A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA PREPARAÇÃO PARA O PARTO VAGINAL E NO TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA PÓS-PARTO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202411291130


Júlia Karoline Fernandes Costa
Rgm: 26876604
Kamilly Thawanny Gomes Carvalho
Rgm: 26261901
Kananda Dias Pereira
Rgm: 26709040
Maria Eduarda Tavares
Rgm: 38301792
Renato Gomes de Lima
Rgm: 37678329
Wanubya de Brito Aquino Martins
Rgm: 27306054
Prof. Laura de Moura Rodrigues
Prof. Coord. Fabrício Vieira Cavalcante


RESUMO 

A preparação para o parto e o período pós-parto, trazem desafios físicos e emocionais para a mulher. Neste contexto, a fisioterapia perineal, se destaca como uma ferramenta eficaz tanto para facilitar o parto vaginal, quanto para tratar condições comuns, como a incontinência urinária pós-parto. Este resumo destaca a relevância da fisioterapia na preparação do assoalho pélvico para o parto vaginal e na reabilitação de disfunções urinárias pós-parto, como a incontinência. A prática fisioterapêutica abrange exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico, técnicas de alongamento, respiração e relaxamento. Durante a gestação, esses exercícios preparam a musculatura perineal para o parto, aumentando a elasticidade e diminuindo os riscos de lacerações. No pós-parto, a fisioterapia ajuda na reeducação dos músculos pélvicos, reduzindo os sintomas de incontinência urinária. Estudos demonstram que mulheres que realizam fisioterapia durante a gestação apresentam melhor controle muscular no parto e menor incidência de incontinência urinária após o nascimento. Além disso, a reabilitação pós-parto acelera a recuperação do assoalho pélvico, prevenindo complicações futuras. É uma aliada essencial na preparação do corpo feminino, para o parto vaginal e na incontinência urinária pós-parto. Sua aplicação promove benefícios físicos e emocionais, proporcionando uma experiência positiva na gestação e no pós-parto, além de melhorar a qualidade de vida das mulheres. A pesquisa bibliográfica foi conduzida utilizando as bases de dados Pubmed, Scielo e Google Scholar. O período de publicação dos artigos considerados variou de 2017 a 2023, especialmente nos últimos quatro anos. Dos 50 artigos inicialmente encontrados, 40 foram excluídos por critérios de relevância, qualidade metodológica e duplicidade, resultando em 4 artigos selecionados em português e inglês. A revisão mostrou que a fisioterapia neonatal é essencial para manter as vias aéreas permeáveis, prevenir complicações respiratórias e promover o desenvolvimento motor e sensorial. Estudos destacaram a importância da intervenção precoce e contínua, com técnicas como posicionamento terapêutico, aspiração, estimulação tátil e o método canguru, que contribuem para a estabilidade clínica e o desenvolvimento global dos neonatos.  

Palavras-chave: Pós-parto, gestação, parto vaginal, cesárea, incontinência urinária no pós-parto, bases de dados, fisioterapia neonatal, estabilidade clínica.

INTRODUÇÃO 

 O parto é um momento crucial na vida de uma mulher, representando não apenas o nascimento de uma nova vida, mas também um evento que pode influenciar de forma significativa em sua saúde mental e física. Nos últimos tempos, tem-se observado uma crescente medicalização do parto, com uma proporção cada vez maior de cesáreas comparando com parto normal. O parto normal quando comparado à cesárea, geralmente envolve um período de recuperação menos invasivo. No entanto, até mesmo o parto normal existem riscos que devem ser considerados, como o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, que podem levar a condições como a incontinência urinária pós-parto. 

 Essa condição, embora comum, é muitas vezes negligenciada nas discussões sobre os cuidados pós-parto e pode afetar a saúde física, emocional e social da mulher. A promoção do parto normal é importante não apenas para reduzir riscos associados às cesáreas, como infecções, hemorragias e complicações anestésicas, mas também promover a recuperação pós-parto mais rápida e menos traumática para as mães. Além disso, o parto normal está associado aos benefícios para os RN, com um intestino mais saudável e menor probabilidade de internação em uma UTI neonatal. 

 Apesar dos esforços para a promoção do parto normal, ainda há obstáculos que dificultam sua prática generalizada, incluindo pressões sociais e culturais, questões relacionadas a conveniência e a rapidez percebidas das cesáreas, como práticas médicas defensivas e preocupações com a segurança obstétrica. A cesariana, também pode causar danos a musculatura pélvica, especialmente se houver fatores como o aumento do peso gestacional, o uso de fórceps ou o prolongamento do período expulsivo, a incontinência urinária, que pode impactar significativamente na qualidade de vida das mulheres, pode surgir devido ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico durante o parto, onde o trauma muscular pode ser mais significativo. 

 Durante a gestação, há uma sobrecarga da musculatura do assoalho pélvico (MAP), pois, promove a sustentação dos órgãos pélvicos e dos anexos embrionários e o peso do bebê, e com o progresso da gravidez o assoalho pélvico (AP) sofre uma sobrecarga fazendo diminuir a força muscular, devido às alterações biomecânicas e hormonais normais da gestação, devido a isso e outros fatores como: alteração postural, ganho excessivo de peso, hábitos urinários inadequados podem levar a gestante a desenvolver alguma disfunção. (Polden & Mantle, 2002; Souza, 2002). 

 A atuação do fisioterapeuta no fortalecimento e na reeducação perineal do assoalho pélvico, tem como objetivo melhorar a força de contração das fibras musculares, prevenir disfunções sexuais e incontinências. (Nolasco et al., 2008). A fisioterapia perineal, vem ganhando destaque como uma estratégia preventiva e de tratamento eficaz tanto para a preparação do parto vaginal quanto a reabilitação de disfunções pélvicas no pós-parto. A fisioterapia para gestantes envolve técnicas específicas para fortalecer o assoalho pélvico, melhorar a consciência corporal e preparar o corpo para o parto normal, ajudando a minimizar os danos musculares.  Esse tipo de intervenção tem se mostrado eficaz em diferentes fases da gravidez e do pós-parto. Durante a gestação, os exercícios de fortalecimento e relaxamento dos músculos pélvicos, aumentam a flexibilidade e a resistência do períneo, ajudando a mulher a enfrentar o esforço do parto com maior preparo físico. Ao longo do trabalho de parto, isso pode facilitar o processo de saída do bebê e reduzir a probabilidade de lesões perineais, que são um dos fatores de risco para a incontinência. No pós-parto o trabalho fisioterapêutico visa a reabilitação dos músculos do assoalho pélvico devolvendo o tônus muscular e auxiliando no controle urinário. 

 A importância da fisioterapia na saúde da mulher se estende também à educação. Muitas mulheres não estão cientes do papel do assoalho pélvico na incontinência urinária, e nem sabem que existem medidas preventivas que podem ser adotadas antes e depois do parto. A conscientização é uma ferramenta poderosa nesse sentido, pois permite que as gestantes se preparem de forma mais eficiente, enfrentando o parto com mais confiança e ao mesmo tempo reduzindo o medo de complicações como a incontinência. Para mulheres que desenvolvem a incontinência após o parto, a reabilitação pode durar algumas semanas ou meses, dependendo da gravidade do problema, mas os resultados costumam ser muito satisfatórios, devolvendo à mulher o controle do seu corpo e sua qualidade de vida. 

 Assim, ao integrar a fisioterapia ao cuidado pré-natal e pós- parto, estamos oferecendo uma abordagem mais completa e humanizada ao cuidado da mulher, com foco tanto na preparação para o parto quanto na recuperação eficiente. A promoção do parto normal associado a fisioterapia perineal não apenas contribui para uma experiência de parto mais saudável, como também pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a incidência de incontinência urinária no pós-parto. 

 Ainda que a incontinência urinária seja muitas vezes vista como uma consequência natural do parto, é importante ressaltar que, com o cuidado adequado, ela pode ser prevenida ou minimizada. A fisioterapia surge como uma aliada indispensável na jornada da maternidade, desde a preparação para o parto até a recuperação pós-parto. Ao investir em cuidados preventivos e em uma abordagem que valorize a saúde do assoalho pélvico, é possível promover não apenas a saúde física, mas também o bem- estar emocional da mulher, proporcionando uma experiência mais positiva e saudável sobre a maternidade.  Neste contexto, torna-se crucial explorar a relação entre o parto normal e a incontinência urinária pós-parto, investigando se o parto normal pode ser uma estratégia eficaz na prevenção ou redução desse problema de saúde. 

 Por fim, o fortalecimento do assoalho pélvico por meio da fisioterapia oferece benefícios que vão além do controle urinário. Mulheres que praticam exercícios perineais, relatam também uma melhora na vida sexual, maior controle sobre a micção e um aumento significativo na qualidade de vida. Portanto, a importância da fisioterapia nesse contexto não pode ser superestimada e sua inclusão nos cuidados gestacionais, devem ser uma prioridade, tanto para os profissionais de saúde quanto para as gestantes. 

METODOLOGIA 

 A pesquisa bibliográfica foi conduzida utilizando as bases de dados Pubmed, Scielo e Google Scholar. O período da publicação dos artigos considerados variou de 2017 a 2023, com foco mais acentuado em publicações dos últimos 4 anos, a fim de assegurar a contemporaneidade dos dados. Inicialmente, foram encontrados 50 artigos.   

 Destes, 40 foram excluídos após uma análise criteriosa, baseada em critérios de relevância ao tema, qualidade metodológica e duplicidade. Assim, 04 artigos foram selecionados para a revisão, proporcionando uma base robusta de evidências para a análise.  

 Os artigos foram selecionados em dois idiomas principais: inglês e português, com intuito de captar uma maior diversidade de estudos e perspectivas sobre o tema.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1

Título Autor(res) Tipo de publicação Ano Principais Resultados 
Benefício da fisioterapia pélvica na assistência a 
mulheres durante o pré-parto e pós- parto.             
Da Silva, Marina 
Rodrigues; De
Farias, Ruth Raquel Soares.             
Artigo científico publicado em uma revista de ciências da saúde (Ciências da Saúde).             2023             O estudo destaca que a fisioterapia pélvica no pré e pós-parto reduz disfunções do assoalho pélvico, como incontinência urinária, e melhora a qualidade de vida das mulheres. A definição e a 
classificação da incontinência urinária, juntamente com diretrizes para o diagnóstico e tratamento. 
Qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres que referiam incontinência urinária no pós-parto.      Lopes, D. B. M.; Praça, N. De S.      Artigo científico em uma revista 
eletrônica especializada em saúde (Revista Eletrônica Acervo Saúde).      
2019      A incontinência urinária afeta 
negativamente a qualidade de vida das mulheres no pós-parto, 
especialmente nos primeiros seis meses após o parto, impactando atividades diárias e a saúde física. 
Avaliação da incontinência urinária na gravidez e pós- parto. Rocha, J.; Beandão, P,. Melo A.; Torres, S.; Mota, L.; Costa, F. Estudo observacional 
publicado em uma revista médica 
portuguesa (Porto Acta Med). 
2017 A incontinência urinária ocorre 
frequentemente na gravidez e no pós-parto, e o estudo sugere que exercícios pélvicos ajudam na recuperação. 
Incontinence. Plymouth: Plymbridge Suzuki, Y. Prefácio em um livro técnico sobre 
incontinência urinária, editado pela Organização Mundial da Saúde 
(Incontinence). 
1998 O prefácio da  OMS aborda a 
importância da conscientização e tratamento da incontinência urinária, recomendando exercícios para fortalecer o assoalho pélvico. A fisioterapia pélvica mostrou- se eficaz na redução da incontinência urinária, melhoria da força muscular do assoalho pélvico e aumento da qualidade de vida das mulheres durante o pré e pós-parto. 

Os resultados da revisão ressaltam a importância da fisioterapia em diferentes contextos e ao longo do tempo, com estudos demonstrando sua eficácia tanto para neonatos quanto para mulheres. 

 Em 1998, Suzuki, em uma publicação da Organização Mundial da Saúde, trouxe uma das primeiras abordagens globais sobre a conscientização da incontinência urinária, destacando a fisioterapia pélvica como uma prática essencial. O estudo ressaltou a eficácia dos exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico na prevenção e tratamento da incontinência, enfatizando sua relevância especialmente para mulheres no período gestacional e pós-parto. 

 Mais tarde, em 2017, Rocha e colaboradores realizaram um estudo observacional que evidenciou a alta prevalência de incontinência urinária durante a gravidez e o pós-parto. Eles recomendaram o fortalecimento do assoalho pélvico como uma prática preventiva e de reabilitação, destacando os benefícios de exercícios específicos para a recuperação muscular e a redução de complicações. 

 Posteriormente, Lopes e Praça (2019) investigaram como a incontinência urinária afeta a qualidade de vida das mulheres no pós-parto, especialmente nos primeiros seis meses. Os autores constataram que o impacto dessa condição vai além dos aspectos físicos, interferindo nas atividades diárias e no bem-estar geral, e reforçaram a necessidade de medidas que promovam uma recuperação adequada. 

 Mais recentemente, Da Silva e De Farias (2023) ampliaram a discussão ao explorar a eficácia da fisioterapia tanto para neonatos quanto para mulheres. No caso dos neonatos, destacaram a importância da intervenção precoce com técnicas como posicionamento terapêutico, aspiração, estimulação tátil e o método canguru, que contribuem para a estabilidade clínica e o desenvolvimento global. Em relação à fisioterapia pélvica, os autores comprovaram que sua aplicação antes e após o parto reduz significativamente as disfunções do assoalho pélvico, como a incontinência urinária, promovendo uma melhor qualidade de vida para as mulheres.  Assim, ao longo das décadas, os estudos analisados demonstram como a fisioterapia evoluiu para se tornar uma ferramenta indispensável, tanto na prevenção quanto na reabilitação. Desde as primeiras discussões globais até os avanços mais recentes, a prática fisioterapêutica comprova sua eficácia ao promover benefícios duradouros para neonatos e mulheres, garantindo saúde, qualidade de vida e bem-estar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 A incontinência urinária no pós-parto tem um impacto negativo significativo na qualidade de vida das mulheres, afetando tanto a saúde física quanto o bem-estar emocional. 

É essencial que o tema receba maior atenção e intervenções eficazes sejam implementadas para tratar e  gerenciar a incontinência urinária, melhorando assim a qualidade de vida dessas mulheres. Técnicas como exercícios específicos e educação em saúde tem se mostrado eficazes para melhorar os sinais e sintomas, restaurando a confiança das mulheres em relação ao seu corpo e às suas capacidades.  

 O estudo reforça e destaca a necessidade de maior atenção e cuidados especializados durante o pós-parto para lidar com essa condição, baseada em evidências que priorizem o bem-estar integral das mulheres no período pós-parto. Além disso, ressalta a importância e necessidade de conscientização sobre o tema, incentivando acesso a programas de reabilitação e cuidados especializados, melhorando significativamente a vida dessas mulheres.  

 Portanto, investir em estratégias que combinem prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz, é indispensável para garantir tanto a recuperação pós-parto quanto para a promoção da saúde a longo prazo.

REFERÊNCIAS 

Andrade, B. C. D. E. (2021). importância do fortalecimento do assoalho pélvico em gestantes. UniAGES Centro Universitário Bacharelado em Fisioterapia. 

Berghmans, B. (2018). Physiotherapy for pelvic pain and female sexual dysfunction: an untapped resource. International Urogynecology Journal, 29(5), 631–638. 

Da Silva, Marina Rodrigues; De Farias, Ruth Raquel Soares. Benefício da fisioterapia pélvica na assistência a mulheres durante o pré-parto e pós-parto: Ciências da Saúde, n. 127, 30 out. 2023. p. 1-32. 

Lopes, D. B. M.; Praça, N. de S. Qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres que referiram incontinência urinária no pós-parto. Revista Eletrônica 
Acervo Saúde, v. 11, n. 10, p. e248, 14 maio 2019. 

Nolasco, J.; Martins, Letícia Berquo, M.; Alves Sandoval, R. (2008). Atuação da cinesioterapia no fortalecimento muscular do assoalho pélvico feminino: revisão bibliográfica. EFDeportes.com, Revista Digital, 12(117), 1–8. 

Polden, M., Mantle, J (2002). Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. Santos. 

Rocha, J.; Brandão, P.; Melo, A.; Torres, S.; Mota, L.; Costa, F. Avaliação da incontinência urinária na gravidez e pós-parto: Estudo observacional. Porto Acta Med [Internet]. 31 de agosto de 2017. 

Suzuki, Y. Preface by the WHO. In: Abrams P, Khoury S, Wein A, editors. Incontinence. Plymouth: Plymbridge; 1998. p. 13.