IMPACTO DA FISIOTERAPIA NA REDUÇÃO DA DOR MATERNA DURANTE O TRABALHO DE PARTO: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411292004



Jaqueline Louise da Silva Lins
Thalia Benjamin Abreu
Thaiana Bezerra Duarte


Resumo

Introdução: Na assistência obstétrica ao parto de baixo risco, algumas intervenções fisioterapêuticas são realizadas como parte da rotina da equipe, com o objetivo de valorizar a responsabilidade da gestante através do uso ativo do seu corpo. Apesar dos avanços quanto ao manejo da dor no trabalho de parto, há uma carência de estudos consistentes sobre como as técnicas fisioterapêuticas afetam o dor durante o trabalho de parto, quais são os melhores métodos para sua aplicação e qual o papel do fisioterapeuta. Objetivo: Analisar, com base em evidências científicas, a importância das técnicas de fisioterapia na redução da dor durante o trabalho de parto. Materiais e método: Trata-se de um estudo de revisão de literatura utilizando artigos científicos das bases de dados virtuais PubMed, Science Direct e PEDro. Foram incluídos no estudo artigos em inglês e português que envolveram parturientes ou gestantes submetidas a alguma intervenção fisioterapêutica. Resultados: Foram identificados 21 artigos nesta revisão. Dentre os estudos, 23,8% receberam acupressão, 19% aplicaram a bola de parto combinada com cuidados habituais, 14,2% aderiram ao uso de TENS (Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea), 9,5% avaliaram a reflexologia e 4,7% investigaram exercícios aeróbicos aquáticos. Outros métodos incluíram massagem mecânica e massagem mecânica morna (4,7%), terapia de calor (4,7%), banho de chuveiro (4,7%), alternância livre de posturas maternas (4,7%), Pilates (4,7%) e Yoga (4,7%). Conclusão: As técnicas fisioterapêuticas utilizadas demonstraram não apenas reduzir a dor materna, mas também encurtar a duração das fases do parto e aumentar a satisfação das parturientes. Essas abordagens não farmacológicas são seguras e necessárias para melhores resultados obstétricos e neonatais, destacando a importância da fisioterapia na promoção de um parto humanizado.

Palavras-chave: Dor do Parto. Trabalho de Parto. Serviços de Fisioterapia. Modalidades de Fisioterapia.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho de parto é a experiência de gerar uma nova vida, caracterizado por alterações mecânicas e hormonais que promovem contrações uterinas, resultando na dilatação do colo uterino e acompanhadas de dor intensa, que pode variar de acordo com o quadro da parturiente (Gayeski; Brüggemann, 2010; Gallo, 2011). Por ser um processo doloroso e que gera ansiedade, muitas mulheres, principalmente primigestas, consideram optar pelo parto cesariano para evitar a dor.

A primeira etapa do parto vaginal consiste na contração uterina e na dilatação do colo para facilitar a saída do feto. Em seguida, ocorre o período expulsivo, que é a saída propriamente dita do feto, e, por fim, a expulsão da placenta e do líquido amniótico. Condutas não farmacológicas são importantes para o relaxamento e facilitação desse processo para a parturiente (Souza; Silva; Pereira, 2018).

Na assistência obstétrica ao parto de baixo risco, algumas intervenções fisioterapêuticas são realizadas como parte da rotina da equipe, com o objetivo de valorizar a responsabilidade da gestante através do uso ativo do seu corpo. O papel do fisioterapeuta é estimular a mulher a compreender seu próprio corpo como uma ferramenta ativa que facilita o processo, proporcionando, assim, uma experiência menos dolorosa do parto (Bavaresco et al., 2017).

A fisioterapia obstétrica, através do programa de humanização do parto e nascimento, torna o processo de parturição mais agradável e eficaz para o binômio mãe-filho. Durante o trabalho de parto, técnicas e condutas terapêuticas como cinesioterapia, massoterapia, banho quente, Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS, em inglês Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation), bola suíça, crioterapia, deambulação e técnicas de respiração visam a redução da tríade medo-tensão-dor das parturientes (Souza; Silva; Pereira, 2018).

Apesar dos avanços quanto ao manejo da dor no trabalho de parto, há uma falta de estudos consistentes sobre como exatamente as técnicas fisioterapêuticas afetam o dor durante o trabalho de parto, quais são os melhores métodos para sua aplicação e qual o papel do fisioterapeuta. Nesse contexto, o presente estudo objetiva analisar, com base em evidências científicas, a importância das técnicas de fisioterapia na redução da dor durante o trabalho de parto.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão de literatura utilizando artigos científicos das bases de dados virtuais PubMed, Science Direct e PEDro. A busca de dados foi realizada no período de julho a agosto de 2024, através das palavras chaves nos idiomas português e inglês: Dor do Parto AND Serviços de Fisioterapia AND Trabalho de Parto, Physical Therapy Services and Labor Pain and Labor.

Foram incluídos no estudo artigos em inglês e português que envolveram parturientes ou gestantes submetidas a alguma intervenção fisioterapêutica. Foram excluídos do estudo artigos não disponíveis na íntegra, artigos com intervenções que não tenham sido realizadas por profissionais de fisioterapia, relatos de experiência e revisões sistemáticas.

Os dados foram tabulados e analisados ​​no programa Microsoft Office Excel®. Na análise, os dados foram descritos e interpretados por meio de uma tabela apresentada na seção de resultados e discussão.

3 RESULTADOS

Os resultados do estudo, obtidos a partir da pesquisa nas três bases de dados, identificaram um total de 2.476 artigos científicos. Desses, 8 foram considerados duplicados, 1.609 foram publicados há mais de 10 anos, 94 estavam em outros idiomas, 199 não atenderam aos objetivos propostos e 94 não estavam disponíveis na íntegra. Assim, 21 artigos foram incluídos nesta revisão.

Figura 1. Fluxograma PRISMA-ScR (Page et al., 2020) utilizado para operacionalizar a seleção de produção científica sobre Impacto da fisioterapia na redução da dor materna durante o trabalho de parto.

Os resultados obtidos a partir da revisão da literatura indicam a eficácia de diferentes intervenções fisioterapêuticas na redução da dor durante o trabalho de parto. Diversos estudos evidenciaram que técnicas como o uso da bola de parto, acupressão, exercícios físicos (Pilates e atividades aquáticas), massagem mecânica, TENS e reflexologia proporcionaram uma redução significativa da dor materna. Além disso, essas intervenções foram associadas a uma menor duração das fases do trabalho de parto e a um aumento na satisfação das parturientes com o processo. Em particular, os estudos revisados destacam a importância de métodos não farmacológicos no manejo da dor, demonstrando que eles podem não apenas diminuir a intensidade da dor percebida, mas também melhorar os resultados obstétricos e neonatais, conforme tabela 1.

Fraga et al., 2024Relatar o efeito de um protocolo direcionado aos vários estágios do trabalho de parto na duração do trabalho de parto, intensidade da dor, fadiga, resultados maternos, resultados neonatais e satisfação em parturientes sem analgesiaBola de amendoim, posicionamento e mobilidade pélvica, cuidados habituais.O uso do protocolo com uma bola de amendoim reduziu a duração das fases ativa e expulsiva e a duração total do trabalho de parto. Um protocolo com bola de amendoim, posicionamento e mobilidade pélvica reduziu a duração do trabalho de parto e melhorou a satisfação materna com o parto.
Mylod et al., 2023Determinar se o uso de uma bola de parto em casa na fase latente do trabalho de parto reduz a percepção da dor na admissão.Cuidados pré-natais padrão, utilização de bola de parto Birth Ease.A maioria das participantes achou a bola de parto útil (89,2%) e a usaria em um futuro trabalho de parto (92,5%). Usar a bola de parto em casa na fase latente é uma estratégia segura e aceitável para mulheres em trabalho de parto para controlar seu trabalho de parto, potencialmente adiar a admissão e reduzir a cesárea.
Carrascosa et al., 2021Analisar a eficácia e a segurança do exercício aeróbico moderado na água por mulheres grávidas no uso subsequente de analgesia epidural durante o parto, indução do parto, modo de parto e percepção da dor.Exercício aeróbico moderado na água.As mulheres no grupo de exercícios relataram menos dor durante o parto. Os dois grupos (exercício aeróbico aquático moderado versus cuidados pré-natais usuais) não mostraram diferenças significativas em eventos adversos maternos ou neonatais.
Alimoradi et al., 2020Comparar os efeitos da acupressão auricular e corporal multiponto na dor do parto e na duração da fase ativa do parto.Acupressão corporal e acupressão auricularA acupressão auricular foi significativamente eficaz na redução da dor do parto e no encurtamento da fase ativa do parto. No entanto, a acupressão corporal reduz apenas a dor do parto. Portanto, a acupressão auricular pode ser usada para reduzir a dor do parto e encurtar a fase ativa do parto.
Arnon et al., 2018Avaliar o efeito da reflexologia sobre esses sintomas e explorar os componentes físicos e psicológicos da experiência das mulheres associados a esse tratamento.ReflexologiaO uso da reflexologia como um dos tratamentos de medicina complementar disponíveis pode contribuir muito para toda a experiência do parto, pois fortalece as mulheres e aumenta a autoconfiança e a capacidade de autogerenciar o parto e o parto.
Santana et al., 2022Avaliar a eficácia de um protocolo não farmacológico de assistência ao parto em mulheres na fase ativa do trabalho de parto na melhoria dos resultados obstétricos e perinatais.Deambulação, alternância livre de posturas maternas, TENS e banho de chuveiro.A implementação de um protocolo sequencial não farmacológico proposto no estudo tem o potencial de reduzir a dor do parto, conforme refletido na diminuição e no atraso do uso de analgesia farmacológica e na redução da duração da fase ativa do parto e das taxas de distocia. Os hospitais de maternidade devem fornecer esse protocolo, e as mulheres devem ser encorajadas a solicitar esse protocolo de assistência ao parto.
Ghandali et al., 2021Investigar a eficácia do programa de exercícios de Pilates durante a gravidez nos resultados do parto.PilatesDe acordo com os resultados deste estudo, o exercício de Pilates durante a gravidez melhorou o processo de parto e aumentou a satisfação materna do processo de parto, sem causar complicações para a mãe e o bebê.
Kaçar; Özcan Keser, 2021Comparar os efeitos da aplicação de massagem mecânica e massagem mecânica morna na redução da dor do parto e no aumento da satisfação do parto em mulheres primíparasMassagem mecânica, massagem mecânica mornaO nível de dor e a duração média do trabalho de parto para cada grupo de intervenção foram considerados menores do que o grupo de controle, e os pontos de pontuação de satisfação com o parto foram maiores do que o grupo de controle. A massagem mecânica na região lombossacra pode ser usada como um método confiável e eficaz para reduzir a dor e aumentar a satisfação no parto.
Aktan et al., 2021Investigar os efeitos sobre os resultados da gravidez e do parto de exercícios clínicos de Pilates dados com ou sem treinamento para parto.PilatesApós o treinamento, o grupo Pilates apresentou melhores valores de ansiedade geral, ganhou menos peso e sentiu menos dor durante o trabalho de parto do que os outros grupos. Não foi observada diferença entre os grupos em termos de duração do trabalho de parto, idade gestacional ou peso do recém-nascido. Os escores APGAR dos recém-nascidos do grupo Pilates foram melhores do que os dos outros grupos.
Ashtarkan et al., 2021Comparar o efeito da acupressão nos pontos SP6 e SP8 na intensidade da dor e na duração do primeiro estágio do partoAcupressão nos pontos SP6 e SP8Os resultados mostraram que a intensidade média da dor nos três estágios dos grupos de intervenção e a duração média do primeiro estágio do trabalho de parto foram significativamente diferentes daquelas no grupo controle (P<0,001). Implicações para a prática: Recomenda-se que a acupressão seja usada como um método não farmacológico para reduzir a dor e a duração do trabalho de parto.
Bolanthakodi et al., 2018Testar a hipótese de que exercícios de ioga pré-natal são eficazes no alívio da dor do parto e na melhora dos resultados do partoYogaA necessidade de indução do parto e analgésicos foi significativamente menor no grupo de estudo. Houve significativamente mais número de partos vaginais normais (p < 0,037) e menos cesáreas (p < 0,048), primeiro estágio de parto mais curto (p < 0,0003) no grupo de estudo praticante de ioga. A tolerância à dor foi melhor no grupo de estudo. No pós-parto, o escore do questionário de conforto materno mostrou maior conforto no grupo de estudo. O número de bebês com baixo peso ao nascer também foi significativamente menor no grupo de estudo (p < 0,042). Não houve efeitos adversos atribuídos à ioga.
Shahoel et al., 2017Investigar o efeito da estimulação elétrica nervosa transcutânea na dor do parto entre mulheres nulíparas encaminhadas a um hospital em uma área urbana do IrãTENSA média da gravidade da dor do parto indicou uma diferença estatisticamente significativa após a intervenção. A duração do primeiro estágio do parto foi significativamente diferente entre os grupos. A aplicação da estimulação elétrica nervosa transcutânea afetou o alívio da dor no primeiro e segundo estágios do trabalho de parto e 4 horas após o parto.
Ahdi et al., 2017Investigar os efeitos de um programa de ioga pré-natal na dor percebida durante o parto e nos resultados do parto.YogaParticipantes do grupo controle relataram maior intensidade de dor em comparação ao grupo experimental em 3-4 cm de dilatação e 2 h após a primeira e a segunda medições. O grupo de intervenção necessitou de uma frequência menor de indução do parto em comparação ao grupo controle. Além disso, o modo de parto do grupo intervenção resultou em uma porcentagem menor de cesárea do que o grupo controle (p = 0,002). Por fim, o grupo intervenção experimentou uma duração menor do segundo e terceiro estágios do parto.
Ozgoli et al., 2016Examinar e comparar o efeito da acupressão LI4 e BL32 entre si e com o grupo de controle na dor do parto e nos resultados do partoAcupressão nos pontos LI4 ou BL32A acupressão nos pontos BL32 e LI4 é eficaz na redução da dor do parto em comparação ao grupo controle, com uma ligeira superioridade para os pontos BL32. A acupressão nesses pontos pode ser aplicada para aliviar a dor no parto como um método barato e fácil de administrar. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada em termos de resultados do parto.
Asadi et al., 2015Investigar os efeitos da acupuntura sobre dor do parto, nível de cortisol sérico e duração do partoAcupuntura nos pontos SP-6 e LI-4Não foram observadas variações significativas nos escores de dor ou nos níveis de cortisol sérico entre os dois grupos de controle. No entanto, a duração do parto foi significativamente menor (p < 0,001) no grupo que recebeu acupuntura real.
Dunmez; Yilmaz, 2023Avaliar o efeito do uso de uma bola de parto e da posição de cócoras durante o trabalho de parto na dor, na duração do trabalho de parto e na satisfação.bola de parto, posição de cócorasFoi descoberto que a maior satisfação foi no grupo bola de parto. Usar uma bola de parto e posição de cócoras durante o trabalho de parto são métodos eficazes para reduzir a dor do parto, encurtar a duração do trabalho de parto e aumentar o nível de satisfação. Há necessidade de mais estudos sobre os efeitos da bola de parto e posição de cócoras.
Njogu et al., 2021Determinar os efeitos da terapia TENS no primeiro estágio do parto.TENSO grupo experimental teve escores VAS (Visual Analogue. Scale) médios estatisticamente significativamente menores em um momento diferente (30, 60 e 120 min pós-intervenção e 2–24 h pós-parto) do que o grupo controle (p< 0,001). O grupo experimental demonstrou uma duração estatisticamente significativamente menor da fase ativa do trabalho de parto do que o grupo controle (p < 0,001).
Taavoni et al., 2016Investigar os efeitos de dois métodos não farmacológicos, como bola de parto e terapia de calor no alívio da dor do parto.Terapia de calor e bola de partoA pontuação média da gravidade da dor no grupo de terapia de calor foi menor do que a do grupo controle em 60 e 90 min após a intervenção (p < 0,05). Além disso, houve diferenças significativas entre as pontuações de dor no grupo da bola de parto após todos os três tempos investigados em comparação ao grupo controle. Tanto a terapia de calor quanto a bola de parto podem ser usadas como tratamentos complementares baratos e de baixo risco para a dor do parto.
Dabiri; Shahi, 2014Avaliar o efeito da acupressão LI4 na dor e na duração do parto durante o primeiro estágio do trabalho de parto.Acupressão LI4, Toque (tocando o ponto LI4 para eliminar quaisquer efeitos psicológicos causados ​​pela presença de um pesquisador)A diferença nos escores de dor entre o grupo de acupressão e o grupo de controle foi estatisticamente significativa (p<0,001), mas não houve significância estatística (p=0,942) da diferença na duração do primeiro estágio do trabalho de parto entre os três grupos. A acupressão é uma técnica eficaz, não invasiva e facilmente aplicável para reduzir a dor do parto.
Akbarzadeh et al., 2014Comparar os efeitos dos cuidados de suporte e da acupressão na intensidade da dor e no resultado do parto das gestantes.Cuidados físicos e emocionais, acupressãoOs resultados mostraram que o cuidado de suporte materno e a acupressão durante o parto reduziram a intensidade da dor e melhoraram os resultados do parto. Portanto, esses métodos podem ser introduzidos à equipe médica como estratégias eficazes para diminuir a dor do parto.
Moghimi-Hanjani et al., 2015Revisar e determinar o efeito da reflexologia podal na ansiedade, dor e resultados do parto em mulheres primigestas.Reflexologia podal Os resultados deste estudo mostram que a reflexologia reduz a intensidade da dor do trabalho de parto, a duração do trabalho de parto, a ansiedade, a distribuição de frequência do parto natural e aumenta os escores de Apgar.

Foram analisados ​​21 estudos sobre o impacto da fisioterapia na redução da dor materna durante o trabalho de parto. As amostras variaram entre 80 e 326 mulheres, abrangendo uma faixa etária de 18 a 40 anos. Dentre os estudos, 5 (23,8%) usaram acupressão, 4 (19%) aplicaram a bola de parto combinada com cuidados habituais, 3 (14,2%) aderiram ao uso de TENS (Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea), 2 (9,5%) avaliaram a reflexologia, e 1 estudo (4,7%) investigou exercícios aeróbicos aquáticos. Outros métodos incluíram massagem mecânica e massagem mecânica morna (1 estudo, 4,7%), terapia de calor (1 estudo, 4,7%), banho de chuveiro (1 estudo, 4,7%), alternância livre de posturas maternas (1 estudo, 4,7%), Pilates (1 estudo, 4,7%) e Yoga (1 estudo, 4,7%).

4 DISCUSSÃO

Todos os estudos desta revisão concordam que as técnicas e recursos utilizados pelos fisioterapeutas, como acupressão, uso da bola de parto, exercícios físicos (Pilates e atividades aquáticas), massagem mecânica, TENS e reflexologia, tornam-se suporte seguro e eficaz, respeitando a individualidade da parturiente, ou gestante, e proporcionando relaxamento.

As medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) preconizam que as mulheres em trabalho de parto recebam apoio emocional e cuidados de saúde, com o número mínimo de hospitalizações necessário. Essas diretrizes visam impactar significativamente a dor do parto, enfatizando a redução do uso de medicamentos e sedativos, a duração mais curta do parto e menores taxas de cesarianas (Wrobel; Ribeiro, 2008).

O fisioterapeuta, ao integrar a equipe multiprofissional durante o trabalho de parto, utiliza técnicas que contribuem para a redução do ciclo medo-tensão-dor, promovendo a reeducação da função respiratória, a restauração da função intestinal, a estimulação do sistema circulatório, a analgesia e os benefícios para o casal mãe-filho (Sousa et al., 2018).

A acupressão baseia-se nos mesmos princípios da acupuntura: manter o equilíbrio da energia nos diferentes canais que circulam pelo corpo e que estão ligados a um órgão-alvo, mas sem o uso de agulhas. Os estímulos são realizados com as mãos e dedos em pontos específicos ou, em algumas situações, combinando esses pontos para obter um efeito maior de interrupção da dor ou garantir um estado de relaxamento (Lee, 2003).Os estudos realizados para avaliação da acupressão durante o trabalho de parto demonstraram que a prática é eficaz, não invasiva, de fácil aplicação e significativa na redução da dor materna, encurtamento da fase ativa do parto e benefícios no pós-parto (Alimoradi et al., 2020; Ashtarkan et al., 2021; Ozgoli et al., 2016; Asadi et al., 2015; Dabiri e Shahi, 2014; Akbarzadeh et al., 2014). O estudo de Ozgoli et al. (2016), ao comparar o efeito da acupressão nos pontos LI4 e BL32 em 105 mulheres primíparas, destacou que ambos os pontos foram eficazes em relação ao grupo controle, sendo o ponto BL32 superior ao LI4.

A acupressão e a reflexologia são ambas técnicas de terapias complementares que buscam alívio da dor e relaxamento, mas diferem na metodologia e nos pontos de aplicação. Comparativamente, ambas as técnicas são eficazes para o manejo da dor, mas a acupressão se concentra em pontos distribuídos pelo corpo, enquanto a reflexologia trabalha exclusivamente com os pés, o que pode ser mais confortável para algumas mulheres (Lee, 2003; Arnon et al., 2018; Moghimi-Hanjani et al., 2015).

Arnon et al. (2018) destacaram a reflexologia como um dos tratamentos de medicina complementar disponíveis para contribuir com a experiência do parto, fortalecendo as mulheres e aumentando sua autoconfiança e capacidade de autogerenciamento durante o trabalho de parto. Moghimi-Hanjani et al. (2015) realizaram um estudo com 80 mães primigestas utilizando reflexologia podal, que resultou na redução da intensidade da dor, da duração do parto e da ansiedade, além do aumento da frequência de partos naturais e dos escores de Apgar.

O uso da bola de parto e do yoga também oferece benefícios para o relaxamento e a progressão do trabalho de parto, mas com abordagens distintas. A prática do yoga é realizada, na maioria das vezes, por meio de exercícios físicos que promovem relaxamento. A respiração consciente é uma técnica utilizada na maioria dos trabalhos de parto e pode ser praticada antes do parto para melhorar a circulação sanguínea, aliviar o estresse e promover a calma (Oliveira et al., 2024). Jahdi et al. (2017) e Bolanthakodi et al. (2018) avaliaram os efeitos da yoga durante a gestação e os resultados do parto. Ambos os estudos identificaram menores taxas de cesarianas, duração reduzida dos estágios do parto, menor necessidade de indução e maior tolerância à dor.

Já a bola de parto, também conhecida cono bola suíça, pode ser adotada durante o trabalho de parto para promover uma participação mais ativa da gestante, proporcionando uma melhor percepção da tensão e, assim, garantindo o relaxamento geral da mulher (Oliveira; Cruz, 2014). No estudo desenvolvido por Fraga et al. (2024), foi elaborado um protocolo com uma bola de amendoim para reduzir as fases ativa e expulsiva e a duração total do trabalho de parto de 100 mulheres, obtendo-se resultados positivos quanto aos desfechos propostos e à satisfação materna com o parto.

Dunmez e Yilmaz (2023) obtiveram resultados semelhantes ao avaliarem o efeito do uso da bola de parto e da posição de cócoras na duração do trabalho de parto e no conforto de 159 mulheres, sendo o contentamento maior no grupo que utilizou a bola de parto. Os resultados encontrados no estudo de Mylod (2023) também mostraram a satisfação das participantes com o uso da bola de parto. Taavoni et al. (2016) combinaram o uso da bola de parto com a terapia de calor, recomendando ambas como tratamentos complementares, baratos e de baixo risco para a dor do parto. Ambas as práticas oferecem resultados positivos para a progressão do trabalho de parto e o alívio do desconforto, mas a bola de parto tem a vantagem de permitir maior participação ativa e autonomia para a gestante na escolha de posições.

A utilização do Pilates, supervisionado por profissional, também alcança melhorias significativas na condição física como pressão arterial, força, flexibilidade, curvatura da coluna, bem como parâmetros no parto, ocasionando mais partos normais, menos episiotomias, menos analgésicos e menor peso do recém-nascido (Rodríguez-Díaz et al., 2017). Dois estudos avaliaram o efeito dos exercícios de Pilates: Ghandali et al. (2021) identificaram uma redução significativa na intensidade da dor, na duração da fase ativa e no segundo estágio do parto, além de um aumento na satisfação materna com o processo de parto. A comparação feita por Aktan et al. (2021) entre os efeitos dos exercícios clínicos de Pilates, com e sem treinamento específico para parto, nos desfechos da gravidez e do parto de 64 gestantes, identificou melhores níveis de ansiedade, menor ganho de peso e redução da dor do trabalho de parto.

Os exercícios aeróbicos auxiliam na manutenção e melhoria do bem-estar físico e mental, além de promover melhorias cardiorrespiratórias, fatores que ajudam a gestante durante o trabalho de parto (Xavier et al., 2017). Carrascosa et al. (2021) constataram que as 320 mulheres grávidas que realizaram exercícios aeróbicos moderados na água relataram menos dor durante o parto.

A massagem lombossacra, assim como a TENS, é uma estratégia não invasiva para o alívio da dor. A massagem é um dos métodos não farmacológicos mais antigos, seus resultados fisiológicos e psicológicos na parturiente, por meio de manipulações repetidas que estimulam os tecidos moles, resultam no relaxamento, na diminuição da gravidade da dor e consequente inibição de espasmos musculares (Tibola et al, 2021). Para Kaçar e Keser (2021), a massagem mecânica na região lombossacra pode ser utilizada como método seguro e eficaz para reduzir a dor e aumentar a satisfação com o parto.

A TENS é um método de estimulação nervosa periférica usado para aliviar dores agudas e crônicas. Ela gera impulsos elétricos através da pele, com variações de frequência e intensidade. A intensidade é ajustada conforme a resposta do paciente, proporcionando uma sensação de formigamento sem causar contração motora (Capelli, 2018). Shahoel et al. (2017) e Njogu et al. (2021) utilizaram a estimulação elétrica nervosa transcutânea para avaliar os efeitos durante o trabalho de parto, identificando diferenças significativas na dor após a intervenção, além de uma redução na duração das fases ativas.

Outro estudo, com 80 primigestas, realizado por Santana et al. (2022), utilizou um protocolo não farmacológico de TENS associado à deambulação, alternância livre de posturas maternas e banho de chuveiro. Esse protocolo demonstrou potencial para reduzir a dor do parto, conforme refletido pela diminuição e atraso no uso de analgesia farmacológica e pela redução da duração da fase ativa do parto e das taxas de distocia.

A massagem é considerada mais relaxante, enquanto a TENS é uma técnica mais focada na analgesia, sendo possível combinar ambas para maximizar o conforto da parturiente.

Na prática clínica, essas intervenções podem ser incorporadas de maneira eficaz para fisioterapeutas que atuam no parto, sempre considerando as necessidades e preferências individuais de cada parturiente. As técnicas como acupressão, bola de parto, Pilates, Yoga, reflexologia, exercícios aquáticos e TENS têm o potencial de oferecer um manejo não invasivo da dor, alinhado com as diretrizes da OMS que promovem o parto humanizado e minimizam intervenções farmacológicas. O uso adequado dessas práticas contribui para uma melhor experiência de parto, ajudando a reduzir o dor, o estresse e a ansiedade, ao mesmo tempo que incentiva a participação ativa da gestante, favorecendo tanto os estágios maternos quanto os neonatais. Assim, o fisioterapeuta desempenha um papel essencial na equipe multidisciplinar, oferecendo suporte físico e emocional, e promovendo um parto mais seguro e confortável para a mulher.

5 CONCLUSÃO

As intervenções fisioterapêuticas, como acupressão, uso da bola de parto, exercícios físicos (Pilates e atividades aquáticas), massagem mecânica, TENS e reflexologia, demonstraram não apenas reduzir a dor materna, mas também encurtar a duração das fases do parto e aumentar a satisfação das parturientes. Essas abordagens não farmacológicas são seguras e necessárias para melhores resultados obstétricos e neonatais, destacando a importância da fisioterapia na promoção de um parto humanizado.

A atuação do fisioterapeuta no trabalho de parto, embora ainda não seja uma prática universalmente estabelecida, tem se mostrado eficaz. Sua participação e colaboração por meio de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor e para o relaxamento da parturiente são reconhecidas por diversos estudos. É fundamental a realização de mais pesquisas que abordem esse tema, a fim de fornecer mais evidências sobre a importância da presença dos fisioterapeutas e das técnicas que eles oferecem durante o trabalho de parto.

REFERÊNCIAS

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Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE
Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE