VACINAS OCUPACIONAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/os102411271012


Thiago Martins Rodrigues Arico


SIGLAS e ABREVIATURAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
CEV Campanha de Erradicação da Varíola
CRIES Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais
Hib Haemophilus influenza tipo
BMS Ministério da Saúde
MT Medicina do Trabalho
NR Norma Regulamentadora
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial de Saúde
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PNI Programa Nacional de Imunizações
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
SCR vacina tríplice viral
SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho
SUS Sistema Único de Saúde


RESUMO

O presente estudo tem como finalidade discorrer sobre as vacinas ocupacionais, suas características vantagens e o papel do Médico do Trabalho na questão. Nesse contexto, analisam-se as suas características e benefícios gerados tanto ao trabalhador e ao empresário. São objetivos deste estudo buscar informar e esclarecer a respeito das melhores práticas de proteção dos trabalhadores contra os agentes infecciosos de doenças evitáveis por vacinas. Sabe-se que a vacinação é o procedimento médico que possibilita gerar maior impacto na redução da morbimortalidade. Observa-se que o enfoque principal da medicina do trabalho deve ser a manutenção da saúde geral do trabalhador e prevenção de doenças, agravos e acidentes. Busca-se assim, por meio deste estudo analisar as questões, visando estabelecer sumariamente diretrizes técnicas atualizadas para utilização de imunizações as atividades laborais. Por meio Norma Regulamentadora – NR 7, observa-se que a mesma estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com a finalidade de buscar a promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus respectivos trabalhadores. A partir do processo de imunização ocupacional busca-se uma redução significativa da morbidade e da mortalidade de doenças preveníveis por vacina entre os adultos. Ademais, a vacinação é de grande relevância, se levar em consideração que determinadas doenças imunopreveníveis apresentam uma maior incidência na população adulta. Assim com o presente estudo, busca-se apresentar as vacinas que são recomendadas para os adultos, bem como as suas principais características. A imunização ocupacional tem por objetivo reduzir a incidência de afastamentos do trabalho desnecessários, garantindo qualidade de vida aos trabalhadores e a sua família e economia para a empresa e do país. A metodologia empregada no presente estudo e a da revisão bibliográfica, sendo empregadas informações de artigos publicados em revistas, livros referentes ao tema.

Palavras-chave: Vacinação ocupacional; Trabalhador; Medicina do Trabalho.

ABSTRACT

This study aims to discuss the occupational vaccines, their advantages characteristics and role of the Occupational Physician in question. In this context, we analyze its characteristics and benefits generated both for the worker and for the entrepreneur. The objectives of this study seek to inform and clarify about the best practices for the protection of workers from the infectious agents from vaccine-preventable diseases. It is known that vaccination is a medical procedure that allows generate greater impact on reducing morbidity and mortality. It is observed that the focus of occupational medicine must be to maintain the general health of the worker and prevention of diseases, injuries and accidents. Search is so, through this study to analyze the issues, to establish summarily updated technical guidelines for use of immunizations work activities. By Norm – NR 7, it is observed that it establishes the obligation of design and implementation, by all employers and institutions that admit workers as employees, the Control Program Occupational Health (PCMSO), with purpose of pursuing the promotion and preservation of the health of all their workers. From the occupational immunization, process seeks a significant reduction in morbidity and mortality from vaccine-preventable diseases among adults. Moreover, vaccination is highly relevant, take into account that certain vaccine-preventable diseases have a higher incidence in the adult population. Therefore, with this study, we seek to introduce vaccines that are recommended for adults as well as its main features. Occupational immunization aims to reduce the incidence of sick leave unnecessary work, ensuring quality of life for workers and their families and savings for the company and the country. The methodology used in this study and the literature review, and used information from articles published in magazines, books on the topic.

Keywords: Occupational vaccination; Worker; Occupational Medicine.

1 INTRODUÇÃO

Considerando a saúde sob a ótica dos profissionais é altamente diversificada e apresenta diversos ramos relacionados a ela. Muito embora haja grandes esforços por parte dos órgãos governamentais em articular os meios de promoção da saúde, ainda falta interligação entre as redes de atendimento e uma filosofia de trabalho em comum para se obter os fatores determinantes de uma boa qualidade de vida para a população. Nota-se que essa articulação tem como finalidade primordial a aproximação dos oito elementos essenciais recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) desde 1978 por meio da Alma Ata, a saber: educação, suprimento de alimentos e nutrição adequada, abastecimento de água e saneamento básicos adequados, atenção materno infantil, planejamento familiar, imunização, prevenção e controle de endemias, tratamento apropriado de doenças comuns e acidentes e distribuição de medicamentos básicos1.

Em relação à Saúde do Trabalhador, observa-se que Brant e Melo2 leciona que a partir dos anos 70, por meio de uma prática social instituinte, surge o propósito essencial de buscar contribuir para a transformação da realidade de saúde dos trabalhadores. Assim, essa grande preocupação da saúde do trabalhador, ainda está relacionada às intervenções dos adoecimentos e acidentes de trabalho, estabelecendo uma ruptura com a concepção hegemônica da Medicina do Trabalho e com a Saúde Ocupacional que estabelecem necessariamente um vínculo causal entre a doença e um agente específico ou a um grupo de situações de risco presentes no ambiente laboral3.

Em relação ao processo de vacinação, observa-se que a população adulta do país não se dá conta de que sua cartela de vacinas deve ser atualizada periodicamente e que inúmeras vacinas não se encontravam disponíveis há alguns anos, o que induz à necessidade não só dos reforços, mas ainda da atualização das imunizações do adulto com o que se encontram disponível atualmente5.

A questão da vacinação de adultos, considera-se que a mesma busca atingir dois objetivos principais, sempre no sentido de reduzir a mortalidade precoce e a melhoria da qualidade de vida, a saber: a eliminação de doenças no país e a proteção individual3.

Nos dias atuais, nota-se que as doenças infecciosas são compreendidas como sendo um agravo a que estão expostos os trabalhadores de diversas atividades e algumas delas como geradora de prejuízos socioeconômicos para as empresas, citando a titulo de exemplo o caso da gripe. Esses fatos colocam a vacinação ocupacional como uma necessidade em todas as organizações5.

É necessário ressaltar que a produção de vacinas é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um processo de intervenções de saúde pública com maior impacto na prevenção de doenças infectocontagiosas e, por conseguinte, na saúde mundial3, 5.

A prática geral de vacinação culminou à erradicação do vírus da varíola no mundo e à eliminação da poliomielite nas Américas, possibilitando ao Brasil, o devido controle da rubéola congênita, do tétano neonatal, da difteria e do sarampo, e diminuiu drasticamente a incidência de coqueluche, rubéola, caxumba e meningite pelo Haemophilus influenzae do tipo B5.

Segundo descreve Barbosa5 existem quatro tipos de enfoques são essenciais no que se refere à atenção à saúde, ou seja: promoção e proteção da saúde, diagnóstico, tratamento precoce e reabilitação de possíveis sequelas.

No processo de prevenção das doenças infecciosas, as vacinas proporcionam amplos benefícios, o que ficou demonstrado em função da erradicação da varíola no mundo, da poliomielite e interrupção da circulação autóctone do vírus do sarampo nas Américas5.

Na prática da vacinação, ressalta-se que o esquema envolve diversos aspectos científicos e técnicos operacionais que envolvem necessariamente os agentes imunizantes e a pessoa a ser imunizada, e para isso se faz necessário que a equipe de vacinação esteja devidamente habilitada em relação a esses aspectos para que possa assumir decisões em situações diferentes das previstas nos manuais de normas técnicas5.

Dessa forma, a vacinação passou por diversas crises que muito influenciou e ainda continua influenciando na resistência e aceitabilidade em relação sua aplicação, considerando que muitas são as variáveis que fazem a população ter pensamentos diferentes em relação à importância da vacinação, especialmente das crianças. Questões demográficas, socioeconômicas, religiosas, científicas, políticas, falta de confiança devido acidentes apresentados nas primeiras campanhas, entre outras, marcaram os primeiros anos da história da vacinação no Brasil5.

Em decorrência do grande sucesso obtido na Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), verifica-se que uma corrente que defendia maiores investimentos para o controle de doenças infecciosas passíveis de prevenção por imunização, foi amplamente fortalecida neste período que se estendeu de 1973 a 1980, sendo que algumas iniciativas importantes possibilitam visualizar-se a construção de uma base técnica, política e institucional consolidada que somente nas décadas seguintes iriam ser consideradas ferramenta do Estado na busca do controle de determinadas doenças prevalentes no país6.

A literatura demonstra que levantamentos realizados por órgãos internacionais, realizados durante a consulta médica, demonstraram que cerca de 76% dos pacientes não completam os calendários básicos de imunização, e, destes, apenas 7% recebem a orientação adequada. Nota-se que essa falha no calendário vacinal de rotina torna necessário, em diversas situações, além disso o uso da imunização passiva, ou seja, a administração de anticorpos5

Nota-se que esse fato ocorre frequentemente nos casos de ferimentos ou de acidentes em hospitais, especialmente com material cortante. Situações essas, que demandam de procedimentos mais caros, como a administração de soros ou imunoglobulinas antitetânica e anti-hepatite B em caráter de urgência6.

É importante destacar que a atenção atribuída à informação sobre vacinas é, ainda, muito restrita, especialmente na formação dos profissionais de saúde. Não é raro que até mesmo muitos deles não tenham completado seus esquemas vacinais de forma adequada em prol do melhor desempenho laboral5.

Os profissionais de saúde apresentam uma função essencial no desenvolvimento de uma mentalidade norteada para as ações preventivas. Além disso, a avaliação de rotina do histórico vacinal, nos ambulatórios e consultórios, possibilita a minimização de custos sociais resultantes da ocorrência das doenças que não foram evitadas simplesmente pela desinformação. Dessa forma, compete ao médico a responsabilidade de prescrição da vacina para adultos e crianças. Sendo a sua obrigação informar o indivíduo sobre qualquer recurso disponível para a manutenção da sua saúde7.

Em relação à Saúde e Segurança do Trabalho, a vacina é uma das principais aliadas do serviço de saúde ocupacional porque possibilita, a partir de simples ações e de baixo custo, atingir os seus objetivos, ou seja: a saúde dos trabalhadores, com reduções drásticas do risco de absenteísmo. Ademais, um programa devidamente elaborado será verificado pelos colaboradores como mais um benefício e por parte da empresa é considerado como uma ferramenta que garante o ritmo de produção, evitando faltas, licenças temporárias por motivos de saúde e as aposentadorias precoces5.

Para Barbosa5 a vacinação deve, então, estar incluída entre as questões a serem trabalhados pelo serviço durante todo o ano e não apenas na Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT). Competindo ao médico do trabalho ser um vigilante das imunizações do grupo de trabalhadores.

É necessário enfatizar que a saúde ocupacional tem sido alvo de investimento e atenção das autoridades governamentais. Sendo quase impossível, atualmente imaginar uma empresa que não esteja aplicando o Programa Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Dessa forma, as campanhas educativas objetivando a melhoria da saúde do trabalhador são grandes incentivadas e assuntos tais como a obesidade, as doenças do coração, a HIV, e a saúde da mulher, entre outros mais, já fazem parte do cotidiano das grandes organizações7.

Dessa forma, a indicação de vacinas, como forma de minimizar os riscos ocupacionais em relação a contrair as doenças infecciosas a que estão expostos diversos grupos profissionais, também deve integrar o conjunto de medidas preventivas5

Por conseguinte, recomenda-se aos médicos do trabalho que, em suas preocupações profissionais e éticas, incluam necessariamente o acompanhamento do estado vacinal dos trabalhadores sob seus cuidados, objetivando assegurar a permanente atualização das mesmas7.

Dessa forma o tema do presente estudo se refere a Imunização Ocupacional, sendo que a referida questão em analise busca apresentaras principais vacinas a serem ministradas aos trabalhadores e inseridas no PCMSO. Considerando que a imunização ocupacional reflete necessariamente no bem estar do individuo e parta empresa em função da redução do absenteísmo e presenteísmo.

O mesmo apresenta como objetivos gerais apresentar a importância da vacinação ocupacional e de que forma a mesma resulta em benefícios para a organização e aos colaboradores.

Como objetivos específicos busca-se demonstrar a Importância da vacinação do trabalhador; Analisar a responsabilidade médica na prevenção com imunizantes; Determinar quais são vacinas a serem estabelecidas no PCMSO.

Em relação a justificativa da realização do presente estudo ressalta-se que o enfoque principal da medicina do trabalho se refere especificamente à manutenção da saúde geral do trabalhador e prevenção de doenças, agravos e acidentes. Neste contexto, ressalta-se que todos os tipos de imunizações devem ser considerados de interesse ocupacional, em função de que o trabalhador é o próprio ontológico, somente diverso de outrem pela atividade laborativa específica. É o todo um organismo complexo, exposto a diversas condições naturais, psíquicas e sociais que podem leva-lo a adoecer.

Por conseguinte, as condições de saúde estão atreladas às características do setor econômico onde se insere o trabalhador, bem como a seu grau de qualificação e remuneração na hierarquia funcional. Por conseguinte, observa-se que uma das principais dinâmicas de atuação, no que se refere à prevenção da saúde do trabalhador, são as constantes campanhas de vacinação que estes colaboradores são constantemente incentivados a participarem na organização.

Assim o estudo se justifica pela relevância do tema em questão, considerando que todo esquema de vacinação dever ser aplicado segundo as normas vigentes a nível nacional e internacionais, considerando que o trabalhador deve receber todas as informações necessárias sobre as mesmas.

Apresenta-se como hipótese de estudo o fato de que as vacinas ocupacionais asseguram uma melhor condição de vida aos colaboradores bem como resulta em lucro para a organização em função da redução do absenteísmo.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia de pesquisa empregada no presente estudo e a da revisão da literatura assim, sendo a pesquisa bibliográfica a principal fonte. Assim, serão utilizadas informações de artigos publicados em revistas, livros especializados e tudo que possa ser útil no desenvolvimento deste trabalho. Em relação a abordagem dos resultados será básica à medida que o mesmo terá como único fim a ampliação dos conhecimentos. Qualitativa, buscando apreciar a realidade do tema em análise.

Em relação aos seus objetivos, ressalta-se que a mesma é descritiva, visto que a busca-se descrever, explicar, classificar, esclarecer o problema apresentado. Bem como exploratória, visto que têm por finalidade o aprimorar as ideias por meio das informações sobre o tema em análise.

Para a revisão bibliográfica, foram consultadas as bases de dados, tais como Lilacs, Medline, SciELO, Portal da Capes, PubMed e Bireme, empregando-se descritores específicos ao tema em análise, ou seja, imunização laboral, imunizações ocupacionais, patologias laborais, doenças do trabalho, realizando as buscas entre os anos de 1990 a 2015, sendo encontrados 46 trabalhos no âmbito da patologia do trabalho e nenhum referente a imunização, sendo empregado outras fontes de pesquisas como livros, artigos, teses e monografias publicadas e encontras na rede mundial de informação (internet) e selecionado os trabalhos de maior relevância sobre o tema, sendo localizado 65 trabalhos e selecionados 42 no presente estudo em função da sua relevância e tratando especificamente do tema em análise: “vacinas ocupacionais”, especialmente nas línguas inglesa e portuguesa.

A pesquisa bibliográfica deste trabalho foi elaborada de acordo com o esquema de leitura cujos princípios são análise textual, temática, interpretativa, e problematização e síntese pessoal

3 REVISÃO DA LITERATURA

Almeida23 ressalta que nas décadas de 30 a 50 do século XX foram segundo a literatura, essenciais para a formulação de políticas públicas norteadas para o trabalhador, especialmente as políticas especificas à saúde do trabalho/trabalhador.

Assim, nesse contexto que surge um novo conceito para a medicina do trabalho, posto que antes, segundo descreve Mendes12, a atribuição do médico do trabalho era similar à de um clínico que atuava dentro da fábrica.

Sendo que atualmente, a medicina pode ser definida como24:

(…) a especialidade médica que lida com as relações entre a saúde dos homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente a prevenção das doenças e dos acidentes do trabalho, mas a promoção da saúde e da qualidade de vida, através de ações articuladas capazes de assegurar a saúde individual, nas dimensões física e mental, e de propiciar uma saudável inter-relação das pessoas e destas com seu ambiente social, particularmente, no trabalho (p. 01).

Observa-se que essa definição resulta, essencialmente da “Recomendação 112”, especifica sobre “serviços de medicina do trabalho”, aprovada, em 1959, pela Conferência Internacional do Trabalho, promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da qual o Brasil é signatário37.

Nota-se que o texto desse documento enfatiza algumas características, que possibilitam compreender devidamente a dimensão e atuação da medicina do trabalho, em função der que, é um serviço, destinado a:

(…) a assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; – contribuir à adaptação física e mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em lugares de trabalho correspondentes às suas aptidões; – contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem estar físico e mental dos trabalhadores25.

Muito embora, Vasconcelos26 destaca que por mais que a medicina do trabalho formule que parte da sua função é buscar a adaptação do trabalho ao homem, participa do papel inverso, em parceria com a higiene do trabalho, fazendo com que o ambiente e o processo de trabalho tornem-se algo que pode até ser gerenciado, mas não pode ser transformado.

Nesse caso, cabe problematizar e questionar as raízes epistemológicas do conceito atual de medicina do trabalho e de como vem sendo definido a sua função, posto que, segundo Vasconcellos e Pignati27 descrevem que:

A rigor, a Medicina do Trabalho deveria ser a especialização médica que visa a aprofundar o olhar médico para aquelas enfermidades que, originadas na relação trabalho-saúde, pudessem em ato médico continuado e coerente alcançar o “bem” finalístico da medicina ciência. Não é, contudo, esta a finalidade da Medicina do Trabalho, posto que sua posição institucional não é a de tratar e, em consequência, buscar o “bem” do paciente, mas antes, ao avaliar a capacidade física do trabalhador de poder continuar ou não trabalhando, muitas vezes o ato médico se traduz na devolução do paciente às fontes determinantes de seu mal-estar original. (…). A Medicina do Trabalho, ao contrário, atua como braço de perpetuação da hegemonia dos processos de sustentação dos determinantes dos danos na relação saúde-trabalho ao legitimá-los, na medida de sua atuação como elemento filtrante da aferição da intensidade dos danos à saúde. De outra forma, também, diante dos riscos presentes nos ambientes e processos de trabalho, a Medicina do Trabalho age como elemento “científico” ao corroborar e auxiliar no aperfeiçoamento e na utilização de equipamentos que transferem ao corpo do trabalhador a responsabilidade de proteção contra os riscos: equipamentos de proteção individual. Além disto, a Medicina do Trabalho atua como sensor de avaliação do nível de agentes físicos e químicos tóxicos, estabelecidos em normas – limites de tolerância de exposição no ambiente de trabalho (p. 11).

3.1 Saúde Ocupacional

A questão da relação entre trabalho e saúde observa-se que Cohn e Marsiglia42, lecionam que, a questão das doenças resultantes das condições de trabalho tem sido objeto de grandes debates entre profissionais de saúde e trabalhadores, especialmente a partir de suas organizações sindicais e têm sido elemento de regulamentação por meio de legislação específica37.

Observa-se que até o século passado, a medicina do trabalho, não era entendida como sendo um campo específico. Nessa trilha, Vasconcelos26 ressalta que, somente nos primeiros anos do século XXI, a partir da definição de um determinado conjunto de doenças entendidas como decorrentes da atividade laboral, passou a haver um reconhecimento desse campo diferenciado, muito embora, Laurell28 e Mendes29 descrevem que a medicina do trabalho privilegiou a atenção aos acidentes de trabalho bem como às doenças profissionais relacionadas com um agente nocivo específico encontrado em determinado ambiente laborais37

Por conseguinte, a medicina do trabalho tratou de conceituar “doenças” a partir de determinado agentes ambientais e caracterizou uma área conceituada como saúde ocupacional37.

Assim, Mendes e Dias25 lecionam que a “saúde ocupacional” nasce, especialmente, dentro das grandes empresas, a partir da organização de equipes multiprofissionais, e a ênfase na higiene “industrial”, a qual reflete a origem histórica dos serviços médicos. Indo de encontro à expectativa mecanicista tanto de promover a “adaptação” do trabalhador ao trabalho, bem como ao princípio basilar da “manutenção de sua saúde” e transparece a relativa impotência da medicina do trabalho para intervir diretamente sobre os problemas de saúde causados pelos processos de produção.

Ainda os referidos autores, enfatizam que em resposta, a esse quadro, surge políticas públicas direcionadas para a medicina do trabalho. Segundo a qual implementa-se uma resposta que se mensura-se na ampliação da atuação médica direcionada ao trabalhador, pela intervenção sobre o ambiente, com o instrumental propiciado por outras disciplinas e profissões. Além disso o objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho25.

Dejours30 polemiza que o trabalho não precisa ser necessariamente nocivo, ou seja:

(…) quando o trabalho é livremente escolhido e quando sua organização é bastante flexível para que o trabalhador possa adaptá-la a seus desejos, às necessidades de seu corpo e às variações de seu estado de espírito. É, portanto fundamental ressaltar que o trabalho não é forçosamente nocivo para a saúde. Ele pode ser tolerável; pode mesmo ser francamente favorável à saúde física e mental (p. 7 – 11).

3.2 Vacinas – histórico

Desde meados do século XVIII, que felizmente formalizou-se o uso do processo de imunização por meio de vacinas, como sendo um instrumento da medicina preventiva. Desse principio histórico até os dias atuais, nota-se que a ciência percorreu uma longa e tenebrosa caminhada, mas sendo este indiscutivelmente um dos grandes fatores de contribuição para o aumento da expectativa de vida. Entretanto, o que se observa é que as doenças infectocontagiosas ainda são responsáveis pela mortalidade de milhões de pessoas, indistintamente de sexo, raça, cor etc.8

Entretanto, o que se verifica é que, inúmeros desafios se fazem presente ainda hoje, e devem ser enfrentados além da problemática se localizam apenas no âmbito médico-científico, inserem-se ainda as questões culturais, da economia e da política social. Por conseguinte, é necessário democratizar o acesso aos imunizantes e espargir o conceito de prevenção9

Destaca-se dessa fora a devida relevância na busca de uma ampla interação entre os diversos setores da sociedade. Agora que a imunização de crianças já alcançou várias conquistas e que a cultura médica e da população permite uma cobertura vacinal perto da ideal para essa faixa etária, é possível voltar à atenção para a prevenção de doenças infecciosas na idade adulta9.

A origem da vacina teve seu início em 1796, com Edward Jenner, médico inglês que descobriu a vacina contra a varíola. Um século, após Jenner ter feito sua descoberta, Luiz Pasteur encontrou a possibilidade de se produzir vacinas, inativando os microrganismos produtores de doenças, tais como o carbúnculo e o vírus da Raiva. Nesse contexto, observa-se que no Brasil, Oswaldo Cruz lutava contra a ignorância sanitária das pessoas de sua época, que necessariamente, se opunha a denominada vacinação obrigatória contra a varíola, apesar de muitos percalços, conseguiu erradicar a febre amarela, e, finalmente em 1979, a varíola foi oficialmente erradicada do mundo10

Ainda, no contexto histórico, pode-se ressalta inúmeras outras vitórias foram obtidas na esfera da vacinação, durante todo o século XX, até que na década de 90, atingiu-se um patamar de imunização de 80% das crianças do mundo todo contra seis enfermidades preveníeis por vacina. Consequentemente, em decorrência direta do desenvolvimento da biologia molecular e da biotecnologia, nota-se que ocorreu um célere crescimento do número de vacinas disponíveis e os cientistas acreditam que o futuro da vacinologia encontra-se nos genes10.

Durante todo o século XX continuou sendo produzindo outras vacinas e as campanhas de imunização coletiva demonstram resultados satisfatórios, ou seja10

a) Erradicação da poliomielite do continente americano (no Brasil o último caso ocorreu em maio de1989); 
b) Interrupção da transmissão autóctone do sarampo em muitos países;
c) Erradicação de doenças invasivas por Hib (Haemophilus influenza tipo B) em vários países.

O que se verificava naquele período é que no Brasil como um todo, principalmente no Rio de Janeiro, no início do século XX, se verificava a presença de grande insalubridade. Verifica-se que a prevenção da peste bubônica era realizada com vacina antipestosa e o tratamento com soro antipestoso, que vinham da Europa e era considerado como se fossem produzidos no país16. O que levou a conclusão de que era imprescindível a criação de um instituto soroterápico, sendo o responsável técnico o Dr. Oswaldo Cruz8.

Os objetivos primordiais do instituto eram os seguintes:

a) Erradicar a febre amarela;
b) Erradicar a peste bubônica; e
c) Erradicar a varíola.

A descoberta maior foi à confirmação de que o vetor de transmissão da febre amarela era por meio do mosquito Aedes aegypti. Dessa forma, a profilaxia a ser empregada era a eliminação dos focos deste mosquito, bem como a destruição de suas ninfas e larvas e respectivamente do seu criadouro, ou seja, a água parada16

Na mesma trilha, determinou-se que a peste bubônica era transmitida por meio de pulga derivadas do rato, nesse caso a profilaxia, então, consistia em eliminar esses roedores e os locais e formas de proliferação, principalmente o lixo urbano. Em relação à varíola, já existia há tempos a vacina antivariólica16.

Entretanto, as medidas tomadas por Oswaldo Cruz foram ferozmente combatidas pela ignorância sanitária da época, muito se opuseram inclusive à vacinação obrigatória contra a varíola, fato este que não ocorreu somente no Brasil, mas também pode-se se verificar na Europa14-15

Em relação ao Brasil, nota-se que desde 1837 existe uma lei prevendo a imunização compulsória das crianças contra a varíola. No ano de 1904, Oswaldo Cruz, envia ao governo enviou ao Congresso projeto, instituindo a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola. 

É importante destacar que a campanha de vacinação obrigatória é posta em prática em novembro de 1904. Muito embora o objetivo primordial fosse positivo, a medida foi aplicada de forma autoritária e violenta por parte do governo, visto que em muitos casos os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta na população. Destaca-se que a revolta da população ocorreria visto a grande maioria da população não conhecia o que era uma vacina e tinham medo efeitos secundários16.

Nesse sentido, o que se verifica é que a revolta popular aumentava gradativamente a cada dia, estimulada ainda, pela crise econômica que assolava o país: desemprego, inflação e alto custo de vida, bem como em relação à reforma urbana que retirou a população pobre do centro da cidade, derrubando vários cortiços e outros tipos de habitações mais simples17.

Ainda segundo o referido autor, as manifestações populares e conflitos espalham-se pelas ruas da capital brasileira entre os dias 10 e 16 de novembro do mesmo ano. Por essa revolta, os populares destroem bondes, apedrejam prédios públicos e espalham o caos pela cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, em 16 de novembro de 1904, o então presidente Rodrigues Alves revoga a lei da vacinação obrigatória, colocando nas ruas o exército, a marinha e a polícia para acabar com os tumultos17.

Atualmente, encontra disponíveis vacinas que geram imunidade ativa, ou seja, o sistema imunitário do organismo vivo responde de forma ativa a vacina, contra mais de 20 moléstias transmissíveis aproximadamente, tais como o tétano, difteria, coqueluche e sarampo entre outros9.

Na década de 90 conseguiu-se imunizar aproximadamente 80% das crianças do mundo contra seis enfermidades evitáveis por vacina, atingindo-se os objetivos previamente estabelecidos para imunização global das crianças5. Infelizmente outras enfermidades, tais como: AIDS, hepatite C, dengue, malária e outras patogenias infecciosas graves não possuem vacinas eficazes para preveni-las16.

Em relação aos aspectos econômicos, os programas de imunização são de custam elevados, entretanto não são tão caros em se comparando com os custos de tratamento de cada doença infecciosa por longo tempo, sendo que essas doenças são previníveis pela vacina. Ponderando-se todos os cálculos, obtêm-se a seguinte conclusão, ou seja9:

A vacinação é uma forma econômica de manter crianças e adultos saudáveis. Nestas estimativas podemos incluir todos os demais custos das doenças, que vão desde o valor do trabalho perdido pelos familiares, empresas, até os custos incalculáveis do sofrimento e das vidas perdidas. Os benefícios que reportam os programas de imunização seriam, todavia, mais evidentes (p. 111).

Para Barsanti6 determinadas doenças, tais como a gripe, hepatite A e B, tétano, podem produzir altas taxas de absenteísmos nas empresas. Por conseguinte, imunizando os colaboradores contra estas doenças é uma forma de assegurar a qualidade de vida aos trabalhadores e a sua família e economia para a empresa 

A saúde ocupacional tem sido alvo de investimento e atenção das autoridades governamentais. Atualmente, é impossível imaginar uma empresa que não esteja inserida no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)11.

Assim, a saúde do trabalhador, de forma esquemática, pode-se dizer que a características de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, atualmente, caracteriza-se pela coexistência de: determinados agravantes que têm relação especifica com as condições de trabalho bem como em relação aos acidentes do trabalho típicos e as denominadas doenças profissionais, ou seja, aquelas doenças que têm sua frequência, surgimento ou gravidade alterada pelo trabalho, denominadas “doenças relacionadas ao trabalho”; e ainda, em relação às doenças comuns ao conjunto da população, que não preservam uma relação de causa com o trabalho, mas condicionam diretamente a saúde dos trabalhadores12.

É evidente que as doenças infectocontagiosas imunopreveníveis interpõem-se a estes três grupos de agravos à saúde dos trabalhadores, isto é, existem e coexistem na forma como o próprio Ministério da Saúde sistematiza estas inter-relações. Daí a importância de sua ocorrência e, mais do que isso, sua prevenção por meio de campanhas educativas objetivando a melhoria da saúde do trabalhador, aliados a temas como alimentação, obesidade, doenças do coração, a AIDS e a saúde da mulher, entre outros, já fazem parte do cotidiano das grandes empresas brasileiras13.

Cita-se ainda que a indicação de vacinas, como forma de minimizar o risco de se contrair as doenças infecciosas a que estão expostos vários grupos profissionais, também deve integrar o conjunto de medidas preventivas. Por conseguinte, recomenda-se aos médicos que, em suas atividades profissionais e éticas, incluam no cotidiano das organizações, o acompanhamento do estado vacinal dos trabalhadores sob seus cuidados, visando a permanente atualização das mesmas12.

Destaca-se que a imunização ocupacional tem por finalidade primordial a redução da incidência de afastamentos do trabalho desnecessários, assegurando dessa forma a qualidade de vida aos trabalhadores bem como de sua família e ainda gera grande economia para a empresa, diretamente em função da redução de absenteísmo13

Nesse contexto, destaca-se que estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde demonstram que para cada dólar gasto em prevenção da população há uma economia de 60 dólares gastos em tratamento. Destaca-se que somente, o impacto econômico costuma ser mensurado baseado nos custos dos atendimentos médicos e das referidas hospitalizações, aliados a compra de medicamentos e consequente redução da produtividade no trabalho, o que gera perdas para as empresas, decorrentes tanto do absenteísmo, seja pelo adoecimento do trabalhador ou de um dependente, tipo mães que necessitam ficar com seus ficar com seus filhos que adoecem, por exemplo, ou pelo presenteísmo, onde se observa uma determinada situação onde o trabalhador “marca o ponto”, mas sua capacidade laboral é mínima, em decorrência do mal-estar ocasionado pela gripe, ou outra infecção13

É importante ressaltar que a imunização de interesse ocupacional é tema novo dentro das empresas e da medicina laboral, em função de que as vacinas foram descobertas e depois aprimoradas para a prevenção das doenças. Conforme mencionado anteriormente, as vacinas forma empregadas inicialmente, no início somente em crianças e atualmente são amplamente aplicadas em idosos, adultos e gestantes8.

Em relação às empresas, as vacinas foram introduzidas no âmbito dos trabalhadores, visando melhorar a saúde dos trabalhadores e de seus respectivos familiares, por conseguinte, melhora a qualidade de vida e reduz o absenteísmo dos empregados15.

3.3 Vacinas ocupacionais

As vacinas foram descobertas e depois aprimoradas para a prevenção das doenças, sendo empregadas inicialmente somente em crianças e atualmente são amplamente recomendadas para todas as faixas etárias, ou seja: idosos, adultos e gestantes. Em relação ao âmbito laboral, a vacina foi introduzida nas empresas para melhorar a saúde dos trabalhadores e de seus familiares. Consequentemente, melhora a qualidade de vida e reduz o absenteísmo dos empregados13.

Nesse contexto, cita-se que as principais vacinas de interesse ocupacional, são os referentes à imunização contra a caxumba, difteria, doença pneumocócica, febre amarela, raiva, sarampo, tuberculose, hepatite A, hepatite B, rubéola, tétano, gripe, meningococo A e C e varicela13, 16

Especificamente sob o ponto de vista da Medicina do Trabalho e, em especial, sobre os serviços de saúde das empresas, o objetivo primordial é assegurar que o trabalhador se veja protegido e saudável, menos suscetível a doenças evitáveis por meio de vacinação e não venha necessariamente a despender dos recursos para apenas tratar trabalhadores enfermos. Dessa forma, observa-se que a manutenção da saúde deve ser a finalidade de qualquer sistema de saúde, que venha a empregar de todos os artifícios da medicina preventiva para minimizar o máximo possível, aos grandes custos decorrentes do atendimento da doença5.

Para Resende8, os objetivos fundamentais da vacinação nas organizações são:

a) Prevenir doenças relacionadas diretamente às condições e a ambientes laboral;
b) Prevenir doenças que interferem diretamente na capacidade produtiva dos trabalhadores.
c) Prevenir doenças repetidamente encontradas na comunidade e que podem afetar o trabalhador e seu ambiente de trabalho.

Segundo os referidos autores, a vacinação em trabalhadores adultos saudáveis demonstrou, em diversos estudos que os trabalhadores, sob as mais diversas condições, que a vacinação é uma intervenção custo-efetivo favorável as empresas bem como ao país que a adota como medida8

Assim, nas empresas, o mesmo tem sido demonstrado por meio da vacinação contra determinadas infecção tais como a produzida pelo vírus influenza; em relação às atividades laborais, a prevenção da hepatite B, especialmente nos profissionais da saúde; na prevenção da hepatite A nos manipuladores de alimentos e viajantes, bem como na vacinação contra febre amarela em trabalhadores com exposição ao vírus no ambiente de trabalho ou local de sua moradia. Por conseguinte, foram estabelecidos esquemas de vacinação específicos para cada atividade profissional, que são aplicados de acordo com o risco de exposição16.

Vacinando os trabalhadores, o que se objetiva, é a redução da possibilidade de ocorrer determinadas doenças imunopreveníveis nos trabalhadores e, portanto, construir um modelo que privilegia e reforça a saúde, com a minimização de custos diretos e indiretos gerados pelas diversas doenças e suas complicações. Da mesma forma, busca reduzir a probabilidade de surtos gerados a partir de uma infecção adquirida por trabalhador, cuja patologia infecciosa poderia ter sido adquirida em seu ambiente laboral ou fora dele18

Dessa forma, o aparecimento súbito destes surtos em uma empresa ou instituição, resulta na necessidade de reposição de força do trabalho, o que traz instabilidade emocional e muita ansiedade na sociedade onde ocorre o surto e na população em geral, ainda, representa altos custos para o atendimento médico e pelo absenteísmo no trabalho16.

Sob o ponto de vista dos trabalhadores, o processo de vacinação consiste na possibilidade de redução da probabilidade de adoecer, e, dessa forma, não causar despesas adicionais em decorrência às medidas de suporte, à aquisição de medicamentos e à perda de remuneração15, 18.

Atualmente, pode-se observar que não é raro encontrar em planos de saúde o credenciamento de clínicas de vacinações para redução da incidência das doenças imunopreveníveis, proporcionando mais saúde ao trabalhador; e estes passam a ter mais compromisso com a prevenção através de atitudes saudáveis e uma melhor qualidade de vida18.

Nesse contexto, Gomes19 et al mencionam que:

De modo esquemático, pode-se dizer que o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, na atualidade, caracteriza-se pela coexistência de: – agravos que têm relação com condições de trabalho específicas, como os acidentes do trabalho típicos e as “doenças profissionais”; (…) doenças que têm sua frequência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho, denominadas doenças relacionadas ao trabalho; e, (…) doenças comuns ao conjunto da população, que não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores (p. 05)

O que se pode observar é que a maiores causas de faltas ao trabalho são a gripe, tanto para homens e mulheres e doenças como catapora, rubéola especialmente para mulheres que têm filhos. Existe ainda, uma relação direta entre a diminuição do absenteísmo e o aumento da produtividade, sendo fundamental preservar a saúde do funcionário e de sua família29.

Deste modo, a medicina do Trabalho exerce uma função importante nas empresas ao operar na proteção da saúde do trabalhador. Observa-se que a sua atuação do Médico do Trabalho, não se restringe necessariamente à prestação de primeiros socorros e à assistência médica ao trabalhador, no entanto se faz necessário participar na gestão do seu negócio bem como nos ganhos de produtividade que a empresa obtém por ter um trabalhador em condições saudável para exercer suas atividades laborais. Dessa forma, destaca-se que o mesmo carece dos devidos recursos técnicos com eficácia comprovada que atinja o máximo de rentabilidade sobre o valor investido na preservação da saúde do trabalhador5, 19

Conforme destacado anteriormente, as vacinas são consideradas como uma das dez maiores descobertas da medicina no último século e são, juntamente à água potável e aos antibióticos, os responsáveis diretos pela redução da morbimortalidade e pelo crescimento da população. Ainda, em decorrência direta das pesquisas de DNA e biogenética, novas vacinas serão desenvolvidas visando ampliar seu lugar de destaque como facilitadoras na prevenção da saúde laboral e da mesma forma, atua como fornecedoras de qualidade de vida para os trabalhadores, visto que, além de prevenir as doenças e suas complicações, bloqueiam a contaminação da comunidade19.

Por fim, ressalta-se que a vacinação ocupacional gera impactos positivos na saúde, na responsabilidade social das empresas e na economia, iniciando por si só, um círculo virtuoso e produtivo de qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares5.

Entre os benefícios do programa de vacinação laboral para os colaboradores, destacam-se as seguintes19:

a) Redução da morbidade e da mortalidade.
b) Manutenção da saúde e maior satisfação no trabalho e vida familiar e social. Acesso às informações consistentes para uma vida mais saudável e feliz.
c) Condições comerciais especiais para a vacinação dos colaboradores da empresa e seus familiares.

E paras as empresas, pode-se ressaltar que as economias geradas, segundo dados estatísticos da Organização Mundial da Saúde, demonstram que para cada dólar gasto em prevenção gera-se uma economia de sessenta dólares gastos em tratamento. Aliados a esse fator, ocorre à minimização do Absenteísmo, que são o principal motivo de ausência laboral, principalmente em decorrência da gripe, indistintamente do sexo do trabalhador, e doenças como catapora, rubéola, sendo essa a causa principal para mulheres que têm filhos8.

Ainda, pode-se verificar a presença de uma relação direta entre a diminuição do absenteísmo e o aumento de produtividade, visto ser de grande relevância à preservação da saúde do funcionário e de seus familiares. Assim, a redução do presenteísmo, sendo este um conceito mais recente. O funcionário não falta, mas não produz o que deveria. As causas são a mesma do absenteísmo20.

Em relação às decisões sobre quais vacinas incluir nos programas de imunização, se faz necessário levar em consideração, os seguintes fatores: a probabilidade de exposição àquela doença bem como as consequências em potencial para os não-imunizados e o tipo de trabalho realizado pelo respectivos profissional5.

O que se verifica que é significante a morbidade e mortalidade de doenças preveníveis por vacinas entre adultos, visto que indivíduos que não tiveram difteria, tétano, caxumba, rubéola e sarampo na infância e não receberam as respectivas doses de vacinas, permanecem sobre risco de adoecer e desenvolver complicações e sequelas destas referidas doenças. Ademais, nota-se que a epidemiologia de hepatite por vírus A e B, gripe e doença pneumocócica, entre outras, demonstra que os adultos e os idosos apresentam risco significante de desenvolver essas doenças imunopreveníveis5.

Dessa forma, o uso adequado das vacinas minimiza significativamente a incidência de afastamentos do trabalho desnecessários, além de outros mais problemas relacionados ao controle de um surto de uma doença infecciosa que poderia ser prevenida pela imunização22.

Pela tabela 1, apresentam-se de forma sintética as vacinas recomendadas aos indivíduos adultos, principalmente às mulheres em idade fértil9

Tabela 1. Indicações para vacinação no adulto

Rotina
Difteria e Tétano (vacina dupla adulto)
Situações especiais
Febre amarela
Poliomielite
Hepatite por vírus B
Raiva
Peste
Sarampo
Rubéola
Caxumba
Febre tifóide
Meningite A e C
Cólera
Infecção por Haemophilus influenza e do tipo B
Doença pneumocócica
Hepatite por vírus A
PERSPECTIVAS
Hepatite por vírus não A não B
Gripe (por inalação)
Herpes genital
HPV
AIDS
Dengue
Malária

Fonte: Oliveira9

3.4 Das Vacinas incluída no PCMSO

A vacina é uma das principais aliadas do serviço de saúde ocupacional visto que possibilita, a partir de ações simples e de baixo custo, alcançar seu objetivo, ou seja, a saúde dos trabalhadores, com redução dos riscos de absenteísmo. Ademais, a instauração de um programa bem elaborado será percebida pelos funcionários como sendo mais um benefício e, pela empresa, como uma ferramenta que garanta o ritmo de produção, evitando faltas desnecessárias, licenças temporárias por motivos de saúde e as aposentadorias precoces5.

Ocorre que a vacinação deve, então, estar inserida entre os temas a serem trabalhados pelo PCMSO durante todo o ano e não apenas na Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, como ocorre em inúmeras empresas5.

Observa-se que nos Calendários Vacinais encontram-se a relação de vacinas de acordo com as recomendações e características especiais de cada faixa etária ou grupo. Ainda, é de responsabilidade profissional e ética de toda a equipe de saúde laboral estar devidamente informados sobre os antecedentes mórbidos e vacinais de seus colaboradores, objetivando orientá-los sobre doenças imunopreveníveis, com a finalidade de proteção individual e à redução do risco de dispersão de agentes infecciosos para a comunidade circunstante e geral5.

Destaca-se ainda que o calendário do Adulto tem como finalidade servir de orientação para a imunização ou atualização das vacinas dos adultos que, na infância, não foram corretamente imunizados nem contraíram, de forma inequívoca, doenças que podem ser prevenidas, como sarampo, varicela, meningite e as hepatites A e B8.

Em determinadas situações. Inúmeros indivíduos capazes e aptos ao desempenho de suas funções laborais apresentam determinadas condições de saúde que os tornam mais vulneráveis a possíveis infecções ou, uma vez infectados, apresentam um risco elevado de complicações. Nessa categoria estão encontram-se indivíduos vivendo com HIV, os indivíduos transplantados (de órgãos ou tecidos), pessoas em uso de medicação imunossupressora e as portadoras de condições ou doenças crônicas, como diabetes, pneumopatias ou cardiopatias9.

Dessa forma, esses colaboradores deverão ser objeto de considerações especiais no que se refere à vacinação.

3.5 Fundamentos imunológicos

Observa-se que o processo imunológico pelo qual se desenvolve a proteção atribuída pelas vacinas abrange um determinado conjunto de mecanismos através dos quais o organismo humano reconhece uma substância como estranha, para posteriormente metabolizá-la e/ou eliminá-la8.

Observa-se que a resposta imune do organismo às vacinas depende necessariamente de dois fatores primordiais34

a) Os intrínsecos às vacinas; e
b) Os relacionados com o próprio organismo. 

O termo imunidade denota proteção. Todos os indivíduos normais são dotados de mecanismos anti-infecciosos inespecíficos, que os resguardam parcialmente contra as infecções e doenças9.

Segundo Rezende et al8.

Em relação à imunidade específica, sendo esta ativamente adquirida, demanda necessariamente de estímulo prévio para se desenvolver, podendo resultar em processos infecciosos subclínica ou de doença onde o indivíduo se curou, ou ainda em função de estímulos provocados por antígenos específicos (substâncias próprias dos agentes infecciosos, que o organismo acometido reconhece como substâncias estranhas) (p. 41) 

Dessa forma, a resposta imune específica provocada por antígenos gera comumente certa proteção de caráter duradoura contra o agente ou a substância em que estão presentes os antígenos pelos quais o organismo foi estimulado anteriormente5

A imunidade passivamente adquirida e atribuída ao recém-nascido por meio da inoculação de anticorpos que atravessam a placenta durante a vida intrauterina, por anticorpos presentes no leite materno e no colostro, e pelos anticorpos contidos nas imunoglobulinas humanas administradas profilática e terapeuticamente, em determinadas situações clínicas9.

3.6 Processos de imunização e seus preceitos

Sabe-se que o corpo humano dispõe de diversos recursos para proteger-se. Sendo definido como a primeira linha de defesa as referidas barreiras físicas, tais como a pele, que recobre a superfície do corpo e impede a penetração de microrganismos e outros agentes potencialmente lesivos nos tecidos31.

Para Parslow32:

Além de serem estruturalmente impenetráveis, essas barreiras muitas vezes possuem características especializadas que ajudam a repelir os invasores estranhos. Por exemplo, o ácido láctico e outras substâncias presentes no suor mantêm um pH ácido na superfície da epiderme, ajudando, assim, a impedir a colonização por bactérias e outros microrganismos. De forma semelhante, os epitélios mais delicados que revestem as vias respiratórias e o trato digestório estão banhados em uma camada protetora de muco, que pode capturar, dissolver e eliminar substâncias estranhas. Embora essas barreiras físicas sejam relativamente estáticas, com frequência podem ser intensificadas, em certo grau, em momentos de necessidade (p. 16).

Deste modo, considera-se que a epiderme, quando cronicamente irritada, pode sofrer espessamento para formar um calo, enquanto o esforço das vias respiratórias no sentido de limpar-se por meio da produção copiosa de muco é familiar para todos os que já tiveram resfriado ou alergia do tipo “febre do feno”. A importância dessas defesas físicas torna-se mais evidente nos indivíduos que delas demandam33.

Ainda Stites et al34 leciona que

Quando um patógeno (isto é, qualquer microrganismo com o potencial de causar lesão tecidual ou doença) consegue abrir uma brecha nas barreiras superficiais e penetrar no organismo, ele depara-se com uma panóplia de outros fatores que defendem os tecidos internos. Tradicionalmente, essas defesas internas foram reunidas em dois sistemas funcionais mais ou menos distintos, dependendo de a resistência (imunidade) que conferem contra determinado patógeno já estar presente desde o início ou só se desenvolver após o contato com o patógeno (p. 35).

A denominada imunidade inata (ou natural) refere-se a qualquer resistência inata já presente no período em que um patógeno se apresenta pela primeira vez; não necessita nenhuma exposição prévia e não se modifica significativamente por meio de exposições repetidas ao patógeno durante a vida do indivíduo. Assim, a imunidade adquirida refere-se especificamente à resistência que encontra-se ausente ou fraca na primeira exposição ao patógeno, mas que amplia de forma significativa em decorrência de exposições subsequentes ao mesmo patógeno específico33.

Assim, considera-se que tanto o sistema imunológico inato bem como o adquirido são constituídos de inúmeros componentes que podem desempenhar tipos específicos de funções protetoras. Sendo que alguns desses componentes consistem basicamente em células especializadas com capacidade de reconhecer, sequestrar e eliminar diversos tipos de microrganismos ou substâncias prejudiciais; considerando que as defesas proporcionadas por essas células são coletivamente denominadas como imunidade mediada por células34

Os demais componentes consistem em macromoléculas solúveis, normalmente proteínas, que circulam no sangue e no líquido extracelular, tomando esses líquidos inóspitos para os invasores estranhos, mesmo quando todas as células são removidas; esse tipo de defesa sem a participação de células é denominado imunidade humoral33.

Sousa33 descreve que tanto o sistema imunológico inato quanto o adquirido desempenham função críticos no processo de defesa do hospedeiro. Considerando que ambos os sistemas são fundamentais para a saúde; usualmente, nota-se que os mesmos atuam em conjunto e, com muita frequência, dependem necessariamente um do outro para produzir efeitos máximos. Ressaltando que não são sistemas totalmente separados. Ou seja, as ações de um deles normalmente influenciam o outro, e determinados tipos celulares ou proteínas humorais são de extrema relevância para a atuação de ambos os sistemas33-34

Entre esses dois sistemas, observa-se que o sistema imunológico adquirido recebeu muito mais atenção na última década, e, com efeito, o uso mais moderno dos termos “imunologia”, “resposta imunológica” e assim por diante refere-se inicialmente ao sistema imunológico adquirido. Todavia, existe um reconhecimento crescente da grande relevância referente ao sistema imunológico inato para a saúde humana, não apenas por sua própria natureza, mas também pelo fato de ativar e regular a imunidade adquirida34.

Conforme mencionada o a introdução da vacinação com o vírus da vacina (1796) por Edward Jenner coma finalidade de proteger contra a varíola foi o primeiro uso documentado de uma vacina de vírus vivo atenuado, representando o início da moderna imunização. Robert Koch demonstrou a causa bacteriana específica do antraz em 1876, e, posteriormente, foram rapidamente identificadas as causas de diversas doenças comuns. Esses progressos foram acompanhados de imunização bem-sucedida10.

Por conseguinte, o processo de imunização pode ser ativo, onde a administração de determinado antígeno, normalmente se refere a um agente infeccioso modificado ou uma toxina, induz à produção ativa de imunidade, ou passiva, onde a administração de soro contendo anticorpos ou de células sensibilizadas proporciona uma proteção passiva para o receptor34.

Nesse sentido Grossman citado por Ramos35 leciona que:

A imunização ativa resulta na produção de anticorpos dirigidos contra o agente infeccioso ou contra seus produtos tóxicos; além disso, pode iniciar uma resposta celular mediada por linfócitos e macrófagos. Os anticorpos protetores mais importantes incluem os que inativam produtos proteicos tóxicos solúveis de bactérias (antitoxinas), os que facilitam a fagocitose e a digestão intracelular de bactérias (opsoninas), os que interagem com os componentes do complemento sérico para lesar a membrana bacteriana e, assim, provocar bacteriólise (lisina) ou os que impedem a proliferação de vírus infecciosos (anticorpos neutralizantes) (p. 611).

Segundo a literatura, reconhece atualmente os anticorpos que interagem com componentes da superfície das bactérias para impedir a adesão às superfícies mucosas (antiadesinas). Considerando que alguns anticorpos podem não ser protetores, ou seja: ao “bloquear” a reação de anticorpos protetores com o antígeno, podem, na verdade, derrubar as defesas do hospedeiro34-35.

Sousa33 descreve que os antígenos reagem diretamente com anticorpos na corrente sanguínea, no líquido extracelular e nas superfícies mucosas. Sendo que os anticorpos podem não atingir rapidamente os sítios intracelulares de infecção, nos quais ocorre replicação viral. Entretanto, apresentam-se eficazes contra diversas doenças virais por meio de dois mecanismos, a saber: 

a) Ao interagir com o vírus antes de sua penetração intracelular inicial; e
b) Ao impedir os vírus de replicação local de sofrer disseminação de seu local de entrada para um órgão-alvo importante, como no caso da disseminação do poliovírus do trato gastrintestinal para o sistema nervoso central, ou do vírus da raiva da ferida da punção para o tecido neural periférico. 

Observa-se que os linfócitos que atuam isoladamente e os anticorpos que interagem com células K efetoras linfoides ou monolíticas também podem reconhecer alterações de superfície nas células infectadas por vírus, destruindo essas células infectadas “estranhas”33.

4 RESPONSABILIDADES MÉDICA NA PREVENÇÃO COM IMUNIZANTES

Segundo Gomes4 a produção de vacinas é considerada pela Organização Mundial da Saúde como sendo uma das ingerências de saúde pública de maior impacto na prevenção de doenças infectocontagiosas na população e, por conseguinte, na saúde mundial.

Entretanto, o que se deve levar em consideração é que a prática rotineira da vacinação resultou na erradicação do vírus da varíola em 1979 de forma global e ainda resultou na eliminação da poliomielite nas Américas; possibilitando ao Brasil, o controle da rubéola congênita, do tétano neonatal, da difteria e do sarampo, e reduziu drasticamente a incidência de coqueluche, rubéola, caxumba e meningite pelo Haemophilus influenzae do tipo B34.

Entretanto, dados encontrados da literatura demonstram que aproximadamente 76% dos pacientes em idade adulta não completam os calendários básicos de imunização e, destes, somente 7% recebem a orientação adequada sobre a vacinação. Dessa forma, pode-se observar que a falha no calendário vacinal de rotina torna necessário, em determinadas situações, o emprego da imunização passiva, ou seja, a administração de anticorpos35.

Nota-se que essa situação, é observada usualmente nos casos de ferimentos ou de acidentes em instituições hospitalares, com material perfuro-cortante. Essas são situações que exigem procedimentos de maior valor agregado, tais como a administração de soros ou imunoglobulinas antitetânica e anti-hepatite B em caráter de urgência35.

A atenção atribuída à vacinação em adultos e ainda muito limitada visto ser comum observar, segundo a literatura que aproximadamente 76% dos adultos não completam a sua carteira de vacinação e destes aproximadamente 7% não recebem as devidas informações, necessárias em relação ao esquema de vacinação em adultos36.

O que se pode constatar que os profissionais de saúde são dotados de uma importante atribuição, principalmente no que se refere à formação de uma mentalidade norteada para as ações preventivas. Ressalta-se que a referida avaliação de rotina da cronologia vacinal dos adultos, principalmente em ambulatórios e consultórios, possibilita amplamente a redução dos denominados custos sociais produzidos pela ocorrência das doenças que não foram evitadas simplesmente pela ausência de informação8.

Dessa forma, destaca-se que é de competência dos profissionais da área de saúde ocupacional a devida responsabilidade da avaliação e da prescrição da vacina para os trabalhadores, sendo ainda sua atribuição, a de informar ao mesmo sobre os respectivos recursos disponíveis para a prevenção e manutenção da saúde5.

5 PREVENÇÃO DE GRUPOS PROFISSIONAIS

Gomes4 descreve que a saúde ocupacional tem tido grandes investimentos e enfatiza a necessária atenção das autoridades governamentais atualmente, dessa forma, é improvável se encontrar alguma empresa que não tenha em suas obrigações o referido Programa Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) bem como o referido Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). 

Nota-se assim que em muitas empresas se pode verificar a presença de campanhas educativas com a finalidade basilar de buscar a melhoria da saúde dos trabalhadores, inserindo no contexto outros assuntos de interesse médicos, tais como a obesidade, as doenças do coração, a AIDS, e a saúde da mulher37.

Para Resende8, verifica-se que em relação às vacinas, as mesmas são definidas e apresentadas aos trabalhadores como uma forma de redução do risco de se contrair as doenças infecciosas a que estão expostos, da mesma forma, tem por finalidade a busca de integrar o conjunto de medidas preventivas da organização.

Por fim, recomenda-se aos médicos que, em suas preocupações profissionais e éticas, devem necessariamente incluir o acompanhamento do estado vacinal dos trabalhadores sob seus cuidados, visando assegurar a seu permanente atualização37.

Em relação a questão da vacinação laboral, o item 32.2.4.17 a 32.2.4.17.4 da NR 3256, ressalta que as vacinas além das já mencionadas na própria norma, tais como hepatite B, tétano e difteria que devem ser disponibilizadas pelos empregadores, o calendário de vacinação do Adulto, publicado através da Portaria 1.602/2006, determina que todo adulto deverá ser imunizado contra tétano e difteria (dT), sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice viral), febre amarela, essa, em função direta de viagens a locais ou residir em área endêmica4, 37.

Ou seja:

32.2.4.17 Da Vacinação dos Trabalhadores

32.2.4.17.1 A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO.

32.2.4.17.2 Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente.

32.2.4.17.3 O empregador deve fazer o controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se necessário, seu reforço.

32.2.4.17.4 A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde.

Ainda segundo os referidos autores, para os profissionais da saúde, o Ministério da Saúde, por meio dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIES), fornece seguintes vacinas: hepatite B, varicela e influenza (gripe)4.

Por conseguinte, o médico coordenador do PCMSO deve concluir o programa de vacinação do trabalhador fundamentado na avaliação dos respectivos riscos de contaminação verificados no Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA). Sendo que, em conformidade as respectivas atividade, bem como em relação às características do ambiente laboral, deverá ser determinado o grau de risco para as respectivas doenças infecciosas eficientemente preveníveis por meio das vacinas (ver tabela 2), já as tabelas 3 e 4 apresentam Vacinas recomendadas a todos os profissionais que trabalham em instituições geradoras de saúde, seja em caráter assistencial ou administrativo e esquema de Vacinas indicadas para grupos específicos, respectivamente4, 36.

De tal modo, que o profissional em seu cotidiano laboral poderá se expor às doenças em suas atividades diárias ou em situações específicas de viagem, exposições acidentais ou situações de surto, e esses fatos devem também ser levados em consideração na elaboração do PCMSO. Ainda, o trabalhador, em conformidade a suas atividades bem como em relação a sua forma de transmissão das doenças, pode ser o veículo de transmissão dos agentes infecciosos. Dessa forma, proteger os comunicantes também deve ser objetivo do PCMSO4.

Tabela 2. Vacinas para as doenças infecciosas eficazmente preveníveis

Fonte: Brasil39

Tabela 3. Vacinas recomendadas a todos os profissionais que trabalham em instituições geradoras de saúde, seja em caráter assistencial ou administrativo

Vacina contra Hepatite BTrês doses (0,1 e 6 meses)
Vacina contra Tétano/difteria (dT adulto)Uma dose a cada dez meses e, se imunização básica: três doses.
Tríplice viral (Sarampo/caxumba/rubéola)Pelos menos duas doses após 1 ano de idade
Influenza Dose única anual

Fonte: Brasil39

Tabela 4 Vacinas indicadas para grupos específicos

Vacina contra Hepatite A Indicada para profissionais das unidades de nutrição, e unidades pediátricas ou trabalhadores incluídos no grupo.
Vacina contra Varicela Todos os profissionais da saúde que prestam assistência a pacientes imunodeprimidos.
Vacina contra Pertussis (incluída Indicada para todos os profissionais que prestam na tríplice bacteriana, tipo adulto)Indicada para todos os profissionais que prestam assistência nas unidades de neonatologia, pediatria, e pacientes com doenças respiratórias crônicas.
Vacina Pneumocócica 23v Todos os profissionais acima de 60 anos de idade ou incluídos no grupo de risco.

Fonte: Brasil58

Assim, considera-se que vacinação venha a ser a ferramenta mais eficiente objetivando à prevenção de determinadas doenças infecciosas e de possível transmissão no ambiente de trabalho, tais como: hepatite B, hepatite A, varicela, sarampo, influenza (gripe), caxumba, rubéola, doença pneumocócica, doença meningocócica36.

Ainda é necessário observar que na definição do programa de vacinação das empresas, é necessário levar em consideração, os seguintes elementos4:

  1. Risco biológico da função;
  2. Riscos individuais (doenças crônicas, idade etc.);
  3. Riscos do ambiente (situação epidemiológica local);
  4. Presença de surto;
  5. Riscos para o paciente (o trabalhador pode ser o veículo de transmissão);
  6. Vacinas obrigatórias pelo MS (calendários do PNI).

Destaca-se que boa parte das vacinas a serem aplicadas nos trabalhadores dos serviços de saúde encontra-se disponíveis gratuitamente nos postos de vacinação das unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), outras vacinas somente na rede privada de saúde33

Consequentemente, deverá o empregador implementar a vacinação por meio de parcerias com clínicas especializadas em vacinação devidamente licenciadas com registro junto a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em função de determinação expressa da Portaria 1.602/2006, a qual define os estabelecimentos aptos a aplicar vacinas e reconhecidos pelo Ministério da Saúde36

Dessa forma, as Vacinas aplicadas por serviço não registrado pela ANVISA não serão consideradas, conforme determina o artigo 4º desta referida lei, conforme se verifica a seguir37:

Art. 4º O cumprimento das vacinações será comprovado por meio de atestado de vacinação, emitido pelos serviços públicos de saúde ou por médicos em exercício de atividades privadas devidamente credenciados para tal fim pela autoridade de saúde competente, conforme o disposto no art. 5º da Lei 6.529/75

Por conseguinte, a empresa e o médico do trabalho devem solicitar a apresentação do atestado de vacinação validado pelo Ministério da Saúde, para todos os funcionários36.

Em relação às formas de vacinar, as mesmas se caracterizam em três, conforme se observa4:

a) Vacinar na própria empresa, contratando-se clínicas de vacinação com licença para a vacinação extramuros, fato este que possibilita economia de tempo e dinheiro com deslocamentos.
b) Encaminhar os trabalhadores para a rede do SUS e/ou para a clínica de vacinação.
c) O Serviço de Saúde da empresa poderá obter o credenciamento junto à ANVISA, obedecendo as Portarias, como ocorre com as clínicas privadas.

Nota-se que a melhor escolha deve ocorre de forma a ser definida levando-se em consideração o número de trabalhadores a serem vacinados, a localização da empresa, a existência de instalações adequadas para a vacinação e autorizadas pela ANVISA e ter ainda pessoal devidamente habilitado para tal atividade4, 36

Considerando o Brasil como sendo um país de dimensões continental e um número sem fim de empresas instaladas em localidades onde não existem unidades públicas ou privadas de assistência à saúde, exceto os serviços próprios ou contratados pelas empresas, efetua-se a seguinte sugestão para o programa de vacinação laboral4:

a) Campanha inicial: A melhor opção durante a implantação, em função de que a mesma otimiza a vacinação, aumentando a adesão pelos trabalhadores, economizando os custos de deslocamento e evitando a ausência do trabalhador em seu posto de trabalho. O melhor momento para essa campanha tem início durante a realização dos exames admissionais, quando se deve exigir do trabalhador que apresente os certificados de vacinação devidamente atualizados. Nessa etapa, os gerentes de Recursos Humanos e recrutadores de novos empregados devem levar em consideração a possibilidade de incluir nos editais dos concursos públicos ou privados a necessidade de apresentação dos certificados de vacinação de acordo com o Calendário de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e, nos casos dos profissionais que trabalham em serviços de saúde, as vacinas que constarem da NR 32 e do PCMSO de cada empresa.

b) Vacinação rotineira: após processo de vacinação da maior parte dos trabalhadores, e, à medida que ocorrerem os exames clínicos ocupacionais, os trabalhadores deverão ser encaminhados para a vacinação na rede pública e/ou privada. Em relação ao processo de vacinação rotineira, indica-se a realização de campanhas de marketing quando o número de trabalhadores a serem vacinados é grande ou quando o reforço é coletivo, como a vacinação contra a gripe, que deve ocorrer em época específica do ano.

6 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DAS VACINAS 

Observa-se que as vacinas e imunobiológicos são comumente aplicadas por via parenteral, sendo as vias intramusculares e subcutâneas as mais utilizadas. Dessa forma, para realizar uma aplicação correta, diversos aspectos devem ser observados, tais como a composição, apresentação do produto, via e local de administração recomendados pelo fabricante36.

Ainda, os referidos autores ressaltam que geralmente, os esquemas de vacinação não deverão ser reiniciados em caso de atraso de doses subsequentes. Contudo, observa-se que no caso da vacinação contra hepatite B, se os intervalos forem muito prolongados, é preferível uma avaliação dos anticorpos Anti-Hbs para avaliar resposta imune um mês após a última dose do esquema de vacinação, esse esquema é sugerido. Especialmente aos profissionais de saúde e as pessoas de grupos de alto risco, adverte-se ainda, que os indivíduos pertencentes a esses grupos têm a devida recomendação para verificar a soro conversão pós-vacinal40.

Em relação aos pacientes imunocomprometidos bem ou seus contatos íntimos, que geralmente não devem receber vacinas atenuadas, com exceção da vacina contra varicela, já que o seu uso é indicado para pacientes com determinado tipos de neoplasias37, 40.

7 PERSPECTIVAS E AVANÇOS EM VACINAÇÃO

Com o atual desenvolvimento da biologia molecular e da biotecnologia possibilitou-se, principalmente na última década, um célere e impressionante crescimento do número de vacinas disponíveis. Não só vacinas até então não existentes, mas ainda contra o Haemophilus influenzae b, rotavírus, varicela e hepatite A, bem como o desenvolvimento de novas versões de vacinas antigas, contra a raiva e a coqueluche, por exemplo41.

Segundo as pesquisas encontradas na literatura, o futuro da vacinologia encontra-se nos genes, visto que eles possibilitam acrescentar diversas outras vantagens às das vacinas tradicionais, visto que a permitir inocular os genes que codificam as proteínas dos patógenos que são estimuladoras do sistema imune e o indivíduo encontrar-se-á devidamente imunizado contra determinada doença8

Observa-se que essas vacinas evitam as reações colaterais por serem “limpas” e não conterem microrganismos vivos ou atenuados. Além disso, as vacinas derivadas em genes evitam determinados problemas de reativação do agente patogênico, são mais estáveis, de fácil conservação, mais baratas e fáceis de produzir. Entretanto essas vacinas encontram-se em fase experimental para doenças como AIDS, tuberculose, influenza, malária e outras41.

A denominadas vacina genética deverão prevenir doenças não-infecciosas, como determinados tipos de câncer, mal de Alzheimer e diabetes e outras mais moléstias37

Outra forma de vacinação são as denominadas plantas transgênicas que produzem a proteína imunizante podendo ser empregadas amplamente para vacinar população em massa. Assim homens e animais que se alimentaram de batatas e bananas transgênicas, por exemplo, que possuíam genes que codificavam o antígeno da hepatite B e da diarreia causada por rotavírus serão imunizados contra essas doenças42.

Outros fatores mais, tais como a alta taxa de mutações e de multiplicação do vírus HIV além da grande destruição dos linfócitos CD4+, esclarecem a dificuldade em se obter uma vacina contra o HIV37

Assim, a obtenção de vacinas depende necessariamente de três fatores diferentes, ou seja: interesse econômico ou estratégico, o conhecimento da patogenia da infecção e o conhecimento das características do microrganismo, que fica amplamente facilitado à medida que se completam os estudos sobre o genoma dos diferentes agentes. As perspectivas, por conseguinte, são mais otimistas do que pessimistas41.

8 DISCUSSÃO

Observa-se que ao abordar a questão da “saúde do trabalhador”, um dos primeiros aspectos a serem considerados é a imunização, em especial dos profissionais da área da saúde, por apresentarem um risco aumentado de infecção por microrganismos relacionados a doenças passíveis de prevenção por imunização, com possibilidade de se tornarem fonte desses patógenos e de disseminação, em meio intra e extra-hospitalar31.

A necessidade da existência de programas intrainstitucionais com normas e orientações sobre imunização, tanto de profissionais da área da saúde quanto de clientes, visto que o custo-efetividade dessa ação justifica tal conduta40.

No Brasil, a Norma Regulamentadora nº 32, que trata da saúde e segurança no trabalho em serviços de saúde, considerada a primeira norma no mundo que regulamentou questões relacionadas a esta questão. A mesma estabelece que o fornecimento de vacinas aos trabalhadores deve ser feito gratuitamente e que sempre que houver vacinas eficazes contra agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente38.

Seguindo o parâmetro de grupo especial e específico no que se refere à imunização, o Ministério da Saúde (MS), por meio dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIEs), oferece aos profissionais da área da saúde as vacinas contra o vírus da hepatite B, da varicela e da influenza37

Na resolução que trata deste assunto observa-se que o médico coordenador do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que deve existir em cada instituição de saúde, ou naquelas consideradas como referência à saúde do trabalhador, deve complementar o programa de vacinação do trabalhador com base na avaliação dos riscos de contaminação apurados no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, ou seja, de acordo com a atividade e as características do ambiente de trabalho37.

Em relação as vacinas recomendadas para os profissionais da área da saúde estão: vacinas contra hepatite A e B, contra difteria, tétano e coqueluche, varicela, influenza, antimeningocócica C conjugada e tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola)31, 36.

No caso das vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, tétano, febre amarela e influenza, muito embora recomendadas para os profissionais da área da saúde, é necessário considerar que tais doenças apresentam risco para esses profissionais na mesma proporção que para os demais profissionais de outras áreas e a população em geral, por isso sua extrema relevância, sem hipótese de discussão da indicação39.

A vacina dupla adulto (dT), contra tétano e difteria, é recomendada aos profissionais de todas as áreas e atribui imunidade por cinco anos contra tétano acidental grave e 10 anos para acidentes leves. É a medida mais eficaz e adequada de prevenção e controle para tais doenças39.

Vários países, atualmente, adotam as vacinas acelulares, em geral combinadas com outras vacinas, em razão da maior aceitação, da menor reatogenicidade e da evidência de melhoria nas coberturas vacinais quando utilizadas38.

Quanto ao sarampo, à caxumba e à rubéola, encontra-se disponível a vacina tríplice viral (SCR), que confere proteção superior a 95% e é recomendada para mulheres de 12 a 49 anos, que não tenham comprovação de vacinação anterior e homens até 39 anos. A duração da imunidade induzida pela vacina é maior que 25 anos e, provavelmente, o seja por toda a vida38.

Deve-se ressaltar que a vacinação tem sido o principal método para prevenir a influenza e suas respectivas complicações, especialmente em relação à redução do absenteísmo em decorrência da gripe. Surtos dessa patologia têm sido associados ao aumento de internações e mortes, grande parte atribuída às suas complicações e a enfermidades crônicas subjacentes9.

Por fim, destaca-se que na literatura encontram-se diversos documentos e normas especificas ao tema de imunização. Tanto no âmbito nacional como na mundial, sendo que os esses estudos são muitos e, às vezes, não fica claro quem se responsabiliza pela vacinação. Quando o tema principal envolve a saúde do trabalhador, observa-se falta de consenso e demanda de maior divulgação para e entre os próprios profissionais da área da saúde31.

9 CONCLUSÃO

Observa-se que pelo presente estudo, verificou-se que a partir da descoberta da vacina até os dias atuais, a profilaxia das doenças, amplamente enfatizada pela medicina preventiva, foi inserida no contexto laboral, com a finalidade de aprimorar a qualidade de vida dos funcionários e bem como prevenir o surgimento e alastramento de doenças, e como consequência disso, gerar saúde para os trabalhadores, redução de do absenteísmo e presenteísmo e dessa forma, gera o aumento da produtividade.

Nota-se que o sistema de vacinação vem, ao longo dos anos, evoluindo e se demonstrando ser um fenômeno que dever ter um posicionamento diferenciado para populações específicas, as quais desenvolvem ações consideradas de risco para o desenvolvimento de doenças passíveis de prevenção por imunização.

Em  função das recomendações vigentes no País, fundamentado em estudos nacionais e internacionais, resta apenas que elas cheguem até gestores do sistema de saúde, para que sejam disponibilizadas aos profissionais, aos gerentes de estabelecimentos de saúde, médicos do trabalho, profissionais de ensino em saúde e, mesmo, aos profissionais, que, tendo maior clareza dos riscos e direitos existentes, poderão refletir com fundamentação sobre sua proteção, que, neste caso, deveria ter início com a imunização, ainda durante a formação, nas instituições de ensino.

Em relação à questão destaca-se que somente há uma década que as organizações brasileiras, observaram a importância da imunização dentro de suas organizações, e a partir daí ocorreu à implantação do programa de vacinação em inúmeras delas, o que levou a conclusão de uma relação de baixo custo e grandes benefícios a ambos os envolvidos (Empresa x Empregados).

Inicialmente as empresas aplicavam programas de vacinação com vacinas comuns a todos os setores, atualmente é necessário a realização de estudo prévia da atividade exercida, risco profissional e as vacinas indicadas para este funcionário em especial.

Nota-se que a extensão do programa de vacinação dos funcionários para seus familiares propiciou igualmente uma melhoria do relacionamento do empregado com a empresa, consequentemente uma redução nas doenças de seus familiares, produzindo reflexo positivo no ambiente de trabalho já que o empregado falte menos em decorrência de doenças na família, principalmente em se tratando da relação ‘mulher x filhos’.

Dessa forma, pode-se concluir que o programa de vacinação dos empregados é um dos programas mais benéficos envolvendo a saúde dos funcionários e seus respectivos familiares, visto que, além de promover a redução de absenteísmo em contraposição, gera aumento da produtividade e do lucro da empresa, satisfazendo assim, empregado e empregador.

Por fim, deve-se ressaltar que as precauções que envolvem situações onde se exigem cuidados adicionais ao se administrar determinadas vacinas, sem contraindicar sua utilização, condições estas em que o trabalhador se encontra sob risco aumentado para a ocorrência de reações adversas ou que podem comprometer sua habilidade de desenvolvimento da imunidade adequada, naquele período.

Nestas situações, deve-se levar em consideração o possível adiamento da administração. Contudo, a vacinação laboral ainda pode ser indicada nestas situações, caso o benefício da vacinação se sobreponha aos riscos, sendo necessária cuidadosa avaliação médica.

Destaca-se que pelo presente estudo enfatizou-se que a vacinação é atualmente uma importante ferramenta para a imunização dos profissionais da saúde que atuam em ambiente hospitalar, a correta vacinação oportuniza a diminuição do risco de obter as doenças imunopreveníveis. 

Por fim, destaca-se que os trabalhadores têm o direito ao trabalho em condições dignas, seguras e saudáveis não condicionado à existência de vínculo trabalhista, ao caráter e natureza do trabalho.

REFERÊNCIAS

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7 Kallás AR; Almeida CR. Acidentes ocupacionais com material biológico: a atuação do enfermeiro do Trabalho. Rev. Enfermagem Revista, v. 16. N° 03. Set./Dez. 2013.

8 Rezende FM; Ferraz FT; Silveira GH; Santos WJO. Vacinas de Interesse Ocupacional. Trabalho apresentado à Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá, como pré-requisito para obtenção do grau de Especialista em Medicina do Trabalho. Campo Grande/MS, 2007.

9 Oliveira MS. Imunização necessária. In: Revista Proteção, n. 59. Novo Hamburgo, 2006.

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11 Neto NW. Risco ergonômico e de acidente no PPRA. (2014). Disponível em: <http://segurancadotrabalhonwn.com/risco-ergonomico-e-de-acidente-no-ppra/>, acessado em nov. 2015.

12 Mendes, R. Patologia do Trabalho. 3a. Ed. Atheneu, 2013.

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15 Costa I. Imunização em Saúde do trabalhador. Disponível em: <www.cursoinvictus.com.br>, acessado em nov. 2015.

16 Martins, RM. Breve História das Vacinações. In: FARHAT, Calil Kairalla e cols. Imunizações – Fundamentos e Prática. São Paulo: Atheneu, 2000.

17 Batista R. A revolta da Vacina. (2011) Disponível em: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/revolta-da-vacina/>, acessado em jan. 2016.

18 Barsanti M. Vacinação em empresas. (2011) Disponível em: <http://www.vacine.com.br/vacinação.html>. Acessado em jan. 2016.

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20 Cunha S. Absenteísmo e presenteísmo – Indicadores de perdas e danos. Caderno Informativo de prevenção de acidentes CIPA, São Paulo – SP, Volume 391, p. 34 a 58, Abril 2012.

21 Paschoalin HC. Presente no trabalho, mesmo doente: o presenteísmo na enfermagem. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Enfermagem. Rio de Janeiro, 2012.

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31 Santos SLV; Alves SB; Silva e Sousa AC; Tipple AFV; Mendonça KM. A imunização dos profissionais da área de saúde: uma reflexão necessária. Revista Mineira de Enfermagem. 2010, Vol.14.4 

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33 Sousa AF. Vacinação (imunização) de profissionais da área da saúde. (2008). Disponível em: <http://superclickmonografias.com/blog/?p=45>. Acessado em jan. 2016.

34 Stites DP, Terr AL, Parslow TG. Imunologia médica. 9ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

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36 Gomes A.; Azevedo OS. Guia para a vacinação de trabalhadores adultos saudáveis. Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) – Departamento científico da associação Médica Brasileira Editores, 2008.

37 Brasil. Agencia Nacional de Salde Suplementar (ANS). Manual técnico para promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar. 4ª. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: ANS, 2011. 244 p.

38 Brasil. NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_32.pdf>, acessado em jan. 2016.

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40 Santana VC; Mella Junior SE. Avaliação do nível de anticorpos Anti-HBsAg em acadêmicos de cursos da saúde do CESUMAR vacinados contra hepatite B, anais do V EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar, 23 a 26 de outubro de 2007.

41 Silva, LJ. Perspectivas e Avanços em Vacinação. In: FARHAT, Calil Kairalla e cols. Imunizações – Fundamentos e Prática. 5ª. Ed, São Paulo: Atheneu, 2008.
42 Garcia, ES. Vacinas para o futuro. (2011) Disponível em; <http://www.connectmed.com.br>. Acessado em fev. 2016.