ERYTHROBLASTOSIS FETALIS: FROM EARLY DIAGNOSIS TO TREATMENT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411290753
Mikaelle Mariana De Oliveira Santana1;
Orientadora: Erlayne Camapum Brandao2
RESUMO
Este estudo objetivou compreender a eritroblastose fetal desde o diagnóstico precoce até o tratamento, visando propor estratégias para reduzir sua incidência, bem como, comparar as diferentes estratégias terapêuticas utilizadas no tratamento da eritroblastose fetal. Para tanto foi utilizado como método para coleta de dados a revisão integrativa de literatura. Foram consultadas as seguintes bases de dados: A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde, (BVS), (Scielo, LILACS, Medline, e Wholis). A partir dessa análise de dados, pode-se perceber a importância do entendimento aprofundado do sistema Rh e suas implicações na saúde materno-infantil, especialmente no contexto da eritroblastose fetal. O estudo enfatiza também a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no manejo de gestantes aloimunizadas, incluindo a utilização de técnicas modernas de transfusão e fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubinemia.
Palavras-chave: Eritroblastose fetal. Sistema ABO. Sistema Rh. Diagnóstico. Tratamento.
ABSTRACT
This study aimed to understand fetal erythroblastosis from early diagnosis to treatment, aiming to propose strategies to reduce its incidence, as well as to compare the different therapeutic strategies used in the treatment Of fetal erythroblastosis. For this purpose, the integrative literature review was used as a method for data collection. The following databases were consulted: The search for articles was carried out in the databases: Virtual Health Library, (VHL), (Scielo, Lilacs, Medline, and Wholis). From this data analysis, one can perceive the importance of an in-depth understanding of the Rh system and its implications on maternal and child health, especially in the context of fetal erythroblastosis (DHP). The study also emphasizes the need for a multidisciplinary approach in the management of alloimmunized pregnant women, including the use of modern transfusion and phototherapy techniques for the treatment of hyperbilirubinemia.
Keywords: Fetal erythroblastosis; ABO System; Rh System; Diagnosis; Treatment.
INTRODUÇÃO
A eritroblastose fetal, conhecida como doença hemolítica do recém-nascido (DHPN) é uma condição que resulta na destruição dos glóbulos vermelhos do feto ou em recém-nascidos através dos anticorpos maternos imunoglobulina G (IgG), devido à transferência transplacentária, é uma complicação grave na gravidez pois pode levar à anemia fetal grave, hidropisia, icterícia, retardo intelectual, parto prematuro e morte perinatal. (Xiaohui Xie et al., 2020)
A incompatibilidade ABO é agora a causa mais significativa de DHPN no mundo ocidental. O sangue humano é dividido em vários sistemas. O sistema ABO, desvendado por Karl Landsteiner no inicio do século XX, é o mais conhecido e o de maior preeminência. As fenotipagens desse sistema são A, B, AB e O, onde são baseadas na presença ou na ausência de um ou ambos os aglutinogênios A e B que são expressos nas superfícies dos eritrócitos e das aglutininas anti-A e anti-B no plasma do sangue. Apenas o sistema ABO não resolveu todos os problemas transfusionais, por isso Landsteiner e Wiener, em 1937, identificaram o sistema Rhesus ou sistema Rh. (Justino et al., 2021)
O fator Rhesus (fator Rh) é uma proteína presente na superfície dos eritrócitos. O sistema de grupo sanguíneo Rh é composto por diversos antígenos (mais de 50), mas D, C, c, E e e são os antígenos mais frequentemente identificados. O antígeno D é o principal responsável pela doença Rh devido à sua elevada imunogenicidade. (Fernandes et al., 2021)
O diagnóstico é realizado através da avaliação do grupo sanguíneo materno e teste de Coombs indireto. O acompanhamento pré-natal é de suma importância para a detecção precoce da doença, por meio da medida da velocidade sistólica máxima da artéria cerebral média (MCA-PSV), utilizando ultrassonografia com Doppler colorido, é possível prever com segurança a presença de anemia fetal. (Soares, 2022)
A justificativa desse estudo é a avaliação da eritroblastose fetal, conhecida como doença hemolítica do recém-nascido, explorando os métodos utilizados para diagnosticar precocemente essa condição e analisar as estratégias terapêuticas adotadas visando um desfecho neonatal mais positivo. Essa pesquisa irá contribuir na identificação e em tratar precocemente a eritroblastose fetal, contribuindo para a melhoria dos cuidados neonatais e redução das complicações associadas a essa condição.
Nesse sentido, a pesquisa foi conduzida através da seguinte pergunta: Como melhor diagnosticar e tratar a eritroblastose fetal para reduzir complicações fetais e neonatais?
O presente estudo tem como objetivo compreender a eritroblastose fetal desde o diagnóstico precoce até o tratamento, propondo estratégias para reduzir sua incidência. Já o objetivo específico consistiu em: comparar as diferentes estratégias terapêuticas utilizadas no tratamento da eritroblastose fetal.
MATERIAIS EMÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, onde a primeira etapa dessa pesquisa foi conduzida através da seguinte pergunta: Como melhor diagnosticar e tratar a eritroblastose fetal para reduzir complicações fetais e neonatais? A revisão integrativa da literatura inclui 6 etapas: 1) Identificação do tema e escolha da hipótese ou pergunta de pesquisa para desenvolver a revisão integrativa. 2) Definição de critérios de inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura. 3) Determinação das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos. 4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa. 5) Interpretação dos resultados. 6) Apresentação da revisão/resumo do conhecimento. (Richardson et al, 1995)
Em decorrência disso, foi utilizada a estratégia chamada de PICO, onde o P: Recém nascidos e gestantes com Rh negativo, I: Implementação de medidas para diagnóstico precoce da Eritroblastese fetal, C: Comparação entre diferentes métodos de diagnóstico e monitoramento da doença e O: Redução da morbidade e mortalidade fetal e neonatal. Existe a importância de informar e conscientizar sobre as opções disponíveis para o cuidado neonatal, promovendo uma assistência obstétrica baseada em evidências científicas e respeitando a saúde e os direitos dos recém-nascidos. É fundamental discutir os prejuízos da eritroblastose fetal e incentivar práticas obstétricas que visem ao bem-estar dos recém-nascidos e à prevenção de complicações fatais.
A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde, (BVS), (Scielo, Lilacs, Medline, Medcarib, Paho-iris e Wholis) adotando-se os seguintes descritores/estratégia de busca indexados: Erythroblastosis Fetal, Delayed Diagnosis, Clinical Diagnosis, Early Diagnosis, Prenatal Diagnosis, Infant Newborn, Diseases.
A definição dos descritores foi realizada por meio da busca em artigos previamente selecionados, onde foram pesquisados os descritores mais frequentemente utilizados nesses estudos. Após esta etapa os descritores que apresentaram maior frequência foram pesquisados no DEcS e depois eleitos para a pesquisa. Também foram utilizados descritores não indexáveis para agregação no conteúdo.
Como critérios de inclusão foram selecionados os artigos e livros com textos completos publicados em português e inglês, que tratassem exclusivamente sobre a eritroblastose fetal e incompatibilidade sanguínea. Foram excluídas da pesquisa, teses, dissertações e estudos duplicados.
Foram extraídas as seguintes informações dos estudos selecionados: título, ano de publicação, periódico, objetivos, metodologia empregada, resultados e principais conclusões. Os resultados serão avaliados por uma análise comparativa entre os artigos e serão criados quadros com o intuito de responder os objetivos da pesquisa.
Os resultados dos estudos serão interpretados por meio de artigos dos autores selecionados de forma que se entenderam os resultados expostos pelos mesmos. Os dados também serão comparados com literaturas referentes às legislações e manuais governamentais. Esta revisão será apresentada conforme as etapas descritas acima como forma de trabalho de conclusão de curso bacharel em enfermagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a seleção dos 10 artigos, foi organizado o Quadro 1, que apresenta os estudos extraídos das bases de dados, estruturados por ano e autor da publicação, título e a e a compreensão da eritroblastose fetal desde o diagnóstico precoce até o tratamento, visando propor estratégias para reduzir sua incidência, atendendo ao objetivo geral do estudo.
Quadro 1. Eritroblastose fetal desde o diagnóstico precoce até o tratamento.
AUTOR/ANO | TÍTULO DO ARTIGO | TIPO DE PESQUISA | ERITROBLASTOSE FETAL DESDE O DIAGNÓSTICO PRECOCE ATÉ O TRATAMENTO. |
Ribeiro, 2017. | Doença hemolítica perinatal: uma breve revisão de literatura. | Revisão da literatura. | O diagnóstico precoce e a profilaxia são extremamente necessários para o bem-estar neonatal. É preciso a adoção e/ou intensificação dos programas de conscientização para mulheres sobre o pré-natal adequado e sobre sua importância. |
Cunha et al.,2020; | A Importância das Orientações do Enfermeiro para gestante com Doença Hemolítica Perinatal: revisão integrativa | Revisão integrativa | O teste de Coombs Indireto é uma abordagem que tem como objetivo a procura por anticorpos irregulares (RAI) que estão no plasma da gestante. Quando o resultado da positivo, significa que foi identificado anticorpos anti Rh em mulheres que são Rh negativo. Esses anticorpos são importantes para a progressão da DHPN. |
Moise Jr., K. J, et al. 2017. | Manejo da aloimunização Rhesus na gravidez | Revisão bibliográfica | Revisa as estratégias terapêuticas utilizadas no manejo da aloimunização pelo fator Rh durante a gravidez. Recomenda a administração de imunoglobulina anti-D nos casos de ameaça de abortamento no primeiro trimestre de gestação, e em gestantes Rh negativas não sensibilizadas na 28ª a 34ª semana de gestação. |
Cunha et al.,2020; | A Importância das Orientações do Enfermeiro para gestante com Doença Hemolítica Perinatal: revisão integrativa | Revisão integrativa | Durante o pré-natal é salutar que o enfermeiro solicite a comprovação e avaliação da tipagem sanguínea materna. Se confirmado que a gestante é Rh negativo, o enfermeiro deverá então solicitar que o companheiro da mulher verifique sua tipagem sanguínea também, para que desta forma possa avaliar se há incompatibilidade sanguínea entre o casal. |
Medeiros et al., 2011 | Utilização da vacina rogan durante o pré-natal em mulheres rh negativo: conhecimento dos profissionais da saúde | Descritivo e exploratório com abordagem quantitativa | A vacina gamaglobulina (anti-Rh ou anti-D) é uma estratégia eficaz para prevenção da eritroblastose fetal. |
(WONG et al, 2006) | Fundamentos de enfermagem pediátrica | Livro | A eritroblastose fetal causada pela incompatibilidade Rh pode ser avaliada através da verificação da densidade optica do líquido amniótico, já que a bilirrubina é responsável pela descoloração do líquido. |
Lopes, 2013 | Doença hemolítica: a atuação do enfermeiro enquanto cuidador e orientador | Revisão integrativa | A equipe de enfermagem precisa atuar na prevenção da DHRN, durante o pré-natal, a partir da verificação de incompatibilidade e teste de Coombs positivo, além de ser responsável em reconhecer a icterícia. |
Medeiros et al., 2011 | Utilização da vacina rogan durante o pré-natal em mulheres rh negativo conhecimento do profissionais da saúde | Descritivo e exploratório com abordagem quantitativa | A isoimunização continua preocupando, observando-se falhas na aplicação dos protocolos, havendo, então, necessidade de atualizações acerca do tema para que as gestantes com o Rh(-) sob risco de sensibilização não sejam manipuladas sem os cuidados recomendados. |
Baiochi, et al, 2009 | Aloimunização | Revisão bibliográfica | Se o pai for Rh positivo e a gestante estiver sensibilizada, ela deve ser encaminhada para acompanhamento pré-natal especializado. Níveis de anticorpos até 1:8 ou 4 UI/mL indicam baixo risco de complicações graves no feto devido à DHPN. |
(Rosa, 2018) | Teste de antiglobulina humana indireto em gestantes aloimunizadas: uma revisão sistemática | Revisão sistemática | O teste de antiglobulina humana indireta (TAI) identifica anticorpos irregulares em hemácias sensibilizadas por meio da hemaglutinação, utilizando soro de antiglobulina humana (AGH) e incubação a 37°C. |
Para dar inicio a discussão sobre os fatos e intercorrências dessa doença é necessário que seja compreendido sobre o sistema RH.
O sistema Rh, também conhecido como fator Rh, é um dos mais complexos sistemas de grupo sanguíneo. Ele é formado por vários antígenos que estão na superfície das hemácias, sendo o mais significativo o antígeno D, que define se uma pessoa é Rh positivo ou negativo. A presença do antígeno D classifica o indivíduo como Rh positivo, enquanto sua ausência o categoriza como Rh negativo. O sistema Rh desempenha um papel importante tanto na transfusão sanguínea quanto na gestação, especialmente em casos de incompatibilidade Rh entre mãe e feto. Essa incompatibilidade pode provocar uma condição chamada doença hemolítica perinatal. (DHPN) (Sanar, 2023)
No decorrer da gestação, se uma mãe Rh negativa carrega um feto Rh positivo, a exposição ao sangue fetal pode sensibilizar seu sistema imunológico. Esse processo ocorre quando hemácias fetais acessam a circulação materna, seja durante a gestação ou no parto, resultando na produção de anticorpos contra o antígeno D. Esses anticorpos podem transpor a placenta e afetar as células sanguíneas do feto em gestações seguintes, provocando a hemólise das hemácias fetais. Por isso, gestantes Rh negativas necessitam de acompanhamento cuidadoso, coma administração profilática de imunoglobulina anti-D, que evita a sensibilização materna. (Nardozza, et al, 2023)
Durante o pré-natal, é importante que o enfermeiro solicite a verificação e avaliação do tipo sanguíneo da mãe. Caso se confirme que a gestante possui tipo sanguíneo Rh negativo, o enfermeiro deve pedir que o parceiro da mulher também realize a tipagem sanguínea. Dessa maneira, será possível avaliar se existe incompatibilidade sanguínea entre o casal. (Cunha, 2020)
Se o pai for Rh positivo e passar o fator Rh positivo para o feto (ou se o teste mostrar que o feto tem esse fator (Rh +), e se a mãe já tiver anticorpos contra o Rh, ela precisa de acompanhamento especializado. Se a quantidade de anticorpos na mãe for baixa, o risco de o feto ter complicações graves antes do nascimento por causa da DHPN também é baixo. (Baiochi, 2009)
O primeiro contato da mulher com o antígeno ativo o sistema imunológico gerará inicialmente anticorpos do tipo IgM, ou seja, anticorpos que não transmitem a placenta devido ao seu elevado peso molecular. Já na segunda exposição ao mesmo antígeno, há uma produção mais intensa e rápida de anticorpos do tipo IgG, que têm baixo peso molecular e capacidade de passar pela placenta e se ligam aos antígenos presentes. (Simão et al., 2021)
Em casos de destruição intensa de hemácias, a medula óssea não consegue atender à demanda, e o corpo do feto passa a produzir hemácias em outros órgãos, como fígado, baço, rins e placenta, caracterizando uma eritropoiese extramedular. Essa produção extramedular leva ao crescimento desses órgãos, especialmente fígado e baço, resultando em hepatoesplenomegalia. Além disso, o esforço para aumentar rapidamente a produção de hemácias faz com que células imaturas, como reticulócitos e eritroblastos, sejam liberadas na corrente sanguínea. A presença dessas células imaturas no sangue periférico é o que define a condição da eritroblastose fetal. Portanto, todo esse processo é uma tentativa do organismo fetal de suprir a necessidade de hemácias e manter o transporte adequado de oxigênio. Quando o processo atinge o ponto em que a rapidez da hemólise supera a geração de novas células sanguíneas, ocorre o quadro de anemia. (Nardozza, 2020)
Para diagnosticar precocemente a eritroblastose fetal, também conhecida como doença hemolítica perinatal (DHPN), é preciso realizar várias etapas de avaliação durante o pré-natal, particularmente em grávidas com risco de incompatibilidade Rh. A seguir, serão analisados os exames e procedimentos fundamentais aplicados para identificar e acompanhar essa condição desde o início da gestação.
Menciona-se também o diagnóstico e controle apropriado das gestações com tal problemática, bem como o rastreio de gestante Rh-D negativo para verificação da presença de anticorpos anti-RhD por meio do teste de Coombs Indireto no transcorrer do pré-natal(Moises,2008). O teste de Coombs Indireto é uma abordagem que tem como objetivo a procura por anticorpos irregulares que estão no plasma da gestante. Quando o resultado da positivo, significa que foi identificado anticorpos anti Rh em mulheres que são Rh negativo. Esses anticorpos são importantes para a progressão da DHPN. Para que o exame seja reconhecido como positivo e comprove o diagnóstico de incompatibilidade sanguínea, deve apresentar títulos anti-Rh iguais ou maiores que 1/16. (Ministério da Saúde, 2012)
O teste de antiglobulina humana indireta (TAI) tem como objetivo avaliar as taxas de sensibilização de hemácias “in vitro” por meio da hemaglutinação. Essa técnica é realizada utilizando métodos em tubo, gel ou microplaca. O TAI visa identificar anticorpos antieritrocitários irregulares, também chamados de anticorpos irregulares. Para isso, é contratado o soro de antiglobulina humana (AGH), que facilita a aglutinação de hemácias sensibilizadas por anticorpos da classe IgG e/ou frações de complemento. Durante o processo, uma amostra deve ser incubada a 37°C para favorecer a ligação do anticorpo ao antígeno presente nas hemácias. (Rosa, 2018)
A medição Doppler da velocidade máxima do fluxo de sangue nas artérias moderadas pode substituir com segurança os exames invasivos no manejo de gestações com aloimunização por Rh. A técnica Doppler permite a avaliação da circulação sanguínea no feto, oferecendo informações sobre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo cerebral. Quando há anemia fetal devido à destruição das hemácias, a velocidade do fluxo sanguíneo nas artérias cerebrais pode aumentar como um mecanismo compensatório, já que o feto tenta melhorar a oxigenação cerebral em resposta à diminuição das hemácias. (Oepkes, et al, 2006)
Além disso, a medição Doppler fornece resultados em tempo real e pode ser repetida várias vezes durante a gestação, permitindo um monitoramento contínuo do estado fetal. Com isso, a técnica não apenas ajuda a avaliar a gravidade da aloimunização, mas também orienta as decisões clínicas sobre o manejo e o momento do parto, garantindo uma abordagem mais segura. (Oepkes, et al, 2006)
Após a seleção dos 8 artigos, foi organizado o Quadro 2, que apresenta os estudos extraídos das bases de dados, estruturados por ano e autor da publicação, título e a comparação das diferentes estratégias terapêuticas utilizadas no tratamento da eritroblastose fetal.
Quadro 2. Estratégias Terapêuticas na Eritroblastose Fetal
AUTOR/ANO | TÍTULO DO ARTIGO | TIPO DE PESQUISA | DIFERENTES ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DA ERITROBLASTOSE FETAL. |
SPERLING JD, et al., 2018; | Prevenção da aloimunização RhD: uma comparação de quatro diretrizes nacionais | Revisão bibliográfica | Destaca que é mais eficaz a administração da imunoglobulina anti-D dentro do período de 72 horas pós parto do que administrá-la até 13 dias após o parto. |
Manual MSD, 2024 | Doença hemolítica do feto e recém-nascido | (SITE) | Se houver suspeita de anemia no feto, ele poderá receber uma transfusão de sanguínea intravascular e intrauterina, feita por um especialista em uma instituição preparada para tratar gestações de alto risco. As transfusões são realizadas a cada 1ou 2 semanas, geralmente até o período de 32 a 35 semanas de gestação. |
Oepkes, et al, 2006 | Ultrassonografia Doppler versus amniocentese para prever anemia fetal | Estudo prospectivo | A medição Doppler da velocidade máxima do fluxo de sangue nas artérias cerebrais médias pode substituir com segurança os exames invasivos no manejo de gestações com aloimunização por Rh. |
Hanan, et al, 2008 | Correlação entre medidas ultra sonográficas do coração e o déficit de hemoglobina em fetos de gestante saloimunizadas | estudo transversal | É fundamental determinar o grau de anemia fetal durante o acompanhamento de gestantes isoimunizadas, pois isso permite identificar a necessidade de intervenção, seja por meio de tratamento intrauterino ou antecipação do parto. Isso aumenta as chances de sobrevivência do feto e melhora sua qualidade de Vida. |
Moise JR, et al, 2011 | Manejo da aloimunização rhesus na gravidez | Revisão integrativa | O teste de Kleihauer-Betke quantifica a hemorragia feto materna, medindo a proporção de hemoglobina fetal em relação ao adulto em uma amostra de sangue. Ele é importante para avaliar a necessidade de transfusão intrauterina e a pureza do sangue |
Mari, et al, 2013 | Correlação entre a velocidade sistólica máxima da artéria cerebral média e a hemoglobina fetal após 2 transfusões intrauterinas prévias | Revisão integrativa | Evitar manobras que aumentam os riscos ou a intensidade de hemorragia feto materna: dequitação manual da placenta, tração ou torção de cordão umbilical previamente à dequitação, ordenha etc. |
Pereira, 2012 | Isoimunização Rh materna. Profilaxia, diagnóstico e tratamento: aspectos atuais. | Revisão da literatura | A transfusão intraperitoneal é indicada quando há dificuldade na realização da punção vascular devido à posição da placenta, do cordão umbilical ou em casos de feto hidrópico. |
SPERLING JD, et al., 2018; | Prevenção da aloimunização RhD: uma comparação de quatro diretrizes nacionais | Revisão bibliográfica | E dentre os tratamentos existentes para os casos de eritroblastose fetal associada à incompatibilidade de Rh, o mais comum é a utilização da fototerapia intensiva. Nesses casos, precisa haver um monitoramento preciso e seriado para avaliar os níveis de bilirrubina sérica com o objetivo de obter os valores normais. |
É essencial avaliar o grau de anemia fetal durante o monitoramento de gestantes isoimunizadas, pois essa determinação ajuda a identificar a necessidade de intervenções, como tratamentos intrauterinos ou a antecipação do parto. Essa abordagem aumenta as chances de sobrevivência do feto e contribui para uma melhor qualidade de vida. (Hanan, et al, 2008)
O teste de Kleihauer-Betke quantifica a hemorragia feto-materna para medir a proporção de hemoglobina fetal em relação à hemoglobina adulta em uma amostra de sangue. Esse exame é crucial para determinar a necessidade de transfusão intrauterina. (Moise JR, et al, 2011)
A vacina gamaglobulina (anti-Rh ou anti-D) é uma abordagem eficiente para prevenir a eritroblastose fetal, pois ela age impedindo a sensibilização do sistema imunológico da mãe ao inativar as hemácias fetais Rh(+). Uma dose de 300μg inativa 30 ml de sangue Rh(+), prevenindo a doença hemolítica em futuras gestações e diminuindo sua ocorrência. (Medeiros, 2011)
Recomenda-se a administração de imunoglobulina anti-D nos casos de ameaça de abortamento no primeiro trimestre de gestação, em gestantes Rh negativas não sensibilizadas na 28ª a 34ª semana de gestação e dentro do período de 72 horas após o parto, pois demonstra uma redução bastante significativa no risco de aloimunização em puérperas Rh negativo. (Brizot ML, 2011)
Fetos de gestantes aloimunizadas que necessitam de tratamento intrauterino são frequentemente submetidos a mais de uma transfusão durante o período gestacional. No entanto, algumas complicações podem surgir devido ao caráter invasivo do procedimento, como bradicardia fetal, óbito fetal, infecções e ruptura prematura das membranas amnióticas. Assim, para minimizar as riscos e possíveis consequências, é essencial indicar o momento adequado para que ocorra a transfusão. (Nishie, 2011)
O tratamento mais utilizado frequentemente para a hiperbilirrubinemia é a fototerapia intensiva. Sua eficácia pode ser avaliada por meio do monitoramento regular da concentração de bilirrubina sérica total. A exsanguineotransfusão (EXT) é considerada o último recurso no manejo da hiperbilirrubinemia, devido aos efeitos adversos, que incluem: hipocalcemia, trombocitopenia, convulsões, enterocolite necrosante, apneia, bradicardia, hipercalemia e hipoglicemia. (Simão, 2021)
Com o avanço das novas tecnologias e a introdução da ultrassonografia, que permite a análise do acesso em tempo real, a técnica intravascular passou a substituir a transfusão intraperitoneal. Esse progresso não apenas tornou o tratamento mais seguro, mas também mais eficaz, resultando em uma melhoria significativa dos estágios perinatais. A utilização da ultrassonografia para guiar o acesso vascular possibilita uma abordagem mais precisa e controlada, diminuindo o risco de complicações associadas à técnica antiga. Essa evolução nos métodos de transfusão contribuiu para a redução das taxas de mortalidade e morbidade neonatal, além de melhoria do manejo de casos complicados durante a gestação. Assim, a integração dessas tecnologias modernas no cuidado perinatal representa um avanço crucial na proteção da saúde materno-infantil. (Silva; Silva; Melo, 2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, pode-se observar que este estudo realça a importância do entendimento aprofundado do sistema Rh e suas implicações na saúde materno-infantil, especialmente no contexto da eritroblastose fetal(DHPN). A análise dos artigos selecionados permitiu identificar as nuances dessa condição, ressaltando que a sensibilização materna pode levar a complicações graves nas gestações subsequentes como a morte do bebê durante a gravidez ou após o parto, além de lesões no sistema nervoso, como paralisia, surdez, entre outras.
Foi evidenciado que a administração profilática de imunoglobulina anti-D é crucial para prevenir a sensibilização da mãe Rh negativa, o que demonstra a importância do acompanhamento pré-natal rigoroso e a realização de testes como o de Coombs Indireto. Tais práticas são essenciais para o diagnóstico precoce da DHPN e para a implementação de intervenções adequadas, como o monitoramento por ultrassonografia e a medição Doppler, que têm mostrado eficácia na avaliação da anemia fetal.
Além disso, o estudo enfatiza a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no manejo de gestantes aloimunizadas, incluindo a utilização de técnicas modernas de transfusão e fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubinemia. A integração de novas tecnologias contribui significativamente para a redução das taxas de mortalidade e morbidade neonatal, refletindo a evolução dos cuidados perinatais.
Conclui-se que a compreensão e o manejo eficaz da eritroblastose fetal são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar do feto, ressaltando a importância da formação contínua de profissionais de saúde sobre o tema. Sugere-se que futuras pesquisas se concentrem em explorar novas estratégias de prevenção e tratamento, bem como em avaliar a eficácia de protocolos clínicos em diferentes contextos.
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1Graduanda do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. E-mail: mikaelle.mari@gmail.com;
2Docente do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília. E-mail: erlayne.brandao@iesb.edu.br