, Xavier (2019) expõe ainda que uma outra função essencial do enfermeiro é a identificação de reações adversas aos medicamentos, incluindo interações medicamentosas. As reações mais comuns incluem irritações gástricas acompanhadas de náuseas e vômitos, cefaleia, insônia e alteração na coloração da urina para um tom alaranjado, entre outras. Caso necessário, o paciente pode ser transferido para outra unidade de saúde para um envio mais especializado.
Dessa forma, segundo a análise de Silva et al. (2024) para garantir a continuidade do tratamento e monitorar seu andamento, o enfermeiro pode agendar consultas extras sempre que necessário, realizar visitas domiciliares para observar o trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e aplicar ações educativas tanto para a população atendida na Unidade Básica de Saúde (UBS) quanto em domicílio. Essas medidas são essenciais para garantir a adesão ao tratamento e promover a saúde de forma eficaz, reduzindo a incidência de novos casos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
4.2.3 Estratégias de prevenção da tuberculose
Dentro das estratégias de prevenção, Reis (2024) explica que é fundamental esclarecer à comunidade e aos portadores da doença aspectos cruciais, como os meios de transmissão, opções de tratamento e formas de prevenção da tuberculose. Quando um grupo tem conhecimento abrangente sobre a doença em todos os seus aspectos, há uma redução do preconceito e da discriminação contra o doente, o que facilita tanto a abordagem quanto o tratamento. Fatores como o afastamento do trabalho, por exemplo, podem evidenciar o estágio do tratamento do paciente, intensificando seu sofrimento.
Além disso, é essencial promover a higiene respiratória, educar a comunidade sobre práticas preventivas, como cobrir a boca e o nariz ao jogar ou espirrar. Também se torna necessário implementar medidas de controle de infecção em ambientes de saúde e outros locais de trabalho onde o risco de exposição à tuberculose seja maior. A luta contra o estigma e a discriminação é outro ponto importante, pois reduzir o preconceito associado à doença pode incentivar as pessoas a buscar tratamento e seguir as orientações de prevenção. (Pereira et al. 2024).
Nesse sentido, é importante destacar que a prevenção eficaz da tuberculose depende de uma abordagem integrada, que envolve a colaboração de profissionais de saúde, governos, organizações não governamentais e a própria comunidade. O tratamento adequado dos casos ativos também é essencial para evitar a propagação da doença.
Além disso, a Educação Continuada é crucial para o enfermeiro, que deve se manter atualizado sobre as diretrizes e protocolos de tratamento da tuberculose, participando de programas de educação para aprimorar seus conhecimentos e habilidades. O apoio psicossocial também desempenha papel relevante, oferecendo suporte emocional aos pacientes e ajudando-os a lidar com o estigma da doença. O enfermeiro tem um papel central na implementação de uma abordagem abrangente, o que contribui significativamente para o sucesso do tratamento e a diminuição da propagação da tuberculose. (Silva et al. 2024).
Na relação ao enfermeiro como educador em saúde, vale destacar que a educação promove a prevenção, diminui as taxas de abandono do tratamento e fortalece a relação entre profissional e paciente, facilitando o vínculo e colaborando no combate à tuberculose. Dessa forma, a atuação da enfermagem na promoção da adesão ao tratamento, especialmente em populações vulneráveis, beneficia-se de projetos que rompem com uma formação exclusivamente técnica, incentivando o uso de tecnologias sociais e afetivas para qualificar o atendimento. (Sousa, 2022).
Assim, o profissional de enfermagem deve oferecer um atendimento integral e individualizado ao paciente, de maneira humanizada, melhorando a qualidade do cuidado, esclarecendo dúvidas e contribuindo para o tratamento. O enfermeiro também tem responsabilidades gerenciais e organizacionais, desempenhando um papel fundamental no combate à tuberculose e na redução do seu impacto social.
5. Conclusão e Sugestões
O estudo sobre o papel da enfermagem no controle da tuberculose revela uma interseção complexa entre os desafios estruturais enfrentados pelos profissionais de saúde e as demandas impostas pela assistência em um cenário de alta vulnerabilidade social. A análise da atuação dos enfermeiros demonstra que, embora sejam fundamentais para a promoção de estratégias preventivas e para a gestão do cuidado, a sobrecarga de trabalho e a escassez de recursos limitam a sua capacidade de atuação e comprometem a eficácia das intervenções.
Esses profissionais, para desempenharem suas funções essenciais em um contexto de desigualdades sociais e alta incidência de tuberculose, destacam-se de suporte contínuo, incluindo capacitação técnica e políticas que garantam melhores condições de trabalho. No entanto, a insuficiência de investimentos e a falta de valorização da profissão refletem desafios que exigem atenção urgente por parte dos gestores da saúde. A implementação de políticas públicas integradas e a ampliação do acesso ao diagnóstico e ao tratamento tornam-se, portanto, imprescindíveis para a melhoria da qualidade da assistência.
Dessa forma, fica evidente a necessidade de um diálogo construtivo entre gestores, profissionais de saúde e comunidades para garantir a construção de um sistema mais equitativo e humanizado. A colaboração entre esses atores deve priorizar a redução das desigualdades no acesso aos serviços de saúde e promover condições que favoreçam a adesão ao tratamento, minimizando o impacto social da tuberculose.
Em suma, o fortalecimento do papel da enfermagem no controle da tuberculose é essencial para a promoção de um sistema de saúde eficaz e resiliente. Investir em políticas de capacitação, suporte e valorização desses profissionais constitui um componente crucial para garantir a sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados, contribuindo para a melhoria da saúde coletiva e para o enfrentamento mais eficaz dessa doença que permanece um grande desafio para a saúde pública.
Dado o papel crucial da enfermagem no controle da tuberculose, trabalhos futuros podem explorar o impacto de programas de educação continuada cursos para capacitação técnica e emocional dos enfermeiros, com foco em melhorar a adesão ao tratamento e a prevenção da doença. Além disso, é relevante investigar a eficácia de estratégias tecnológicas, como aplicações de monitoramento e teleconsultas, no suporte ao tratamento da tuberculose em áreas de difícil acesso. Por fim, pesquisas externas para a integração entre políticas públicas e iniciativas comunitárias podem contribuir para uma abordagem mais abrangente e sustentável no enfrentamento da tuberculose.
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