BENEFITS AND CHALLENGES OF USING CANNABIDIOL AS COMPLEMENTARY THERAPY IN AUTISM: A REVIEW OF THE LITERATURE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411271521
Ana Beatriz Soares Nery1
Antonia Naylla Melissa Da Silva Souza1
Raina Maria Pinto Da Silva1
Wendell Augusto Freire De Sousa1
Tallita Marques Machado2
Resumo
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Recentemente, o canabidiol (CBD), um composto não psicoativo derivado da planta Cannabis sativa, vem ganhando destaque como terapia complementar para o autismo, especialmente por suas propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e anti-inflamatórias. Este estudo teve como objetivo revisar a literatura existente para avaliar os benefícios e limitações do uso do CBD em indivíduos com autismo. A metodologia consistiu em uma revisão integrativa da literatura, incluindo estudos clínicos, revisões e artigos científicos nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed publicados no período de janeiro de 2019 a outubro de 2024. A partir dos resultados obtidos, pode-se observar que o CBD pode contribuir para a redução de crises epilépticas e na melhoria da interação social de pacientes com autismo, além de diminuir comportamentos agressivos. No entanto, alguns efeitos adversos foram relatados em alguns estudos, como sonolência e alterações gastrointestinais, o que ressalta a importância do acompanhamento médico e farmaceutico no uso do CBD. Assim, observa-se que embora o CBD demonstre um potencial farmacológico como coadjuvante no tratamento do autismo, ainda são necessários mais estudos para avaliar sua eficácia e segurança a longo prazo e estabelecer protocolos de tratamento mais específicos.
Palavras-chave: Transtorno de Espectro Autista. Terapia alternativa. Autismo. Produtos naturais.
1 INTRODUÇÃO
O autismo, comumente referido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é um distúrbio do desenvolvimento neurológico que afeta a maneira como uma pessoa percebe e interage com o mundo ao seu redor. Desde sua descrição inicial por Leo Kanner em 1943 e Hans Asperger em 1944, o autismo tem sido objeto de intensa pesquisa e debate em diversas áreas, incluindo neurociência, psicologia, educação e saúde pública (Baio et al, 2018).
Globalmente, o autismo tem uma prevalência que varia significativamente entre regiões, sendo estimado entre 1% e 2% da população em alguns países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá e na maioria dos países europeus. Essas variações na prevalência podem ser atribuídas a fatores como diferenças nos critérios diagnósticos, métodos de coleta de dados e acesso aos serviços de saúde. Estudos internacionais revelam uma taxa de diagnóstico de TEA ligeiramente superior entre meninos em comparação com meninas, com uma razão estimada de 4:1 em países onde as estatísticas são bem documentadas (Pretzsch, 2019).
No Brasil, a prevalência variou por estado, com o Rio Grande do Sul registrando 3,31 casos por 10.000 habitantes, Santa Catarina com 3,94 casos por 10.000 habitantes e o Paraná com a mais alta prevalência de 4,32 casos por 10.000 habitantes, onde se destaca uma razão de 2,2 casos do sexo masculino para cada caso do sexo feminino entre os diagnosticados com TEA (Beck, 2017).
De acordo com a American Psychiatric Association (2021) uma das características centrais do autismo é a dificuldade na comunicação social e na interação interpessoal, podendo apresentar padrões restritos e repetitivos de comportamento, como rotinas inflexíveis e movimentos corporais repetitivos, conhecidos como estereotipias. Comumente o diagnóstico do TEA acontece na infância, seus sintomas variam significativamente de pessoa para pessoa e podem persistir ao longo da vida (Homercher et al., 2020).
Conforme Mimura, Ferreira e Pereira (2023) o tratamento do autismo tem avançado significativamente nas últimas décadas, mas, muitas pessoas afetadas continuam a enfrentar desafios significativos na gestão dos sintomas associados a essa condição. Dentre os inúmeros métodos terapêuticos o uso canabidiol (CBD) tem despertado interesse crescente como uma potencial abordagem complementar para ajudar a gerenciar os sintomas associados a essa condição complexa (Raz et al., 2022).
O CBD, um composto derivado da planta Cannabis sativa, tem despertado interesse devido às suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e ansiolíticas. Estudos preliminares sugerem que o CBD pode ser promissor no tratamento de sintomas associados ao autismo, como ansiedade, agressão, hiperatividade e comportamentos repetitivos. Essas descobertas oferecem esperança para indivíduos afetados pelo autismo, potencialmente melhorando sua qualidade de vida (Pretzsch, 2019).
No entanto, é importante ressaltar que a eficácia e segurança do CBD como tratamento para o autismo ainda estão em fase de investigação, visto que mais pesquisas clínicas controladas são necessárias para confirmar esses benefícios e determinar os protocolos de dosagem ideais. A complexidade do TEA e a variabilidade de sintomas entre os indivíduos exigem estudos robustos para compreender completamente o papel do CBD no manejo desses sintomas (Karhson; Hardan; Parker, 2016).
Além disso, questões éticas, legais e de regulamentação também precisam ser cuidadosamente consideradas. A natureza controversa da cannabis e seus derivados, juntamente com as leis e regulamentos que cercam seu uso, adicionam camadas de complexidade ao desenvolvimento e aplicação de tratamentos baseados em CBD para o autismo. Portanto, um enfoque multidisciplinar, envolvendo pesquisadores, clínicos, legisladores e a comunidade em geral, é crucial para avançar nessa área de estudo (Lattanzi et al, 2018).
Devido a necessidade de identificar abordagens terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pelo autismo, este trabalho visou analisar e identificar os benefícios e desafios associados ao uso do canabidiol como terapia complementar no autismo, contribuindo para pesquisas futuras bem como colaborar com informações que auxiliem na construção de políticas de saúde pública em relação ao autismo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Tratamento do Transtorno de Espectro Autista
O TEA é caracterizado por déficits na comunicação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento. O tratamento do TEA geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir terapias comportamentais, educacionais e farmacológicas. Nos últimos anos, o interesse no uso do CBD, um composto encontrado na cannabis, como terapia complementar para o TEA tem crescido, gerando debates sobre seus benefícios e desafios (Silva; Amâncio; Tolentino, 2023).
Dentre as principais abordagens terapêuticas, as terapias comportamentais, especialmente a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), são amplamente reconhecidas e recomendadas para crianças com TEA. ABA se baseia em princípios de aprendizagem e comportamento, utilizando reforço positivo para desenvolver habilidades e reduzir comportamentos inadequados (Consolini; Lopes; Lopes, 2019). Além dessas intervenções, é estimado que cerca de 75% dos pacientes com TEA recebam algum tipo de tratamento farmacológico, sendo eles utilizados principalmente para gerenciar sintomas associados ao TEA, como irritabilidade, hiperatividade e problemas de sono. Entretanto, apenas dois medicamentos foram aprovados pela agência reguladora de alimentos e medicamentos americana Food and Drug Administration (FDA), sendo eles a risperidona e o aripiprazol, que aplicados no controle de irritabilidade e agressividade nos pacientes de TEA a partir dos 5 anos de idade (Devane et al., 2019).
No Brasil, diferentemente da FDA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além de aprovar o uso da risperidona, também autorizou o emprego da periciazina para o controle de sintomas associados ao TEA. A risperidona é amplamente utilizada para tratar irritabilidade e agressividade em crianças e adolescentes com TEA, sendo um dos medicamentos mais treinados e recomendados para essa condição (Santos; Vieira; Marquez, 2024).
2.2 Cannabis Sativa e o Transtorno de Espectro Autista
Terapias complementares, como a utilização de canabidiol (CBD), têm se destacado, visto que estudos preliminares indicam que o CBD ajuda a reduzir sintomas comportamentais e melhorar a qualidade de vida de crianças com TEA (Almeida; Soares, 2022).
O uso do CBD como terapia complementar para o Transtorno do TEA está sendo cada vez mais explorado, e existem algumas evidências preliminares sugerindo benefícios potenciais (Tertuliano; Pereira; Sobrinho, 2021), porém determinar a dosagem correta de CBD é um desafio significativo, visto que a eficácia e a segurança do CBD dependem da dosagem, que pode variar amplamente entre indivíduos. Estudos como o de Shannon et al. (2019) ressaltam a importância de personalizar a dosagem com base nas necessidades individuais e na resposta ao tratamento e a falta de diretrizes padronizadas dificulta a administração do CBD de forma segura e eficaz.
Estudos indicam que o CBD pode ter efeitos positivos na interação social e na comunicação de indivíduos com TEA, como observado por Aran et al. (2019) que mostrou que crianças com TEA que receberam CBD apresentaram melhorias significativas na interação social e na comunicação verbal. Além disso, o CBD pode modular a atividade cerebral de modo a reduzir a ansiedade e os comportamentos repetitivos, promovendo um estado de maior calma e foco. Este efeito ansiolítico do CBD pode ser particularmente útil em situações de estresse social, comum entre indivíduos com TEA (Pretzsch et al., 2019).
Embora estudos tenham mostrado resultados promissores, é necessário um maior número de pesquisas controladas e randomizadas para confirmar tanto os benefícios quanto a segurança a longo prazo dessa abordagem terapêutica para entender completamente os benefícios e riscos do uso prolongado de CBD (Barchel et al, 2019).
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura do tipo observacional retrospectivo. A coleta de dados foi realizada por meio de consultas em três bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Para a estratégia de busca, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e adicionando o operador booleano AND, a busca foi realizada da seguinte forma: “Cannabis” AND “Transtorno de Espectro Autista”, resultando em cerca de 56 resultados.
Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre janeiro de 2019 e outubro de 2024, nos idiomas inglês e português, artigos completos e que abordassem a utilização do canabidiol no tratamento do autismo. Foram excluídos estudos que não apresentassem correlação com o tema, textos incompletos ou publicações duplicadas.
Os textos selecionados foram analisados e sintetizados de forma crítica, com o objetivo de discutir as informações pertinentes ao tema proposto para a revisão. Os dados coletados foram organizados em uma planilha no programa Excel 2020, onde foram registrados os nomes dos autores, ano de publicação e tema dos artigos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos artigos pesquisados (Figura 1), foram selecionados 07 artigos para compor esta revisão (Quadro 1).
Figura 1. Fluxograma de seleção dos artigos utilizados neste estudo.
Quadro 1. Artigos selecionados para a revisão integrativa do estudo.
Os tratamentos médicos convencionais para o TEA, como antipsicóticos atípicos e inibidores seletivos da recaptação de serotonina, são frequentemente utilizados para controlar sintomas comportamentais, mas podem acarretar efeitos colaterais significativos, como nefropatia e hepatopatia. Aproximadamente 40% das crianças com autismo não respondem a esses tratamentos padrão, o que motiva a pesquisa de alternativas, incluindo substâncias derivadas da Cannabis sativa, como o CBD, o qual demonstrou potencial para aliviar espasticidade, dor, distúrbios do sono, convulsões e ansiedade, interagindo com o sistema endocanabinóide e modulando respostas cognitivas e socioemocionais, além de aumentar os níveis de anandamida, um endocanabinoide frequentemente reduzido em pacientes com TEA (Ma; Platnick; Platnick, 2022),
O estudo conduzido por Efron et al., (2023) forneceu evidências preliminares de que o uso de cannabis medicinal, particularmente o extrato de planta inteira, pode ser eficaz para melhorar alguns sintomas do TEA, como comportamento disruptivo e responsividade social. A diferença nos resultados entre os grupos sugere que os componentes adicionais presentes no extrato de planta inteira, além do CBD e o tetrahidrocanabinol (THC – principal composto psicoativo encontrado na planta de cannabis responsável por causar a sensação de “euforia” ou “alta” associada ao uso da maconha), pode ter um papel importante no efeito terapêutico, possivelmente devido ao chamado “efeito entourage”, em que os compostos atuam sinergicamente.
Apesar dos achados positivos para certos sintomas, a ausência de diferenças significativas em áreas como estresse dos pais e distúrbios do sono, juntamente com os efeitos adversos observados (principalmente sonolência), ressalta a necessidade de cautela. A realização de estudos futuros com amostras maiores e delineamentos metodológicos mais robustos, incluindo análise de efeitos a longo prazo, será crucial para confirmar esses achados e entender melhor quais subgrupos de pacientes com TEA podem se beneficiar mais da CM, além de definir regimes de dosagem otimizados e minimizar efeitos adversos (Efron et al., 2023).
De acordo com Silva Júnior et al., (2024) a interação entre os fitocanabinoides da Cannabis sativa e o sistema endocanabinóide pode explicar os benefícios terapêuticos observados no tratamento de sintomas do TEA, como melhoras em comportamento, cognição e interação social. O fato de os receptores CB1 estarem amplamente presentes no cérebro sugere que o THC e o CBD podem influenciar diretamente processos neurobiológicos relacionados ao TEA, regulando a neurotransmissão e a plasticidade neuronal. Isso é especialmente relevante, dado que muitas das manifestações do TEA, como dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos, têm uma base neurobiológica.
No entanto, a variabilidade na composição dos fitocanabinoides e a diferença em como cada indivíduo responde ao tratamento indicam a necessidade de entender melhor o papel específico de cada composto, especialmente do THC e do CBD. A existência de efeitos adversos, mesmo que comuns e geralmente leves, sugere que o uso de CM deve ser cuidadosamente monitorado, com atenção especial para as dosagens e formulações mais adequadas. Pesquisas futuras devem focar em ensaios clínicos mais rigorosos para identificar subgrupos que possam se beneficiar mais do tratamento, bem como explorar os efeitos a longo prazo no desenvolvimento neuropsicológico de indivíduos com TEA (Silva Júnior et al., 2024).
Os fitocanabinoides, como o CBD, têm mostrado potencial terapêutico no tratamento de condições neurodesenvolvimento, inclusive o TEA. O CBD interage com receptores canabinoides e outros receptores, como TRPV1 e TRPV2, e pode aumentar os níveis de anandamida (AEA), aliviando comportamentos compulsivos e melhorando a interação social e a cognição em modelos animais. Além disso, o CBD possui propriedades anti-inflamatórias, reduzindo a ativação de células do sistema imunológico no cérebro (microglia) e diminuindo a expressão de mediadores inflamatórios (Babayeva et al., 2022).
Estudos de coorte recentes indicam que a cannabis medicinal rica em CBD pode ser eficaz, segura e bem tolerada no tratamento dos principais sintomas do TEA, incluindo irritabilidade e problemas de sono. A pesquisa sugere uma base biológica para esses efeitos, destacando as interações do CBD com o sistema endocanabinóide, onde atua como um modulador alostérico para o receptor CB1 e inibe a degradação dos endocanabinoides (eCBs), que são encontrados em concentrações mais baixas em indivíduos com TEA. Além disso, o CBD pode atuar em vários outros receptores não CB1, como os de serotonina e glicina, e influenciar vias que impactam a neurotransmissão, contribuindo para a redução de sintomas neuropsiquiátricos (Holdman et al., 2022).
Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, avaliou o extrato rico em CBD, administrado em baixa concentração (2,5 mg/mL) por meio de três gotas duas vezes ao dia, mostrou melhorias significativas em várias áreas do comportamento em crianças com TEA. Essas melhorias incluem maior interação social, redução da agitação psicomotora, aumento no número de refeições, diminuição da ansiedade e melhor concentração, sendo que as melhorias na concentração foram observadas apenas em crianças com sintomas leves. Os efeitos adversos relatados foram leves e temporários, indicando que o uso de CBD pode ser uma opção terapêutica segura e benéfica.
Holdman et al (2022) afirma que ao considerar opções de tratamento para pacientes com TEA, é crucial que os provedores avaliem o histórico do paciente, a gravidade dos sintomas e a segurança das terapias em questão. A cannabis medicinal rica em CBD apresenta-se como uma alternativa relativamente segura para aliviar sintomas comportamentais e comórbidos associados ao TEA, como convulsões e irritabilidade. Embora existam preocupações em relação ao uso recreativo da cannabis entre adolescentes, os benefícios potenciais da cannabis medicinal podem superar os riscos em muitos casos, especialmente quando apoiados por evidências de séries de casos não controlados que sugerem sua eficácia na população com TEA.
As evidências clínicas sobre os benefícios, riscos e efeitos do uso de CBD em indivíduos com TEA ainda estão em desenvolvimento. Um estudo observacional prospectivo em andamento no Hospital Infantil da Filadélfia, em colaboração com a Zelda Therapeutics (NCT03699527), visa criar um registro de crianças com TEA que utilizam cannabis medicinal, acompanhando sua história de uso e as concentrações de canabinoides em populações pediátricas. Desde 2016, três ensaios clínicos foram realizados para investigar os efeitos da CBD em indivíduos com TEA, incluindo um estudo que comparou a administração de uma única dose oral de CBD versus placebo, revelando que o CBD modula sistemas glutamato-GABA de maneira distinta em indivíduos com TEA, sugerindo que as respostas a medicamentos podem variar entre populações neurotípicas e neurodesenvolvimentais (Agarwal, Burke e Maddux, 2019).
Ademais, outros estudos também estão sendo conduzidos, como um ensaio randomizado duplo-cego controlado por placebo em Jerusalém, que investiga a eficácia de uma mistura de canabinoides com uma proporção de 20:1 de CBD/THC. Outro ensaio clínico em andamento examina os efeitos comportamentais da canabidivarina em crianças com TEA. Os resultados desses ensaios têm o potencial de fornecer suporte para recomendações baseadas em evidências sobre o uso de cannabis medicinal em pacientes com TEA (Agarwal, Burke e Maddux, 2019).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos apontam que, embora o CBD demonstre um potencial promissor na redução de sintomas como agitação, ansiedade e crises de comportamento agressivo, ainda existem lacunas significativas na literatura. Os estudos revisados mostram resultados encorajadores, mas a falta de padronização metodológica, a carência de ensaios clínicos de longo prazo e a diversidade de respostas individuais limitam a generalização dos achados.
Entre os benefícios observados, destaca-se a possibilidade de oferecer uma alternativa terapêutica para pacientes que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais. No entanto, a ausência de consenso sobre dosagens seguras e eficazes, os possíveis efeitos colaterais a longo prazo, e a regulamentação restritiva em muitos países são desafios que precisam ser superados para uma adoção mais ampla e segura dessa terapia. Dessa forma, é fundamental que mais pesquisas sejam realizadas com metodologias rigorosas e controladas, a fim de compreender melhor os efeitos e a segurança do CBD no tratamento de pessoas com autismo.
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1 Discentes do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário do Norte (UniNorte). e-mail: nayllamelissa@gmail.com
2 Pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Doutorado em Inovação Farmacêutica (PPGIF/UFAM). e-mail: tallita.machado@yahoo.com.br