A UTILIZAÇÃO DO TEMA PLÁSTICO PARA O ENSINO DE REAÇÕES ORGÂNICAS DE POLIMERIZAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411301606


Eric Rezende Freitas


Resumo 

Polímeros são macromoléculas formadas por monômeros, que possuem propriedades diversificadas. Os materiais plásticos podem ser utilizados para qualquer coisa, ou quase tudo, e vendidos em muitas formas: fibras, filmes e folhas, espumas, etc. Porém, percebe-se que poucas pessoas conhecem suas propriedades químicas e a forma correta de descarte desses materiais poliméricos, sendo que muitos podem ser encaminhados para reciclagem. Este trabalho foi aplicado em uma turma do 3° ano do ensino médio, do Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura, e teve como finalidade principal analisar o conhecimento dos estudantes da disciplina de Química quanto aos usos e tratamentos dos polímeros, principalmente em relação à reciclagem, por meio de uma metodologia didática empregando o conhecimento das concepções prévias dos estudantes que é de fundamental relevância no processo de ensino-aprendizagem. Foi realizado o trabalho em grupo para que os estudantes tenham a capacidade de trabalhar de modo em que seus integrantes saibam exatamente o que a outra esteja praticando, suas ideias e seus esforços sejam orientados para uma finalidade única. Após, foi efetuada a experimentação, pois expõe a função da química no cotidiano e por ser uma das ferramentas relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A contextualização foi utilizada como uma ferramenta de ensino multidimensional, que pode beneficiar alunos, famílias e a sociedade ao analisar com precisão a vida real dos alunos. A investigação inerente às respostas dos estudantes afirmou que a metodologia empregada logrou êxito possibilitando a formação de um cidadão crítico e reflexivo sobre às questões ambientais além do alcance da aprendizagem significativa sobre o tema plástico e o ensino de reações orgânicas. 

Palavras-chave: Química. Polímeros. Contextualização. 

Abstract 

Polymers are macromolecules made up of small units called monomers, which have diverse properties. Plastic materials can be used for anything, or almost anything, and are sold in many forms: fibers, films and sheets, foams, etc. However, it is noticeable that few people know their chemical properties and the correct way to dispose of these polymeric materials, many of which can be sent for recycling. This work was applied to a 3rd year high school class from the Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura, and its main purpose was to analyze the chemistry students’ knowledge about the uses and treatments of polymers, especially regarding recycling, through a didactic methodology using the knowledge of the students’ prior conceptions, which is fundamentally important in te teaching-learning process. Group work was performed so that the students have the ability to work in a way that its members know exactly what the other is practicing, their ideas and efforts are oriented to a single purpose. After that, experimentation was performed, as it exposes the function of chemistry in daily life and because it is one of the relevant tools for the teaching-learning process. Contextualization was used as a multidimensional teaching tool, it can benefit students, families and society by accurately analyzing the students’ real life. The investigation inherent to the students’ answers affirmed that the employed methodology was successful in enabling the formation of a critical and reflective citizen about environmental issues, besides the achievement of significant learning about the plastic theme and the teaching of organic reactions.

Keywords: Chemistry. Polymer. Contextualization.

Introdução 

A Química é uma disciplina que visa estudar os compostos de substâncias orgânicas e inorgânicas e as transformações. Pode-se observar que alguns alunos pensam que as aulas desta ciência são chatas, monótonas e de difícil compreensão, principalmente por envolverem muitas fórmulas e termos complexos. Despertar o interesse e a curiosidade dos alunos pela aprendizagem e relacionar os conteúdos químicos aprendidos com o dia a dia, ainda que a química exista na realidade, é um desafio para os professores, a exemplo dos tópicos sobre plástico e polímeros. 

Os polímeros são muito importantes no cotidiano das pessoas porque permitem o desenvolvimento de novos materiais com propriedades químicas e físicas inovadoras, como acetato de polivinila para revestimentos; náilon para fibras, roupas e tapetes; PVC para encanamentos e tubulações. A indústria de polímeros se tornou um dos pilares do estilo de vida contemporâneo. Para comprovar ainda mais a relevância do estudo destes objetos, basta citar que os diversos objetos com os quais entramos em contato hoje são devidos à presença de polímeros sintéticos, tais como: sacolas plásticas, para-choques de carro, canos de água, panelas antiaderentes, mantas, cola, tinta e goma de mascar. 

O conteúdo a ser aprendido deve ser uma ferramenta de cidadania e competência social, para que os alunos possam reciclar conscientemente suas vidas e sobrevivência em nossa sociedade tecnológica onde as necessidades de conhecimento estão cada vez mais altas, e se tornarem cidadãos com capacidade de explicação e crítica. 

O conhecimento das concepções prévias dos estudantes compõem um instrumento de fundamental relevância no processo de ensino-aprendizagem, de modo que estas podem ajudar de maneira considerável na formação de atividades pedagógicas. Um conceito significante em química e pouco trabalhado nas pesquisas sobre concepções prévias é o conceito de plástico, o qual está inserido em muitas situações do cotidiano.  

A Experimentação é de fundamental importância para a aprendizagem significativa, motivando um forte interesse entre os educandos, expondo a função da química no cotidiano sendo um dos instrumentos importantes para o processo de ensino-aprendizagem. 

A contextualização, diferente da educação monótona e burocrática, serve como uma ferramenta de ensino multidimensional, podendo beneficiar alunos, famílias e a sociedade ao examinar com precisão a vida real dos alunos. O pensamento contextual requer a intervenção dos alunos ao longo do processo de aprendizagem para estabelecer conexões entre o conhecimento. 

Essa pesquisa foi escolhida pela sua relevância na questão ambiental, uma vez que o mundo está tornando-se saturado de lixo. Além disso, este material demora a degradar e alguns animais alimentam-se destes. Portanto, a elaboração do tema aborda o conhecimento sobre polímeros nas reações orgânicas em consonância com o objetivo de fortalecer a consciência dos estudantes e a formação cidadã. Assim, pode possibilitar o desenvolvimento de relações entre o indivíduo e o ambiente em que se vive. 

O presente trabalho propõe contextualizar a temática plástico para formar cidadãos críticos a fim de refletir sobre a sua ação no ambiente a partir dos conhecimentos de reações orgânicas, Além de refletir sobre os efeitos do descarte inapropriado dos plásticos, através de situações do cotidiano, empregando métodos de ensino que promovam a participação do aluno como sujeito principal do processo de ensino e aprendizagem, para que desenvolvam condutas favoráveis ao uso sustentável dos plásticos.

Desenvolvimento (Relatório de Investigação)

Referencial Teórico

CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA 

A contextualização vem dar uma direção ao ensino de Química, onde haja um entendimento mais complexo sobre o conteúdo do que apenas a exemplificação cotidiana, logo se sugere que a contextualização deste ensino não convém ser vista simplesmente como uma abordagem metodológica, mas sim como princípio direcionador de ensino. (WARTHA, SILVA E BEJARANO, 2013). 

Segundo os PCN+ da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, na contextualização, não se procura uma ligação artificial entre o conhecimento químico e o cotidiano, restringindo-se a exemplos apresentados apenas como ilustração ao final de algum conteúdo; ao contrário, o que se propõe é partir de situações problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las. (BRASIL, 2002, p.93). 

A contextualização, os métodos lúdicos de ensino e a dinamização da aprendizagem foram impulsionados de modo relevante a partir da primeira década do século XXI, por meio de metodologias que apontam para que o ensino seja feito de maneira dinâmica e diversificada de modo a instigar nos alunos o interesse de “Como fazer”, “quando fazer” e “em que aplicar” visando a formação de cidadãos críticos e aptos a resolverem questões de seu cotidiano. (WARTHA e ALÁRIO, 2005). 

Pontes, et al. (2008) indica diversas causas que prejudicam o ensino de ciências, como poucos professores qualificados, a não contextualização, pois contextualizar diminui os laços entre conceitos químicos e realidade e a falta de ensino experimental diminuindo a motivação pela disciplina, o que resulta na dificuldade de aprendizagem. Aponta ainda que a educação é o fator fundamental para a estagnação ou crescimento de um país, apenas países que investiram fortemente em educação cresceram sem ser dependentes somente de matérias primas. 

O ato de contextualizar produz aprendizagens significativas mútuas entre aluno e objeto do conhecimento, sobrelevando o âmbito conceitual, sendo assim qualificada como estratégia metodológica para a compreensão de fatos ou situações do cotidiano dos alunos. Contextualizar deve simplificar o processo de ensino aprendizagem, procurar contato com o tema e gerar o interesse pelo conhecimento com aproximações entre conceitos químicos e vida do indivíduo, pois produz analogia entre o conteúdo da educação formal ensinada em sala de aula e cotidiano do educando. O aluno deve compreender os acontecimentos químicos relacionados ao seu cotidiano, principalmente os que se aplicam às atividades profissionais relacionadas à disciplina de química. (SCAFI, 2010). 

POLÍMIEROS NO ENSINO DE QUÍMICA 

Polímeros é uma palavra de origem grega que tem como significado: poli (muitos) e meros (partes), assim pode-se dizer que são compostos químicos formados de muitas partes, que são derivadas dos monômeros e suas massas moleculares são elevadas. Os monômeros são os compostos que dão cria aos meros, por meio das reações de polimerização. Os monômeros possuem insaturações na sua cadeia, que serão quebradas na reação de polimerização. (PAOLLI, 2008).  

Todo polímero é uma macromolécula, todavia nem toda macromolécula é um polímero. Desta forma, esses compostos são estruturas macromoleculares procedentes, muitas vezes, por interações covalentes, ou ligações intermoleculares ou intramoleculares entre macromoléculas. (CANEVAROLO, 2002).  

Pode-se classificá-los, quanto à sua natureza, como: polímeros naturais e polímeros sintéticos. Outras categorizações podem ser atribuídas às suas propriedades, como é o caso dos polímeros termoplásticos (que se tornam menos rígidos quando aquecidos) e os termofixos (tornam-se mais rígidos com o aquecimento), em relação à resposta à mudança da temperatura. (SHACKELFORD, 2008). 

Os polímeros fazem parte do cotidiano do homem desde o período antes de cristo, todavia o que se achava e acreditava na época que tais materiais eram todos de origem natural, como por exemplo, os polissacarídeos, as proteínas, a celulose, entre outros. Somente a partir do início do século XX que o estudo dos polímeros foi realmente estabilizado e os materiais macromoleculares passaram a ser não apenas de origem natural, mas também sintetizados pelas reações de polimerização, o qual foi criado pelo químico alemão Hermann Staudinger, sendo este ainda o responsável pela formulação da tese que existem macromoléculas.(LOPES, 2007). 

Metodologia

A contextualização no ensino busca trazer o cotidiano para a sala de aula e, ao mesmo tempo, busca aproximar a realidade vivenciada pelos alunos do conhecimento científico. Polímero é um conteúdo relevante e muitas pessoas sabem sua importância para a sociedade. Porém, poucas pessoas sabem que uma variedade de conceitos pode ser desenvolvida com base neste tema na sala de aula.

Esta pesquisa, segundo os objetivos, se apresenta como descritiva. Conforme elucida Appolinário (2011, p. 147), na investigação descritiva o investigador se propõe a “descrever o fenômeno observado, sem inferir relações de causalidade entre as variáveis estudadas”. O autor complementa que esta modalidade se opõe à pesquisa experimental onde o pesquisador elabora juízo de valor acerca do conteúdo investigado. Ela pode ser classificada ainda como participativa, segundo Gil (1991), a pesquisa participativa, assim como a pesquisa ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Segundo as fontes de informação é especificada como bibliográfica porque foi desenvolvida baseada em materiais já publicados como livros e artigos científicos. O intuito de uma pesquisa bibliográfica é colocar o cientista em contato com o que foi produzido sobre determinado assunto, inclusive através de conferências. (MARCONI; LAKATOS, 1996). 

Este trabalho foi aplicado de forma remota através do aplicativo Google Meet nas turmas A e B da 3ª série do ensino médio do Centro de Excelência Maria das Graças Menezes Moura. Partindo das necessidades de mudança na forma de ensino, é exibida a dinâmica dos Três Momentos Pedagógicos (3MP), como resultado da concepção freireana para o contexto da educação formal, sendo gerada, inicialmente, por Delizoicov, estando fundamentada pela Abordagem Temática (DELIZOICOV et al., 2011). Será seguido os 3MP três momentos pedagógicos problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. Estes são classificados em seguida: 

Na problematização inicial se apresentam questões ou situações para debate com os alunos, visando relacionar o estudo de um conteúdo com situações reais que eles conhecem e presenciam, mas que não conseguem interpretar completa ou corretamente porque provavelmente não dispõem de conhecimentos científicos suficientes. Ou seja, é na problematização que se deseja aguçar explicações contraditórias e localizar as possíveis limitações do conhecimento que vem sendo expressado, quando este é cotejado com o conhecimento científico que já foi selecionado para ser abordado. (DELIZOICOV,1990). 

No segundo momento (organização do conhecimento), os conhecimentos fundamentais para a compreensão das situações iniciais devem ser estudados de forma sistematizada. Problemas de lápis e papel, questionários semi-abertos, vídeos, atividades de modelização entre outros são recursos os quais podem desempenhar o papel formativo e construtivo da apropriação crítica dos conhecimentos. (DELIZOICOV, 1990). 

A última etapa destina-se a capacitar os alunos na utilização do conhecimento que vem sendo adquirido. Tal conhecimento é mais bem sistematizado e aplicado para analisar e interpretar as situações propostas inicialmente e outras que possam ser explicadas e compreendidas pelo mesmo corpo de conhecimentos. (DELIZOICOV, 1990). 

De acordo com a natureza dos dados é uma investigação qualitativa. Para Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa qualitativa se trata de uma pesquisa que tem como meta, analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano e ainda fornecendo análises mais detalhadas sobre as investigações, atitudes e tendências de comportamento.  

A coleta de dados será feita através de uma redação com a temática plástico e esses dados serão analisados pela Análise Textual Discursiva (ATD). A ATD é uma metodologia de análise qualitativa de informações textuais e discursivas criada por Moraes e Galiazzi (2007) que tem sido muito utilizada em pesquisas em Educação e Educação em Ciências. Os autores desta metodologia tiveram formação em Química, o que reproduz na maneira como esta metodologia foi desenvolvida e também em como ela tem sido apossada pela comunidade que dela se utiliza.

Resultados e discussões

Na Problematização Inicial são expostas questões da realidade que os discentes conhecem e presenciam. Nesta parte pedagógica, os estudantes são desafiados a apresentar o que entendem sobre os acontecimentos e circunstâncias. O objetivo primordial desta etapa é promover uma análise do senso comum e aproximação crítica do estudante ao se defrontar com as análises e opiniões das situações propostas para debate.

Com base no conceito proposto por Marconi e Lakatos (2010), um questionário com 5 questões foi aplicado antes da intervenção para verificar se os alunos da disciplina de educação ambiental possuem uma concepção prévia do tema polímero discutido. No primeiro momento (1), 15 alunos participaram da coleta de dados e, quando questionados se sabiam o que era polímero, todos eles afirmaram saber que era. Entre todos os alunos, nenhum afirmou não saber o que era polímero. Também nesta questão, os alunos que compreenderem o assunto, foram solicitados a explicar. Dos 15 estudantes que afirmaram saber, todos eles tentaram explicar. 

Os alunos pensam que polímeros são (ou só podem ser) plásticos, não relacionados a outros tipos de polímeros. Observou-se que alguns alunos trouxeram explicações mais detalhadas e conhecimentos científicos aprofundados ao relacionar a formação de polímeros a longas cadeias. Embora esta seja uma resposta incompleta, pode ser considerada essencialmente porque os polímeros são compostos por longas cadeias (macromoléculas), que são compostas por repetições de unidades (monômeros) que se conectam. É necessário relevar que os alunos não aprenderam este tema em sala.

Na segunda pergunta do questionário, os alunos foram solicitados a responder sobre a classificação dos polímeros, por meio da pergunta: “Você sabe qual é a classificação básica dos polímeros? Se souberem, podem descrevê-la resumidamente”. Entre os alunos que responderam a essa questão, apenas três afirmaram conhecer a classificação básica dos polímeros, mas ao analisar suas explicações, descobriram que estavam errados, pois vincularam a classificação à formação dos polímeros e os categorizaram como plásticos.

Ao analisar as questões 3 e 4 em conjunto, “Liste três polímeros usados na vida diária” e “Escolha quais materiais são considerados polímeros”. A última é uma questão de múltipla escolha. 

Os primeiros oito materiais descritos na questão 4. Os demais são exemplos trazidos pelos alunos de acordo com os requisitos da questão 3. Eles só associam polímeros com plásticos. Os exemplos mais óbvios que trouxeram foram garrafas PET e Cd de plástico, indicando que esses são materiais que eles podem reconhecer naturalmente por serem materiais mais comuns. As seringas são outro material que muitas pessoas podem reconhecer como um polímero. Os alunos apresentaram conhecimento limitado do conceito e reconhecimento dos polímeros, limitado aos comumente usados e amplamente utilizados (tomando como exemplo garrafas PET e plásticos em geral). A partir do desenvolvimento deste trabalho, espera-se que essa realidade mude. A conclusão conseguida na parte derradeira do questionário, “É possível fazer reuso de objetos poliméricos? Justifique sua resposta.”   

Ao se analisar esta questão, fica evidente que eles conhecem a possibilidade de reciclagem dos polímeros, uma vez que há uma gama de materiais que podem ser reutilizados e reciclados. Os alunos entenderam que os materiais poliméricos reciclados podem ser reutilizados.  Em suas descrições, os alunos mencionaram apenas que esse tipo de reaproveitamento pode ser feito por meio da reciclagem, mas não trouxeram conceitos mais detalhados sobre esses processos de reciclagem.

No segundo momento que é a organização do conhecimento, são utilizados os dados que surgiram da Problematização Inicial para que o coletivo de professores possa definir quais serão as questões geradoras e os conteúdos específicos que deverão ser trabalhados para a compreensão do tema gerador. Este momento destina-se aos planejamentos por áreas.

Antes do início da organização do conhecimento, foi executada uma rápida análise sobre o tema polímeros, debatendo sobre a definição de polímeros, polímeros naturais e sintéticos.

Nesta etapa foi aberto um debate para que os estudantes pudessem apresentar dúvidas sobre o assunto lecionado, alguns discentes participaram de forma espontânea, expondo interesse pelo conteúdo. A participação do professor da matéria foi fundamental, pois promoveu uma mediação do debate e trouxe perguntas referentes e conectadas à Educação Ambiental.

A aula expositiva dialogada é uma tática que é definida pela exibição de conteúdos com a colaboração e participação ativa dos estudantes, relevando o conhecimento prévio dos mesmos, sendo o docente o intermediador para que os estudantes perguntem, interpretem e debatam o conteúdo trabalhado. 

Após o final da discussão dentro de cada grupo, um questionário é fornecido para preencher as informações necessárias e importantes sobre cada eixo profissional pré-estabelecido (conceitos gerais, usos e tratamentos). Conforme mencionado acima, para que os alunos possam descrever esses elementos, dois textos específicos são fornecidos para cada grupo e seu tema central (PET, HDPE, PVC, LDPE, PP e PS). 

Durante a análise, observou-se que os alunos tentaram introduzir cada elemento do grupo que julgam necessário, e em alguns casos tornaram-se informações repetitivas, destacando-se o eixo de processamento, pois alguns grupos de base traziam apenas o conceito básico de tipos de reciclagem (Máquinas, Química e energia) ou simplesmente cite-o. Os alunos trouxeram em suas respostas elementos interessantes de cada tema central, o que mostrou que leram o material disponível.

O terceiro momento pedagógico é destinado à implementação das atividades em sala de aula e à avaliação do programa, avaliação particularizada também pela “planificação de atividades que demonstrem as construções de conhecimento” (TORRES et al., 2002, p. 148). 

O questionário, com uma redação sobre o tema após o evento, o pós-teste, é baseado no questionário do pré – teste com uma questão adicional, totalizando 6 questões. Nesse momento, os alunos demonstraram ter absorvido com sucesso o conteúdo proposto. Pode-se perceber que os alunos apresentam maior compreensão do conteúdo do polímero, pois as respostas dadas são mais detalhadas e possuem maior domínio do tema. Os alunos começaram a citar os plásticos como exemplos de polímeros, descartando a ideia anterior de que polímeros eram apenas plásticos.

Nessas definições, é percebido que ainda ficaram dúvidas sobre polímeros e o conceito não ficou tão claro para esses alunos. Isso pode ser esclarecido pois esses alunos não participaram de todos os momentos da atividade.  A primeira pergunta foi respondida de forma correta. Na pergunta 2, a finalidade foi para os estudantes divergirem  os polímeros sintéticos dos naturais, por meio da pergunta “Qual a diferença entre polímero natural e polímero sintético?”.  12 estudantes disseram que os polímeros naturais são obtidos espontaneamente na natureza, 10 estudantes relacionavam os polímeros sintéticos com laboratório e 5 alunos disseram que eles se diferenciam na produção. Os estudantes em suas respostas, somente apresentaram aquelas classificadas , não deixando claro o debate da questão, a não ser o fato de exporem  exemplos de cada um dos tipos. As falas dos dois estudantes foram inicialmente enfatizadas por trazerem elementos distintos para a discussão. Ambos confirmam a existência de polímeros naturais na natureza e nos organismos, são macromoléculas que existem em nossos corpos, plantas, animais e em toda a vida, e os polímeros não se limitam aos plásticos, pois o conceito original foi proposto pelos alunos. Como enfatizaram, os polímeros sintéticos são produzidos em laboratório, para que seja possível controlar suas características e sintetizar polímeros específicos para atingir as aplicações e funções necessárias, esses polímeros sintéticos também podem ser sintetizados como polímeros naturais.

Observa-se que os alunos avançaram na identificação do material polimérico em questão 4. Eles podem identificar certos tipos de polímeros, como PET (garrafas PET, varal), PS (espuma de plástico, caixas de CD), PP (recipientes de plástico, tubos de canetas, seringas, copos descartáveis), HDPE (brinquedos de plástico, sacos plásticos), PVC (tubo de PVC), etc. Os alunos também trouxeram exemplos novos e eficazes para a Questão 3, como tubos de canetas e varais, que antes nem sabiam que eram polímeros. 

Na questão 5, a questão é “Os materiais poliméricos podem ser reutilizados”, a resposta foi” sim” de 20 estudantes,  nenhum aluno respondeu “não”. Também aumentou o número de alunos que discutiram sob a ótica da proposta da disciplina, ou seja, educação ambiental, e mostraram que esse conteúdo (polímero) pode ser vinculado à proposta da disciplina (educação ambiental). Dois alunos, respectivamente, apresentam essa discussão em seus argumentos: “Sim, são ou duram muito e poluem o meio ambiente” e “Sim, os danos ao meio ambiente causados pela reciclagem são reduzidos, e são plásticos duráveis. Você deve aumentar sua conscientização para realizar a reciclagem.” Os dois alunos relacionaram a importância da reciclagem à durabilidade desses materiais e aos danos que eles causam ao meio ambiente. Quando perceberam a importância da separação dos resíduos plásticos para promover e conseguir a reciclagem adequada de cada material polimérico, percebeu-se o interesse deles no assunto. 

Sete alunos relacionaram a possibilidade da reciclagem para obtenção de novos materiais e a importância da reciclagem, aumentando a vida útil do nosso aterro sanitário urbano e utilizando materiais reciclados de alta qualidade. Eliminar esses materiais dos aterros e proporcionar novas aplicações para polímeros. Estes estudantes compreendem que é fundamental separar de forma certa e organizada os objetos poliméricos, como debatido antes. 

Os conhecimentos prévios foram analisados por meio de um questionário e discussões inerentes ao tema polímeros, verificando a organização das ideias, foi observado que os estudantes  já iniciaram a participar de maneira ativa no que diz respeito a compreender o conhecimento científico que relaciona as informações a respeito de reações orgânicas. Devido à participação ativa dos alunos na etapa anterior, percebe-se que os alunos já possuem um bom conhecimento na temática de polímeros. Dando continuidade à primeira e segunda etapas, a evolução dos alunos no esclarecimento de algumas questões destaca o fato da importância de intercalar conteúdos científicos com questões cotidianas, nas quais os professores devem saber administrar as fronteiras entre o senso comum e as ciências, para que o conhecimento não seja espalhado. No terceiro e último momento, depreende-se dos resultados que os experimentos possibilitam a construção de conhecimentos relacionados à teoria e à prática. 

Considerações Finais 

O processo de ensino aprendizagem requer tempo, empenho e persistência tanto do professor quanto do estudante. É um procedimento no qual as habilidades, competências, conhecimentos científicos e pedagógicos são postos em prática e o seu rendimento é testado de acordo com a evolução da classe. O emprego do tema plástico para o ensino de reações orgânicas, aula prática e métodos alternativos, proporcionou a construção de uma aprendizagem significativa e relacionada com a vida diária dos estudantes.

Deste modo, chega-se à conclusão que o referencial selecionado, o planeamento dos exercícios, as táticas e recursos empregados ajudaram para que este procedimento educativo alcançasse sucesso, e logram evidência nesta mudança a contextualização dos temas investigados, as conexões entre conteúdos e realidade, o emprego da metodologia da pergunta e a utilização da experimentação, em que além dos exercícios terem sido agradáveis e recompensadores para estudante e docente, elas os colocou em contato com os conceitos trabalhados em sala de aula de forma mais proativa e participativa. Neste ínterim, a efetuação destas metodologias alternativas expôs um entendimento mais contextualizado dos estudantes sobre os assuntos trabalhados, além da cooperação, interesse e ação sobre o tema plástico e o ensino de reações orgânicas.

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