PERCEPÇÃO DE MULHERES SOBRE MÉTODOS FISIOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS DURANTE O TRABALHO DE PARTO: REVISÃO DE LITERATURA

WOMEN’S PERCEPTION OF PHYSIOTHERAPEUTIC METHODS USED DURING LABOR: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411252224


Ana Gabriele de Farias e Farias1
José Eisenhower dos Reis Pereira Junior1
Orientadora: Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A fisioterapia desempenha um papel fundamental no alívio da dor durante a gestação e no trabalho de parto, utilizando técnicas como cinesioterapia e massoterapia, além da utilização de técnicas para o alivio da dor. No entanto, a assistência ao parto ainda foca mais nas demandas institucionais do que no cuidado integral da mulher, justificando a necessidade de pesquisas sobre as percepções das mulheres em relação à fisioterapia. Objetivo: Compreender as percepções das mulheres sobre a atuação da fisioterapia na preparação para o parto. Materiais e método: Foi realizado um estudo descritivo, qualitativo e exploratório com base em revisões de literatura sobre as percepções das mulheres em relação aos métodos fisioterapêuticos utilizados para analgesia durante o trabalho de parto. As pesquisas foram realizadas em bases de dados como SCIELO, PUBMED, PEDro, CAPES e BVS, com artigos publicados entre 2019 e 2024. Os termos de busca incluíram “Parto e Fisioterapia e Percepção”, em inglês e português. Resultados: A pesquisa encontrou 33 artigos nas bases SCIELO, PUBMED, CAPES e BVS, dos quais 3 foram selecionados após aplicação de filtros e critérios de exclusão. Esses artigos abordam as percepções das mulheres sobre a fisioterapia durante o trabalho de parto, destacando a redução da dor e ansiedade, além da importância de ampliar o conhecimento sobre o papel da fisioterapia obstétrica. Conclusão: É fundamental expandir o conhecimento sobre a atuação do fisioterapeuta no pré-natal, durante o parto e no pós-parto. Muitas mulheres ainda carecem de assistência e conhecimento sobre essa abordagem, o que pode resultar em experiências menos positivas.

Palavras-chave: ‘‘Mulheres’’. ‘Fisioterapia’’. ‘‘Percepção’’. ‘‘Dor’’. “Trabalho de Parto”.

Abstract

Introduction: Physiotherapy plays a fundamental role in relieving pain during pregnancy and labor, using techniques such as kinesiotherapy and massage therapy, as well as pain relief techniques. However, childbirth care still focuses more on institutional demands that there is no comprehensive care for women, justifying the need for research on women’s perceptions regarding physiotherapy. Objective: To understand women’s perceptions about the role of physiotherapy in preparing for childbirth. Materials and method: A descriptive, qualitative, and exploratory study was carried out based on literature reviews on women’s perceptions regarding physiotherapeutic methods used for analgesia during labor. The searches were carried out in databases such as SCIELO, PUBMED, PEDro, CAPES, and BVS, with articles published between 2019 and 2024. The search terms included “Childbirth and Physiotherapy and Perception”, in English and Portuguese. Results: The research found 33 articles in the SCIELO, PUBMED, CAPES and BVS databases, of which 3 were selected after applying filters and exclusion criteria. These articles address women’s perceptions about physiotherapy during labor, highlighting the reduction of pain and anxiety, in addition to the importance of expanding knowledge about the role of obstetric physiotherapy. Conclusion: It is essential to expand knowledge about the role of physiotherapists in prenatal, labor and postpartum care. Many women still lack assistance and knowledge about this approach, which can result in less positive experiences.

Keywords: ‘‘women’’. ”physiotherapy”. ”perception”. ”pain’’. ‘’labor’’.

  1. INTRODUÇÃO

A gestação e o parto são acontecimentos únicos na vida de uma mulher, que provocam uma gama de sentimentos e emoções, tornando-se experiências incomparáveis em sua trajetória (Ministério da Saúde, 2014). O trabalho de parto é um processo natural, e a dor associada a ele é uma experiência individual e complicada, que varia de mulher para mulher (Borba et al., 2021). Este é um processo fisiológico que vem acompanhado de uma gama de emoções. Embora seja geralmente visto como uma experiência alegre e empoderada, também pode trazer resultados negativos, como medo e ansiedade (Almeida et al., 2016).

A dor durante o trabalho de parto pode ter causas tanto físicas quanto psicológicas. Entre os fatores físicos estão as contrações uterinas e a dilatação cervical, entre outros. Já os fatores psicológicos incluem o medo e a ansiedade, experiências negativas passadas, além de suporte e conhecimento insuficientes sobre o que está acontecendo (Brasil, 2001).

Durante a gravidez e o puerpério, o corpo da mulher passa por diversas alterações sistêmicas e fisiológicas que afetam o metabolismo, o sistema gastrointestinal, musculoesquelético, respiratório, urinário, endócrino, tegumentar, cardiovascular e hematológico, resultando em desconfortos físicos e emocionais (Burti et al., 2016). Desse modo, a assistência profissional no parto frequentemente é organizada mais para atender às necessidades das instituições do que às das parturientes. Por isso, é necessário adotar atitudes e procedimentos que priorizem a qualidade da atenção, superando o modelo que se concentra apenas no monitoramento e controle de risco, em favor de uma abordagem preventiva voltada para a saúde (Bavaresco et al., 2009).

Na preparação para o parto, a fisioterapia desempenha um papel fundamental no alívio da dor, promovendo alongamento e fortalecimento da musculatura pélvica. Isso contribui para um trabalho de parto mais eficaz. A fisioterapia utiliza técnicas como cinesioterapia, massoterapia, mobilidade pélvica, exercícios respiratórios e flexibilidade do assoalho pélvico, além de orientar sobre as posições mais adequadas a serem adotadas durante o parto (Lima et al., 2021).

Levando em consideração a complexidade da vivência do pós parto, a assistência fisioterapêutica pode ajudar a mulher a se preparar e entender a importância de manter a calma e o relaxamento durante o trabalho de parto. Para isso, o fisioterapeuta pode empregar métodos não farmacológicos de alívio da dor e técnicas que fortaleçam a musculatura pélvica e a consciência corporal, visando promover relaxamento e diminuir a dor (Borba, 2021).

A assistência ao parto, frequentemente, não atende de forma adequada às necessidades emocionais e físicas das gestantes, focando excessivamente no monitoramento e controle de risco, enquanto ignora abordagens preventivas e de promoção à saúde. Além disso, há uma lacuna na utilização de práticas fisioterapêuticas eficazes no preparo das mulheres para o parto, resultando em uma falta de alívio adequado da dor e de promoção do bem-estar durante esse momento (Bavaresco et al., 2009).

Embora o parto seja um evento natural e emocionalmente intenso, a assistência profissional ainda está, muitas vezes, voltada para atender às demandas institucionais, negligenciando o cuidado integral da mulher. A dor, um dos maiores desafios do trabalho de parto, pode ser exacerbada por fatores psicológicos como medo e ansiedade, que frequentemente não são tratados adequadamente (Moura et al., 2007). Nesse contexto, a fisioterapia surge como uma importante aliada no preparo físico e emocional da parturiente, contribuindo para o alívio da dor, posicionamento do assoalho pélvico e a promoção do relaxamento.

A percepção das mulheres sobre os métodos fisioterapêuticos utilizados durante o trabalho de parto é um fator crucial, pois reflete o quanto elas compreendem e valorizam práticas que podem aliviar a dor e facilitar o processo. Métodos como exercícios de mobilidade pélvica, técnicas de respiração e posturas facilitadoras são frequentemente utilizados pelos fisioterapeutas para auxiliar na evolução do parto e proporcionar maior conforto. Entretanto, muitas mulheres ainda desconhecem esses recursos ou não têm acesso adequado a eles, o que limita o seu uso e impacto positivo no parto. Estudos demonstram que, quando informadas, as parturientes tendem a participar mais ativamente e a se sentirem mais confiantes para enfrentar o trabalho de parto, contribuindo para uma experiência mais humanizada (Keil et al., 2022; Azevedo et al., 2017).

Além disso, compreender a percepção das mulheres sobre esses métodos é essencial para aprimorar o treinamento e a presença de fisioterapeutas na assistência obstétrica. A utilização de práticas como massagem, uso de bolas de parto e técnicas de alívio da dor sem medicamentos pode reduzir a necessidade de intervenções médicas e promover um ambiente mais tranquilo e acolhedor. Estudos apontam que as mulheres que percebem benefícios nas práticas fisioterapêuticas têm menor nível de estresse e ansiedade, o que favorece tanto a saúde da mãe quanto a do bebê (Nascimento Rossetto et al., 2021; Mielke et al., 2019). Assim, ao entender e valorizar as expectativas e experiências das parturientes, é possível desenvolver políticas de saúde e protocolos de atendimento mais alinhados às suas necessidades e promover um parto mais seguro e satisfatório.

Contudo, muitos hospitais ainda não aplicam de forma ampla e adequada essas técnicas, o que justifica a necessidade de uma pesquisa para compreender as percepções das mulheres sobre a atuação da fisioterapia e promover a divulgação do tema. Ao investigar o impacto dessas intervenções, é possível garantir um parto mais humanizado e eficiente, focado no bem-estar da mulher.

Logo, o objetivo primário desse estudo é compreender as percepções das mulheres sobre a atuação da fisioterapia na preparação para o parto. E tem-se como objetivo secundário, determinar os métodos fisioterapêuticos utilizados durante o parto e promover a divulgação do tema para garantir que todos os envolvidos estejam bem informados.

  1. MATERIAIS E MÉTODO

Realizou-se um estudo de revisão de literatura sobre os conhecimentos das Percepções das Mulheres sobre Métodos Fisioterapêuticos utilizados durante o trabalho de parto, obtendo uma análise qualitativa, descritiva e exploratória. Para tal fim, os estudos das revisões dos artigos científicos foram escolhidos em bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Public Medline (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

O estudo determinou um período de 6 anos, com Filtro de Ano (2019, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024). Os descritivos utilizados para pesquisa foram: “Parto e Fisioterapia e

Percepção’’ (‘‘Childbirth and Physiotherapy and Perception’’), sendo pesquisados tanto na língua inglesa como na língua portuguesas”. As buscas nas bases de dados foram realizadas em setembro de 2024.

Como critérios de inclusão obteve-se artigos que apresentavam na pesquisa estudos envolvendo mulheres e suas percepções enquanto aos recursos fisioterapêuticos utilizados durante o trabalho de parto e artigos que demonstram atualidade do tema proposto. E como critérios de exclusão foram artigos duplicados, com idiomas diferente de inglês e português e que não tivessem disponibilidade na íntegra.

A análise dos dados foi conduzida conforme os critérios de seleção dos artigos, os quais foram delimitados pelos critérios de inclusão, como identificação dos autores, ano de publicação, título e periódico, declaração dos objetivos, e análise do conteúdo sobre as percepções fisioterapêuticas na preparação para o parto.

  1. RESULTADOS

Realizou-se a pesquisa nas bases de dados de acordo com o descritor, encontrando 33 artigos na língua portuguesa e inglesa com o período de estudo determinado, sendo que 3 localizados na plataforma SCIELO, 3 na base PUBMED, 0 na PeDro, 20 na CAPES e 7 na BVS. Sendo excluídos 10 artigos devido a duplicidade. Logo, 23 artigos foram selecionados para leitura do título e resumo. Foram descartados 16 artigos seguindo os critérios de exclusão: 14 não correspondem com o título do estudo e 2 por se tratar de artigo de revisão. Consequentemente 7 artigos foram estabelecidos para leitura integra, sendo que 4 não tinha acesso disponível. Após isso obteve-se um total de 3 artigos, finalizando na elaboração do fluxograma abaixo (Figura 1).

Figura 1 – Fluxograma da seleção de artigos selecionados para a revisão.

Incluídos na Revisão

(n = 3)

A síntese dos estudos encontrados está descrita na Tabela 1, feita a partir da caracterização de alinhamento das obras em: autor, ano, tipo de estudo, objetivo, metodologia proposta e resultados.

Tabela 1 – Caracterização das obras encontradas.

Autor/AnoTipo de EstudoObjetivoMetodologiaResultados
Borba et al., (2021)Estudo TransversalIdentificar qual a percepção da puérpera frente a assistência fisioterapêutica recebida durante o Trabalho de Parto.Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória realizada em uma maternidade no Rio Grande do Sul. Incluiu puérperas com mais de 18 anos, gestação de feto único com idade gestacional inferior a 37 semanas, que tiveram parto vaginal e receberam assistência fisioterapêutica.As puérperas percebem que a intervenção fisioterapêutica contribui para reduzir a dor e a ansiedade, além de promover o relaxamento. Essa assistência também oferece suporte emocional, fortalecendo a confiança e segurança, o que torna a experiência do parto mais positiva e humanizada.
Duarte et al., (2022)Estudo transversalAvaliar o conhecimento das gestantes nas UBS de Teresópolis (RJ) sobre fisioterapia obstétrica e verificar a eficácia dos mecanismos de acesso à informação disponíveis.Entrevistas com gestantes de 14 a 35 anos, cobertas pela Atenção Básica, entre maio e junho de 2021. As entrevistas incluíram questões sobre dados pessoais, gestação e conhecimentos sobre fisioterapia obstétrica.A maioria das gestantes em Teresópolis (RJ) tem pouco conhecimento sobre fisioterapia obstétrica e sua importância durante a fase gestacional, parto e pós- parto. O estudo destaca a necessidade de ampliar a divulgação dessa área na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e fortalecer políticas públicas integradas.
Keil et al., (2022)Abordagem qualitativaAnalisar a percepção das gestantes sob atuação fisioterapia obstetríciare a da emEntrevistas semiestruturadas com gestantes entre 18 e 45 anos, atendidas no Centro Materno Infantil. As perguntas abordaram o conhecimento sobre a fisioterapia para gestantes, sua atuação no prénatal, parto e pós-parto.As gestantes ressaltam a necessidade de mais informações sobre o papel do fisioterapeuta no ciclo gestacional. Esse conhecimento pode orientar melhorias nas práticas e na formulação de políticas públicas, favorecendo a saúde pública.

No total, 46 mulheres participaram dos estudos encontrados, sendo que o estudo de Duarte et al. (2022) foi o estudo com maior número de mulheres (n=27), e o estudo de Keil et al. (2022) foi o estudo com menor número de mulheres (n=7). A média das entrevistadas nos estudos foram (n = 26,5).

Após uma leitura criteriosa das publicações, foram selecionados três artigos, publicados entre 2019 e 2024, para compor uma tabela comparativa sobre as pesquisas relacionadas à relevância das percepções das mulheres sobre os métodos fisioterapêuticos utilizados durante o trabalho de parto. Nos três artigos, todos obtiveram as percepções das mulheres. No estudo de Borba et al. (2021), participaram 12 puérperas com idade superior a 18 anos, com idade gestacional superior a 37 semanas e obtiveram assistência fisioterapêuticas, as mesmas receberam assistência após entrarem no centro obstétrico, com a aplicação de métodos não farmacológicos para alívio da dor, como exercícios de mobilidade pélvica e posturas verticalizadas, entre outros. As intervenções foram adaptadas conforme a aceitação de cada parturiente, sem a utilização de um protocolo de assistência préestabelecido. Enquanto o estudo de Duarte et al. (2022) integrou 27 mulheres gestantes com idades de 14 a 35 anos, com idade gestacional de 7 a 37 semanas, e ainda teve dados estatísticos em comparação entre as características sociodemográficas de acordo com o conhecimento sobre atuação da fisioterapia, mas não indicando método fisioterapêuticos. Já o estudo de Keil et al. (2022), foi composto por 7 gestantes, com idade entre 18 a 45 anos, com o tempo de 3 a 40 semanas, não indicando método fisioterapêuticos.

Dos estudos incluídos, todos envolveram questionários, abrangendo aspectos socioeconômicos, demográficos e antecedentes obstétricos das participantes, Borba et al. (2021) utilizaram a técnica de Bardin e os dados foram coletados no Google Forms. Duart et al. (2022), realizaram um questionário com sete questões referentes aos dados pessoais da gestante, quatro perguntas sobre a gestação atual ou anteriores, e sete questões de conhecimento sobre a fisioterapia aplicada à obstetrícia. Keil et al. (2022), utilizaram a técnica Bardin, aplicando uma avaliação de formulário socioeconômicos, sociodemográficos, clínicos e as características da gestação.

  1. DISCUSSÃO

Nos estudos, são discutidas as percepções das mulheres sobre métodos fisioterapêuticos aplicados no contexto do trabalho de parto, com foco na atenuação das dores durante esse processo. Borba et al. (2021) estudaram especificamente puérperas, enquanto Duarte et al. (2022) e Keil et al. (2022) realizaram suas pesquisas com mulheres gestantes. Em todos os casos, foram levantados relatos e suposições das participantes sobre o papel da fisioterapia e os métodos mais eficazes para o alívio das dores no parto.

Os estudos incluídos nesta revisão revelam a conscientização crescente entre as mulheres sobre os benefícios de técnicas fisioterapêuticas, incluindo massagens, exercícios respiratórios e posturais. No entanto, o acesso a essas práticas ainda pode ser limitado, especialmente em áreas com menos recursos de saúde. Além disso, o conhecimento das participantes sobre essas opções influencia sua escolha e confiança nos métodos fisioterapêuticos, mostrando que há uma relação entre acesso à informação, familiaridade com as técnicas e suas expectativas.

Durante a gravidez, ocorrem diversas alterações psicológicas e físicas. Entre as mudanças físicas observadas nas puérperas, Rodrigues et al. (2020), mencionam várias consequências do enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico (MAP), como gases vaginais e intestinais, prolapsos genitais, distensão abdominal, constipação, incontinência urinária e fecal, disfunções sexuais, alterações posturais, dor e desconforto, além de disfunções musculoesqueléticas, uroginecológicas e queixas respiratórias, que necessitam de acompanhamento fisioterapêutico para prevenir ou aliviar esses problemas. Achados semelhantes foram relatados por Padilha et al. (2015), Rodrigues et al. (2020), Souza e Noronha, (2024), que também explorou os benefícios da fisioterapia para puérperas.

Levando isso em consideração, a assistência fisioterapêutica durante o trabalho de parto tem se mostrado uma intervenção significativa tanto para o alívio da dor quanto para o suporte emocional das parturientes, como destacado nos depoimentos de puérperas. Segundo diversos relatos, a presença de um fisioterapeuta ao lado da mulher em trabalho de parto não só proporciona orientações práticas, como respiração e relaxamento, mas também transmite segurança, conforto e confiança durante um momento de grande vulnerabilidade física e emocional (Borba et al., 2021; Neto Costa et al., 2023).

Desse modo, o estudo de Borba et al. (2021), demonstrou que a maioria das puérperas relataram a assistência fisioterapêutica, destacaram como a orientação sobre a respiração foi um fator crucial para o controle da ansiedade e a promoção de bem-estar, facilitando a gestão da dor intensa que acompanha o trabalho de parto. Por exemplo, a entrevistada 1 relatou:

“Me ajudou bastante (…) fala da respiração da gente né, que a gente fica bem apavorada, ali na hora, ajuda muito. Muito bom ter alguém ao lado assim. A gente se sente mais segura”. (Mulher 1).

E a entrevistada 2, disse:

‘’ (…) me ajudo bastante, me ajudo a te calmá, me ajudo a não senti muita dor, a se concentra (…) pra mim foi bem bom, me ajudô bastante.’’ (Mulher 2).

Esse tipo de intervenção demonstra a importância do manejo não farmacológico da dor durante o parto, com estratégias baseadas em técnicas de respiração e relaxamento, o que está em consonância com estudos que mostram a eficácia dessas abordagens na redução da percepção de dor e na diminuição da ansiedade (Mascarenhas et al., 2019).

Além disso, o suporte emocional proporcionado pela fisioterapia foi amplamente reconhecido pelas parturientes. A presença de um profissional que oferece apoio emocional durante o trabalho de parto pode ter um impacto profundo na experiência da mulher (Moraes et al., 2019). O depoimento de uma das parturientes reforça a importância desse suporte em um momento tão delicado, em especial para mulheres primíparas, conforme a entrevistada 3:

(…) a gente sozinha, primeiro filho, tu não sabe o que tá fazendo, não sabe se tem que respirá, se não tem que respirá, ninguém explica isso pra gente, quem tá de acompanhante normalmente não consegue nem explicá o que tá acontecendo, (…) porque a dor é imensa mesmo, foi muito fundamental (…) se (…) não tivesse me ajudado não sei se eu conseguiria porque é muito difícil.” (Mulher 3).

Isso evidencia a lacuna que existe no preparo emocional e físico para o parto e como a intervenção fisioterapêutica pode ser crucial para preencher esse vazio, orientando a parturiente de forma prática e empática (Borba et al., 2021).

Diferente do estudo de Borba, Keil et al. (2022), no seu estudo demonstrou que das 7 gestantes entrevistadas, nenhuma relatou ter conhecido ou recebido atendimento de um profissional de fisioterapia, onde as gestantes abordaram:

‘’Tipo, fisioterapia, eu acredito que alguns tipos de exercícios estimulam pra hora do parto, acho que é isso’’(Gestante 5).
‘’Não sei se tem alguma coisa a ver… pilates, essas coisas assim…’’ (Gestante 7).
‘’ Então, acho que na verdade, prepara o corpo, né? ‘’(Gestante 1).
‘’ Não sei ao certo o que a fisioterapia faz, mas acho que é ensinar pro parto normal, pra incentivar, não sei, pra se ter um parto mais natural…’’ (Gestante 2).
‘’ Ah, acho que ajuda né… quem quer ter parto normal… ‘’(Gestante 4).
‘’Ah, eu acho que… como posso dizer… ajuda preparar pro parto a posição… desde sentir a dor… de como andar… aliviar essa dor… essas coisas… ‘’(Gestante 6).

Cavalcanti et al. (2019) ressaltaram que a fisioterapia durante o parto é constantemente citada como benéfica, mas a implementação efetiva ainda é limitada, especialmente em serviços de saúde onde técnicas como massagens ou exercícios respiratórios não são amplamente utilizadas. Outro estudo envolvendo a falta de assistência fisioterapêutica durante o trabalho de parto é do Hanum et al. (2017), que pesquisou sobre métodos não farmacológicos para aliviar a dor durante o trabalho de parto e observou que, em muitos casos, as mulheres não têm acesso a esse tipo de atendimento. A falta de implementação de fisioterapia ou métodos alternativos não farmacológicos, como massagens e técnicas de respiração, sugere que muitas gestantes acabam sem suporte adicional durante o processo de parto, o que poderia impactar sua experiência geral e conforto. Henrique et al. (2016), destaca que intervenções não farmacológicas, como o uso de bola de exercícios e banhos mornos, promovem o conforto e auxiliam na progressão do trabalho de parto. No entanto, há lacunas no acesso a esses métodos, especialmente em hospitais onde o suporte fisioterapêutico não está presente, o que deixa muitas mulheres sem esse tipo de assistência durante o parto.

Sendo assim, na abordagem de Keil et al. (2022), para as gestantes entrevistadas no estudo, o contato com a fisioterapia é algo apenas imaginado, já que nenhuma delas teve acesso a esse aspecto das políticas de saúde voltadas para a gestante. E quando foram questionadas sobre o papel da fisioterapia pós parto, relataram:

(…) Na verdade eu acho que se você preparar antes vai ser mais rápida a recuperação, mas assim, exatamente o que faz, eu não sei.” (Gestante 1).

No pós parto… não sei… acho como o parto normal ele é mais assim, sei lá, como posso falar… depois que o nenê saiu, tu já está mais tranquila… não sei… na verdade, não tenho ideia…” (Gestante 2). “Ah, daí eu acho que não… não sei, não tenho conhecimento… mas não faço ideia.” (Gestante 7).

Ramires et al. (2022), realizou uma pesquisa com 302 mulheres grávidas, e constatou-se que apenas 27,6% conheciam a fisioterapia obstétrica, e apenas 13,2% haviam recebido esse atendimento durante o trabalho de parto. Isso indica uma significativa lacuna de informação e acesso a esses serviços. Enquanto, Koury et al. (2022), identificou que apenas 38,1% das 200 mulheres entrevistadas relataram ter recebido fisioterapia durante o trabalho de parto, evidenciando uma baixa taxa de acesso a esses serviços. A pesquisa destaca a necessidade de aumentar a conscientização sobre a fisioterapia na gestação e no parto.

No estudo de Keil et al. (2022), observou-se também que as mulheres tendem a associar a fisioterapia a práticas de alívio da dor e preparo físico, ainda que muitas não tenham informações claras sobre essas práticas. A ausência de orientação adequada limita a adoção de posições e movimentos que poderiam facilitar o parto e promover um processo menos doloroso.

E Duarte et al. (2022), observaram que há pouco conhecimento sobre a fisioterapia obstétrica e sua importância nas fases gestacional, durante o parto e no pós-parto. Poucas mulheres conhecem as áreas de atuação do fisioterapeuta e as técnicas que podem ser utilizadas para beneficiar a mulher no período gravídico-puerperal.

De acordo com a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, a percepção da dor varia de pessoa para pessoa, sendo influenciada por suas experiências e contexto cultural (DeSantana et al. (2020). No período puerperal, outros fatores também podem contribuir para o surgimento da dor, como a duração prolongada do trabalho de parto, que pode aumentar o risco de traumas e manipulação do períneo, além do excesso de toques vaginais, que pode causar alterações nos tecidos da região. A imobilidade da mulher durante o parto, a falta de conhecimento e preparo, bem como preocupações e emoções negativas, podem prolongar o processo e resultar em dor posteriormente (Muller et al., 2023).

O estudo de Muller et al. (2023), demonstra que a dor é uma condição frequente no puerpério imediato após o parto vaginal, sendo essencial apura-lá para que os profissionais possam entender melhor suas características e, assim, desenvolver estratégias eficazes para o alívio dos quadros dolorosos. O meio utilizado para alívio das dores e desconfortos das puérperas na instituição que foi estudada, foi o recurso farmacológico, como buscopam, diclofenaco sódico, plasil e bultilbrometo escopolami na com dipirona.

A percepção das mulheres sobre a eficácia dos métodos também se destaca, pois as participantes tendem a associar esses métodos a uma experiência de parto menos dolorosa e mais natural. Esta revisão evidencia a importância de se ampliar o acesso e o conhecimento sobre fisioterapia no contexto obstétrico, além de reforçar o impacto positivo que a percepção de escolha e controle pode ter sobre a experiência de parto.

  1. CONCLUSÃO

Em face do exposto, por um lado, para algumas, os métodos fisioterapêuticos utilizados durante o trabalho de parto são percebidos pelas puérperas como altamente benéficos, tanto para a analgesia quanto para o suporte emocional, promovendo relaxamento, trazendo confiança e segurança. E diante de outro ponto de vista, é possível analisar que muitas mulheres não possuem a assistência e conhecimento sobre a fisioterapia durante o parto, o que pode ocasionar ocorrências indesejadas. Logo, se faz necessário uma amplitude desse suporte, sendo essencial para que os profissionais possam entender melhor suas características e, assim, desenvolver estratégias eficazes para o alívio dos quadros dolorosos.

A fisioterapia tem um papel importante no parto, promovendo não apenas o alívio da dor, mas também a confiança e o empoderamento da mulher, tornando o processo menos temido e mais controlado.

Em síntese, os relatos das mulheres destacam a relevância da assistência fisioterapêutica durante o trabalho de parto tanto no aspecto físico, pelo manejo da dor e orientação respiratória, quanto no emocional, oferecendo suporte e encorajamento em um momento crucial. Esse tipo de assistência mostra-se fundamental para otimizar o processo do parto e oferecer à mulher uma experiência mais positiva e empoderadora.

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1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE
2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do
Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara