ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO PARA TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA E OBESIDADE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

TREATMENT STRATEGIES FOR BINGE EATING DISORDER AND OBESITY: A LITERATURE REVIEW

ESTRATEGIAS DE TRATAMIENTO PARA EL TRASTORNO POR ATRACÓN Y LA OBESIDAD: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411300635


Raphaela Santos da Costa1;
Jodson Fernandes Rêgo2


Resumo

O transtorno de compulsão alimentar periódica é a forma mais comum de distúrbio alimentar em adultos e se correlaciona à obesidade sendo acompanhado por taxas significativas de condições psiquiátricas, bem como prejuízos abrangentes na funcionalidade. Objetivo: Analisar as estratégias de tratamento para o transtorno de compulsão alimentar e obesidade. Metodologia: Foram utilizados as bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde com os descritores “binge-eating disorder”, “obesity” e “treatment”, utilizando o operador booleano “AND”. Foram utilizados como critérios de inclusão artigos publicados no ano de 2020 a 2023 do tipo ensaio clínico controlado. Os critérios de exclusão foram artigos fora do tema abordado e estudos duplicados. Após o uso dos critérios mantiveram-se um total de 27 artigos. Resultados: O tratamento do transtorno de compulsão alimentar periódica e obesidade obteve melhores resultados com a dupla farmacológica de naltrexona e bupropiona e terapia psicológica de perda de peso comportamental. Outras estratégias como terapia cognitiva comportamental, programa de regulação de sugestões, fluoxetina e topiramato também foram capazes de trazer benefícios. Conclusão: Permanece importante o desenvolvimento de novos estudos e pesquisas que perpetuem a contínua busca de melhores resultados para o tratamentos dessas comorbidades.

Palavras-Chave: Transtorno de compulsão alimentar; Obesidade; Tratamento.

Abstract

Binge eating disorder is the most common form of eating disorder in adults and correlates with obesity and is accompanied by significant rates of psychiatric conditions as well as widespread impairments in functionality. Objective: To analyze treatment strategies for binge eating disorder and obesity. Methodology: The PubMed and Virtual Health Library databases were used with the descriptors “binge-eating disorder”, “obesity” and “treatment”, using the Boolean operator “AND”. The inclusion criteria were articles published between 2020 and 2023 of the controlled clinical trial type. The exclusion criteria were articles outside the topic covered and duplicate studies. After using the criteria, a total of 27 articles remained. Results: The treatment of binge eating disorder and obesity achieved better results with the pharmacological duo of naltrexone and bupropion and psychological behavioral weight loss therapy. Other strategies such as cognitive behavioral therapy, cue regulation program, fluoxetine and topiramate were also able to bring benefits. Conclusion: It remains important to develop new studies and research that perpetuate the continuous search for better results for the treatments of these comorbidities.

Keywords: Binge-eating disorder; Obesity; Treatment.

Resumen

El trastorno por atracón es la forma más común de trastorno alimentario en adultos y se correlaciona con la obesidad y se acompaña de tasas significativas de afecciones psiquiátricas, así como de alteraciones generalizadas de la funcionalidad. Objetivo: Analizar estrategias de tratamiento para el trastorno por atracón y la obesidad. Metodología: Se utilizaron las bases de datos PubMed y Biblioteca Virtual en Salud con los descriptores “trastorno por atracón”, “obesidad” y “tratamiento”, utilizando el operador booleano “Y”. Los criterios de inclusión fueron artículos publicados entre 2020 y 2023 del tipo ensayo clínico controlado. Los criterios de exclusión fueron artículos fuera del tema tratado y estudios duplicados. Después de utilizar los criterios quedaron un total de 27 artículos. Resultados: El tratamiento del trastorno por atracón y la obesidad logró mejores resultados con el dúo farmacológico de naltrexona y bupropión y la terapia psicológica conductual de adelgazamiento. Otras estrategias como la terapia cognitivo-conductual, el programa de regulación de señales, la fluoxetina y el topiramato también pudieron aportar beneficios. Conclusión: Sigue siendo importante desarrollar nuevos estudios e investigaciones que perpetúen la búsqueda continua de mejores resultados para los tratamientos de estas comorbilidades.

Palabras clave: Trastorno por atracón; Obesidad; Tratamiento.

Introdução

O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) é definido conforme a quinta edição do manual diagnóstico e estatístico (DSM-5) como ingestão recorrente de porções de alimentos em excesso, na ausência de fome, em um período curto de tempo, com perda subjetiva de controle (Eik-Nes, Vrabel, Raman, Clark & Berg, 2021). O TCAP é o transtorno alimentar formal mais prevalente em adultos e está fortemente associado a obesidade e unidos a taxas elevadas de comorbidades psiquiátricas e amplos comprometimentos funcionais (Boutelle, Pasquelle, Strong, Eichen & Peternson, 2023). O TCAP está estreitamente ligado a questões de saúde, tanto médicas quanto psicológicas (Grilo, Lydecker & Gueorguieva, 2023). Isso inclui excesso de peso, diabete mellitus do tipo 2, doenças cardiovasculares, distúrbios emocionais como a depressão e o abuso de substâncias (Eichen, Forte, Twamley & Boutelle, 2023).

Além disso, está frequentemente relacionada a uma redução na qualidade de vida (Grilo et al., 2023).  A obesidade, por sua vez, ocorre em 30% a 50% dos casos identificados de TCAP, com taxas mais elevadas observadas em indivíduos com maior duração da doença vida (Grilo et al., 2023).  

A teoria da suscetibilidade comportamental (BST) sugere que características apetitivas geneticamente determinadas interagem com o ambiente alimentar atual, levando a excessos e ganhos de peso (Boutelle et al., 2023). Ambas as condições requerem intervenções terapêuticas e abordagens multidisciplinares que podem abranger as complexidades fisiopatológicas, psicológicas e sociais subjacentes (Norberg, Handford, Magson & Basten, 2021).

Pessoas que apresentam tanto a obesidade quanto o transtorno experimentam níveis mais baixos de autoestima, uma sensação reduzida de poder pessoal e uma maior tendência a agir impulsivamente em comparação com indivíduos obesos que não possuem o TCAP (Grilo et al., 2023).  Tais problemas de saúde mental e comportamental podem complicar o tratamento da compulsão alimentar e diminuir a eficácia das terapias convencionais para tratar a obesidade  (Forrest, Ivezaj & Grilo, 2021).

Embora o acúmulo de evidências apoie a eficácia de certas abordagens psicológicas, como a terapia cognitivo comportamental (TCC) e perda de peso comportamental (BWL) para TCAP, muitos pacientes não se beneficiam suficientemente ou alcançam a remissão do transtorno (Boutelle et al., 2023). A TCC não produz perda de peso significativa, colocando em questão mudanças no comportamento alimentar e deixando os indivíduos a lidar com as dificuldades médicas e psicológicas associadas ao sobrepeso ou obesidade (Boutelle et al., 2023).

Ainda que, existam tratamentos medicamentosos aprovados pela administração federal de medicamentos (AFM) governamental dos Estados Unidos para TCAP, as taxas de abandono são relativamente altas e muitos pacientes permanecem sintomáticos (Mercado, Werthmann, Antunes-Duarte, Campbell & Schmidt, 2023). As estimativas globais de prevalência ao longo da vida para TCAP é de 2,8% em mulheres e 1,0% em homens (Vidmar et al., 2023).

Uma maior capacidade de resposta aos estímulos alimentares e uma menor capacidade de resposta à saciedade estão associadas a sobrepeso ou obesidade (Grilo et al., 2023).  A relação entre o TCAP e a obesidade é bidirecional e complexa, com a compulsão alimentar frequentemente contribuindo para o ganho de peso e agravamento da obesidade, enquanto a obesidade, por sua vez, pode perpetuar os episódios de compulsão alimentar (Grilo et al., 2023).   Apesar da alta prevalência e cronicidade do TCAP, e das altas taxas de comorbidade psiquiátricas e médicas, a maioria dos indivíduos nunca recebe tratamento específico para o TCAP (Grilo et al., 2023).  

O TCAP e a obesidade representam desafios urgentes para a saúde pública global, visto que, acarretam custos sociais e econômicos substanciais (Hay et al., 2022). Um dos maiores obstáculos no tratamento do TCAP nos pacientes obesos é alcançar o controle da compulsão em conjunto a perda de peso satisfatória para condição (Blume, Schmidt R, Schmidt A, Martins & Hilbert, 2022).  Neste contexto, esta revisão de literatura visa analisar as estratégias de tratamento para pacientes que apresentam transtorno de compulsão alimentar periódica e obesidade.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica executada por meio de uma revisão integrativa de literatura. As bases de dados utilizadas foram National Library of Medicine (PubMed) e Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca pelos artigos foi realizada considerando os descritores “binge-eating disorder”, “obesity” e “treatment”, utilizando o operador booleano “AND”.

Foram incluídos no estudo artigos publicados de janeiro a dezembro nos últimos 3 anos (2020-2023); e artigos cujos estudos eram do tipo ensaio clínico controlado. Foram excluídos os artigos duplicados nas bases de dados e que não abordavam a relação do tratamento para compulsão alimentar periódica em pacientes com obesidade.

Resultados

Após a associação de todos os descritores nas bases pesquisadas foram encontrados 2.497 trabalhos. Dos quais, 1.351 artigos na base de dados PubMed e 1.146 artigos no BVS. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 19 artigos na base de dados PubMed, 8 artigos no BVS, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de identificação dos artigos selecionados.

Fonte: autor (2023).

Dos 27 trabalhos selecionados, todos são ensaios clínicos controlados e o número da amostra de cada  artigo esta apresentado na tabela 1. Dos artigos designados, oito estudos abordaram possíveis tratamentos medicamentosos para o transtorno de compulsão alimentar periódica acompanhado de obesidade: naltrexona com bupropiona (NB), fentermina e topiramato, dasotralina, fluoxetina, rapamicina, sibutramina e inibidor de recaptação de serotonina e norepinefrina e orlistat. Jungido a isso, treze artigos discutiram as principais e novas abordagens dentro da psicologia: TCC, terapia cognitiva comportamental aprimorada (TCC-E), abordagem de saúde para controle de peso e alimentação em transtornos alimentares (HAPIFED), scores de depressão, BWL, programa de regulação de sugestões (ROC), tratamento cognitivo focado na impulsividade (IMPULS), tratamento escalonado (Stepped-Care), treinamento cognitivo compensatório (EF-CBT), entre outros. Ademais, dois trabalhos discorreram sobre os resultados do tratamento com exposição ao estímulo alimentar, dois artigos discutiram sobre as abordagens psicológicas e nutricionais presenciais em comparação a online e um artigo abordou o tratamento de neurofeedback de eletroencefalografia.

Dentre os tratamentos abordados, o farmacológico que evidenciou melhores resultados o para tratamento de TACP e obesidade foi a NB associada a abordagem psicológica BWL. Para mais, topiramato e fluoxetina podem ser usados como coadjuvantes. As condutas no âmbito da psicologia que apresentaram maiores benefícios para as estratégias do estudo foram TCC, BWL e ROC.  Outros trabalhos mencionados necessitam de mais estudos para corroborar com o obejtivo proposto.

Tabela 1: Caracterização dos artigos selecionados.

AutoresAnoAmostraPrincipais Conclusões
Eichen DM, Forte DR, Twamley E, Boutelle KN.2023N=32O EF-CBT foi viável e aceitável, comparável à TCC. Ambos os grupos diminuíram os dias de perda de controle,  comprometimento clínico e a depressão no pós- tratamento e no acompanhamento de 2 meses, embora não tenha havido diferenças entre os grupos. Nenhum dos grupos reduziu significativamente o peso.
Boutelle KN, Pasqualle EK, Strong DR, Eichen DM, Peternson CB.2023N= 271Todos os participantes randomizados nos quatros braços do estudo: BWL, ROC, ROC+ e AC demonstraram um padrão geral de diminuição na preocupação com alimentação, forma, peso e compulsão alimentar durante o tratamento.  O grupo ROC demonstrou perda de peso e manutenção da perda de peso sem necessidade de restrição calórica e foi o único grupo que não experimentou a recuperação de peso observada nos participantes do BWL.
Grilo CM, Lydecker JA, Gueorguieva R.2023N=31As taxas de remissão da TCAP por intenção de tratar foram significativamente maiores com TCC do que sem TCC (61,1% e 7,7%, respectivamente). A frequência da compulsão alimentar periódica diminuiu significativamente com a TCC, mas não mudou significativamente com a não-TCC.
Grilo CM, Lydecker JA, Gueorguieva R.2023N=66As taxas de remissão da compulsão alimentar foram de 50% para placebo e 68,8% para NB. O placebo após a resposta ao tratamento agudo com NB foi associado a uma probabilidade diminuída de remissão e aumento da frequência do TCAP e ausência de perda de peso. NB após a resposta ao tratamento agudo com NB  foi associada à boa manutenção da remissão e baixa frequencia do TCAP e perda de peso adicional significativa.
Boutelle KN, Afari N, Obayashi S, Eichen DM, Forte DR, Peterson CB.2023N=129O ROC junto com a TCC obtiveram resultados significativos na redução do TCAP, peso e ingesta energética ao longo dos 5 meses de tratamemto em veteranos com transtorno e obesidade.
Forrest LN, Ivezaj V, Grilo CM.2023N=191Os modelos ML mostraram pouca vantagem sobre os modelos tradicionais na precisão preditiva dos resultados do TCAP: compulsão alimentar, psicopatologia dos transtornos alimentares e perda de peso.
Mercado D, Werthmann J, Antunes-Duarte T, Campbell IC, Schmidt U.2023N=45As alterações no IMC e na composição corporal foram pequenas entre os grupos e houve uma redução média do IMC no grupo de MT. Os sintomas dos transtornos alimentares não foram maiores para nenhum dos grupos da intervenção. No entanto,  favoreceram o grupo de ABMT em comparação com o MT. Os escores de fome hedônica e alimentação consciente favoreceram o MT em comparação com ABMT e WL. A ABMT reduziu os vieses de atenção em relação aos sinais alimentares de alto teor calórico, que se correlacionaram com o objetivo mais baixo de dias de compulsão alimentar no pós-intervenção. 
Vidmar AP, Salvy SJ, Wee CP, Pretlow R, Fox S, Yee JK, et al.2023N=161A intervenção digital para perda de peso baseada no vício em comparação com um modelo de atendimento presencial e multidisciplinar aos adolescentes com obesidade e TCAP, não obteve diferença significativa na perda de peso.
Grilo CM, Lydecker JA, Fineberg SK, Moreno JO, Ivezaj V, Gueorguieva R.2022N=136A taxa de remissão da compulsão alimentar periódica para o grupo NB  teve probabilidade duas vezes maior que o grupo placebo. A remissão da compulsão alimentar, frequência e perda de peso de 5% nos pacientes tratados com BWL foi significativamente maior dos que os que não foram tratados com BWL.
Hay P, Palavras MA, Luz FQ, Garnes SA, Sainsbury A, Touz S, et al2022N=98Não houve diferença significativa entre os tratamentos, HAPIFED e TCC-E, em relação a nenhum dos resultados do estudo, nem houve diferenças significativas entre os dois tratamentos no padrão de mudança nos resultados ao longo do tempo.
Blume M, Schmidt R, Schmidt J, Martins A, Hilbert A.2021N=39Os paradigmas de neurofeedback de EEG específico de alimentos vs geral reduziram significativamente os episódios objetivos de compulsão alimentar, a psicopatologia do transtorno e o desejo por comida. Aproximadamente, um terço dos participantes alcançou a abstinência dos episódios de compulsão após o tratamento, sem quaisquer diferenças entre os tratamentos.
Grilo CM, Kerrigan SG, Lydecker JA, Branco UM.2021N=79Aumentos significativos de AF podem ser alcançados com uma intervenção de BLW de 4 meses. Entre aqueles com TCAP, uma maior AF esta associada a uma menor frequência de compulsão alimentar.
A Boswell RG, Gueorguieva R, Grilo CM.2021N=108Após o tratamento as taxas de remissão da compulsão alimentar foram 22% para o grupo Fluoxetina, 26% para grupo placebo, 50% para grupo TCC + Fluoxetina e 61% TCC + Placebo.
Eik-Nes TT, Vrabel K, Raman J, Clark MR, Berg KH.2021N=42Houve melhora da qualidade de vida relacionada à saúde e redução da compulsão alimentar entre o início e o final da intervenção com efeito médio em todos os pacientes tratados com a abordagem PnP.
Grilo CM, McElroy SL, Hudson JL, Tsai J, Navia B, Goldman R.2021N=360O tratamento com dasotralina 6mg/dia melhorou os pensamentos obsessivos relacionados a compulsão alimentar e as preocupações ruminativas que interferiam no funcionamento diário, reduziu a compulsão alimentar, aumentou a capacidade de resistir aos impulsos compulsivos e mostrou uma redução significativa em relação ao valor basal no número médio de dias de compulsão alimentar por semana para a dose de 6 mg/d de dasotralina vs placebo na última semana de tratamento.
Grilo CM, Gueorguieva R, Pittman B.2021N=90Os scores de depressão não alteraram os resultados agudos ou de longo prazo dos tratamentos dos pacientes com transtorno de compulsão que receberam TCC e BWL.
Veit R, Schag K, Schopf E, Borutta M, Kreutzer J, Ehlis AC, et al.2021N=24Três meses após o IMPULS, os pacientes com TCAP aumentaram a atividade pré-frontal direita durante a inibição da resposta, o que se correlacionou significativamente com uma redução no traço de impulsividade. 
Yu Z, Roberts B, Snyder J, Stuart K, Wilburn J, Pudwill H, et al.2021N=18Não foram observadas alterações no peso e episódios de compulsão alimentar nos grupos com tratamento presencial vs videoconfererência acompanhados por nutricionista e psicólogo. 
Norberg MM, Handford CM, Magson NR, Basten C.2021N=8A análise estatística revelou uma redução significativa no número de compulsões desde o início até o final do tratamento CERP . Ao longo do tratamento, o desejo de comer e as expectativas sobre a capacidade de tolerar o sofrimento quando expostos a estímulos alimentares foram reduzidas e as expectativas de tolerância ao sofrimento aumentaram.
Walsh K, Iskandar G, Kamboj SK, Das RK.2021N=65Há evidência mínima de um efeito de 10 mg de rapamicina oral na reconsolidação de memórias de recompensa de chocolate. Os diários alimentares mostraram a abolição completa das compulsões de chocolate e melhorias significativas nas escolhas alimentares no grupo tratado com 10mg de rapamicina. No entanto, seu pontencial para imunossupressão e farmacocinética desfavorável admite não ser um medicamento ideal para compulsão alimentar.
Grilo CM, Lydecker JA, Morgan PT, Gueorguieva R.2020N= 22Os pacientes submetidos ao tratamento com NB tiveram probabilidade maior dos que recebram placebo de atingir 3% de perda de peso durante as 12 semanas de estudo. A redução da compulsão alimentar foi significativamente correlacionada ao grupo NB, mas não ao grupo placebo.
Grilo CM, Branco MB, Ivezaj Valentina, Gueorguieva R.2020N=191As melhorias na compulsão alimentar e a perda de peso produzidas pelo BWL e pelo Stepped Care adaptativo não diferiram significativamente 12 meses após a conclusão dos tratamentos.
Grilo CM, Branco MU, Masheb RB, Ivezaj V, Morgan PT, Gueorguieva R.2020N=191A remissão da compulsão alimentar no grupo tratado por Stepped-Care ficou em 66,5% e no grupo tratado por BWL em 74,4%. O grupo que usou medicação (sibutramina + inibidor de recaptação de serotonina e norepinefrina e após orlistat) obteve uma remissão significativamente maior (80,3%) do que o grupo placebo (57,8%). Não houve diferenças significativas na perda de peso entre os grupos tratados por Stepped-Care e BWL (5,8% e 5,1%, respectivamente).
Safer DL, Adler S, Dalai SS, Bentley JP, Toyama H, Pajarito S, et al.2020N=22Fentermina + Topiramato mostraram reduções significativamente maiores na frequência de dias de compulsão alimentar, taxas de abstinência significativamente mais altas, maior perda de peso em comparação com o placebo, bem como baixas taxas de abandono e efeitos colaterais mínimos.
Schyns G, Akker KV, Roefs A, Houben K, Jansen A.2020N=45Os participantes da intervenção de exposição ao estímulo alimentar perderam uma porcentagem significativamente maior de peso em comparação com os participantes da condição de controle do estilo de vida na pós-medição. O número de compulsões foi reduzida a zero em todos os participantes medidos na exposição ao estímulo na pós-medição, enquanto este não foi o caso na condição de controle.
Palavras MA, Hay P, Mannan H, Luz FL, Sainsbury A, Touz S, et al.2020N=98O HAPIFED não foi superior à TCC-E na promoção de perda de peso clinicamente significativa e não foi diferente na redução da maioria dos sintomas dos transtornos alimentares.
Kalaria SN, McElroy SL, Gobburu J, Gopalakrishnan M.2020N=61Os pacientes randomizados para receber topiramato experimentaram uma redução maior em relação ao valor basal da frequência de episódios de compulsão alimentar e frequência de dias de compulsão do que o placebo (94% vs. 46% e 93% vs. 46%, respectivamente). 
Fonte: Autor (2023).

*TCAP = Transtorno de compulsão alimentar periódica; BWL = perda de peso comportamental; ROC = regulação de sinais; ROC+ = ROC combinado com BWL; AC= Comparador Ativo; NB= naltrexona/ bupropiona; ML = Aprendizado de Máquina; IMC= índice de massa corporal; MT: Treinamento de Atenção Plena; WL: Lista de espera; ABMT: Treinamento de modificações de viés de atenção; HAPIFED: Abordagem de saúde para controle de peso e alimentação em transtornos alimentares; TCC-E: terapia cognitivo comportamental aprimorada; EEG: eletroencefalografia; AF: atividade fisica; PnP: Peeople need pleople; IMPULS: tratamento cognitivo focado na impulsividade; CERP: Exposição ao estímulo e a prevenção de resposta; Stepped care: tratamento escalonado.

Discussão

O presente estudo revisou as estratégias de tratamento para TCAP e obesidade. O conjunto de NB e BWL foi a estratégia com melhor eficiência para a abordagem proposta. O núcleo arqueado do hipotálamo desempenha um papel vital na regulação do peso corporal(Cone, 2005). A combinação de NB produz uma redução sinérgica na ingestão de alimentos em roedores e maior perda de peso em um estudo de Fase 2 com seres humanos obesos (Greenway et al., 2009).

Além do mecanismo de ação mediado pelo hipotálamo, o NB também pode influenciar o peso corporal mediante ações nas vias de recompensa, como o sistema meso límbico de dopamina (Grilo, Lydecker, Morgan & Gueorguieva, 2020).  Esse, por sua vez, modula a experiência de prazer ou recompensa e é alvo de drogas de abuso (Grilo et al., 2022). Além disso, este sistema também está implicado na regulação do comportamento alimentar (Yeomans & Gray, 2002).

A bupropiona e a naltrexona, ambas usadas para tratar a dependência de substâncias em humanos, podem ter ações adicionais na sinalização de recompensa que influenciam o apetite em humanos (Grilo et al., 2023).Evidências crescentes sugerem que a obesidade em humanos está associada a alterações na sinalização de recompensa que podem facilitar a alimentação motivada pelo valor de incentivo dos alimentos ou pelo humor disfórico (Wang et al., 2001).Tal resultado corrobora com os encontrados no presente estudo, que demonstra que a combinação de NB forma um interessante fármaco que atua contra a compulsão alimentar.

Por sua vez, o BWL concentra-se em fazer mudanças comportamentais graduais no estilo de vida, reduções calóricas moderadas com melhoria da qualidade nutricional e aumentos moderados na atividade física (Grilo, Branco, Ivezaj & Gueorguieva, 2020). Em um ensaio de manutenção controlado, pacientes que responderam ao tratamento agudo para TCAP com BWL sem abordagem medicamentosa possuiram efeitos duradouros ao longo do tratamento de manutenção em 12 meses (Grilo et al, 2023). Sendo assim, esse desfecho certifica os resultados apresentados nesse estudo.Para incluir benefícios a obesidade, o aumento da atividade física é um componente chave do tratamento, que também auxilia na melhora do TCAP.(Grilo, Kerrigan, Lydecker & Branco, 2021).

De acordo com estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo realizado na universidade de Yale com 136 adultos com TCAP e obesidade, foi comprovado que os pacientes em uso de NB comparados ao placebo e os pacientes tratados com BWL comparados aos pacientes não tratados com BWL foram associados a melhorias significativas na remissão da TCAP.  Para perda de peso, as análises das taxas de obtenção de 5% de perda de peso revelou que os pacientes tratados com BWL foi significativamente superior aos não tratados com BWL, reforçando os resultados encontrados (Grilo et al., 2022).

O tratamento de manutenção com NB após boa resposta aguda com NB foi relacionado à continuidade da remissão da compulsão alimentar periódica, à baixa na frequência e à perda de peso adicional significativa (Grilo et al., 2023). Pesquisas em pacientes com obesidade mostram que essas modestas perdas de peso estão associadas a importantes benefícios à saúde, como melhora significativa do controle glicêmico e reduções nas anormalidades cardiometabólicas (Cone, 2005).

Outra abordagem que apresenta boas respostas ao tratamento observado neste estudo é o sistema ROC, que visa aumentar a resposta à saciedade e diminuir a resposta a alimentação por meio de exercícios experienciais (Boutelle et al., 2023). Em um estudo comparando ROC com BWL, ROC demonstrou perda de peso e manutenção da perda de peso sem necessidade de restrição calórica e foi o único grupo que não experimentou a recuperação de peso observada nos participantes do BWL, corroborando com os estudos analisados (Boutelle et al., 2023).

Além disso, por apresentar resultados comparáveis ​​a outras condições de tratamento sem aumento da restrição alimentar e minimizar o risco de exacerbação de sintomas pré-existentes do transtorno alimentar, o ROC pode ser considerado um dos tratamentos de escolha para perda de peso entre indivíduos com risco de sintomas de TCAP (Hay et al., 2022).

Isso foi observado em um estudo realizado com militares veteranos que desenvolveram TCAP ao longo dos anos devido aos padrões alimentares da experiência militar, como longos períodos sem comer e necessidade de se alimentar extremamente rápido, evidenciou o benefício do ROC na mudança dos padrões alimentares, aumentando a saciedade e diminuindo a resposta alimentar. O resultado do estudo é um avanço significativo no atendimento clínico para pacientes com compulsão alimentar e sobrepeso e obesidade (Boutelle et al., 2023).

Outra abordagem eficiente é a TCC, que é considerada um tratamento de primeira linha para TCAP (Boswell et al., 2021). Ela se concentra em interromper o ciclo de restrição e compulsão alimentar, incentivando comportamentos alimentares saudáveis ​​e melhorando pensamentos e comportamentos inadequados relacionados à alimentação, forma e peso (Palavras et al., 2021).

Os dados indicam que os pacientes que tratam com TCC, alcançam a abstinência da compulsão alimentar e relatam melhora na psicopatologia relacionada à alimentação (Boutelle et al., 2023). Uma alternativa válida para execução da terapia aos que tem baixa adesão as consultas presenciais é o uso da videoconferência na assistência a esses pacientes (Yu et al., 2021).

Outrossim, a TCC conduzida a não respondedores ao tratamento agudo inicial com NB e/ou terapia comportamental, revelou que a frequência da compulsão alimentar diminuiu com a TCC, mas não consideravelmente sem a TCC ( Grilo et al., 2023). No entanto, essa abordagem não se traduz em perda significativa de peso (Grilo, Gueorguieva & Pittman, 2021).

O estudo de (Palavras, et al., 2020) avaliou a eficácia de uma intervenção integrada que combina TCC com perda de peso no tratamento da compulsão alimentar recorrente e do alto índice de massa corporal. Tal abordagem de perda de peso foi baseada em estratégias tradicionais de modificação do estilo de vida: redução calórica moderada, melhoria na qualidade nutricional e aumento da atividade física. Os resultados do ensaio clínico randomizado demonstraram que os participantes que receberam a intervenção combinada apresentou uma redução média de 45% nos episódios de compulsão alimentar em comparação ao grupo controle. Ademais, houve uma redução de 7% do peso corporal total, enquanto o grupo controle não obteve perda significativa. O estudo corrobora os resultados anteriormente encontrados, evidenciando a eficácia da intervenção integrada de terapia cognitivo-comportamental e perda de peso.

Outros fármacos que podem ser utilizados como coadjuvantes no objetivo do estudo é a fluoxetina e o topiramato (Veit et al., 2021). Reduções rápidas na impulsividade são associadas a reduções na psicopatologia dos transtornos alimentares, nos escores de depressão e no IMC (Safer et al., 2020).  Dessa forma, a TCC, a fluoxetina e sua combinação foram associadas a reduções significativas na impulsividade (Boswell et al. 2021). Além disso, as evidências mostram que o uso do topiramato esta associada a perda de peso, estabilização do humor e redução de comportamentos impulsivos (Kalaria, McElroy, Gobburu & Gopalakrishnan, 2020). A rapamicina, por sua vez, não possui estudos suficientes que comprovem sua eficácia no controle da TCAP (Walsh, Iskandar, Kamboj & Das, 2021).

Dois estudos (Schyns, et al., 2020; Norbeg, et al., 2021) analisam uma nova abordagem possível no tratamento do TCAP e obesidade. Nesse caso, os trabalhos demonstram os beneficios da combinação de exposição e estímulos a prevenção de respostas. Essa abordagem integra duas técnicas comportamentais que ajudam os indivíduos a enfrentar e modificar seus comportamentos alimentares disfuncionais. Deste modo, os indivíduos expostos a alimentos que normalmente desencadeavam comportamentos de compulsão aprenderam a lidar melhor com esses gatilhos, demonstrando uma redução nas reações emocionais associadas.

Além disso, a intervenção facilitou o desenvolvimento de estratégias de resistência à compulsão, aumentando a capacidade dos pacientes de controlar seus impulsos em situações de risco (Norbeg, et al., 2021). Jungido a isso, um dos estudos (Schyns, et al., 2020) evidenciou a perda de peso no pós-tratamento maior no grupo de exposição do que o grupo controle. Essas descobertas sugerem que a combinação de exposição a estímulos e prevenção de respostas pode ser uma abordagem promissora no tratamento do TCAP, aumentando a necessidade de pesquisas adicionais para validar sua eficácia em amostras maiores.

O estudo de (Veit, et al., 2021) investigou a relação entre a ativação do córtex pré-frontal e a eficácia de um tratamento focado na impulsividade em pacientes com TCAP. Os resultados revelaram que os indivíduos com TCAP apresentaram uma ativação reduzida do córtex pré-frontal, uma área cerebral associada ao controle de impulsos. Após uma intervenção impulsividade-focada: identificação de gatilhos, regulação emocional, controle de impulsos, prática comportamental e monitoramento de progresso, os pacientes demonstraram uma melhora significativa na ativação do córtex pré-frontal e uma redução nos comportamentos impulsivos. Esses resultados sugerem que disciplinas específicas que abordam a impulsividade podem levar a melhorias na função cerebral e no comportamento alimentar em indivíduos com TCAP, destacando a importância de estratégias diretacionadas no tratamento dessa condição.

Conclusão

O tratamento para TCAP e obesidade é uma preocupação para os profissionais de saúde pública, em especial, os médicos. Por conta da sua complexa fisiopatologia enfrenta grandes desafios para que se o obtenha o sucesso. Dessa forma, é essencial buscar estratégias que visem a melhor condução dessas patologias. O presente estudo investigou as melhores evidências para esse tratamento, constatando que a NB e o BWL juntos apresentam as melhores taxas de remissão da compulsão alimentar e perda de peso. Ademais, outras abordagens também se mostraram eficazes, o que demonstra que o tratamento do TCAP e obesidade é multifatorial e depende de abordagens psicológicas, farmacológicas e mudança no estilo de vida. O efetivo tratamento dessas patologias acarretam benefícios substanciais à qualidade de vida do paciente e econômicos a saúde pública mundial. Dessa maneira, permanece importante a continuidade de pesquisas e estudos que visem o desenvolvimento e testes de terapias farmacológicas e psicológicas inovadoras que garantam resultados ainda melhores para os portadores dessas comorbidades.

Referências

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Universidade de Vassouras (UV), Vassouras – RJ

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