REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411250942
Thifany Aita Natal
Orientador: Profa. Dra. Paola Almeida de Araujo Goes
RESUMO
A Doença do Trato Urinário Inferior Felino (DTUIF) abrange uma série de condições que afetam a vesícula urinária ou a uretra dos felinos, sendo a obstrução uretral uma das emergências urológicas mais graves na medicina veterinária. A obstrução, comumente observada em gatos machos devido à conformação anatômica de sua uretra, pode ser desencadeada por diversas causas, incluindo estresse, alimentação inadequada, manejo incorreto e predisposição anatômica. Este estudo tem como objetivo investigar as principais causas da obstrução uretral em felinos, analisando fatores de risco e suas manifestações clínicas, além de avaliar os métodos diagnósticos e terapêuticos disponíveis. Foi realizada uma pesquisa descritiva, com levantamento de dados por meio de questionários direcionados a 114 tutores de gatos e 19 médicos veterinários especializados. A metodologia empregada foi quantitativo-qualitativa, permitindo uma análise dos dados obtidos sob diferentes perspectivas. Os resultados indicam que o estresse é um dos principais fatores que contribuem para a obstrução uretral em felinos, sugerindo que melhorias no manejo dos tutores podem reduzir a incidência dessa condição. Como parte da divulgação dos achados, foi elaborado um folder informativo, visando promover a conscientização sobre a importância de um manejo adequado para a prevenção da obstrução uretral e melhorar o bem-estar dos felinos.
Palavras-chave: Bem-estar animal. Doença do Trato Urinário Felino. Saúde dos felinos. Uretra dos felinos. Urologia veterinária.
ABSTRACT
Feline Lower Urinary Tract Disease (FLUTD) encompasses a range of conditions affecting the urinary bladder or urethra in cats, with urethral obstruction being one of the most serious urological emergencies in veterinary medicine. Urethral obstruction is commonly observed in male cats due to the anatomical configuration of their urethra and can be triggered by various causes, including stress, inadequate diet, improper management, and anatomical predisposition. This study aims to investigate the main causes of urethral obstruction in cats, analyzing risk factors and clinical manifestations, as well as evaluating available diagnostic and therapeutic methods. A descriptive research design was employed, with data collected through questionnaires directed to 114 cat owners and 19 specialized veterinarians. The methodology used was both quantitative and qualitative, allowing for an analysis of the data from different perspectives. Results indicate that stress is one of the major factors contributing to urethral obstruction in cats, suggesting that improvements in owner management can reduce the incidence of this condition. As part of disseminating the findings, an informational flyer was created to raise awareness about the importance of proper management in preventing urethral obstruction and improving feline well-being.
Keywords: Animal welfare. Feline health. Feline Lower Urinary Tract Disease (FLUTD). Feline urethra. Veterinary urology.
1. INTRODUÇÃO
A doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) abrange diversas manifestações clínicas que afetam a vesícula urinária ou a uretra dos felinos, com ou sem obstrução associada (MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015). Os sinais clínicos
mais comuns incluem disúria, estrangúria, hematúria e periúria (SILVA, 2024; CARDOSO, 2020). Quando a causa específica da DTUIF não é identificada, os pacientes são classificados como portadores de cistite idiopática felina (CIF) (CARDOSO, 2020).
A obstrução uretral em felinos domésticos é uma das principais emergências urológicas na medicina veterinária, sendo uma condição grave que exige diagnóstico e tratamento imediatos (MÜLLER et al., 2024). Esse bloqueio parcial ou total do fluxo urinário é, geralmente, causado por diferentes etiologias como tampões uretrais, urólitos, infecções bacterianas, neoplasias, estenose uretral, traumas ou causas iatrogênicas (POFFO, 2024). Sem intervenção rápida, essa condição pode levar a complicações sistêmicas graves, como azotemia pós-renal e insuficiência renal aguda, colocando em risco a vida do animal (GALVÃO et al.,2010; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; PEREIRA, 2011).
Nos gatos, especialmente nos machos, essa patologia ocorre com maior frequência devido à conformação anatômica do sistema urinário, já que a uretra masculina é mais longa e estreita, o que facilita o desenvolvimento de bloqueios, em contrapartida, as fêmeas, com uma uretra mais curta e larga, apresentam menor propensão ao distúrbio, embora também possam sofrer com as complicações do trato urinário inferior (GOMES, 2020).
A gravidade desse quadro está diretamente relacionada ao tempo de duração do bloqueio, pois quanto mais prolongada a retenção urinária, maior a probabilidade de ocorrer desequilíbrios eletrolíticos e acidobásicos, como acidose metabólica, hiperpotassemia, hiperfosfatemia e hipocalemia, além de danos renais irreversíveis (GALVÃO et al., 2010; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015).
O objetivo deste trabalho é investigar as principais causas da obstrução uretral em felinos, analisando fatores como estresse, manejo inadequado, alimentação e predisposição anatômica. O estudo visa também compreender as manifestações clínicas associadas à condição e avaliar os métodos diagnósticos e terapêuticos disponíveis. A pesquisa inclui a aplicação de questionários direcionados a tutores de gatos e médicos veterinários especializados, buscando identificar práticas de manejo e comportamentos dos felinos que possam contribuir para o desenvolvimento da obstrução uretral. Com a coleta e análise desses dados, espera-se identificar erros comuns no cuidado dos felinos, promovendo a conscientização e fornecendo subsídios para melhorar o manejo preventivo e o bem-estar desses animais. Portanto, é importante a busca
de informações atualizadas sobre o tema ajudando a melhorar a qualidade de vida de animais que apresentam tal patologia.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Anatomia do sistema urinário felino
O sistema urinário é constituído por rins, ureteres, vesícula urinária e uretra, e desempenha um papel fundamental na eliminação de resíduos do organismo, filtrando quase todas as impurezas do sangue, transportando-as para fora do corpo, além disso, o sistema urinário também auxilia na remoção do excesso de água, contribuindo para a regulação do equilíbrio hídrico no organismo (COLVILLE, 2010; SILVA, 2024).
2.1.1. Rins
Os rins desempenham um papel essencial no trato urinário, sendo responsáveis pela filtração do plasma sanguíneo e pela excreção de resíduos metabólicos, como a ureia, creatinina, ácido úrico, ácidos orgânicos, bilirrubina e toxinas, enquanto retêm substâncias como água, glicose, proteínas, aminoácidos e eletrólitos (MOTTA, 2009; KONIG; LIEBICH, 2016). São responsáveis por regular distúrbios hídricos, eletrolíticos e acidobásicos, controlando a taxa de reabsorção e secreção. Também são responsáveis pela produção de hormônios, assim regulando a pressão arterial sistêmica e estimulam a produção de eritrócitos (MOTTA, 2009; KONIG; LIEBICH, 2016; KLEIN, 2014).
Grandes quantidades de plasma sanguíneo são filtradas pelo glomérulo, obtendo-se o ultrafiltrado ou urina primária (KONIG; LIEBICH, 2016). Nos túbulos renais, as células tubulares fazem a reabsorção de substâncias que podem ser reutilizadas pelo organismo (água, glicose, eletrólitos e aminoácidos) e as substâncias restantes são concentradas, formando a urina secundária (FERNÁNDEZ, 2021; KONIG; LIEBICH, 2016; MOTTA, 2009).
2.1.2. Ureteres
Os ureteres são tubos musculares que conduzem a urina dos rins à bexiga, através de movimentos peristálticos (POFFO, 2024). No felino, o ureter apresenta um diâmetro interno de aproximadamente 0,4 mm, caracterizando-se como uma estrutura estreita e de paredes finas, o que torna altamente suscetível a obstruções (FERNÁNDEZ, 2021; KONIG; LIEBICH, 2016).
2.1.3. Vesícula urinária
A bexiga, também chamada de vesícula urinaria, é um órgão musculomembranoso oco que funciona como reservatório para a urina, armazenando-a até que seja excretada (SIQUEIRA, 2020). O tamanho da bexiga pode variar conforme a quantidade de urina acumulada (GOMES, 2020). Após a contração e o esvaziamento, a vesícula assume formato esférico e situa-se em direção aos ossos púbicos, porém ao ser preenchida, prolonga-se em direção a cavidade abdominal (KONIG; LIEBICH, 2016).
2.1.4. Uretra
A uretra nas fêmeas tem função exclusivamente urinária, transportando a urina da bexiga para fora do organismo, e nos machos, além de desempenhar essa função, a uretra também integra o sistema reprodutor, transportando o sêmen e as secreções seminais (OLIVEIRA, 2024).
A uretra feminina é mais curta e se dilata mais facilmente em comparação com a uretra masculina, que é mais longa e se estende desde uma abertura interna no colo da vesícula urinária, até uma abertura externa, na extremidade do pênis (SIQUEIRA, 2020). A uretra masculina é dividida em: segmento pélvico e segmento peniano (KONIG; LIEBICH, 2016). O segmento pélvico é subdivido em uma parte pré-prostática, que conduz a urina, e uma parte prostática, que atravessa a próstata e recebe os ductos deferentes e os ductos vesiculares (OLIVEIRA, 2024). O segmento peniano inicia-se no arco isquiático e se estende até a abertura externa, na porção final do pênis (GOMES, 2020).
2.2. Definição
A obstrução uretral (OU) é uma patologia caracterizada pelo bloqueio parcial ou total da uretra, que impede a saída da urina (iscúria), ocasionada por diferentes etiologias, como plugs uretrais, urólitos, infeções, espasmos uretrais, traumas, neoplasias, causas iatrogênicas ou defeitos anatômicos no trato urinário inferior (CRIVELLENTI, 2023; GALVÃO et al., 2010; GOMES, 2020).
Essa afecção é um indicador observável da doença do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF), sendo uma emergência médica comum na rotina clínica de pequenos animais, porém potencialmente fatal em casos de diagnóstico e tratamento tardio (SOUZA et al., 2021; GOMES, 2020). Embora mais comum em felinos, especialmente da raça persa, a obstrução uretral também pode ocorrer em cães, exigindo atenção imediata. (CRIVELLENTI, 2023; GALVÃO et al., 2010; SILVA, 2024).
2.3. Etiologia
A obstrução física da uretra pode ser atribuída por fatores idiopáticos, tampões uretrais, urólitos, infecções bacterianas, neoplasias, traumas graves, estenoses, uretrite e espasmos uretrais (SILVA, 2024; MÜLLER et al., 2024; GOMES, 2020; SOUZA, 2023). Outros fatores menos comuns incluem anomalias anatômicas, proliferações teciduais não neoplásicas e dissinergia reflexa (CRIVELLENTI, 2023).
Estudos atuais indicam que a mortalidade associada à obstrução uretral varia entre 5,8% e 16%, uma vez que a condição pode resultar em azotemia pós-renal e, consequentemente, insuficiência renal aguda obstrutiva. Além disso, entre 22% e 36% dos animais apresentam recorrência da obstrução dentro de 180 dias após a desobstrução, o que corresponde a aproximadamente um terço dos casos analisados (GOMES, 2020; MONTANHIM et al, 2019).
2.4. Fatores predisponentes
A obstrução uretral pode acometer ambos os sexos, porém felinos machos têm maior predisposição por conta da anatomia da uretra, que é mais longa e estreita em comparação à das fêmeas (SILVA, 2024; SOUZA, et al., 2021; GOMES, 2020). O diâmetro interno da uretra se reduz gradualmente da saída da vesícula urinária até o meato externo (GALVÃO et al., 2010). Esse estreitamento, especialmente na região da extremidade peniana ou próximo às glândulas bulbouretrais, favorece o acúmulo de cristais que podem causar uma obstrução parcial ou total da uretra (GARCIA et al, 2024; GOMES, 2020).
Animais castrados têm uma tendencia maior a desenvolver a obesidade e consequente, diminuição da atividade física diária (SOUZA, 2023; MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024). Devido ao sedentarismo, esses animais acabam ingerindo menos água e diminuem a frequência de micção por não procurarem suas caixas de areia, assim retendo urina e aumentando a sua concentração e a predisposição à formação de urólitos (PLANK; KROLIKOWSKI, 2024; MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024). A origem desértica dos felinos fez com que eles se adaptassem ao baixo consumo de líquidos, resultando em um menor volume urinário e em menor frequência de micções em comparação a outras espécies. (GALVÃO et al., 2010).
Além disso, a castração precoce, realizada e a terceira e a vigésima semana de vida do animal, pode contribuir para o desenvolvimento das DTUIF, por conta da imaturidade do sistema genital (PLANK; KROLIKOWSKI, 2024; SILVA, 2024). Esse procedimento causa alterações fisiológicas, como mudanças hormonais, diminuição da capacidade contrátil do músculo detrusor e alterações na pressão de fechamento da uretra, que pode levar à disfunção do óstio uretral (SOUZA, 2022). A falta de hormônios reprodutivos nesses animais afeta a
formação peniana, resultando em atrofia ou ausência das espículas penianas e alterando a densidade das fibras elásticas e colágenas na região periuretral, o que reduz a flexibilidade dessa área (PLANK; KROLIKOWSKI, 2024). Essas modificações no sistema geniturinário podem dificultar o processo de micção e aumentar a incidência de obstruções urinárias (SOUZA, 2022).
Felinos de qualquer faixa etária podem desenvolver obstrução uretral, mas a maioria dos casos ocorre em gatos entre dois e sete anos de idade (MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024). É incomum que essa condição se manifeste em animais com menos de um ano ou mais de dez anos. (GOMES, 2020; SOUZA, 2023).
O estresse é uma das principais causas da OU, considerando que as DTUIF são ocasionadas por um desequilíbrio neuro-hormonal na vesícula urinária, muitas vezes provocado por erros de manejo como convivência com outros animais de quem não gostam, brigas por território, mudanças bruscas na dieta, no ambiente ou no clima, estresse do tutor adição de outros integrantes à casa, sons altos como fogos de artificio ou obras, falta de enriquecimento ambiental como arranhadores e esconderijos, alimentação apenas de ração seca (CARDOSO, 2020; MOTHÉ et al., 2024; SOUZA, 2023).
Um dos fatores que levam os felinos a reter urina é a disposição e acessibilidade das caixas de areia (MOTHÉ et al., 2024). Eles tendem a evitar seu uso quando as caixas não estão devidamente limpas, se localizam próximas à área de alimentação, estão em locais barulhentos ou de difícil acesso (MOTHÉ et al., 2024; SOUZA, 2023). Além disso, gatos se incomodam quando o número de caixas de areia é insuficiente para a quantidade de animais presentes no ambiente (GALVÃO et al., 2010).
2.5. Fisiopatogenia
O bloqueio do fluxo urinário leva à retenção de urina e dilatação excessiva da bexiga, aumentando a pressão intravesical e fazendo a urina retornar aos rins, o que eleva a pressão intratubular, podendo danificar o parênquima renal e comprometer as funções de reabsorção de água, regulação de sódio, excreção e equilíbrio de fluidos e eletrólitos, resultando em uremia, acidose metabólica e hipercalemia. (OLIVEIRA, 2024; YEPES; FREITAS; GOMES, 2019).
A obstrução do lúmen uretral é classificada de acordo com a localização do componente que detém o fluxo: intramural, mural e extramural (POFFO, 2024). A obstrução intramural ocorre quando há uma oclusão mecânica provocada por debris, plugs (tampões uretrais) ou urólitos (SOUZA, 2023). As obstruções murais e extramurais resultam de causas anatômicas ou funcionais, como neoplasias, defeitos congênitos, edemas, estenoses e fibroses, variando de acordo com o comprometimento das estruturas locais (GALVÃO et al, 2010; GOMES, 2020; SOUZA, 2023).
2.5.1. Tampões uretrais
Os tampões uretrais, também conhecidos como plugs uretrais, representam a causa mais prevalente de OU em felinos machos, podendo ocasionar uma obstrução parcial ou total da uretra (CRIVELLENTI, 2023; SILVA, 2024; GOMES, 2020). Localizam-se, geralmente, na porção peniana da uretra, onde é uma região mais estreita, e são compostos por uma combinação de restos de tecidos moles necróticos, sangue e células inflamatórias agregados a uma matriz orgânica formada por mucoproteínas, muco e debris inflamatórios, podendo ou não conter cristais, sendo a estruvita o tipo mais frequente. (FERNÁNDEZ, 2021; GOMES, 2020; GALVÃO et al, 2010; SOUZA, 2023; SILVA, 2024).
A origem da formação dos plugs uretrais ainda é desconhecida; porém, há hipóteses de que esteja associada a distúrbios no trato urinário, como infecções urinárias ou inflamações na bexiga, que promovem o acúmulo de matriz orgânica nos segmentos uretrais do trato urinário. (GALVÃO et al., 2010; SAMPAIO et al., 2020; GOMES, 2020).
2.5.2. Urólitos
Urólitos, chamados popularmente de “pedras”, são cálculos que podem se desenvolver em qualquer parte do trato urinário (uretra, bexiga, ureteres e rim) (FERNÁNDEZ, 2021). Essas formações são concentrações macroscópicas formadas por matéria orgânica e materiais cristaloides, como sílica, cistina, estruvita, oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, ácido úrico, xantina e uratos, sendo o urólito de estruvita o mais comum em gatos. (MÜLLER et al., 2024; SILVA, 2024).
O desenvolvimento de um urólito requer a formação de um núcleo central cristalino, que pode ser composto por cristais, debris celulares, células descamadas do epitélio, células inflamatórias, mucoproteínas e microrganismos (WAKI; KOGIKA, 2017; SANTOS; ALESSI, 2016). Para que isso ocorra, é necessário a supersaturação da urina com cristais iatrogênicos, causada pela alta concentração de solutos, baixa ingestão de água, baixa frequência de micção e desidratação (GOMES, 2020; SANTOS; ALESSI, 2016; SOUZA, 2023; WAKI; KOGIKA, 2017).
A dieta consumida pelo animal influencia o pH urinário (GOMES, 2020). Alimentos ricos em proteína animal tendem a acidificar a urina, enquanto alimentos ricos em cereais e vegetais contribuem para um pH mais alcalino; um pH ácido (menor que 6,1) pode favorecer a formação de cristais de oxalato de cálcio, enquanto um pH alcalino (maior que 6,5) pode levar à formação de cristais de estruvita. (GALVÃO et al, 2010; SOUZA, 2023).
2.5.3. Outras causas
Neoplasias, anomalias congênitos, edemas, estenoses, traumas locais, uretrites e fibroses da uretra também podem provocar OU em felinos (SIQUEIRA, 2023, CRIVELLENTI, 2023). As principais neoplasias no trato urinário inferior são carcinoma de células transicionais, adenocarcinoma e leiomioma, que afetam principalmente a vesícula urinária (SIQUEIRA, 2023; SANTA ROSA, 2011). Além disso, traumas locais e uretrites crônicas podem causar inflamação e edema, levando à obstrução. Embora seja atípico, outra causa para a formação de plugs uretrais é a infecção causada por microrganismos da microbiota normal, como Bartonella spp. e o calicivírus felino (FCV) (SOUZA, 2023; GOMES, 2020).
2.6. Manifestações clínicas
Os sinais clínicos de obstrução uretral em felinos domésticos não são específicos e podem ser confundidos com outras patologias do trato urinário inferior (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015). Os gatos obstruídos podem apresentar: presença de sangue na urina (hematúria), dificuldade ao urinar (disúria), dor ao urinar (estrangúria), retenção de urina (iscúria), aumento da frequência de micção (polaciúria), inquietação e lambedura excessiva dos genitais (CASTRO; VASCONCELOS, 2024; MÜLLER et al, 2024). Ademais, pode ser observado: prostração, periúria (micção em local diferente do habitual), anorexia e hipotermia, vocalização intensa, ausência de libido ou ereção (MOURA; RIBEIRO, 2024). Durante o exame clínico observa-se a vesícula urinária repleta e dura (GALVÃO et al, 2010; CARDOSO, 2020; MONTANHIM et al, 2019).
Em casos de retenção urinária prolongada, os sintomas tornam-se mais intensos e incluem êmese, mucosas hipocoradas, hipotensão, diarreia, desidratação, taquipneia, bradicardia/taquicardia, hipovolemia e arritmias. Esses sinais podem evoluir para choque hipovolêmico e, em casos graves, resultar em morte (GOMES, 2020; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015).
2.7. Diagnóstico
O diagnóstico do paciente obstruído é realizado por meio de uma anamnese completa, exame físico e exames complementares (MOURA; RIBEIRO; MEDERIOS, 2024; GARCIA et al, 2024). Entre os exames de imagem, incluem-se a ultrassonografia, uroendoscopia e radiografia (MÜLLER, et al., 2024; RECHE JR.; CAMOZZI, 2017). Após a estabilização do animal, devem ser realizados exames laboratoriais, como hematológicos, bioquímicos e análise de urina com avaliação de sedimento, cultura e antibiograma, que auxiliam no diagnóstico e prognóstico do animal obstruído (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; MOURA; RIBEIRO; MEDERIOS, 2024).
2.7.1. Anamnese e exame físico
Para realizar o diagnóstico de obstrução uretral é fundamental uma anamnese completa e precisa, baseada nas informações fornecidas pelo tutor do animal (MOURA; RIBEIRO; MEDERIOS, 2024). O responsável deve relatar a queixa principal, informando a idade do paciente, se é castrado, o tempo sem urinar, a cor e o odor da urina, se paciente apesenta lambedura na região perineal, o consumo de água, o tipo de alimentação fornecida (ração seca ou úmida e a marca), além de mencionar a ocorrência de vômito ou de sintomas semelhantes no passado (MONTANHIM et al, 2019).
Durante o exame físico, são aferidos os parâmetros vitais, e alguns achados podem indicar alterações, como taquipneia, hipotermia, mucosas hipocoradas e sinais de desidratação (MOURA; RIBEIRO; MEDERIOS, 2024; POFFO, 2024). Na palpação abdominal, é comum detectar a vesícula urinária repleta e endurecida em casos de obstrução uretral (SANTA ROSA, 2010; GARCIA et al, 2024). No entanto, a bexiga não deve ser comprimida, pois, além de causar dor ao animal, há risco de rompimento devido à pressão manual, uma vez que a parede pode estar excessivamente distendida (GALVÃO, 2010; CRIVELLENTI, 2023; MONTANHIM et al, 2019).
2.7.2. Exames de sangue
Deve-se realizar uma coleta para analises de hemograma, hemogasometria e bioquímica sérica, incluindo glucose, ureia, creatinina, sódio, potássio cálcio iônico, cloreto e fósforo (GOMES, 2020; OLIVEIRA, 2024; PINHEIRO, 2009). Alterações no leucograma podem indicar estresse agudo, que ocorre pela liberação de catecolaminas, resultando em leucocitose fisiológica. Esse quadro pode ser desencadeado por dor, frio, transporte, fome ou medo (LAURINO, 2009). O estresse agudo se manifesta com leucocitose devido à neutrofilia, acompanhada de monocitose, linfocitose e eosinofilia (MONTANHIM et al, 2019; PINHEIRO, 2009; LAURINO et al., 2009).
Em casos de estresse crônico, normalmente associados a doenças, ocorre liberação de glicocorticoides, resultando em leucocitose com neutrofilia de segmentados, linfopenia, eosinopenia e monocitose. A linfopenia é, entre essas alterações, a mais recorrente (LAURINOet al., 2009).
Os exames laboratoriais podem revelar algumas alterações importantes, como elevação de proteína sérica, hiperfosfatemia (aumento de fósforo), hipermagnesemia (aumento de magnésio), hipercalcemia (aumento de cálcio), hipercolesterolemia (aumento de colesterol), hipocalcemia (diminuição do cálcio), acidose metabólica e aumento dos níveis de ureia e creatinina (POFFO, 2024; GALVÃO, 2010). Pacientes obstruídos por mais de 24 horas podem entrar em um quadro de azotemia pós-renal (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; OLIVEIRA, 2024).
Quando ocorre uma obstrução mecânica do fluxo urinário, inicia-se um quadro de insuficiência renal aguda. A pressão causada pelo acúmulo de urina nos segmentos do trato urinário inferior aumenta até superar a pressão hidrostática capilar, interrompendo a filtração glomerular e resultando em diminuição ou cessação dos processos de excreção, filtração e secreção realizados pelos rins. Essa insuficiência renal resulta em níveis elevados de ureia e creatinina, provocando azotemia. A interrupção do fluxo de urina causa o acúmulo de fósforo urinário, levando à hiperpotassemia e, como consequência, à hipocalcemia (GOMES, 2020; OLIVEIRA, 2024).
De acordo com Gomes (2020), a obstrução uretral em felinos compromete a capacidade de excreção adequada dos íons de hidrogênio, o que resulta no desenvolvimento de acidose metabólica.
2.7.3. Exame de urina
A urina pode ser coleta por micção natural, sondagem ou, preferencialmente, por cistocentese, a fim de evitar contaminação por bactérias presentes na uretra (SOUZA, 2023; FERNÁNDEZ, 2021). Contudo, essa técnica só deve ser realizada se a bexiga estiver palpável durante o exame físico. A amostra deve colocada em um fraco estéril e hermético e refrigerada caso a analise não ocorra entre 15 e 30 minutos após a coleta; entretanto, essa prática pode gerar falsos positivos devido à formação de cristais. Em casos de DTUIF, pode- se ter como resultado hematúria, proteinúria, piúria e cristalúria no sedimento (PINHEIRO, 2009; FERNÁNDEZ, 2021).
É imprescindível realizar a urinálise, pois este exame permite a análise da densidade urinária, o pH, além da presença de proteinúria ou hematúria. Em felinos, o pH urinário normalmente varia entre 5,5 e 7,5, sendo influenciado por infecções bacterianas, pelo tipo de urólito presente e pela dieta do animal. Uma densidade urinária elevada pode indicar aumento
na concentração de substâncias predispostas a obstruir a uretra. Entretanto, em casos de obstrução prolongada, é possível observar valores que apontem para uma diluição urinária, geralmente associada ao agravamento da disfunção tubular renal (PINHEIRO, 2009; GOMES, 2020).
Exames de cultura bacteriana e antibiograma podem ser feitos em pacientes diagnosticados com urolitíase, visto que esses cálculos podem ter origem em infecções causadas por bactérias produtoras de urease (GOMES, 2020). Um estudo brasileiro realizado em 1998 mostrou que em um grupo de 36 gatos machos com obstrução uretral, apenas quatro amostras de urina apresentaram crescimento bacteriano. Os agentes identificados foram Pasteurella sp, Klebsiella sp, Staphylococcus sp e Escherichia coli, levando à conclusão de que infecções urinárias bacterianas são incomuns em pacientes com obstrução (RECHE JR.; HAGIWARA; MAMIZUKA, 1998).
2.7.4. Exames de imagem
Uma das maneiras de se obter um diagnóstico preciso de obstrução uretral é por meio de exames de imagem, que permitem determinar a localização, o tamanho e o número de cálculos (POFFO, 2024). Os métodos utilizados incluem radiografia simples, ultrassonografia abdominal e radiografias contrastadas, como a urocistografia, cistografia e urografia excretora. (WAKI; KOGIKA, 2017; SOUZA, 2023).
A radiografia é um método valioso para identificar a presença de urólitos e deve abranger toda a cavidade abdominal (MOURA, RIBEIRO, MEDEIROS, 2024). No entanto, cálculos com menos de 3 mm de diâmetro ou radiotransparentes, como os de urato de amônio, podem ser de difícil visualização (POFFO, 2024). Por outro lado, cálculos de estruvita, sílica e oxalato de cálcio, por serem radiopacos, são facilmente detectados no raio X (WAKI; KOGIKA, 2017; GOMES, 2020).
O ultrassom abdominal avalia a integridade do trato urinário e espessamento da parede vesical, sendo necessário que a bexiga esteja suficientemente cheia (PEIXOTO, 2019; MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024). Embora a radiografia seja mais precisa para identificar urólitos, a ultrassonografia complementa o diagnóstico, permitindo a visualização de pequenos cálculos não detectados no exame radiográfico (POFFO,2024). Além disso, ajuda a identificar obstruções através de achados como hidroureter, hidronefrose e dilatação da pelve (WAKI; KOGIKA, 2017; GOMES, 2020; POFFO, 2024).
2.8. Tratamento clínico
A obstrução urinária em felinos domésticos é uma emergência de alta relevância na medicina veterinária, sendo uma das complicações mais frequentes do sistema urinário nessa espécie (MÜLLER et al., 2024). Quando não tratada prontamente, essa condição pode evoluir para desfechos fatais, devido à azotemia pós-renal e a sérias alterações nos equilíbrios hidroeletrolítico e ácido-base (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; SOUZA et al., 2021; YEPES; FREITAS; GOMES, 2019). O manejo inicial exige a estabilização clínica do paciente, com especial atenção para a correção de hipercalemia, hipovolemia e desidratação, antes de iniciar as tentativas de desobstrução (OLIVEIRA, 2024; GOMES, 2020; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015). Pacientes que apresentarem hipotermia, devem ser aquecidos com colchão térmico ou bolsas de água quente (GALVÃO et al., 2010)
2.8.1. Fluidoterapia
A fluidoterapia é essencial para corrigir a desidratação, os desequilíbrios eletrolíticos e acidobásicos, além de reduzir a azotemia resultante da retenção urinária e de possíveis lesões renais (OLIVEIRA, 2024; SIQUEIRA, 2020). Estudos recentes apontam que a solução de Ringer Lactato, administrada por via intravenosa, é a mais eficaz para a reidratação de gatos com obstrução, proporcionando uma correção mais rápida da acidose metabólica (GOMES, 2020; RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; CRIVELLENTI, 2023).
A fluidoterapia deve ser administrada por via intravenosa (IV) para evitar prejuízos à função renal, sendo realizada após a analgesia e a cistocentese de alívio (MOURA, 2024; FERNANDEZ, 2021; SIQUEIRA, 2020). Deve ser administrada nas taxas de 10-20 ml/kg/hora, até que o paciente seja desobstruído, sendo reajustada durante o procedimento (MONTANHIM et al., 2019).
Para corrigir a hipocalcemia, recomenda-se administrar gliconato de cálcio a 10% em doses de 5 a 15 mg/kg (ou 0,5 a 1 ml/kg) durante um período de 5 a 15 minutos. Caso a fluidoterapia não seja eficaz na correção da hiperpotassemia, deve-se considerar o uso de insulina regular intravenosa (IV), que facilita a entrada de glicose e potássio no espaço intracelular. A administração de glicose deve seguir imediatamente após a insulina, uma vez que seu efeito pode se estender por 2 a 4 horas, prevenindo o risco de hipoglicemia (RECHE JR.; CAMOZZI, 2017; GOMES, 2020).
Outras alternativas para corrigir a hiperpotassemia incluem a aplicação intravenosa de bicarbonato de sódio, que auxilia na movimentação do potássio para o interior das células, ou a administração de gliconato de cálcio a 10% em doses de 5 a 15 mg/kg (ou 0,5 a 1 ml/kg) ao
longo de 5 a 15 minutos, para estabilizar a membrana cardíaca e reduzir os riscos de arritmias hipoglicemia. Durante toda a infusão, é essencial monitorar a frequência cardíaca por meio de um eletrocardiograma (ECG). Se ocorrer bradicardia ou redução do intervalo QT, a administração do gliconato de cálcio deve ser temporariamente interrompida. Esse tratamento é indicado principalmente em casos de arritmias que colocam em risco a vida do paciente, ajudando a estabilizar a atividade elétrica cardíaca. (RECHE JR.; CAMOZZI, 2017; GOMES, 2020).
2.8.2. Restabelecimento do fluxo urinário
Com o animal hemodinamicamente estável, deve-se iniciar a terapia para restaurar o fluxo urinário, associada a uma leve sedação para tranquilizá-lo. O esvaziamento da bexiga pode ser realizado através de massagem na uretra, compressão vesical, hidropulsão vesical, cateterização uretral, ou, em casos em que a sondagem não tenha sucesso, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica (RECHE JR.; CAMOZZI, 2017; SOUZA, 2023).
Em casos de pequenos cálculos na porção distal da uretra peniana, a combinação de massagens penianas com o uso de miorrelaxantes, como o diazepam, seguida de leve compressão manual da bexiga, pode facilitar a expulsão do urólito, ajudando a esvaziar a vesícula urinária (GALVÃO et al., 2010; RECHE JR.; CAMOZZI, 2017; MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024).
Caso o fluxo urinário não seja restabelecido, uma outra opção é realizar a hidropulsão vesical com soro fisiológico 0,9% estéril, utilizando um cateter uretral, preferencialmente a sonda Tom-Cat®, com o objetivo de fragmentar o urólito ou deslocá-lo para a bexiga. No entanto, esse procedimento não é indicado para todos os pacientes, pois requer sedação e deve ser realizado com cautela. (RECHE JR.; CAMOZZI, 2017; MOURA; RIBEIRO; MEDEIROS, 2024).
Quando a hidropulsão não é viável, a cistocentese torna-se uma alternativa indicada para aliviar a pressão no trato urinário, promovendo a retropulsão do tampão uretral para a bexiga (RECHE JR.; CAMOZZI, 2017). Essa redução da pressão vesical facilita a introdução da sonda uretral, permitindo a desobstrução. Além disso, o esvaziamento imediato da bexiga proporciona alívio do desconforto do animal, interrompe a progressão da lesão renal e restaura tanto a filtração glomerular quanto a irrigação vesical (GOMES, 2020). Contudo, deve-se considerar o risco de complicações, como a ruptura da bexiga, especialmente em casos de distensão vesical severa, sendo não recomendada em casos de obstrução prolongada (MONTANHIM et al., 2019; GALVÃO, 2010).
A cistocentese pode ser realizada em intervalos de 4 a 6 horas até a introdução da sonda uretral, permitindo a coleta de urina para exames laboratoriais, como urianálise e urocultura (MONTANHIM et al., 2019). O procedimento deve ser conduzido com o paciente sedado ou anestesiado, posicionado em decúbito dorsal ou lateral, garantindo que a região abdominal esteja completamente tricotomizada e submetida à antissepsia com solução de clorexidina alcoólica, reduzindo o risco de contaminação e facilitando o acesso ao órgão (MONTANHIM et al., 2019). É recomendável o uso de um circuito que inclua uma torneira de três vias, uma seringa de 10 ou 20 ml e um equipo com uma agulha de calibre 22 G acoplada (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020; CRIVELLENTI, 2023). A bexiga deve ser segurada contra a parede abdominal com uma mão, enquanto a agulha é inclinada em um ângulo de 45° e inserida no sentido craniocaudal, através da linha alba (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020; CRIVELLENTI, 2023). Um auxiliar deve manejar a seringa e a torneira de três vias, garantindo o controle adequado da coleta de urina (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020). A identificação da bexiga pode ser feita com palpação ou com auxílio do ultrassom (CRIVELLENTI, 2023).
A sondagem uretral é indicada para pacientes nos quais as tentativas de desobstrução uretral menos invasivas não foram eficazes (GOMES, 2020). O procedimento deve ser realizado com o paciente anestesiado, em decúbito dorsal, e com as regiões perineal, peniana, escrotal, anal e caudal devidamente tricotomizadas (MONTANHIM et al., 2019).
Após a realização da assepsia com clorexidina, o pênis deve ser cuidadosamente exposto por meio da retração do prepúcio (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020). Em seguida, deve-se proceder com a sondagem de forma lenta, utilizando um cateter 22G, uma sonda do tipo “Tom-Cat” de silicone ou uma sonda uretral nº4 flexível (CRIVELLENTI, 2023; GOMES, 2020). Com o cateter posicionado no canal uretral, acopla-se uma seringa para criar vácuo, retirando o cateter do pênis e permitindo que pequenos plugs possam ser expelidos (MONTANHIM et al., 2019).
Caso necessário, pode-se realizar a hidropropulsão com solução salina estéril morna, com o auxílio de uma seringa de 10 ml (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020; CRIVELLENTI, 2023). Após a desobstrução, é necessário lavar e drenar a uretra e a vesícula urinária com solução fisiológica para garantir a remoção completa de todos os detritos presentes no sistema urinário (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020).
Em alguns casos, pode ser necessário fixar a sonda para monitorar o débito urinário, realizar lavagens vesicais adicionais e coletar amostras de urina para novas análises e evitar reobstruções (GALVÃO et al., 2010; MONTANHIM et al., 2019). A fixação da sonda permite
um controle contínuo do fluxo urinário e facilita a realização de procedimentos subsequentes, como o acompanhamento da função renal e a remoção de resíduos ou detritos presentes na bexiga. A sonda geralmente é mantida por até três dias, mas, caso ocorra uma ruptura uretral, ela deve ser mantida por um período de até 10 dias (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020).
Se a desobstrução não for alcançada, é indicado manter o animal internado por até três dias para tratamento clínico. O manejo terapêutico deve incluir fluidoterapia, realização de cistocenteses de alívio de 3 a 4 vezes ao dia, administração de analgésicos e antiespasmódicos, monitoramento do equilíbrio hidroeletrolítico e avaliação contínua dos parâmetros vitais. No terceiro dia, pode-se haver uma nova tentativa de sondagem uretral para resolver a obstrução. Caso o bloqueio persista, o paciente deve ser encaminhado para uma intervenção cirúrgica de uretrostomia perineal (MONTANHIM et al., 2019; GOMES, 2020; RECHE-JÚNIOR; CAMOZZI, 2015).
2.8.3. Tratamento pós desobstrução
2.8.3.1. Analgesia
A analgesia é necessária para controle de dor dos felinos obstruídos e auxilia na diminuição do tônus uretral (RECHE-JÚNIOR; CAMOZZI, 2015; CRIVELLENTI, 2023). Após a desobstrução, a administração dos analgésicos deve ser continuada por 5 a 7 dias (GOMES, 2020; OLIVEIRA, 2024). Os fármacos que podem ser administrados para alivio da dor incluem opioides como buprenorfina, dipirona (25 mg/kg/dia ou 12,5 mg/kg, 2 vezes/dia), tramal (2 a 4 mg/kg, 2 vezes/dia) (RECHE-JÚNIOR; CAMOZZI, 2015; GOMES, 2020; OLIVEIRA, 2024). A gabapentina também pode ser administrada, visto que possui efeito analgésicos e ansiolíticos (OLIVEIRA, 2024).
2.8.3.2. Antibioticoterapia
O uso de antibióticos é indicado apenas quando o exame de cultura bacteriana confirma a presença de infecção urinária (CRIVELLENTI, 2023). Em pacientes que utilizam sonda uretral, é aconselhável repetir os exames de cultura de urina e antibiograma, considerando o risco elevado de infecção associado à sondagem (GOMES, 2020).
2.8.3.3. Antiespasmódicos
Segundo Oliveira, (2024) 28 a 37% da uretra é composta de músculo liso, contendo recetores alfa-1 adrenérgicos. Sendo assim, a administração de antiespasmódicos é essencial para evitar casos de obstrução recorrente. Os relaxantes musculares mais utilizados são prazosina, a fenoxibenzamina e a acepromazina (GOMES, 2020; OLIVEIRA, 2024).
2.8.4. Modificações dietéticas e enriquecimento ambiental
A urotiálise acomete principalmente gatos que bebem pouca água e se alimentam exclusivamente de ração seca, visto que possuem apenas 10% de umidade. O oferecimento de dietas úmidas especificas para os felinos é essencial par a prevenção de obstruções recorrentes (SOUZA et al, 2021).
O enriquecimento ambiental visa proporcionar um ambiente estimulante que atenda às necessidades naturais dos felinos como de caçar, explorar, diminuindo o estresse (DAMASCENO; 2018). Algumas práticas recomendadas incluem o oferecimento de vários fontes de água, visto que felinos preferem água corrente, disponibilizar mais de uma caixa de areia por gato que tiver no ambiente, mantendo sempre higienizadas (DAMASCENO; 2018; GOMES, 2020).
2.9. Prognóstico
O prognóstico da obstrução uretral em felinos varia de reservado a grave, dependendo da duração da obstrução e das consequências associadas. A persistência da uremia e da hipercalemia traz sérios riscos à saúde do animal, sendo as principais causas de óbito nesses casos. Ademais, o manejo adequado da desobstrução e o tratamento correto são cruciais para um desfecho favorável. Complicações como doença renal crônica e infecções do trato urinário inferior, frequentemente resultantes de cateterizações repetidas, além da possibilidade de pielonefrite, também podem afetar negativamente o prognóstico (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; GOMES, 2020).
A obstrução uretral em felinos apresenta uma taxa de mortalidade que pode alcançar até 20%. Esses números estão frequentemente associados a reobstruções, dificuldades no diagnóstico e no tratamento da causa subjacente, além de limitações financeiras dos tutores. Quanto à recidiva, estudos indicam que em gatos machos, a taxa varia de 30% a 45% dentro de um intervalo de seis meses. Sem o tratamento apropriado, a morte pode ocorrer entre 3 a 6 dias após a obstrução. Por outro lado, com a intervenção adequada, o prognóstico a curto prazo é considerado altamente favorável (RECHE JR.; CAMOZZI, 2015; OLIVEIRA, 2024).
3. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma pesquisa descritiva com o objetivo de estudar uma população específica, composta por gatos com obstrução uretral, e investigar as relações entre as variáveis desse fenômeno. Primeiramente, foi feito um levantamento bibliográfico em fontes renomadas, como SciELO, PubMed e Google Acadêmico, para embasar teoricamente o estudo.
A coleta de dados ocorreu por meio de questionários distribuídos digitalmente para tutores de felinos domésticos e médicos veterinários especializados em clínica médica, alcançando um total de 114 tutores e 19 veterinários. As perguntas direcionadas aos tutores abordaram o manejo e as práticas de cuidados adotadas com os felinos em casa, enquanto os questionários destinados aos veterinários trataram de aspectos clínicos e dos atendimentos realizados em casos de obstrução uretral em felinos.
A análise dos dados foi realizada com uma abordagem quantitativo-qualitativa, permitindo uma visão mais ampla e detalhada do tema. A pesquisa quantitativa proporcionou uma base estatística sólida, assegurando precisão e confiabilidade nos resultados, enquanto a análise qualitativa contribuiu para a interpretação dos aspectos subjetivos, trazendo percepções e detalhes mais profundos dos participantes.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O primeiro formulário foi destinado aos tutores de gatos domésticos, onde tiveram acesso a 10 questões que fazem referência aos seus gatos e suas atitudes com eles. Nesse formulário foram captadas 114 respostas, com o objetivo de identificarmos possíveis erros de manejo que resultem em obstrução uretral.
Os seguintes dados foram coletados através de um formulário pelo google, que foi disponibilizado para tutores de gatos através das redes sociais como Instagram, WhatsApp e Facebook:
· Questão 1
A primeira questão foi “Quantos gatos você tem?”. E as respostas obtidas foram:
- gato – 46 respostas (40,4%)
- gatos – 26 respostas (22,8%)
- gatos – 16 respostas (14%)
- gatos ou mais – 26 respostas (22,8%)
Gráfico 1: Quanto as respostas da primeira pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A maioria dos tutores entrevistados relatam ter apenas um gato na residência o que dentro do aspecto da patologia é um ponto positivo pois um ambiente com mais animais inicia um processo de comportamento de disputa, o que pode provocar um quadro de estresse que por sua vez pode ser uma das causas da obstrução.
Uma das causas de obstrução uretral pode ser o grande número de animais em uma mesma residência, devido à disputa pela caixa de areia, o que causa estresse e leva ao aumento de cortisol. Um dado relevante na pesquisa mostra que mais de 20% das residências possuem mais de quatro animais, o que, conforme a literatura, pode aumentar os casos de obstruções nesses pets. É importante entender a quantidade de gatos presentes em uma casa, já que os felinos tendem a ter comportamento mais solitário, embora alguns possam se dar bem com outros felinos. Em casas com muitos gatos (multi-cat), conflitos podem surgir devido à intolerância a outros gatos, o que pode impactar a saúde dos animais (BERNARDO; VARGAS; ALMEIDA, 2020; MOTHÉ et al., 2024)
Devido a essa intolerância entre os gatos, o estresse pode ser causado a eles, resultando em um caso de obstrução uretral. Através das respostas, analisamos que 40% relataram que tem apenas um gato, o que pode reduzir a intolerância já que não há contato com outros gatos, diminuindo a chance de obstrução uretral. Já esses 59,6% que relataram que tem mais de 1 gato, devido a casa multi-cat podem acabar afetando a saúde deles devido a intolerância a gatos, podendo resultar em uma obstrução uretral.
· Questão 2
A segunda questão foi “Você leva o seu gato periodicamente às consultas veterinárias?”. As respostas obtidas foram:
Somente quando necessário – 74 respostas (64,9%) Uma vez por ano – 23 respostas (20,2%)
A cada 6 meses – 13 respostas (11,4%)
Mensalmente – 2 respostas (1,8%)
Nunca – 2 respostas (1,8%)
Gráfico 2: Quanto as respostas da segunda pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas revela que a maioria dos proprietários de gatos leva seus animais ao veterinário apenas quando necessário, com 64,9% das respostas apontando essa opção. Isso sugere que muitos não adotam uma rotina preventiva para a saúde dos felinos. Uma parcela considerável, 20,2%, leva seus gatos ao veterinário uma vez por ano, o que indica uma prática de cuidado periódico, mas ainda insuficiente em termos de prevenção constante. Apenas 11,4% dos donos realizam consultas a cada seis meses, e uma pequena porcentagem, 1,8%, opta por consultas mensais, o que demonstra um zelo constante pela saúde do animal. Por outro lado, 1,8% dos proprietários nunca levam seus gatos ao veterinário, o que pode indicar falta de conscientização sobre a importância dos cuidados preventivos para a saúde dos felinos. Em geral, os dados sugerem uma maior necessidade de educação sobre cuidados veterinários preventivos para gatos.
Isso pode trazer alguns malefícios para o animal, como alguma doença incubada. O acompanhamento veterinário de gatos adultos deve ser feito uma vez por ano (inclusive devido às vacinas essenciais), já filhotes e idosos devem ser atendidos a cada seis meses, sendo crucial levar o gato ao veterinário para manter sua saúde, prevenindo e/ou iniciando o tratamento rapidamente. Além disso, os tutores precisam ter muita atenção com os seus felinos, pois, por serem caçadores, possuem um sistema de defesa, ou seja, não demonstram com facilidade sua fraqueza ou dor, o que pode dificultar o reconhecimento do tutor de que o felino está doente, retardando a visita ao veterinário
· Questão 3
A terceira questão foi “Você oferece ração úmida (sachê) para o seu gato com qual frequência?
As respostas obtidas foram:
Raramente – 40 respostas (35,1%)
Diariamente – 25 respostas (21,9%)
Em dias alternados – 20 respostas (17,5%) Semanalmente – 20 respostas (17,5%)
Nunca – 9 respostas (7,9%)
Gráfico 3: Quanto as respostas da terceira pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas à questão sobre a frequência de oferta de ração úmida (sachê) para os gatos mostra que a maioria dos tutores oferece esse tipo de alimento raramente, com 35,1% das respostas indicando essa opção. Isso sugere que a ração úmida não é uma parte constante da dieta de muitos felinos. Uma parcela significativa, 21,9%, oferece ração úmida diariamente, o que indica um cuidado constante com a alimentação do animal. Além disso, 17,5% dos donos oferecem ração úmida em dias alternados e 17,5% semanalmente, o que demonstra uma frequência moderada de oferta desse alimento. Por outro lado, 7,9% dos proprietários nunca oferecem ração úmida, o que pode estar relacionado à preferência por ração seca ou à falta de conhecimento sobre os benefícios da alimentação úmida para a saúde do gato, como a hidratação. Sendo mais eficaz oferecer a ração úmida diariamente, porque, à medida que o gato vai se alimentando de ração úmida, ocorre uma maior ingestão de água, o que resulta na diminuição da concentração da urina. Esse processo pode melhorar a condição do felino e até mesmo evitar uma obstrução urinária (BERNANRDO; VARGAS; ALMEIDA, 2021).
· Questão 4
A quarta questão foi “Seu gato já ficou obstruído?”. E as respostas obtidas foram: Não – 93 respostas (81,6%)
Sim – 21 respostas (18,4%)
Gráfico 4: Quanto as respostas da quarta pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas à questão sobre obstrução urinária em gatos revela que a maioria dos tutores, 81,6%, informou que seus gatos nunca ficaram obstruídos. Isso sugere que, para a maioria dos felinos, problemas urinários graves não são frequentes. No entanto, 18,4% dos proprietários afirmaram que seus gatos já enfrentaram obstrução, o que indica que essa condição ainda afeta uma parcela significativa de gatos. Esses dados ressaltam a importância de medidas preventivas, como alimentação adequada e monitoramento da saúde urinária, para evitar complicações nesse sentido. Logo, podemos levar em consideração de que um animal que já ficou obstruído, tem chances de obstruir novamente dependendo da causa obstrutiva.
· Questão 5
A quinta questão foi “Se você tem mais de um gato, seus gatos brigam quando estão juntos?”.
As respostas obtidas foram:
Brigam ocasionalmente – 49 respostas (63,6%)
37 pessoas não responderam porque tem somente um gato Não brigam nunca – 22 respostas (28,6%)
Brigam frequentemente – 6 respostas (7,8%)
Gráfico 5: Quanto as respostas da quinta pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas à questão sobre o comportamento dos gatos quando estão juntos indica que a maioria dos tutores com mais de um gato, 63,6%, relatou que seus gatos brigam ocasionalmente. Isso sugere que, embora não seja uma ocorrência constante, há conflitos esporádicos entre os felinos. Uma parcela significativa, 28,6%, afirmou que seus gatos nunca brigam, o que pode indicar uma convivência harmoniosa entre os animais. Por outro lado, 7,8% dos tutores indicaram que seus gatos brigam frequentemente, o que pode ser sinal de problemas de territorialidade ou incompatibilidade entre os felinos. Além disso, 37 pessoas não responderam à pergunta por terem apenas um gato, o que limita a análise para um grupo de tutores com múltiplos gatos.
E isso tem relação com a intolerância a gatos, os gatos tendem a querer marcar território, e com isso acabam entrando em brigas e disputando ambientes, e devido a isso aumentar o estresse, podendo assim resultar em obstrução uretral (MOTHÉ et al., 2024).
· Questão 6
A sexta questão foi “Você consegue identificar se o seu gato toma água diariamente?” As respostas obtidas foram:
Sim, ele bebe água várias vezes durante o dia – 90 respostas. (78,9%) Consigo identificar, mas ele bebe pouca água – 11 respostas (9,6%) Não consigo identificar – 8 respostas (7%)
Sim, ele bebe água apenas quando abro a torneira – 5 respostas (4,4%)
Gráfico 6: Quanto as respostas da sexta pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas à questão sobre a percepção do consumo de água pelos gatos indica que a maioria dos tutores, 78,9%, consegue observar que seus gatos bebem água várias vezes ao longo do dia, o que demonstra atenção e cuidado com a hidratação dos felinos. Por outro lado, 9,6% dos tutores identificam que seus gatos bebem pouca água, o que pode sugerir uma ingestão insuficiente de líquidos. Já 7% dos participantes não conseguem perceber se seus gatos estão consumindo água, o que pode indicar falta de vigilância nesse aspecto da saúde. Além disso, 4,4% dos tutores afirmaram que seus gatos só bebem água quando a torneira é aberta, uma preferência comum em alguns felinos por água corrente. Esses resultados reforçam a importância de garantir que os gatos tenham acesso fácil e constante à água para evitar problemas relacionados à desidratação e à saúde urinária.
Os felinos têm algumas peculiaridades quando se trata de beber água. Eles preferem tomar água fresca e corrente, e por isso muitos deles gostam de beber diretamente da torneira aberta, embora muitas vezes isso não seja suficiente para garantir a hidratação adequada. Além disso, muitos felinos não demonstram interesse pela água parada no bebedouro, o que pode levar a uma ingestão insuficiente de líquidos e, consequentemente, aumentar o risco de doenças no trato urinário dos gatos (BERNARDO; VARGAS; ALMEIDA, 2020; MOTHÉ et al., 2024).
· Questão 7
A sétima questão foi “Seu gato já apresentou algum desses sintomas?”. As respostas obtidas foram:
Lambedura excessiva na genitália – 13 respostas (11,4%) Dificuldade em urinar – 19 respostas (16,7%)
Dor ao urinar – 6 respostas (5,3%)
Urinar em lugares inapropriados – 28 respostas (24,6%) Miado excessivo – 24 respostas (21,2%)
Apatia – 27 respostas (23,7%)
Anorexia – 12 respostas (10,5%).
Nunca apresentou nenhum dos sintomas – 49 respostas (43%)
Tabela 1: Quanto as respostas da sétima pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao analisar as respostas à questão sobre os sintomas apresentados pelos gatos, observa- se que 43% dos tutores relataram que seus gatos nunca apresentaram nenhum dos sintomas mencionados. No entanto, alguns sinais, como urinar em lugares inapropriados (24,6%) e miado excessivo (21,2%), foram os mais frequentemente observados, indicando que esses comportamentos podem ser mais comuns entre os felinos. Sintomas como apatia (23,7%) e dificuldade em urinar (16,7%) também foram mencionados por uma parte significativa dos tutores, sugerindo que problemas urinários e comportamentais são relativamente comuns. Já a lambedura excessiva na genitália (11,4%), anorexia (10,5%) e dor ao urinar (5,3%) ocorreram com menor frequência, mas ainda assim são preocupantes, pois podem ser sinais de desconforto ou condições mais sérias.
A dificuldade em urinar é o sintoma mais presente em uma obstrução uretral, onde tivemos cerca de 16,7% de respostas referente a esse sintoma, que pode estar relacionado com a obstrução uretral, ou com atitude comportamental desse felino. Os felinos podem apresentar uma dificuldade em urinar devido a condição atual da caixa de areia (altura da caixa de areia, condição de limpeza da areia, local que foi colocado a caixa de areia), precisando ser analisado cada caso (MOTHÉ et al., 2024).
Apesar de que a maioria dos tutores responderam que os seus gatos nunca apresentaram nenhum desses sintomas, que foram 43%, tivemos 113,3% de respostas de que algum desses sintomas o gato já apresentou, podendo indicar não somente a obstrução uretral, mas como outras diversas doenças.
A lambedura excessiva na genitália é um sintoma que indica desconforto e dor, frequentemente associado a problemas urinários, como uma obstrução uretral, que pode até resultar em uma mutilação da genitália. Esses felinos começam a lamber excessivamente sua genitália porque essa ação libera a produção de endorfinas, o que resulta em uma sensação de alívio da dor (PAZ, 2013).
A vocalização excessiva é caracterizada como uma forma de demonstrar ao seu tutor de que está precisando de atenção, seja para pôr uma comida, ou até para demonstrar desconfortos como dores (PAZ, 2013).
· Questão 8
A oitava questão foi “No ambiente em que o gato vive possui enriquecimento ambiental? (gatificação, brinquedos, arranhadores)”.
As respostas obtidas foram:
Sim – 68 respostas (59,6%)
Não – 46 respostas (40,4%)
Gráfico 8: Quanto as respostas da oitava pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
A análise das respostas à questão sobre o enriquecimento ambiental no ambiente dos gatos mostra que 59,6% dos tutores afirmaram que seus gatos possuem enriquecimento ambiental, como gatificação, brinquedos e arranhadores. Isso sugere que uma maioria
significativa de tutores está preocupada em oferecer um ambiente estimulante e que favoreça o bem-estar dos felinos. No entanto, 40,4% dos tutores indicaram que seus gatos não possuem esse tipo de enriquecimento, o que pode indicar que esses felinos não têm acesso a estímulos suficientes, o que pode afetar negativamente seu comportamento e saúde mental. Apesar de que a porcentagem de “Sim” for alta, a porcentagem de “Não” também está alta, devido a necessidade dos felinos de terem um ambiente confortável.
O ambiente do felino deve se aproximar de seu habitat natural, sendo enriquecido com atividades que estimulem comportamentos instintivos, como o uso de brinquedos para simular a caça, correr, pular e se esconder. Esses estímulos são fundamentais para promover o bem-estar do gato, além de ajudarem a reduzir o estresse, melhorando sua saúde física e mental (MOTHÉ et al., 2024; BERNARDO; VARGAS; ALMEIDA, 2020).
· Questão 9
A nona questão foi “Quantas caixas de areias possuem na sua casa?”. As respostas obtidas foram:
Zero ou nenhuma caixa – 2 respostas (1,8%) Uma caixa – 54 respostas (47,4%)
Duas caixas – 29 respostas (25,4%)
Três caixas – 17 respostas (14,9%)
Quatro caixas ou mais – 12 respostas (10,5%)
Gráfico 9: Quanto as respostas da nona pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao examinar as respostas sobre o número de caixas de areia na casa dos tutores, observa- se que a maioria, 47,4%, possui apenas uma caixa de areia para seus gatos. Em seguida, 25,4%
dos tutores têm duas caixas, enquanto 14,9% mantêm três caixas. Apenas 10,5% dos tutores possuem quatro ou mais caixas de areia, o que pode indicar um cuidado mais detalhado com a higiene e o bem-estar dos felinos. Por outro lado, 1,8% dos tutores afirmaram que não possuem nenhuma caixa de areia, o que sugere uma preocupação insuficiente com a saúde do gato.
Nessa questão, a quantidade de caixa de areia por gato é muito importante. Devendo ter pelo menos 2 caixas de areia para cada 1 gato, e de acordo com a quantidade de gatos presentes na casa. É importante que essas caixas de areias estejam localizadas em ambientes tranquilos e isolados, longe dos comedouros e bebedouros e de fácil acesso, se for uma casa com vários gatos essas caixas de areia devem estar disponibilizadas em vários locais por toda a casa. Sua areia deve ser livre de odor e prática formando aglomerados quando o felino urina ((MOTHÉ et al., 2024; BERNARDO; VARGAS; ALMEIDA, 2020).
· Questão 10
A décima questão foi “Fez mudanças recentes no ambiente que o gato vive? (ex: mudar moveis de lugar, introduzir um novo individuo, mudança de ambiente, troca do tipo ou marca de areia, mudança na alimentação do gato). Se sim, comente qual foi a mudança:”
E as respostas obtidas foram:
Não – 82 respostas (71,9%)
Sim – 37 respostas (32,5%)
Troca da marca de areia – 7 respostas (6,14%) Troca de marca de ração – 6 respostas (5,26%) Adoção de Cachorro – 1 respostas (0,87%)
Mudança de lugar dos comedouros – 1 resposta (0,87%) Mudança de lugar das caixas de areia – 1 resposta (0,87%) Adoção de outro felino – 4 respostas (3,51%)
Reforma de casa/apto – 2 respostas (1,75%)
Mudança abrupta de ambiente – 5 respostas (4,39%)
Adicionou brinquedos ao ambiente – 1 resposta (0,87%)
Gráfico 10 – Quanto as respostas da décima pergunta
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao analisar as respostas sobre mudanças recentes no ambiente em que o gato vive, a maioria dos tutores (71,9%) não fez nenhuma alteração significativa no ambiente de seus felinos. No entanto, 32,5% indicaram que houve mudanças, com as mais frequentes sendo a troca da marca de areia (6,14%) e a troca da marca de ração (5,26%). Outras mudanças mencionadas incluem a adoção de um cachorro (0,87%), mudanças nos locais dos comedouros (0,87%) e das caixas de areia (0,87%), a adoção de outro felino (3,51%), reformas na casa (1,75%), mudança abrupta de ambiente (4,39%) e a adição de brinquedos ao ambiente (0,87%). Essas mudanças podem influenciar o comportamento e o bem-estar dos gatos, dependendo do tipo e da forma como são implementadas.
Uma das causas que mais resultam em obstruções uretrais em felinos é o estresse. E esse felino se estressa com mudanças abruptas de muitas coisas. Como também se estressam com uma casa com mais gatos, tendo conflitos e brigas entre eles. Além de se estressar com a dificuldade em realizar suas necessidades nas caixas de areias, devido a tamanho, quantidade, qualidade da areia, higiene. Uma causa de estresse muito vista é a mudança abrupta de ambiente (de casas, apartamentos) e com isso uma adaptação ruim ao novo ambiente (MOTHÉ et al., 2024).
Na análise, recebemos 5 respostas de que o gato obstruiu devido a mudanças abruptas de ambiente, e com isso percebemos que o gato tem que se adaptar ao ambiente antes da mudança abrupta.
Os felinos são sensíveis, e são muito inteligentes. Uma mudança na marca da areia, uma mudança na ração, uma mudança no lugar da areia, uma adoção de outro animal, uma reforma, uma visita indesejada pode acabar causando estresse a esse felino e esse felino pode vir desenvolver uma obstrução uretral, assim como informado pelos tutores no formulário.
Com a análise de todos os questionamentos, verificamos em que ocorre erro em manejo com felinos, fazendo com que propicie o aumento de estresse, resultando em uma obstrução uretral.
O segundo formulário foi destinado a veterinários já formados e atuantes, foram elaboradas 8 questões com intuito de compreender a dimensão dos casos de obstruções urinárias na rotina real. Este formulário foi divulgado em grupos com veterinários, obtivemos 19 respostas, que são elas:
· Questão 1
“Você já atendeu um felino com diagnóstico de obstrução urinária? Se sim, quantos?” Foi obtido as seguintes respostas:
Sim, apenas 1 – 0 respostas (0%)
Sim, mais de 1 – 4 respostas (21,1%)
Sim, mais de 10 – 14 respostas (73,7%)
Não – 1 resposta (5,3%)
Gráfico 1: Quanto as respostas da primeira pergunta
Fonte: dados do formulário.
A análise das respostas à questão sobre o atendimento a felinos com diagnóstico de obstrução urinária revela que 73,7% dos entrevistados afirmaram ter atendido mais de 10 felinos com esse diagnóstico. Além disso, 21,1% relataram ter atendido mais de um felino, enquanto apenas 5,3% indicaram que nunca atenderam um felino com obstrução urinária. Esses dados indicam que a obstrução urinária é um problema relativamente comum na prática veterinária.
A alta incidência de casos de obstrução urinária em felinos domésticos é, de fato, um problema significativo na prática veterinária, conforme as respostas do formulário mostram. A obstrução urinária pode ser causada por diversas condições, tais como urolitíase (formação de cálculos urinários), cistite idiopática felina, tampões uretrais e, em casos menos frequentes, neoplasias ou anomalias anatômicas, nas próximas questões vamos buscar entender a causa base dessas obstruções (GOMES, 2020).
· Questão 2
“Qual a principal causa das obstruções urinárias na sua rotina como médico veterinário?”
Nesta questão os veterinários puderam descrever a causa base com poucas palavras, de modo geral, as respostas variam entre: stress e cálculos na uretra dos animais atendidos.
Reafirma-se que a maior causa das obstruções urinárias em felinos é o estresse. Tal estado pode ser provocado por múltiplos fatores, que serão abordados mais adiante no mesmo questionário (MOTHÉ et al., 2024; BERNARDO; VARGAS; ALMEIDA, 2020).
· Questão 3
“Conte brevemente um caso marcante para você”
Na questão 3, foram relatados diversos casos que reafirmam que a principal causa de obstrução é devido a situações de estresse. Recebemos respostas que contemplavam desde a mudança de um vaso específico de lugar, mudança de ambiente, introdução de novas pessoas, introdução de novos animais e local que o animal habitava.
· Questão 4
“Qual foi a principal queixa do tutor?”
O objetivo desta indagação é verificar como é feita a constatação leiga de que algo não está certo com o felino. O relato mais comum foi que o animal tentava urinar e não conseguia ou estava urinando pouco e com dor evidente.
· Questão 5
“Como descobriu a causa da obstrução desse felino?” Foi obtido as seguintes respostas:
Anamnese – 13 respostas (72,2%)
Exames – 1 resposta (5,6%)
Anamnese e exame físico – 1 resposta (5,6%) Ultrassom – 1 resposta (5,6%)
Exame físico – 2 respostas (11,2%)
Gráfico 2: Quanto as respostas da quinta pergunta
Fonte: dados do formulário.
Ao analisar as respostas à questão sobre como os veterinários descobriram a causa da obstrução urinária nos felinos atendidos, observa-se que a maioria, 72,2%, identificou a causa através da anamnese. Exames foram mencionados por apenas 5,6% dos entrevistados, enquanto 5,6% indicaram que usaram a combinação de anamnese e exame físico para o diagnóstico. Além disso, 5,6% mencionaram o uso de ultrassom e 11,2% afirmaram que a causa foi identificada por meio do exame físico. Esses dados destacam a importância da anamnese detalhada e do exame físico na identificação das causas da obstrução urinária em felinos.
Na análise, é evidente que a comunicação com o tutor do animal é crucial para estabelecer a causa e iniciar o tratamento de forma eficaz. A entrevista com o proprietário do animal deve ser realizada com calma e sem julgamentos, permitindo que ele forneça detalhes essenciais sobre a rotina do animal em questão. Essa abordagem é fundamental para compreender o contexto e os possíveis fatores desencadeantes de problemas de saúde, como a obstrução urinária em felinos domésticos, e garantir um tratamento adequado e personalizado. (GOMES, 2020; MONTANHIM et al., 2019).
· Questão 6
“Realizou exames? Se sim, quais?” Foi obtido as seguintes respostas:
Ultrassom – 18 respostas (100%)
Raio X – 8 respostas (44,4%)
Hemograma + bioquímicos – 16 respostas (88,9%) Urinálise – 11 respostas (61,1%)
Tomografia – 0 respostas (0%)
Cardiológicos (Eco e/ou Eletro) – 2 respostas (11,1%)
Tabela 1: Quanto as respostas da sexta pergunta
Fonte: dados do formulário.
Os exames realizados para o diagnóstico de obstrução urinária em felinos mostraram que todos os veterinários (100%) utilizaram ultrassom, seguido por hemograma e exames bioquímicos em 88,9% dos casos. A urinálise foi realizada em 61,1%, enquanto 44,4% dos profissionais recorreram ao raio X. Apenas 11,1% realizaram exames cardiológicos, como ecocardiograma ou eletrocardiograma, e nenhum dos veterinários utilizou tomografia (0%). Esses resultados destacam a prevalência do uso de ultrassom e exames laboratoriais no diagnóstico dessa condição.
Neste panorama observamos que alguns exames como ultrassom, hemograma e bioquímicos são mais eficientes no diagnóstico preciso da obstrução uretral felina, com essa informação em mãos a abordagem de cada caso pode ser muito mais precisa e personalizada. Nessa mesma linha, é possível observar que exames como tomografia e cardiológicos não são eficientes no quadro diagnósticos dos animais (SOUZA, 2023).
· Questão 7
“Como foi solucionado o caso desse felino? Descreva brevemente”
As soluções apresentadas para a maioria dos casos relatados incluem: a desobstrução do canal urinário, podendo ser cirúrgico ou clínico. Sendo o caso clínico priorizado com intuito de evitar mais situações de estresse. Manejo ambiental, ou seja, maior disponibilidade de caixas de areia, alimentação balanceada, enriquecimento do ambiente (gatificação, brinquedos, catnip etc.).
Conforme descrito pelos veterinários, a desobstrução é considerada um passo inicial essencial no tratamento da obstrução uretral felina, proporcionando alívio imediato ao animal. Posteriormente, é fundamental realizar uma avaliação do ambiente em que o animal está inserido, visando corrigir as causas subjacentes do quadro. Isso inclui considerações como a disponibilidade e adequação da caixa de areia, a oferta de distrações para os felinos, a qualidade da alimentação oferecida e o estímulo adequado para a ingestão de água (GOMES, 2020; DAMASCENO, 2018).
· Questão 8
“O que você como Veterinário indica para um manejo ideal de gatos?”
A indicações informadas incluem: enriquecimento ambiental, 2 caixas de areais para cada gato, evitar situações estressantes e fora da rotina, estimular a ingestão de água e alimentação balanceada.
Pode-se observar que as indicações propostas estão em conformidade com a literatura atualmente disponível. O enriquecimento ambiental é considerado de extrema importância e é um aspecto não negociável para a criação adequada de felinos domésticos, uma vez que proporciona um nível adequado de segurança e conforto ambiental para esses animais. Além disso, uma alimentação balanceada, fornecendo os nutrientes necessários, juntamente com uma oferta abundante de água, desempenha um papel crucial na prevenção da formação de cálculos uretrais nesses animais (DAMASCENO, 2018).
5. CONCLUSÕES
Com base na revisão de literatura e nos resultados e discussão, podemos concluir que os felinos são animais muito sensíveis, e que com poucas mudanças podem se estressar muito, assim tendo como consequência uma obstrução uretral.
De acordo com a metodologia, uma das principais causas da obstrução uretral foi o estresse. Com isso, melhorias em manejo dos tutores podem ser adquiridas para assim o felino ter uma melhor qualidade de vida e menos chances de adquirir uma doença no trato urinário, como a obstrução uretral, por um estresse.
REFERÊNCIAS
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