ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM AOS IDOSOS COM DEPRESSÃO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA

NURSING PERFORMANCE FOR ELDERLY PEOPLE WITH DEPRESSION IN LONG-STAY INSTITUTIONS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411300652


Carla Thaís de Cristo Bezerra; Ronald da Silva Souza; Vofsi Gama Teixeira; Orientador: Prof. Cleomirtes Da Silva Sales; Coorientador: Prof. Adriano dos Santos Oliveira 


Resumo

Analisa a partir de evidências e estudos científicos, as principais causas da depressão na terceira idade e descreve as principais ações que a enfermagem pode proporcionar ao públicoalvo. Trata-se de um estudo exploratório, analítico de caráter descritivo, que utiliza como técnica a revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada dentro das bases de dados do Google Acadêmico e biblioteca virtual da saúde (BVS). Diante das informações expostas nos artigos, entende-se que a depressão que acomete os idosos ocorrem por inúmeros fatores, dentre eles: Institucionalização, patologias crônicas, restrições socioeconômicas,  entre outras origens. Percebe-se que entre os estudos analisados há um consenso a respeito da prevalência da depressão em idosos institucionalizados e da importância do enfermeiro nas ILP’s.

Palavras-chaves: Depressão. Idosos. Enfermagem.

1 INTRODUÇÃO

A população idosa é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o grupo etário de 65 anos ou mais nos países desenvolvidos e 60 anos ou mais nos países em desenvolvimento. É importante também destacar que a população idosa é formada por uma variedade etária bastante expressiva, que compreende desde pessoas com 60 anos até aquelas com 100 anos ou mais. Diante dessa diversidade, para estudos acadêmicos e para efeitos de políticas públicas, o grupo costuma ser dividido em dois subgrupos: os “idosos novos” (entre 60 e 79 anos) e os “muito idosos” (80 anos ou mais). (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2010 Apud MDS/SNCF, 2023, p. 02-03).

Neste cenário, um desafio adicional se coloca em relação à velhice avançada, já que este é o grupo que se encontra diante da maior exposição a doenças e agravos crônicos, o que pode acarretar sequelas limitantes do desempenho funcional, gerando, consequentemente, situações de dependência e demandas por mais cuidado. (Alves et al., 2020 Apud MDS/SNCF, 2023, p. 03).

O estilo de vida influencia diretamente em os campos do envelhecimento, fisiológico, biológico, social e genético, sendo assim afim de minimizar o estado degenerativo natural do envelhecimento, um estilo de vida saudável deve ser adotado, levando a melhor qualidade de vida. (De Souza, 2021 Apud Vivas&Silva, 2021 p. 06).

O idoso pode render-se à vida facilitada pela tecnologia, tornando-se sedentário, por exemplo, passando muitas horas seguidas sentado assistindo televisão. Este fenômeno pode contribuir para limitar sua autonomia e reduzir sua capacidade funcional, que já são naturalmente menores do que nos indivíduos mais jovens. Esse sedentarismo prejudica a saúde do idoso e pode, até mesmo, levar ao desenvolvimento de doenças, como a diabetes, a osteoporose e, inclusive, as doenças psicológicas como a depressão. (Santos&Souza, 2015 Apud Hernandez&Voser, 2019, p. 720).

Em relação aos idosos, o contato com o enfermeiro é de grande importância, pois há o desenvolvimento de atividades preventivas através da educação em saúde, facilitando na maioria das vezes o processo de adaptação à mudanças físicas, e sociais que interferem na saúde mental dos indivíduos idosos. (Barata et al., 2014, p. 236).

A atividade física, individual ou em equipe, com um treinamento anaeróbico ou aeróbico, tem uma eficácia surpreendente na diminuição dos sintomas depressivos e na melhora da saúde física e mental de idosos. Logo, o exercício físico pode ser uma segura e eficiente terapia antidepressiva para essa população. (Belvederi, et al., 2015 apud Almeida, et al., 2017, p.114).

Os enfermeiros precisam estar atentos e preparados para detectar os sinais de depressão antes que estes causem prejuízos à qualidade de vida do idoso. Além disso, programas educacionais, estratégias clínicas para orientação e diagnóstico precoce desses problemas devem ser estimulados. (Alvarenga et al., 2012 apud Sousa, 2020, p. 70456).

Além dos fatores advindos do envelhecimento que podem levar à depressão  nos  idosos,  a institucionalização também pode ser considerada um fator estressante e desencadeador dessa doença. Os idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) apresentam risco aumentado de desenvolver depressão, principalmente  nos  primeiros  meses após a internação. (Hartman&Gomes, 2016 apud Santiago et al., 2022, p.54).

Quando o enfermeiro atua junto à pessoa idosa residente em uma ILPI, esse trabalhador tem condições de tornar esse cuidado/atendimento/assistência mais humanizado, acolhedor, avaliativo, integral, podendo contribuir para melhoria da qualidade de vida do idoso institucionalizado. (Gonçalves, et al., 2015 apud Jorge&Furtado et al., 2023, p. 02).

A ajuda da família nesse momento é de fundamental relevância para alcançar resultados satisfatórios, pois nesse período da vida muitos idosos se sentem incapazes, e são desprezados e resignados tanto pela sociedade, quanto pela família. A doença deve ser compreendida e tratada, paciência é a chave para compreender melhor os idosos nessa situação, a interação e as conversas são fundamentais para que o idoso não se isole cada vez mais, o assunto merece atenção especial, pois se não tratado devidamente pode trazer danos à saúde física e mental, o acompanhamento médico é sempre importante, mas o apoio da família também é essencial. (LIMA et al., 2016 apud Ramos et al., 2019, p.03).

De acordo com os estudos analisados compreende-se que o estilo de vida impróprio deste grupo etário, corresponde diretamente para um desenvolvimento negativo na qualidade de vida do mesmo, podendo resultar em patologias físicas e psicológicas. As pessoas idosas que são encaminhadas as ILP’s tornam-se vulneráveis a depressão devido à inadaptação ou sentimento de abandono familiar. Dito isto, a atuação da enfermagem tem como objetivo observar os indícios da depressão para que assim seja ofertado um cuidado humanizado.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

Referencial teórico/Estado da arte

2.1 Idosos com depressão

É importante destacar a diferença de tristeza e depressão, em que tristeza é um estado momentâneo que envolve sentimentos que levem a este fato, como perdas, desilusões, distúrbios dos mais variados e diversas outras formas, que muitas vezes é considerado saudável e bem avaliado pelos médicos. Porém, quando esses sintomas persistem e são acompanhados de apatia, indiferença, desesperança, apresentam-se sinais claros de depressão, o que é comum no público idoso, por muitas vezes, perderem a independência que tinham anteriormente. (Pinho et al., 2009 Apud Lima, 2016, p. 02).

É caracterizada pela presença de humor predominantemente depressivo e/ou irritável e diminuição da capacidade de sentir prazer ou alegria, podem estar seguidos de uma sensação subjetiva de cansaço e/ou fadiga, acompanhados de alterações do sono e apetite, desinteresse, pessimismo, lentidão e ideias de fracasso. (Lima et al., 2016, p. 02).

A população idosa apresenta maior vulnerabilidade para problemas de saúde e os transtornos do humor são frequentes entre estes indivíduos, com destaque para a depressão e os sintomas depressivos clinicamente significativos. (Lima et al., 2016 p. 02).

A assistência de enfermagem ao idoso portador de depressão deverá também esclarecerlhe sobre a necessidade da terapia medicamentosa, pois os psicoterápicos ajudam na reestruturação psicológica, elevam o grau de compreensão e auxiliam na resolução de problemas, além de restaurar o humor alterado pela depressão e também de como agir em situações de urgência e emergência. (Prochet et al., 2012 apud Sousa, 2020, p.70456).

2.2 Idosos com depressão em Instituições de Longa Permanência (ILP)

A Instituição de Longa Permanência é um estabelecimento para atendimento integral institucional, cujo público alvo são as pessoas com 60 anos e mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com a família ou em seu domicílio. Estas instituições, conhecidas por denominações diversas – abrigo, asilo, lar, casa de repouso, clínica geriátrica e ancionato – devem proporcionar serviços nas áreas: social, médica, de psicologia, enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, e em outras áreas, conforme necessidades deste segmento etário. (Santos et al., 2008 apud Muller 2019, p. 15).

Porém, muitas ILPI enfrentam problemas relacionados a recursos humanos, físicos e financeiros tais como insuficiência de profissionais de saúde e cuidadores, falta de qualificação profissional e de atividades físicas, recreativas ou ocupacionais que podem refletir em baixa interação, motivação e pouco estímulo ao idoso no espaço institucional. Essas instituições enfrentam o desafio de, efetivamente, cumprirem as diretrizes mundiais voltadas à atenção à saúde do idoso, bem como saber lidar com as limitações de cada idoso institucionalizado. (Camarano AA et al., 2010, apud Guimarães, 2019, p. 3276).

As ILP’s desempenham dupla função no atendimento às pessoas idosas. A primeira função está relacionada ao cuidado ao idoso no que se refere ao atendimento às necessidades dos diferentes graus de dependência dos residentes e de programas voltados à diminuição e prevenção de morbidades. Já a segunda, relaciona-se ao aspecto dos vínculos e papéis sociais, seja no convívio no ambiente interno da instituição, seja com a comunidade. Vínculos são relações sociais onde a base seja o amor ou a aceitação mútua. (Silva et al., 2010 apud Muller 2019, p. 17).

A prevalência de sintomas depressivos entre moradores de ILP’s  é mais elevada do que entre aqueles que moram com suas famílias. O reconhecimento de condições que podem ser tratadas e modificadas pode minimizar causas e/ou efeitos dessa condição mental que traz tantos impactos negativos na vida do idoso. (Camarano AA et al., 2010, apud Guimarães, 2019, p. 3276).

No processo dessa enfermidade o sexo feminino apresenta uma maior vulnerabilidade devido às situações de conflitos familiares, relacionamentos rompidos bem como aos fatores biológicos, genéticos e hormonais. Outros fatores existentes incluem faixa etária, restrições socioeconômicas, baixa escolaridade, atribuições de personalidade, distúrbios do sono, inadequações da moradia, déficit no suporte social, eventos de vida estressantes, quadro psiquiátrico prévio, declínio cognitivo, restrições funcionais e morbidades, sejam elas crônica ou aguda. (Ramos, 2017 apud Ramos et al., 2019, p.02).

Para a depressão leve e moderada, o efeito do exercício físico pode ser comparável com a medicação antidepressiva e a psicoterapia; para depressão  grave,  o  exercício  parece  ser  uma  valiosa  terapia complementar aos tratamentos tradicionais. (Knapen et al., 2015, apud Hernandez&Voser, 2019. p. 721).

2.3 Atuação da enfermagem aos idosos com depressão

O papel do enfermeiro não está voltado apenas em fazer um acompanhamento do idoso depressivo, perpassa muito mais do que isto. O enfermeiro não apenas esclarece as dúvidas que vierem a surgir, explicando de que forma será as terapias, as questões das medicamentações. Compete a ele também a ouvir, a compreender o idoso depressivo. Deve ser um apoio, um suporte para o idoso. Cabe a ele também orientar a família de forma adequada a situação de como está o paciente e quais os mecanismos, os suportes que devem utilizar para o tratamento da depressão. (Pereira et al, 2019).

As atividades atribuídas ao enfermeiro e realizadas por este na atenção básica, assim como nos outros níveis de atenção à saúde, são consideradas essenciais para a promoção da saúde dos pacientes nas instituições de saúde, por ser o enfermeiro o profissional que está mais próximo do usuário (desde o acolhimento até os momentos finais do atendimento), e este contato permite que este profissional faça um atendimento integralizado, conhecendo todas as necessidades psicofisiológicas dos pacientes e intervindo nas mesmas através de suas diversas ações. Em relação aos idosos, o contato com o enfermeiro é de grande importância, pois há o desenvolvimento de atividades preventivas através da educação em saúde, facilitando na maioria das vezes o processo de adaptação à mudanças físicas, e sociais que interferem na saúde mental dos indivíduos idosos. (Barata et al., 2014, p. 236).

Com isso, é notável o quão importante é o papel do enfermeiro nos mais diferentes níveis de atenção a saúde. No que diz respeito a saúde das pessoas idosas com depressão, o enfermeiro não somente irá atuar como aquele que promove cuidados a saúde, mas, como ouvinte, a fim de ouvir e compreender as necessidades destes idosos e oferecer melhores cuidados e orientações. 

Os enfermeiros precisam estar atentos e preparados para detectar os sinais de depressão antes que estes causem prejuízos à qualidade de vida do idoso. Além disso, programas educacionais, estratégias clínicas para orientação e diagnóstico precoce desses problemas devem ser estimulados (Alvarenga et al.,2012 apud Sousa, 2020, p. 70456).

A assistência de enfermagem ao idoso portador de depressão deverá também esclarecerlhe sobre a necessidade da terapia medicamentosa, pois os psicoterápicos ajudam na reestruturação psicológica, elevam o grau de compreensão e auxiliam na resolução de problemas, além de restaurar o humor alterado pela depressão e também de como agir em situações de urgência e emergência. (Prochet et al., 2012 apud Sousa, 2020, p.70456).

Compreende-se que é de suma importância que a equipe de enfermagem esteja capacitada e preparada para detectar quaisquer sinais de depressão assim podendo implementar programas e promover orientações sobre a importância das terapias. Uma equipe qualificada é essencial para preservar a qualidade de vida desses idosos e garantir um suporte adequado em situações e quadros mais graves. 

Estudos sobre depressão em idosos mostram-se relevantes na prática clínica, pois possibilitam intervenções precoces e efetivas, além da prevenção de fatores de risco. Nesta perspectiva, a avaliação da sintomatologia depressiva por meio da aplicação de escalas reconhecidas internacionalmente pode contribuir para melhor detectar os casos de depressão. (Matias et al., 2016 apud Sousa, 2020, p.70456).

Independentemente da idade em que a doença se apresenta, a atuação da enfermagem deve ser a de estimular o autocuidado. O cuidado que cada idoso demanda é diferente, o que depende do seu estágio de comprometimento neural, distinguindo o modo de assistência prestada pelo enfermeiro. (Bretanha et al., 2015 apud Sousa, 2020, p.70456).

Conclui-se que, a enfermagem contribui diretamente na avaliação precoce e durante a evidência da depressão, que por sua vez é detectada através da prática clínica facilitando um possível diagnóstico. Independente do tempo propagado da doença é de suma importância o autocuidado, embora cada caso seja uma particularidade .

2.4 Institucionalizações como desencadeador da depressão em idoso

Observa-se que com o aumento da expectativa de vida, houve um crescimento da incidência e prevalência das doenças crônicas não transmissíveis. Como exemplo, destaca-se a depressão, uma patologia de alta prevalência, sobretudo na faixa etária acima de 60 anos. Corresponde, assim, a uma fase da vida desafiadora e que nem sempre conta com o apoio social necessário. (Silva et al., 2015 apud Oliveira, 2021, p. 1122- 1123).

A prevalência de sintomas depressivos entre moradores de ILP’s é mais elevada do que entre aqueles que moram com suas famílias. Nesse sentido, compreender o contexto da institucionalização de idosos, constitui um elemento importante na identificação de seus impactos para sociedade bem como para o idoso. (Marinho et al., 2020 apud Guimarães et al, 2018, p. 3276).

Sendo as doenças crônicas não transmissíveis um dos fatores desencadeantes da depressão, entende-se que, as atitudes que realizamos hoje em relação a nossa saúde hão de interferir com efeito positivo ou negativo. Então, cabe a nós priorizarmos uma vida ativa e saudável para que se reduza futuramente doenças crônicas não transmissíveis como a depressão, que se destaca como a “doença do século”.  

Em  muitos  casos,  os  serviços  oferecidos  pelas ILP’s  tornam-se  a  única  opção  para  os  idosos  em situações  de  dificuldade  de  cuidado  por  parte  de  sua família.  Há  também  aqueles  idosos  que  não  possuem vínculos  familiares  ou  se  encontram  em  condições sociais precárias. (Minayo  MCS et al., apud Santiago, 2022, p. 54).

A  depressão  pode  ser  desencadeada  por  fatores  biológicos, sendo a  genética  um fator significativo  no desenvolvimento de um quadro depressivo. Além disso, fatores psicológicos causam perda da autonomia e agravamento de quadros patológicos preexistentes no idoso, assim como os fatores sociais que interferem na capacidade funcional, do autocuidado e nas suas relações sociais. (Nóbrega et al., 2015, apud Ramos, 2019, p.02). 

As instituições de longa permanência podem ser um local desafiador aos idosos que são institucionalizados, podendo contribuir para o risco do aumento de quadros depressivos pois, a adaptação pode ser estressante, já que diariamente estarão distante de seus familiares. 

Apesar  de  as  ILP  fornecerem  apoio  multidisciplinar  no  cuidado  ao  idoso, a prevalência de sintomas depressivos entre os que residem nesses locais é mais elevada do que entre aqueles que moram com suas famílias, sendo fundamental a detecção precoce da doença para reduzir os significativos impactos causados por ela. (Vieira et al., 2017 apud Oliveira et al., 2021, p. 1123).

A institucionalização nem sempre é dotada de aspectos negativos, já que corresponde uma ótima alternativa para acolher o idoso. O cuidado pode ser visualizado através das atividades lúdicas multidisciplinares, que integram os idosos no meio social, na tentativa de minimizar o sentimento de solidão. Nesse sentido, é importante estimular uma vivência mais próxima e integradora desses idosos. (Fagundes et al., 2017 apud Oliveira et al., 2021, p. 1123).

A vista disso, os autores ressaltam a importância da enfermagem nas instituições de Longa Permanência e da equipe multiprofissional. Entretanto, a enfermagem tem como intuito detectar precocemente a sintomatologia da depressão, encaminhar ao profissional capacitado para diagnóstico e se assim diagnosticado, estimular e fornecer táticas diferenciadas que reduzam significativamente os sintomas depressivos e que estimulem um bem estar físico, mental e social a esses idosos. 

3 METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo exploratório, analítico de caráter descritivo, que utiliza como técnica a revisão integrativa da literatura (RIL). A RIL proporciona uma gama de conhecimento e resultados na prática através de diferentes publicações realizadas em diferentes anos com diversas abordagens metodológicas, incorporando assim conceitos e evidências de problemas metodológicos. (Souza, 2010 apud Almeida et al., 2022, p. 03).

A coleta de dados foi realizada a partir de periódicos indexados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): A Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família (SNCF), Centro de Ensino Unificado de Brasília (UNICEUB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Journal of Management & Primary Health Care (JMPHC), Revista de atenção a saúde (RAS), Brazilian Journal of Development (BJD), Revista Científica de Enfermagem (RECIEN), ACERVO+, Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção (RECI), Universidade Paranaense (UNIPAR), Biblioteca Científica Eletrônica Online (SCIELO), Brazilian Journal of Health Review (BJHR). 

Os critérios de elegibilidade foram selecionados artigos originais, do tipo revisão sistemática, integrativa, relato de casos, disponibilizados gratuitamente, em língua portuguesa e inglesa, publicados no período de 2014 a 2023, que tratam do tema pesquisado. Os critérios de inelegibilidade foram artigos com textos incompletos, resumos, além de artigos escritos em língua diferente do inglês e português.

Os artigos foram selecionados de acordo com os critérios a partir dos títulos, posteriormente foi realizada a análise de artigos que foram lidos na íntegra, e se o artigo estive a critério da temática proposta foram selecionados para o estudo, sendo elaborado um instrumento para a coleta de informações direto nas bases de dados selecionados para compor esta revisão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Utilizando os três DeCS: “Depressão” AND “Idosos” AND “Enfermagem”, foram encontrados 40 artigos na totalidade nas bases de dados. Ao adicionar os critérios de inclusão e exclusão o número reduziu para 20. Após a análise das pesquisas, 14 publicações foram selecionadas para compor esta pesquisa.  

Tabela 1. Resultados da busca nas bases de dados e seleção de artigos pertinentes.

Bases de dadosTotalidadeApós critérios%
SNCF2117,14%
UNICEUB9117,14%
UFRJ2217,14%
JMPHC5217,14%
RAS3117,14%
BJD2217,14%
RECIEN22214,32%
UECE1117,14%
ACERVO+4117,14%
RECI2117,14%
UNIPAR4317,14%
SCIELO2217,14%
BJHR2117,14%
TOTAL402014100,00%

Para melhor organização das publicações presentes/selecionadas para compor esta RIL, será apresentada uma síntese conforme autor, ano, título, objetivo estudo, bases, idioma e resultados, contribuindo para o processo de análise e interpretação das publicações presentes nesta revisão (Quadro 1).

Quadro 1: Artigos selecionados para revisão. 

AUTOR/ANO IDIOMA BASES DE DADOSTÍTULORESULTADOS
1Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família  (2023) Português  GOV-BR  Nota informativa N°5  Levanta os principais desafios da terceira idade no que diz respeito ao processo de envelhecimento da população brasileira frente a Politica Nacional de cuidados a pessoa idosa.
2Vivas e Silva (2021) Português UNICEUBExercício Físico na Terceira IdadeO presente estudo tem como objetivo observar e identificar alterações física nas pessoas idosas, ressaltado que o exercício físico age como uma terapia não medicamentosa  e que deve ser considerada essencial na vida dos indivíduos, para que assim, reduza significativamente as consequências do sedentarismo e do envelhecimento.
3Voser e Hernandez (2019) Português  UFRJExercício Físico regular e depressão em idososÉ um estudo baseado em coleta de dados, os quais ressaltam a importância do exercício físico para idosos e de como as atividades aeróbicas e anaeróbicas praticadas regularmente, podem reduzir significativamente os índices de depressão. Além disto, estimula as pessoas idosas a combater o sedentarismo e ajudar na melhoria tanto física como mental desses idosos
4Barata & Diniz (2014) Português JMPHCAssociação da Depressão com doenças clínicas prevalentes na terceira idade: O papel da assistência de enfermagemCom a conscientização do presente estudo, pôde-se observar que no processo do envelhecimento diversos fatores podem interferir tanto de forma positiva quanto negativa. Afim de que esta etapa da vida se constitua uma fase em que as pessoas idosas acima de tudo se percebam saudáveis, é necessário haver interação positiva entre todos os aspectos que podem contribuir para isto.
5Almeida et.al (2017) Português RASRelação entre atividade física e depressão em idosos: Uma revisão integrativa A atividade física pode ter um efeito benéfico no bem-estar psicológico dos idosos e pode estar associada a uma menor incidência de depressão. A prática regular de exercícios físicos pode ajudar a controlar o estresse e a melhorar o humor, o que pode contribuir para a redução dos sintomas de depressão.
6Sousa et.al (2020) Português  BJDEnfermagem na prevenção da depressão no idosoDe acordo com o embasamento no estudo os fatores de risco mais expressivos para o desenvolvimento da depressão no idoso são a perda de vínculos afetivos, solidão, perda de um ente querido, aposentadoria ou inativação social, viuvez, institucionalização, baixa escolaridade, idade avançada, más condições de moradia e comorbidades psiquiátricas. Cabe ao enfermeiro identificar a presença destes e de outros fatores de forma precoce de modo a intervir e prevenir o desenvolvimento do quadro depressivo.
7Santiago et al.  (2022) Português RECIENFatores Associados ao indicativo de Depressão em IdososO artigo tem como principal objetivo verificar os principais indicativos da depressão em idosos nas instituições de longa permanência, trazendo tabelas e dados significativos. 
8Jorge&Furtado (s.d.) Português UECEManual            Online            para Direcionamento do Cuidado em SaúdeO presente é um manual de direcionamento para os leitores, com enfoque principal na saúde do idoso institucionalizado, para que principalmente os profissionais tenham um olhar diferenciado e humanizado sobre o cuidado às pessoas idosas.
9Ramos et al. (2019) Português  Acervo+Fatores          Associados          a Depressão em idosoO presente artigo retrata sobre os principais fatores que estão associados a depressão nos idosos. Traz dados importantes e de alerta, como de que 50% dos idosos depressivos não são diagnosticados pelos profissionais de saúde. Destaca também sobre a importância da participação da família tanto antes do idoso ser diagnosticado quanto posteriormente.  
10Lima et al.  (2016) Português  RECI      Depressão em idosos: uma revista sistemática da literaturaHá necessidade de uma maior participação da família aos idosos institucionalizados, assim como da equipe multiprofissional presente nestas instituições. A equipe de enfermagem deve atuar de forma preventiva, levando educação em saúde, estimulando os mesmos a certa de uma vida com dignidade, bem estar e uma qualidade de vida muito melhor.   
11Sousa et al.  (2020)  Português RECIENEnfermagem na prevenção da depressão no idosoO artigo relata os principais fatores que levam a uma depressão no idoso além de incentivar o professional enfermeiro a identificar a presença destes e de outros fatores de forma precoce de modo a intervir e prevenir o desenvolvimento do quadro depressivo.
12Muller (2019) Português  UNIPARO cuidado prestado por uma instituição de longa permanência para idosos na percepção de familiares.Há necessidade de uma maior participação da família aos idosos institucionalizados, assim como da equipe multiprofissional presente nas ILP´s. A equipe de enfermagem deve atuar de forma preventiva levando educação em saúde e estimulando o autocuidado.
13Guimarães  (2019) Português sciELOSintomas depressivos e fatores associados em idosos residentes em instituição de longa permanênciaTraz consigo os principais fatores da depressão em idosos residentes das ILP´s, mostrando ao leitor dados significativos, tabelas e escalas geriátricas que comprovam os dados apresentados.
14Oliveira  (2021) Português BJHR   Principais fatores associados à depressão em idosos institucionalizadosO envelhecimento é um processo natural da vida que resulta em mudanças físicas e psicossociais que acometem cada indivíduo de forma individual, sendo os principais fatores: perda da autonomia, tristeza profunda, isolamento social e desconexão com o ambiente familiar.  

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das informações expostas nas pesquisas realizadas, compreende-se que a depressão que acomete os idosos ocorrem por inúmeros fatores, dentre eles:

Institucionalização, patologias crônicas, restrições socioeconômicas, luto, entre outras origens desencadeantes. Nota-se quão importante é a presença da família durante o processo de envelhecimento, fazendo com que este idoso continue sendo incluído na sociedade e que também venha aderir hábitos que proporcionem uma qualidade de vida satisfatória.

 Com isso, percebe-se que entre os estudos analisados há um consenso a respeito da prevalência da depressão em idosos institucionalizados, que não tem a constante presença da família tal qual os que não são institucionalizados. Cabe salientar que os estudos afirmam a existência de inúmeros fatores da patologia mencionada e do déficit em relação a um olhar mais holístico dos profissionais de saúde em relação a detecção precoce.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Rogério et al. Relação entre atividade física e depressão em idosos: Uma revisão interativa. Revista de Atenção a Saúde, São Caetano do Sul,  v.15, n.13, p.110-116, Junho/Setembro, 2017. Disponível em: < https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_ciencias_saude/article/view/4524/pdf >. Acesso em: 25 mai 2024.

BARATA, Julyana; Diniz, José. Associação da depressão com doenças clínicas prevalentes na terceira idade: o papel da assistência de enfermagem. J Manag Prim Health Care, 2014. Disponível em: < https://jmphc.com.br/jmphc/article/view/220/223 >. Acesso em: 15 mai 2024. 

GUIMARÃES, Lara. Sintomas depressivos e fatores associados em idosos residentes em Instituição de Longa Permanência.  Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2017. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/csc/a/vnhG5gXKdfhksbLF7hqYFYw/?lang=pt >. Acesso em: 28 Set 2024

JORGE, Maria; Furtado, Ana. Manual Online para direcionamento do cuidado em saúde de idosos institucionalizados. Fortaleza. Universidade Estadual do Ceará.. Disponível em: < https://www.uece.br/wpcontent/uploads/sites/73/2021/06/ANACAROLINEPRODUTO.pdf >. Acesso em: 20 mai 2024

LIMA, Ana et al. Depressão em idosos: uma revisão sistemática da literatura. Revista de epidemiologia e controle de infecção, Santa Cruz do Sul, v.6, n°2, p. 1-7. Abril de 2016. ISS 2238-3660. Disponível em: < https://online.unisc.br/seer/index.php/epidemiologia/article/view/6427 >. Acesso em: 16 jul 2024.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL, FAMÍLIA E COMBATE A FOME – MSD/SNCF. Envelhecimento e o direito ao cuidado: norma informativa nº 5, 2023. Disponível em:< https://www.gov.br/mds/pt-br/noticias-e-conteudos/desenvolvimentosocial/noticias-desenvolvimento-social/mds-lanca-diagnostico-sobre-envelhecimento-edireito-ao-cuidado/Nota_Informativa_N_5.pdf  >. Acesso em: 15 mai 2024.

MULLER, Barbara. O cuidado prestado por uma instituição de longa permanência para idosos na percepção de familiares. Trabalho de Conclusão de Curso, Bacharel em Enfermagem, UNIPAR, Paraná, 2019. Disponível em: <  https://presencial.unipar.br/files/tcccs/8af788552101d8b0dbec5f6c05157e96.pdf >. Acesso em: 15 mai 2024.

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