REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411301303
Alexandre Agostinho Morais1
Layla Bernardes1
Juliano Ferreira Mendes2
RESUMO
O envelhecimento da população é um fenômeno global, e estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em cerca de três décadas, a quantidade de pessoas idosas será equivalente à de crianças. Os termos envelhecimento ou senescência tem sido indistintamente empregados para definir o processo pós-maturacional, responsável pela diminuição da homeostasia e aumento da vulnerabilidade do organismo. A senescência é responsável por algumas alterações fisiológicas no sistema neuromuscular, que leva a um decréscimo da força e função muscular. O indivíduo idoso passa por um declínio funcional, devido à diminuição de sua reserva fisiológica, isso faz com que ocorra uma redução do desempenho motor na realização das atividades de vida diária, sendo bem observada em relação à habilidade manual ou coordenação motora fina. A avaliação das condições de mobilidade do idoso é de significativa importância científica e social, pois possibilita a implementação de intervenções eficazes para promover o bem-estar das pessoas idosas. Entre os benefícios da prática de exercícios físicos para os idosos, destacam-se a melhora da capacidade funcional, o equilíbrio, a força muscular, a flexibilidade, a coordenação e a velocidade de movimento. No contexto do treinamento físico-funcional, o uso equivocado das terminologias “flexibilidade” e “mobilidade”, pode gerar diversas dificuldades para a avaliação, a prescrição e a orientação do treinamento. De fato, há exercícios específicos que podem favorecer a flexibilidade, enquanto outros aprimoram a mobilidade, dependendo dos objetivos e das necessidades do beneficiário/paciente/atleta. A fisioterapia exerce um papel fundamental na prevenção de quedas, uma vez que promove a melhora das capacidades motoras e do equilíbrio, além de oferecer orientações a pacientes e seus cuidadores, visando eliminar ou reduzir os fatores de risco. Alguns desses exercícios que são trabalhados incluem três níveis de abordagem: primário, secundário e terciário. Inicialmente, no nível primário, a prática regular de exercícios físicos pode, em sua essência, prevenir o surgimento de diversas doenças e deficiências, minimizando o risco de incapacidades e quedas. Já o nível secundário, tem como o objetivo, minimizar a progressão da deficiência decorrente da doença. Por fim, o último nível, o terciário, tem como objetivo restabelecer a funcionalidade a um padrão que possibilite a maior autonomia possível na realização das atividades diárias, para aqueles idosos que apresentam um nível de comprometimento irreversível. O estudo tem como objetivo apresentar uma revisão integrativa sobre a mobilidade funcional e cognição em idosos. Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de publicações indexadas nas bases de dados. O estudo concluiu que a fisioterapia desempenha um importante papel na mobilidade funcional e cognitiva em idosos, pois pode proporcionar melhora do quadro motor e do equilíbrio, além de fornecer orientações aos pacientes e seus cuidadores, eliminando ou minimizando os fatores de risco.
Palavras-chaves: Idosos. Fisioterapia. Mobilidade. Cognição.
ABSTRACT
Population aging is a global phenomenon, and estimates from the World Health Organization (WHO) indicate that, in about three decades, the number of elderly people will be equivalent to that of children. The terms aging or senescence have been used interchangeably to define the post-maturational process, responsible for the decrease in homeostasis and increased vulnerability of the organism. Senescence is responsible for some physiological changes in the neuromuscular system, which leads to a decrease in muscle strength and function. Elderly individuals experience a functional decline due to the decrease in their physiological reserve, which causes a reduction in motor performance in carrying out activities of daily living, which is well observed in relation to manual ability or fine motor coordination. The assessment of the mobility conditions of elderly people is of significant scientific and social importance, as it enables the implementation of effective interventions to promote the well-being of elderly people. Among the benefits of physical exercise for elderly people, the following stand out: improved functional capacity, balance, muscle strength, flexibility, coordination and speed of movement. In the context of physical-functional training, the incorrect use of the terms “flexibility” and “mobility” can create several difficulties in the assessment, prescription and guidance of training. In fact, there are specific exercises that can promote flexibility, while others improve mobility, depending on the goals and needs of the beneficiary/patient/athlete. Physical therapy plays a fundamental role in preventing falls, since it promotes the improvement of motor skills and balance, in addition to offering guidance to patients and their caregivers, aiming to eliminate or reduce risk factors. Some of these exercises that are worked on include three levels of approach: primary, secondary and tertiary. Initially, at the primary level, regular practice of physical exercises can, in essence, prevent the onset of several diseases and disabilities, minimizing the risk of incapacity and falls. The secondary level, on the other hand, aims to minimize the progression of the disability resulting from the disease. Finally, the last level, the tertiary level, aims to restore functionality to a standard that allows the greatest possible autonomy in carrying out daily activities for those elderly individuals who have an irreversible level of impairment. The study aims to present an integrative review on functional mobility and cognition in the elderly. This study is an integrative review of publications indexed in the databases. The study concluded that physiotherapy plays an important role in functional and cognitive mobility in the elderly, as it can provide improvements in motor skills and balance, in addition to providing guidance to patients and their caregivers, eliminating or minimizing risk factors.
Keywords: Elderly. Physiotherapy. Mobility. Cognition.
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial e estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em aproximadamente três décadas, o número de pessoas idosas será equivalente ao número de crianças. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, o Brasil somava 20,5 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais, representando 10,78% da população residente. O Censo 2022 apontou que a população idosa no país alcançou o número de 31,2 milhões, sendo 14,7% dos brasileiros, sendo o aumento de 39,8% no período de 2012 a 2021.
Ainda, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros segue aumentando, sendo que no início do século, a estimativa de vida era de 34 anos. Nos anos 2000, essa média deu um salto, com uma pessoa no país vivendo até os 70 anos. Já a projeção feita pelo Instituto para 2060 é de que uma pessoa no Brasil possa viver em média até os 81 anos. Nesta situação, torna-se ainda mais preocupante, a respeito da longevidade dos idosos e seu tratamento no que diz respeito a mobilidade e cognição.
Os termos envelhecimento ou senescência tem sido indistintamente empregados para definir o processo pós-maturacional, responsável pela diminuição da homeostasia e aumento da vulnerabilidade do organismo. É um acometimento decorrente de múltiplos fatores e atinge os diversos sistemas do organismo, alguns precocemente e outros tardiamente (AGUIAR; LOPES; SOUZA, 2019). Observa-se que a partir dos 60 anos, as incapacidades começam a aparecer e a aumentar, exigindo o planejamento e a efetivação cuidados direcionados à mobilidade e à acessibilidade de pessoas idosas (VEGI et al., 2019).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o envelhecimento gera modificações nos vários sistemas do corpo humano, levando a uma diminuição gradativa na eficácia de cada um deles, tendo assim, uma diminuição na capacidade funcional do indivíduo. A vulnerabilidade fisiológica dos idosos é aumentada devido a uma combinação de fatores, que incluem dificuldades nos campos de percepção e equilíbrio, declínio no sistema musculoesquelético, diminuição da capacidade visual, entre outras (OMS, 2020).
A senescência é responsável por algumas alterações fisiológicas no sistema neuromuscular, que leva a um decréscimo da força e função muscular. O indivíduo idoso passa por um declínio funcional, devido à diminuição de sua reserva fisiológica, isso faz com que ocorra uma redução do desempenho motor na realização das atividades de vida diária, sendo bem observada em relação à habilidade manual ou coordenação motora fina(VEGI et al., 2020). Avaliar as condições do idoso reveste-se de grande importância científica e social por permitir a implementação de alternativas válidas de intervenção, no intuito de promover o bem- estar das pessoas maduras. O estudo teve como objetivo descrever sobre a mobilidade funcional e cognitiva em idosos, por meio de uma revisão integrativa, com enfoque em avaliações fisioterapêuticas em geriatria.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Idosos
O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte. O indivíduo idoso passa por um declínio funcional devido à diminuição de sua reserva fisiológica, a partir de então, o risco de quedas, fraturas e dependência funcional são aumentados. Esse declínio progressivo pode ser observado nos sistemas ósseo, muscular, nervoso, circulatório, pulmonar, endócrino e imunológico, porém sua velocidade e extensão variam muito entre os tecidos e funções, e também de um indivíduo ao outro. A redução da capacidade funcional, redução da capacidade motora e resistência associam-se a perdas dos papéis sociais, solidão e perdas psicológicas (AGUIAR; LOPES; SOUZA, 2019).
Admite-se que na forma de envelhecimento comum, fatores extrínsecos como tipo de dieta, sedentarismo e causas psicossociais, intensificariam os efeitos adversos que ocorrem com o passar dos anos, o asilamento, por exemplo, pode acarretar a marginalização, o isolamento e a inatividade física dos idosos envolvidos, causando repercussões físicas e emocionais, diferente do envelhecimento saudável, onde as principais condições associadas à velhice bem sucedida seriam o baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais, funcionamento mental e físico excelentes e envolvimento ativo com a vida (VEGI et al., 2020).
2.2 Fisioterapia aplicada em idosos
A fisioterapia desempenha importante papel na prevenção das quedas, pois proporciona melhora do quadro motor e do equilíbrio, além de fornecer orientações aos pacientes e seus cuidadores, eliminando ou minimizando os fatores de risco. Alguns desses exercícios que são trabalhados incluem três níveis de abordagem: primário, secundário e terciário. Em sua abordagem primária, a prática regular do exercício físico pode prevenir o surgimento de diferentes doenças e deficiências que podem levar a incapacidades e a maior risco para quedas. No nível secundário, a finalidade é retardar a progressão da deficiência causada pela doença. No nível terciário, o objetivo reside na restauração da funcionalidade para um nível que permita maior autonomia possível no desempenho das atividades cotidianas, para aqueles idosos que tenham um nível de comprometimento que não possa ser revertido (MONTEIRO et al, 2018).
Com programas de exercícios, os idosos tendem a cair menos, pelos ganhos significantes como aptidão física: equilíbrio, força muscular de preensão palmar e de membros inferiores, amplitude de movimento de flexão dos ombros (SANTOS; SANTOS; FERREIRA, 2018). O meio aquático é considerado seguro e eficaz na reabilitação do idoso, pois a água atua simultaneamente nas desordens músculo esquelético e melhora o equilíbrio.
A água é viscosa, desacelera os movimentos e retarda a queda, o que prolonga o tempo para retomada da postura quando o corpo se desequilibra. A flutuação atua como suporte, o que aumenta a confiança do indivíduo e reduz o medo de cair. Assim, pode-se desafiar o indivíduo além de seus limites de estabilidade, sem temer as consequências de queda que podem ocorrer no solo (SANTOS; SANTOS; FERREIRA, 2018).
Dentre os benefícios decorrentes da prática de exercícios físicos pelos idosos, destacam- se a melhora da capacidade funcional, equilíbrio, força muscular, flexibilidade, coordenação e velocidade de movimento. Portanto, a função física envolve os três aspectos: força muscular, equilíbrio e marcha. Os déficits de força muscular, velocidade de marcha e equilíbrio são condições potencialmente reversíveis, ressaltando-se que o desempenho físico pode ser melhorado em qualquer idade com programas de prevenção e reabilitação. Déficit nessas funções pode levar o idoso à maior propensão a quedas (ALMEIDA et. al, 2023).
2.3 Conceitos de mobilidade na fisioterapia
No contexto do treinamento físico-funcional, o uso equivocado das terminologias “flexibilidade” e “mobilidade”, pode trazer inúmeras problemáticas para a avaliação, a prescrição e a orientação do treinamento. De fato, existem exercícios específicos que podem beneficiar a flexibilidade, e outros favorecem a mobilidade e tudo isso dependerá dos objetivos e das necessidades do beneficiário/paciente/atleta (BOYLE, 2018).
Flexibilidade é entendida como uma capacidade física, mais precisamente é a capacidade de realizar movimentos em certas articulações com apropriada amplitude de movimento (BARBANTI, 1994). Também é definido como a qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da mobilidade articular expressa pela máxima amplitude de movimento necessária para execução de qualquer atividade física, sem que ocorra lesões anatomopatológicas (ARAÚJO, 1983). Já mobilidade, pode ser definida como a capacidade da articulação se movimentar ativamente, na maior amplitude de movimento possível, antes de ser restringida pelos componentes articulares e/ou periarticulares, em que a mobilidade considera o sistema nervoso, em especial, do controle motor (ALMEIDA et al.,2023).
Almeida et al.(2023) explicam que o trabalho da mobilidade traz inúmeros resultados benéficos como a diminuição ou o bloqueio de dor via mecanorreceptores periféricos, promovendo o aumento da nutrição sinovial articular, reestruturando a função articular e alinhando o tecido conjuntivo periarticular. Desta forma ainda, ao realizar exercícios de mobilização acompanhados de exercícios de alongamento, pode haver a supressão da restrição do movimento, desenvolvendo a flexibilidade com segurança.
2.4 Mobilidade em idosos
A mobilidade funcional é a capacidade para mover-se em segurança, mudando sua posição ou localização, numa variedade de ambientes para realização de tarefas funcionais e deambulação básica. Portanto, a mobilidade é considerada um aspecto crucial para a manutenção de uma velhice saudável com boa qualidade de vida (SOUBRA, CHKEIR E NOVELLA, 2020).
As mudanças decorrentes do envelhecimento como a fraqueza muscular, problemas nas articulações, dores, doenças e dificuldades neurológicas, podem contribuir para problemas de mobilidade (MONTEIRO et al., 2018). Pesquisas apontam que a mobilidade funcional e o equilíbrio são fatores que estão relacionados à propensão das quedas em idosos, sendo que o risco em quedas aumenta com o conforme a idade avança, sendo a prevenção muito importante no sentido de diminuir os problemas secundários consecutivos as quedas (AGUIAR; LOPES; SOUZA, 2019).
A diminuição da mobilidade funcional que inclui transferência e deambulação é uma queixa comum dos idosos que se tornam cada vez mais limitados na sua capacidade de desempenhar atividades da vida diária. Geralmente, problemas de locomoção produzem consequências físicas, cognitivas e sociais indesejáveis na velhice. O idoso passa a ficar mais restrito, a ter maior dependência, aumento nas admissões hospitalares e possibilidade de institucionalização (SOUBRA; CHKEIR; NOVELLA, 2020). Pode agravar também doenças já existentes e provocar novas condições, tais como problemas circulatórios, incluindo a formação de coágulos nas pernas, maior perda de força, úlceras de pressão ou pneumonias (FORTUNATO in FERREIRA; LUNZ, 2020).
Alterações na mobilidade podem manifestar-se na forma de instabilidade ao caminhar, dificuldade de sentar-se e levantar-se de uma cadeira dentre outras. A mobilidade se estabelece como ponto fundamental da avaliação funcional, pois se relaciona intimamente com a probabilidade de quedas que gera um impacto negativo na capacidade funcional. A mobilidade do idoso é um importante fator a ser estudado para prevenir as quedas e suas consequências (SOUBRA; CHKEIR; NOVELLA, 2020). Nesse sentido, avaliações de mobilidade são fundamentais em Gerontologia, pois identificam potenciais comprometimentos e reduzem a morbidade.
Pesquisadores e especialistas referem-se a medidas de mobilidade para: identificar mudanças na mobilidade de um indivíduo, detectar sinais precoces de declínio e auxiliar no direcionamento de intervenções terapêuticas. A mobilidade pode ser analisada por meio de três campos principais: avaliação da marcha, equilíbrio/risco de quedas e atividades de vida diária (SOUBRA; CHKEIR; NOVELLA, 2020).
Com o envelhecimento, as modificações da marcha no idoso se processam tanto em relação aos fatores fisiológicos quanto emocionais. Os adultos mais velhos exigem mais atenção para o controle motor ao caminhar do que os jovens adultos. Quando a marcha não é mais totalmente automática, outras tarefas realizadas durante a caminhada podem levar a distúrbios da marcha e até quedas (SILVEIRA et al., 2018).
3 METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa a partir de publicações indexadas nas bases de dados SciELO e Google Acadêmico, sobre a atuação da fisioterapia no tratamento da mobilidade funcional e cognitiva em idosos. Foram incluídos artigos publicados entre 2010 e 2024, abordando o impacto da fisioterapia em questões como força muscular, equilíbrio e mobilidade. As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram: “idosos”, “mobilidade”, “prevenção”, “fisioterapia”, “envelhecimento”, “cognição”. Foram excluídos artigos que não avaliaram este tipo de intervenção ou que envolviam populações com menos de 60 anos.
4 DISCUSSÃO
Na Tabela 1 podem ser observados os principais artigos de autores que publlicaram seus trabalhos, dispostos quanto ao título, autor e principais conceitos sobre a fisioterapia no tratamento da mobilidade funcional e cognitiva em idosos.
Tabela 1. Artigos selecionados em bases de dados para discussão dos principais conceitos sobre a fisioterapia no tratamento da mobilidade funcional e cognitiva em idosos.
TÍTULO | AUTOR | PRINCIPAIS CONCEITOS |
Funcionalidade de membros superiores e inferiores e índice de massa corporal de idosos ativos | Tecchio; Gessinger, 2017 | Verificaram a possível associação da funcionalidade de MsSs e MsIs com o índice de massa corporal de idosos ativos e conhecer o perfil desta população quanto ao sobrepeso, baixo peso e eutrofismo, bem como da funcionalidade de MsSs e MsI. |
Intervenções de exercício, função física e mobilidade após fratura de quadril: meta-análise | Zhang et al., 2022 | As evidências disponíveis apoiam que as intervenções com exercícios melhoram a função física e a mobilidade em idosos após fratura de quadril; especificamente, exercícios resistidos com carga progressiva e exercícios funcionais que podem ser componentes críticos da intervenção, respectivamente. |
Influência do atendimento fisioterapêutico home care em idosos pós COVID-19 | Menegatti; Fantin; Bernardes Júnior, 2021 | Buscaram verificar a influência do atendimento fisioterapêutico em pacientes submetidos ao atendimento domiciliar. Houve resposta positiva na qualidade de vida de uma forma geral, na respiração, mentalmente e fisicamente. |
A influência do método Pilates no equilíbrio e qualidade de vida do idoso | Kovalek, Guérios, 2019 | Avaliaram os efeitos dos exercícios do método Pilates solo no equilíbrio e qualidade de vida de idosos saudáveis e sedentários. Os resultados confirmaram que o Método Pilates foi efetivo na melhora do equilíbrio e capacidade funcional dos idosos. |
Capacidade de manutenção postural em diferentes atividades funcionais de idosos hipertensos e não hipertensos | Silva et al., 2017 | Compararam a capacidade de manutenção postural estática e dinâmica em atividades funcionais entre idosos hipertensos e não hipertensos. A hipertensão arterial sistêmica parece interferir na manutenção postural estática em idosos. |
Influência da fisioterapia aquática na capacidade funcional e qualidade de vida de idosos hipertensos | Santos; Santos; Ferreira, 2018 | Compararam a capacidade funcional e qualidade de vida em idosos hipertensos que realizam fisioterapia aquática e os que não fazem tratamento. Os idosos hipertensos que realizam fisioterapia aquática regular apresentaram melhor capacidade funcional e não houve diferenças na qualidade de vida entre os idosos hipertensos entre os grupos. |
Risco de quedas entre idosos frequentadores de uma clínica escola de fisioterapia | Aguiar; Lopes; Souza, 2019 | Avaliaram o risco de quedas em idosos frequentadores da clínica escola de Fisioterapia das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE. Os resultados da pesquisa evidenciam que um dos fatores que está relacionada à propensão das quedas é a questão da mobilidade funcional e o equilíbrio. O risco de quedas em idosos aumenta com o avançar da idade e a prevenção é importante no sentido de diminuir os problemas secundários consecutivos as quedas. |
Efeitos do gerenciamento de dupla tarefa e do treinamento de resistência no desempenho da marcha em idosos: um estudo controlado randomizado | Wollwsen et al., 2017 | Estudo randomizado e controlado que dividiu uma amostra de 78 idosos em dois grupos. O grupo experimental realizou treino de resistência de tarefa única e treino de força. Houve também treino de gerenciamento de tarefas envolvendo coordenação e equilíbrio. Foram 12 sessões, durante 12 semanas. As estratégias envolvendo treino de equilíbrio, força e gerenciamento de tarefas, são eficazes para a prevenção de quedas na população idosa. |
Influência da cognição na reabilitação vestibular de idosos com tontura crônica | Lucas, 2023. | Verificou a relação entre o perfil cognitivo e o efeito da reabilitação vestibular em pacientes idosos com queixa de tontura crônica. Este estudo concluiu que três semanas de reabilitação vestibular utilizando protocolo de exercícios personalizados propicia melhora do equilíbrio corporal de idosos com tontura crônica, bem como melhora da percepção do sintoma, além de demonstrar que a cognição, mais especificamente a função executiva de fluência verbal, correlaciona-se com a capacidade de ganho na Reabilitação Vestibular. |
Efetividade de uma intervenção fisioterapêutica cognitivo-motora em idosos institucionalizados com comprometimento cognitivo- leve e demência leve | Menezes et al., 2016 | Verificaram a efetividade de quatro meses de intervenção fisioterapêutica cognitivo- motora, com frequência semanal única, na cognição, mobilidade e independência funcional de idosos com comprometimento cognitivo e demência leves residentes em instituição. Sob um ensaio clínico controlado, 15 sujeitos foram alocados entre grupo experimental (GE) e controle (GC). A intervenção proposta apresentou eficácia sobre a mobilidade, mas não na cognição e independência funcional. O curto período de tempo e a baixa frequência semanal podem estar relacionados aos resultados obtidos. |
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
O estudo realizado por Aguiar, Lopes e Souza (2019) apresentam que as quedas entre idosos são comuns principalmente na faixa etária dos 62 anos e com predominância em idosos do sexo feminino. Dentre os fatores evidenciados pelos autores, a queda está relacionada a mobilidade funcional e no equilíbrio dos idosos, sendo que o risco de quedas em idosos aumenta com o avançar da idade. Wollwsen et al. (2017) trouxe em sua pesquisa exemplos de treinos com gerenciamento de tarefas envolvendo coordenação e equilíbrio, que são essenciais para a prevenção de quedas. As estratégias envolvendo treino de equilíbrio, força e gerenciamento de tarefas, foram demonstradas no estudo, restando como eficazes para a prevenção de quedas na população idosa. Do mesmo modo, Lucas (2003) apontou que a tontura é identificada como o segundo sintoma mais comum em idosos. Além do impacto negativo da tontura na qualidade de vida, há uma preocupação com o aumento do risco de quedas em idosos devido a esse sintoma. A autora assinalou que a Reabilitação Vestibular (RV) é um método amplamente empregado e pesquisado, visando a restauração do equilíbrio e a eliminação dos sintomas de tontura e é um tratamento adequado que pode evitar quedas.
Já o estudo de Tecchio e Gessinger (2017) que versou sobre a funcionalidade de membros superiores e inferiores e índice de massa corporal de idosos ativos, trouxe que mesmo que muitos idosos se mantenham em peso estável antes da velhice, muitos deles encontravam-se acima do peso. Este é um resultado que demonstra mudanças no perfil nutricional dos idosos. Na amostra pesquisada, tinha membros superiores e inferiores funcionais, sendo a mobilidade e funcionalidade associados à ocupação, autopercepção de saúde e atividades físicas regulares. Pensando na amostragem do estudo desses autores, pode-se utilizar a abordagem terapêutica utilizada por Zhang et al. (2021), que evidenciam que intervenções com exercícios melhoram a função física e a mobilidade em idosos, ainda mais, quando realizados exercícios resistidos com carga progressiva e exercícios funcionais.
O estudo de Kovalek, Guérios (2019) se assemelha ao de Tecchio e Gessinger (2017), já que também concluiram que a atividade física proporciona ao idoso inúmeros benefícios com resultados positivos na melhora da qualidade de vida, bem-estar psicológico, diminuindo os índices de depressão e melhora do desempenho nas atividades de vida diária, com reflexos na força muscular, flexibilidade, agilidade, mobilidade, resistência e prevenção de doenças crônicas.
Menegatti, Fantin e Bernardes Júnior (2021) realizaram um questionário aplicado na entrevista com os pacientes, que indicou que a fisioterapia na reabilitação precoce durante o período pós-covid 19 trouxe qualidade de vida aos idosos, tanto na saúde mental, física e respiratória. O tratamento realizado em casa também foi fator favorável para reabilitação da amostra. Esse apontamento mostra relação ao diagnosticado por Menezes et al. (2016) que realizou estudo sobre a efetividade de uma intervenção fisioterapêutica cognitivo-motora em idosos institucionalizados com comprometimento cognitivo leve e demência leve. O estudo desses autores demonstrou que a institucionalização pode levar ao isolamento do idoso, sendo que as disfunções físicas tendem a diminuir o engajamento social e as redes de contatos das pessoas, dificultando o cuidado do familiar cuidador. Porém, a análise dos resultados obtidos com os instrumentos de avaliação de equilíbrio e mobilidade funcional evidenciaram que a terapêutica aplicada no tempo de quatro meses de intervenção foi efetiva.
Silva et al. (2017) e Santos, Santos e Ferreira (2018) realizaram pesquisas que tiveram como foco a capacidade funcional de idosos hipertensos e não-hipertensos. O primeiro, buscou averiguar a capacidade de manutenção postural em diferentes atividades funcionais de idosos hipertensos e não hipertensos, enquanto o segundo, tratou sobre a influência da fisioterapia aquática na capacidade funcional e qualidade de vida de idosos hipertensos. Ambos estudos, mostraram que a hipertensão é fator preocupante em idosos, sendo que a fisioterapia pode auxiliar na melhora da sua capacidade funcional.
Do ponto de vista da cognição, Lucas (2023) evidencia que as alterações nas estruturas corticais e subcorticais do cérebro, que são comuns durante o processo de envelhecimento cerebral, costumam influenciar as habilidades cognitivas, impactando na execução de tarefas relacionadas à coordenação, memória, planejamento, entre outras. O mesmo foi verificado por Menezes et al. (2016) que identificou melhora cognitivo-motora em idosos com comprometimento cognitivo leve e demência leve, já que no caso de seu estudo, foi verificado que a institucionalização pode levar ao isolamento do idoso.
Ainda, Lucas (2023) traz interação entre cognição e equilíbrio tem sido objeto de investigação em diversos estudos, especialmente em idosos que, devido aos processos de envelhecimento, quando são mais propensos a apresentar disfunções nesses sistemas. A literatura evidencia a associação parcial entre disfunção vestibular, idade e comprometimento cognitivo, além do aumento do risco de quedas e das dificuldades nas atividades de vida diária decorrentes desse comprometimento. Neste ponto, Menezes et al. (2016) mostram que quando realizada uma avaliação multidisciplinar e o planejamento de ações de saúde há a contribuição para a detecção precoce do comprometimento cognitivo, o que auxilia quando houver a necessidade de intervenções interdisciplinares eficazes nessa população.
Lucas (2023) apontou que a utilização do instrumento de avaliação cognitiva – “Exame Cognitivo Addenbrooke – versão revisada (ACER), já evidenciou que participantes mais velhos, com níveis de escolaridade mais baixos e que relataram sintomas de depressão obtiveram desempenhos mais desfavoráveis na avaliação cognitiva. Já Menezes et al. (2016), utilizaram os instrumentos MEEM, Teste de Fluência Verbal Semântica e Bateria de Avaliação Frontal para análise das funções cognitivas, mas apesar de sua amostragem apresentar melhora significativa na mobilidade ao final da intervenção, o protocolo não mostrou eficácia sobre as funções cognitivas e a funcionalidade dos sujeitos.
Por fim, Menezes et al. (2016) admite que existem estudos que demonstram que a intervenção com exercícios físicos não exercem influência nas funções cognitivas, principalmente pela grande dificuldade de provar os benefícios diante do pequeno número de estudos sobre o tema. Por sua vez, Lucas (2003), também evidencia pela inexistência de estudos abrangentes, onde pouco se sabe sobre a influência do perfil cognitivo dos idosos e os benefícios que eles podem alcançar através da reabilitação vestibular.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisioterapia desempenha um importante papel na mobilidade funcional e cognitiva em idosos, pois pode proporcionar melhora do quadro motor e do equilíbrio, além de fornecer orientações aos pacientes e seus cuidadores, eliminando ou minimizando os fatores de risco. O envelhecimento saudável é dependente da interação entre saúde física e mental e que distúrbios funcionais sensoriais e motores, afetam o controle do movimento, locomoção e a função cognitiva dos idosos. Desta forma, a atividade física proporciona ao idoso inúmeros benefícios com resultados positivos na melhora da qualidade de vida, bem-estar psicológico, diminuindo os índices de depressão e melhora do desempenho nas atividades de vida diária.
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1 Alunos do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário do Sul de Minas, 2024.
2 Orientador.