EFFICACY OF PELVIC FLOOR MUSCLE TRAINING ASSOCIATED WITH OTHER PHYSICAL THERAPY RESOURCES FOR THE TREATMENT OF WOMEN WITH STRESS URINARY INCONTINENCE: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411232144
Dillara Tércia Souza Del Castilo¹;
Eline Gomes Mendes¹;
Thaiana Bezerra Duarte².
Resumo
Introdução: A Incontinência Urinária (IU) consiste em qualquer perda miccional involuntária, sendo frequente na população feminina. Os tipos mais comuns de IU são: incontinência urinária de esforço (IUE), incontinência urinária de urgência (IUU) e incontinência urinária mista (IUM). Essa condição afeta negativamente as pacientes, prejudicando o bem-estar psicológico e a qualidade de vida. A fisioterapia desempenha um papel assertivo na reabilitação de pacientes que sofrem de Incontinência Urinária, sendo o treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) um dos recursos mais utilizado para ajudar na prevenção e tratamento dessa condição. Objetivo: Compreender a eficácia do TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos no tratamento de mulheres com IUE. Materiais e método: Trata-se de um estudo de revisão de literatura, cujas as bases de dados foram PEDro, Pubmed e Periódicos Capes. Os critérios de inclusão foram artigos de ensaios clínicos randomizados ou estudos experimentais sobre a atuação do TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos no tratamento de mulheres com IUE. Resultados: Esta revisão incluiu sete artigos que verificaram a eficácia do TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos, dos quais o TMAP em conjunto com o biofeedback, eletroacupuntura e treinamento de resistência obtiveram resultados benéficos com algumas ressalvas, enquanto o TMAP associado ao treinamento involuntário reflexivo não obteve resultado significativo. Conclusão: O treinamento da musculatura do assoalho pélvico se mantém como melhor protocolo para redução dos sintomas da incontinência urinária de esforço.
Palavras-chave: Incontinência Urinária de Esforço. TMAP. Fisioterapia. Mulheres.
Abstract
Background: Urinary Incontinence (UI) consists of any involuntary voiding loss, being frequent in the female population. The most common types of UI are: stress urinary incontinence (SUI), urge urinary incontinence (UUI), and mixed urinary incontinence (IUM). This condition negatively affects patients, impairing psychological well-being and quality of life. Physiotherapy plays an assertive role in the rehabilitation of patients suffering from Urinary Incontinence, with pelvic floor muscle training (PFMT) being one of the most used resources to help prevent and treat this condition. Pourpose: To understand the efficacy of PFMT associated with other physical therapy resources in the treatment of women with SUI. Methods: This is a literature review study, whose databases were PEDro, Pubmed and Capes Journals. The inclusion criteria were articles from randomized clinical trials or experimental studies on the role of PFMT associated with other physical therapy resources in the treatment of women with SUI. Results: This review included seven articles that verified the efficacy of PFMT associated with other physiotherapeutic resources, of which PFMT in conjunction with biofeedback, electroacupuncture and resistance training obtained beneficial results with some caveats, while PFMT associated with reflective involuntary training did not obtain significant results. Conclusion: Pelvic floor muscle training remains the best protocol for reducing symptoms of stress urinary incontinence.
Keywords: Stress Urinary Incontinence. PFMT. Physiotherapy. Women.
1 INTRODUÇÃO
A Incontinência Urinária (IU) consiste em qualquer perda miccional involuntária (Carvalho; Freitas, 2011). A Incontinência Urinária é uma condição que conforme o tempo, leva ao agravamento. É uma situação frequente na população feminina, pois é o público mais afetado pela doença (Malinauskas; Torelli, 2022).
Os tipos mais comuns de IU são: incontinência urinária de esforço (IUE), que é a perda involuntária de urina quando ocorrem esforços como tosse ou espirro, que levam a pressão intra-abdominal; incontinência urinária de urgência (IUU), onde ocorre uma vontade súbita e urgente de ir ao banheiro; incontinência urinária mista (IUM) é a associação aos dois tipos de IU citados anteriormente (Klovning et al., 2009).
Além disso, existe também a síndrome da bexiga hiperativa (OAB), consiste na vontade frequente de urinar, perda involuntária da urina associada aos esforços, urgência e à ocorrência de noctúria, na ausência de infecção do trato urinário ou outra patologia óbvia, prejudicando as atividades do cotidiano (Klovning et al., 2009).
Alguns fatores de risco que corroboram à essa patologia, incluem disfunções dos músculos do assoalho pélvico, idade avançada, raça branca, obesidade, deficiência estrogênica, condições associadas a aumento da pressão intra-abdominal, tabagismo, neuropatias, histerectomia prévia, episiotomia por parto via vaginal mal conduzido (Guarisi et al., 2001).
Por razão da IU afetar negativamente as pacientes, se sentirem constrangidas com o passar do tempo e pela falta de informações necessárias, desconhecerem a patologia acabam convivendo com o problema, prejudicando o bem-estar psicológico e a qualidade de vida das pacientes, levando ao agravamento da doença (Oliveira; Garcia, 2011).
A fisioterapia desempenha um papel assertivo na reabilitação de pacientes que sofrem de Incontinência Urinária. Os métodos mais utilizados são: eletroestimulação, biofeedback, terapia com cones vaginais e treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP), que podem ajudar na prevenção e tratamento dessa condição (Moreno, 2004).
O TMAP é feito com a orientação de um fisioterapeuta, que envolve a contração controlada e sistemática dos músculos do assoalho pélvico, promovendo a habilidade dos grupos musculares de se contraírem automaticamente, favorecendo o fortalecimento os músculos do assoalho pélvico. Outrossim, é legítimo incluir atividades físicas que envolvam exercícios proprioceptivos e métodos específicos para colaborarem com as funções dos músculos pélvicos (Moreno, 2004).
É necessário estudos para compreender a atuação da fisioterapia no tratamento de mulheres com IUE, e analisar qual o protocolo fisioterapêutico mais eficaz, assim como o impacto na qualidade de vida pós intervenção. Essa pesquisa se fundamenta por meio da análise da atuação das técnicas fisioterapêuticas em específico o TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos e seu impacto na qualidade de vida das mulheres, com benefício de contribuir de forma significativa na reeducação da musculatura do assoalho pélvico.
Sendo assim, há uma variedade de protocolos que utilizam o treinamento da musculatura do assoalho pélvico, no entanto, ainda não se tem o conhecimento do protocolo ideal para o tratamento da IUE. Dessa forma, torna-se necessário realizar estudos de revisão para verificar a eficácia e prescrição dos protocolos em relação ao TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos.
Desse modo, o objetivo deste estudo é compreender a eficácia do TMAP associado a outros recursos fisioterapêuticos no tratamento de mulheres com IUE, avaliar os principais ganhos pós intervenção fisioterapêutica em mulheres com incontinência urinária de esforço, assim como analisar o melhor protocolo em relação ao TMAP para o tratamento de mulheres com IUE.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão de literatura, cujas as bases de dados foram PEDro, Pubmed e Periódicos Capes. As palavras chaves utilizadas foram: incontinência urinária de esforço, treinamento da musculatura do assoalho pélvico, fisioterapia e mulheres, nos idiomas português e inglês. A busca nas bases de dados foi realizada em setembro e outubro de 2024.
Os critérios de inclusão foram artigos de ensaios clínicos randomizados ou estudos experimentais sobre a atuação do treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) associado a outros recursos fisioterapêuticos, como: biofeedback, eletroacupuntura, treinamento de resistência, treinamento reflexivo involuntário, e com parâmetros urodinâmicos no tratamento de incontinência urinária de esforço, nos quais foram utilizadas mulheres como amostra de estudo e cujos os resultados sejam associados a IUE. Os critérios de exclusão foram artigos que tivessem sido publicados há mais de 5 anos, os artigos duplicados ou indisponíveis e artigos que utilizaram idosos ou estudos que incluíram mulheres obesas, atletas, puérperas, climatéricas, gestantes.
Os resultados foram compilados por meio de textos e tabelas.
3 RESULTADOS
Foi realizado a busca dos artigos nas bases de dados Pubmed, PEDro e Periódicos Capes, sendo encontrados no total 579 artigos relacionados a eficácia do TMAP em mulheres com incontinência urinária de esforço. Foram excluídos 24 artigos duplicados, 120 artigos de revisão, 8 artigos que continham outras patologias associadas, 79 artigos com focos em outros protocolos, 14 artigos que utilizaram mulheres idosas, 267 artigos com mais de cinco anos de publicação e 32 artigos que utilizaram grupos específicos de mulheres. Foram lidos na íntegra 35 artigos dos quais 20 artigos não estavam disponíveis, 2 artigos estavam em outro idioma, 2 artigos incompletos, 2 artigos com resultados não referente ao TMAP, 1 artigo relacionado a obstetrícia e 1 não utilizou fisioterapeuta para acompanhar as intervenções, dessa forma foram incluídos na revisão 7 artigos.
Encontra-se na tabela 1 a síntese dos setes estudos incluídos nessa revisão, no qual possui tópicos com informações sobre o autor e ano, o tipo de estudo, os objetivos, intervenção e resultados de cada pesquisa. Os estudos selecionados investigam diferentes intervenções do TMAP relacionado a outros recursos fisioterapêuticos.
Tabela 1 – Síntese dos artigos selecionados para a revisão.
Em relação aos artigos avistados que utilizam o Treinamento da Musculatura do Assoalho Pélvico (TMAP) associado a outras técnicas fisioterapêuticas para o tratamento da incontinência urinária de esforço (IUE) em mulheres, foram feitos uma análise abrangente onde foram encontrados os seguintes dados: o estudo engloba 1.092 participantes, enquanto a média de idade foi 53,71 anos.
Em um estudo notável conduzido por Tang et al. (2023), os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebendo TMAP junto com Eletroacupuntura (EA) e o outro passando por TMAP com EA simulada. O tratamento durou oito semanas, com sessões de EA ocorrendo três vezes por semana. Durante o TMAP, os participantes foram monitorados de perto para contração e relaxamento adequados dos músculos do assoalho pélvico, enquanto a EA envolveu inserção precisa de agulha e estimulação elétrica. As descobertas revelaram que o grupo que recebeu TMAP em combinação com EA experimentou uma redução média de 9,8g no vazamento de urina, em comparação com uma redução de 5,8 g no grupo EA simulado. Os participantes do grupo TMAP + EA relataram melhorias significativas, notando particularmente uma redução de 50% na perda urinária em relação as medições basais, ressaltando a eficácia desta estratégia terapêutica combinada.
Outro estudo de Hagen et al. (2020) introduziu um regime TMAP domiciliar, onde as participantes se envolveram em três séries de exercícios diariamente, com biofeedback incorporado durante as sessões clínicas. O biofeedback envolveu o uso de uma sonda vaginal para fornecer dados em tempo real exibidos em um monitor. Ambas as intervenções (TMAP com e sem biofeedback) foram supervisionadas por fisioterapeutas em seis consultas.
Curiosamente, o estudo concluiu que, estatisticamente, não houve diferenças significativas nos resultados entre os dois grupos, sugerindo a eficácia do TMAP sozinho no tratamento de IUE.
O estudo A de Cross et al. (2023) comparou os resultados dos exercícios de Kegel realizados em ambientes supervisionados e não supervisionados. O grupo supervisionado recebeu treinamento mensal de biofeedback ao longo de 12 semanas, enquanto o grupo não supervisionado executou exercícios em casa com frequência específica e instruções de posicionamento como por exemplo, deitada de bruços, joelhos dobrados em um tapete, executando uma contração de 5 segundos e descanso, realizando 3 repetições de 10 segundos, durante 5 dias por semana. As métricas de avaliação mostraram uma redução significativa na frequência e gravidade da IUE para os participantes supervisionados, enquanto o grupo não supervisionado não apresentou melhorias estatisticamente significativas.
Em uma abordagem distinta, Tsikopoulos et al. (2023) avaliou a força e a funcionalidade dos músculos do assoalho pélvico usando o protocolo PERFECT. Os participantes realizaram um programa supervisionado de seis meses com sessões quinzenais, realizaram 3-5 séries em posição deitada, consistindo em contrações de 6-8 segundos de um descanso de 3 segundos, com foco em várias técnicas de contração. O estudo não revelou diferenças notáveis entre os grupos que realizaram TMAP sozinho e aqueles que integraram biofeedback, reforçando o potencial do TMAP em mitigar IUE e melhorar os parâmetros urodinâmicos.
O estudo B de Cross et al. (2023) também destacou os efeitos sinérgicos dos exercícios de Kegel quando combinados com treinamento de resistência. As avaliações iniciais confirmaram as condições basais dos participantes, seguidas por um regime estruturado incluindo agachamentos e levantamento terra, onde foram realizadas 3 séries de 10 repetições, as pacientes completaram 12 semanas de tratamento. Essa abordagem dupla não apenas melhorou a massa muscular, mas também reduziu significativamente as ocorrências de IUE, demonstrando o valor da integração dos exercícios de Kegel em protocolos mais amplos de treinamento de força.
Em um estudo A abrangente conduzido por Luginbuehl et al. (2022), esta pesquisa lança luz sobre os benefícios potenciais da fisioterapia estruturada no manejo da incontinência urinária de esforço. O ensaio clínico compreendeu dois grupos de participantes: um grupo de controle e um grupo experimental. O grupo controle realizou contrações voluntárias do assoalho pélvico, uma prática comum que visa fortalecer os músculos envolvidos no controle urinário. Em contraste, o grupo experimental recebeu orientação detalhada sobre a execução correta dessas contrações, incorporando conhecimentos anatômicos e fisiológicos essenciais para aprimorar sua compreensão e técnica.
Ambos os grupos foram submetidos a um cronograma de intervenção durante 16 semanas, que incluiu nove sessões de fisioterapia personalizadas complementadas por 78 sessões de treinamento em casa. Esta dupla abordagem teve como objetivo reforçar as técnicas aprendidas durante as consultas profissionais, proporcionando aos participantes as ferramentas necessárias para uma autogestão eficaz. Os resultados do estudo foram promissores, com ambos os grupos demonstrando uma redução significativa em suas pontuações no Questionário de Consulta Internacional sobre Incontinência – Formulário Abreviado de Incontinência Urinária (ICIQ-UIsf). Especificamente, as participantes experimentaram uma diminuição de aproximadamente três pontos, com pontuações caindo de uma média de 10 para 7. Notavelmente, esta melhoria foi consistente em ambos os grupos, indicando que o tipo de intervenção, seja ela orientada ou voluntária, não produziu diferenças significativas na resultados em qualquer momento durante o estudo. Apesar destes resultados positivos, é importante destacar que ambos os grupos continuaram a relatar níveis moderados de incontinência após as intervenções. Esta persistência sugere que embora a fisioterapia possa ser benéfica, pode não eliminar totalmente os sintomas da incontinência urinária de esforço para todos os indivíduos.
O estudo B realizado por Luginbuehl et al. (2022) que dá continuidade a analise anterior obteve resultados significativos sobre a eficácia de diferentes programas de treino domiciliar para os músculos do assoalho pélvico (MAP). Esta pesquisa envolveu 96 participantes, com foco em duas metodologias de treinamento distintas: treinamento reflexivo involuntário e treinamento voluntário convencional. O grupo experimental realizou uma abordagem única com treinamento reflexivo involuntário para os músculos do assoalho pélvico. Este método foi projetado especificamente para ser executado em casa, incentivando as participantes a realizar contrações musculares involuntárias durante atividades de alto impacto, como pular. Por outro lado, o grupo de controle seguiu um regime tradicional de treinamento voluntário, que também ocorreu em casa, mas centrado em contrações musculares deliberadas.
Ambos os grupos aderiram a um cronograma estruturado de exercícios, realizando suas respectivas rotinas três vezes por semana durante um período de seis meses. As sessões de treinamento foram curtas, mas direcionadas, enfatizando vários tipos e posições de contração para maximizar a eficácia. Os resultados do estudo revelaram melhorias estatisticamente significativas na força muscular do assoalho pélvico em ambos os grupos. Contudo, vale ressaltar que não houve diferenças substanciais entre os dois grupos em relação aos sintomas de incontinência urinária ou aos indicadores de qualidade de vida relacionados aos sintomas do trato urinário inferior. Curiosamente, o grupo experimental relatou uma melhoria significativa no módulo de qualidade de vida associada aos sintomas do trato urinário inferior. A pesquisa B de Luginbuehl et al. (2022) esclarece os benefícios potenciais dos métodos de treinamento involuntário e voluntário para os músculos do assoalho pélvico. Embora a força dos músculos tenha melhorado uniformemente, a falta de variação no alívio dos sintomas entre os grupos sugere que ambas as abordagens de treino podem ser igualmente viáveis.
4 DISCUSSÃO
Estes resultados desempenham um papel fundamental ao abordar os recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento da incontinência urinária de esforço, reconhecendo e apresentando uma variedade de técnicas e exercícios voltados para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Essas abordagens visam promover uma função urinária mais eficiente. Além disso, as pesquisas enfatizam a eficácia do Treinamento da Musculatura do Assoalho Pélvico (TMAP) quando associadas a outros recursos fisioterapêuticos, contribuindo para um tratamento mais completo e eficaz da incontinência urinária de esforço (IUE).
O estudo de Hagen et al. (2020), de Tsikopoulos et al. (2023) e estudo A de Cross et al. (2023) utilizaram o mesmo protocolo: TMAP em conjunto com biofeedback. Nos dois primeiros respectivamente analisando TMAP isoladamente como associado, e o terceiro analisando TMAP associado ao biofeedback com supervisionamento e apenas TMAP sem supervisionamento. No estudo de Hagen et al. (2020) após um ano de intervenção, não foi obtido resultados estatisticamente significativos entre o grupo que realizou o protocolo TMAP isoladamente com o grupo que realizou o TMAP junto ao biofeedback, segundo dados das respostas ao questionário ICIQ-UI SF.
Em Tsikopoulos et al. (2023), a intervenção exibiu-se sobre a eficácia do TMAP na melhoria dos parâmetros urodinâmicos em mulheres que sofrem de Incontinência Urinária de Esforço. Uma análise comparativa entre dois grupos um recebendo apenas TMAP e outro combinando TMAP com biofeedback revelou que ambas as abordagens produziram melhorias substanciais. Contudo, os resultados não demonstraram diferença estatisticamente significativa nos desfechos entre as duas modalidades no que diz respeito à resolução da IUE ou medidas urodinâmicas específicas, como o uso diário de absorventes higiênicos e a Pressão do Ponto de Vazamento à manobra de Valsalva. No entanto, a importância clínica do TMAP como opção de tratamento conservador permanece inegável, particularmente para mulheres que não são candidatas adequadas para intervenções cirúrgicas. Este estudo reforça as diretrizes existentes que defendem o TMAP como principal opção de tratamento para casos de IUE leve a moderada.
No estudo A de Cross et al. (2023), após o período de intervenção, no qual foram 12 semanas, foi confirmado que o protocolo de treinamento de biofeedback supervisionado em conjunto com TMAP foi mais eficaz na redução da IUE, e que o escore de índice da gravidade da incontinência (ISI) foi significativamente menor no grupo supervisionado, do que no grupo não supervisionado, porém não tem necessariamente o biofeedback relação com a melhora da força muscular do assoalho pélvico, visto que o TMAP possui este benefício isoladamente. O biofeedback não trouxe melhora significativa para a IUE neste estudo por várias razões. Embora o grupo supervisionado que utilizou biofeedback tenha mostrado uma redução na frequência e gravidade da IUE, não houve uma correlação significativa entre a força muscular do assoalho pélvico e a melhoria nos sintomas de incontinência.
Além disso, o grupo não supervisionado, que não recebeu biofeedback, não apresentou mudanças estatisticamente significativas em suas pontuações de IUE, o que sugere que a falta de supervisão e feedback pode ter contribuído para a inefetividade do tratamento nesse grupo. A capacidade de realizar os exercícios de TMAP de forma correta e consistente, que é muitas vezes facilitada pelo acompanhamento profissional, é fundamental para o sucesso do tratamento. Portanto, segundo o estudo A de Cross et al. (2023) a ausência da supervisão e a dificuldade em executar corretamente o TMAP pode ser o principal fator que explica a falta de melhora com o uso do biofeedback para a incontinência urinária de esforço neste estudo.
Sendo assim, o estudo A de Cross et al. (2023) se contrapõe ao de Hagen et al. (2020), já que este último não obteve diferença significativa e o primeiro obteve um resultado positivo do protocolo biofeedback associado ao TMAP. No entanto essa melhoria significativa no grupo supervisionado pode ter relação as visitas regulares ao fisioterapeuta que foi a cada 4 semanas, pois recebendo o biofeedback durante sua progressão pode ter incentivado as participantes a adesão do tratamento, o que não ocorre no grupo não supervisionado.
Em um estudo B de Cross et al. (2023) foi utilizado treinamento de resistência associado ao TMAP e treinamento de resistência sem exercícios prévios de TMAP, comprovou-se que o protocolo associado demostrou uma maior redução da IUE. Com a melhora substancial no escore ISI é observado a importância do impacto do TMAP na redução dos sintomas, visto que é nível A de evidência.
Ainda no estudo B de Cross et al. (2023) foi possível observar que o treinamento de resistência também foi eficaz na redução da IUE. Essa intervenção envolve exercícios com o uso de pesos livres ou máquinas, onde os indivíduos utilizam seus músculos para superar a resistência. O treinamento é projetado para ser progressivo, aumentando a carga conforme a força aumenta. Um programa típico pode incluir exercícios como agachamentos e levantamento terra, com sessões de uma hora, duas vezes por semana. O TMAP envolve exercícios que são essenciais para fortalecer os músculos do assoalho pélvico. Esses exercícios devem ser realizados antes do treinamento de resistência para melhorar a força muscular e reduzir a incontinência urinária de esforço (IUE) durante o treinamento. A supervisão de um profissional é recomendada para garantir a execução correta dos exercícios e a ativação adequada dos músculos. Entretanto, a combinação entre treinamento de resistência e TMAP pode ser eficaz na melhoria da força muscular e na redução da IUE em mulheres, especialmente quando os exercícios de TMAP são realizados antes do treinamento de resistência.
A incorporação do TMAP antes do treinamento de resistência pode ser eficaz na redução do risco de IUE. Este estudo mostrou que mulheres que realizaram esse protocolo apresentaram um aumento significativo na força dos músculos do assoalho pélvico e uma redução na incontinência, em comparação com aquelas que não realizaram o TMAP.
O estudo de Ree, Nygaard e Bo (2007) sugere que que o treinamento de resistência sem o benefício do TMAP associado, pode facilitar uma maior fadiga muscular, pois o TMAP utilizado anteriormente produz uma consciência corporal, assim produzindo uma base muscular mais forte. Sendo assim, os dois recursos TMAP e treinamento de resistência associados seriam mais eficazes.
No estudo de Tang et al. (2023), após um período intervenção um grupo que recebeu TMAP combinado com eletroacupuntura e outro que recebeu TMAP combinado com eletroacupuntura simulado. O grupo com TMAP e eletroacupuntura simulado apresentou uma redução significativa, enquanto, os participantes do grupo que recebeu a eletroacupuntura combinado reportaram uma melhoria maior em relação à gravidade da incontinência e na qualidade de vida em comparação com o grupo simulado. Os exercícios do TMAP foram supervisionados ao realizar a contração e relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, enquanto a eletroacupuntura simulada incluiu a inserção de agulhas em pontos exatos superficiais. Enquanto o grupo que recebeu TMAP combinado com eletroacupuntura, foram inseridas agulhas de acupuntura em um ângulo de profundidade 30 a 45 graus, provocando a sensação de “deqi”, que é um sinal de eficácia na acupuntura. A eficácia de uma intervenção dupla compreendendo TMAP e eletroacupuntura foi examinada. Os resultados revelaram que os participantes que receberam esta abordagem integrada experimentaram uma redução acentuada nas perdas urinárias em comparação com aqueles que foram submetidos a TMAP e eletroacupuntura simulados. Os resultados foram particularmente impressionantes entre o grupo que recebeu o TMAP combinado com eletroacupuntura.
Ainda no estudo de Tang et al. (2023), o TMAP combinado com a eletroacupuntura apresenta resultados superiores devido a sinergia entre as duas abordagens. O TMAP fortalece os músculos do assoalho pélvico, enquanto a eletroacupuntura ao estimular pontos específicos, pode aumentar a pressão intrauretral e melhorar a função do esfíncter uretral. Essa combinação também resultou em uma maior proporção de participantes relatando melhorias significativas nos sintomas de incontinência urinária. As avaliações de acompanhamento indicaram que os resultados positivos da intervenção combinada foram sustentados ao longo do tempo, contribuindo para uma melhoria contínua na qualidade de vida dos participantes e uma diminuição na gravidade dos seus sintomas associados a perda involuntária de urina.
Comprova-se que, através da abordagem de Liu et al. (2023), que os principais resultados esperados incluem a redução da perda urinária, medida pelo pad test de uma hora, e melhorias em vários índices, como a frequência de episódios de incontinência e a qualidade de vida das pacientes. Os resultados preliminares sugerem que a eletroacupuntura pode ajudar a melhorar o suporte do colo da bexiga e do esfíncter uretral, além de reduzir a fadiga muscular, o que pode levar a uma diminuição significativa dos sintomas de IUE.
Na abordagem A de Luginbuehl et al. (2022) foi utilizado o protocolo de TMAP em conjunto com o treinamento muscular reflexivo involuntário do assoalho pélvico, e apenas TMAP protocolo padrão, porém não houve diferenças significativas entre um grupo e outro, demonstrando que o acréscimo do treinamento muscular reflexivo involuntário do assoalho pélvico ao TMAP não surtiu grandes efeitos comparado ao TMAP padrão em relação a redução dos sintomas da IUE. Ambos os protocolos de treinamento, embora eficazes na redução das pontuações no Questionário de Consulta Internacional sobre Incontinência – Formulário Abreviado de Incontinência Urinária (ICIQ-UIsf), não houve diferença significativa entre os dois grupos em termos de eficácia. Isso sugere que a adição do treinamento reflexivo involuntário não proporcionou benefícios adicionais em relação ao treinamento padrão.
O treinamento muscular reflexivo involuntário é importante porque se refere a contrações rápidas e automáticas dos músculos do assoalho pélvico que ocorrem em resposta a estímulos, como saltos ou corridas. Essas contrações são cruciais em situações que podem provocar incontinência urinária, porém o treinamento tradicional continua sendo eficaz na redução dos sintomas de IUE.
Em um estudo B de Luginbuehl et al. (2022) foi realizado um protocolo durante um semestre de treinamento domiciliar (CON) padrão de TMAP e outro realizando um protocolo de treinamento domiciliar contendo apenas TMAP reflexivo. Foi avaliada digitalmente a força dos músculos do assoalho pélvico (MAP) e ambos os grupos obtiveram resposta, no entanto em relação a melhora no geral da IUE não houve diferença estatisticamente significa apesar da alta adesão a intervenção, assim como não houve diferença nos dados demográficos dos participantes entre o grupo experimental (EXP) e o grupo de controle (CON). Sendo assim, compreende-se que ambos os estudos A e B de Luginbuehl et al. (2022) não adicionaram resultados estatisticamente significativos em relação a adição do treinamento muscular reflexivo involuntário do assoalho pélvico ao TMAP.
Com base nesses dados conclui-se que o protocolo TMAP padrão ainda é o melhor recurso para tratamento de IUE, visto que o método fisioterapêutico de treinamento muscular reflexivo involuntário do assoalho pélvico em ambos os estudos A e B de Luginbuehl et al. (2022) não obteve uma melhora significativa dos sintomas da IUE.
Em relação ao TMAP utilizado antes do exercício do treinamento de resistência no estudo B de Cross et al. (2023) houve resultados positivos e deduz-se que as mulheres foram capazes de ativar seus MAP’s durante as sessões de treinamento de resistência por conta da realização do TMAP, que treinou a consciência corporal e consequentemente aumentou a força dos MAP’S, o treinamento de resistência progressivo supervisionada pode ser realizada com segurança por mulheres desde que tenha desenvolvido a habilidade de contrair efetivamente os
MAP’s, o que só é possível após o TMAP, dando ao mesmo o protagonismo em relação a reeducação do MAP. Sendo assim são necessárias mais evidências científicas em relação a esse protocolo, pois o treinamento de resistência pode ser considerado um método de acréscimo para contribuir na força muscular após o TMAP, necessitando de supervisão para sua eficácia, visto que pode ocasionar a fadiga da musculatura.
O método de biofeedback em conjunto com TMAP nos estudos de Hagen et al. (2020), de Tsikopoulos et al. (2023) e estudo A de Cross et al. (2023), proporciona resultados benéficos pois contribui no ensino da contração correta e principalmente pela supervisão e treinamento verbal do fisioterapeuta, seria até então o protocolo ideal para tratamento da IUE, no entanto em relação ao custo-benefício o TMAP se torna o melhor, visto que a ida regular ao profissional de fisioterapia gera gastos tanto financeiros como de deslocamento que nem todos tem condições de arcar. Da mesma maneira, a eletroacupuntura no estudo de Tang et al. (2023), que obteve resultados benéficos em relação a melhora da IUE, mas para sua realização é necessário idas frequentes as sessões fisioterapêuticas.
Os principais ganhos durante as análises foram de aumento de força do MAP no protocolo TMAP + treinamento de resistência, assim como no protocolo de TMAP + biofeedback, apesar de não haver comprovação que o biofeedback tenha papel diretamente relacionado, e uma melhora no escore de índice da gravidade da incontinência (ISI).
Devido a essas questões, este estudo verifica que ainda não houve uma descoberta de um recurso fisioterapêutico eficaz em intervenção e em custo-benefício que se compare ao TMAP e possa ser utilizado em conjunto para o tratamento da IUE, sendo assim o TMAP continua a ser o melhor protocolo para redução dos sintomas desta patologia.
Este estudo contribui por meio da busca e análise de protocolos ideais para o tratamento da IUE em mulheres, sugerindo recursos que tenham a probabilidade de auxiliar e porventura aprimorar o benefício do TMAP, assim como aos recursos que necessitam de mais evidências científicas para ter um veredito e por meio dessa averiguação favorecer na cura, autoestima, qualidade de vida e melhora dos sintomas da IUE em mulheres.
5 CONCLUSÃO
O treinamento da musculatura do assoalho pélvico se mantém como melhor protocolo para redução dos sintomas da incontinência urinária de esforço, tanto em relação a conscientização corporal, como no aumento da força da musculatura do assoalho pélvico, como na redução de escapes de urina nas mulheres com IUE.
De acordo com a análise realizada neste estudo em relação ao custo-benefício, e deslocamento a clínicas de fisioterapia, o TMAP ainda se consolida como o melhor protocolo para redução dos sintomas da incontinência urinária de esforço. Pois abrange mulheres que possam estar em situação de marginalidade da sociedade, sendo assim, as mesmas tem acesso ao tratamento conservador do TMAP.
Visto que para a eficácia do TMAP no tratamento de IUE, inicialmente é necessário a supervisão do profissional de fisioterapia e realização dessa intervenção de forma domiciliar, a fim de ensinar o exercício da maneira correta. Durante o tratamento, como manutenção, o TMAP deve ser realizado a domicílio, sem a necessidade de visitas frequentes ao fisioterapeuta.
Em relação aos recursos fisioterapêuticos biofeedback e eletroacupuntura que também associados ao TMAP obtiveram resultados satisfatórios, porém por ser necessário visitas regulares ao fisioterapeuta para realizar a intervenção, não se tornam tão atrativos para as mulheres que dispõe de baixa condição financeira, sendo esses protocolos benéficos apenas para uma classe social.
Sendo assim, há a necessidade de mais estudos na área, para que tenha atualizações científicas com relação alguns recursos fisioterapêuticos, como por exemplo o RT associado ao TMAP que obteve bom resultado com relação a força muscular da musculatura do assoalho pélvico, mas que ainda não possui uma base de estudos científicos abrangente.
Portanto, a realização do TMAP para o tratamento da IUE promove a protagonização dessas mulheres com relação ao controle corporal, consequentemente devolvendo sua autoestima e proporcionando qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
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¹Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
²Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara. Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.