DESMAME PRECOCE COMO FATOR DE RISCO PARA INSTALAÇÃO DE MALOCLUSÕES: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411301330


Cícero Francismary Almeida Alves Feitoza Segundo1, Wanessa Raiany Nascimento Soares2, Vilma Marcelino Quaresma3, Ednaldo José da Silva Filho4, Emanuel Santana dos Santos5, Maria Cecília Fernandes da Silva6, Mariana Vitória Lima de Souza7, Sâmara Ferreira Lino de Melo8, Jandira Karla Soares da Silva9


RESUMO

Introdução: Através da sucção na mama, nos primeiros meses de vida, o recém-nascido poderá desenvolver adequadamente as estruturas da face e as funções exercidas por eles. Se o desmame for feito em um período anterior ao recomendado, existem grandes chances de a criança desenvolver hábitos deletérios, os quais apresentam-se como fator determinante para instalação das más oclusões. Por isso, é de fundamental importância o aleitamento materno para o correto desenvolvimento das estruturas da face e atenuar problemas de desenvolvimento que podem ser prevenidos pela amamentação. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a influência do desmame precoce como fator de risco para instalação de maloclusões, além dos prejuízos na saúde bucal referente ao desenvolvimento de hábitos deletérios. Método: Por meio de uma revisão de literatura foram analisados artigos pertinentes ao tema proposto, onde foram utilizadas as seguintes fontes: Scientific Eletronic Library (Scielo), Google Acadêmico e Pubmed. Resultado e Discussão: Ao pesquisar utilizando as palavras chaves foram encontrados um total de 1.655 artigos, após a leitura de título e resumos foram excluídos 1.620 artigos por não abordarem a temática proposta, e 13 foram excluídos após a leitura completa por critérios de exclusão. A partir dos critérios de inclusão, foram selecionados 22 artigos, dos estudos identificados, 08 foram encontrados na base de dados Pubmed, 09 na base de dados Scielo e 05 eram da base de dados Google Acadêmico, dentre os artigos ficou evidenciado o desmame precoce como fator determinante na aquisição de hábitos deletérios e na instalação das más oclusões. Conclusão: A amamentação é importante para vários processos de desenvolvimento infantil, dentre eles a correta formação do sistema estomatognático. Os estudos utilizados mostraram que as crianças em que ocorreu o desmame pregresso, fazem uso de chupeta ou da mamadeira apresentam algum tipo de má oclusão. Desta forma, é inegável a importância do aleitamento materno de forma exclusiva no período recomendado, o qual deve ser integrado aos programas de incentivos.

Palavras-chave: Desmame precoce, Amamentação Natural, Amamentação artificial, Odontologia, Hábitos deletérios, Má-oclusão.

ABSTRACT

Introduction: Through sucking on the breast, in the first months of life, the newborn can adequately develop the structures of the face and the functions they perform. If weaning is carried out earlier than recommended, there is a high chance that the child will develop harmful habits, which are a determining factor in the development of malocclusions. Therefore, breastfeeding is of fundamental importance for the correct development of facial structures and to mitigate development problems that can be prevented by breastfeeding. Objective: This study aimed to evaluate the influence of early weaning as a risk factor for the development of malocclusions, in addition to the damage to oral health related to the development of harmful habits. Method: Through a literature review, articles relevant to the proposed topic were analyzed, using the following sources: Scientific Electronic Library (Scielo), Google Scholar and Pubmed. Result and Discussion: When searching using the keywords, a total of 1,655 articles were found. After reading the title and abstracts, 1,620 articles were excluded as they did not address the proposed theme, and 13 were excluded after reading in full due to exclusion criteria. Based on the inclusion criteria, 22 articles selected, of the studies identified, 08 were found in the Pubmed database, 09 in the Scielo database and 05 were in the Google Scholar database. Among the articles, early weaning was highlighted as a determining factor in the acquisition of harmful habits and the installation of bad habits. occlusions. Conclusion: Breastfeeding is important for several child development processes, including the correct formation of the stomatognathic system. The studies used showed that children who were weaned early and used a pacifier or bottle had some type of malocclusion. Therefore, the importance of exclusive breastfeeding during the recommended period is undeniable, which must be integrated into incentive programs.

Keywords: Early weaning, Natural breastfeeding, Artificial breastfeeding, Dentistry, Deleterious habits, Malocclusion.

1. INTRODUÇÃO

Amamentar é um processo fisiológico que acontece de forma natural, é a forma mais saudável adequada para alimentar e proteger o recém-nascido, sempre esteve presente desde o início da humanidade que vem amamentando seus descendentes em 99,9% (Chaves, 2013).

No Brasil a campanha de Agosto Dourado, dedicado ao incentivo do aleitamento materno, é instituída pela Lei Federal nº13.345 de 12 de abril de 2017. O MS (Ministério da Saúde) recomenda que o Aleitamento Materno (AM) seja o único alimento que a criança necessita até o sexto mês de vida, a partir desse momento apenas complementado com outros alimentos e deve se estender até o segundo ano de vida ou mais (Brasil, 2019). 

Indicadores sobre aleitamento materno ainda são insatisfatórios, distante das proporções que são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mesmo com os programas do MS e intervenções das equipes multiprofissionais de saúde e pedagogos voltadas para o encorajamento e estímulo da amamentação (Maia et al., 2015).

O aleitamento materno vai muito além da nutrição. Ele estimula diretamente o crescimento dos ossos e estruturas da face, como os músculos e futuros dentes. Além disso, evita o desenvolvimento de hábitos deletérios, que afetam o posicionamento dentário e ósseo, e más oclusões (Andrade; Nogueira; Sousa, 2014; Moimaz et al., 2014; Matos; labuto, 2020).

A importância da amamentação natural tem sido abordada sob âmbito multiprofissional. O cirurgião dentista como profissional da área de saúde está incluído neste contexto e deve ser capaz de orientar a gestante e as recém-mães visto a forte relação que existe entre amamentação natural e o desenvolvimento do sistema estomatognático (SE) (Fernandes, 2019).

Mamar não supre apenas a necessidade de alimentação, satisfazendo duas “fomes”: a fome de se nutrir, de se sentir alimentado, como também a “fome” de sucção, que envolve componentes emocionais, psicológicos e orgânicos. Essas duas “fomes” devem estar em equilíbrio, caso contrário, a necessidade de sucção pode não ser alcançada, causando uma insatisfação emocional, e assim a criança buscará substitutos como dedo, chupeta, ou objetos, adquirindo hábitos deletérios (Baldrighi, et al.,2001).

A sucção, deglutição e respiração, funções primárias do bebê, são desenvolvidas através de uma correta forma de amamentação, devendo constituir um sistema equilibrado.  Através da sucção na mama, nos primeiros meses de vida, o recém-nascido (RN) poderá desenvolver adequadamente as estruturas da face e as funções exercidas por eles. Durante a amamentação natural a língua e o lábio se encaixam perfeitamente entrando em sintonia com a deglutição e a respiração podendo evitar problemas de más oclusões (Antunes et al., 2008; Casagrande et al., 2008).

A face, como a parte mais dinâmica do organismo, tem seu crescimento e desenvolvimento diretamente relacionado à ação correta das funções ligadas a ela. A maloclusão é a anomalia mais frequente das deformidades humanas a ponto de o normal ser considerado quase exceção. Esta deformidade da face está relacionada, entre outros fatores, com a amamentação (Santos & Filho, 2005). 

Os cirurgiões-dentistas têm chamado atenção sobre a correlação entre o acometimento de maloclusões, e o desmame precoce. O desaleitar pregresso pode levar à ruptura do desenvolvimento dos ossos e estruturas da face adequado, provocando alterações na postura e força das estruturas envolvidas e prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. A falta da sucção fisiológica ao peito pode interferir no desenvolvimento crânio facial, possibilitando a instalação de má oclusão, respiração oral e alteração orofacial (Cassimiro et al., 2019; Matos; Labuto, 2020).

Sabendo que a amamentação proporciona uma harmonia do plano oclusal prevenindo a respiração bucal, deglutição atípica, hábitos deletérios como sucção de dedos e chupetas, como também oferece privilégios nutritivos, imunológicos e emocionais (Leite; Medeiros; Moura, 2007). O presente estudo, tem como objetivo apresentar o desmame precoce como fator etiológico das maloclusões dentárias e a importância da amamentação de forma exclusiva, evidenciando os benefícios congruentes a essa prática. Assim como alertar sobre a relação negativa que a chupeta e a mamadeira têm na saúde bucal.

2. OBJETIVOS
Objetivo Geral 
  • Apresentar a relação do desmame precoce como fator etiológico na instalação de maloclusões.
Objetivos Específicos
  • Discorrer sobre correlação do Desmame precoce como fator de risco na instalação de maloclusões;
  • Esclarecer os efeitos da amamentação artificial e benefícios da amamentação natural;
  • Descrever a etiologia das maloclusões e instalação de hábitos bucais deletérios em decorrência do desmame precoce.
  • Argumentar a respeito da relação negativa que a chupeta e a mamadeira têm na saúde bucal.
3. METODOLOGIA

 A presente pesquisa trata-se de uma revisão de literatura sobre ‘‘desmame precoce como fator de risco para instalação de maloclusões’’. A busca dos artigos foi realizada   através de bancos de dados em Google Acadêmico, PubMed, Scientific Electronic Library On-line (SciElo). Neste levantamento, foram utilizados enquanto descritores os termos na língua portuguesa: Desmame precoce, Amamentação, Odontologia, Hábitos deletérios, Má-oclusão, foram encontrados um total de 1.655 artigos, 22 foram utilizados por se enquadrarem nos critérios de inclusão, após a leitura de título e resumos foram excluídos 1.620 artigos por não abordarem a temática proposta, e 13 foram excluídos após a leitura completa por critérios de exclusão (FIGURA 1). Os marcadores booleanos escolhidos para afunilar a pesquisa foram: and e or, nos critérios de inclusão utilizou artigos disponíveis nas línguas portuguesa e inglesa, publicados entre os anos de 2010 a 2024, pertinentes ao tema proposto, e com disponibilidade do texto na íntegra. Os critérios de exclusão foram: publicações que não respondiam ao objetivo proposto nesse trabalho, os artigos duplicados e textos que se encontravam incompletos.

                 FIGURA 1: Fluxograma De Seleção Dos Estudos Para Revisão

4. Fundamentação Teórica
4.1 Amamentação Natural 

Amamentar é um processo fisiológico que acontece de forma natural, sendo a forma mais saudável e adequada para alimentar e proteger o RN. Sendo recomendado pelo MS que seja o único alimento que a criança necessita até o sexto mês de vida, a partir desse momento apenas complementado com outros alimentos e deve se estender até o segundo ano de vida ou mais (Chaves, 2013; Labuto, 2020; Moimaz et al., 2014; Peres et al., 2015).

A mãe é considerada a principal fonte de microorganismos importantes para o estabelecimento da microbiota digestiva da flora do RN tanto no parto quanto na amamentação, através do colostro e do leite humano, que oferece condições nutricionais (fatores de crescimento) favoráveis para essa implantação (Novak, et al., 2011).

Além disto, a amamentação no primeiro ano de vida além dos benefícios para o correto desenvolvimento craniofacial e estruturas orais, e na saúde geral do indivíduo, pode ser a estratégia mais exequível de redução da mortalidade pós-neonatal oriunda das infecções (Escuder, 2003; MS, 2009).

A sucção feita pelo bebê no ato de mamar, faz com que haja um equilíbrio entre as forças internas e externas dos músculos da face, ocasionando um correto desenvolvimento das estruturas da fronte (Lopes et al., 2014).  O hábito de sucção não nutritiva é considerado o principal fator de alterações oclusais, e os agentes causadores são: amamentação natural irrestrita, desmame prematuro ou crianças que foram alimentadas com mamadeira (Albuquerque et al.,2010)

O movimento de sucção do leite materno durante a amamentação ajuda na promoção da saúde do SE e crescimento normal dos maxilares. Auxilia na instalação de uma correta oclusão dentária, favorece o selamento correto dos lábios, ocasionando uma correta fonoarticulação, mastigação, deglutição e respiração, estimulando o desenvolvimento normal de todo o complexo craniofacial (Albuquerque, 2010).

O SE está envolvido em atos funcionais, como respiração, sucção, mastigação, deglutição e fonação. Cada função possui características particulares dentro das variadas fases do desenvolvimento e crescimento craniofacial. A modificação de uma dessas funções provavelmente irá provocar desarmonias na musculatura, o que pode gerar ou manter desordens do desenvolvimento normal da face (Lopes; Moura; Lima, 2014; Pereira et al., 2017; Silva et al., 2018).  

A sucção, deglutição e respiração, funções primárias do bebê, são desenvolvidas através de uma correta forma de amamentação, devendo constituir um sistema equilibrado.  Mamar não supre apenas a necessidade de alimentação, satisfazendo duas “fomes”: a fome de se nutrir, de se sentir alimentado, como também a “fome” de sucção, que envolve componentes emocionais, psicológicos e orgânicos (Baldrighi, et al.,2001; Casagrande et al., 2008)

Essas duas “fomes” devem estar em equilíbrio, caso contrário, a necessidade de sucção pode não ser alcançada, causando uma insatisfação emocional, e assim a criança buscará substitutos como dedo, chupeta, ou objetos, adquirindo hábitos deletérios (Baldrighi, et al., 2001). Esta forma de substituição proporciona à criança sensações de bem-estar, prazer emocional, proteção, conforto e satisfação, suprindo suas carências afetivas e psicológicas, podendo se tornar um hábito (Garbin et al., 2014).

Descreve o hábito como sendo um costume que é adquirido quando o mesmo é repetido sempre. Esta repetição que no começo é feita de maneira consciente, com o tempo se torna inconsciente. Para os autores a respiração nasal, a mastigação e a deglutição são hábitos fisiológicos e funcionais. Entretanto, a sucção digital, de chupeta, mamadeira e a respiração bucal, dentre outros, são considerados hábitos não fisiológicos, portanto, deletérios ou parafuncionais (Moura et al., 2007).

Do ponto de vista odontológico, a amamentação natural representa um fator de primordial importância para o desenvolvimento dento-facial, favorecendo a obtenção de uma oclusão normal, prevenindo a possibilidade de aquisição de hábitos de sucção não- nutritivos. Além disso, o tempo de aleitamento natural também influencia na aquisição desses hábitos bem como tem relação com as alterações na forma do arco e profundidade do palato (Rodrigues, Bolini, Minarelli-Gaspar, 2006). 

Estudos sobre hábitos deletérios comprovam que uma criança na qual teve o desmame precoce, esta propicia a instalação de hábitos deletérios e assim desenvolver uma má oclusão, o que vem a intervir diretamente no desenvolvimento da musculatura, maxila e do crânio facial, mas isso vai depender da susceptividade do indivíduo, frequência, intensidade e duração do hábito (Tríade de Graber) (Graber, 1966).

Assim, os hábitos bucais deletérios se instalam com maior frequência em crianças que não tiveram amamentação natural (Carvalho, et al., 2020). Os hábitos deletérios são, em si, fatores que predispõem as más oclusões. Eles podem afetar processos respiratórios, fala e posições dentárias (Melo et al., 2017).

Numa pesquisa com 252 crianças, com idade entre 30 e 48 meses, as chances de desenvolvimento de hábitos bucais deletérios diminuíram em quase 70% para as crianças que foram amamentadas de forma exclusiva dos seis aos doze meses de idade, sem uso de apetrechos de sucção (Lopes, 2014).

A amamentação natural gera fadiga dos músculos através de um exorbitante trabalho da musculatura peribucal, saciando seu desejo de sucção e não necessitando de uma sucção não nutritiva, ela serve de forma preventiva para instalação de hábitos parafuncionais (Casagrande et al., 2008).

O desenvolvimento craniofacial é beneficiado pelos músculos devido a acentuada força na sucção natural nos primeiros seis meses de vida, onde auxilia no selamento labial, correção da retrusão mandibular e posição da língua assim como a erupção correta dos dentes obtendo assim uma oclusão adequada, mastigação satisfatória, deglutição, respiração correta e harmonia facial (Abrel et al., 2008; Bervian; Fontana, 2008; Caminha et al., 2008).

O dentista, sendo um profissional da área de saúde, deve ser capaz de orientar a mulher gestante e as recém-mães no sentido de justificar a necessidade do aleitamento do bebê ao seio, visto que uma amamentação insuficiente tem forte correlação com a presença de hábitos bucais nocivos, constituindo-se num dos principais fatores etiológicos das maloclusões dentárias (Medetros; Rodrigues, 2001).

A amamentação deve ser estimulada, pois cada mamada representa uma vacina para o bebê, fortalecendo o seu sistema imunológico. O aleitamento materno fornece todos os nutrientes, proteção, desenvolve estruturas ósseas, psicológicas e neurológicas, não só para hoje como também para o seu desenvolvimento (Antunes et al., 2008).

E ao fortalecer o sistema imunológico, reduz tratamento de inúmeras doenças sistêmicas e estruturais, entre elas a respiração bucal e a má oclusão dentária, de especial interesse da odontologia, além de favorecer a correta função da respiração, mastigação e fonação (Toma; Rea 2008).

4.2 Consequências do Desmame Precoce 

O desmame precoce ocorre quando o leite materno é retirado totalmente da alimentação da criança antes que ela complete seis meses de idade, podendo acarretar problemas no desenvolvimento e na saúde geral da criança (Oliveira, et al., 2015).

O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento adequado dos ossos e estruturas da face, provocando alterações na postura e força das estruturas envolvidas e prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. A falta da sucção fisiológica ao peito pode interferir no desenvolvimento crânio facial, possibilitando a instalação de má oclusão, respiração oral e alteração orofacial (Oliveira, et al., 2015).

O MS adverte aos responsáveis que não se deve fazer o uso de chupetas e mamadeira, chás, água e leites no período de amamentação natural, pois são fatores que levam ao desmame precoce. A mamadeira pode gerar dificuldade para o bebê na hora de amamentar no peito, pois na mamadeira o fluxo de leite é maior e exerce menos esforços do que no peito, podendo causar fadiga na hora da amamentação (MS, 2013).

O uso da chupeta é um dos responsáveis pelo desmame precoce, visto que crianças que usam chupeta tem 2,4 mais chances de serem desmamadas entre o primeiro e o sexto mês de vida (Soares et al., 2003).

O uso de chupetas ainda é tradição cultural na infância, muito contraindicado pelos especialistas por ser maléfico a amamentação natural, ela diminui a quantidade das mamadas, trazendo como consequência a diminuição do leite materno ou a falta dele (Jaafar et al., 2012; Wordl, 2008).

Em um estudo realizado por Neto et al. (2013), relata que o uso de chupetas é prejudicial ao aleitamento materno, independente do tempo de introdução, desencadeando o desmame precoce.  

Assim como a chupeta, o uso da mamadeira e a presença de hábitos orais afeta o sucesso do aleitamento materno, podendo trazer, como consequência, o desmame precoce ou vice-versa, ou seja, com o desmame precoce a criança não supre suas necessidades de sucção e acaba adquirindo hábitos de sucção não- nutritiva (SNN), dentre eles, a sucção digital e o uso de chupeta, decorrendo em alterações na oclusão dentária. (Gava – Simioni, et al., 2001).

Além disso, os bebês podem desenvolver uma preferência por bicos artificiais em troca do mamilo da mãe (Goldman, 2013). Ou seja, outra possível interferência durante o aleitamento materno pode se originar pela confusão de bicos gerada devido à sucção do bico da chupeta e o do mamilo, antes do estabelecimento da amamentação, fazendo com que o lactente não reconheça e realize corretamente a pega da mama da mãe. A falta de estímulos leva a diminuição da produção de leite, reduzindo o número de mamadas e como consequência, desencadeia o desmame total ou parcial (Castilho, et al., 2012).

4.3 Amamentação Artificial com uso da Mamadeira

A mamadeira é um meio de amamentação artificial quando não é possível realizar a amamentação natural, sua introdução pode causar anormalidade estruturais e funcionais no sistema estomatognático (Junqueira, 2005; Medeiros; Ferreira; Felicio, 2009).  O uso de mamadeiras é o grande causador de hábitos deletérios, a criança adquiri o hábito de sucção não nutritiva por não suprir sua necessidade de sucção durante a amamentação com a mamadeira (Neiva et al., 2003).

Em comparação com a amamentação, a mamadeira requer menor ação muscular vigorosa, quando a criança suga ao peito, a musculatura da boca tem papel ativo, e a língua, função de ordenha. Com a mamadeira, essa musculatura é pouco solicitada, pois apenas com uma leve sucção o leite já flui para a boca (Chen et al., 2015). A língua passa a ter apenas o papel de obstruir o orifício do bico de borracha quando a criança quer interromper o fluxo de leite. Essa situação não fisiológica atrapalha o desenvolvimento normal da boca, provocando a má oclusão dentária (Bresolin et al., 2003).

Devido a mamadeira requerer menor vigor para ordenha do leite, podemos dizer que a amamentação artificial causa hábitos deletérios por não requerer esforço da criança, ou seja, a força que é destinada para a amamentação natural.  A criança irá sugar menos não se sentindo satisfeita irá procurar outras formas substitutas para se satisfazer, como dedo ou chupetas, trazendo vários problemas para a saúde bucal da criança (Caglar et al., 2005; Degan; Puppin, 2004; Queluz; Gimenez, 2000).

Dentre os problemas causados pelo uso da mamadeira, assim como no uso da chupeta, pode ocorrer também a “confusão de bicos”, é caracterizada pela dificuldade que a criança desenvolve para mamar (peito) quando utiliza algum bico artificial. Isso pode gerar diversos problemas, tais como: fissuras mamilares; redução na produção láctea com a menor frequência de sucção do lactente; alterações nos arcos dentais e musculatura orofacial (Tavares et al., 2009).

Para evitar o problema da “confusão de bicos” nos casos em que o bebê não consegue mamar, recomenda-se o não uso de mamadeiras e chupetas. Utilizando objetos de transição não prejudiciais às estruturas orofaciais (Lopez ; Silva, 2012).

Apesar disso, existem bebês que por algum motivo não pode ser amamentado. É sabido, porém, que quanto antes o hábito de sucção de chupeta e mamadeira for retirado, provoca menos alterações na oclusão. Assim em casos que o uso esteja presente, que permaneça durante o menor prazo possível, a fim de proteger contra a má oclusão (Lopes. et al., 2015).

4.4 Respiração 

A respiração, função fisiológica, vital e inata do ser humano, protege a via aérea superior e permite o desenvolvimento satisfatório do complexo craniofacial se realizada de maneira correta. Para a respiração adequada, nasal, o selamento labial é indispensável (Hitos. S, et al., 2013).

A respiração pode ser classificada em Respiração Nasal (respiração nasal normal): lábios  selados sem esforço durante repouso e mastigação com a língua contida na cavidade oral;  Respiração Oronasal (respiração oronasal leve): inspira pela boca e nariz, sendo que consegue respirar pelo nariz sem apresentar sinais de fadiga ou dispnéia; Respiração Oral (respiração oronasal severa): inspira com dificuldade pelo nariz, apresentando sinais de fadiga, dispnéia e necessitando abrir a boca para inspirar no repouso e mastigação  ( Busanello, 2015).

O padrão correto de respiração pode sofrer influências negativas do desmame precoce. O lactente com aleitamento materno mantém a postura de repouso de lábios ocluídos e respiração nasal. Quando ocorre o desmame precoce, a postura de lábios entreabertos do bebê é mais comum, facilitando a respiração oral.    A presença de um impedimento à respiração nasal poderá gerar um padrão de suplência oral e, caso esse se instale durante o período de desenvolvimento, poderá determinar diversas alterações que prejudicam significativamente esse sistema (Neiva et al., 2003)

Tais alterações podem aparecer juntas ou isoladas, os indivíduos que elas apresentam são tidos como portadores da Síndrome do Respirador Bucal caracterizada por: presença de olheiras, olhar inexpressivo, osso zigomático pouco desenvolvido, falta de desenvolvimento do terço médio da face, palato ogival e atresia maxilar, rotação da mandíbula para posterior, mordida cruzada posterior e aberta anterior, gengivite, hipertrofia de tonsilas e adenóides, incompetência labial, hipotonias labial e lingual e postura corporal e de cabeça inadequadas (Miotto., et al., 2016).

A amamentação proporciona à criança uma respiração correta, mantendo uma boa relação entre as estruturas duras e moles do aparelho estomatognático, estimulando adequadamente os músculos envolvidos. Ao sugar o seio materno, a criança estabelece o padrão adequado de respiração nasal, postura correta da língua e vedamento dos lábios.  (Carvalho; et al., 2020).

A amamentação exclusivamente materna tem função preventiva à respiração predominantemente bucal e quanto maior o tempo de aleitamento materno exclusivo, maior vai ser a eficácia dessa prevenção, assim a criança que recebe o aleitamento materno nos primeiros meses de vida tem maior possibilidade de ser um respirador nasal (Santos & Filho, 2005).

4.5 Má oclusão

As más oclusões são desvios de natureza biofísica do aparelho mastigatório que, por ter uma alta prevalência pode ser consideradas um problema de saúde pública, ficando apenas atrás da cárie e da doença periodontal, com alta prevalência em ambas as dentições (Cavalcanti, et al., 2008; Gimenezet. 2010).

Para Galinner (1996), a má oclusão dental está relacionada a um desequilíbrio motor-oral, muitas vezes advindo do uso da mamadeira e de sucção não-nutritiva. As alterações orofaciais comprometem as funções de respiração, mastigação e deglutição, podendo estar associada a outros problemas. Esta alteração presente provoca modificações na respiração e má oclusão.

Jòrdon (1926), já abordava a importância do aleitamento materno para saúde e correto desenvolvimento das estruturas da face ao descrever a possibilidade de desenvolver futuras más oclusões em crianças não amamentadas.

A sucção não nutritiva e o uso de mamadeiras estão fortemente associados com a instalação de má oclusão, em especial à mordida aberta anterior, à mordida cruzada posterior e à overjet (Cassimiro, et al., 2019).

Este problema parece ser menos frequente na criança que recebeu o aleitamento materno, uma vez que o desenvolvimento dental e da oclusão pode relacionar-se ao modo de sucção.  Visto que grande parte dos estudos encontrados associou os hábitos deletérios (chupar chupeta, tomar mamadeira, chupar dedo, onicofagia e morder objetos) à má oclusão (Mendes, Valença, Lima. 2008).

Estudos como os de Souza (2010); Mendes (2008); Bueno et al (2013); Albuquerque (2006); Neu (2014); demostraram uma forte associação entre má oclusão e hábitos deletérios com o desmame precoce. Objetivando avaliar a prevalência desses hábitos e confirmar a existência dessa relação, Leite, C.et al. (2007), constataram em seu estudo que, das 251 crianças que eram portadoras de hábitos, 220 (87%) apresentaram má oclusão.

Em uma revisão da literatura sobre amamentação e má oclusão, concluíram que a instalação da mordida aberta anterior está, em certo grau, relacionada ao aleitamento artificial, sendo que o aleitamento misto ou artificial pode levar ao estabelecimento de hábitos orais deletérios (Fagundes, Leite. 2001).

A mordida aberta anterior, uma das maloclusões de maior comprometimento estético- funcional, sendo definida como a presença de um trespasse vertical negativo entre as bordas incisais dos dentes anteriores superiores e inferiores. Isso provoca alterações dentárias e esqueléticas (Maia et al., 2007).

No estudo de Miotto et al. foi avaliada a prevalência de mordida aberta anterior e relação com hábitos bucais deletérios como o uso de mamadeira em 150 crianças com idade entre 3 e 5 anos. A prevalência de mordida aberta anterior foi de 16% e dentro dessa amostra houve uma relação estatisticamente significante com crianças que utilizavam mamadeiras (Bueno, et al., 2013).

Em seus estudos Romero et al., (2011), observou uma relação inversa entre o tempo de aleitamento materno e a prevalência de hábitos parafuncionais e a prevalência da mordida aberta anterior. E que o AM parece exercer um efeito positivo não apenas na aquisição de hábitos deletérios, mas também no desenvolvimento orofacial e oclusão dentaria pela adequada estimulação.

Também no estudo de Kobayashi et al., (2010) demostrou haver uma associação entre o tempo de aleitamento materno e prevalência de mordida cruzada posterior. A prevalência de mordida cruzada posterior foi de 31% no grupo de crianças que não foram amamentadas, 8,3% para o grupo que foi amamentado por 6 a 12 meses e 2,2% para o grupo que foi amamentado por mais de 12 meses.

Em um estudo que buscou associar o tempo de aleitamento materno, uso da chupeta e da mamadeira com a presença e tipo de má oclusão dentaria em pré-escolares. A amostra foi constituída por 61 (54%) meninas e 52 (46%) meninos, entre 4 e 6 anos de idade, sendo a maioria das crianças (61) com 5 anos a época do exame clínico.  A má oclusão mais frequente encontrada neste estudo foi o Overjet, presente em 46% da amostra, seguido da Mordida Aberta (33,6%), Mordida Profunda (31%) e Mordida Cruzada (23%), (Silva, 2014).

Foi observado que a maioria das crianças (57,5%) foram amamentadas por um tempo inferior ou igual a 6 meses. Sendo que 7,1% (8 crianças) nunca foram amamentadas. E quase a totalidade (94,7% das crianças) usou mamadeira. Sendo que 67% delas usaram até 4 anos de idade. O hábito da chupeta esteve presente em 65,5% do total da amostra, e a maioria mantiveram o hábito por mais de 3 anos (Silva, 2014).

Com o devido estudo pode-se concluir, a partir dos dados obtidos: a maioria das crianças estudadas teve desmame precoce; a prevalência de má oclusão foi alta; o tempo de uso de chupeta e mamadeira (hábitos estudados) está associado à prevalência da má oclusão na dentição decídua; e o tempo de aleitamento materno influenciou positivamente na prevenção de hábitos deletérios e da Má oclusão (Silva, 2014).

Outro estudo, realizado por Boeck (2013), com objetivo de avaliar a prevalência de má oclusão em crianças na fase de dentição decídua portadoras de hábitos deletérios de sucção, quer sejam de dedo e /ou chupeta.  Pode-se concluir que:  a prevalência de má oclusão nas crianças de 3 a 6 anos de idade foi alta, sendo encontrada em 87,4% da amostra. 

Em seu estudo Boeck (2013), encontrou como a oclusopatia mais prevalente (72%) a mordida aberta anterior, estando associada de forma significativa aos hábitos deletérios, principalmente o de sucção de chupeta; essa oclusopatia foi seguida da atresia maxilar (60,2%), do apinhamento (5,1%), da topo a topo (5,1%) e da mordida cruzada anterior (3,4%).

Em sua revisão bibliográfica, Silva (2014), constatou que a má oclusão mais encontrada na literatura foi a Mordida aberta anterior causada pela interposição mecânica, geralmente da chupeta ou do dedo.

É sabido, porém, que se o hábito de sucção de chupeta e mamadeira estiver presente até 3 a 4 anos de idade, provoca menos alterações na oclusão. De modo geral, se o estímulo for retirado, antes da irrupção dos primeiros dentes permanentes, ocorre uma autocorreção satisfatória com crescimento normal e equilíbrio oclusal. Porém, quando o hábito persistir após essa idade, geralmente produz deformações significativas na oclusão (Fialho et al, 2014).

As oclusopatias devem ser tratadas o quanto antes, para que não se acentue com a sucção de dígitos ou chupeta. Na dentadura decídua, o tratamento consiste basicamente em controle de hábitos e atendimento multidisciplinar. A fase da dentadura mista é a que deve haver intervenção para possibilidade de autocorreção. Porém, se o problema não se ater somente à parte dento-alveolar, acometendo estruturas esqueléticas, o tratamento ortodôntico pode não ser satisfatório (Maia et al., 2007).

As más oclusões têm efeitos negativos na qualidade de vida, no bem-estar social e emocional da pessoa envolvida. Por isso a importância da prevenção e tratamento deste problema (Hermont et al., 2015).

4.6 Intervenção da Equipe Multiprofissional

Os profissionais da área da saúde, principalmente o cirurgião dentista, são importantes para incentivar a prática do aleitamento materno mostrando seus benefícios para a saúde bucal e para o desenvolvimento do bebê, e quais as consequências que os hábitos de sucção não nutritiva causa aos dentes e a face (Moimaz et al., 2013).

Os profissionais da saúde podem ajudar as mães orientando-as que: toda mulher pode amamentar e o leite materno contém todos os nutrientes que o bebê necessita, elogiando-as quando exercem o papel de cuidados com o bebê corretamente, ressaltando da importância do diálogo quando surgir dúvidas, disponibilizando ajuda, quando for solicitada, encorajando a mãe a manter o aleitamento (King, 2001; Souza; Almeida, 2004).

A amamentação deve ser planejada e desenvolvida através de políticas públicas saudáveis tendo ações de vigilância da saúde da comunidade, pelos profissionais de saúde que deverão estar inseridos no (Sistema único de saúde) SUS. O dentista deve estar capacitado sendo necessários cursos para atuar nesse sistema. (AERTS; ABEGG; Cesa, 2004).

5. Resultados e Discussão      

A partir dos critérios de inclusão, foram escolhidos 22 artigos abordando o desmame precoce, adoção de hábitos deletérios e má oclusão. Dos estudos identificados, 8 foram encontrados na base de dados Pubmed, 9 na base de dados Scielo e 5 eram da base de dados Google Acadêmico, dentre os artigos ficou evidenciado o desmame precoce como fator determinante na aquisição de hábitos deletérios e na instalação das más oclusões.

Moimaz et al.  (2014) e   Matos e Labuto (2020) concordam que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser oferecido como fonte exclusiva de alimentação até o sexto mês, podendo ser mantido até os dois anos de idade ou mais.

Peres et al. (2015) concordam que o sistema estomatognático corresponde a um grupo de sistemas, órgãos   e tecidos cujas características e propriedades fisiológicas são interdependentes. Lopes, Moura e Lima (2014); Pereira et al.  (2017) e Silva et al.  (2018) completam que o sistema estomatognático está envolvido em atos funcionais, como respiração, sucção, mastigação, deglutição e fonação, e que cada função possui características particulares dentro das variadas fases do desenvolvimento e crescimento craniofacial.

Carva (2014), França (2015) e Cassimiro et al.  (2019) relataram que o aleitamento materno induz uma harmonia no desenvolvimento dos dentes e da face do bebê, sendo um dos fundamentais motivos para o amadurecimento do sistema estomatognático. Silva et al. (2018) e Matos e Labuto (2020) completam que a amamentação atua de forma benéfica na saúde bucal do bebê, uma vez que possibilita uma oclusão adequada, e contribui nas funções de mastigação, respiração e fonação.

A sucção feita pelo bebê no ato de mamar, faz com que haja um equilíbrio entre as forças internas e externas dos músculos da face, ocasionando um correto desenvolvimento das estruturas da fronte (Lopes et al., 2014).  O hábito de sucção não nutritiva é considerado o principal fator de alterações oclusais, e os agentes causadores são: amamentação natural irrestrita, desmame prematuro ou crianças que foram alimentadas com mamadeira (Albuquerque et al.,2010).

Carvalho, et al., (2020), descreve que os hábitos bucais deletérios se instalam com maior frequência em crianças que não tiveram a amamentação natural. A criança adquiri o hábito de sucção não nutritiva por não suprir sua necessidade de sucção durante a amamentação com a mamadeira. Os hábitos deletérios são, em si, fatores que predispõem as más oclusões. Eles podem afetar processos respiratórios, fala e posições dentárias (Melo et al., 2017).

Há diversos estudos que associam inversamente o tempo de aleitamento natural, hábitos deletérios e maloclusões, demonstrando que a duração do aleitamento materno natural influência no correto crescimento ósseo e no desenvolvimento do sistema estomatognático, e relata a predominância de maloclusões em crianças com de hábitos de sucção não nutritiva, como a chupeta ou sucção de dedo. (Carvalho et al., 2020).

Kroeff et al. (2006), demonstraram em seus estudos que o fato de prolongar o aleitamento materno, reduz o risco de surgimento de más oclusões resultantes de hábitos deletérios. As crianças que possuíam hábitos bucais de sucção não nutritiva apresentaram alterações dentárias, maior risco de não apresentarem selamento labial, maior probabilidade de ter atresia maxilar e mordida aberta anterior.

Zapata et al. (2010), encontrou em seu estudo relação estatisticamente relevante entre maloclusão e hábitos bucais deletérios, sendo que a mordida aberta anterior foi a mais prevalente nas crianças deste estudo. Carvalho et al. (2020), enfatizaram que a mordida aberta e a mordida cruzada estão entre as maloclusões mais associadas aos hábitos bucais deletérios.

A relação entre o surgimento das más oclusões decorrentes dos hábitos deletérios tem sido demonstrada em diversos estudos, com indicativo da importância da intervenção e ou remoção do hábito precocemente a fim de evitar ou minimizar os danos principalmente em dentição permanente (Melo et al., 2017).

Gisfrede et al. (2016), descreveram dentre os hábitos bucais deletérios, a sucção digital e à sucção da chupeta, como os mais frequentes reafirmando os estudos de Cerqueira (2020), onde os mesmos estão entre os hábitos mais frequentemente encontrados, com prevalecia nos primeiros anos de vida da criança apresentando uma diminuição de incidência com o passar da idade.

Quanto à duração do hábito, recomenda-se a interrupção precoce por volta dos 3 a 4 anos de idade para que não resultem em problemas no sistema estomatognático, quando ultrapassam os 4 anos de idade há maior prevalência de mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior e sobressaliência. Quando o hábito é removido antes dos 4 anos, a má oclusão apresenta maior probabilidade de reversão (Silva, 2006).

Este estudo corrobora com o de Lima et al. (2021), que preconizam diagnóstico precoce para intervir o quanto antes na remoção do hábito para prevenir alterações oclusais e até mesmo possibilitar a reversão de má oclusão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conteúdo alcançado através deste estudo permitiu confirma a relação das más oclusões em decorrência do desmame precoce. Mostrou ser pertinente a indicação da amamentação até os seis meses de vida de forma exclusiva, e de forma complementar até os dois anos. O desmame precoce favorece a aquisição de hábitos deletérios e esses são, em si, fatores que predispõem as más oclusões.

A maioria dos estudos mostrou que as crianças que o ocorreu o desmame pregresso, fazem uso de chupeta ou mamadeira apresentam algum tipo de má oclusão.  Desta forma, contata-se que a amamentação é importante para vários processos de desenvolvimento infantil, fornece para o bebê todos os nutrientes, proteção e desenvolvimento das estruturas ósseas, como o correto desenvolvimento das funções de sucção, deglutição e respiração.

Através de informações sobre aleitamento, sugere-se que programas de incentivos (governamental através do SUS, órgãos mundiais como UNICEF e OMS) envolvendo a capacitação de profissionais, continuem sendo instituídos para auxílio no estímulo à amamentação, alertando sobre a relação negativa que a chupeta e a mamadeira têm na saúde bucal, dentre outros, o perigo do desmame precoce, podendo assim alcançar índices mais próximos da meta idealizada pela OMS.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
dr.cicerofeitoza@hotmail.com ORCID: 0009-0002-0914-162X

2Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
wanessasoares0801@gmail.com ORCID: 0009-0009-2766-7407

3Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
vilmaquaresma.vq@gmail.com ORCID: 0009-0002-9496-0688

4Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
ednaldofilhoadm@gmail.com ORCID: 0009-0007-5060-6835

5Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
emanuel.ssantos@icloud.com ORCID: 0009-0001-0535-0419

6Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
maria03cecilia@gmail.com ORCID: 0009-0005-3551-3492

7Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
mariana.vitoria2002@gmail.com ORCID- 0009-0000-5139-4271

8Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
samara_808@msn.com ORCID iD: 0009-0007-7708-9268

9Instituição: Centro Universitário Maurício de Nassau – Uninassau Caruaru
karla.soares.s@hotmail.com ORCID iD: 0009-0001-2606-8287