INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM REALIZADAS NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES DA ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411281920


Alane de Sousa Nogueira1, Girlene Pedro da Silva2 , Jéssica Feitosa de Miranda3, Valéria Marley de Sousa4, Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante5, Joélio Pereira da Silva6


RESUMO

O presente artigo fala sobre as intervenções de enfermagem realizadas na prevenção de doenças cardiovasculares da atenção básica. Tem como objetivo identificar e analisar as práticas de enfermagem voltadas para a promoção da saúde cardiovascular, a prevenção de fatores de risco e o manejo adequado das doenças cardiovasculares em contexto de atenção primária. A metodologia utilizada na pesquisa se baseou em critérios de inclusão e exclusão, para artigos publicados entre 2019 e 2024. Na busca dos artigos foram usados os descritores “doenças cardiovasculares”, “enfermagem”, “prevenção de doenças cardiovasculares”. Os resultados obtidos através da analise dos 9 artigos selecionados indica que as doenças cardiovasculares representam um grande problema de saúde pública e os principais desafios na prevenção é a crescente prevalência de fatores de risco modificáveis, como tabagismo, dieta inadequada, falta de atividade física, e estresse crônico. O estudo conclui que as intervenções realizadas por técnicos de enfermagem e enfermeiros nos programas de saúde da família desempenham um papel crucial na prevenção de doenças cardiovasculares, contribuindo significativamente para a saúde e o bem-estar da comunidade.

Palavras-chave: doenças cardiovasculares; fatores de risco; prevenção; enfermagem;

ABSTRACT

This article talks about specific nursing interventions carried out by nurses and nursing technicians in the prevention of cardiovascular diseases in family health programs. It aims to identify, analyze and synthesize nursing practices aimed at promoting cardiovascular health, preventing risk factors and adequate management of cardiovascular diseases in the context of primary care. The methodology used in the research was based on inclusion and exclusion criteria, for articles published between 2019 and 2024. In the search for articles, the descriptors “cardiovascular diseases”, “nursing”, “prevention of cardiovascular diseases” were used. The results obtained through the analysis of the 9 selected articles indicate that cardiovascular diseases represent a major public health problem and the main challenges in prevention are the increasing prevalence of modifiable risk factors, such as smoking, inadequate diet, lack of physical activity, and chronic stress. The study concludes that interventions carried out by nursing technicians and nurses in family health programs play a crucial role in preventing cardiovascular diseases, contributing significantly to the health and well-being of the community.

Keywords: cardiovascular diseases; risk factors; prevention; nursing;

1 INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares representam um dos principais desafios de saúde pública em todo o mundo, sendo responsáveis por um grande número de óbitos. No contexto dos programas de saúde da família, a atuação dos enfermeiros e equipes multidisciplinares desempenha um papel crucial na prevenção e no manejo dessas condições. Sua proximidade com as famílias e comunidades atendidas, aliada à sua capacidade de realizar intervenções específicas, os torna peças-chave na promoção da saúde cardiovascular e na prevenção de fatores de risco. (Ribeiro, 2020)

Diante disso, a atuação dos enfermeiros e das equipes na prevenção de doenças cardiovasculares nos programas de saúde da família é justificada pela sua capacidade única de estabelecer vínculos com as famílias e comunidades atendidas. Esses profissionais desempenham um papel fundamental na identificação precoce de fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo, por meio de avaliações de saúde regulares e coleta de dados de maneira regular (Nobrega et al., 2020). A proximidade dos profissionais de enfermagem com as famílias e comunidades permite uma abordagem centrada no paciente, que considera não apenas aspectos físicos, mas também emocionais sociais e culturais.

Essa abordagem integral é de suma importância para a eficácia das intervenções de enfermagem na prevenção das doenças cardiovasculares, pois promove a adesão ao tratamento, o autocuidado e a promoção da saúde em longo prazo (Almeida; Sousa, 2021). Ademais, a escassez de recursos nos sistemas de saúde tornam essas intervenções ainda mais relevantes, visto que esses profissionais podem desempenhar um papel crucial na promoção da saúde cardiovascular com custos relativamente baixos em comparação com outras modalidades de cuidados (Fassarela et al 2020)

O objetivo deste estudo é realizar uma revisão bibliográfica abrangente e atualizada das intervenções de enfermagem realizadas na prevenção de doenças cardiovasculares da atenção básica. Pretende-se identificar as práticas de enfermagem voltadas para a promoção da saúde cardiovascular a prevenção de fatores de risco e o manejo adequado das doenças cardiovasculares em contextos de atenção primária. Além disso, almeja-se destacar a eficácia dessas intervenções na prevenção e no controle das doenças cardiovasculares, bem como sua contribuição para a promoção da saúde e o bem-estar das comunidades atendidas.  

2 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho de revisão de literatura do tipo descritivo e qualitativo, foram realizadas pesquisas nas bases de dados, Lilacs, Medline, Scielo. Foram utilizados artigos atuais publicados nos anos de 2019 a 2024, pesquisados nas bases de dados com o seguintes descritores: doenças cardiovasculares, enfermagem, prevenção de doenças cardiovasculares.

2.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Foram estabelecidos como critério de exclusão, artigos publicados antes de 2019, obras duplicadas, incompletas e artigos que não se relacionassem com a temática proposta. Foram incluídas, obras completas, dentro do recorte temporal.

2.2 SELEÇÃO DO ESTUDO

Após análise, foram selecionados 9 de relevância para o trabalho. Considerando os critérios propostos de inclusão e exclusão, as obras, selecionadas foram revisadas criteriosamente. Os mesmos foram agrupados em categorias e analisados conforme literatura pertinente ao tema.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a busca pelos artigos nas bases de dados escolhidas, encontrou-se cerca de 219 artigos na busca avançada. Notou-se, na leitura dos títulos, que muitos se repetiam e outros não preenchiam os critérios de inclusão e exclusão adotados. Desta forma após a leitura, foram selecionados 9 artigos que correspondiam aos critérios propostos, os mesmo, foram lidos na integra. (Quadro 1).

Quadro 1: Resultados da busca e seleção das artigos pertinentes

Bases de dadosTítulosResumoArtigos
TotalAceitosTotalAceitosTotalAceitos
SciELO88484123122
Medline76352315154
Lilacs552525993
TOTAL2191088947369

Fonte: Elaborado pelas autoras

Após a leitura dos artigos selecionados (Quadro 2), percebeu-se que os assuntos mais relevantes estão relacionados a dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, histórico familiar, entre outros Diante tal constatação foram construídas duas categorias para discussão dos resultados. 3.1) Doenças cardiovasculares nos programas de saúde da família; 3.2)

Controle de fatores de risco e 3.3) Prevenção de doenças cardiovasculares

Quadro 2: Artigos selecionados segundo os critérios de inclusão e exclusão

AUTORES/ANOPERIÓDICOMETODOLOGIADESFECHO
ALMEIDA, G. B. S. & SOUSA, m. C. M. (2019)Revista Aps.Estudo qualitativo, baseado             na Teoria                 da Pesquisa Social desenvolvida por Minayo.Evidenciou-se  a necessidade de maior capacitação dos profissionais da saúde, no sentido de orientar a prevenção e a promoção da saúde.
FASSARELA,      B.P. A., almeida, g., teles, d. A., ortiz, l. S., silva, i. S., neves, k. C., costa, p. A. F. S., ribeiro, w. A. & evangelista, d. S. (2020).RSD – Research, Society and DevelopmentPesquisa bibliográfica de abordagem qualitativaConcluiu-se que           a assistência no pré-natal, quando realizado corretamente, e a capacitação do profissional enfermeiro possibilitam a identificação precoce da DHEG, permitindo a realização de medidas de prevenção e um tratamento adequado, para diminuir as complicações, e melhorar a qualidade de vida da mãe e do feto.
GONÇALVES, R. S; FILHO, E. R. A. (2023)Revista ICESPPesquisa exploratória descritiva quanti- qualitativamente por meio de uma revisão bibliográfica de natureza básicaIdentificou-se os fatores que levam a uma alta incidência de cardiopatias em pessoas incompatíveis com esse tipo de complicação, devido a faixa etária.
NÓBREGA, M. F. et al (2020)Revista de Enfermagem – UFPE on-lineEstudo descritivo, retrospectivo documental, com abordagem quantitativaConcluiu-se que as síndromes hipertensivas merecem especial destaque na saúde pública, iniciando com pré- natal de qualidade e tratamento em ambiente hospitalar
RIBEIRO AL, et al. (2020)Revista CiculationEstudo bibliográfico de abordagem qualitativa   e quantitativa, utilizando dados demográficos.Identificou-se que os esforços  de conscientização sobre as cargas das DCV podem promover a melhoria da saúde pública e a redução das disparidades e dos problemas atuais no Brasil.
SOUZA Santos, J. F. et al. (2020)Revista Brasileira Multidisciplina rPesquisa de campo, de caráter exploratório e transversal.Identificou-se que o fluxo de atendimento do portador   de   hipertensão arterial      sistêmica      na Estratégia Saúde da Família não se limita apenas a consultas pontuais ou tratamento medicamentoso, pois entre os desafios relacionados ao manejo adequado do usuário, se destaca a organização dos serviços de saúde em suas ações de gestão, planejamento e enfrentamento de Doenças   Crônicas                         Não Transmissíveis.
TONH’Á, Otávio Augusto Prado et al. (2023)Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação  Revisão bibliográfica de caráter qualitativaAnalisou-se  que a prevenção de  doenças cardiovasculares é uma tarefa complexa, que exige uma abordagem multidisciplinar e holística. A interconexão entre fatores genéticos, comportamentais, sociais e ambientais destaca a necessidade de políticas de saúde e educação abrangentes que promovam hábitos de vida saudáveis desde a infância até a idade adulta.
SANTIAGO, E. R. C. et al. (2019)Arquivo Brasileiro de CardiologiaEstudo                  de delineamento transversal, com uma amostra aleatória  de adultos de ambos os sexos.Evidenciou-se que a prevalência de HAS é elevada e se relaciona com fatores de risco importantes, logo, são recomendáveis ações de prevenção e controle
THAKUR, J. S., Vijayvergiya, R., & Ghai, S. (2020).Revista BMC Health Services ResearchO estudo  foi quase experimental por natureza        com acompanhamento de 1 ano para determinar      o efeito da avaliação       de risco de DCV e comunicação por enfermeiros com a      ajuda do pacote de comunicação de risco na prevenção primária e secundária de DCVs.Concluiu-se que a intervenção liderada por enfermeiros é eficaz na modificação de risco e na melhoria da adesão à medicação entre indivíduos para prevenção primária e secundária de DCVs, respectivamente.

Fonte: Elaborado pelas autoras.

3.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES NOS PROGRAMAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA

De acordo com Gonçalves (2023), as doenças cardiovasculares são um grupo de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Elas incluem doenças como a hipertensão arterial, doença coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças vasculares periféricas, entre outras. Essas condições podem ser causadas por diversos fatores, como dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, histórico familiar, entre outros. Por isso, a prevenção e o controle dessas condições são fundamentais para a promoção da saúde e qualidade de vida da população.

Tonh’a (2023) demonstra que as DCVs continuam a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, representando um desafio significativo para a saúde pública na era moderna. Apesar dos avanços médicos e tecnológicos, a prevenção das DCVs ainda permanece como um objetivo crucial para promover a saúde e reduzir o impacto dessas condições debilitantes.

Diante dos expostos, os manuais da saúde bem como as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), vêm cada vez mais tentando alerta a população sobre os fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento das DCV bem como visam disseminar informações acerca da prevenção de tais fatores. Com o advento das tecnologias digitais vemos que está cada dia mais fácil o acesso a tais informações e as formas de prevenção, porém ainda existe uma parcela da população que não possui esse acesso, para tal é de suma importância à atuação das equipes de enfermagem nos postos de saúde dos municípios, pois são eles que vão tornar possível a disseminação das informações e o controle e prevenção das DCV de forma mais eficaz na atuação in locu.

Segundo Pfizer (2019), as doenças que atingem o coração são denominadas cardiopatias. Algumas são constatadas logo no nascimento, enquanto outras podem ser adquiridas ao longo da vida, dependendo dos fatores de risco aos quais o indivíduo está exposto. Diante disso Gonçalves (2023) demonstrou que a organização panamericana da saúde (2022) afirma que, a fim de reduzir a incidência de cardiopatias, é necessário implementar uma série de medidas, como políticas para controlar o tabagismo, reduzir a ingestão de alimentos inadequados, aumentar a prática de exercícios, medidas que visem o controle do consumo de álcool e fornecer refeições saudáveis no ambiente escolar infantil.

Souza Santos (2020) explica que diante desse cenário, as equipes de enfermagem, bem como as equipes multidisciplinares, desempenham um papel crucial na prevenção das doenças cardiovasculares nos programas de saúde da família. Suas intervenções incluem a medição da pressão arterial, realização de testes de glicemia capilar, coleta de dados sobre o estilo de vida dos pacientes, orientação sobre hábitos saudáveis e auxílio na realização de exames complementares, como eletrocardiogramas. Os enfermeiros possuem uma atuação mais abrangente na prevenção das doenças cardiovasculares. Eles são responsáveis pela realização de avaliações mais complexas, interpretação de exames laboratoriais, identificação e gerenciamento dos fatores de risco cardiovascular, além do desenvolvimento e implementação de planos de cuidados personalizados para os pacientes.

Conforme suscita Gonçalves (2023) e Souza Santos (2020), a atuação dos profissionais da saúde nos programas de saúde da família se revela indispensáveis, pois estão diretamente em contato com a realidade das doenças cardiovasculares entre outros fatores. Porém é importante ressaltar que para essa atuação ser mais eficaz, no sentido de coleta de dados e nos auxilio da prevenção, as políticas públicas e os programas de saúde devem está cada vez mais alinhados e buscando sempre se adaptar as realidades das famílias atendidas, que por sua vez tem como grande público alvo pessoa de baixa renda que muitas vezes não possuem a condição de seguir com as orientações básicas dos programas.

As intervenções específicas realizadas pela equipe e enfermeiros nos programas de saúde da família desempenham um papel crucial na prevenção das doenças cardiovasculares. A atuação integrada desses profissionais contribui significativamente para a promoção da saúde cardiovascular e o bem-estar da comunidade. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. 2022)

Portanto, as doenças cardiovasculares representam um sério problema de saúde pública em todo o mundo, sendo responsáveis por um grande número de óbitos anualmente. Os programas de saúde da família desempenham um papel fundamental na prevenção e no controle dessas doenças, com a atuação dos técnicos de enfermagem e enfermeiros sendo essencial nesse processo. (Santiago, 2019).  

3.2 FATORES DE RISCO NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Os fatores de risco nas doenças cardiovasculares vêm se tonando modificáveis de acordo com as mudanças de ambiente e de estilo de vida dos indivíduos, como tabagismo, dieta inadequada, falta de atividade física e estresse crônico. A urbanização e as mudanças nos estilos de vida contribuíram para o aumento desses fatores, exigindo estratégias eficazes para educar e motivar as pessoas a adotarem comportamentos saudáveis. A conscientização pública, programas de educação e iniciativas de promoção da saúde desempenham um papel fundamental na mudança de comportamentos prejudiciais. (Tonh’a, 2023)

É importante identificar os principais fatores de risco (predisposição genética, uso de álcool e cigarros, stress, sedentarismo, obesidade, dieta rica em sal, entre outros). São estas informações que proporcionarão os dados necessários para o planejamento da assistência de enfermagem. No entanto segundo Tonh’a (2023), “o acesso desigual aos cuidados de saúde é um problema predominante, especialmente em comunidades de baixa renda ou em áreas rurais, onde a disponibilidade de serviços médicos e a educação em saúde podem ser limitadas”. (Tonh’a, 2023)

Com isso, convém destacar que a presença de múltiplos fatores de risco pode aumentar exponencialmente a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Por exemplo, uma pessoa que seja hipertensa, diabética, fumante e sedentária tem um risco muito maior de sofrer um infarto ou AVC do que alguém com apenas um desses fatores.

Diante do exposto vemos que os fatores de risco nas doenças cardiovasculares estão presente em coisas simples, desde um histórico familiar, idade e sexo, a questões cotidianas como a má alimentação, estresse, sedentarismo e outros. A percepção e o conhecimento sobre esses fatores são de suma importância para a adoção de hábitos saudáveis, controlar o estresse, evitar o tabagismo, o alcoolismo. A realização de check-ups regulares é essencial para reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

É importante a participação e envolvimento do usuário enquanto sujeito ativo de seu tratamento, para que haja uma conscientização do mesmo sobre sua condição de saúde atual, não o fazendo refém da prescrição profissional, e desenvolvendo autonomia para o processo de educação em saúde. (Gomes, A.F et al, 2020)

De acordo com o exposto na pesquisa de Tonh’á (2023) e Gomes, et al (2020), os maiores desafios enfrentados pelas equipes de enfermagem e os técnicos de enfermagem, são as constantes mudanças dos estilo de vida das populações, o que leva a mudanças dos fatores de risco em alguns casos trazendo novas vertentes o que faz com que a estratégias preexistente não sejam tão eficazes. Por isso a conscientização da população é de suma importância para o controle desses fatores e o desenvolvimento de tratamentos e estratégias adequados.

A colaboração entre a equipe e os enfermeiros é fundamental para o sucesso das intervenções de prevenção. A troca de informações, a coordenação na realização de campanhas educativas e a atuação conjunta no monitoramento da saúde cardiovascular da população assistida são aspectos essenciais dessa parceria. (Thakur, J.S.2022)

3.3 PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A prevenção de doenças cardiovasculares (DCV) é um tema de crescente importância na saúde pública mundial, refletindo um reconhecimento das DCVs como uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Historicamente, a compreensão e o manejo dessas doenças evoluíram significativamente ao longo dos séculos.

As mudanças no estilo de vida, como uma dieta rica em gorduras saturadas e o sedentarismo, contribuíram para um aumento das DCV. A descoberta de que fatores de risco como tabagismo, colesterol alto e hipertensão eram diretamente ligados a essas condições levou á uma necessidade da elaboração de estratégias para a prevenção dessas condições. (Gomes, et al, 2020)

Campanhas de saúde pública, como as promovidas pelas secretárias de saúde e pelo ministério da saúde, visam enfatizar a importância de se ter hábitos saudáveis. A OMS lançou, na década de 80, iniciativas de cunho global para a redução da incidência dessas doenças, estabelecendo assim diretrizes para a prevenção.

A abordagem da prevenção de doenças cardiovasculares enfrenta desafios importantes. O acesso desigual aos cuidados de saúde é um problema predominante, especialmente em comunidades de baixa renda ou em áreas rurais, onde a disponibilidade de serviços médicos e a educação em saúde podem ser limitadas. A colaboração entre profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, é essencial para fornecer uma abordagem holística e abrangente aos pacientes. A implementação de programas de prevenção, a promoção de ambientes saudáveis e a regulamentação de produtos prejudiciais à saúde, como o tabaco e alimentos ultra processados, são passos importantes para reduzir os fatores de risco. (Tonh’a, 2023; Gonçalves, 2023)

Além disso, a crescente repercussão sobre a importância de uma vida saudável, com a prática de atividades físicas regulares e uma dieta equilibrada, tornou-se fundamental nas estratégias de prevenção. Nos dias atuais, a integração de tecnologias digitais e telemedicina têm ampliado ainda mais o acesso a informações e ao monitoramento da saúde cardiovascular, facilitando a inclusão de hábitos saudáveis no dia a dia da população.

A prevenção das doenças cardiovasculares é essencial para reduzir o risco de complicações graves, como infarto, derrame e insuficiência cardíaca. As estratégias de prevenção envolvem principalmente mudanças no estilo de vida, monitoramento da saúde e, quando necessário, o uso de medicamentos. Uma das principais abordagens é manter uma alimentação equilibrada, rica em fibras e com baixo teor de gorduras saturadas e trans, que são prejudiciais ao coração. Substituir gorduras ruins por opções mais saudáveis, como as encontradas em peixes, azeite de oliva e abacates, ajuda a controlar os níveis de colesterol e protege as artérias.

Outro fator bastante presente durante a pesquisa é o controle do estresse.

Esse desempenha um papel importante na prevenção das doenças cardiovasculares. Segundo as pesquisas de Matos, Gomes, et al (2020) e Gonçalves (2023), o estresse crônico pode elevar a pressão arterial e causar inflamações no corpo, prejudicando a saúde do coração. Técnicas de relaxamento, como a meditação e a prática de atividades que proporcionem prazer, são eficazes para reduzir os efeitos negativos do estresse. Além disso, a monitoração da pressão arterial e dos níveis de colesterol é essencial para detectar precocemente qualquer alteração e adotar as medidas adequadas para manter a saúde cardiovascular em dia.

Para as pessoas com condições pré-existentes, como diabetes ou apneia do sono, devem redobrar a atenção à saúde do coração. O controle rigoroso da glicose no sangue e o tratamento adequado da apneia podem reduzir os riscos de complicações cardiovasculares. Consultas médicas regulares são fundamentais para identificar fatores de risco de forma precoce e adotar intervenções preventivas, garantindo uma vida mais longa e saudável. Essas medidas, quando seguidas de maneira consistente, não só previnem doenças cardíacas, mas também promovem um estilo de vida mais saudável e equilibrado, com benefícios duradouros para o bem-estar geral. (Gonçalves, 2023)

Conforme enfatiza Tonh’a (2023), o uso de dispositivos vestíveis, aplicativos de saúde e telemedicina permitem o monitoramento contínuo da saúde cardiovascular, ajudando as pessoas a tomarem medidas proativas para reduzir o risco. A combinação de estratégias de conscientização pública, abordagens multidisciplinares, avanços tecnológicos e medicina de precisão tem o potencial de reduzir significativamente o impacto das DCVs, melhorando a saúde cardiovascular da população global.

Por fim, a prevenção de doenças cardiovasculares é uma área que está em constante evolução, sendo impulsionado por grandes descobertas cientificas, políticas de saúde cada vez mais abrangentes e com vista integrar os setores da população mais carentes e também com mudanças nos comportamentos sociais, coisas que ficaram bastante evidentes após o período de pandemia da COVD-19, que colocou a população em alerta trazendo a tona várias outras discussões para a prevenção da saúde em um âmbito mais geral. O desafio principal continua a ser a conscientização e a adoção de práticas saudáveis, que são essenciais para a redução da carga dessa doença.

4 CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou de forma clara e convincente a importância da atuação dos enfermeiros e técnicos de enfermagem na prevenção e controle das doenças cardiovasculares dentro dos programas de saúde da família. A revisão das intervenções realizadas por esses profissionais revela que, ao implementar práticas integradas e centradas no paciente, é possível não apenas identificar e gerenciar fatores de risco com maior eficiência, mas também promover mudanças significativas no comportamento de saúde das comunidades atendidas.

A proximidade dos profissionais de enfermagem com os pacientes, aliada às suas habilidades para realizar avaliações regulares e intervenções educativas, permite uma abordagem personalizada que é crucial para a prevenção das doenças cardiovasculares. Este estudo destacou a eficácia dessas intervenções, evidenciando que, apesar das limitações de recursos e das diversas barreiras enfrentadas, os programas de saúde da família têm o potencial de reduzir significativamente a incidência e a gravidade das doenças cardiovasculares.

Além disso, a análise dos fatores de risco e das estratégias de controle enfatizou a necessidade de uma abordagem multifacetada, que inclua a educação contínua, o monitoramento proativo e a promoção de hábitos de vida saudáveis. A colaboração entre técnicos de enfermagem e enfermeiros, assim como a integração com outras políticas de saúde pública, são essenciais para enfrentar os desafios impostos pelas doenças cardiovasculares.

Em suma, os resultados deste estudo reforçam que a atuação eficaz dos profissionais de saúde nos programas de saúde da família é uma peça chave na luta contra as doenças cardiovasculares. A implementação de estratégias baseadas em evidências e o fortalecimento das práticas de prevenção e controle são fundamentais para melhorar a saúde cardiovascular da população e, consequentemente, elevar a qualidade de vida das comunidades. O compromisso contínuo com a capacitação dos profissionais e a adaptação das estratégias às necessidades específicas da população são passos cruciais para garantir o sucesso das intervenções e alcançar resultados duradouros e significativos na saúde pública.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, g. B. S. & SOUSA, m. C. M. O conhecimento da gestante sobre a hipertensão na gravidez. Revista de APS. V.19 N°3, p. 396-402. 2019

FASSARELA, B. P. A. Cuidados de enfermagem direcionados à pacientes portadora de doença hipertensiva específica. Research society and development, v.9, n°9, p.1-20. 2020  

GONÇALVES, R. S; FILHO, E. R. A. o papel do enfermeiro e os fatores associados a cardiopatias em pessoas até 30 anos nos últimos 3 anos. Revista ICESP, 2023.

NÓBREGA, M. F. et al. Perfil de gestantes com síndrome hipertensiva em uma UBS Pública. Revista de enfermagem, v.5, n°10, p.1805-1811. 2020  

RIBEIRO, A.L. at al. Cardiovascular Health in Brazil: trends and perspectives. Circulation. V.133, n°4, p.422-33. 2020

Cardiômetro: Mortes por doenças cardiovasculares no Brasil. Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2022

SOUZA SANTOS, J. F. et al. Atendimento de hipertensão arterial sistêmica na estratégia saúde da família: sob a ótica de enfermeiros e agentes comunitários de saúde. Revista Brasileira Multidisciplinar, v.23, p.90-98. 2020

TONH’Á, Otávio Augusto Prado et al. Desafios e estratégias na prevenção de doenças cardiovasculares na era moderna. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 7, p. 1140-1150, 2023.

SANTIAGO, E. R. C. et al. Prevalência e Fatores Associados à Hipertensão Arterial

Sistêmica em Adultos do Sertão de Pernambuco, Brasil. Arquivos Brasileiros

Cardiologia. v.113, n°4, p.687-695. 2019

THAKUR, J. S. et al. Task shifting of cardiovascular risk assessment and communication by nurses for primary and secondary prevention of cardiovascular diseases in a tertiary health care setting of Northern India. BMC Health Services Research, v.20, n°1, p.1-12. 2020


1Acadêmica do curso de Bacharel em Enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E-mail: alanenogeuira@gmail.com

2Acadêmica do curso de Bacharel em Enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E-mail: girlenepedro9@gmail.com

3Acadêmica do curso de Bacharel em Enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E-mail: jessicafe.22@hotmail.com

4Acadêmica do curso de Bacharel em Enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E-mail: marley.17valeria@gmail.com

5Doutora em Enfermagem. Docente do curso de enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E-mail:ceanny@hotmail.com

6Mestre em Enfermagem. Docente do curso de enfermagem – UNIFAESF Centro universitário
E- mail: joeliops@hotmail.com