PROTÓTIPO DE LUVA ELETRÔNICA PARA AVALIAÇÃO DE COORDENAÇÃO MOTORA FINA EM IDOSOS

PROTOTYPE OF ELECTRONIC GLOVE FOR EVALUATION OF FINE MOTOR COORDINATION IN ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411300804


Amanda Monteiro de Oliveira1,
Carina Braga Rosas2,
Lucas José Sales de Araújo3


RESUMO

Segundo Meinel (1984), podemos definir coordenação motora fina como: “uma atividade de movimento especialmente pequena, que requer um emprego de força mínimo, mas grande precisão ou velocidade. Então, em parceria com o curso de Engenharia do Controle e Automação do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), foi desenvolvido um protótipo de luva eletrônica, associado a gameterapia inspirado no jogo “Guitar Hero”. O protótipo é composto por: uma caixa de luzes (leds), de cores variadas, que irão acender sob o comando do fisioterapeuta e deverá ser reproduzida pelo paciente/ voluntário da pesquisa. A luva atingiu seu objetivo de ser um recurso didático na avaliação da coordenação motora fina de idosos institucionalizados do Lar Leal em Porto Velho. A pesquisa foi autorizada pelo CEP sob número do parecer: 7.024.081. A presente pesquisa busca promover o estímulo da coordenação motora fina e do cognitivo da população participante do estudo.

Palavras chave: Coordenação motora fina. Luva. Gameterapia. Psicomotricidade. Geriatria.

ABSTRACT

According to Meinel (1984), fine motor coordination can be defined as: “a particularly small movement activity that requires the use of minimal force but great precision or speed. Then, in partnership with the Control and Automation Engineering course of the Federal Institute of Rondônia (IFRO), a prototype of electronic glove was developed, associated with gametherapy inspired by the game “Guitar Hero”. The prototype consists of: a box of lights (leds), of various colors, that will light up under the command of the physiotherapist and should be reproduced by the patient/ volunteer of the research. The glove achieved its objective of being a didactic resource in the evaluation of fine motor coordination of institutionalized elderly at Lar Leal in Porto Velho. The research was authorized by CEP under opinion number: 7.024.081. The present research seeks to promote the stimulation of fine motor coordination and cognitive in the study population.

Key words: Fine motor coordination. Glove. Gametherapy. Psychomotricity. Geriatrics.

1 INTRODUÇÃO

Segundo os dados divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, nos últimos 10 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos passou de 11,3% para 14,7% da população brasileira. Sabendo que o envelhecimento é um fenômeno fisiológico marcado por alterações cognitivas, musculoesqueléticas e motoras (ANGELIM et al., 2020), a sociedade deve desenvolver projetos que auxiliem na qualidade de vida desta população.

Quando falamos de qualidade de vida, falamos de movimentos corporais, que permitem ao idoso o controle e regulação para o domínio previstos e não previstos das situações. O movimento é valioso e precioso, faz parte de todos os momentos da nossa vida desde da aptidão adquirida na infância, até a inabilidade na idade avançada (KRETCHMAR, 2000).

Com o envelhecimento, o organismo sofre uma série de modificações, entre as principais destacam-se: comprometimento do sistema visual vestibular, somatossensorial, e sistema nervoso central (dos Santos et al., 2020; Silva et al.,2021). Para Massi et al., (2018) o envelhecimento é visto de uma ótica negativa por desencadear mudanças estéticas e vocais, além da redução da capacidade visual e auditiva. Dessa forma, essas mudanças influenciam diretamente no comportamento do idoso, pois as capacidades de adaptação do ser humano diminuem, tornando-o cada vez mais sensível ao meio (Rosa Neto et al., 2005).

Vale ressaltar que a função motora (no processo de envelhecimento) sofre comprometimento do seu funcionamento devido a diminuição da massa muscular e da velocidade da condução nervosa (Costa et al., 2020; Greenlund, 2003). Os distúrbios de coordenação (comum em idosos) na maioria das vezes estão relacionados a uma disfunção do cerebelo, já que esta área do cérebro coordena os movimentos voluntários e o equilíbrio (GONZALEZ, 2022). Consideramos as principais causas de perda de coordenação: consumo excessivo de álcool, acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, hipotireoidismo, deficiência de vitamina E e tumores no cérebro (GONZALEZ, 2022).

O Estatuto do Idoso (que entrou em vigor em 2004) reconhece a necessidade de manter o idoso na comunidade junto à sua família visando manter uma vida digna, sustentável e de qualidade (Gallon et al, 2012). Infelizmente muitas famílias não conseguem suprir as necessidades de cuidados diários do indivíduo idoso, o que os leva a serem institucionalizados. Neste sentido, idosos institucionalizados enfrentam fatores sociais, emocionais e econômicos que interferem na sua saúde e bem estar, como: carência afetiva por ausência familiar, sedentarismo, perda de autonomia causada por incapacidades físicas e mentais, insuficiência de suporte financeiro (Gallon et al, 2012).

O presente trabalho tem como objetivo principal testar uma luva eletrônica como recurso tecnológico avaliativo da coordenação motora fina em idosos. Tornando a sessão de fisioterapia mais lúdica e atrativa para os idosos institucionalizados.

Quando a conduta fisioterapêutica visa recuperar ou manter a coordenação motora fina das mãos, os exercícios incluem alguns movimentos repetitivos. O foco está na recuperação ou aumento significativo da destreza e precisão dos movimentos das mãos e dedos, dependendo do grau de disfunção, este acompanhamento poderá vir a ser realizado com frequência diária durante vários meses (TAVARES, 2014).

É consenso que atividades que envolvem aspectos lúdicos podem ser consideradas como facilitadoras e mediadoras do tratamento de reabilitação motora das mãos, uma vez que são mais eficazes do ponto de vista motivacional (KINTSCHNER, 2020). Por esta razão este trabalho propõe sessões de estimulação de psicomotricidade de forma lúdica, incluindo uma luva eletrônica como método avaliativo da coordenação motora fina.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ANATOMIA MUSCULAR DA MÃO

Sabemos que os músculos lumbricais localizados na mão, são um dos responsáveis pelos movimentos finos como: segurar uma caneta, abotoar a roupa, segurar uma agulha de costura e demais objetos pequenos. Os lumbricais são numerados de 1 ao 4, de radial para ulnar tendo como origem os tendões do músculo flexor profundo dos dedos e se inserem nos tendões dos extensores dos dedos. Sendo assim, eles realizam a flexão e a extensão dos dedos (GRAAFF, 2003).

Esses músculos possuem vários fusos musculares, que são receptores sensitivos de contração muscular, capazes de enviar feedback proprioceptivo para o nosso sistema nervoso central. Vale ressaltar que os músculos interósseos palmares realizam a adução dos dedos, enquanto os interósseos dorsais realizam abdução. Conclui-se que os interósseos palmares são essenciais para a flexão das articulações metacarpofalângicas e na extensão das articulações interfalângicas dos dedos indicador, anelar e mínimo (GRAAFF, 2003). 

Os músculos citados anteriormente, em conjunto com os músculos tenares, possibilitam a preensão palmar e o pinçamento, já que os 4 músculos tenares (abdutor curto do polegar, adutor do polegar, flexor curto do polegar e oponente do polegar) são responsáveis por movimentar o polegar em várias direções. No movimento de pinça, o músculo oponente do polegar é requisitado por ter como função: a flexão, adução e rotação medial do polegar (GRAAFF, 2003).

Os nervos da mão e do punho se originam do plexo braquial, sendo os principais: nervo mediano, nervo ulnar e nervo radial. O nervo ulnar inerva todos os músculos intrínsecos da mão, exceto os LOAF: dois Lumbricais laterais, Oponente do polegar, Abdutor curto do polegar, e Flexor curto do polegar, que são inervados pelo nervo medial (CARMO, 2023). Já o ramo superficial do nervo radial, faz parte da inervação cutânea dorsal para os dois terços proximais do 1º,2º e 3º dedos e metade do 4º dedo, assim como a face lateral do dorso da mão e da base do polegar (GRAAFF, 2003). 

2.2 PATOLOGIAS QUE ACOMETEM AS MÃOS DA POPULAÇÃO IDOSA

Como toda parte do corpo humano, a mão está sujeita aos acometimentos patológicos que podem trazer déficits funcionais, que limitam as atividades cotidianas e ocupacionais dos indivíduos (OGURA et al., 2017). No ano de 1989, Rosenberg foi o pioneiro a utilizar o termo “sarcopenia” para definir a perda quantitativa de massa muscular, mas somente em 2016 ela foi reconhecida como doença pela OMS (ROSENBERG,1997). Segundo Cavalcante (2024), com o envelhecimento ocorrem algumas modificações celulares, como: redução no tamanho e número de fibras musculares, particularmente as fibras do tipo II (resposta mais rápida), associada a infiltração de gordura no tecido muscular.

Portanto, a população idosa necessita de intervenções com equipe multidisciplinar da saúde para manter o equilíbrio e realizar atividades que requerem movimentos precisos, fortes e rápidos (dos Santos et al., 2020; Rosa Neto et al., 2005; Silva et al., 2021). Para entender a coordenação motora é necessário compreender que ela está relacionada a vários fatores corporais como: equilíbrio, força, agilidade, energia, controle e domínio do corpo no espaço (Costa et al., 2020; dos Santos et al., 2020).

2.3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

Segundo Meinel (1984), podemos definir coordenação motora fina como: “uma atividade de movimento especialmente pequena, que requer um emprego de força mínimo, mas grande precisão ou velocidade – ou ambos – sendo executada principalmente pelas mãos e dedos, às vezes também pelos pés”. Segundo Oliveira, 2018, o maior objetivo da psicomotricidade em idosos é a manutenção das capacidades funcionais, aprimorar o conhecimento de si e a eficácia das ações.

O artigo de Mendonça (2010), descreve um estudo de caso de uma idosa moradora do asilo São Vicente de Paulo que apresentava déficit cognitivo, hipotonia de membros superiores, fraqueza muscular de membros superiores e inferiores, diminuição de coordenação motora de membros superiores e entre outras disfunções. Realizou-se 10 sessões de fisioterapia com atividades lúdicas, trazendo resultados positivos significativos como: a melhora na concentração, coordenação motora, interação e socialização com o terapeuta, alegria e disposição ao realizá-los, orientação de tempo e espaço, reconhecimento e domínio em manipular os objetos, melhora na percepção, compreensão e raciocínio (MENDONÇA,2010).

2.4 O LÚDICO NA SESSÃO DE FISIOTERAPIA

As atividades lúdicas e, especificamente os jogos e brincadeiras adaptados para idosos, podem ser mais bem utilizados durante as sessões de fisioterapia com a finalidade de promover a estimulação cognitiva e de memória (MATOS, 2006). Um dos materiais utilizados de destaque da pesquisa de Mendonça (2010) foram as peças de enroscar, encaixar e montar, pois, auxiliaram na melhora da coordenação motora fina das mãos, manuseio de objetos, atenção e raciocínio.

Na população idosa é notável que a velocidade de movimentos simples e repetitivos diminui, o controle dos movimentos de precisão é alterado, causando dificuldades em realizar as atividades básicas de vida diária (ESTIVALET, 2017). O envelhecimento provoca uma diminuição da capacidade de combinar movimentos, gerando falsas reações diante de situações inesperadas, o que aumenta o risco de acidentes (ZAGO; GOBI, 2003).

Vale ressaltar o conceito de “propriocepção” que descreve todas as informações neurais originadas nos proprioceptores das articulações, músculos, tendões, cápsulas e ligamentos, que são enviadas por meio das vias aferentes ao sistema nervoso central, de modo consciente ou inconsciente, sobre as relações biomecânicas dos tecidos articulares, as quais podem influenciar no tônus muscular, no equilíbrio postural e na estabilidade articular (BACARIN et al., 2004).

3 METODOLOGIA

Segundo Gil (2019), podemos classificar (de acordo com a sua finalidade) como pesquisa básica estratégica por ter como objetivo preencher uma lacuna no conhecimento. Este tipo de pesquisa busca obter novos conhecimentos direcionados a amplas áreas com vistas à solução de reconhecidos problemas práticos (GIL,2019). A pesquisa também é definida como exploratória por ter como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, tendo um planejamento flexível pois interessa considerar mais variados aspectos relativos ao fato estudado (GIL,2019). O problema a ser investigado se trata de “A luva eletrônica irá agregar no trabalho do fisioterapeuta no quesito de avaliação de coordenação motora fina em idosos do Lar Leal em Porto Velho?”

O projeto iniciou-se com o levantamento de dados das tecnologias envolvendo a área da engenharia, que já foram desenvolvidas e aplicadas na reabilitação fisioterapêutica. O principal banco de dados utilizado foi o Google Acadêmico. Em parceria com o curso de Engenharia do Controle e Automação do IFRO (Campus Porto Velho Calama), foi construído pelos acadêmicos da mesma, uma luva eletrônica, associado a gameterapia inspirado no jogo “Guitar Hero”. Após realizar a primeira etapa da pesquisa bibliográfica, a metodologia adotada para o desenvolvimento do projeto foi baseada no Ciclo de Vida no Produto (Dias 2014), onde executou-se as seguintes etapas: Identificação de necessidades, Planejamento do processo, Projeto Conceitual e Produção do Protótipo.

Figura 1 Materiais utilizados no protótipo

O protótipo é composto por: uma caixa de acrílico que dispõe de luzes (leds), das cores: branco, vermelho, verde e azul. Os leds da primeira fileira servem como “gabarito” para o usuário/ idoso; pois o fisioterapeuta consegue controlar o momento que cada led acende ou apaga pelo seu smartphone. Esta ação é realizada pelo fisioterapeuta ao manusear o aplicativo “Iot MQTT Panel”. A comunicação entre o aplicativo e a caixa de leds é possível através da placa ESP 32, que permite comunicação via Wi-fi com os Leds.

O paciente idoso precisa realizar o movimento de pinça pois este movimento irá fechar o circuito eletrônico através do contato das falanges dos dedos com o dedo polegar, resultando na luz do led correspondente acesa. Sabendo que cada dedo corresponde a uma cor diferente; cada cor é representada pelo seguinte dedo: indicador = azul, dedo médio= verde, anelar= branco e dedo mínimo= vermelho.

Foi feito uma seleção dos idosos com o cognitivo capaz de compreender a dinâmica da luva e como a mesma deve ser utilizada. A população foi composta por 8 idosos no total, que foram divididos em 2 grupos (grupo A e grupo B) de 4 integrantes cada para a melhor acomodação dos mesmos na sala em que realizaram as sessões.

Todos os 8 idosos participantes da pesquisa responderão o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), na primeira sessão e na última sessão, para compararmos a influência dos estímulos durante as sessões no cognitivo do idoso. Este exame apresenta perguntas para avaliação da: memória imediata e de evocação, orientação espacial e temporal, cálculo, linguagem- nomeação, repetição, compreensão e cópia de desenho. Apresentação do Exame em anexos.

Levando em consideração que a pontuação máxima chega a 30 pontos, a pontuação esperada para resultado dentro da normalidade é acima de 27 pontos. É considerado um nível de demência um resultado menor ou igual a 24 pontos. Todos os 8 idosos pontuaram abaixo de 24 pontos, ou seja, todos os participantes possuem algum nível de demência.

No tópico 11 da seção de Linguagem do MEEM, é solicitado que o participante reproduza um desenho. Cada desenho foi atribuído uma nota de 0 a 4, refletindo a precisão da reprodução. Esta pontuação foi comparada com a pontuação obtida através do protótipo da luva.

A pesquisa visa preservar e/ou melhorar a coordenação motora fina dos idosos, de maneira lúdica e divertida. É consenso que atividades que envolvem aspectos lúdicos podem ser consideradas como facilitadoras e mediadoras do tratamento de reabilitação motora das mãos, uma vez que são mais eficazes do ponto de vista motivacional (KINTSCHNER, 2020).

3.1 Atividades de estímulo desenvolvidas com o grupo A:

O grupo A que é composto pelos voluntários: 5,6,7 e 8 desenvolverão as seguintes atividades: (observação= em um dos dias de ida ao Lar Leal, o voluntário 7 não participou por não estar presente no Lar, estava no hospital por ter realizado procedimento cirúrgico).

  • Alinhavo
  • Sobreposição de formas geométricas correspondentes
  • Abrir e fechar zíper e desatar nó
  • Abrir uma fivela de cinto e outros 2 tipos de fecho de roupa
  • Desabotoar botões de 3 tamanhos e formas diferentes
  • Painel de AVD, com diferentes tipos de fechaduras, interruptor e torneira.

Considerações: O voluntário 5 é um indivíduo que demonstra certa ansiedade em realizar as atividades e também competitividade em acertar o que lhe é proposto. Teve dificuldade em desabotoar os botões mas foi bem nas demais.

O voluntário 6 realizou com pouca destreza as atividades de desafivelar um cinto e desabotoar os botões, e na sobreposição das formas geométricas, errou 1 figura.

O voluntário 8 realizou as atividades com calma mas apresentou dificuldade em identificar e diferenciar as formas geométricas, e errou 2 figuras. Ele diz ter sentido dificuldade na realização da atividade devido ter déficit visual, assim como diagnóstico de catarata nos dois olhos. A seguir, imagens do acervo do autor.

A atividade que propõe mensurar a agilidade dos idosos inclui os seguintes comandos:

  • Correlacionar a cor dos cones com a cor dos discos, sobrepondo o disco no cone empilhá-los no final.

Montar na sequência correta o brinquedo de encaixe que contem cores e formas geométricas variadas, assim como na sequência numérica correta.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Pontuação do questionário Mini Mental: (0 a 30 pontos)

O questionário Mini Mental demonstrou que todos os idosos participantes da pesquisa apresentam algum nível de demência. Tanto no dia da primeira avaliação, como após alguns dias de desenvolvimento de atividades durante a pesquisa. Muito não tem noção do mês, dia da semana e nem onde fica localizado o endereço do Lar Leal

A luva foi utilizada como método avaliativo da psicomotricidade em idosos, e comparamos o resultado da mesma com o método já existente, o tópico 11 do Mini Mental. A média da primeira e da última avaliação da luva foi obtida a partir da captação de pontos de “5 rodadas” por ordem aleatória (decidida pelo fisioterapeuta) de leds acesos e reproduzida pelo idoso voluntário. A pontuação tanto da luva como do desenho foi de 0 a 4, sendo 4 a pontuação máxima.

Os resultados do grupo A (voluntários que receberam estímulos através de atividades de psicomotricidade) tiveram melhores resultados na avaliação/ jogo com a luva eletrônica. Notou-se maior engajamento, alegria e competitividade ao interagir com as acadêmicas e demais colegas voluntários.

Os resultados do grupo B (que não receberam nenhum estímulo de atividades de psicomotricidade) em sua maioria, não obtiveram maior pontuação no dia da avaliação final. Observamos mudanças de humor e desinteresse na interação.

No último dia foi realizado 5 rodadas de acertos com a luva em todos os voluntários (Grupo A e Grupo B) e diante dos resultados no último dia foi observado as variações e conclusões em cada um dos participantes.

O voluntário 05 (grupo A) no dia da última avaliação pontou 1,00 ponto a mais. Sempre atento aos detalhes e muito competitivo diante dos demais. O voluntário 6 (grupo A) foi o único do grupo que não teve um aumento de pontos (-2 pontos), durante a avaliação este relatou estar triste e sem disposição. O voluntário 7 manteve a mesa pontuação, acreditamos que devido a sua ida ao médico o desempenho dele deva ter caído, por se tratar de um participante bem ativo em relação aos demais. O voluntário 8 (grupo A) pontou 2 pontos a mais, foi o único do grupo que teve um aumento significativo na aplicação, pois se trata um participante bem atento e observador.

Os voluntários do grupo B obtiveram queda de pontuação na última aplicação da avaliação, exceto o voluntário 5 (grupo B) que obteve 8 pontos a mais, visto que se trata de um participante bem ativo, gosta de leituras e de escrever, bastante interessado e atento aos detalhes e comandos dados pelas pesquisadoras.

Diante dos dados apresentados, ressaltamos os sentimentos e emoções que afetam esses idosos, na maioria dos casos são idosos abandonados por seus familiares, que não recebem visita nem da família e nem amigos ou separados por intervenção judicial/ maus tratos. O único contato é com a equipe de cuidadores, enfermeiros e técnicos de enfermagem. O círculo social é limitado e só se altera com acadêmicos da faculdade que vão como estagiários (principalmente da área de fisioterapia e psicologia) e com os demais idosos que residem no mesmo local, ou novos “moradores” idosos que são admitidos no Lar.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em comparação com o resultado do desenho, a luva apresentou um resultado assertivo em 75%, considerando uma precisão de 25%. Os voluntários 5 e 8 tiveram a pontuação máxima no desenho, porém o desenho desconsidera “tremor e rotação”. Neste sentido, a luva pode entregar um resultado mais assertivo para o fisioterapeuta sobre o desempenho da motricidade fina do paciente que está sendo avaliado.

Neste sentido, a pesquisa atingiu o seu objetivo de responder o problema investigado: “A luva eletrônica irá agregar no trabalho do fisioterapeuta no quesito de avaliação de coordenação motora fina em idosos do Lar Leal em Porto Velho?” A resposta é que sim pois deixa a avaliação interpessoal, apresentando resultados mais exatos, de forma lúdica, atraindo o interesse do paciente.

Novas pesquisas são necessárias com uma população maior (mais de 8 voluntários). Sugerimos também o teste no público infantil pois eles se enquadram no perfil de pacientes que precisam desenvolver suas habilidades de coordenação motora fina.

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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Faculdade da Amazônia UNAMA Campus Porto Velho e-mail: amand4.m.o@gmail.com

2Discente Curso Superior de Fisioterapia da Faculdade da Amazônia UNAMA Campus Porto Velho e-mail: bragarosas07@gmail.com

3Docente do Curso Superior de Fisioterapia da Faculdade UNAMA Campus Porto Velho. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Atuante em Terapia Intensiva Neopediátrica e Adulto. Coordenador de Unidade de Terapia Intensiva. e-mail:015000129@prof.unama.br