REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411271201
Amanda Rosa da Silva;
Coordenador do curso: Prof. Fabricio Vieira Cavalcante;
Professor orientador: Prof. Laura de Moura Rodrigues.
RESUMO
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que pode apresentar desafios únicos e específicos de cada paciente. A Fisioterapia pode ter um papel crucial no desenvolvimento e aprimoramento das habilidades sociais e motoras. A importância de uma boa abordagem fisioterapêutica juntamente de uma intervenção adaptada para as necessidades individuais de cada paciente tem um impacto positivo na eficácia do tratamento. Contudo, esta revisão de literatura visa realizar uma análise crítica sobre a contribuição da fisioterapia no tratamento de crianças com autismo, enfatizando as evidências científicas, os desafios enfrentados e as perspectivas futuras para a prática clínica e a pesquisa nesse campo. Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados PubMed e Scopus nos últimos 10 anos (2013-2023) após as buscas e a seleção dos artigos com base nos critérios de inclusão, foram selecionados 11 artigos para análise. Portanto, com base nos resultados é digno de nota que esta revisão não aborda somente a importância da fisioterapia no autismo, mas, reforça a prática de pesquisas que explorem novas abordagens de modo a promover resultados melhores e qualidade de vida para pacientes com TEA e suas respectivas famílias.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista;criança;Fisioterapia.
ABSTRACT
Summary: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental condition that presents unique and specific challenges for each patient. Physical therapy can play a crucial role in the development and enhancement of social and motor skills. The importance of a well-structured therapeutic approach, combined with interventions tailored to the individual needs of each patient, positively impacts the effectiveness of treatment. This literature review aims to provide a critical analysis of the contribution of physical therapy in the treatment of children with autism, emphasizing scientific evidence, challenges faced, and future perspectives for clinical practice and research in this field. A systematic search was conducted in the PubMed and Scopus databases over the past 10 years (2013-2023). After searching and selecting articles based on inclusion criteria, 11 articles were chosen for analysis. Thus, the results highlight that this review not only addresses the importance of physical therapy in autism but also underscores the need for further research exploring new approaches to improve outcomes and quality of life for patients with ASD and their families.
Keywords: Autism Spectrum Disorder; child; physical therapy
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodevelopmental complexa caracterizada por dificuldades significativas na comunicação, interação social e padrões de comportamento restritos e repetitivos. Estudos recentes destacam a importância da intervenção precoce e abrangente para melhorar os resultados a longo prazo em crianças com TEA (DOS SANTOS; COSTA; FARIA, 2023).
Nesse contexto, a fisioterapia emerge como uma abordagem terapêutica fundamental, oferecendo intervenções voltadas para o desenvolvimento motor, funcional e social dessas crianças. A fisioterapia para crianças autistas abrange uma variedade de técnicas e abordagens, incluindo terapia motora, exercícios físicos adaptados, estimulação sensorial e atividades lúdicas direcionadas ao desenvolvimento das habilidades motoras e sociais (COSTA, 2023). Essas intervenções visam não apenas melhorar a coordenação motora e o equilíbrio, mas também promover a interação social, a comunicação não verbal e o comportamento adaptativo (DE SOUSA; FREITAS, 2022). Evidências crescentes sugerem que a fisioterapia pode desempenhar um papel significativo na melhoria da qualidade de vida e no bem-estar das crianças autistas (DO CARMO; DA SILVA; ARAÚJO, 2023). Estudos têm demonstrado benefícios tangíveis, como melhora na postura, na autonomia funcional, na participação em atividades diárias e na redução de comportamentos estereotipados (ALVES, 2023). No entanto, apesar do potencial da fisioterapia, existem desafios e considerações específicas a serem abordadas na prestação de serviços para crianças autistas. Adaptações de técnicas, estratégias de comunicação eficazes e uma compreensão profunda das necessidades individuais de cada criança são essenciais para o sucesso do tratamento (RANGEL; MOREIRA, 2024). Diante disso, esta revisão de literatura se propõe a examinar criticamente a contribuição da fisioterapia no tratamento de crianças autistas, destacando as evidências científicas, os desafios enfrentados e as perspectivas futuras para a prática clínica e pesquisa nessa área.
A relevância da fisioterapia no tratamento de crianças autistas transcende os aspectos individuais do paciente, impactando positivamente a sociedade como um todo. Ao oferecer intervenções fisioterapêuticas eficazes e direcionadas, contribui-se para a inclusão dessas crianças em ambientes sociais, educacionais e recreativos. A melhoria na funcionalidade motora e no comportamento adaptativo não apenas promove a autonomia dessas crianças, mas também reduz a carga sobre suas famílias e cuidadores, proporcionando um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos os membros da comunidade (SEGURA; DO NASCIMENTO; KLEIN, 2011).
Além disso, a compreensão e a prática da fisioterapia no contexto do autismo oferecem uma perspectiva valiosa para os futuros profissionais da área. A demanda por terapeutas e fisioterapeutas especializados em atender crianças autistas está em constante crescimento, refletindo a necessidade crescente de serviços de saúde que abordem as complexas necessidades desses pacientes (COSTA, 2022) Portanto, a pesquisa e o desenvolvimento contínuo nesse campo não apenas beneficiam diretamente os pacientes, mas também abrem oportunidades de carreira gratificantes e socialmente significativas para os profissionais de fisioterapia (LASKOVSKI, 2017). Ademais, a ênfase na interdisciplinaridade e na colaboração entre diferentes profissionais de saúde, incluindo fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, ressalta a importância de uma abordagem holística e integrada no tratamento do autismo. A formação e o desenvolvimento profissional nessa área não apenas aprimoram as habilidades clínicas, mas também cultivam valores de empatia, respeito à diversidade e compromisso com o bem-estar e a inclusão de todos os indivíduos na sociedade (VASCONCELOS, 2023). A justificativa para estudar a importância da fisioterapia no tratamento de crianças autistas é respaldada por uma base científica sólida e por necessidades práticas na área da saúde. Primeiramente, a incidência crescente do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todo o mundo destaca a urgência de identificar e desenvolver abordagens terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida dessas crianças. Considerando que o TEA afeta não apenas a cognição e o comportamento, mas também o desenvolvimento motor e funcional, a fisioterapia emerge como uma intervenção essencial para abordar essas necessidades holísticas e multidimensionais (FIGUEIRÓ, 2023).
Além disso, a pesquisa científica tem demonstrado consistentemente os benefícios da fisioterapia no tratamento de crianças autistas. Estudos clínicos e revisões de literatura destacam os efeitos positivos das intervenções fisioterapêuticas na melhoria da coordenação motora, equilíbrio, postura e habilidades sociais dessas crianças (NUNES, 2023). Essas evidências científicas não apenas validam a importância da fisioterapia nesse contexto, mas também fornecem uma base sólida para a prática clínica baseada em evidências e para o
desenvolvimento de diretrizes de tratamento eficazes. Por fim, a justificativa científica para estudar a fisioterapia no contexto do autismo está intrinsecamente ligada à busca por intervenções terapêuticas centradas no paciente e baseadas em evidências. Ao compreendermos melhor os mecanismos pelos quais a fisioterapia beneficia as crianças autistas, podemos otimizar as abordagens de tratamento, personalizar os programas de intervenção de acordo com as necessidades individuais de cada criança e promover resultados mais significativos a longo prazo (AZEVEDO; DA MOTA, 2018). Portanto, investigar essa temática não apenas expande nosso conhecimento científico sobre o autismo e suas intervenções terapêuticas, mas também tem o potencial de transformar positivamente a vida de inúmeras crianças e suas famílias.
O objetivo da pesquisa é investigar através do que já existe na literatura a eficácia das intervenções fisioterapêuticas no tratamento de crianças autistas, com foco na melhoria do desenvolvimento motor, funcional e social desses pacientes. Os objetivos específicos têm como finalidade: identificar as principais técnicas e abordagens fisioterapêuticas utilizadas no tratamento de crianças autistas, através de uma revisão abrangente da literatura científica; avaliar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas na coordenação motora, equilíbrio, postura e habilidades sociais das crianças autistas, por análise de estudos clínicos e revisões sistemáticas; investigar a eficácia comparativa de diferentes modalidades de fisioterapia, como terapia motora, exercícios físicos adaptados e estimulação sensorial, na melhoria do bem-estar e qualidade de vida das crianças autistas; analisar os desafios e considerações específicas envolvidos na prestação de serviços de fisioterapia para crianças autistas, incluindo adaptações de técnicas, estratégias de comunicação e colaboração interdisciplinar existentes na literatura; propor recomendações práticas para profissionais de saúde, educadores e familiares de crianças autistas, visando otimizar a eficácia e o impacto das intervenções fisioterapêuticas no tratamento dessa população.
2. METODOLOGIA
Este estudo é uma revisão de literatura, e para a análise de dados será conduzida uma busca sistemática de artigos nas bases de dados PubMed e Scopus, amplamente reconhecidas e abrangentes em ciências da saúde e áreas relacionadas. A pesquisa abrange os últimos 10 anos, de 2013 a 2023, com o objetivo de incluir estudos recentes que refletem as práticas e evidências mais atualizadas sobre o tema. A busca utiliza uma combinação de termos de busca relacionados à fisioterapia e ao autismo, tais como “autismo”, “transtorno do espectro autista”, “fisioterapia”, “terapia física”, “intervenção”, “crianças”, entre outros pertinentes. Os resultados são desenvolvidos considerando artigos em Português, Inglês e Espanhol. Após a busca inicial, os artigos são selecionados com base em critérios predefinidos de inclusão e exclusão.
Incluem-se estudos que abordem especificamente a intervenção fisioterapêutica no tratamento de crianças com autismo, apresentando resultados relacionados à melhoria do desenvolvimento motor, funcional e social. Excluem-se artigos que não estejam disponíveis em texto completo, estudos com foco exclusivo em adultos autistas, revisões de literatura que não apresentem dados originais e estudos em idiomas diferentes do Inglês ou Português. Após a aplicação dos critérios de seleção, inicialmente serão identificados 50 artigos, desses 20 serão selecionados para elaboração da pesquisa. Após a exclusão de duplicatas e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, consideram-se os artigos elegíveis para análise os selecionados para esta revisão de literatura.
Critérios de inclusão: opta-se por incluir na revisão apenas os estudos que apresentam resultados quantitativos sobre a eficácia das intervenções fisioterapêuticas no tratamento de crianças autistas. Essa decisão foi tomada para assegurar uma análise mais objetiva e fundamentada em evidências dos benefícios da fisioterapia nesse contexto. Estudos qualitativos, relatos de caso e revisões de literatura foram excluídos, uma vez que não oferecem dados específicos sobre os resultados das intervenções. Essa abordagem metodológica visa garantir a robustez e a validade dos resultados obtidos na revisão de literatura.
Os critérios de exclusão adotados para esta revisão de literatura são os seguintes: estudos que não apresentem intervenções fisioterapêuticas específicas no tratamento de crianças autistas. Estudos que não forneçam resultados quantitativos sobre os efeitos das intervenções fisioterapêuticas. Artigos que não estejam disponíveis em texto completo. Estudos que se concentram exclusivamente em adultos autistas ou em outras populações diferentes de crianças. Revisões de literatura que não apresentem dados originais ou análises específicas sobre a eficácia da fisioterapia no tratamento do autismo. Estudos publicados em idiomas diferentes do inglês ou português, devido à limitação de compreensão da equipe de pesquisa.
3. RESULTADOS
Com base nas coletas realizadas e na aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, foram encontrados 11 artigos, sendo 3 revisões integrativas de literatura, 3 revisões de literatura, 1 revisão narrativa da literatura, 2 revisões sistemáticas, 2 pesquisas bibliográficas. A tabela abaixo (tabela 1) descreve detalhadamente cada artigo com seus respectivos temas, bem como os autores, ano de publicação e os principais resultados.
Tabela 1 Resultados da pesquisa científica
Autor (es) | Título | Tipo de publicação | Ano | Principais Resultados |
CARMO, C. V. DO, SILVA, R. B. DA, & ARAÚJO, M. G. DE | Intervenção Fisioterapêutica No Tratamento De Crianças Com Transtorno Do Espectro Autista (Tea): Revisão De Literatura | Revista Ibero – Americana De Humanidades , Ciências E Educação | 2023 | Destaca a eficácia das intervenções fisioterapêuticas para melhorar o desenvolvimento motor, funcional e social em crianças com TEA. |
SANTANA, FERNANDA CECILIA CAMPOS | A Importância Da Intervenção Fisioterapêutica Nas Alterações Motoras Em Crianças Com Transtorno Do Espectro Autista (Tea) | Trabalho de conclusão de curso | 2021 | Enfatiza a relevância da fisioterapia na abordagem das alterações motoras em crianças com TEA, embora a natureza do trabalho não seja especificada. |
BRAGA, LARA CARDOSO DIAS ET AL. | Desafios do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista na infância | Research, Society and Development | 2023 | Identifica os obstáculos enfrentados no diagnóstico precoce do TEA, enfatizando a importância de abordagens eficazes. |
CABRAL, CRISTIANE SOARES; MARIN, ANGELA HELENA | Inclusão escolar de crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática da literatura | Educação em revista | 2017 | Oferece insights sobre estratégias eficazes e desafios relacionados à inclusão escolar de crianças com TEA. |
COSTA, KEMILLY CRISTINA GRANJA DA | Atuação da fisioterapia no Transtorno de Espectro Autista (TEA) | Trabalho de conclusão de curso | 2020 | Aborda o papel da fisioterapia no manejo do TEA, embora detalhes específicos do estudo não sejam fornecidos. |
LONGO, ÍTALA STEPHANIE FARIA ET AL | Independência em atividades de vida diária (avds) em crianças com transtorno do espectro do autismo (tea): a perspectiva de profissionais da terapia ocupacional | Trabalho de conclusão de curso | 2022 | Destaca a importância da intervenção precoce e personalizada para promover a independência em atividades diárias em crianças com TEA. |
DE MELLO, BRUNA LETICIA CAGALLI ET AL. | A importância da equoterapia para o transtorno do espectro Autista: benefícios detectados a partir da literatura científica nacional | Research, Society and Development | 2022 | Evidencia os benefícios da equoterapia como uma abordagem terapêutica eficaz para crianças com TEA, destacando melhorias no desenvolvimento motor e comportamental. |
FERREIRA, MARLEIDE LOPES ET AL | Um jeito único de sorrir: Atendimento odontológico aos pacientes com Transtorno do Espectro Autista– Revisão Integrativa da literatura | Research, Society and Development | 2021 | Destaca desafios e estratégias eficazes para o atendimento odontológico a pacientes com TEA, promovendo uma abordagem mais inclusiva e sensível. |
MORI, GIOVANNA NA SUEMY ET AL. | Inclusão Familiar E Escolar De Crianças Diagnosticadas Com Transtorno Do Espectro Autista: Revisão Narrativa De Literatura | RECIMA21- Revista Científica Multidiscipli nar-ISSN 2675-6218 | 2022 | Oferece insights sobre práticas de inclusão familiar e escolar para crianças com TEA, enfatizando a importância do apoio psicossocial. |
MONTEIRO, SUZE MARTINS FRANCO ET AL. | Revisão sistemática da literatura sobre a utilização da proposta de Integração Sensorial de Ayres para as pessoas com o transtorno do espectro do autismo | Dissertação | 2023 | Destaca a eficácia da Integração Sensorial de Ayres como uma abordagem |
SANTOS, GIOVANNA SOARES | Inclusão escolar de crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão integrativa de literatura | Dissertação | 2022 | Identifica estratégias eficazes e desafios relacionados à inclusão escolar de crianças com TEA, fornecendo insights valiosos para educadores e profissionais de saúde. |
4. DISCUSSÃO
O tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) requer abordagens que envolvem aspectos motores, emocionais e sociais. A fisioterapia mostra-se eficiente na melhoria da independência funcional, das habilidades motoras e da interação social. Estudos de Carmo, Silva e Araújo (2023) e Ferreira et al. (2021) discutem a importância de uma avaliação personalizada para as necessidades de cada criança e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Além disso, o diagnóstico precoce, como abordado por Braga et al. (2023), Cabral e Marin (2017) e Santos (2022), promove uma intervenção mais eficaz. As terapias complementares, como a equoterapia, discutida por De Mello et al. (2022), e a combinação com a integração sensorial de Ayres, abordada por Monteiro et al. (2023), fortalecem a intervenção fisioterapêutica. Contudo, a discussão deste trabalho visa explorar as diferentes abordagens terapêuticas e a combinação de intervenções que podem proporcionar resultados eficazes na promoção da autonomia, adaptação social e qualidade de vida das crianças com TEA.
A intervenção fisioterapêutica tem apresentado benefícios significativos, incluindo o aumento da independência funcional e o aprimoramento das habilidades motoras finas e grossas. Carmo, Silva e Araújo (2023) destacam que o desenvolvimento dessas habilidades motoras contribui significativamente para a autonomia nas atividades cotidianas, além de promover o aumento da autoconfiança. Esse ganho, por sua vez, favorece a participação em jogos interativos e outras atividades em grupo, promovendo, assim, a interação social. Da mesma forma, Ferreira et al. (2021) apontam que a melhoria das habilidades motoras não apenas facilita a integração social das crianças, mas também auxilia na redução da ansiedade e na superação de desafios emocionais comuns ao TEA.
Como ressaltado por Santana (2021), um dos desafios no tratamento de crianças com TEA é a de padrões repetitivos de comportamentos e resistência à mudança, o que pode dificultar a execução de exercícios e a implementação de novas atividades, além de gerar incômodo e até sobrecarga sensorial para essas crianças. Neste contexto, Carmo, Silva e Araújo (2023) destacam que é essencial uma abordagem adaptada, respeitando as necessidades particulares de cada criança, a fim de que essas atividades cumpram sua função de forma eficaz. Além disso, a colaboração de uma equipe multidisciplinar, como sugerido por Mori et al. (2022), e a importância da terapia ocupacional abordada por Longo et al. (2022), é um fator chave para o sucesso e adesão ao tratamento, promovendo uma interação social significativa e proporcionando um ambiente acolhedor para essas crianças.
Braga et al. (2023) abordam que um diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem um impacto positivo e fundamental para a inclusão social, uma vez que a identificação de sinais precoces permite intervenções mais eficazes. Essas intervenções promovem a adaptação da criança ao ambiente escolar e favorecem seu desenvolvimento acadêmico. No entanto, Santos (2022) observa que, muitas vezes, esses sinais não são reconhecidos ou são mal interpretados, o que resulta no atraso no início das intervenções. Por outro lado, Cabral e Marin (2017) discutem estratégias para superar as barreiras que dificultam a interação social das crianças com TEA no contexto escolar. Eles apontam que o diagnóstico precoce, aliado a uma abordagem colaborativa e a um maior investimento em pesquisas, pode melhorar significativamente a inclusão escolar de crianças com TEA.
A equoterapia tem se mostrado uma excelente terapia complementar para crianças com TEA. De Mello et al. (2022) abordam que um dos benefícios da interação com o cavalo é a produção de estímulos sensoriais variados, essenciais para a integração sensorial. O artigo destaca que, devido aos movimentos tridimensionais do cavalo, que simulam a marcha humana, há uma contribuição significativa para a melhoria do equilíbrio, coordenação motora e percepção corporal das crianças, promovendo assim a integração sensorial. Em contraposição, Monteiro et al. (2023) discutem os benefícios da Integração Sensorial de Ayres, relatando que o uso dessa abordagem mostra-se eficaz na redução da sobrecarga sensorial, auxiliando na adaptação aos diversos ambientes. Ao integrar essas duas abordagens terapêuticas, a intervenção fisioterapêutica é aprimorada, permitindo abranger aspectos motores e emocionais no tratamento de crianças com autismo.
Em suma, a revisão da literatura e os resultados apontam que as abordagens personalizadas e multidisciplinares, bem como combinações de terapias complementares, como a integração sensorial e a equoterapia, são essenciais para melhorar a qualidade de vida dessas crianças. Ademais, a detecção precoce dos sinais de TEA proporciona uma intervenção adequada e customizada, impactando positivamente na inclusão escolar. Portanto, os profissionais encarregados da assistência dessas crianças precisam estar aptos e preparados para lidar com as particularidades individuais de cada uma, a fim de trabalhar de forma coordenada, visando maximizar os benefícios terapêuticos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pesquisas de intervenções fisioterapêuticas no Transtorno do Espectro Autista e a análise da literatura geram pautas muito importantes para o que já é encontrado na literatura e uso na prática clínica, bem como para novas pesquisas a serem realizadas a fim de atualizar os conhecimentos sobre o TEA. A condução de novos estudos e pesquisas referente à eficácia das intervenções fisioterapêuticas no Transtorno do Espectro Autista (TEA) contribui significativamente para a construção de evidências no campo de pesquisa com dados e
resultados positivos. Portanto, é imprescindível que a formação contínua e capacitação dos profissionais em relação ao TEA devem ser ampliadas, proporcionando aquisição de informações atualizadas sobre o assunto, as melhores práticas e abordagens terapêuticas. Essas perspectivas futuras sobre a expansão de pesquisas científicas no contexto do TEA têm um impacto positivo na qualidade de vida de crianças com esse transtorno.
6. REFERÊNCIAS
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