TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA MULHERES COM DISMENORREIA PRIMÁRIA: REVISÃO DE LITERATURA

PHYSICAL THERAPY TREATMENT FOR WOMEN WITH PRIMARY DYSMENORRHEA: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411261433


Sely da Silva Carvalho1
Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A dimenorreia é um dos distúrbios ginecológico mais frequente em mulheres jovens durante o período menstrual, identificado como dismenorreia, e popularmente conhecida como cólica menstrual, causando dor na região da pelve dificultando o desempenho em atividades diárias. Com isso a fisioterapia em saúde da mulher busca tratar esses desconfortos por meio de recursos e técnicas para minimizar o uso e fármacos com efeitos colaterais indesejáveis, com as seguintes abordagens fisioterapêutica: Eletroestimulação Transcutânea (TENS) e corrente aussie, crioterapia, Massagem do tecido conjuntivo (MTC) e Kinesio taping. Objetivo: Verificar o recurso fisioterapêutico mais eficaz para dismenorreia primária. Materiais e método: Trata-se de uma Revisão de literatura com critérios de inclusão: estudos de intervenção que tivessem utilizado alguma técnica ou recurso Fisioterapêuticos para o alívio da dor em mulheres com dismenorreia primária publicados durante o período de 2020 e 2024. As buscas foram em setembro de 2024 nos idiomas português e inglês, nas bases de dados: Periódicos Capes, PubMed, SciELO. Resultados: Foram incuídos nesta revisão 3 artigos com as segintes intervenções fisioterapêuticas com TENS, corrente ausssie, crioterapia, MTC e Kinesio foi possível observar a melhora no quadro álgico de ambas as técnicas, incluindo a qualidade do sono e as atividades de vida diária. Conclusão: A fisioterapia com seus recursos e técnicas tonam-se aliadas para o tratamento da dismenorreia primária sendo MTC e Kinesio, crioterapia e tens algum dos meios para aderir aos tratamentos fisoterapêuticos.

Palavras-chave: “Dor. Tratamento Fisioterapêutico. Mulheres. Dismenorréia. Eficaz.”.

Abstract

Background: Dymenorrhea is one of the most common gynecological disorders in young women during the menstrual period, identified as dysmenorrhea, and popularly known as menstrual cramps, causing pain in the pelvic region, making it difficult to perform daily activities. Therefore, physiotherapy in women’s health seeks to treat these discomforts through resources and techniques to minimize the use of drugs with undesirable side effects, with the following physiotherapy approaches: Transcutaneous Electrostimulation (TENS) and Aussie current, cryotherapy, Connective tissue massage (MTC) and Kinesio taping.. Pourpose: To verify the most effective physical therapy resource for primary dysmenorrhea. Methods: This is a literature review with inclusion criteria: intervention studies that had used some physiotherapeutic technique or resource for pain relief in women with primary dysmenorrhea published during the period 2020 and 2024. The searches were in September 2024 in Portuguese and English, in the databases: Periódicos Capes, PubMed, SciELO Results: This review included 3 articles with the following physiotherapeutic interventions with TENS, Ausssie current, cryotherapy, TCM and Kinesio, it was possible to observe the improvement in the pain condition of both techniques, including sleep quality and activities of daily living. Conclusion: Physiotherapy with its resources and techniques become allies for the treatment of primary dysmenorrhea, being TCM and Kinesio, cryotherapy and have some of the means to adhere to physiotherapeutic treatments.

Keywords: “Pain. Physiotherapy Treatment. Women. Dysmenorrhea. Effective.”.

1  INTRODUÇÃO

Um dos distúrbios ginecológicos mais frequentemente em mulheres jovens durante o período menstrual é identificado como dismenorreia e popularmente conhecida como cólica menstrual, consiste em dor na região da pelve ou no baixo ventre, podendo ser distribuída em partes inferior da coluna vertebral (Garcia et al., 2022).

Há dois tipos de dismenorreia primária (DP) (leve) e secundária (moderada). A DP apresenta dores latejante e sintomas como vômitos, diarréia, fadiga, dor de cabeça e tontura (Araújo, 2020). À vista de apresentarem níveis altos de prostaglandinas nos dois primeiros dias de menstruação, resultando no aumento do tônus uterino e altas contrações, seguindo-se de dores agudas (Oliveira et al., 2022).

Novas abordagem no tratamento da DP, tem sido utilizada em substituição ao uso de anti-inflamatórios não esteroides e/ou contraceptivos hormonais pelos riscos de efeitos adversos no organismo (Araújo et al. 2020). A fisioterapia na saúde da mulher proporciona recursos para a diminuição do quadro álgico dessas mulheres (Garcia et al., 2022).

Em vista disso, a abordagem Fisioterapêutica não invasiva e segura se caracteriza em Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) de 100Hz e corrente aussie, massagem do tecido conjuntivo (MTC) e kinesio taping (Garcia et al., 2022), Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea e crioterapia (Araújo et al. 2020).

Sobre os efeitos colaterais negativos ao uso de medicamentos e dificuldade em ir ao trabalho é importante a realização de novas pesquisas sobre tratamento fisioterapêutico nesse contexto. Dessa forma o presente estudo tem o objetivo de revisar por meio de intervenções fisioterapêutica os recursos ou técnicas com o melhor desempenho para qualidade de vida.

2  MATERIAIS E MÉTODO

Realizou-se uma revisão de literatura, através da classificação de artigos científicos utilizando as bases de dados PubMed, SCIELO e Periódicos Capes com as seguintes palavras chaves: dismenorreia primaria; tratamento fisioterapêutico; exercício. A busca nas bases de dados foi em setembro de 2024 nos idiomas português e inglês com os seguintes critérios de inclusão: estudos de intervenção que tivessem utilizado alguma técnica ou recurso Fisioterapêuticos para o alívio da dor em mulheres com dismenorreia primária, publicados durante o período de 2020 e 2024. Foram excluídos estudos que envolvem dor crônica e artigos que apesar do título, não demonstraram relação com o objetivo proposto do estudo. Os resultados foram expressos em quadros e textos.

3  RESULTADOS

Inicialmente foram encontrados 163 artigos e após, selecionados 3 que apresentaram as características com os objetivos esperados nesta pesquisa para fazerem parte da revisão conforme a figura 1.

Figura 1 fluxograma do estudo.

A síntese dos estudos que foram encontrados nesta revisão está no quadro 1.

Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados para a revisão

Nesta revisão foram incluídos 64 participantes com idade média de 22,2 anos onde dois estudos realizaram Eletroestimulação Nervosa Transcutânea (TENS). O estudo de Araújo et al. (2020) comparou os efeitos os efeitos da TENS e da crioterapia para o alívio da dor, dividindo em dois grupos em apenas uma sessão, o grupo crioterapia (GC) foram submetidas à aplicação da bolsa de gelo na região lombar, com duração de 20 minutos, já o grupo da TENS (GT) utilizou dois canais do aparelho com eletrodos de silicone fixados na região lombar e ajustado no modo TENS com frequência de 120 Hz e duração de pulso de 100us, no tempo de 45 min dependendo do limiar de dor.

Oliveira et al. (2020) realizaram um estudo com 30 participantes dividindo em dois grupos, onde o grupo 1 (corrente ausssie): corrente portadora de 4Khz com modulação em 100Hz e Bursts com duração de 4ms e o grupo 2 (corrente TENS) nos parâmetros: frequência 100Hz, duração de pulso de 100us. Foram utilizados dois pares de eletrodos 5cm×10cm na região lombar posicionado na articulação vertebral L5-S1 com 5cm de distância do processo espinhoso e dois de 5cm×5cm na região ventral colocado margeando a espinha ilíaca anterosuperior totalizando 30 minutos de tratamento em ambos os grupos avaliados no início do ciclo, 3 dias.

Garcia et al. (2022) verificaram o efeito da MTC (massagem do tecido conjuntivo) e da Kinesio Taping sendo o grupo 1 ( MTC) utilizou os segundo e terceiro dedo de uma mão em um ângulo de 45 graus em relação ao tecido conjuntivo seguido de tração tecidual em seguida foram realizados trações manuais, divididos em curtos e longos, primeiro lado direito e depois esquerdo e depois 7 manobras distintas (circundação do sacro, contorno no eixo maior da pelve, contornos curvos na coluna lombar L5-L1, leque, contorno do último arco costal, traços na região glútea, traços curtos caudo-craniais) e em seguida, realizaram rolamento na área específica da menstruação, Grupo 2 ( Grupo Kinesio) tratase de uma técnica de ligamento descrita para aplicão sobre o dermátomo T2 as participantes foram acompanhadas por 1 mês onde os recursos foram empregados nas primeiras 24 horas do ciclo.

Os estudos tiveram resultados positivos TENS e crioterapia foram recursos eficientes para o alívio da dor. A corrente ausssie apresentou melhora nos três dias de tratamento mantendo o efeito analgésico tardio maior comparado ao TENS, no entanto não houve melhora significativa no sono. Os efeitos da massagem do tecido conjuntivo e kinesio taping mostraram efeito positivos nas participantes em suas atividades de vidas diária demostrando-se mais efetivo na qualidade do sono.

4  DISCUSSÃO

Dentre os artigos selecionados, todos os 3 apresentaram melhora no quadro álgico. Esta revisão relacionou todos os tratamentos e identificou os mais eficazes tanto na diminuição da dor quanto no desempenho do sono e na qualidade de vida. Embora os resultados foram significativos ainda há escassez de tratamento para dismenorreia primária, uma vez que muitas mulheres acabam recorrendo a recursos farmacológicos, que podem ser prejudiciais à saúde.

Oliveira et al. (2020) realizaram em estudo comparativo para avaliar os efeitos da Eletroterapia de baixa e média frequência e verificaram que houve uma redução significativa nos dois grupos, TENS e aussie, porém o prupo aussie apresentou uma melhora no efeito tardio tanto na qualidade do sono quanto no desempenho nas atividades de vida diária.

Um estudo realizado por Mendes et al. (2024) confirmaram que TENS oferece eficácia para a redução da dor pélvica aguda e dismenorreia primária. Han et al. (2024) demostram, em seu estudo que o mecanismo de ação da TENS está relacionada à inibição da frequência de estímulos dolorosos e isquemia muscular do útero, ocorrendo assim uma redução do dor substituindo a necessidade de analgésicos.

Garcia et al. (2022) utilizaram kinesio taping e MTC para diminuir a sintomatologia dolorosa de cólica menstrual. Após três dias de avaliação houve uma redução Significativa nos dois grupos, tanto no MTC quanto no Kinesio. Em relação a qualidade do sono não apresentaram diferença. A mudança desse quadro positivo foi relatada após o primeiro dia de aplicação.

Dayican et al. (2024) combinaram e analisaram os efeitos da Kinesio taping associado com eletroestimulação e exercícios semanas antes da aplicação onde os sintomas menstruais melhoraram, nessa perspectiva os exercícios diminuíram a ansiedade e estresse nesse período e após a aplicação da TENS com o kinesio foi possível obter um resultado favorável a qualidade de vida. Essas descobertas demonstram que são opções importantes para um tratamento fisioterapêutico.

Celenay et al. (2020) fizeram um ensaio clínico prospectivo randomizado controlado por placebo e aplicação do Kinesio Taping (KT) onde o grupo KT, obteve uma diminuição de dor em comparção ao placebo, consequentemente os níveisde ansiedade, enchaço abdominal, fadiga e insônia diminuíram.

Araújo et al. (2020)) compararam os efeitos da Estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) e da crioterapia, onde o nível de dor no pré teste foi 4-8 para 0-2 no pós teste. TENS apresentou redução de dor e também na qualidade de vida. O grupo que recebeu crioterapia demostrou um resultado em curto e médio prazo. Essas abordagens ressaltam a importância da crioterapia para aderir em tratamentos.

Santos, Silva e Alfieri (2020) mostraram que o gelo em comparação ao calor é mais eficaz para o rompimento da dor menstrual, onde o gelo aplicado sobre a pele atua diretamente nos neurônios e receptores da dor.

McLagan et al. (2024) ressaltam que o alívio da dor com TENS é favorável, porém não é superior quanto ao resultado do uso de anti-inflamatório. A eletroterapia por sua vez é uma alternativa viável para diminuir o quadro álgico.

Diante disso comprova-se as possibilidades de alguns tratamentos fisioterapêutico para dismenorreia primária com o objetivo de eliminar os desconfortos durante o período menstrual.

5  CONCLUSÃO

A Fisioterapia em saúde da mulher mostrou-se eficaz no tratamento da dismenorreia primária onde eletroterapia, crioterapia, MTC e Kinesio Taping são meios para serem agregado aos tratamentos fisoterapêuticos, no entanto é necessário de mais pesquisa nesse contexto de tratamento para dismenorréia primária.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Ana. Helena. Vale. et al. Transcutaneous electrial nerve stimulation and cryotherapy in the treatment of students with primary dysmenorrhea: pilot study. Health sciences journal, v. 10, n. 4, p. 131-136, dez., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.21876/rcshci.v10i4.1029. Acesso em: 16 de novembro de 2024.

CELENAY, Seyda Toprak et al. Effects of kinesio tape application on pain, anxiety, and menstrual complaints in women with primary dysmenorrhea: A rondomized sham-controlled trial. Complementary Therapies in Clinical Practice on ScienceDirect, v. 39, p. 101148, mai., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ctcp.2020.101148 Acesso em: 16 de novembro de 2024.

DAYICAN, Damla Korkmaz et al. Comparative Effects of Exercises Combined With Kinesio Taping and Electrotherapy in Women with Primary Dysmenorrhea: A Randomized Controlled

Clinical Trial. Alternative therapies in health and medicine, v. 30, n. 5, p. 24-32, mai., 2024. Disponível em: https://alternative-therapies.com/abstract/index.html?id=151256 Acesso em: 16 de novembro de 2024.

GARCIA, Isabella. Santana. et al. Efeito da massagem e do kinesio taping na dismenorreia primária. Fisioterapia Brasil, v. 23, n. 6, p. 853-867, dez., 2022. Disponível em: https://convergenceseditorial.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/article/view/5236. Acesso em: 16 de novembro de 2024.

HAN, Sola et al. Transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) for pain control in women with primary dysmenorrhoea. The Cochrane database of systematic reviews, v. 7, n. 7 p.

CD013331,                        jul.,                       2024.                       Disponível                                          em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD013331.pub2/full Acesso em: 16 de novembro de 2024.

MCLAGAN, Bailey et al. The role of transcutaneous electrical nerve stimulation for menstrual pain relief: A randomized control trial. Women’s Health, v. 20, p. 17455057241266455, jul., 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1177/17455057241266455 Acesso em: 16 de novembro de 2024.

MENDES, Camila F. et al. Effect of different electric stimulation modalities on pain and functionality of patients with pelvic pain: Systematic review with META-analysis. Pain Practice: the official jornal of World Institute of Pain, p. 1-19, out., 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1111/papr.13417 Acesso em: 16 de novembro de 2024.

OLIVEIRA, Bárbara. Valente. et al. Eletroestimulação no controle da dor na dismenorreia primária. Fisioterapia e pesquisa, v. 29, n. 2, p. 154-161, jun., 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1809-2950/21006929022022PT. Acesso em: 16 de novembro de 2024.


1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.

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