REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411231429
Gustavo Santos Vieira
Marcos Rios Suzart
Anna Fernanda Machado Sales da Cruz Ferreira
Ana Paula Gonçalves Ferreira Miranda
RESUMO
O carcinoma de células escamosas (CCE) é um tumor maligno dos queratinócitos, que acomete animais domésticos. Em bovinos tem sido mais descrito em raças taurinas e junções mucocutâneas, sendo maior casuística decorrente de exposição prolongada à radiação solar e altas temperaturas. O caso relatado ocorreu com uma vaca Girolanda, de seis anos, pesando 360 kg, criada em regime extensivo, numa fazenda leiteira, nas proximidades de Feira de Santana. Havia histórico de aumento de volume, na região vulvar, com aspecto irregular e ulcerado, há aproximadamente nove meses. O tratamento conservativo inicial baseou-se em anti-inflamatório não esteroide sistêmico, associado curativo diário utilizando-se Clorexidine degermante, além de Iodo a 10% em caso de hemorragia e aplicação tópica de pomada cicatrizante a base de óxido de zinco, ácido cresílico, sulfametoxazol, trimetoprim e sulfato de cobre. Não houve boa cicatrização como esperado. Pela suspeita de neoplasia, realizou-se uma melhor investigação para diagnóstico definitivo, através de biópsia. A análise histopatológica confirmou o carcinoma, com infiltração difusa, atingindo toda região vulvar. Diante do diagnóstico tardio e devido à extensão da neoplasia, não houve margem cirúrgica possível para a retirada completa, sendo indicada eutanásia, devido às complicações associadas, o proprietário descartou essa possibilidade, mesmo ela sendo indicada e assegurada pelo CFMV. Devido à gravidade o animal veio a óbito, 40 dias após o resultado histopatológico.
Palavras-chave: Bovino leiteiro. CCE. Vulva.
ABSTRACT
Squamous cell carcinoma (SCC) is a malignant tumor of keratinocytes that affects domestic animals. In cattle, it has been most commonly described in taurine breeds and mucocutaneous junctions, with a larger number of cases resulting from prolonged exposure to solar radiation and high temperatures. The reported case occurred with a six-year-old Girolanda cow, weighing 360 kg, raised in an extensive regime on a dairy farm near Feira de Santana. There was a history of increased volume in the vulvar region, with an irregular and ulcerated appearance, for approximately nine months. The initial conservative treatment was based on systemic non-steroidal anti-inflammatory drugs, associated with daily dressings using degerming chlorhexidine, in addition to 10% iodine in case of hemorrhage and topical application of a healing ointment based on zinc oxide, cresylic acid, sulfamethoxazole, trimethoprim and copper sulfate. There was no good healing as expected. Due to the suspicion of neoplasia, further investigation was performed for definitive diagnosis, through biopsy. Histopathological analysis confirmed carcinoma, with diffuse infiltration, reaching the entire vulvar region. Given the late diagnosis and due to the extension of the neoplasia, there was no possible surgical margin for complete removal, and euthanasia was indicated due to the associated complications. The owner ruled out this possibility, even though it was indicated and assured by the CFMV. Due to the severity of the condition, the animal died 40 days after the histopathological result.
Keywords: Dairy cattle. SCC. Vulva.
INTRODUÇÃO
O carcinoma de células escamosas (CCE) consiste em um tumor maligno dos queratinócitos, chamado também de carcinoma de células espinhosas, carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermóide, que pode acometer diversas espécies de animais domésticos (CARVALHOS et al., 2012; RAMOS et al., 2007; RIZZO et al., 2015). Nos países de clima tropical, como por exemplo, o Brasil, a casuística dessa enfermidade vem aumentando com o passar dos anos. O principal motivo dessa elevação é a exposição prolongada à radiação solar, especialmente se associada à pele despigmentada, sem pelos ou com lesões prévias, acarretando prejuízos ao produtor, devido aos gastos com o tratamento, a diminuição na produção e a condenação parcial de carcaça (CARVALHO et al., 2012; RAMOS et al.,2007; RIZZO et al., 2015; ROSA et al., 2012).
Algumas raças bovinas taurinas, de origem europeia, como por exemplo, Hereford, Simental e Holandês, podem ter predisposição à ocorrência do CCE devido à falta de pigmentação cutânea, especialmente na região periocular ou vulvar (CARVALHOS et al., 2012; RAMOS et al., 2007). A casuística não está intimamente ligada a sexo, idade ou raça, entretanto, alguns pesquisadores observaram uma maior ocorrência em fêmeas, de raças taurinas, com idade entre dois e 10 anos (RAMOS et al., 2007; RIZZO et al., 2015; ROSA et al., 2012).
Nos bovinos, essa neoplasia pode acontecer em diversos locais, visto que as primeiras alterações são nas junções mucocutâneas, especialmente nas pálpebras e genitália, evoluindo para dermatose solar, sendo essa a primeira alteração considerável. Em seguida aparecem eritema, edema e descamação, continuados por áreas de crostas e diminuição da epiderme, com sucessivos quadros de ulceração (RAMOS et al., 2007; RIZZO et al., 2015).
Macroscopicamente, o CCE vulvar pode ter apresentação proliferativa, com erosões cobertas por crostas ou aparência de couve-flor, que não demonstram cicatrização nem redução. À medida que o tumor adentra a região da derme ocorre endurecimento, aumento e maior profundidade do espaço tumoral, sendo perceptíveis também ulcerações, além de infecções secundárias, causadas por bactérias oportunistas, desencadeando exsudato purulento em toda área afetada (CARVALHO et al., 2012; RAMOS et al., 2007; RIZZO et al., 2015). Devido à ulceração, com perda de sangue, e à infecção secundária associada o hemograma pode revelar anemia hemorrágica e leucocitose por neutrofilia, associada ou não a inversão e desvio à esquerda regenerativo ou hiperfibrinogenemia (LOPES et al.
2007).
Microscopicamente, as células neoplásicas apresentam núcleos avantajados, centrais, frequentemente vesiculosos, com vários nucléolos e citoplasma proeminente, formando arranjos de ilhas ou cordões de células epidérmicas, com ou sem capacidade proliferativa, evidenciando graus alternantes de diferenciação neoplásica, que se estendem através da camada dérmica (CARVALHO et al., 2012; RAMOS et al., 2007).
Devido à ocorrência comum dessa neoplasia em vacas leiteiras e dos seus impactos produtivos, o objetivo deste trabalho foi relatar um caso de CCE vulvar em uma vaca Girolanda, no município de Feira de Santana, Bahia, destacando-se aspectos epidemiológicos, clínicos e terapêuticos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para o relato de caso foram utilizadas as informações obtidas no atendimento de um bovino, da raça Girolanda, fêmea, com seis anos de idade (figura 1), pesando 360 kg, criada a pasto em uma fazenda leiteira nas proximidades de Feira de Santana, em clima tropical e temperaturas médias anuais mínimas de 25° graus
Figura 1- Vaca Girolanda acometida por possível CCE vulvar.
Fonte: Arquivo pessoal (2024).
Durante a realização do atendimento clínico, no dia 10 de maio de 2024, foi relatado que o animal apresentava histórico de aumento de volume na região vulvar, há aproximadamente nove meses, com feridas que não cicatrizavam (figura 2) e demonstrava debilidade neste período. Também foi mencionada a realização de diversos tratamentos que não obtiveram êxito. Foi realizado o exame físico, sendo solicitados exames complementares como hemograma e histopatológico, para melhor esclarecimento e diagnóstico definitivo da enfermidade.
Figura 2- Lesão vulvar em vaca Girolanda, com aumento de volume e presença de ulcerações.
Fonte: Arquivo pessoal (2024).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após anamnese, foi realizado o exame físico, constatando presença de carrapatos, apatia, com alterações na região vulvar, com extensa lesão proliferativa, medindo cerca de 20x17cm, com presença de ulcerações e odor fétido, esses achados também foram descritos por Saleme et al. 2015. Diante dos sinais clínicos e das informações descritas, chegou-se a um diagnóstico presuntivo para carcinoma de células escamosas. Dentro dos parâmetros fisiológicos observaram-se alterações como taquicardia, mucosas hipocoradas e escore ruim de condição corporal (1), descritos na tabela 1.
Tabela 1. Parâmetros fisiológicos e valores de referência para a espécie.
Parâmetros Valores Encontrados Valores De Referência
Frequência Cardíaca | 96/minuto | 60 a 80 bpm | |
Frequência Respiratória | 16/minuto | 10 a 30 bpm | |
Movimentos Ruminais | 2/3 minutos | 2 a 3 mov./3min | |
Temperatura | 37.8 C | 37,8 a 39,1 | |
Mucosa | Hipocorada | Normocoradas | |
Tempo de Preenchimento Capilar | Não identificado | ||
Turgor cutâneo | 4 seg | De 2 a 4 seg. | |
Escore Corporal | 1 | 1 a 5 |
Fonte: Ferreira (2022)
Outros achados clínicos relatados por Fernandes et al. (2016) como taquicardia, anemia, definhamento progressivo e ferida com odor fétido com facilidade de sangramento podem levar o animal a morte. Essas afirmações foram confirmadas através dos mesmos achados com o animal do caso relatado, onde o mesmo veio a óbito 40 dias após o diagnóstico. Na literatura existem vários relatos de animais acometidos pelo CCE, que mesmo após o tratamento morreram, pois tiveram um diagnóstico tardio, como os citados por Fernandes et al. (2016).
Os sinais clínicos observados de mucosa hipocorada sugerem anemia, com suspeita quanto à sua etiologia, pois devido ao grande número de carrapatos no animal, sendo este o vetor de doenças, como Babesiose e Anaplasmose. Essas enfermidades podem cursar com mucosa hipocorada e apatia, associada a anemia hemolítica como visto no caso e como descrito na literatura (SANTOS et al., 2017; OLIVEIRA; MELO; AZEVEDO, 2006). A outra suspeita etiológica da anemia, tanto no quadro descrito quanto na literatura (LOPES et al., 2007), está ligada ao quadro hemorrágico, decorrente da perda de sangue através da ulceração tumoral, observada no quadro aqui descrito, também indicada por sinais como anisocitose e policromasia, que sugerem hemácias jovens e resposta regenerativa. O leucograma pode sugerir infecção bacteriana secundária, pois havia leucocitose por neutrofilia e desvio à esquerda, que foi observado no animal em questão e também é descrito por Lopes et al. (2007).
O resultado do hemograma (tabela 2 e 3) constatou um quadro de anemia, classificada como microcítica hipocrômica regenerativa, que, assim como visto no quadro neoplásico ulcerado aqui descrito e na literatura pode ser causada por deficiência de ferro após perdas crônicas de sangue, como tumores, ulcerações, cirurgias, traumas e doenças parasitárias, com classificação regenerativa quanto a resposta medular (LOPES et al. 2007).
Tabela 2. Resultados do eritrograma de vaca Girolanda, após atendimento clínico.
Hematócrito (%) | 21 | 22,0 – 32,0 |
Hemácias (x106/µL) | 6,38 | 5,1 – 7,6 |
Hemoglobina (g/dL) | 07 | 8,0 – 12,0 |
VGM (fL) | 32,9 | 38,0 – 50,0 |
CHGM (%) | 33,33 | 36,0 – 39,0 |
Plaquetas (x103/µL) | — | 193 – 637 |
Tabela 3. Resultados do leucograma, proteína plasmática total e fibrinogênio de vaca Girolanda, após atendimento clínico.
Valores encontrados Valores de referência
Leucócitos | 5650/µL | 4900 – 12.000/µL | ||||
% | /µL | % | /µL | |||
Bastonetes | 01 | 56 | 0 – 02 | 0 – 120 | ||
Segmentados | 23 | 1299 | 15 – 45 | 600 – 4.000 | ||
Eosinófilos | 04 | 226 | 02 – 20 | 0 – 2.400 | ||
Basófilos | 00 | 00 | 02 – 20 | 0 – 120 | ||
Linfócitos | 68 | 3842 | 45 – 75 | 2.500 – 7.500 | ||
Monócitos | 04 | 226 | 02 – 07 | 25 – 840 | ||
PPT (g/dL) | 7.4 | 7.0 – 8,5 | ||||
Fibrinogênio | 400 | 300 – 700 |
Fonte: Laboratório de Patologia Clínica do Centro de Desenvolvimento da Pecuária/ UFBA (2024).
O animal em questão preenche todos os requisitos para o acometimento do CCE, por ser uma fêmea, com seis anos de idade, resultante de um cruzamento (Gir x Holandês), com despigmentação na região vulvar, criada em sistema extensivo com períodos prolongados de exposição solar, fatores que contribuem para o desenvolvimento das lesões. Essas condições similares também são descritas por Saleme et al. (2015) e Parra; Toledo (2008), que destacam o fato de regiões, como cabeça e vulva, com exposição solar prolongada, possuírem grande incidência da doença.
Para execução do exame histopatológico, a biópsia foi feita através da excisão profunda de um fragmento, medindo 1,9 x 1,5 x 1,3 cm, (figura 3) coletado e armazenado em formol a 10%. Durante sua análise observou-se neoplasia, possivelmente maligna, constituídas por células epiteliais, discretamente pleomórficas, dispostas em ninhos, com citoplasma moderados, eosinofílicos e núcleos ovais, por vezes binucleados. associado, com moderada quantidade de pérolas de queratina. O nível de infiltração/invasão foi classificado como difuso, já a infiltração vascular/linfática estava ausente, multinucleação/núcleos bizarros: 1 e os índices mitóticos: 3, sendo típicas e atípicas. O diagnóstico definitivo foi de carcinoma de células escamosas.
Saleme et al. (2015) relata similaridades quanto a alguns achados da histopatologia, sendo a proliferação de células epiteliais, amplo citoplasma eosinofílico, núcleo ovalados e presença de células de queratina e no nível de infiltração que foi classificada como difusa e presença de mitose. As diferenças foram na disposição em ilhas, que se apresentavam entremeadas e conectadas com estroma colagenoso, não havendo a infiltração como no animal do presente relato e, apesar de ambas neoplasias serem diagnosticadas como carcinoma de células escamosas, as classificações histológicas demonstraram algumas diferenças.
Figura 3– A– Fragmento vulvar retirado para exame histopatológico após suspeita de neoplasia em vaca Girolando. B– Carcinoma vulvar evidenciando células epiteliais neoplásicas dispostas em ninhos de diferentes tamanhos com formação ocasional de queratinização central (“pérolas de queratina”). H&E, barra-100µm.
Fonte: Arquivo pessoal (2024). Fonte: Adaptado de: Saleme et al. (2015).
O CCE é um dos tumores que mais acometem os animais domésticos no mundo, porém possui pouco potencial metastático, mesmo sendo considerado maligno. Acomete bovinos independentemente de sua aptidão, podendo causar prejuízos para o produtor, em qualquer fase, seja através de gastos com tratamentos, medicamentos, perda de peso, descarte de leite ou eventuais mortes (PAULA; EUZEBIO; VITRO, 2019).
A suspeita clínica foi firmada através do exame histopatológico, que além de ser usado com diagnóstico definitivo também foi usado para distinguir o CCE de outras neoplasias cutâneas que podem acometer regiões despigmentadas com é o exemplo da região vulvar que acometem os bovinos, como fibromas, fibropapilomas, fibrosarcomas, tumor de células da granulosa, melanomas, hemangiomas e leiomiossarcoma (RAMOS et al. 2008; REIS et al.
2017).
Foi informado que o tratamento inicial consistiu de anti-inflamatório não esteróide sistêmico, flunixin meglumine (1mlL45 kg), por via intramuscular (IM), por 5 dias. Diariamente era realizada a limpeza da ferida utilizando Clorexidina degermante, além de Iodo a 10% em caso de hemorragia, com aplicação tópica de pomada composta por óxido de zinco, ácido cresílico, trimetoprim, sulfametoxazol e sulfato de cobre. Ribeiro et al. (2015) menciona um tratamento paliativo similar ao realizado no relato, fazendo uso do anti-inflamatório sistêmico, caso não haja alteração no hemograma, a fim de diminuir o processo inflamatório, mas, que sozinho não apresenta resolução do problema, assim como visto no animal do estudo. Segundo Saleme et al. (2015) o tratamento recomendado para bovinos é a exérese cirúrgica, em conjunto com a crioterapia. Animais com lesões menores têm prognóstico favorável, diferente de lesões maiores, com infiltração, que não apontam boas respostas, quando submetidas ao tratamento, como foi o caso do animal em questão.
Scopel et al. (2007) descreve diversos métodos de tratamento que incluem cirurgia e criocirurgia, indicados nos casos de neoplasmas superficiais, que não apresentam ser invasivos. Nesses casos quimioterapia, radiação ionizante e terapia fotodinâmica, também são outras opções. A escolha da modalidade terapêutica deve ser estabelecida de acordo com a extensão do tumor, o estado em que o paciente se encontra, a cooperação e condição financeira do proprietário e a viabilidade de equipamentos e fármacos. Nesse relato houve dificuldade no tratamento devido a gravidade e ao tempo de lesão, além da debilidade da vaca em questão.
A precocidade no diagnóstico tem efeito fundamental no prognóstico, sendo que o animal relatado apresentava lesão grave há 9 meses, desenvolvendo definhamento progressivo, grande extensão neoplásica infiltrativa, com prognóstico desfavorável devido a sua debilidade. Devido ao diagnóstico tardio e a agressiva neoplasia, sem opção de remoção cirúrgica ou outros tratamentos, optou-se pela indicação de eutanásia, sendo a mesma considerada como a única opção plausível e humanitária, zelando pelo bem-estar animal. Almeida et al. (2015) e Barros et al. (2006) também ressaltaram a indicação desse procedimento, quando os animais estão com lesões extensas, estado de caquexia e mau prognóstico. A eutanásia é assegurada pela Resolução nº 1.000 do CFMV, de 11 de maio de 2012, a qual estabelece que, os métodos de eutanásia em animais devem ser adotados, somente em determinadas ocasiões, que incluem as seguintes circunstâncias: 1- quando o bem-estar do animal estiver comprometido, de forma irreversível, sendo um meio de a dor e/ou o sofrimento dos animais, que não podem ser sanados com o uso de analgésicos, sedativos ou de outros tratamentos, 2- casos no qual o animal ofereça ameaça à saúde pública como um todo.
Apesar do grave estado em que o animal se encontrava, o proprietário descartou a possibilidade da eutanásia, optando pela continuação do tratamento paliativo de curativo do local e aplicação de pomada cicatrizante, porém, como esperado o animal não resistiu e veio a
óbito 40 dias após o resultado do exame histopatológico, assim como os citados por Fernandes et al. (2016).
4 CONCLUSÃO
Em casos de suspeitas de neoplasias, como a descrita no caso, após avaliação de sinais clínicos por vezes semelhantes, se faz necessário a realização do exame histopatológico para um adequado diagnóstico, inclusive para diferenciação do CCE dos demais tipos de tumores. como visto no animal em questão, o CCE é uma neoplasia maligna e agressiva, tendo como fatores de risco despigmentação da pele, associada a exposição prolongada à radiação solar e altas temperaturas. Esse tipo de neoplasma pode ser fatal, principalmente em casos graves e crônicos, pois o bom prognóstico só é possível com identificação precoce, não sendo possível neste caso. Observou-se que as possibilidades terapêuticas dependerão do manejo adequado da lesão, do estágio do tumor e do grau de debilidade do animal. Devido a gravidade a ao prognóstico desfavorável no quadro clínico apresentado, houve recomendação de eutanásia, estando a mesma amparada pelo CFMV, devido ao sofrimento em que se encontrava o animal e a impossibilidade de resolução. Assim como na literatura o caso descrito ocorreu em animal leiteiro, mantido por um período maior de tempo quando comparados com os de corte, que pode apresentar despigmentação cutânea, devido ao sangue taurino. Para que seja possível obter uma diminuição na casuística da enfermidade, algumas práticas podem ser adotadas, sendo elas, manter as áreas de lazer com presença de sombreamento natural ou artificial, piquetes bem arborizados e adotar seleção com animais de pelagens mais escuras.
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UNIFAT-Centro Universitário Anísio Teixeira
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