AVALIAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA DOS MEMBROS INFERIORES E FORÇA MUSCULAR DE EXTENSORES DE QUADRIL EM DANÇARINOS DE FORRÓ

SENSORY-MOTOR EVALUATION OF THE LOWER LIMBS AND MUSCLE STRENGTH OF HIP EXTENSORS IN FORRÓ DANCERS

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411251151


Prof. Esp. Dado Guilyos Santos Malaquias ¹
Paulo Vitor Leite Meira ²
Juan Luiz De Oliveira Santos³
Luis Carlos Da Silva Santos Filho
Ian Vinícius Costa Pires
Deiveid Magnum Fernandes Santana
Rafhael Nascimento Coqueiro
Prof. Thalita Rocha da Silva Vieira
Marina de Araújo Oliveira
Weslen Silva dos Santos ¹⁰


Resumo

O forró, com seus movimentos intensos e ritmados, exige força e coordenação dos membros inferiores, fundamentais para prevenir lesões e garantir desempenho. Este estudo analisou a atividade sensório-motora e a força dos músculos extensores do quadril em 20 dançarinos de uma escola do sudoeste da Bahia, avaliando mobilidade, estabilidade e força por meio de testes como o Lunge Test, o Y Balance Test, o Single Hop Test e o Single Leg Bridge. Os resultados indicaram boa simetria funcional nos testes gerais, com diferenças de +2,3% e +3,2%, respectivamente, mas revelaram assimetrias leves no Single Hop Test (-7,9%) e no Single Leg Bridge (-8,4%), sugerindo possíveis desequilíbrios funcionais associados às exigências biomecânicas da dança. Além disso, o joelho foi identificado como a articulação mais vulnerável, com 70% dos participantes relatando lesões nessa região, reforçando a importância de estratégias preventivas. Conclui-se que o fortalecimento dos extensores do quadril e a promoção da simetria funcional são essenciais para reduzir o risco de lesões e atender às demandas específicas do forró.

Palavras-chave: Membros Inferiores. Sensório-Motor. Força Muscular. Dança.


ABSTRACT

Forró, with its intense and rhythmic movements, requires strength and coordination of the lower limbs, which are essential to prevent injuries and ensure performance. This study analyzed the sensorimotor activity and strength of the hip extensor muscles in 20 dancers from a school in southwestern Bahia, evaluating mobility, stability and strength through tests such as the Lunge Test, the Y Balance Test, the Single Hop Test and the Single Leg Bridge. The results indicated good functional symmetry in the general tests, with differences of +2.3% and +3.2%, respectively, but revealed slight asymmetries in the Single Hop Test (-7.9%) and the Single Leg Bridge (-8.4%), suggesting possible functional imbalances associated with the biomechanical demands of dance. In addition, the knee was identified as the most vulnerable joint, with 70% of participants reporting injuries in this region, reinforcing the importance of preventive strategies. It is concluded that strengthening the hip extensors and promoting functional symmetry are essential to reduce the risk of injuries and meet the specific demands of forró.

Keywords: Lower Limbs. Sensorimotor. Muscular Strength. Dance

INTRODUÇÃO

O forró é um estilo musical e dança do Nordeste brasileiro, popular em todo o país desde o século XIX. Surgiu em festas juninas e celebrações, representando a cultura nordestina com melodias animadas e ritmos contagiantes, tocados por sanfona, triângulo e zabumba. A dança é feita em pares, com passos simples e improvisação, incluindo estilos como “xote”, “baião” e “xaxado”. (Silva, 2022).

Ao dançar Forró, a diversidade de gestos, como deslocamentos para os lados, rotações, mudanças súbitas de direção, agachamentos e saltos, solicita de maneira intensa os músculos das pernas, ativando grupos musculares como quadríceps, isquiotibiais e panturrilhas. Esses gestos repetidos demandam força, coordenação e resistência, fazendo com que uma boa preparação física seja essencial para sustentar o ritmo da dança e evitar lesões. (Ferraz et al., 2020).

Nessa perspectiva, os dançarinos enfrentam desafios relacionados à biomecânica, especificamente por conta da falta de força muscular, visto que, sua ausência nos membros inferiores (MMII) pode gerar complicações como entorses, déficit de equilíbrio e de sinergia nos movimentos, dessa forma, esses fatores podem gerar um desalinhamento nas estruturas corporais, com isso, são diretamente relacionados a potenciais razões para o surgimento de lesões. (Ramos, 2018).

Os dançarinos de forró, que frequentemente participam de aulas, estão frequentemente sujeitos a lesões, pois a prática envolve não apenas a dança em si, mas também a rotina diária dos praticantes. Esses fatores podem ser extrínsecos, como um piso inadequado para a dança, ou intrínsecos, como fadiga muscular, encurtamentos musculares e limitações na mobilidade. (Staugaard e Jo, 2018).

Até o momento, há uma escassez de estudos que investiguem os danos nos músculos flexores do quadril decorrentes da prática do Forró e suas repercussões no desempenho dos dançarinos.

Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade sensório-motora e a força dos músculos extensores do quadril em dançarinos de Forró, considerando as altas demandas sensoriais e motoras exigidas pelos membros inferiores. Além disso, busca identificar fatores de risco para lesões, com potencial de contribuir para estratégias de prevenção e aprimoramento do desempenho dos dançarinos.

REFERENCIAL TEÓRICO
Propriocepção e desempenho sensório motor em membros inferiores

Os músculos periarticulares são importantes estabilizadores dinâmicos da articulação do quadril e podem ser responsáveis por disfunções de movimento do quadril e da região lombo-pélvica quando são limitados em sua capacidade de gerar força ou quando há déficits de controle neuromuscular. (Leporace, 2021).

O equilíbrio e a propriocepção são habilidades sensoriais intimamente relacionadas às habilidades motoras, já que estas promovem a percepção e sustentabilidade visual e espacial do corpo em relação ao mundo, e o comprometimento delas prejudicam o controle da oscilação postural e instabilidade, que contribui para atrasos nos tempos de reação, estratégia de movimento, recuperação das mudanças posturais repentinas, sensações corporais, principalmente plantar, distúrbios estruturais biomecânicos e desorientação, que gera aumento de aparecimento de micro traumas. (Barros, 2018).

O treinamento sensório motor é um recurso muito importante na fisioterapia, cujo objetivo é a melhoria da perspicácia proprioceptiva e da resposta muscular antecipatória, possibilitando assim a melhoria de estabilidade articular dinâmica, ajudando na prevenção de lesões musculoesqueléticas. (Cirino, 2021).

Além disso, o sistema sensório-motor incorpora todo o processamento, no qual envolve os componentes aferentes, tendo o aparelho vestibular, visão e mecanorreceptores como os principais sistemas, eferentes e de integração central envolvidos na manutenção da estabilidade funcional das articulações. a junção proprioceptiva desses dados sensoriais possibilita a observação da postura e dos deslocamentos corporais no espaço, desencadeando atividades capazes de gerar forças que regem os mecanismos de posicionamento do organismo. Dessa forma, a capacidade sensório motora é um fator primordial para a realização dos movimentos coordenados, cautelosos, regulação da postura corporal, consequentemente manutenção do equilíbrio e desenvolvimento motor. (Rodrigues, 2020).

 Estabilidade estática e dinâmica

A postura ortostática, ou seja, equilíbrio estático, é fundamental para a execução de diferentes ações motoras tanto para as atividades diárias, quanto para a prática de dança. Este fator ilustra a capacidade do indivíduo em manter a posição ereta do corpo por meio dos limites de segurança. O tônus muscular é um ponto importante para manter a estabilidade estática do corpo, pois desempenha a função de preservar a tensão natural e constante dos músculos. (Amadio e Serrão, 2011).

No ponto de vista mecânico, a realidade é que o corpo nunca se encontra em um estado absoluto de equilíbrio, visto que, o corpo está sendo exposto por forças externas (gravidade) e internas (respiração), seguindo esse ponto de vista, a força estática se transforma em uma força fundamentalmente instável. Dessa maneira, o corpo está constantemente buscando um estado de equilíbrio, alcançado dinamicamente no momento em que oscila em torno de pontos de equilíbrio instantâneos, dependendo diretamente da postura global do corpo. Tendo em vista os aspectos citados, o forró no qual promove um equilíbrio global, ou seja, sua função de permanecer com a projeção do centro de gravidade dentro de uma base, é cada vez mais limitada, reduzindo a amplitude e os padrões de oscilações. Necessitando de uma grande capacidade física, além da dependência visual para favorecer o controle do equilíbrio. (Mello, Ferreira e Felicio, 2017).

     O equilíbrio estático e dinâmico necessário para postura global, é proveniente das forças que agem no centro da gravidade, mantendo o corpo conectado ao solo, e as forças musculares antagonistas que se contraem, estimulando a gravidade, por meio dos reflexos corretivos. Com isso, é contraído automaticamente os músculos necessários, corrigindo quaisquer desvios da posição desejada. (Leite et al., 2018).

Nessa perspectiva, os membros inferiores, são fundamentais para manutenção do equilíbrio estático, visto que, são responsáveis por absorver as pressões e controlar os ajustes posturais, dessa forma, compõe o sistema somatossensorial, no qual é responsável por intermediar as condições de equilíbrio. A coordenação é fundamental para os dançarinos, no qual, engloba a capacidade sensório motora, ritmo e agilidade, portanto as capacidades físicas estão ligadas diretamente a estabilidade estática e dinâmica. (Salla; Fachineto, 2021).

  Força muscular em membros inferiores

A força muscular é denominada uma das propriedades da motricidade básica, em conjunto à resistência e a mobilidade, sendo assim, fundamental no condicionamento físico e na manutenção do aparelho locomotor. Sendo assim, os dançarinos precisam possuir as habilidades de vigor requeridas para realizar as técnicas de movimento da dança, a habilidade de sincronizar os movimentos e o corpo, além de demonstrar total aptidão para características como resistência muscular, agilidade e controle. (Ramos, 2018).

A fraqueza muscular, por sua vez, é considerada uma condição detectada clinicamente, definida por uma fraqueza difusa e de forma simétrica, no qual envolve os músculos. É uma ocorrência frequente nas atividades rítmicas, levando a uma diminuição do desempenho motor, podendo influenciar em lesões músculo esqueléticas, afetando tanto o sistema sensorial quanto o motor.  (Silva et al., 2022).

Segundo Nascimento (2023), o fortalecimento muscular e alongamentos podem trazer vários benefícios à saúde, principalmente no que se refere às capacidades motoras. Sendo assim, são utilizadas para a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, e práticas consideradas fundamentais para promoção do fortalecimento da musculatura. Ademais, esse fortalecimento tem como intuito melhorar o aumento da força muscular, a resistência à fadiga dos músculos e tendões.

Dessa maneira, os membros inferiores são bastantes exigidos na dança, a flexibilidade e força, especialmente na articulação do quadril, são pontos importantes que devem ser trabalhados para garantir um melhor desempenho. Ademais, por englobar inúmeras informações sensoriais sobre a execução dos movimentos, o forró propicia uma ativação imediata do sistema sensório motor na presença de algum desequilíbrio, pois, na mesma proporção que o cérebro obtém a habilidade de dançar, ele também aprende a absorver mais rapidamente os estímulos recebidos pelo corpo. (Santos, 2021).

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, analítico, descritivo que envolveu seres humanos e buscou evidências atuais a partir de estratégias de avaliação dos membros inferiores. A coleta de dados buscou analisar a incidência e prevalência de determinados fatores com base nos resultados relacionados ao tempo, lugar e pessoa.

O local da pesquisa foi realizado em uma escola de forró, em uma cidade, localizada no sudoeste da Bahia. O período de estudo teve a sua realização entre os meses de setembro a novembro de 2024. Já a amostra foi composta por 20 dançarinos de forró, de ambos os sexos, que fazem aulas frequentes de forró, com idades que variam entre 18 anos e 70 anos. Teve como critérios de exclusão participantes menores de idade, maiores que 70 anos e que praticam outro tipo de dança.

Teve como critérios de exclusão participantes menores de idade, maiores que 70 anos e que praticam outro tipo de dança. Foram escolhidos indivíduos de ambos os sexos, devido ao fato de o forró ser popularizado por ser dançado em pares.  Além disso, limitamos a idade máxima em 70 anos devido à uma já diminuição progressiva da força muscular nessa faixa etária, o que poderia afetar a mobilidade e representar um desafio na avaliação dos dados obtidos. (Do Nascimento Calles et al., 2015).

Lunge test

O teste teve como objetivo qualificar a mobilidade articular do tornozelo. Foi realizado com o participante descalço, em pé, na frente de uma parede, com o membro inferior a ser testado posicionado à frente. Com o membro testado a 10 cm de distância da parede, os participantes realizaram uma dorsiflexão do tornozelo e flexionaram o joelho, com a intenção de encostar na parede, sem levantar o calcanhar do chão. (Rodrigo; Alves; Rivera, 2020).

 Balance – Test

O teste teve como objetivo qualificar a propriocepção dos membros inferiores (MMII) e a estabilidade do complexo inferior de tronco e MMII. O avaliador montou no chão um “Y” com fita adesiva, direcionado para a frente, para a posição póstero-medial e para a posição póstero-lateral. Após colocar a fita da direção anterior, foi marcado 135 graus com o goniômetro para definir a direção póstero-medial e repetiu o mesmo processo para marcar a direção póstero-lateral. Uma fita transversal foi colocada na interseção das três fitas, criando uma marca inicial.

Os participantes iniciaram com o membro dominante, posicionando a ponta do hálux na marca inicial e mantendo as mãos na cintura. Em seguida, realizou 6 repetições para familiarização, considerando-se apenas as 3 últimas tentativas. Iniciando sempre pela direção anterior, seguida pela direção póstero-medial e, por último, pela direção póstero-lateral, realizando uma tríplice flexão (tornozelo, joelho e quadril) para alcançar a maior distância possível. (Rodrigo; Alves; Rivera, 2020).

Single Leg Bridge

O teste teve como objetivo avaliar a força de resistência e o equilíbrio contralateral dos isquiotibiais. O avaliado foi posicionado em decúbito dorsal, com o membro inferior a ser testado posicionado em aproximadamente 20 graus de flexão do joelho, enquanto o membro oposto permaneceu em flexão de quadril a 90 graus e flexão total do joelho. Durante a execução, os braços permaneceram cruzados sobre o peito, e o avaliado realizou movimentos de empurrar o calcanhar contra o chão para elevar o quadril, mantendo a perna contrária estendida no ar.

 As repetições foram realizadas de forma contínua até a falha, definida pelo toque do quadril no chão ou pela perda da postura correta, sem pausas entre os movimentos. Como referência, foram considerados bons os resultados iguais ou superiores a 25 repetições e ruins os inferiores a este valor. (Rodrigo; Alves; Rivera, 2020).

Single Hop Test

Os participantes realizaram o teste em uma área de 3 metros previamente demarcada. A extremidade anterior do pé do membro testado foi posicionada na primeira marcação, e o salto foi executado com máxima distância, permanecendo no local da aterrissagem. A distância foi medida do calcanhar à marcação inicial com uma fita métrica. Cada participante realizou três saltos por membro: um de familiarização e dois válidos para o estudo. (D’Alessandro et al., 2005).

Analise estatísticas

A análise estatística dos dados obtidos foi realizada pelo Office Excel (versão 2019). Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk através do software Jamovi (versão 1.2)12. A análise dos resultados foi do tipo descritiva sobre os dados demográficos, características relacionadas ao histórico de lesão e o tempo de prática da modalidade de forró, bem como os resultados dos testes funcionais sendo utilizados os valores obtidos através da média em porcentagem e desvio padrão sobre cada variável.

RESULTADOS

As características demográficas dos participantes deste estudo, apresentadas na Tabela 1, descrevem uma amostra composta por 20 indivíduos (n = 20). A média de idade dos participantes foi de 37,4 ± 12,8 anos. O peso corporal médio foi de 71,6 kg ± 14,8, e a altura média de 169,8 cm ± 8,6. Esses dados permitiram o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que apresentou uma média de 24,7 ± 3,6. A análise da dominância lateral mostrou que 19 participantes (95%) eram destros, enquanto apenas 1 (5%) era canhoto.

Em relação ao gênero, a amostra apresentou 45% dos participantes do sexo feminino (9 indivíduos) e 55% do sexo masculino (11 indivíduos), o que quebra o paradigma identificado por Andreoli (2019), que destacou a predominância feminina e os preconceitos relacionados à participação masculina na dança.

 No que diz respeito ao nível de escolaridade, a maior parte dos participantes possuía ensino superior completo ou em andamento. Especificamente, 3 participantes (15%) tinham como maior nível educacional o ensino fundamental, 2 (10%) concluíram o ensino médio, 14 (70%) completaram o ensino superior, e 1 (5%) estava com o ensino superior incompleto. A classificação racial autodeclarada indicou que 8 participantes (40%) se identificavam como brancos, enquanto 12 (60%) se autodeclararam pardos. Esses dados demográficos proporcionam um panorama diversificado dos participantes, refletindo variáveis importantes de idade, peso, altura, escolaridade e características raciais.

Tabela 1. Características demográficas dos participantes do estudo.
AMOSTRAn = 20
Idade (anos)37,4 ± 12,8
Peso corporal (Kg)71,6 ± 14,8
Altura (cm)169,8 ± 8,6
IMC (Índice de Massa Corporal)24,7 ± 3,6
Sexo, n (%)
Feminino9 (45%)
Masculino11 (55%)
Dominância, n (%)
Destro(a)19 (95%)
Canhoto(a)1 (5%)
Nível de Escolaridade, n (%) 
Fundamental3 (15%)
Médio2 (10%)
Superior14 (70%)
Superior incompleto1 (5%)
Raça 
Branco8 (40%)
Pardo12 (60%)

As características relacionadas ao tempo de prática e histórico de lesões dos participantes, apresentadas na Tabela 2, revelaram uma predominância de praticantes da modalidade de Forró Pé de Serra. Dos 20 participantes, 13 (65%) praticavam exclusivamente o Forró Pé de Serra, enquanto nenhum praticava exclusivamente Forró Roots. Outros 7 participantes (35%) relataram praticar tanto o Forró Pé de Serra quanto o Forró Roots, evidenciando uma forte preferência pelo estilo Pé de Serra.

Quanto ao histórico de lesões nos membros inferiores, observou-se que o joelho foi a região mais afetada, com 14 participantes (70%) relatando lesões prévias nessa articulação. O tornozelo foi a segunda área mais afetada, com 9 casos (45%), seguido pelo quadril, com 4 casos (20%). Em relação ao tempo de prática, 9 participantes (45%) relatou um ano de experiência com a dança, enquanto 8 participantes (40%) tinham entre 2 e 3 anos de prática, e apenas 3 (15%) possuíam de 4 a 5 anos de prática. Vale destacar, que os participantes podiam relatar mais de uma lesão.

Tabela 2. Características relacionadas ao tempo de prática e histórico de lesão.
AMOSTRAn = 20
Graduação na modalidade
Forró pé de Serra13 (65%)
Forró Roots0 (0,0%)
Forró pé de Serra + Roots7 (35%)
Lesões prévias nos membros inferiores
Quadril4 (20%)
Joelho14 (70%)
Tornozelo9 (45%)
Tempo de prática (anos)
1 ano9 (45%)
2-3 anos8 (40%)
4-5 anos3 (15%)

Na análise das características funcionais dos membros inferiores dos participantes, apresentada na Tabela 3, foram destacados aspectos relevantes de desempenho e simetria entre os lados direito e esquerdo. O Lunge Test, utilizado para avaliar a amplitude de movimento em graus, revelou valores médios de 41,7° ± 4,8° para o lado direito e 42,7° ± 6,1° para o lado esquerdo, resultando em uma diferença de simetria de +3,2% entre os membros. Esses resultados encontram-se dentro dos valores de referência, que variam entre 35° e 45. (Rodrigo; Alves; Rivera, 2020).

Essa simetria próxima entre os lados direito e esquerdo é indicativa de um bom equilíbrio funcional entre os membros, aspecto fundamental para evitar compensações musculares e reduzir o risco de lesões. A faixa de valores obtida sugere que os participantes possuíam boa mobilidade e controle nos membros inferiores, estando dentro dos parâmetros recomendados para a prática de atividades físicas.

Corroborando com o estudo de Amorim et al. (2011), que aponta que dançarinos demonstram altos níveis de aptidão para a execução de movimentos com ampla amplitude. Esses dados reforçam a importância da simetria e estabilidade funcional dos membros inferiores para a prática segura de atividades físicas. (Rodrigo; Alves; Rivera, 2020).

No Y Balance Test, utilizado para avaliar o equilíbrio e a estabilidade dos membros inferiores, o lado direito obteve uma média de 92,6 ± 13,1, enquanto o lado esquerdo apresentou uma média de 95,6 ± 11,1, indicando uma diferença de simetria de +3,2% entre os membros. Em consonância com os achados de Moreno (2022), que identifica que uma boa amplitude de movimento no tornozelo influencia positivamente nos resultados do Y Balance Test.

No Single Hop Test, que mede a distância de salto em centímetros, os participantes apresentaram uma média de 142,3 cm ± 44,4 cm para o lado direito e 131,1 cm ± 24,7 cm para o esquerdo, resultando em uma simetria de -7,9%, o que indica uma leve predominância do lado direito. Embora a maioria dos participantes fosse destro, houve variações individuais nos resultados do hop test, refletindo possíveis diferenças nas capacidades de força e estabilidade entre os membros.

Por fim, na avaliação de rigidez do quadril em graus, o valor médio foi de 30,7° ± 16,2° para o lado direito e 30,4° ± 14,4° para o esquerdo, com uma simetria de -1% entre os membros. Esses dados funcionais fornecem uma visão abrangente das capacidades e simetria dos membros inferiores dos participantes, sendo relevantes para entender possíveis desequilíbrios e suas implicações.

Os resultados demonstraram que a modalidade do Forró apresenta demandas específicas sobre os membros inferiores, especialmente sobre o joelho, uma das articulações mais vulneráveis entre os participantes. Esse tipo de disfunção ocorre com maior frequência devido às exigências biomecânicas impostas pela modalidade, que envolvem movimentos repetitivos e de impacto nos membros inferiores. (Netodc; MansoKP 2017).

Tabela 3. Características relacionadas aos testes funcionais dos membros inferiores.
AMOSTRAn = 20
Lunge test (valores em graus)
Direito41,7 ± 4,8
Esquerdo42,7 ± 6,1
Valor de simetria entre membros+ 2,3%
Y Balance Test
Direito92,6 ± 13,1
Esquerdo95,6 ± 11,1
Valor de simetria entre membros+ 3,2%
Single Hop Test (valores em centímetros)
Direito142,3 ± 44,4
Esquerdo131,1 ± 24,7
Valor de simetria entre membros– 7,9%
Single Leg Hamstring Bridge 
Direito17,9 ± 8,8
Esquerdo16,4 ± 9,1
Valor de simetria entre membros– 8,4%
Rigidez de Quadril (valores em graus) 
Direito30,7 ± 16,2
Esquerdo30,4 ± 14,4
Valores de simetria entre membros-1%

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade sensório-motora e a força dos músculos extensores do quadril em dançarinos de Forró, considerando as altas demandas sensoriais e motoras exigidas pelos membros inferiores. Visando compreender as demandas específicas da dança relacionadas as atividades sensório motoras e força muscular dos extensores de quadril, correlacionando com fatores que podem influenciar a prevenção de lesões.

Este estudo revelou que dançarinos de Forró enfrentam altas demandas sensoriais e motoras nos membros inferiores. Embora os testes funcionais tenham indicado boa simetria e controle motor, leves assimetrias no Single Hop Test (-7,9%) e no Single Leg Bridge (-8,4%) sugerem desequilíbrios funcionais. Esses achados podem estar associados à força dos extensores do quadril e às exigências biomecânicas da dança, com destaque para a vulnerabilidade do joelho.

Dessa forma, os achados reforçam a importância de estratégias voltadas para o fortalecimento dos extensores do quadril e o aprimoramento sensório-motor, fundamentais para a prevenção de lesões e o desempenho seguro na modalidade. Cabe destacar que uma limitação encontrada durante a realização deste estudo foi a falta de flexibilidade no agendamento com a escola de dança, o que reduziu o tempo disponível para a avaliação dos dançarinos. A coleta de dados estava condicionada a uma data pré-estabelecida, o que resultou em uma amostra reduzida, comprometendo a generalização dos resultados e limitando a análise mais aprofundada.

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1 Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste. Especialista em fisioterapia esportiva. e-mail: dadoguilyos@fainor.com.br

2 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: paulovitormeira@gmail.com

3 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: juanluiz248@gmail.com

4 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: lulinha.lu2018@gmail.com

5 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: ianvinicius251@gmail.com

6 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: deiveid10@gmail.com

7 Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: rafhaeln8@gmail.com

8 Graduação em Fisioterapia, Preceptora de Fisioterapia Hospitalar, Pós-graduação em traumato-ortopedia e esportiva e-mail: thalitavieirafisio@gmail.com

9 Graduação em Fisioterapia e-mail: marinaoliveirafisio@outlook.com

10 Graduação em Fisioterapia e-mail: wssantos12@gmail.com