REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411270748
Felipe Antônio Andrade de Campos
Orientadora: Profª. Drª. Vanessa Coutinho do Amaral.
RESUMO
Esse trabalho de conclusão de curso tem como tema a hipertensão arterial sistêmica idiopática em cães. Por meio de uma revisão de literatura mediante pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e descritiva, elencou-se que a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica cada vez mais reconhecida na medicina veterinária, especialmente em cães, e pode ter consequências graves para a saúde do animal se não for diagnosticada e tratada adequadamente. A forma idiopática de hipertensão arterial, que não está associada a uma condição subjacente identificável, é rara, mas ainda assim representa um desafio diagnóstico e terapêutico importante. Nessa condição, a pressão arterial elevada ocorre sem uma causa primária evidente, como doenças renais, endócrinas ou cardíacas, o que torna o diagnóstico um processo mais complexo. Dessa forma, como objetivo principal, esse estudo buscou analisar, por meio de um estudo de caso, o processo de anamnese e diagnóstico da Hipertensão Arterial Sistêmica Idiopática em cães. Frente ao exposto, concluiu-se que a prevenção da hipertensão arterial sistêmica em cães envolve uma combinação de monitoramento regular, controle das condições de saúde subjacentes, mudanças no estilo de vida e a educação contínua dos tutores. Com essas medidas, é possível não só reduzir o risco de hipertensão, mas também melhorar a qualidade de vida dos cães, prevenindo complicações graves e promovendo um envelhecimento saudável, e a atuação precoce e a abordagem integrada entre o veterinário e os tutores são essenciais para garantir o bem-estar dos animais afetados pela hipertensão.
Palavras-chave: Hipertensão arterial em cães. Hipertensão Arterial Sistêmica idiopática. Diagnóstica e Tratamento de HAS em cães.
ABSTRACT
This final course work focuses on idiopathic systemic arterial hypertension in dogs. Through a literature review using qualitative and descriptive bibliographic research, it was found that systemic arterial hypertension (SAH) is a clinical condition increasingly recognized in veterinary medicine, especially in dogs, and can have serious consequences for the animal’s health if not diagnosed and treated properly. The idiopathic form of arterial hypertension, which is not associated with an identifiable underlying condition, is rare, but still represents a significant diagnostic and therapeutic challenge. In this condition, high blood pressure occurs without an evident primary cause, such as kidney, endocrine or heart disease, which makes diagnosis a more complex process. Thus, as the main objective, this study sought to analyze, through a case study, the process of anamnesis and diagnosis of idiopathic systemic arterial hypertension in dogs. In view of the above, it was concluded that the prevention of systemic arterial hypertension in dogs involves a combination of regular monitoring, control of underlying health conditions, lifestyle changes and ongoing education of owners. With these measures, it is possible not only to reduce the risk of hypertension, but also to improve the quality of life of dogs, preventing serious complications and promoting healthy aging, and early action and an integrated approach between the veterinarian and owners are essential to ensure the well-being of animals affected by hypertension.
Keywords: Arterial hypertension in dogs. Idiopathic systemic arterial hypertension. Diagnosis and treatment of hypertension in dogs.:
1 INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica cada vez mais reconhecida na medicina veterinária, especialmente em cães, e pode ter consequências graves para a saúde do animal se não for diagnosticada e tratada adequadamente (CABRAL, 2020).
A forma idiopática de hipertensão arterial, que não está associada a uma condição subjacente identificável, é rara, mas ainda assim representa um desafio diagnóstico e terapêutico importante (PIRES, 2020). Nessa condição, a pressão arterial elevada ocorre sem uma causa primária evidente, como doenças renais, endócrinas ou cardíacas, o que torna o diagnóstico um processo mais complexo (SOARES, 2020).
Embora a hipertensão secundária, ou seja, aquela causada por doenças pré-existentes, seja mais comum em cães, a hipertensão idiopática tem sido cada vez mais reconhecida à medida que o diagnóstico diferencial se torna mais refinado. Assim, a hipertensão idiopática é frequentemente diagnosticada após a exclusão de causas secundárias por meio de exames laboratoriais e de imagem, o que torna esse tipo de hipertensão uma condição de difícil manejo (MENDES et al., 2023).
No entanto, a identificação dessa forma de hipertensão é fundamental, pois, quando não tratada, pode levar a sérios danos aos órgãos-alvo, como os rins, coração, cérebro e olhos, além de aumentar o risco de complicações como insuficiência renal crônica, danos retinianos e problemas neurológicos (PIRES, 2020).
A compreensão das causas, do diagnóstico e das opções de tratamento para a hipertensão idiopática em cães é essencial para proporcionar um manejo eficaz e melhorar a qualidade de vida dos animais afetados. Este tipo de hipertensão exige uma abordagem cuidadosa e individualizada, com monitoramento contínuo da pressão arterial e o uso de medicamentos antihipertensivos quando necessário (TEBALDI, 2021).
Evidencia-se, também, que é fundamental que o diagnóstico seja realizado o mais cedo possível para garantir que o tratamento, geralmente feito com medicamentos específicos, seja eficaz. No entanto, o sucesso do tratamento depende de diversos fatores, como as causas, se ela é subjacente ou não, em que grau a doença foi diagnosticada e a resposta individual de cada animal, conforme apontamentos realizados ao longo desse estudo (TEBALDI et al., 2018).
A metodologia utilizada para esse estudo foi a revisão de literatura mediante pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e descritiva, tendo como base estudos publicados em banco de dados eletrônicos, como o Portal Scielo. As pesquisas tiveram como base os últimos 8 anos, ou seja, de 2016 ao ano de 2024, e os seguintes descritores: hipertensão arterial em cães; tratamento de hipertensão arterial canina; diagnóstico e prognóstico de HAS em cães.
1.1 OBJETIVOS
- Analisar, por meio de um estudo de caso, o processo de anamnese e diagnóstico da Hipertensão Arterial Sistêmica Idiopática em cães;
- Descrever os principais aspectos da Hipertensão Arterial Sistêmica Idiopática;
- Abordar sobre os principais sinais clínicos da doença, elencando seus tipos;
- Identificar como é efetivado o tratamento e a importância do diagnóstico precoce para a saúde do animal.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição específica pelo aumento persistente da pressão arterial, podendo causar danos aos órgãos-alvo, como olhos, enxágue, coração e cérebro (CABRAL, 2020). Em cães, a hipertensão é frequentemente secundária a doenças subjacentes, como insuficiência renal crônica, hiperadrenocorticismo ou diabetes mellitus, porém, em alguns casos, não é possível identificar uma causa subjacente, sendo ocorrência de diversas outras patologias clínicas (SOARES, 2020).
A HAS idiopática em cães apresenta desafios tanto no diagnóstico quanto no manejo, exigindo uma aferição precisa de pressão arterial, realizado preferencialmente por métodos não invasivos, como o Doppler ou oscilométrico (PIRES, 2020). É essencial repetir as peculiaridades em diferentes vantagens para descartar resultados falsos positivos causados pelo estresse do animal durante uma consulta veterinária (CARVALHO et al., 2023).
Além disso, evidencia-se que na esfera diagnóstica, é necessário realizar exames laboratoriais e de imagem para excluir doenças subjacentes que possam ser consideradas a causa da hipertensão arterial sistêmica no animal, realizando a melhor indicação para tratamento (CARVALHO et al., 2023).
Os sinais clínicos da HAS idiopática variam conforme os órgãos afetados, pois lesões oftálmicas, como descolamento de retina e cegueira súbita, são comuns e complicações neurológicas, como convulsões e desorientação, podem ocorrer devido a lesões corporais (SOARES, 2020). No coração, a hipertrofia do ventrículo esquerdo e a ocorrência de sopros são preocupações frequentes, enquanto nos enxaguamos, a hipertensão pode agravar doenças preexistentes ou levar à proteinúria (FREITAS et al., 2021).
O manejo da hipertensão canina é uma abordagem multifacetada que visa controlar a pressão arterial, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida e o primeiro passo no manejo da hipertensão em cães é o diagnóstico correto. A medição precisa da pressão arterial é essencial, geralmente realizada por métodos não invasivos, como Doppler ou oscilométrico (CABRAL, 2020).
Entende-se, assim, que é fundamental repetir as características em diferentes benefícios para evitar falsas positivas, que podem ser causadas pelo estresse do animal durante uma consulta. Além disso, é necessário determinar se a hipertensão é primária (idiopática) ou secundária a condições como insuficiência renal crônica, hiperadrenocorticismo ou diabetes mellitus (SOARES, 2020).
O acompanhamento contínuo é fundamental para avaliar a resposta ao tratamento e prevenir complicações, e a monitorização regular da pressão arterial e exames laboratoriais periódicos ajudam a ajustar a terapia conforme necessário (CARVALHO et al., 2023). Além disso, é importante educar os tutores sobre os sinais clínicos de hipertensão e a necessidade de adesão rigorosamente ao tratamento (PIRES, 2020).
Dessa forma, pontua-se que a hipertensão arterial sistêmica idiopática em cães é uma condição clínica relevante que exige atenção cuidadosa para minimizar os danos aos órgãos-alvo e melhorar a qualidade de vida do animal (FREITAS et al., 2021). O diagnóstico precoce, a exclusão de doenças subjacentes e o tratamento adequado são fundamentos essenciais para o manejo bem sucedido dessa enfermidade, conforme apontamentos feitos ao longo desse artigo (MENDES et al., 2023).
2.1 SINAIS CLÍNICOS
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) em cães é uma condição frequentemente subdiagnosticada, mas com potencial para causar danos causados a diversos órgãos-alvo, como olhos, rins, coração e cérebro. Os sinais clínicos variam amplamente, dependendo dos órgãos afetados e da gravidade do aumento da pressão arterial (PIRES, 2020).
Um dos sistemas mais frequentemente impactados pela HAS em cães é o ocular, pois a pressão elevada pode levar a alterações como hemorragias intraoculares, edema de retina, descolamento de retina e, em casos graves, cegueira súbita (CABRAL, 2020). Nesse cenário, pontua-se que os sinais podem ser percebidos pelos tutores como mudanças na visão do animal, dificuldade para se locomover ou alterações na aparência dos animais (SOARES, 2020).
Os efeitos cardiovasculares da hipertensão incluem hipertrofia do ventrículo esquerdo, bloqueado por exames de imagem, e, em alguns casos, o desenvolvimento de problemas cardíacos, que costumam ser acompanhados por sintomas como cansaço fácil, intolerância ao exercício ou podem, em situações avançadas, apresentar sinais de insuficiência cardíaca (CARVALHO et al., 2023).
Os enxágues também são frequentemente afetados pela hipertensão, especialmente em cães com doença renal crônica, cuja condição pode se agravar em um ciclo vicioso. Clinicamente, isso pode se manifestar como aumento da sede (polidipsia) e da micção (poliúria), além de sinais de uremia em estágios avançados, como vômitos, letargia e perda de apetite (CABRAL, 2020).
É importante ressaltar que muitos cães hipertensos são inicialmente assintomáticos, e os sinais clínicos só se tornam evidentes em consequências mais avançadas, ou seja, quando os danos aos órgãos-alvo já são significativos (FREITAS et al., 2021). Por isso, cães pertencentes a grupos de risco, como os idosos ou aqueles com doenças subjacentes, devem ser submetidos a instruções regulares de pressão arterial para detecção precoce da condição (SOARES, 2020; SOUSA et al., 2023; TEBALDI, 2021).
Dessa forma, pontua-se que os sinais clínicos de hipertensão arterial sistêmica em cães refletem os danos aos órgãos-alvo e podem variar de alterações às manifestações graves, e a identificação precoce desses sinais por parte de tutores e veterinários é crucial para o diagnóstico e manejo eficaz, prevenindo complicações irreversíveis e promovendo uma melhor qualidade de vida do animal.
2.2 DIAGNÓSTICO
De maneira geral, pontua-se que o diagnóstico de HAS em cães é um dos primeiros desafios para os veterinários, devido à dificuldade em medir a pressão arterial com precisão, especialmente em animais ansiosos, e métodos não invasivos, como o Doppler e o oscilométrico, são amplamente utilizados (PIRES, 2020; TEBALDI, 2021; SOUSA et al., 2023).
A medida da pressão arterial é o principal método de identificação da condição, sendo realizada por meio de equipamentos específicos, como o Doppler ou dispositivos oscilométricos adaptados para uso veterinário (CATANA, 2020). É fundamental que o animal esteja em um ambiente tranquilo e em segurança, minimizando fatores estressantes que possam induzir a um aumento transitório da pressão (CARVALHO et al., 2023; TEBALDI et al., 2018; SOUSA et al., 2023).
Para medição da pressão, elenca-se as seguintes instruções, como mostra o Quadro 1.
Quadro 1 – Procedimentos para medição da pressão em cães
– O cão deve estar em um ambiente tranquilo e em posição confortável (geralmente deitado ou sentado). |
– O manguito deve ser de tamanho adequado, cobrindo aproximadamente 40% da população do membro. |
– Recomenda-se realizar várias repetições consecutivas (geralmente de 5 a 7 leituras) e descartar as mais discrepantes, utilizando a média das medidas para uma avaliação mais precisa. |
Fonte: Adaptado de Pires (2020).
Complementando os dados do Quadro 1, evidencia-se que o estresse do animal pode causar o “efeito do jaleco branco”, resultando em leituras falsamente elevadas, justificando a importância de repetir a frequência em diferentes consultas, se necessário (CABRAL, 2020).
A hipertensão é concluída quando a pressão arterial sistólica excede consistentemente 160 mmHg, após frequência repetidas e cuidadosas, e o processo de investigação de possíveis causas subjacentes é crucial, uma vez que a hipertensão secundária é a forma mais comum em cães, sendo frequentemente associada a doenças como insuficiência renal crônica, hiperadrenocorticismo ou diabetes mellitus (CARVALHO et al., 2023; TEBALDI et al., 2018).
Além disso, é importante realizar múltiplas direções, em diferentes momentos, para garantir a precisão do diagnóstico e evitar falsos positivos, haja vista que a avaliação deve ser complementada com exames clínicos e laboratoriais que investiguem potenciais doenças subjacentes, especialmente em casos de hipertensão secundária (SOARES, 2020; SOUSA et al., 2023).
Nesse contexto, pontua-se que exames como hemograma, bioquímica sérica, análise de urina, ultrassonografia abdominal e exames hormonais auxiliam na identificação de condições como insuficiência renal, que, conforme abordado anteriormente, pode ser a causa do aumento da pressão no animal (CABRAL, 2020; CATANA, 2020; MENDES et al., 2023).
Para confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, é importante descartar outras condições que podem levar a um aumento transitório da pressão arterial, como dor, estresse ou medo. Além disso, as medidas devem ser interpretadas no contexto da condição clínica do animal e dos achados complementares (PIRES, 2020; MENDES et al., 2023).
Outro ponto relevante é que o diagnóstico precoce da HAS é fundamental para prevenir danos aos órgãos-alvo, que incluem enxágue, olhos, coração e sistema nervoso central (MENDES et al., 2023). Estes danos manifestam-se como cegueira súbita, proteinúria, insuficiência cardíaca ou crises convulsivas, o que reforça a necessidade de uma avaliação diagnóstica detalhada (CARVALHO et al., 2023).
Assim, pontua-se que o manejo bem sucedido da HAS depende não apenas do diagnóstico preciso, mas também da abordagem terapêutica adequada, que inclui o controle da pressão arterial e o tratamento das doenças subjacentes, conforme apontamentos a seguir.
2.3 TRATAMENTO
O sucesso do tratamento depende não apenas da redução da pressão arterial, mas também da gestão eficaz de doenças subjacentes e do monitoramento contínuo para prevenir complicações graves (TEBALDI, 2021). O principal objetivo do tratamento da HAS é a redução da pressão arterial para níveis seguros, com a meta de atingir uma pressão sistólica inferior a 140-150 mmHg (CABRAL, 2020).
Além disso, elenca-se que o tratamento busca prevenir danos aos órgãos-alvo, especialmente os rins, que são mais suscetíveis à hipertensão, pois quando ela é secundária a uma condição subjacente, o controle da doença primária é crucial para um manejo efetivo (PIRES, 2020).
Para o tratamento, existem algumas opções, tanto no campo medicamentoso, como no tratamento das causas subjacentes. Assim, no que tange aos medicamentos, podem ser de diversos princípios, como mostra o Quadro 2.
Quadro 2 – Terapia Medicamentos para HAS
PRINCÍPIOS | OBSERVAÇÕES |
Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (iECAs) | Os iECAs inibem a conversão da angiotensina I em angiotensina II, uma substância que causa vasoconstrição e aumento da pressão arterial. São usados principalmente em cães com insuficiência renal crônica ou insuficiência cardíaca. |
Antagonistas dos Receptores de Angiotensina II (ARAs) | Bloqueiam os receptores da angiotensina II, impedindo os efeitos da vasoconstrição e da retenção de sódio. São usados quando os iECAs não são eficazes ou quando causam efeitos adversos. |
Bloqueadores de Canais de Cálcio | Inibe os canais de cálcio nas células musculares lisas dos vasos sanguíneos, levando à dilatação dos vasos e consequente diminuição da pressão arterial. É a medicação de escolha para a redução rápida da pressão arterial, especialmente em cães com hipertensão grave ou quando há lesões oculares significativas. |
Diuréticos | Os diuréticos ajudam a remover o excesso de fluidos do corpo, reduzindo o volume sanguíneo e, assim, a pressão arterial. Podem ser usados em cães com hipertensão associada a insuficiência cardíaca ou edema. |
Outros medicamentos | Betabloqueadores, podem ser usados em casos de hipertensão com arritmias associadas; e alfa-bloqueadores, utilizados para redução da resistência vascular periférica. |
Fonte: Adaptado de Freitas et al. (2021).
Conforme mostra o Quadro 2, existem diversos tipos de medicamentos voltados para o controle da HAS em animais. No entanto, quando ela é uma causa subjacente, o tratamento da doença de base é essencial para o controle da pressão arterial (FREITAS et al., 2021).
Nos casos de insuficiência renal crônica, elenca-se que além de medicamentos anti-hipertensivos, o manejo da insuficiência renal inclui dietas com baixo teor de proteína e fósforo, além de monitoramento da função renal e controle da pressão arterial (CARVALHO et al., 2023; MENDES et al., 2023).
Para a diabetes mellitus, o controle rigoroso da glicemia é essencial, geralmente através da administração de insulina e ajustes dietéticos (MENDES et al., 2023). No contexto do hiperadrenocorticismo, o controle da produção excessiva de cortisol pode ser feito com o uso de medicamentos como o trilostano ou mitotano, que atuam diretamente na glândula adrenal (PIRES, 2020; CATANA, 2020).
O prognóstico dos cães com hipertensão depende da causa subjacente e da rapidez com que o tratamento é iniciado (FREITAS et al., 2021). Em cães com hipertensão secundária controlada, como na insuficiência renal crônica, o tratamento pode melhorar significativamente a qualidade de vida, e em casos de hipertensão grave não tratada, as complicações podem ser fatais (MENDES et al., 2023).
3 RELATO DE CASO
O Estudo de Caso em questão se refere ao procedimento diagnóstico da Hipertensão Arterial Sistêmica Idiopática em um cão. O atendimento foi realizado na Clínica Dr. Danilo Bertozzo, em Avaré, São Paulo, onde o profissional responsável permitiu o acompanhamento do procedimento nos meses de agosto a setembro de 2024.
O animal é um cão fêmea chamada Sofia, raça Dachshund, com idade média de 15 anos e com peso de 4,5kg, que foi para consulta de rotina por causa da idade. A hipertensão arterial foi encontrada durante o exame, demandando, assim, um aprofundamento sobre a causa.
A única alteração que o animal apresentava era a pressão alta, no qual, em repouso, apresentava 200mmhg de pressão sistólica. Foi indicado a realização de exames laboratoriais e de ultrassom para verificação da causa da hipertensão e, em seguida, para controle até a obtenção dos resultados, foi indicado bloqueador de canal de cálcio, o Anlodipina, 0,1 mg, via oral.
Os resultados dos exames apresentaram os seguintes dados, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Laudo Ecocardiográfico
Fonte: acervo pessoal (2024).
No exame de urina, obteve-se os seguintes dados, como mostra a Figura 2.
Figura 2 – Exame de urina
Fonte: acervo pessoal (2024).
Sobre o hemograma, o resultado do exame apresentou os seguintes dados, como mostra a Figura 3.
Figura 3 – Resultado do hemograma
Fonte: acervo pessoal (2024).
Também foi solicitado um exame de ultrassom para verificação de causas da hipertensão arterial sistêmica idiopática como um aspecto subjacente, obtendo-se o seguinte laudo, como mostra a Figura 4.
Figura 4 – Laudo Ultrassonográfico
Fonte: acervo pessoal (2024).
Em posse dos resultados dos exames, observou-se alteração e, no ultrassom, foi possível identificar um sinal da medular no rim esquerdo, que pode ser um sinal de sentinela, pontuado no próprio laudo. Assim, verificou-se uma lesão pré-renal, tendo a hipertensão arterial como um fator pré-renal. Também se elencou que, a princípio, a hipertensão pode ser a responsável pelo sinal da medular.
Com os resultados dos exames, foi possível descartar a hiperadreno, haja vista que conforme apontado ao longo desse estudo, o animal nessa condição tem aumento das adrenais. Assim, o atendimento voltou-se para a lesão pré-renal que provocou um quadro de hipertensão arterial sistêmica subjacente no animal.
Além disso, é importante ressaltar que a hipertensão arterial no animal foi identificada por causa de consulta e exames de rotina, o que justifica a importância de um cuidado preventivo para evitar a ocorrência de doenças que podem ser fatais para o animal.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as pesquisas, observou-se que a hipertensão arterial sistêmica em cães é uma condição significativa, especialmente quando associada a doenças subjacentes, como insuficiência renal crônica, distúrbios endócrinos e problemas cardíacos. No entanto, a prevenção da hipertensão, seja ela primária ou secundária, é fundamental para reduzir o risco de complicações graves, como danos aos órgãos-alvo, insuficiência renal, cegueira e até mesmo distúrbios neurológicos.
Uma das principais abordagens para a prevenção da hipertensão arterial é a detecção precoce de fatores de risco e, para isso, realizar exames veterinários regulares, incluindo a medição periódica da pressão arterial, especialmente em cães com histórico de doenças renais, cardíacas ou metabólicas, é crucial para identificar alterações antes que se tornem problemáticas.
Pontuou-se, também, que cães idosos, obesos ou com condições pré-existentes devem ser monitorados com maior frequência, pois são mais suscetíveis ao desenvolvimento de hipertensão. Além disso, o controle das condições subjacentes é essencial, pois no caso de cães com insuficiência renal crônica ou diabetes mellitus, o manejo adequado dessas doenças pode ajudar a prevenir o aumento da pressão arterial.
Assim, evidenciou-se que o controle glicêmico rigoroso em diabéticos e a adoção de dietas com baixo teor de sódio e proteína em cães com problemas renais são medidas importantes que contribuem para a prevenção da hipertensão. A modificação do estilo de vida, incluindo a manutenção de um peso corporal saudável e a promoção de exercícios adequados, também desempenha um papel fundamental na redução do risco.
Outra estratégia preventiva importante é a conscientização dos tutores sobre os sinais clínicos de hipertensão, como alterações nos olhos e sinais neurológicos. Reconhecer esses sintomas precocemente pode levar a um diagnóstico mais rápido e a intervenções terapêuticas mais eficazes.
No estudo de casos, elencou-se que a hipertensão arterial foi observada no cão por causa de exames e consulta de rotina preventiva, sendo possível observar mediante exames a causa da doença e a efetivação do melhor tratamento. No caso, por ser subjacente e advinda de uma lesão renal, foram efetivados protocolos específicos.
Dessa forma, tendo como base os objetivos propostos, concluiu-se que a prevenção da hipertensão arterial sistêmica em cães envolve uma combinação de monitoramento regular, controle das condições de saúde subjacentes, mudanças no estilo de vida e a educação contínua dos tutores.
Com essas medidas, é possível não só reduzir o risco de hipertensão, mas também melhorar a qualidade de vida dos cães, prevenindo complicações graves e promovendo um envelhecimento saudável, e a atuação precoce e a abordagem integrada entre o veterinário e os tutores são essenciais para garantir o bem-estar dos animais afetados pela hipertensão.
REFERÊNCIAS
CABRAL, R. R. Valores da pressão arterial em cães pelos métodos oscilométrico e Doppler vascular. Arq. Bras. Vet. Zootec. V. 72, n. 2, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abmvz/a/GbK55gThRymPjwSBqJgzBJG/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 10 out. 2024.
CARVALHO, C. P. et al. Hipertensão arterial em cães. Tese apresentada ao Centro Universitário Brasileiro. 2023. Disponível em: https://www.grupounibra.com/repositorio/MVETI/2023/hipertensao-arterial-em-caes.pdf. Acesso em 05 out. 2024.
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FREITAS, M. S. et al. Estudo prospectivo de cães e gatos com hipertensão arterial sistêmica (HAS). 29º Seminário de Iniciação Cientifica UDESC. 2021. Disponível em: https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/10568/92_Let_cia_Andreza_Yonezawa____Mirelle_da_Silva_de_Freitas_15656294166564_10568.pdf. Acesso em 30 set. 2024.
MENDES, E. M. et al. Hipertensão situacional em cães dóceis adultos. Ciência Animal. V. 33, n. 1, 2023. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/cienciaanimal/article/view/10488. Acesso em 05 out. 2024.
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