A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO TRATAMENTO DO CÂNCER.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411301840


Flavya Junia Araújo do Nascimento1
Iara Aline Lage2
Leandra Stephany Oliveira Pereira3
Lucas Maxwell Alexander de Godoy4
André Luiz de Oliveira Campos Rodrigues5


RESUMO

Introdução: A cavidade oral pode apresentar várias alterações em função da terapia antineoplásica, indicando a importância da odontologia e seus profissionais, nas equipes multidisciplinares, a fim de minimizar os impactos à saúde bucal e, consequemente, melhorar a qualidade de vida, dos pacientes que demandam terapia contra o câncer. Objetivo: o objetivo desse estudo foi realizar uma revisão narrativa da literatura, buscando evidências científicas sobre a importância do cirurgião-dentista na terapia antineoplásica. Métodos: realizou-se pesquisas em bases de dados nas plataformas PubMed, Scielo, Lilacs e Cochrane. Foram selecionados artigos nos idiomas português e inglês, com as seguintes estratégias de busca: “cirurgião-dentista, equipe multidisciplinar, terapia antineoplásica, odontologia”, “dentist, multiprofessional healthcare team, antineoplastic therapy and dentistry”. Conclusão: a participação do cirurgião-dentista em equipes multiprofissionais, contribui significativamente para o aumento da qualidade de vida dos pacientes, à medida que atua para prevenir e tratar complicações decorrentes da terapia antineoplásica. 

INTRODUÇÃO

De acordo com o National Institute Health, (2024), o câncer, também conhecido como neoplasia maligna, caracteriza-se pelo crescimento descontrolado de células anormais. Essas células têm a capacidade de invadir tecidos adjacentes e se espalhar para outras partes do corpo através do processo de metástase.

Pacientes com câncer enfrentam não apenas os desafios impostos pela própria doença, mas também pelo tratamento, que é frequentemente agressivo e causa impactos significativos no bem-estar físico e mental. 

Segundo a WHO, (2024), a morbidade associada ao tratamento oncológico convencional, como quimioterapia e radioterapia, gera diversos efeitos colaterais severos. Entre os principais estão alterações no paladar, xerostomia e úlceras na mucosa ora (mucosite), os quais impactam diretamente a qualidade de vida do paciente. Esses efeitos colaterais dificultam a ingestão de alimentos, aumentam o risco de infecções bucais e comprometem a absorção de nutrientes, agravando o sofrimento dos pacientes.

Nesse contexto, o papel do cirurgião-dentista é fundamental dentro das equipes multidisciplinares que tratam pacientes oncológicos. O cirurgião-dentista contribui ativamente para o manejo dos efeitos colaterais orais dos tratamentos antineoplásicos. Realiza avaliações pré-tratamento para identificar e tratar problemas odontológicos que podem se intensificar com a terapia oncológica. Durante o tratamento, o cirurgião-dentista monitora e trata complicações bucais, fornecendo também orientações de cuidado oral para ajudar a prevenir e mitigar esses efeitos adversos. Essa intervenção não só promove uma melhor adesão ao tratamento, mas também melhora a qualidade de vida dos pacientes (OWOSHO et al., 2023a)

A colaboração entre dentistas e outros profissionais de saúde é essencial para reduzir a morbidade associada aos efeitos colaterais orais e potencializar os resultados do tratamento. Estudos demonstram que a inclusão do cirurgião-dentista na equipe oncológica melhora a gestão das complicações bucais e, por conseguinte, a qualidade de vida dos pacientes. A abordagem multidisciplinar não só minimiza os efeitos adversos do tratamento como contribui para a eficácia geral do tratamento oncológico (SAJWANI et al., 2024)

Neste sentindo, é inegável a importância da odontologia, na integração de equipes multiprofissionais de saúde, em função dos impactos causados à saúde bucal do indivíduo. Desta forma, este trabalho tem como objetivo investigar, por meio de uma revisão narrativa da literatura, os impactos da atuação do cirurgião-dentista,no tratamento do câncer. 

1 REVISÃO DE LITERATURA 

Radioterapia

A radioterapia é uma modalidade terapêutica que utiliza radiações ionizantes para destruir células cancerosas, com o objetivo de reduzir ou eliminar tumores. Esse tratamento atua diretamente sobre o DNA das células tumorais, promovendo danos que levam à morte celular ou à inibição da divisão celular, conforme descrito pelo National Cancer Institute. A radioterapia é amplamente empregada em diversos tipos de câncer e pode ser utilizada com finalidades curativas, adjuvantes, neoadjuvantes ou paliativas (ALFOUZAN, 2021)

Existem duas formas principais de aplicação da radioterapia:

Radioterapia Externa: Realizada por meio de um acelerador linear que direciona feixes de radiação ao tumor externamente ao corpo. Esse tratamento é administrado em sessões diárias ao longo de várias semanas. Técnicas avançadas de imagem são empregadas para maximizar a precisão do tratamento, minimizando a exposição de tecidos saudáveis ao redor do tumor (ALFOUZAN, 2021)

Braquiterapia: Envolve a inserção de uma fonte radioativa diretamente dentro ou próxima ao tumor, permitindo que uma dose elevada de radiação seja aplicada localmente, com menor impacto nos tecidos saudáveis adjacentes. A braquiterapia é indicada para cânceres como o de próstata, colo do útero e mama (ALFOUZAN, 2021).

A eficácia da radioterapia contra células neoplásicas deve-se à capacidade das radiações ionizantes de provocar quebras nas cadeias de DNA, o que prejudica diretamente a divisão e a replicação celular. Como as células cancerosas têm uma taxa de divisão mais rápida e um sistema de reparo de DNA menos eficiente do que as células normais, são mais suscetíveis aos danos induzidos pela radiação. A radioterapia pode induzir essas células a um estado de apoptose (morte celular programada) ou necrose, dependendo da dose de radiação e da sensibilidade do tipo específico de célula cancerosa (Joiner & van der Kogel, 2018). Esse efeito seletivo é uma das razões pela qual a radioterapia é uma abordagem fundamental no tratamento oncológico, seja como terapia primária, adjuvante ou paliativa (PAI et al., 2019).

Apesar do foco nas células tumorais, a radioterapia também atinge células normais nos tecidos adjacentes ao tumor. Células normais em tecidos de rápida renovação, como pele, mucosas e sistema gastrointestinal, são particularmente vulneráveis aos efeitos da radiação. A radiação causa danos ao DNA das células saudáveis de forma semelhante, podendo levar à sua morte ou comprometimento funcional. Embora os tecidos normais possuam mecanismos de reparo do DNA mais eficientes, doses elevadas ou repetidas de radiação podem sobrecarregar esses sistemas, levando a lesões e efeitos colaterais que variam conforme a área irradiada e a dose aplicada (ALTERIO et al., 2019) .

Os efeitos da radioterapia na saúde do indivíduo podem ser classificados em agudos e tardios. Efeitos agudos são aqueles que ocorrem durante ou logo após o tratamento, incluindo fadiga, eritema (vermelhidão) na pele, mucosite (inflamação das mucosas), xerostomia (boca seca), náuseas, e, em alguns casos, alterações hematológicas como anemia e leucopenia. Esses sintomas variam conforme a área irradiada e podem limitar a capacidade do paciente de realizar atividades cotidianas, além de afetarem seu bem-estar psicológico (ANDERSON et al., 2021).

Efeitos tardios, por outro lado, podem surgir meses ou anos após o término da radioterapia. Eles incluem fibrose dos tecidos irradiados, que pode causar rigidez e perda de funcionalidade em órgãos e músculos, além de um risco aumentado de desenvolvimento de novos tumores, conhecido como carcinogênese secundária. A radioterapia na região da cabeça e pescoço, por exemplo, pode resultar em problemas crônicos na saúde bucal, como cáries de radiação, disfunção das glândulas salivares e osteorradionecrose (morte óssea) (RAGGIO; WINTERS, 2018).

A radioterapia, embora seja uma ferramenta poderosa no tratamento oncológico, envolve um equilíbrio delicado entre a destruição de células tumorais e a preservação da integridade dos tecidos saudáveis. A tecnologia atual tem avançado para minimizar a exposição das células normais, com técnicas como a radioterapia conformacional e a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), que direcionam a radiação de forma mais precisa ao tumor. No entanto, os efeitos colaterais permanecem uma preocupação relevante, exigindo uma abordagem multidisciplinar no manejo dos pacientes, com a participação de profissionais de diversas áreas para minimizar os impactos negativos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes durante e após o tratamento (PAI et al., 2019).

Impactos da radioterapia na saúde bucal 

A radioterapia é um tratamento amplamente utilizado no combate ao câncer, sendo particularmente indicada em neoplasias de cabeça e pescoço. No entanto, seus efeitos sobre a saúde bucal são significativos, causando uma série de alterações que comprometem a qualidade de vida dos pacientes. Esses efeitos decorrem do impacto direto das radiações ionizantes nos tecidos orais e estruturas adjacentes, como mucosa, glândulas salivares, ossos e vasos sanguíneos. Neste contexto, a atuação do cirurgião-dentista em equipe multidisciplinar é fundamental para a prevenção, manejo e tratamento dessas complicações, proporcionando ao paciente melhores condições para enfrentar o tratamento oncológico (YUWANATI et al., 2021)

Os efeitos adversos da radioterapia na saúde bucal são variados e podem comprometer significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Complicações como mucosite, xerostomia, osteorradionecrose e cáries de radiação demandam uma abordagem preventiva e interventiva por parte de uma equipe multidisciplinar, com o cirurgião-dentista desempenhando um papel central. A prevenção e o manejo dessas complicações não apenas aliviam o desconforto dos pacientes, mas também potencializam a eficácia do tratamento oncológico, evidenciando a importância de uma atenção odontológica especializada e integrada à equipe de saúde no contexto da radioterapia (LALLA, 2020)

Cárie de Radiação

A cárie de radiação é uma condição severa e comum em pacientes submetidos à radioterapia na região da cabeça e pescoço, devido principalmente à xerostomia (boca seca) induzida pela radiação. A saliva desempenha um papel crucial na proteção da saúde bucal, contribuindo para a remineralização do esmalte e atuando como um meio de defesa contra as bactérias causadoras de cáries. A redução ou ausência do fluxo salivar, comum em pacientes irradiados, cria um ambiente altamente propício para o desenvolvimento de cáries, que se apresentam de forma acelerada e agressiva, comprometendo significativamente a integridade dos dentes (PEDROSO et al., 2022).

Estudos indicam que, em casos de xerostomia persistente, os pacientes frequentemente experimentam uma rápida desmineralização, com cáries afetando áreas da dentição que normalmente seriam mais resistentes, como as bordas incisais e a região cervical dos dentes. A incidência de cáries de radiação pode atingir até 80% dos pacientes dentro de seis meses após o tratamento radioterápico (KAWASHIMA et al., 2024).

Para o manejo eficaz da cárie de radiação, o papel do cirurgião-dentista é fundamental desde o início do tratamento oncológico. As abordagens preventivas incluem a aplicação tópica de flúor de alta concentração, selantes dentários e a prescrição de enxaguantes bucais com flúor, visando fortalecer o esmalte e reduzir o risco de desmineralização. Além disso, recomenda-se a orientação sobre uma higiene bucal rigorosa e o uso de saliva artificial ou estimulantes salivares, para minimizar os efeitos da xerostomia e aumentar a proteção contra a cárie (MOTA et al., 2024)

Por fim, a literatura destaca a necessidade de protocolos específicos para a prevenção da cárie de radiação, sugerindo que a inclusão do cirurgião-dentista na equipe oncológica pode reduzir significativamente a progressão dessa condição, promovendo uma qualidade de vida melhor para o paciente (PAI et al., 2019).

Osteorradionecrose

A osteorradionecrose (ORN) é uma complicação grave e potencialmente debilitante associada ao tratamento radioterápico em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Esse efeito adverso caracteriza-se pela necrose óssea em áreas irradiadas, com prevalência mais comum na mandíbula devido à sua menor vascularização em comparação com o maxilar (RAGGIO; WINTERS, 2018).

Durante a radioterapia, o tecido ósseo pode sofrer danos devido à exposição à radiação ionizante, o que compromete a capacidade de regeneração celular e reduz o suprimento vascular, resultando em um ambiente hipóxico e suscetível à necrose. Assim, a ORN representa um dos maiores desafios no manejo dos pacientes submetidos à radioterapia, principalmente em regiões orais (COSTA et al., 2016).

A principal causa da osteorradionecrose é o dano vascular induzido pela radiação, o que limita a capacidade de reparo ósseo e resulta em um processo crônico de deterioração do tecido. Como resultado, os pacientes com ORN frequentemente apresentam dor intensa, exposição óssea na cavidade oral e infecções recorrentes, que, em casos graves, podem requerer intervenções cirúrgicas (GUAN; LIU; ZHENG, 2024).

A incidência de osteorradionecrose depende de fatores como a dose total de radiação, o volume de osso irradiado e a proximidade de estruturas dentárias, sendo particularmente elevada em pacientes que recebem doses superiores a 60 Gy (PETERSON et al., 2024).

O impacto da osteorradionecrose na cavidade oral é significativo, pois essa condição afeta não apenas a integridade estrutural do osso, mas também a função mastigatória, a fala e a qualidade de vida do paciente. Além disso, a ORN pode dificultar tratamentos dentários e comprometer a estética bucal, aumentando o risco de complicações como infecções e perda óssea progressiva (ZEHR; COOPER, 2023).

Pacientes que desenvolvem ORN enfrentam uma série de limitações funcionais, que podem levar à perda de peso, dificuldades alimentares e ao isolamento social, o que sublinha a necessidade de estratégias de prevenção e manejo eficazes (COSTA et al., 2016).

A prevenção e o tratamento da osteorradionecrose exigem uma abordagem multidisciplinar, que inclua o acompanhamento odontológico antes, durante e após o tratamento radioterápico. Estudos recomendam a realização de intervenções dentárias profiláticas antes do início da radioterapia, como extrações dentárias, para minimizar a necessidade de procedimentos invasivos posteriores (PETERSON et al., 2024).

Além disso, estratégias como a oxigenoterapia hiperbárica têm sido empregadas para promover a cicatrização óssea, com resultados promissores na redução da gravidade da ORN. Dessa forma, o acompanhamento odontológico regular é essencial para prevenir e manejar essa complicação, preservando a qualidade de vida e a saúde oral dos pacientes oncológicos (GUAN; LIU; ZHENG, 2024).

Mucosite oral 

A mucosite oral é uma complicação comum e debilitante associada ao tratamento radioterápico, especialmente em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Caracteriza-se pela inflamação e ulceração da mucosa oral, resultando em sintomas como dor intensa, dificuldade para se alimentar e falar, e maior suscetibilidade a infecções secundárias (LALLA, 2020). 

Esse efeito colateral ocorre devido aos danos que a radiação ionizante causa às células epiteliais de rápida divisão presentes na mucosa, desencadeando um processo inflamatório que pode comprometer a qualidade de vida do paciente e até influenciar na continuidade do tratamento (CALMON et al., 2019).

O desenvolvimento da mucosite envolve uma série de eventos biológicos, incluindo lesões diretas ao DNA das células da mucosa e uma resposta inflamatória exacerbada, que amplifica a destruição tecidual e a dor. Além disso, a mucosite pode se tornar uma porta de entrada para infecções sistêmicas, principalmente em pacientes imunocomprometidos, aumentando o risco de complicações graves. Estudos indicam que até 80% dos pacientes submetidos à radioterapia de cabeça e pescoço apresentam algum grau de mucosite, tornando esse um dos efeitos adversos mais prevalentes e desafiadores de gerenciar em oncologia (CHAUDHRY; EHTESHAM, 2023).

O papel do cirurgião-dentista é essencial no controle e manejo da mucosite oral, atuando tanto na prevenção quanto no tratamento dessa condição. Antes do início da radioterapia, o dentista realiza uma avaliação detalhada da saúde bucal do paciente, orientando sobre a importância de uma higiene oral rigorosa e o uso de enxaguantes bucais para reduzir o risco de infecções (PULITO et al., 2020).

Durante o tratamento, o profissional pode prescrever agentes protetores da mucosa, como soluções tópicas de aloe vera e laserterapia de baixa intensidade, que têm demonstrado eficácia na redução da dor e da gravidade da mucosite (BROWN; GUPTA, 2020a)

Além do manejo clínico, o cirurgião-dentista orienta o paciente quanto aos cuidados domiciliares para minimizar o desconforto da mucosite, como evitar alimentos ácidos e condimentos que possam irritar a mucosa oral (BROWN; GUPTA, 2020b) .

A assistência odontológica contínua é fundamental para assegurar que os pacientes mantenham sua qualidade de vida durante a radioterapia e para evitar interrupções no tratamento oncológico. A presença do dentista na equipe multidisciplinar contribui diretamente para o controle da mucosite e para a adesão ao tratamento, promovendo o bem-estar integral do paciente (OWOSHO et al., 2023a).

Xerostomia

A xerostomia, conhecida como sensação de boca seca, é um dos efeitos colaterais mais comuns em pacientes submetidos à radioterapia para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço. Esse quadro ocorre devido aos danos causados pela radiação às glândulas salivares, que resultam em uma redução significativa ou completa na produção de saliva, comprometendo a função oral e a qualidade de vida dos pacientes. A falta de saliva afeta processos fundamentais, como a mastigação, a deglutição e a digestão inicial dos alimentos, além de comprometer a integridade das estruturas orais e aumentar o risco de cáries e infecções orais .(CHAUDHRY; EHTESHAM, 2023).

Os impactos da xerostomia são variados e podem agravar-se com o tempo, resultando em sérios problemas para a saúde bucal. Sem a saliva, que atua como um lubrificante natural e uma barreira protetora contra microrganismos, os pacientes ficam mais propensos a desenvolver cáries rampantes, doenças periodontais e infecções fúngicas, como candidíase oral. Além disso, a xerostomia pode causar desconforto ao falar, ao comer e até mesmo ao dormir, levando a um impacto substancial no bem-estar físico e emocional. O controle e o manejo adequados da xerostomia são, portanto, essenciais para prevenir o agravamento dessas condições e melhorar a qualidade de vida do paciente durante e após o tratamento (CALMON et al., 2019).

O cirurgião-dentista tem um papel crucial na prevenção e no manejo da xerostomia em pacientes oncológicos. Antes do início da radioterapia, o dentista realiza uma avaliação odontológica completa e orienta o paciente sobre a importância de manter uma higiene bucal rigorosa, além de identificar possíveis focos de infecção que poderiam se agravar em um ambiente de boca seca. Durante o tratamento radioterápico, o dentista pode recomendar o uso de produtos como saliva artificial, géis e enxaguantes hidratantes, que ajudam a aliviar a sensação de secura e a proteger os tecidos orais (OWOSHO et al., 2023a, 2023b).

Após o término da radioterapia, o acompanhamento odontológico contínuo permanece essencial para monitorar os efeitos a longo prazo da xerostomia e evitar complicações adicionais. O dentista pode orientar o paciente a manter uma boa ingestão de água, evitar alimentos e bebidas que desidratem ainda mais a boca, como cafeína e álcool, e, quando necessário, prescrever estimulantes salivares, como pilocarpina, que podem ajudar a estimular a produção salivar residual (HICKS et al., 2021). Dessa forma, a atuação do cirurgião-dentista em todas as fases do tratamento oncológico é indispensável para reduzir os efeitos da xerostomia e preservar a saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes (CALMON et al., 2019).

O Papel do Sistema Único de Saúde – SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem um papel fundamental na oferta de tratamento oncológico no Brasil, assegurando o acesso universal e integral aos cuidados de saúde para todos os cidadãos. Diante da complexidade e dos altos custos envolvidos no tratamento do câncer, o SUS disponibiliza serviços essenciais, incluindo exames diagnósticos, cirurgias, quimioterapia e radioterapia, sem custos adicionais para os pacientes. A radioterapia, que é um dos pilares do tratamento contra o câncer, representa uma abordagem essencial em casos de tumores sólidos e outros tipos de câncer que requerem o controle local da doença. Assim, o SUS cumpre um papel central na ampliação do acesso a esses tratamentos, reduzindo desigualdades e garantindo que o paciente receba suporte ao longo de toda a trajetória do cuidado oncológico (GADELHA, 2018).

Apesar de sua importância, o acesso à radioterapia no SUS enfrenta desafios significativos, especialmente devido à escassez de equipamentos e à concentração de serviços especializados em regiões específicas do país. De acordo com dados recentes, há uma disparidade na distribuição de máquinas de radioterapia, com regiões Norte e Nordeste apresentando maior déficit em relação ao número de pacientes necessitando do tratamento. Para mitigar essas desigualdades, o SUS tem investido na ampliação e descentralização dos serviços de radioterapia, com a implantação de novos centros de tratamento e a atualização tecnológica dos equipamentos existentes. Essas iniciativas buscam diminuir as filas de espera e aumentar a capacidade de atendimento, permitindo que um maior número de pacientes tenha acesso ao tratamento adequado em tempo hábil (GADELHA, 2018).

Além da oferta direta de tratamento, o SUS tem se empenhado em promover cuidados integrados e humanizados para os pacientes oncológicos, com o intuito de garantir um acompanhamento de saúde de forma contínua e completa. A abordagem do SUS inclui o envolvimento de uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais, que auxiliam no manejo dos efeitos colaterais da radioterapia e oferecem suporte ao paciente e à família durante o tratamento. Esse modelo de cuidado integral não apenas melhora a adesão ao tratamento, mas também contribui para a qualidade de vida do paciente, atendendo às demandas físicas, emocionais e sociais de quem enfrenta o câncer. Dessa forma, o SUS reafirma seu compromisso com um sistema de saúde acessível e equitativo, focado na promoção da saúde e no tratamento adequado dos pacientes com câncer em todo o Brasil (DA SILVA; OSORIO-DE-CASTRO, 2022; GADELHA, 2018).

Odontologia hospitalar e o tratamento do câncer

A atuação do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar, vai de encontro a Lei nº 8.080/1990, que dispõe sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lei estabelece que a atenção integral à saúde deve ser promovida de forma universal e acessível, o que inclui a atuação de profissionais de saúde em diversas áreas, como a odontologia, dentro de hospitais (GADELHA, 2018).

Além disso, a Resolução CFO-118/2017, emitida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), regulamenta as atividades da odontologia hospitalar, estabelecendo parâmetros para a atuação dos cirurgiões-dentistas em hospitais e em unidades de saúde pública, com ênfase no atendimento aos pacientes com condições clínicas complexas, como os pacientes oncológicos. A resolução também reconhece a necessidade da integração da odontologia com outras especialidades, visando um tratamento mais eficaz e abrangente (BARROS et al., 2024).

Outro marco legal relevante é a Política Nacional de Atenção Oncológica (Portaria MS nº 876, de 2014), que estabelece diretrizes para o tratamento oncológico no Brasil e reforça a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no tratamento do câncer, incluindo a participação da odontologia. Assim, a odontologia hospitalar é parte de uma política mais ampla de cuidados com o paciente oncológico, e sua implementação deve ser considerada dentro do modelo de atenção integral à saúde (PARADA et al., 2008).

2 DISCUSSÃO

A atuação do cirurgião-dentista na terapia antineoplásica é amplamente discutida e respaldada por estudos que apontam sua essencialidade para a prevenção e o manejo das complicações bucais que surgem durante tratamentos como quimioterapia e radioterapia. De acordo com Calmon et al., (2019), o impacto desses tratamentos na saúde bucal pode comprometer a adesão do paciente e sua recuperação, sendo a presença do dentista fundamental para o cuidado integral do paciente oncológico. Owosho et al., (2023a) complementam, afirmando que a integração do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar contribui significativamente para o bem-estar e sucesso terapêutico.

O caráter citotóxico da quimioterapia afeta células de divisão rápida, incluindo as da mucosa bucal, provocando complicações como mucosite, xerostomia e infecções secundárias. Lalla; Peterson, (2023) relatam que a mucosite oral, presente em cerca de 80% dos pacientes, é uma das complicações mais debilitantes, afetando diretamente a alimentação e a qualidade de vida. Guan; Liu; Zheng, (2024)destacam que a radioterapia, especialmente quando aplicada na cabeça e pescoço, gera efeitos colaterais duradouros, como xerostomia e cárie por radiação, que demandam intervenções odontológicas contínuas para evitar o agravamento. Esse quadro é corroborado por Raggio; Winters, (2018)que defendem a importância de um preparo prévio da cavidade oral para reduzir tais complicações.

Antes do início do tratamento, o acompanhamento preventivo do cirurgião-dentista é crucial para avaliar e tratar condições bucais pré-existentes que podem se intensificar. Epstein et al., (2012) relatam que esse acompanhamento pode reduzir em até 50% a ocorrência de mucosite oral, enquanto Brown; GUPTA, (2020a) reforçam que a intervenção prévia contribui para um sistema imunológico mais fortalecido, minimizando riscos de complicações. Essa abordagem é defendida por Mota et al., (2024), que enfatizam que a integração entre dentista e oncologista permite o planejamento dos cuidados bucais antes mesmo da terapia, aumentando a qualidade de vida e adesão do paciente.

Durante o tratamento oncológico, o cirurgião-dentista continua a desempenhar um papel ativo, orientando sobre cuidados de higiene bucal e realizando intervenções diretas, como o uso de enxaguantes antibacterianos e agentes hidratantes para aliviar xerostomia e mucosite. Brown; Gupta, (2020a) relatam que essas medidas ajudam a reduzir a dor, facilitando a alimentação e manutenção do estado nutricional, essencial para a resposta imunológica. Epstein et al., (2012)corroboram ao afirmar que a manutenção do estado nutricional está diretamente ligada à recuperação e resposta imunológica dos pacientes.

Um dos desafios mais graves é a osteorradionecrose, complicação de pacientes que recebem radioterapia para tumores de cabeça e pescoço. Peterson et al., (2024) defendem a importância de procedimentos preventivos, como extrações dentárias, realizados com antecedência mínima de duas semanas antes da radioterapia, para reduzir a incidência de osteorradionecrose. Costa et al., (2016) observa que, para casos estabelecidos, intervenções como oxigenoterapia hiperbárica e antibióticos profiláticos têm mostrado resultados promissores ao promover vascularização e reduzir infecções bacterianas, o que complementa o manejo odontológico.

A ausência de protocolos estruturados em muitos centros oncológicos representa um obstáculo para o atendimento integral do paciente. Pai et al., (2019) argumenta que a integração dos protocolos odontológicos no SUS é essencial para garantir acesso igualitário a todos os pacientes, promovendo intervenções preventivas que reduzem o custo e a morbidade associada a complicações bucais. Gadelha, (2018)propõem que a padronização de protocolos e a capacitação de profissionais de odontologia pelo SUS são fundamentais para garantir a qualidade no acompanhamento odontológico de pacientes oncológicos.

Além disso, estudos indicam que o câncer oral, frequentemente relacionado ao tabagismo, consumo de álcool e HPV, afeta as estruturas da cabeça e pescoço, aumentando o risco de complicações. O INCA (2023) destaca que essa condição exige um cuidado interdisciplinar, e Peterson et al., (2024) enfatizam que o dentista atua preventivamente para minimizar o surgimento de condições graves. (MATOS et al., 2024) criticam a limitação da inserção de dentistas em alguns centros devido à ausência de protocolos, defendendo a criação de um atendimento abrangente e eficaz para o controle das complicações bucais.

A capacitação contínua dos cirurgiões-dentistas é outro ponto destacado na literatura. Lacerda et al., (2023)argumentam que o treinamento atualizado permite que os dentistas lidem melhor com complicações específicas, como a mucosite, e promovam um acompanhamento adequado. Andrade et al., (2021)sugerem que a falta de atualização entre dentistas mais experientes limita a eficácia do diagnóstico precoce e acompanhamento odontológico. Isso é reiterado por Mota et al., (2024), que defendem o avanço científico e o desenvolvimento de novas práticas para o manejo de complicações como xerostomia e cárie por radiação.

A detecção precoce de complicações é essencial, como argumenta Epstein et al., (2012). Eles sugerem que o diagnóstico rápido de problemas como osteorradionecrose pode prevenir danos irreversíveis aos tecidos, evitando intervenções invasivas e proporcionando maior conforto ao paciente. PAI et al., (2019)complementam, afirmando que a inovação clínica baseada em evidências é crucial para o manejo efetivo das complicações bucais.

Anderson et al., (2021) observam que complicações como a quimio mucosite podem ser fatais sem o tratamento adequado. Ele recomenda o uso de enxaguantes antibacterianos e agentes hidratantes para manter o estado nutricional do paciente, enquanto Pai et al., (2019)defendem a implementação de protocolos específicos para cada fase do tratamento oncológico, recomendando exodontias e tratamentos periodontais com antecedência para evitar complicações. Esses autores sugerem soluções fluoretadas e bochechos para minimizar xerostomia e mucosite, com acompanhamento contínuo.

No cenário oncológico, o papel do cirurgião-dentista é cada vez mais valorizado. Da Silva; Osório-De-Castro, (2022) sugerem que a padronização de protocolos no SUS poderia ampliar o acesso aos cuidados odontológicos, enquanto Gadelha, (2018) destacam a capacitação como essencial para enfrentar as particularidades dos tratamentos oncológicos. (PAI et al., 2019) defendem a necessidade de novos protocolos baseados em evidências para adaptar o tratamento às necessidades dos pacientes oncológicos.

CONCLUSÃO

A literatura é unânime ao reconhecer que o cirurgião-dentista desempenha papel indispensável no sucesso do tratamento oncológico e no bem-estar do paciente. Uma abordagem preventiva, associada a protocolos específicos e capacitação contínua, é fundamental para garantir um atendimento de qualidade e melhorar a experiência do paciente, reduzindo as complicações e promovendo uma recuperação integral.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda do curso de Odontologia pelo Centro Universitário Católica do Leste de Minas. E-mail: flavya.junia@a.unileste.edu.br
2Graduanda do curso de Odontologia pelo Centro Universitário Católica do Leste de Minas. E-mail: Iara.lage@a.unileste.edu.br
3Graduanda do curso de Odontologia pelo Centro Universitário Católica do Leste de Minas. E-mail: leandra.pereira@a.unileste.edu.br
4Graduando do curso de Odontologia pelo Centro Universitário Católica do Leste de Minas. E-mail: lucas.godoy@a.unileste.edu.br
5Cirurgião-dentista, Professor NDII do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais – Unileste, Mestre em Fisiologia pela Universidade Federal De Minas Gerais, Especialista em Implantodontia e Prótese Dentária. E-mail: andre.oliveira@p.unileste.edu.br