THE PREVALENCE OF LOW BACK PAIN AND RISK FACTORS IN THE ADULT POPULATION IN BRAZIL: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411302129
Hemerson Souza Batista1
Wellinton da Silva e Silva1
Jessica Farias Macedo2
Resumo
Introdução: A dor lombar (DL) é um desconforto na região inferior da coluna, com prevalência global de 80%, frequentemente associada ao absenteísmo e limitações. Influenciada por fatores biopsicossociais, é um problema de saúde pública no Brasil, com alto impacto econômico e social. Objetivo: Identificar a prevalência e os fatores de risco associados à dor lombar, e seus impactos na qualidade de vida da população brasileira. Materiais e método: Trata-se de uma revisão integrativa utilizando bases de dados da SciELO e PubMed, com descritores em português e inglês entre os meses de agosto a outubro de 2024. Incluiu estudos transversais e retrospectivos sobre dor lombar, prevalência e fatores de risco em adultos brasileiros. Excluíram-se artigos de outros países, populações não adultas, estudos distintos dos critérios, grávidas, cirurgias de coluna. Resultados: Os resultados indicaram uma prevalência significativa em mulheres, dentre os fatores de risco mais prevalentes para dor lombar foram: idade acima de 25 anos, baixo nível educacional, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, hipertensão, estado civil e percepção negativa da saúde. Além disso, exposição a atividades com longos períodos em pé e levantamento de peso mostrou-se relevante. Conclusão: Esta revisão identificou alta prevalência de dor lombar na população adulta brasileira e fatores de risco, com impacto negativo na qualidade de vida. A limitação no número de estudos incluídos destaca a necessidade de mais pesquisas e de maior entendimento por parte dos profissionais de saúde, a necessidade de estratégias de prevenção e manejo voltadas à saúde pública para melhor manejo dessa condição.
Palavras-chave: “Dor lombar”. “Adultos”. “Prevalência”. “Fatores de risco”. “Qualidade de vida”.
Abstract
Background: Low back pain (LBP) is a discomfort in the lower region of the spine, with an overall prevalence of 80%, often associated with absenteeism and limitations. Influenced by biopsychosocial factors, it is a public health problem in Brazil, with a high economic and social impact. Pourpose: To identify the prevalence and risk factors associated with low back pain, and its impacts on the quality of life of the Brazilian population. Methods: This is an integrative review using SciELO and PubMed databases, with descriptors in Portuguese and English between the months of August and October 2024. It included cross-sectional and retrospective studies on low back pain, prevalence, and risk factors in Brazilian adults. Articles from other countries, non-adult populations, studies different from the criteria, pregnant women, spine surgeries were excluded. Results: The results indicated a significant prevalence in women, among the most prevalent risk factors for low back pain were: age over 25 years, low educational level, smoking, excessive alcohol consumption, obesity, hypertension, marital status and negative perception of health. In addition, exposure to activities with long periods of standing and heavy lifting was relevant. Conclusion: This review identified a high prevalence of low back pain in the Brazilian adult population and risk factors, with a negative impact on quality of life. The limitation in the number of studies included highlights the need for more research and greater understanding on the part of health professionals, the need for prevention and management strategies aimed at public health for better management of this condition.
Keywords: “Low back pain”. “Adults”. “Prevalence”. “Risk factors”. “Quality of life”.
1 INTRODUÇÃO
A dor lombar (DL), é caracterizada por um desconforto localizado na região inferior da coluna, podendo ou não irradiar para os membros inferiores. Esta condição pode afetar indivíduos em qualquer estágio da vida e possui uma prevalência global de cerca de 80%, sendo que sua incidência aumenta com o avanço da idade, variando em intensidade e duração (Ribeiro et al., 2019). A compreensão da DL é mais abrangente dentro de uma estrutura biopsicossocial, reconhecendo a interação complexa entre fatores biológicos, psicológicos e sociais que influenciam a predisposição, manifestação e manutenção dos sintomas (Fillingim, 2017).
Embora seja frequentemente considerada como um problema de saúde trivial, principalmente quando comparada a doenças mais graves como câncer ou doenças infecciosas, a DL tem um impacto significativo na morbidade, sendo uma das principais causas de absenteísmo e limitação de atividades relacionadas ao trabalho. Além dos custos humanos, os custos financeiros associados à DL são substanciais e têm um alto impacto na sociedade (Rapoport et al., 2014).
Considerada um problema de saúde pública na população brasileira, a DL apresenta uma alta incidência e prevalência (Vieira et al., 2019). Estudos indicam que a idade é um fator de risco para o desenvolvimento de DL (Tsang, 2018). O aumento da DL gera incapacidades e limitação funcional nos diversos domínios físicos, psicológicos e sociais, limitando a participação dessa população nas atividades básicas de vida diária.
É crucial reconhecer que a falta de tratamento ou manejo inadequado da dor lombar pode resultar em uma série de complicações, incluindo distúrbios do sono, redução da participação em atividades sociais e recreativas, angústia psicológica, comprometimento cognitivo, desnutrição e deterioração rápida da capacidade funcional. Essas consequências associadas à dor lombar têm o potencial de prejudicar significativamente a qualidade de vida e aumentar os custos de assistência médica a longo prazo (IntraMed, 2021).
No Brasil há poucos estudos sobre a prevalência e os fatores de riscos de DL, podendo dificultar o entendimento de profissionais da área de saúde na criação de estratégias visando o controle da DL nessa população e diminuindo possíveis incapacidades. Sendo assim, esse conhecimento da prevalência e os fatores de risco deste tipo de dor no Brasil é importante, para que sejam estabelecidas novas comparações futuras verificando o impacto de tais mudanças na população adulta brasileira.
Dessa forma espera-se conhecimento e comprovação que a dor é um fator de incapacidade mais prevalente na população em geral. Identificando fatores biopsicossociais com fator de risco e assim, contribuindo no entendimento de profissionais da área na criação de estratégias mais eficazes para o controle de DL. Sendo assim, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão integrativa sobre a prevalência e os fatores de risco associados à dor lombar na população adulta do Brasil.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa, as bases de dados utilizadas foram: SciELO e PubMed. Foram utilizados os seguintes descritores: “Low Back Pain” (Dor Lombar), “Adults” (Adultos), “Risk Factors” (Fatores de Riscos), “Prevalence” (Prevalência), as palavras chaves utilizadas foram no idioma inglês e português com conectivos “AND”; o período da busca nas bases de dados foi entre os meses de agosto a outubro de 2024.
Os critérios de inclusão foram: estudos do tipo estudo transversal e retrospectivo, que abordassem sobre a dor lombar, prevalência e fatores de risco na população adulta e em classes específicas. Os critérios de exclusão foram: artigos desenvolvidos em outros países, exceto no Brasil, estudos que não condiz com a população adulta, estudos que não englobam a dor lombar, estudos diferentes dos transversais e retrospectivos, mulheres grávidas, cirurgias de coluna, artigos não disponíveis nas bases de dados.
Os resultados serão expressos por meio de texto.
3 RESULTADOS
Foram encontrados 318 estudos nas bases de dados, fez-se a leitura de título e resumo de 318 estudos, foram excluídos 238 estudos desenvolvidos em outros países, 13 estudos que não condiz com a população adulta, 7 estudos que não englobam a dor lombar, 25 estudos diferentes dos transversais e retrospectivos, 11 mulheres grávidas, 18 cirurgias de coluna. Leu- se 3 estudos na íntegra, 3 foram excluídas por não estar disponível, sendo incluídos na revisão sistemática 3 artigos, conforme a figura 1.
A síntese dos estudos incluídos na revisão encontra-se na tabela 1
Tabela 1- Síntese dos artigos selecionados para revisão.
AUTOR/ANO | TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS |
Bento et al. (2020) | Estudo transversal | Comparar homens e mulheres com dor lombar e identificar a prevalência e alguns de seus fatores associados em uma amostra populacional de adultos com 20 anos ou mais em um período de sete dias. | Estudo transversal baseado em inquérito populacional. Foram entrevistados 600 indivíduos sobre os seguintes aspectos: (1) características dos participantes (e aspectos demográficos, socioeconômicos e trabalhistas); (2) nível de atividade física (IPAQ); (3) sintomas musculoesqueléticos (Questionário Nórdico). Foram realizadas análises descritivas, bivariadas e de regressão de Poisson. | Neste estudo, a prevalência da dor lombar foi maior em mulheres (60,9%) do que em homens (39,1%) [21:33, Idade avançada, baixa escolaridade hipertensão e tabagismo foram associados à LBP em homens. Fatores ocupacionais e ergonômicos foram associados à LBP em mulheres. O estado civil foi associado à LBP em ambos os sexos. |
Gonzalez et al. (2021) | Estudo transversal | Estimar a prevalência pontual, anual e vitalícia de LBP não específica em adultos da cidade de São Paulo, Brasil. | Este estudo transversal de base comunitária recrutou 3000 participantes em locais de ponto de fluxo selecionados aleatoriamente de setores censitários de São Paulo. Entrevistas e questionários auto administrados foram usados para estimar a prevalência pontual, prevalência de um ano e prevalência ao longo da vida de LBP. | A estimativa da prevalência pontual foi de 9,8% (IC de 95%: 8,8, 11,0), a prevalência de um ano foi de 48,1% (IC de 95%: 46,3, 49,9) e a prevalência ao longo da vida foi de 62,6% (IC de 95%: 60,8, 64,3). |
A prevalência de um ano e ao longo da vida foi maior em mulheres, pessoas obesas, pessoas insuficientemente ativas e sedentárias, fumantes atuais, pessoas expostas a movimentos repetitivos, posição agachada ou ajoelhada, pessoas insatisfeitas com seu trabalho, pessoas um pouco ou muito estressadas, um pouco ou muito ansiosas e um pouco deprimidas e pessoas com saúde geral boa e razoável ou ruim. A prevalência ao longo da vida também foi maior em pessoas expostas a posições em pé e exposição a carregar peso. | ||||
Deborah et al. (2022) | Estudo transversal | Estimar a prevalência da dor crônica na coluna (DCC) e os fatores associados à sua ocorrência | Estudo transversal analisando a Pesquisa Nacional de Saúde 2019, com 88.531 adultos, usando regressão logística para identificar fatores associados. | Neste estudo, os dados da PNS 2019 mostraram que aproximadamente um quinto da população brasileira adulta (21,6%) apontou dor lombar, permaneceram associados à maior prevalência de DL: sexo feminino, idade maior que 25 anos; baixa escolaridade; histórico de tabagismo e ex- tabagismo; consumo de álcool abusivo; atividade física pesada no domicílio; obesidade; hipertensão; colesterol elevado; e pior autoavaliação do estado de saúde. |
Essa revisão traz dados de 92.131 pessoas. No estudo de Bento et al., 2020, a média de idade era de 48,3 anos, no estudo de Gonzalez et al., 2021, a média de idade era de 40 anos, já no estudo de Deborah et al., 2022, a média de idade era de 44 anos. A média de idade dos participantes incluído nesses estudos foi de 44,1 anos.
No estudo de Bento et al., 2020 e Gonzalez et al., 2021, os dados foram coletados por meio de entrevistas voltadas a aspectos demográficos, no entanto Bento coletou os aspectos socioeconômicos e trabalhistas, enquanto Gonzalez et al., 2021, coletou informações sobre experiência de LBP, estilo de vida, características ocupacionais e psicológicas. Por outro lado, Deborah et al., 2022 utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, empregando regressão logística para investigar fatores associados, incluindo variáveis sociodemográficas, estilos de vida, condições metabólicas, morbidades e percepção do estado de saúde.
Gonzalez et al., 2021 utilizou os questionários de intensidade da dor (medida com uma escala numérica de classificação de dor de 0 a 10), e incapacidade (medida com o Questionário de Incapacidade Roland Morris de 0 a 24), enquanto Bento et al., 2020, utilizou os questionários para nível de atividade física (IPAQ) e sintomas musculoesqueléticos (Questionário Nórdico).
4 DISCUSSÃO
A análise apresentada destaca a relevância do crescente interesse na pesquisa sobre dor lombar na população brasileira, enfatizando a prevalência e os fatores de risco que afetam majoritariamente as mulheres. Estudos apontam uma prevalência mais alta em mulheres, o que é atribuído a fatores biológicos, hormonais e sociais. Os resultados observados por Bento et al. (2020), Debora et al. (2022) e Gonzalez et al. (2021), e corroborados por Kahere et al. (2021) mostram que mulheres têm maior propensão ao desenvolvimento de dor lombar, influenciadas por aspectos como idade avançada, condições socioeconômicas, hábitos de saúde, e a experiência de múltiplas gestações (Sant’Anna et al., 2021).
Além do sexo, outros fatores de risco identificados foram idade acima de 25 anos, nível educacional baixo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, hipertensão e percepção negativa da saúde. A exposição a atividades que envolvem longos períodos em pé e levantamento de peso, e mesmo atividades físicas intensas em casa, também se mostraram significativas. Estes fatores refletem uma relação multifatorial na etiologia da dor lombar, indicando a necessidade de intervenções que considerem essas condições individuais e sociais para mitigar o impacto na qualidade de vida da população afetada.
Em relação aos fatores de risco, a situação conjugal foi associada a uma maior intensidade de dor lombar em indivíduos viúvos ou separados, independentemente do gênero, conforme identificado por Ogunsanya (2020). Esse resultado foi corroborado por Pinheiro et al. (2014), que também observou que a perda de um parceiro pode desencadear sintomas de depressão ou ansiedade, os quais estão frequentemente associados a problemas musculoesqueléticos.
A exposição prolongada a atividades em pé também se mostrou prejudicial, como apontado por Montano (2014), que identificou uma relação moderada entre essa postura e o desconforto lombar. Levando em consideração que os sintomas de dor lombar têm origem multifatorial, Boschman et al. (2017), foram encontradas correlações relevantes com a postura em pé, que podem levar à predisposição de desenvolver a D.L.
A pesquisa de Nascimento et al. (2015) destaca as limitações metodológicas dos estudos sobre a prevalência de dor lombar no Brasil, apontando que, em geral, as amostras não representam a população nacional, mas se concentram em áreas próximas a centros de pesquisa ou em classes sociais específicas. A taxa anual de dor lombar supera 50% entre adultos e varia entre 13,1% e 19,5% entre adolescentes, com uma prevalência de dor lombar crônica de 4,2% a 14,7%. No entanto, essas estimativas podem não ser precisas devido às limitações dos estudos analisados. Os autores sugerem que estudos multicêntricos poderiam melhorar a representatividade dos dados.
A pesquisa conduzida por Saes (2023) utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. A amostra abrangeu moradores de residências permanentes, em áreas urbanas e rurais de municípios das cinco regiões do Brasil. Foram analisados 90.846 adultos com 18 anos ou mais que relataram ter alguma condição ou doença crônica, respondendo a um questionário sobre essas enfermidades. Entre os participantes, 19.206 (21,1%) indicaram ter problemas crônicos relacionados à coluna, incluindo dor crônica nas costas ou no pescoço, lombalgia, ciática e problemas nas vértebras ou discos. Em relação às características demográficas, aproximadamente 49,4% da amostra residia na região Sudeste, 57,0% eram mulheres, 41,7% tinham 65 anos ou mais, 45,2% se declararam de pele branca e cerca de metade dos participantes (46,2%) não completou o ensino fundamental.
Outro estudo com foco na população brasileira foi realizado por Carvalho et al. (2018) analisaram a prevalência de dor crônica em 27.345 adultos brasileiros, usando coleta de dados online e considerando fatores sociodemográficos e condições médicas. Entre os participantes, 76,17% relataram dor crônica por pelo menos seis meses, sendo a maioria mulheres (84,60%) e idosos (48,15% com 65 anos ou mais). A lombalgia crônica foi uma das condições mais comuns, presente em 59,85% dos casos. Metade dos participantes com dor crônica relatou dor diária, e 57,28% classificou a intensidade média da dor como moderada nos últimos três meses.
Adicionalmente, fatores ergonômicos e de trabalho, como posturas desconfortáveis e estresse ocupacional, mostraram-se fortemente associados à lombalgia em mulheres. Um estudo na Nova Zelândia de Widanarko et al. (2012), revelou que mulheres em posições de trabalho desconfortáveis tinham de 1,45 a 1,51 vezes mais chances de relatar dor lombar. Além disso, o estresse no trabalho elevava significativamente o risco de dor crônica nas costas, com uma probabilidade 1,77 vezes maior para quem classificava o trabalho como levemente estressante e 2,27 vezes maior para estresse extremo. Esses achados reforçam a ideia de que tanto posturas inadequadas quanto o estresse ocupacional estão fortemente associados à dor crônica nas costas entre as mulheres.
A obesidade, identificada como um fator de risco importante, tem se tornado cada vez mais comum no Brasil, conforme aponta o Ministério da Saúde (2011). O excesso de peso aumenta a carga sobre os músculos e o sistema locomotor, gerando inflamações nos ossos e acentuando o desgaste das vértebras, o que pode resultar em lombalgias e hérnias discais. O estudo destaca a necessidade de uma colaboração ampla entre o governo, o setor privado, as instituições de ensino, os profissionais de saúde e a comunidade para garantir um tratamento adequado para a dor lombar.
Os estudos de Malta et al. (2022) e Ferreira et al. (2019) destacam a associação da dor crônica na coluna com fatores como sexo feminino, idade avançada, baixa escolaridade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, hipertensão e uma percepção negativa de saúde. Entender essas correlações é fundamental para desenvolver políticas públicas e intervenções que reduzam a prevalência e as consequências da dor lombar.
Os estudos de Barros et al. (2021), Meucci et al. (2013) e Kaminski et al. (2023) mostram a alta prevalência da dor lombar na população adulta brasileira e a diversidade dos dados entre diferentes regiões e metodologias. Em Campinas, a taxa de 30,6% de adultos com dor lombar e a variação entre os dados de outras cidades brasileiras revelam a falta de uniformidade nos resultados, com diferenças influenciadas por critérios de amostragem, definição de dor e métodos de coleta.
Além disso, Kaminski et al. (2023) apontam um crescimento significativo dos anos vividos com incapacidade pela dor lombar globalmente, refletindo tanto o envelhecimento populacional quanto às diferenças de prevalência entre sexos, com as mulheres sendo mais afetadas. Esse cenário evidencia uma alta carga de incapacidade e destaca a urgência de políticas de prevenção direcionadas. Essa heterogeneidade sugere a importância de padronizar as metodologias dos estudos e promover estratégias de saúde pública eficazes para reduzir os impactos da dor lombar, especialmente em países de renda média e baixa, onde a sobrecarga no sistema de saúde é mais acentuada.
Além disso, a pesquisa apontou uma diferença significativa entre os estudos que avaliaram a prevalência e a incidência de dor lombar, o que deve ser considerado ao formular políticas de saúde. A análise rigorosa das origens dessas estatísticas é crucial para uma distribuição mais eficaz de recursos destinados ao manejo dessa condição, que continua a afetar milhões de pessoas ao redor do mundo.
5 CONCLUSÃO
Esta revisão analisou a prevalência e os fatores de risco associados à dor lombar na população adulta brasileira e os resultados indicam uma prevalência significativa de dor lombar, especialmente entre mulheres, indivíduos com obesidade, sedentarismo, e aqueles com condições de trabalho que envolvem movimentos repetitivos ou longos períodos em pé.
Além disso, a dor lombar tem um forte impacto na qualidade de vida, refletido em aumento de anos vividos com incapacidade e alterações no bem-estar psicológico. A diversidade nos métodos de pesquisa e nas definições utilizadas nos estudos é um desafio metodológico, mas destaca a necessidade de intervenções específicas, adaptadas às características locais e sociodemográficas.
A padronização de abordagens e a implementação de políticas públicas focadas na promoção da saúde da coluna e prevenção da dor lombar são essenciais para mitigar o impacto dessa condição na população.
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1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Especialista em Fisio Neurofuncional e Traumato-ortopédica e Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
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