USE OF COLLAGEN MEMBRANES FOR GUIDED BONE REGENERATION TECHNIQUE ON DENTAL IMPLANTOLOGY: A LITERATURE REVIEW
USO DE MEMBRANAS DE COLÁGENO EN LA TÉCNICA DE REGENERACIÓN ÓSEA GUIADA EN IMPLANTOLOGÍA: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411300803
Yanne Gabrielle de Lima Simião1*, José André Tavares Teixeira1, Fayra Kuskoski1, José Victor Moura Tavares1, Gabriel Santos Gomes da Silva1, Jadielly da Silva Aragão Xavier2, Sofia Izabella Tenório Chaves1, Mônica Bheatriz dos Santos Lima1, Natália Seimi Deama1, Marleny Elizabeth Márquez de Martínez Gerbi1.
RESUMO
Objetivo : Avaliar o funcionamento das membranas colágenas na regeneração óssea guiada, quais seus principais benefícios e limitações. Método : Este estudo é uma revisão integrativa de caráter descritivo, com o objetivo de analisar o uso de membranas de colágeno na regeneração óssea guiada. A pergunta norteadora foi: “De que forma as membranas de colágeno atuam na regeneração óssea guiada?”. A pesquisa foi realizada entre setembro e novembro de 2024. A coleta de dados iniciou-se com a delimitação do tema e a definição dos descritores em inglês, usando a plataforma DeCS. Foram pesquisadas as bases PubMed, Scielo e BVS. Encontraram-se 1260 artigos na PubMed, 7 no Scielo e 1398 na BVS. Resultados/Revisão : A literatura destaca a eficácia das membranas colágenas na regeneração óssea guiada (ROG), atuando como barreiras físicas que protegem as células osteogênicas e mantêm o espaço regenerativo. Estudos indicam que a adição de fatores de crescimento, como BMP-2, pode melhorar a formação óssea. Membranas funcionalizadas com nanopartículas e agentes antimicrobianos também apresentam melhores resultados em comparação às convencionais. No entanto, a resistência mecânica das membranas ainda é uma limitação, especialmente em áreas com forças fortes. Além disso, fatores como infecções e alterações de pH podem afetar a reabsorção e os resultados clínicos. Conclusão/Considerações finais : O estudo destaca a eficácia das barreiras colágenas na regeneração óssea e modulação imunológica, mas enfrenta limitações em resistência mecânica e controle da degradação dessas membranas.
Palavras-chave : Regeneração Óssea, Implantes dentários, Colágeno.
ABSTRACT
Objective : To evaluate the function of collagen membranes in guided bone regeneration, along with their main benefits and limitations. Method : This study is a descriptive integrative review, aimed at analyzing the use of collagen membranes in guided bone regeneration. The guiding question was: “How do collagen membranes act in guided bone regeneration?”. The research was conducted between September and November 2024. Data collection began with the delimitation of the topic and the definition of descriptors in English, using the DeCS platform. The PubMed, Scielo, and BVS databases were searched. A total of 1260 articles were found in PubMed, 7 in Scielo, and 1398 in BVS. Results/Review : The literature highlights the effectiveness of collagen membranes in guided bone regeneration (GBR), acting as physical barriers that protect osteogenic cells and maintain the regenerative space. Studies indicate that the addition of growth factors, such as BMP-2, may improve bone formation. Membranes functionalized with nanoparticles and antimicrobial agents also show better results compared to conventional ones. However, the mechanical strength of the membranes remains a limitation, especially in areas subjected to strong forces. Additionally, factors such as infections and pH changes can affect resorption and clinical outcomes. Conclusion/Final Considerations : The study highlights the effectiveness of collagen barriers in bone regeneration and immune modulation, but faces limitations in mechanical strength and control of membrane degradation.
Keywords : Bone Regeneration, Dental Implants, Collagen.
RESUMEN
Objetivo : Evaluar el funcionamiento de las membranas de colágeno en la regeneración ósea guiada, así como sus principales beneficios y limitaciones. Método : Este estudio es una revisión integrativa de carácter descriptivo, con el objetivo de analizar el uso de membranas de colágeno en la regeneración ósea guiada. La pregunta orientadora fue: “¿Cómo actúan las membranas de colágeno en la regeneración ósea guiada?”. La investigación se realizó entre septiembre y noviembre de 2024. La recolección de datos comenzó con la delimitación del tema y la definición de descriptores en inglés, utilizando la plataforma DeCS. Se buscaron las bases PubMed, Scielo y BVS. Se encontraron 1260 artículos en PubMed, 7 en Scielo y 1398 en BVS. Resultados/Revisión : La literatura destaca la eficacia de las membranas de colágeno en la regeneración ósea guiada (ROG), actuando como barreras físicas que protegen las células osteogénicas y mantienen el espacio regenerativo. Los estudios indican que la adición de factores de crecimiento, como BMP-2, puede mejorar la formación ósea. Las membranas funcionalizadas con nanopartículas y agentes antimicrobianos también muestran mejores resultados en comparación con las convencionales. Sin embargo, la resistencia mecánica de las membranas sigue siendo una limitación, especialmente en áreas con fuerzas intensas. Además, factores como infecciones y alteraciones en el pH pueden afectar la reabsorción y los resultados clínicos. Conclusión/Consideraciones finales : El estudio destaca la eficacia de las barreras de colágeno en la regeneración ósea y la modulación inmunológica, pero enfrenta limitaciones en cuanto a la resistencia mecánica y el control de la degradación de estas membranas.
Palabras clave : Regeneración Ósea, Implantes Dentales, Colágeno.
INTRODUÇÃO
Correção de perdas dentárias têm sido datadas desde as antigas civilizações com próteses pequenas, ligadas a elementos dentários adjacentes. A implantodontia moderna tem possibilitado melhorias na condições psicológicas e qualidade de vida de pacientes, no entanto é imprescindível, para o sucesso da instalação desses implantes, levar em consideração a qualidade óssea individual (Guillaume, 2014). Tal segmento da Odontologia, tem continuamente desenvolvido diversos avanços em materiais voltados para o aumento do rebordo alveolar, mas ainda assim existe a expressiva necessidade de avançar em métodos e materiais que aumentem o volume ósseo (Wessing. et al. 2018).
O tecido ósseo é tido como um compósito com uma fase orgânica e outra inorgânica que combinadas garantem sua resistência e durabilidade. Esse tecido tem como uma de suas propriedades a capacidade de se regenerar, no entanto, grandes defeitos ósseos impedem a sua recuperação espontânea e necessitam de intervenção a partir de um suporte adicional (Kacarevic. et al. 2019). A regeneração óssea guiada (ROG) consiste em uma técnica de reparo tecidual que se utiliza de membranas, isto é, barreiras físicas que impedem a proliferação de células levando à osteogênese. Tais membranas são materiais de grande importância no processo de ROG e suas características desejáveis incluem: biocompatibilidade, manutenção de espaço, oclusão celular, integração ao tecido do hospedeiro, propriedades bioativas, capacidade de manejo clínico e propriedades mecânicas e físicas adequadas (Eliagi. et al. 2017; Ren. et al. 2022).
Diversos materiais têm sido utilizados para a síntese de membranas que pudessem desempenhar a função de barreira na técnica de ROG, podendo ser inicialmente divididas em dois subgrupos: reabsorvíveis e não-reabsorvíveis. O segundo tipo, foi o pioneiro quanto ao seu desenvolvimento, porém demonstrou resultados insatisfatórios levando à busca de estudiosos por um novo biomaterial. A grande vantagem desse novo tipo de membrana, bioabsorvível, está na ausência de um segundo tempo cirúrgico para sua remoção posteriormente. Atualmente, tem-se utilizado com grande frequência as membranas reabsorvíveis, seja de origem sintética ou orgânica, sintetizada a partir dos mais diversos materiais. Dentre as matérias originárias para a formulação desses novos materiais, o colágeno destaca-se como uma opção muito estudada teórica e clinicamente, em virtude de suas altas propriedades de biocompatibilidade e bioatividade. (Ren. et al. 2022).
O colágeno foi considerado, ainda nas perspectivas mais rudimentares de sua definição, como uma cola biológica que mantém as células em suas posições. A partir disso, foi desenvolvida a ótica moderna sobre sua definição, a qual entende o colágeno como a molécula majoritária da matriz extracelular, promovendo suporte para o crescimento celular e garantindo resiliência mecânica para o tecido conjuntivo. A grande presença desse componente nos tecidos do organismo humano e suas propriedades intrínsecas, faz dele uma escolha natural para a criação de scaffolds, promovendo reparação tecidual As fibras colágenas são estruturas que garantem as propriedades elásticas e viscoelásticas dos tecidos. O mecanismo de formação dessas estruturas é bastante similar aos materiais poliméricos e plásticos, sendo divididos em quatro: baixa região de deformação, região de calcanhar, região elástica ou linear e, finalmente, a região de falha (Shorushanova. et al. 2019). O presente estudo objetivou avaliar o funcionamento das membranas colágenas na regeneração óssea guiada, seus principais benefícios e limitações.
MÉTODOS
Delineamento do estudo
Trata-se de uma revisão integrativa, de caráter descritivo, cujo objetivo é analisar artigos científicos disponíveis sobre o emprego de membranas sintetizadas à base colágeno na técnica de regeneração óssea guiada, proporcionando uma abordagem ampla para problematizar, descrever e discutir o desenvolvimento do assunto sob o ponto de vista teórico. A pergunta norteadora elaborada pelos autores foi: “De que forma as membranas de colágeno atuam na regeneração óssea guiada?”. A presente revisão foi desenvolvida entre o período de setembro a novembro de 2024.
Coleta de dados
O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica deu-se inicialmente através da identificação e delimitação do tema a ser estudado e, posteriormente, com a definição dos descritores em inglês a partir da plataforma Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), combinados por meio dos operadores lógicos booleanos “OR” e “AND”. Por conseguinte, foram delimitadas as bases de dados Pubmed, Scielo e BVS para a obtenção de artigos científicos que contivessem dados válidos de forma a responder ao tema proposto. Foram encontrados 1260 (mil duzentos e sessenta) resultados na base de dados Pubmed, 07 (sete) resultados e Scielo, 1398 (mil trezentos e noventa e oito) na base de dados BVS.
Quadro 1: Descritores
Descritor | Definição | ID |
“Bone Regeneration” | Renovação ou reparo de tecido ósseo perdido. Não inclui calo ósseo, formado depois de fratura óssea, mas ainda não substituído por osso sólido. | D001861 |
“Dental Implants” | Materiais biocompatíveis colocados dentro (endosteal) da ou sobre (subperiósteo) a arcada osseodentária para sustentar uma coroa, uma ponte ou um dente artificial ou, ainda, para estabilizar um dente doente. | D015921 |
“Collagen” | Substância polipeptídica composta por aproximadamente um terço da proteína total do organismo de mamíferos. É o principal constituinte da pele, tecido conjuntivo e a substância orgânica de ossos e dentes. | D003094 |
Fonte: Descritores em Ciências da Saúde, DeCS (https://decs.bvsalud.org).
Critérios de elegibilidade
Como critérios de inclusão para o estudo foram propostos artigos que abordaram a utilização de membrana colágena na regeneração óssea publicados nos idiomas português, inglês e espanhol nos últimos 10 (dez) anos. Enquanto para os critérios de exclusão têm-se: estudos que abordassem o emprego de membranas sintetizadas a partir de outros biomateriais, teses e dissertações, bem como, artigos em duplicata ou que não estivessem diretamente relacionados ao objetivo central da presente revisão.
Banco de dados
A partir dos estudos selecionados previamente na busca bibliográfica, foi criado um banco de dados onde constam título, nome da revista, idioma da publicação, resumo e país onde foi realizada a pesquisa. Para a extração de artigos duplicados, utilizou-se o software “Mendeley”.
Comitê de Ética
Em virtude de sua natureza, o presente estudo dispensa a necessidade de apreciação pelo Comitê de Ética.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados um total de 2665 (dois mil seiscentos sessenta e cinco) artigos nas bases de dados. A partir disso, identificou-se 103 (cento e três) estudos relevantes em uma triagem inicial, a partir da leitura de seus títulos e resumos. Posteriormente, foi realizada uma inspeção criteriosa que resultou em 43 (quarenta e três) artigos. Com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, resultou-se em 14 artigos ao final da análise, conforme descrito no quadro 2. Essa etapa de seleção foi ilustrada por meio da figura 1, um fluxograma.
Figura 1: Fluxograma da etapa de seleção dos artigos
Fonte: Simião, Y.G.L. et al. 2024
Quadro 2: Estudos selecionados para a revisão
AUTOR E ANO DE PUBLICAÇÃO | OBJETIVOS | RESULTADOS | CONCLUSÃO |
Egali I. et al. (2017) | Atualizar sobre as propriedades das membranas e seu desempenho biológico, bem como avaliar criticamente os mecanismos biológicos que regem a regeneração óssea recoberta por membranas. | Dados experimentais sugerem um papel ativo das membranas, invés de uma atuação completamente passiva na ROG. | A otimização de materiais de membrana abordando sistematicamente ambos a barreira e as propriedades bioativas é uma estratégia Importante neste campo da pesquisar. |
Guillaume, B. (2014) | Apresentar os precedentes históricos dos implantes dentários e os diferentes fatores críticos que garantirão osteointegração e ancoragem estável. | Existem muitas opções para substituir dentes perdidos, mas os implantes dentários tornaram-se um dos biomateriais mais utilizados para substituir um (ou mais) dente perdido nas últimas décadas. Implantes dentários contemporâneos feitos com titânio têm se mostrado seguros e eficazes em grandes séries de pacientes. | Rigorosos processos de fabricação, o reconhecimento de uma capacidade operacional, o consenso e as numerosas adaptações protéticas disponíveis realmente realizaram uma revolução tecnológica. A técnica permanece, no entanto, pouco conhecida entre todos os outros enxertos de órgãos, mas seu valor terapêutico agora está bem admitiu. |
Ren, Y. et al. (2022) | Comparar as barreiras comuns usadas em ROG, focando nos avanços recentes das membranas colágenas e seus mecanismos biológicos | Diferentes tipos de membranas promovem resultados diferentes quanto aos mecanismos biológicos em virtude de suas origens diferentes. As membranas de colágeno demonstraram propriedades desejáveis em razão de suas características biológicas. | A revisão evidencia as propriedades biológicas e regenerativas das membranas comuns disponíveis, com certa ênfase em materiais à base de colágeno. |
Wessing, B. et al. (2018) | Avaliar diferentes métodos de regeneração óssea guiada utilizando membranas colágenas e materiais particulados de enxerto na Implantodontia. | A taxa de sobrevivência dos implantes foi muito similar entre eles. | A regeneração óssea guiada com materiais de enxerto particulados e membranas reabsorvíveis de colágeno é uma técnica efetiva para aumento lateral alveolar. Implantes simultâneos são recomendados quando possível. Técnicas adicionais como fixação de membranas podem ser benéficas. |
Shorushanova, A. et al. (2019) | Revisitar as famílias colágenas, suas respectivas estruturas, conformações e biossíntese. Discutir os avanços nas tecnologias por meio do emprego do colágeno como biomaterial. | O colágeno tem sido amplamente utilizado na indústria biomédica e biotecnológica em razão de suas propriedades características. | Os tipos de colágenos claramente possuem uma evolução histórica e biotecnológica e, ainda, continuam a oferecer tanto desafios quanto excelentes oportunidades na medicina regenerativa como biomaterial de escolha. |
ALTIPARMAK, N. et al. (2020) | Avaliar o efeito da membrana induzida em regeneração óssea guiada e comparar o efeito entre as membranas de politetrafluoretileno (PTFE) com membranas de colágeno. | A formação de osso novo e taxas de medula óssea foram significativamente maiores nos grupos de membrana induzida e membranas de d-PTFE em relação às membranas de colágeno. | A membrana induzida pode atuar como uma forte barreira e estimular a regeneração óssea. A técnica de membrana induzida pode ser aceita como boa alternativa para reconstrução de defeitos críticos no complexo maxilofacial. |
ALVES, L. F. et al (2019) | Avaliar os desfechos do tratamento dos defeitos peri-implantares por meio da técnica de regeneração óssea guiada. | De 1.163 estudos, 10 foram incluídos nessa revisão, após aplicação dos critérios de avaliação. Um total de 269 implantes foram tratados em 260 pacientes. O período de acompanhamento variou de 6 a 48 meses. Os estudos avaliados reportaram redução de média profundidade de sondagem, ganho de inserção clínica e preenchimento ósseo do defeito. | O tratamento das lesões peri-implantares, com a técnica da regeneração óssea guiada é uma modalidade viável de tratamento, proporcionando redução do sangramento à sondagem, bem como o ganho de inserção clínica. Porém, o completo preenchimento do defeito, é um resultado imprevisível. |
KHORSAND, B. et al. (2019) | Melhorar a bioatividade de membranas colágenas através da incorporação de DNA plasmídico (pDNA) ou RNA quimicamente modificado (cmRNA) que codifica a proteína morfogenética óssea (BPM-9). | A incorporação de pDNA e cmRNA não alterou o perfil de biodegradação das membranas colágenas perfuradas (PMC). Defeitos tratados com PMC associadas a pDNA e cmRNA apresentaram maior percentual de volume ósseo. | Foi demonstrado em primeira mão que as PMC podem fazer entrega de pDNA e cmRNA de interesse. o pDNA e cmRNA nesse estudo demonstraram-se funcionais quando aplicados in vitro. |
Chu. et al. (2017) | Revisar brevemente as membranas colágenas, os macrófagos, recentes modulações e estudos de respostas imunológicas. | A modulação de membranas colágenas na regeneração óssea guiada costumou focar em melhorar propriedades mecânicas e carregamento de materiais de enxerto e citocinas, no entanto os resultados não foram satisfatórios. | Com a modificação das características de superfície, porosidade, íons liberados e tamanhos de partículas dessas membranas foi possível atingir propriedades anti-inflamatórias através da promoção de macrofagos M2 e secreção de citocinas proregenerativas. |
BUSER, D. et al. (2023) | Refletir os últimos 35 (trinta e cinco) anos de desenvolvimento e progresso da técnica de Regeneração Óssea Guiada | Foram, ao longo dos anos, analisados diversos tipos de membranas de barreiras, indicações para ROG, enxertos ósseos e substitutos ósseos. Complicações foram identificadas e reduzidas pela modificação da técnica. Hoje, os critérios de seleção para diversas cirurgias são mais entendidos, em particular na instalação de implantes pós-extração. | Grandes esforços tem sido feitos ao longo do tempo para reduzir traumas cirúrgicos e morbidade de pacientes o quanto possível. |
SHEIKH, Z. et al. (2016) | Avaliar o uso das membranas de colágeno em procedimentos de regeneração óssea guiada, reconstrução de defeitos periodontais e crista alveolar para preservação óssea em locais de implantes. | As membranas colágenas obtiveram Resultados parecidos com as não reabsorvíveis, auxiliando no ganho de inserção, diminuindo profundidade de sondagem e preenchendo defeitos ósseos. Também apresenta boa taxa de sucesso quando se trata de recobrimento radicular. | A membrana de colágeno é uma alternativa viável para Regeneração Óssea Guia auxiliando no reparo e sem necessidade de segunda cirurgia para sua retirada. Será necessário mais estudos de longo prazo para verificar sua eficácia completa. |
MIZRAJI, G. et al. (2023) | Analisar os tipos de membranas existentes, as reabsorvíveis e não-reabsorvíveis trazendo suas características, vantagens e desvantagens das barreiras disponíveis atualmente. | As membranas não-reabsorvíveis (PTFE) possuem vantagens no quesito de estabilidade e bactérias não penetram, mas é necessário uma segunda cirurgia de retirada e não tem ima permissividade de das movimentações celular. Já as reabsorvíveis (Colágeno tipo I e II), apresentam porosidade e permitem uma migração celular mais efetiva , além de ser mais biocompatível, porém, sua degradação é volúvel e causa preocupação. | As membranas são obrigatórias para ter um resultado satisfatório, no entanto cada tipo tem suas desvantagens e Operador decidir qual utilizar de acordo com o defeito em questão. Ainda não há a membrana ideal que reúna características de todas essas e permita ter o melhor resultado controlado, estudos futuros devem se ater a membrana como um componente ativo e não somente uma barreira física. |
ALLAN, B. et al. (2020) | Reportar a caracterização do material CelGro™, uma membrana colágena e avaliar sua performance em estudos pré-clínicos translacionais e clínicos. | CelGro™ tem uma estrutura em bicamada de diferentes alinhamentos de fibra e é composto quase que exclusivamente de colágeno tipo 1. Comparado com outras membranas comerciais, o material demonstrou um maior alinhamento cortical e reduziu a porosidade na superfície dos defeitos. | Os achados do estudo demonstram que o CelGro™ é uma membrana ideal para regeneração óssea guiada não apenas em cirurgias maxilofaciais reconstrutivas como também em aplicações ortopédicas. |
KAČAREVIĆ, Ž. et al. (2019) | Apresentar conceitos da da Engenharia de Tecidos aplicados ao processo de regeneração óssea e explicar os artifícios utilizados para tal feito. | Foram analisadas as técnicas de produção celular e uma numerosa quantidade demonstrou efetividade, levando em consideração os casos propostos para sua utilização. | A regeneração óssea é uma operação complexa, a estrutura mecânica micro e macro das estruturas usadas para dar sustentação a regeneração óssea são importantes para garantir o sucesso do procedimento. O objetivo desses materiais de suporte é preservar o osso e auxiliar na sua regeneração e devem possuir boas características como alta ductilidade. No mais as técnicas as técnicas discutidas são eficazes na engenharia de tecido ósseo. |
Fonte: Simião, Y.G.L. et al. 2024
As ditas membranas colágenas desempenham um papel crucial na Regeneração Óssea Guiada (ROG), tendo sua utilização amplamente difundida devido à sua biocompatibilidade e capacidade de integração tecidual. Estudos experimentais e revisões sistemáticas destacam seus benefícios na criação de um ambiente isolado para a proliferação óssea, impedindo a migração de células de tecido mole para o defeito ósseo. No entanto, também apresentam limitações, como sua degradação rápida e limitação estrutural para grandes defeitos (ALTIPARMAK et al., 2020; ALVES et al., 2019).
Trazendo os aspectos a respeito da bioatividade das membranas colágenas é plausivel dizer que é um fator determinante para o sucesso da ROG. Membranas tratadas quimicamente para retardar a degradação mostraram-se eficazes na promoção da osteogênese, atuando como suporte às células osteoblásticas e facilitando a deposição de matriz óssea (KHORSAND et al., 2019). No entanto, a possibilidade de reabsorção mais cedo nos ambientes que apresentam altos níveis de estresse mecânico é algo que gera uma certa preocupação para os pesquisadores da área (SHEIKH et al., 2016). Os estudos clínicos e experimentais apontam que a utilização dessas membranas colágenas associadas com outros biomateriais particulados melhora significativamente os resultados da ROG.
A ligação de substitutos ósseos com membranas melhora a estabilidade do enxerto e aumenta a velocidade da formação óssea (ALLAN et al., 2020). Contudo, há algumas limitações como o risco de inflamações locais devido à degradação do colágeno trazido no trabalho de Buser et al. (2023), destacando a importância do controle do processo de degradação. A utilização dessas membranas colágenas também influencia a resposta imunológica durante o processo de regeneração. De acordo com as pesquisas de Chu et al. (2017), essas membranas podem modular a resposta inflamatória, promovendo um ambiente mais favorável para a neoformação óssea. Entretanto, existem diferenças significativas na resposta imunológica dependendo do tipo de colágeno utilizado e do método de fabricação da membrana, o que pode impactar diretamente os resultados clínicos (MIZRAJI et al., 2023).
As barreiras colágenas tem com vantagens a sua capacidade de serem reabsorvidas naturalmente pelo organismo, o que vai eliminar a necessidade de uma segunda cirurgia para remoção. Isso é particularmente uma grande vantajoso em aplicações odontológicas e ortopédicas (REN et al., 2022). Contudo, sua degradação é rápida e esse fator pode comprometer a estabilidade a longo prazo, especialmente em defeitos críticos ou em regiões submetidas a tensões mecânicas significativas (WESSING et al., 2018).
Os avanços das técnicas de engenharia de tecidos contribuem para o desenvolvimento de novas membranas com propriedades melhoradas. A exemplo, membranas enriquecidas com fatores de crescimento e nanopartículas têm-se mostrado potencialmente significativas para otimizar o processo de regeneração, promovendo uma maior taxa de formação óssea (KAČAREVIĆ et al., 2019). No entanto, esses avanços ainda estão começando sua aplicação clínica, necessitando de estudos adicionais para validar sua eficácia e segurança a longo prazo (REN et al., 2022).
Três tipos de membranas, membrana de colágeno, membrana de d-PTFE e IMT foram comparados em estudos quanto à sua atuação na regeneração óssea guiada. Este estudo foi realizado para avaliar a capacidade de formação de osso novo e maduro utilizando métodos relativamente recentes: IMT e ROG com membrana de d-PTFE, comparando os resultados com enxerto ósseo convencional associado à membrana de colágeno. A membrana de d-PTFE e o método IMT promoveram maior formação de osso novo e medula óssea em comparação com a membrana de colágeno. O método IMT apresentou a melhor qualidade de formação óssea madura, além de favorecer a revascularização tardia do osso (ALTIPARMAK et al., 2020).
A taxa de inflamação foi mais elevada com a membrana de d-PTFE em relação ao método IMT. Cada tipo de membrana apresenta vantagens e desvantagens. A preservação da integridade do enxerto ósseo é fundamental para alcançar um aumento ósseo bem-sucedido. A membrana de d-PTFE, devido à sua estrutura mecânica robusta, é especialmente eficaz na proteção do volume ósseo na área enxertada. Por essa razão, seu uso é amplamente adotado atualmente em casos de defeitos dentoalveolares maiores, como preparação para cirurgias de implante (ALTIPARMAK et al., 2020).
Assim, embora as membranas colágenas ofereçam inúmeros benefícios para a ROG, seus resultados estão diretamente relacionados à escolha do material, técnica cirúrgica e condições do local do defeito. A confrontação entre os dados experimentais e clínicos destaca que, embora a ciência tenha avançado significativamente nos últimos anos, ainda existem desafios a serem superados para maximizar o potencial dessas membranas no tratamento de defeitos ósseos complexos (BUSER et al., 2023; ALTIPARMAK et al., 2020).
CONCLUSÃO
As membranas colágenas são fundamentais na Regeneração Óssea Guiada (ROG) em implantodontia, atuando como barreiras seletivas que permitem a migração de células osteoprogenitoras e bloqueiam células epiteliais e fibroblásticas. Sua biocompatibilidade e capacidade de degradação controlada, aliadas à incorporação de bioativos, como proteínas morfogenéticas ósseas, potencializam sua eficácia em lesões ósseas mais extensas. Além disso, essas membranas modulam a resposta imunológica, promovendo um ambiente anti-inflamatório favorável à regeneração óssea (ALTIPARMAK et al., 2020; CHU et al., 2017;KAČAREVIĆ et al., 2019).
Entretanto, ainda existem desafios a serem superados, como a falta de resistência suficiente para manter o espaço em defeitos maiores e a necessidade de ajustar sua taxa de degradação ao ritmo da formação óssea. Mesmo assim, a combinação dessas membranas com enxertos ósseos tem mostrado resultados promissores na redução de complicações peri-implantares. Futuros estudos devem focar na otimização de suas propriedades mecânicas e bioativas para maximizar os benefícios clínicos (KHORSAND et al., 2019; SHEIKH et al., 2016).
REFERÊNCIAS
- ALLAN, B. et al. Collagen Membrane for Guided Bone Regeneration in Dental and Orthopedic Applications. King’s College London Jrnls Section, 2020.
- ALTIPARMAK, N. et al. Effect of Induced Membrane on Guided Bone Regeneration in an Experimental Calvarial Model. Scientific Foundation,2020.
- ALVES, L. F. et al. Clinical outcomes of peri-implantitis treated with bone substitute and resorbable membrane: a literature review with a systematic approach.RGO, Rev Gaúch Odontol, 2019.
- BUSER, D. et al. Guided bone regeneration in implant dentistry: Basic principle, progress over 35 years, and recent research activities. Wiley Online Library – Periodontology 2000, 2023.
- CHU, C. et al. Collagen membrane and immune response in guided bone regeneration: Recent progress and perspectives. National Library Of Medicine, 2017.
- ELGALI, I. et al.. Guided bone regeneration: materials and biological mechanisms revisited. European Journal of Oral Sciences, 2022.
- GUILLAUME, B. Dental implants: a review. Morphologie. v. 100, n. 331, p 189-198. 2016.
- KAČAREVIĆ, Ž. et al. An introduction to bone tissue engineering. IJAO – The International Journal of Artificial Organs, 2019.
- KHORSAND, B. et al. A Bioactive Collagen Membrane that Enhances Bone Regeneration. J Biomed Mater Res B Appl Biomater, august 2019.
- MIZRAJI, G. et al. Membrane barriers for guided bone regeneration: An overview of available biomaterials. Wiley Online Library – Periodontology 2000, 2023.
- REN, Y. et al. Barrier Membranes for Guided Bone Regeneration (GBR): A Focus on Recent Advances in Collagen Membranes. International Journal of Molecular Sciences, 2022.
- SHEIKH, Z. et al. Collagen based barrier membranes for periodontal guided bone regeneration applications, The Society of The Nippon Dental University, 2016.
- SORUSHANOVA, A. et al. The Collagen Suprafamily: From Biosynthesis to Advanced Biomaterial Development. ADVANCED MATERIALS, 2019.
- WESSING, B. et al. Guided Bone Regeneration with Collagen Membranes and Particulate Graft Materials: A Systematic Review and Meta-Analysis. The International Journal of Oral & maxilofacial Implants, 2018.
1Universidade de Pernambuco (UPE), Recife-PE. *E-mail: yanne.simiao@upe.br
2Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife-PE.