O USO DA ACUPUNTURA VERSUS MEDICAMENTOS NO TRATAMENTO DE DESCONFORTOS/DOENÇAS DURANTE A GESTAÇÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

THE USE OF ACUPUNCTURE VERSUS MEDICATIONS IN THE TREATMENT OF DISCOMFORTS/ILLNESSES DURING PREGNANCY: SYSTEMATIC REVIEW 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411262204


Élber Rogério Jucá Ceccon da Silva1
Emanoel Patrik da Silva2
Vinicios Gomes da Silva3
Ernesto Duran Neto4
Marco Aurélio da Silva Veras5
Thais Camila Alves Lessa6


RESUMO 

O presente estudo objetivou comparar duas terapias utilizadas no período gestacional: Acupuntura e Medicamentos, buscando demonstrar através de pesquisa bibliográfica os aspectos positivos e negativos bem como a segurança e eficácia das mesmas. A acupuntura é uma técnica advinda da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que age através de estímulos geralmente com agulhas que liberam substâncias tais como neurotransmissores e neuromediadores promovendo a saúde e o bem estar. Os resultados apontam que a acupuntura na gestação se mostra uma terapêutica que pode ser segura e eficaz, desde que o profissional seja devidamente habilitado assegure-se de evitar acupontos tidos como contra-indicados, com raros ou nenhum efeito adverso. Por outro lado os estudos apontam que o uso de medicamentos durante a gestação é estrito e sensível, pois não há estudos conclusivos que assevera a segurança da utilização de fármacos que possam ser utilizados em muitas das necessidades das gestantes, de forma que a utilização e prescrição são em sua maioria baseadas em experiências clínicas. Assim, foi possível concluir que ambas as técnicas têm sua eficiência, no entanto a acupuntura parece se sobressair em alguns aspectos relacionados ao quesito da segurança à gravidez quanto ao uso, comparados com os riscos potenciais que podem causar os medicamentos, sobretudo, os medicamentos têm utilidades em que a acupuntura parece não ter ação, quando se trata de emergências gestacionais. 

Palavras-chave: Acupuntura; Gravidez; Medicamentos. 

ABSTRACT 

The present study aimed to compare two therapies used during pregnancy: Acupuncture and Medications, seeking to demonstrate through bibliographical research the positive and negative aspects as well as their safety and effectiveness. Acupuncture is a technique originating from Traditional Chinese Medicine (TCM) that acts through stimuli, usually with needles, that release substances such as neurotransmitters and neuromediators, promoting health and well-being. The results indicate that acupuncture during pregnancy is a therapy that can be safe and effective, as long as the professional is properly qualified and ensures to avoid acupoints considered contraindicated, with rare or no adverse effects. On the other hand, studies indicate that the use of medications during pregnancy is strict and sensitive, as there are no conclusive studies that confirm the safety of using drugs that can be used for many of pregnant women’s needs, so that the use and prescription are mostly based on clinical experiences. Thus, it was possible to conclude that both techniques are efficient, however acupuncture seems to stand out in some aspects related to the issue of pregnancy safety in terms of use, compared to the potential risks that medications can cause, above all, medications have uses in which acupuncture seems to have no action, when it comes to gestational emergencies. 

Keywords: Acupuncture; Pregnancy; Medicines.

1. INTRODUÇÃO 

A gravidez é um período de constantes transformações, sejam físicas, fisiológicas e psicológicas, onde para a maioria das mulheres modifica dinamicamente seu corpo, e geralmente é acometida por alguns incômodos, como por exemplo, no sistema músculo esquelético que tende a provocar queixas e dores, e outras situações como enjoos gravíticos, vômitos, prisão de ventre, hemorragias, edemas, dores de cabeça, odontalgias, distúrbios psíquicos, dentre outros (TAKEDA, 2016; AUTEROCHE, 1987). 

A acupuntura é uma técnica oriunda da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) existente há mais de 5.000 anos, quando utilizada visa à manutenção da saúde, bem como o tratamento de doenças, geralmente por inserção de agulhas em pontos específicos distribuídos pelo corpo chamados de “acuponto”. Quando estes pontos são estimulados o organismo responde a esses estímulos por mecanismos bioquímicos com a liberação de substâncias, como os opioides endógenos (endorfina, dinorfina e encefalina), promovendo o equilíbrio do corpo e mente restaurando assim a saúde e promovendo bem estar (MARTINS, 2011; DA SILVA, 2016; ROCHA, 2016). 

A terapia medicamentosa é uma ferramenta que tem a finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. O uso de fármacos na gestação sempre representou um desafio para a classe médica, pois os benefícios do seu uso devem ser comparados aos perigos e riscos em usá-lo ou não (GUERRA et al. 2008; MONTEIRO et al. 2008). 

Na grande maioria dos estudos realizados para elucidar a segurança do uso de medicamentos na gestação mostra que o primeiro trimestre é o período crítico para administrar medicamentos, visto que pode interferir na diferenciação embriológica dos sistemas podendo por vezes causar malformações fetais (GUERRA et al. 2008). 

Segundo Diniz et al. (2011), em seu trabalho faz referência ao enunciado do médico Hong Jin Pai, presidente da Sociedade Médica Brasileira de Acupuntura de São Paulo (SMBA-SP), a qual diz: 

[…] durante o pré-natal, a acupuntura é o tratamento mais seguro e que quase não tem efeitos colaterais. A técnica é indicada para tratar problemas como dor de cabeça, enxaqueca, enjoo, lombalgia, dor abdominal, ansiedade e estresse, depressão, gastrite, dor nas pernas por causa de peso, rinite, depressão pós-parto. 

Diversas publicações científicas, livros, relatam benefícios das “terapias complementares não medicamentosas”, tais como exercícios fisioterápicos, auto massagens, shiatsu, osteopatia, auriculoterapia e então a acupuntura, podem gerar benefícios tais como alívio de algias, mal estar, enjoo gravíticos, dispneia, palpitações, síndrome do túnel do carpo, dentre outras enfermidades durante a gestação (NAKAMURA, 2008; BALASKAS, 1999). 

Nota-se que existe um receio tanto no uso da acupuntura quanto de medicamentos no período gestacional, assim, esse estudo através de revisão sistemática de literaturas tem o objetivo de trazer à luz, conhecimentos básicos a respeito do tema, buscando por meio da pesquisa e comparação demonstrar os pontos positivos e negativos, segurança e eficácia de cada terapêutica, medicamentosa (fármacos) e acupuntura (não medicamentosa). 

2. METODOLOGIA 

Classificou-se a presente pesquisa como uma revisão sistemática, de forma a responder os objetivos em detrimento da literatura de forma imparcial e reprodutível, na busca de sintetizar e evidenciar estudos científicos para contribuir com novas compreensões da temática abordada (CAMPOS et al. 2019). 

Os dados apresentados foram coletados no período de novembro de 2024. As bases e/ou banco de dados utilizados foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Sciencedirect, PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Sítio Eletrônico oficial do Ministério da Saúde e do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, Periódicos Científicos e livros específicos da área de acupuntura para elucidar conceitos. 

Considerando a natureza da pesquisa, onde a acupuntura se trata de uma técnica milenar, optou-se como critério de inclusão de livros, artigos e periódicos nacionais e internacionais, priorizando pesquisas realizadas com seres humanos. 

Utilizou-se os seguintes descritores de saúde (DeCS): a) Acupuntura, medicamentos e Gravidez; b) Acupuntura e Gestação; c) Acupuntura no período gestacional; d) Segurança da acupuntura na gravidez; e) Medicamentos e Gestação; f) Gravidez e medicamentos; g) segurança dos medicamentos na gravidez; bem como os mesmos descritores na língua inglesa. 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

3.1 Acupuntura 

Os conhecimentos milenares da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), teoria de base da acupuntura, é algo impressionante, fundamentada na teoria do Yin e Yang que em suma é a divisão do mundo em duas forças ou princípios fundamentais, interpretando todos os fenômenos em opostos complementares, teoria esta que está presentes em todos os aspectos da MTC, utilizada para explicar a estrutura orgânica do corpo, funções fisiológicas, norteia ainda os caminhos para a descoberta das doenças, suas origens e evolução, sendo um conhecimento que é possível achar diagnósticos e ao mesmo tempo realizar os tratamentos clínicos (MARTINS, 2011; AUTEROCHE, 1992; BRASIL, 2006). 

O livro clássico da Medicina Tradicional Chinesa denominado “Huangdi Nèijng – Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo”, tido como o Livro de Ouro da acupuntura, foi escrito a cerca de 3.000 anos (A.C). Além dos elementos teóricos da MTC a obra literária demonstra vários conhecimentos filosóficos, patológicos, fisiológicos e diagnósticos. Por sua vez, a obra já afirmava que o sangue flui sob o controle do coração, fato este que veio ser reafirmado cerca de 2.000 anos após, pelo Médico britânico William Harvey com a teoria da circulação sanguínea publicado no ano de 1628 (SZABÓ, 1997; CHING, 1989). 

Até os dias atuais a Acupuntura é utilizada nos atendimentos básicos de saúde na China demonstrando a eficiência no tratamento e prevenção de doenças. No ano de 1997, o Panel Issue Consensus Statement on Acupuncture, no National Health Instituto, por meio de mais de 37 profissionais de diversas áreas científicas, realizaram um estudo e avaliaram a utilização e eficácia da acupuntura para uma variedade de indicações terapêuticas, onde os resultados se mostraram positivos para: náuseas, vômitos, odontalgia, vícios, reabilitação de acidente vascular cerebral, dor de cabeça, cólicas menstruais, fibromialgia, osteoartrite, dor lombar, síndrome do túnel do carpo, dentre outras indicações (MARTINS, 2011; MACHADO, 2011). 

No Brasil, a acupuntura foi propagada desde a década de 1970, por meio de artigos do assunto, e no SUS foi incorporada em 1988, atualmente é uma das Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) do Sistema Único de Saúde (SUS), praticada por médicos e de forma multiprofissional (outras áreas da saúde). Há ainda o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA) fundado em 1998, a qual oferta a residência médica em acupuntura denominada de “Acupunturiatria”, formando médicos “Acupunturiatras”, termos estes específicos para denominar os médicos acupunturistas no Brasil. Contudo, no contexto global, o termo mais utilizado pelas academias científicas é o termo tradicional “Acupuntura” sendo o profissional denominado de “Acupunturista” (BRASIL, 2006; CMBA, 2021). 

3.2 Gravidez sob os aspectos da Medicina Tradicional Chinesa 

Na relação da gravidez com a acupuntura, um aforismo chinês citado por Auteroche (1992 e 1987) a qual diz: “o crescimento do feto é garantido pelo Xue (sangue) da mãe”. Dessa forma o desenvolvimento do feto na MTC depende dos canais de energia denominados “meridianos” dos órgãos: Fígado, Rins e Baço da mãe, relacionados com o Xue, com as seguintes funções e patologias: 

a. Meridiano do Fígado (Gan): armazena o sangue e assegura o fluxo do Qi (energia) em todo corpo: influencia na resistência contra fatores patogênicos externos; Influencia no crescimento e desenvolvimento; atua nos edemas; dores nos genitais externos; dores no baixo-ventre; dores de cabeça; hipertensão arterial; tonturas e vertigens; irritabilidade; insônias; dores nas pernas, fraquezas; dor pélvica; lombalgias; depressão; dentre outros. Quando o Fígado fica em desarmonia pode gerar: Insônias e distúrbios psíquicos (estagnação do Qi do Gan); vômitos gravídicos (ataque transversal do Qi do Gan); dor abdominal (estagnação do Qi do Gan); perdas de sangue (associação de sangue-calor); eclâmpsia (deficiência, ataque externo, vento no Gan) (AUTEROCHE, 1987; AUTEROCHE, 1992; MACIOCIA, 2007). 

b. Meridiano dos Rins (Shen): conhecido também como a ‘Raiz da Vida’ onde se armazena a Essência (Jing) que é parcialmente adquirida na concepção derivada dos pais. O Shen é fundamental para o nascimento, crescimento e reprodução: nutre o feto antes do nascimento; governa o cérebro, medula espinhal e ossos, nutrido-as; atua na força de vontade e motivação; nutre os cabelos; nutre o Xue e Essência; acalma o feto e restaura o Qi do útero; aquece o útero; controla os Sonhos. Quando em desarmonia geram: insônias (deficiência do Yin do Shen); prisão de ventre (Yang dos Shen vazio); infecção urinária; dor abdominal (deficiência do Yang dos Shen); ameaças de aborto; edemas; eclampsias; diarréias; e outros (AUTEROCHE, 1987; AUTEROCHE, 1992; MACIOCIA, 2007). 

c. Meridiano do Baço (Pi) e Meridiano do Estômago (Wei): o Baço produz e controla o Sangue (Xue) e pâncreas (insulinas); controla os músculos e os quatros membros; abriga o pensamento; transforma os alimentos e líquidos extraindo a energia (Qi) deles para formação do Xue; clareia a mente e transtornos dos sonhos no sono; estimula as atividades do cérebro e as faculdades mentais; age nas náuseas, regurgitação, vômitos; edemas nos membros inferiores; lombalgias; cefaleias; secreção vaginal; hemorroida; afecções do estômago; dor lombar; dor nos joelhos, dentre outros. Este canal de energia (Pi) quando em desequilíbrio na gravidez causa: insônias e distúrbios psíquicos; vômitos gravídicos (calor no estômago e baço vazio); prisão de ventre (vazio do Yin do estômago); ameaça de aborto (vazio do Pi); edemas (vazio do Pi, estagnação e umidade) (AUTEROCHE, 1987; AUTEROCHE, 1992; MACIOCIA, 2007). 

3.3 Acupuntura no tratamento de desconfortos/doenças na Gravidez 

Em síntese, Takeda (2016), uma médica gineco-obstetra e acupunturista há mais de 30 anos, descrevem bem em sua publicação a relação da gravidez e a acupuntura: 

[…] O método pode ser um grande aliado da mulher, em especial durante a gestação, momento em que ela passa por uma série de transformações […]. A acupuntura pode acompanhar a mulher durante todo o processo da gestação. No primeiro trimestre, a indicação é voltada para amenizar omal-estar, náuseas e alterações emocionais, como a ansiedade. No segundo trimestre para azia e má digestão, além da melhora da qualidade do sono, e ao final da gestação para lombalgia e dores na coluna em geral. 

Para se tratar as doenças de maneira geral é necessário que se tenha um diagnóstico definido. Com características diferenciadas do pensamento ocidental, a MTC tem sua própria metodologia, onde está ligada diretamente com a Teoria do Yin e Yang e os 5 Movimentos/elementos (Fogo, Terra, Metal, Água e Madeira), aplicadas à atividade fisiológica e às mudanças patológicas do corpo humano, servirão para o exame clínico e o diagnóstico. Para elucidar como funciona o diagnóstico na MTC, para cada doença/desconforto há um conjunto de fatores a ser considerado, de forma que o tratamento com a acupuntura visa equilibrar a desarmonia energética encontrada (AUTEROCHE, 1992). Por outro lado o exemplo claro dado por Auteroche (1987) no diagnóstico do vômito gravídico, por exemplo: 

Os vômitos gravídicos são explicados por dois mecanismos: 1) Após a concepção, “a porta do útero fecha-se”. O Qi do órgão é bloqueado no interior e obriga Qi do feto a subir em sentido inverso, o que contribui para enfraquecer o Qi do Estômago, que não pode seguir o seu curso normal de descida. 2) Após a concepção, o sangue acumula-se para alimentar o feto. O sangue contido no Fígado é utilizado, suscitando ao nível do órgão, um Vazio de Yin e um excesso de Yang, o Fogo ministerial queima o interior do corpo, torna-se Calor e agride o Estômago: é o ataque transversal do Qi do Fígado. 

Em sua tese, Da Silva (2016) com base na literatura existente, buscou criar um protocolo para amenizar Vômitos no primeiro trimestre da gravidez, que por sua vez é a utilização de um único ponto de acupuntura o Neiguan (Pc/CS-6), por meio de acupressão (massagem no ponto de acupuntura com fins profiláticos e terapêuticos), demonstrando que é uma alternativa para os casos de vômitos no período mais sensível da gravidez. 

Outro exemplo da eficácia da acupuntura no período gestacional é no tratamento de dores de cabeça (cefaleias), onde é possível encontrar vários estudos nessa temática. Na medicina chinesa, de forma sintética, a origem da dor de cabeça se dá pelo excesso (intensa e aguda) ou deficiência (surda e menos intensa) de Qi em determinados canais energéticos do corpo, podendo ser causadas por tensões, estresse, frustrações, raivas, dentre outras origens. Identificando a origem, trata-se através dos acupontos buscando o equilíbrio energético e consequentemente a dor cessa (MACIOCIA, 2007; MAGALHÃES, 2013; ROOS, 1994). 

No Manual de Diretrizes Clínicas na Saúde Complementar na Gestação da Associação Médica Brasileira, faz referência ao estudo realizado por Norling no ano de 2000, que avaliou gestantes submetidas aos tratamentos de acupuntura e fisioterapia, em dores pélvicas e lombares, os resultados são significativos e superiores com a acupuntura, demonstrando que é uma alternativa viável para as gestantes (DIRETRIZES, 2000; PERES, 2014; MADEIRA et al. 2022; MARTINS E SILVA 2005).

Quando se fala de dores abdominais, na medicina chinesa, são ocasionadas por três fatores: Vazio-Frio (quando o yang original está deficiente); Vazio de sangue (deficiência, estase de Qi); Água-Umidade (causado por vazio de sangue); Estagnação de Qi (quando o fígado perde a função de escoamento). Para cada situação, o terapeuta deve analisar os sinais e sintomas e eleger os pontos que promoverá o equilíbrio energético que cessará as dores (AUTEROCHE, 1987; MACIOCIA, 2007; MARTINS, 2011). 

Assim a acupuntura pode tratar as diversas doenças/desconfortos, durante todo período gestacional, onde sua atuação se estende em: distúrbios psíquicos (medo, ansiedade, depressão e irritabilidade), lombalgias e ciatalgias, controle cardiovascular (arritmias e outros), prisão de ventre, odontalgia, hemorróidas, retenção urinária, edemas, eclampsia, auxilia para evitar os abortos, ajuda a acalmar o feto, auxilia na reversão do feto (má posição) para os partos normais, redução da dor no trabalho de parto, dentre outras ações possíveis com a aplicação da acupuntura (BALASKAS, 1999; SCHOBER, 2003; NAGUINDÁS, 2012). 

O tratamento com a acupuntura tradicional chinesa é realizada através dos acupontos, que segundo os chineses são mais de 1.000 (mil) unidades distribuídos no corpo, sendo que 361 correspondem aos pontos dos canais principais, e os outros são classificados como Extraordinários e Ashi. De maneira geral para se determinar os acupontos a serem utilizados para o tratamento, será de acordo com o padrão de sinais e sintomas da doença, pois geralmente na MTC o tratamento é individual e leva em consideração vários aspectos como: desarmonia energética do momento, constituição energética da pessoa, gravidade da doença, órgãos ou vísceras afetados, estágio da gestação, dentre outros (MARTINS, 2011; DA SILVA, 2016; AUTEROCHE, 1992; AUTEROCHE, 1987). 

3.3.1 Pontos de Acupuntura contra-indicados e/ou “proibidos” na Gestação 

A acupuntura realizada em gestantes pode ser segura e eficaz, embora se devam tomar algumas precauções, pois podem causar efeitos indesejáveis quando aplicadas de forma incorreta, sobretudo, evitar punturar alguns pontos que mobilizem o Xue e o Qi (SCHOBER, 2003; DINIZ et al. 2011; AUTEROCHE, 1987). 

Segundo Pina (2016) apud Flaws (2005), cita que se devem tomar precauções importantes no ciclo da gravidez, relacionando-se com os “Cinco Elementos”, pois segundo Si-miao a cada dois meses corresponde a um elemento/movimento que está ligado com o desenvolvimento fetal e para cada mês não se deve punturar o canal de energia (meridiano) correspondente, sendo: 1º mês de gravidez – Fígado; 2º mês – Vesícula Biliar; 3º mês – Coração; 4º mês – Tríplice Aquecedor; 5º mês – Baço-Pâncreas; 6º mês – Estômago; 7º mês – Pulmão; 8º mês – Intestino Grosso; 9º mês – Rins; de forma que haja a manutenção da gravidez os pontos correspondentes devem ser deixados de fora dos protocolos. 

Em regras gerais deve-se evitar durante a gestação pontos que se localizam abaixo da linha do umbigo ou abaixo da linha da segunda vértebra lombar, além disso, os pontos da parte superior do abdômen que dão sensações fortes, por exemplo, o acuponto Hegu (IG-4) (PINA, 2016; AUTEROCHE, 1987). 

3.4 Alopatia (medicamentos/fármacos) durante a gravidez 

O uso de terapia medicamentosa durante a gravidez é um tema muito estudado ao longo de décadas, tema este estudado com mais rigor a partir da década de 1960, considerado uma tragédia o fármaco talidomida usado por gestantes para crise de enjoos matinais, na época tiveram suas crianças com focomelia e outras com alterações congênitas. De repercussão internacional, a catástrofe da talidomida causou danos em mais de 10 (dez) mil crianças no mundo. Com isso, alertou a importância de se criar normas mais rigorosas para liberação e comercialização de medicamentos, com isso provocou também mudanças consideráveis nas práticas relativas às prescrições. Insta frisar que antes da tragédia da talidomida existia uma ideia de que os fetos quando estavam no interior do útero materno estavam protegidos de efeitos embriotóxicos (DO CARMO E NITRINI, 2004; FONSECA et al. 2002; FENGLER et al. 2014). 

De forma demonstrar os riscos e efeitos associados ao uso de medicamentos durante a gravidez, foi criado nos Estados Unidos pelo Food and Drug Administration (FDA) a classificação dos fármacos em cinco categorias (A, B, C, D e X), com as informações sobre o nível de risco para o feto e para gestante; é possível verificar essa classificação em algumas bulas de medicamentos. Em regras gerais apenas as categorias ‘A’ (ex: Ácido Folínico, Retinol, Levotiroxina, Piridoxina) é considerados seguros à gestante e ao feto, a classe ‘B’ (ex: Paracetamol, Acetilcisteína, Nistatina, Ambroxol, Fluoxetina) considerado como um pouco seguros, em vista deve-se prescrever com cautela, já os da classe ‘C’ (ex: Omeprazol, Albendazol, Insulina, Clonazepam) e ‘D’ (ex: Amitriptilina, Enalapril, Cortisona, Mebendazol) devem ser prescritos em casos realmente necessários, no entanto os fármacos da classe ‘X’ (ex: Misoprostol, Isotretinoína, Acenocumarol, Gonadotrofina coriônica, Varfarina, e outros) não devem ser utilizados sob nenhuma hipótese, pois há evidências positivas de anormalidades fetais, inclusive para as mulheres que querem engravidar, de forma que os riscos superam os benefícios (MONTEIRO et al. 2008; GUERRA, 2008; DO CARMO E NITRINI, 2004; FONSECA et al. 2002; FENGLER et al. 2014). 

Em um estudo realizado por Guerra et al. (2008) na cidade de Natal-Brasil , onde entrevistou 610 gestantes da rede pública de saúde demonstrou dados interessantes, tais como 86,6% das gestantes faziam uso de pelo menos um medicamento durante a gestação, índice por sua vez considerados inferiores aos estudos europeus que chegam entre 96,4% a 99%, ou até mesmo no sul/sudeste do Brasil com estudos entre 91,3% a 97,6%, variabilidade possivelmente por ser uma cidade nordestina onde em tese se tem pouco acesso a medicamentos. Na pesquisa demonstra que 88,9% das mulheres iniciaram o uso ainda no primeiro semestre da gestação, que é o período de maior vulnerabilidade para a teratogenicidade (MONTEIRO et al. 2008; NAKAMURA, 2008). 

Os fármacos mais utilizados na gravidez a partir de estudos nacionais são os antianêmicos, analgésicos, antiespasmódicos, antieméticos, antibióticos, antiácidos, todavia os antianêmicos (ex: sulfato ferroso) são os mais usados, visto fazer parte dos protocolos preconizados pelo governo (GUERRA et al. 2008; FENGLER et al. 2014). 

A dificuldade em determinar quais fármacos realmente são seguros está na ausência de dados científicos com os reais riscos associados no uso durante a gravidez. Por questões éticas e legais não são permitidos realização de estudos convencionais em gestantes, sendo a maioria dos estudos realizados em animais, não permitindo se dizer que os mesmos efeitos são equiparados na gestação humana (MONTEIRO et al. 2008; NAKAMURA, 2008; FENGLER et al. 2014). 

No ocidente, a prescrição medicamentosa é parte integrante do processo de assistência à saúde, mas é necessário avaliar os riscos e benefícios ao indicar fármacos durante a gravidez, principalmente no primeiro trimestre (AMADEI et al. 2011; FENGLER et al. 2014). 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Alguns autores publicaram trabalhos sobre o uso da acupuntura e medicamentos na gestação, há publicações em que contemplam as duas terapias, de forma haver uma comparação natural entre as técnicas. Sendo assim, o presente trabalho visa demonstrar o que os autores falam a respeito do assunto, de forma a elucidar os pontos positivos, negativos, segurança e eficácia das duas terapias durante o período gestacional. 

A Associação Médica Brasileira por meio de parceria elaborou o manual de “Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar – Gestação e Analgesia (2011)” , que faz menção tanto ao uso de medicamentos quanto a acupuntura no período gestacional, onde recomenda evitar o uso do medicamento Acetaminofeno (paracetamol), pois estudos apontam surgimento de anomalias congênitas faciais, auditivas e de região cervical, podendo ainda no terceiro trimestre causar a gestação prolongada por inibição do trabalho de parto, alertando ainda o uso do Ácido Acetilsalicílico (ASS), pois há elevado risco de ocasionar alterações vasculares e gastrosquise durante a gestação. Quanto ao uso da acupuntura, o manual cita que é uma modalidade efetiva de tratamento em condições de dor, e recomenda: “A acupuntura apresenta-se como eficiente modalidade empregada durante a gestação e trabalho de parto, visando o controle da dor” (DIRETRIZES, 2000). 

Nos dias atuais há uma gama de trabalhos a respeito do uso de medicamentos na gravidez, que demonstram uma incerteza na utilização destes, principalmente no primeiro trimestre, pois há poucos estudos em humanos nesta temática, visto questões éticas e legais (DA SILVA, 2016; MONTEIRO et al. 2008). 

Em alguns estudos demonstram que a náuseas e vômitos são as principais queixas das gestantes, no estudo realizado por Da Silva (2016), relata que nenhum fármaco utilizado nestes tratamentos foi aprovado pelo FDA, pois não há nenhum protocolo estandardizado disponível, mas, porém são prescritos com base na experiência clínica. Os estudos da acupuntura relacionada com tratamentos de vômitos e náuseas demonstram bons resultados, sem ocasionar males ao feto e a mãe (AUTEROCHE, 1987; DA SILVA, 2016; PINA, 2016). 

Outro exemplo são as cefaleias (dores de cabeça) na gravidez, onde os trabalhos científicos apontam que o uso excessivo de medicamentos para cefaleias são capazes de cronificar a doença, onde a suspensão do uso dos mesmos resulta na melhora dos pacientes, e o uso de tratamento não farmacológico nestes casos é uma alternativa que amplia a possibilidade de resultados satisfatórios (MIRANDA et al. 2015). Em uma pesquisa específica para estudo da eficácia da acupuntura nas cefaleias, Oliveira et al. (2011) conclui que, além de haver um consenso entre os autores em reconhecer que a acupuntura está respaldada em evidências científicas e não esotéricas, os acupontos por sua vez faz a liberação de substâncias endógenas tais como endorfina, dinorfina e opioides, que diminui as crises e consumo de fármacos, podendo ser uma técnica exclusiva no controle das dores ou associada a outros tratamentos (VERCELINO E CARVALHO, 2010). Um estudo semelhante nas cefaleias realizado por Magalhães (2013) ressalta a eficácia da acupuntura nas cefaleias crônicas, considerando a técnica como baixo custo. 

A acupuntura por sua vez age em várias patologias na gestação, um exemplo é nas lombalgias e dor ciática, onde estudos comprovam que através da inserção das agulhas nos acupontos são liberados neurotransmissores e neuromediadores, como a serotonina e dopamina, substâncias capazes de eliminar a sensação dolorosa da região lombar e ciática, com isso diminuir o uso de analgésicos durante a gestação. Nas algias decorrentes da gravidez, como as sacarolíticas, lombares e ciáticas pode se usar os pontos relacionados com a etiologia e trajeto do meridiano, tais como Chengshan (B-57), Weizhong (B-40), Huantiao (VB-30) e Shenshu (B-23) (PERES, 2014; MADEIRA et al. 2022; AUTEROCHE, 1987). 

Em outro estudo realizado por Quimeli (2018) em lombalgias, com dois grupos de gestantes: 1) Uso de Acupuntura; 2) Uso de placebo/acupuntura; ambos faziam uso de medicamentos. Inicialmente os dois grupos faziam uso de analgésicos, entretanto o grupo que recebeu a acupuntura houve uma diminuição progressiva na medida em que recebiam as aplicações, chegando a zerar o consumo, já o grupo placebo não teve resultados satisfatórios, esse tipo de resultado onde a acupuntura reduz o uso de analgésicos na gestação é confirmado em outros estudos. 

No campo da odontologia a acupuntura também se faz presente, sendo comum surgimento de dores de dente durante a gestação, com isso um estudo apresentado por Vasconcelos et al. (2012) demonstra que o atendimento odontológico às gestantes preferencialmente devem ser a partir do segundo semestre, visto os riscos possíveis com o uso de medicamentos, sendo alguns usados na odontologia considerado seguros, contudo outros tais como os anti-inflamatórios não esteroides (AINES) deve-se usar com extremo cuidado visto o risco de causarem hemorragias na mãe e no feto. 

No Relatório técnico-científico apresentado por Fengler et al. (2014), onde professor e alunos da área de farmácia fazem um estudo sobre os principais medicamentos utilizados por gestantes, é possível verificar as restrições para a utilização de medicamentos devidamente seguros, onde muitos dos medicamentos prescritos podem oferecer riscos potenciais. Na conclusão do relatório mencionam a importância orientações sobre medidas “não farmacológicas” (quando possíveis) que podem ser adotadas pelas mulheres para controlar sintomas comuns na gravidez, diminuindo assim a necessidade da utilização destes medicamentos. 

Um aspecto interessante que a acupuntura parece se sobressair aos medicamentos no quesito da ação dos mesmos, é que os acupontos, cada um deles, são multifuncionais, enquanto os fármacos em sua grande maioria são específicos para cada desconforto/doença. Assim, segue a seguir alguns exemplos de acupontos com base em alguns livros e atlas de acupuntura, demonstrando sua multifuncionalidade nas principais queixas que surgem durante a gestação, onde ressalta-se que tais acupontos não possui restrições diretas de seu uso durante todo período gestacional (MACHADO et al. 2011; MARTINS, 2003; BSCHADEN, 2012; AUTEROCHE, 1992). 

Quadro 1 – Alguns acupontos que atuam em mais de uma queixa/doença/desarmonias durante a gravidez.

Fonte: O autor (2016). Extraído de: MARTINS (2011); MARTINS (2003); BSCHADEN (2012). 

Examinando o quadro acima (Quadro 1), tomamos como exemplo o acuponto 1 – Neiguan (PC/CS-6) que isoladamente age nos vômitos gravídicos, cefaleias, dores abdominais, distúrbios psíquicos, edemas e outros, demonstrando a multifuncionalidade dos acupontos. Assim, de forma sintética estão apresentados nove acupontos que podem ser utilizados durante a gravidez (Quadro 1). Insta frisar, que é importante o acupuntor examinar combinações de acupontos durante a gravidez, de forma evitar a mobilização do Qi e Xue, bem como evitar todos os acupontos situados no “San Jiao” ou Tríplice aquecedor (entre a pelve e tórax da paciente, onde o embrião ou feto está situado) (AUTEROCHE, 1987; MARTINS, 2011). 

Quanto à contra-indicação do uso da acupuntura na gestação, estudos demonstram alguns acupontos que devem ser evitados, assim, segundo Pina (2016), os acupontos incomuns tidos como “proibidos” (deve-se evitar) defendidos por alguns autores são: B-31 (Shangliao), B-32 (Ciliao), B-34 (Xialiao), IG-4 (Hegu), Ba/BP-6 (Sanyinjiao), B-60 (Kunlum), e B-67 (Zhiyin), por outro lado todos esses são benéficos quando utilizados para a indução do trabalho de parto (MARTINS, 2011), já outros autores afirmam que se devem evitar também os acupontos a seguir: E-36 (Susanli), Ba/BP-2 (Dadu), Ba/BP-3 (Taibai), B-21 (Weishu), R-6 (Zhaohai), Shixuan (Ponto extra), VC/Ren-3 (Zongji), F-3 (Taichong). Outro aspecto incomum entre os autores citado por Pina (2016) é a duração da aplicação da acupuntura que deve permanecer as agulhas ou técnica auxiliar em média 25 a 30 minutos. 

Ainda sim, os estudos demonstram que é possível utilizar alguns acupontos tidos como proibidos na gestação em alguns casos específicos na MTC, de acordo com a síndrome/doença, um exemplo dado por Auteroche (1987) aos pontos IG-4 (Hegu), Ba/BP-6 (Sanyinjiao): “Acha-se no Zen Jiu Da Cheng (1601): Energia que ataca o Coração durante a gravidez: essa sensação é devida ao fato de que feto sobe em demasia, e a mulher cai em síncope. Picar (punturar) AM/VC-14 Juque, a reanimação é imediata. Em seguida, tonifica-se ‘IG-4’ Hegu e se dispersa ‘BP-6’ Sanyinjiao, o feto desce”. 

A acupuntura é uma especialidade médica, por sua vez alguns obstetras acupuntores expõem a temática com clareza, Takeda (2016) em uma narrativa afirma que a técnica é segura no primeiro trimestre e um dos grandes benefícios é a diminuição ou evitar o uso de medicamentos visto que muitos não são aconselhados na gravidez. Já o obstetra e acupunturista Zharkin (1990) citado por Pina (2016) expressa: 

[…] os tratamentos convencionais, recorrendo a fármacos, têm eficácia em cerca de 65 a 70% dos casos, por outro lado produzem efeitos secundários podendo mesmo levar a distúrbios no sistema nervoso central. […] na prática clínica a acupuntura constitui um meio eficaz, seguro e que não provoca quaisquer efeitos secundários no tratamento das grávidas podendo ajudar nos mais variados sintomas entre eles: enjoos, salivação excessiva, edema, ameaça de aborto, peso abaixo ideal do feto, ansiedade e medo do parto, tensão muscular, melhorando a circulação útero-placenta sem afetar negativamente o feto, harmoniza e melhora a relação mãe-feto (PINA, 2016). 

Os estudos mostram que a acupuntura tem efeitos positivos no tratamento de doenças/desconfortos em todo período gestacional, se mostrando um método seguro, desde que seja realizado por profissional habilitado que domine a técnica e obedeça a exceção aplicada ao tratamento com a acupuntura (TAKEDA, 2016; AQUINO et al. 2016; DINIZ et al. 2011; PINA, 2016). 

Por outro lado, os estudos quanto ao uso de medicamentos no período gestacional, por questões éticas e legais são limitados, uma vez que expor a gestante e o feto à fármacos novos e/ou existentes, podem gerar danos irreparáveis à saúde da gestante e gestante e fetal, gerando uma incerteza na utilização destes, principalmente no primeiro trimestre, que comparado à acupuntura, é possível se fazer acupuntura em todo período gestacional (DA SILVA, 2016; MONTEIRO et al. 2008; PINA, 2016). 

Quanto ao uso de medicamentos durante a gestação, os estudos demonstram uma lacuna de dúvidas e incertezas, para o quesito da “segurança farmacológica” em relação ao feto e a gestante em todo período gestacional. As dificuldades de se demonstrar a segurança está pautada principalmente pelo modelo dos estudos clínicos ou ensaios clínicos farmacológicos, onde requer a exposição intencional das pessoas aos Estudos Clínicos Randomizado Controlado (ECRC), para então classificar a segurança e eficácia dos medicamentos, neste caso, trata-se de gestantes e vida intra uterinas, esbarrando nas questões éticas e legais para tais estudos (GUERRA et al. 2008; MONTEIRO et al. 2008).

5. CONCLUSÃO 

Os resultados do estudo sistemático evidenciam que a Acupuntura pode ser uma alternativa terapêutica em todo período gestacional, inclusive no primeiro trimestre, apresentando-se uma técnica que pode ofertar resultados positivos e eficaz, porém neste o uso de medicamento é restrito e em alguns casos não recomendado, sobretudo no primeiro trimestre gestacional. Ressalta-se que não houve nenhum dos autores elencados neste estudo que relata ou faz citações de possíveis complicações registradas com o uso da acupuntura no período gestacional; por outro lado, alguns autores afirmam que a acupuntura não tem efeitos colaterais e não apresentam riscos tanto para a mãe quanto para o feto, e se tomado precauções específicas, a técnica se torna segura e eficaz. 

Por outro lado, os estudos quanto ao uso de medicamentos no período gestacional, por questões éticas e legais são limitados, uma vez que expor a gestante e o feto à fármacos novos e/ou existentes, podem gerar danos irreparáveis à saúde fetal e da gestante, gerando uma incerteza na utilização destes, principalmente no primeiro trimestre, que comparado à acupuntura, é possível se fazer acupuntura em todo período gestacional, independente do desconforto ou doença, apesar disso, na atualidade a terapia medicamentosa é a mais utilizada e disponível no ocidente. 

Percebe-se que a acupuntura ainda é um método terapêutico não muito explorado e divulgado quando comparado à terapia farmacológica, no entanto nota-se em diversos países no mundo os esforços com estudos clínicos de instituições e profissionais que praticam a acupuntura, buscando demonstrar por meio da ciência contemporânea os mecanismos neuroquímicos e fisiológicos da terapia. Mas, ainda percebe-se um desconhecimento tanto das pessoas e dos profissionais de saúde quanto a utilização da acupuntura no contexto geral e também sua atualidade no período gestacional. 

Nota-se um ponto incomum entre autores nos trabalhos que abordam a temática do uso de medicamentos na gravidez, além da exposição dos riscos da utilização de medicamentos, alguns recomendam sempre que possível a prática de outros métodos “não farmacológicos”, dentre eles citam a acupuntura. 

No entanto, trata-se de um estudo sistemático de revisão de literatura, embora a acupuntura nesta pesquisa aparente ofertar a ideia de maiores benefícios, eficácia e segurança em relação aos medicamentos utilizados na gestação, há poucos Estudos Clínicos Randomizado (ECR) que abordem o tema “Acupuntura na Gravidez”, demonstrando a necessidade de novos trabalhos para o desenvolvimento da ciência, todavia não houve evidências que recomendassem a não utilização da técnica. Insta frisar que durante os estudos percebeu-se que a acupuntura pode agir não apenas durante a gestação, mas, desde o engravidar (distúrbios da fertilidade) e depois da gravidez (puerpério, lactação, depressão pós parto, etc), denotando assim novos caminhos de estudos, outras publicações. 

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1Lattes: http://lattes.cnpq.br/2250646482691397 – Graduando do Bacharelado em Medicina no Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: elberjucaro@gmail.com 
2Lattes: http://lattes.cnpq.br/7678520217996858 – Graduando do Bacharelado em Medicina no Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: emanuel.2002.patrik@gmail.com 
3Lattes: http://lattes.cnpq.br/3826827427912362 – Graduando do Bacharelado em Medicina no Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: viniciosneves351@gmail.com 
4Graduado em Medicina pelas Faculdades Univalle, La Paz, Bolivia. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho/RO. Docente na instituição: Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: drdurannetoo@gmail.com 
5Lattes: http://lattes.cnpq.br/2731636966666737 – Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Cuiabá-MT. Docente na instituição: Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: marco_aurelioveras@gmail.com 
6Lattes: http://lattes.cnpq.br/0210884565824227 – Graduada em Medicina pelo Centro Universitário São Lucas – UniSL. Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho/RO. Docente na instituição: Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. End: Rua das Ararás, 241 – Eldorado, Porto Velho – RO, 76811-678. E-mail: camila.adv@gmail.com