ESTUDOS DO EFEITO DA DOENÇA PERIODONTAL NA SAÚDE GERAL DO PACIENTE

STUDIES OF THE EFFECT OF PERIODONTAL DISEASE ON THE GENERAL HEALTH OF THE PATIENT

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411231117


Patrícia Cristina Dos Santos Tanabe1
Carile Ferro Menegheli2


RESUMO

A doença periodontal, também conhecida como periodontite, é uma condição inflamatória crônica e aguda que afeta os tecidos de suporte dos dentes, como gengivas e ossos, podendo ter implicações sistêmicas, como doenças cardiovasculares, diabetes e complicações na gravidez. O objetivo deste estudo é investigar a relação entre a doença periodontal e a saúde sistêmica, com base em uma revisão bibliográfica de estudos que explorem esses vínculos. Baseada em uma revisão sistemática de literatura, para identificar estudos que investigassem a influência da periodontite em condições sistêmicas. Foram excluídos artigos que tratam da diabetes isoladamente e estudos de casos isolados, focando-se em publicações robustas com revisão por pares. Destaca-se que a periodontite crônica, mais comum, é lenta e progressiva, enquanto a forma aguda é agressiva e requer intervenção rápida. Além disso, foi abordada a relação bidirecional entre a periodontite e doenças sistêmicas, como complicações respiratórias e cardiovasculares, bem como seu impacto nas diferentes faixas etárias, especialmente em adultos mais velhos. Por conseguinte, a doença periodontal vai além da saúde bucal, afetando a saúde geral do paciente. O estudo sugere que uma compreensão mais profunda das relações entre a periodontite e outras condições sistêmicas pode melhorar as estratégias de tratamento e prevenção.

PALAVRAS-CHAVE: Periodontite; Saúde Sistémica; Periodonto; Saúde;

ABSTRACT

Periodontal disease, also known as periodontitis, is a chronic and acute inflammatory condition that affects the tooth-supporting tissues, such as gums and bones, and can have systemic implications, such as cardiovascular disease, diabetes and pregnancy complications. The objective of this study is to investigate the relationship between periodontal disease and systemic health, based on a literature review of studies that explore these links. Based on a systematic literature review, to identify studies that investigated the influence of periodontitis on systemic conditions. Articles dealing with diabetes alone and isolated case studies were excluded, focusing on robust publications with peer review. It is noteworthy that chronic periodontitis, the most common, is slow and progressive, while the acute form is aggressive and requires rapid intervention. Furthermore, the bidirectional relationship between periodontitis and systemic diseases, such as respiratory and cardiovascular complications, was addressed, as well as its impact on different age groups, especially older adults. Therefore, periodontal disease goes beyond oral health, affecting the patient’s general health. The study suggests that a deeper understanding of the relationships between periodontitis and other systemic conditions may improve treatment and prevention strategies.

KEYWORDS: Periodontitis; Systemic Health; Periodontium; Health;

INTRODUÇÃO

A doença periodontal, também conhecida como periodontite, é uma condição inflamatória crônica e aguda que afeta as gengivas e o osso que sustenta os dentes. Estudos têm mostrado que a doença periodontal não se limita apenas à cavidade oral, mas pode ter implicações sistêmicas significativas, afetando a saúde geral do paciente, além de associação entre a doença periodontal e doenças cardiovasculares. As bactérias periodontais desempenham um papel crucial no desenvolvimento da periodontite, uma inflamação crônica dos tecidos que suportam os dentes. A patogenicidade das bactérias está relacionada à sua capacidade de colonizar a superfície dental, formar biofilmes, e liberar toxinas que estimulam uma resposta inflamatória exagerada do hospedeiro. Entre as principais bactérias periodontais patogênicas estão Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola, que, juntas, compõem o chamado complexo vermelho associado à periodontite avançada (MACEDO et al, 2019).

Para Rosa (2018), essas bactérias não só causam danos locais, levando à destruição do osso e do tecido gengival, mas também são associadas a uma série de condições sistêmicas devido ao seu potencial de disseminação pelo sangue. A periodontite crônica é considerada um fator de risco para doenças cardiovasculares, pois as bactérias e os mediadores inflamatórios produzidos durante a infecção podem entrar na circulação sanguínea, contribuindo para a inflamação sistêmica. Além disso, há evidências de que essas bactérias podem induzir disfunção endotelial e promover a formação de placas ateroscleróticas nas artérias, aumentando o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

A periodontite crônica acarreta mais riscos a condições sistêmicas do que as formas agudas devido à sua natureza persistente, que mantém níveis elevados de inflamação no organismo por longos períodos. Isso cria um ambiente propício para o desenvolvimento de outras doenças, como diabetes e doenças pulmonares. Além disso, a inflamação crônica de baixo grau pode promover a formação de placas nas artérias, tornando a periodontite um fator de risco significativo para complicações cardiovasculares. O manejo adequado da saúde periodontal é essencial não apenas para prevenir a perda dentária, mas também para mitigar o impacto potencial em doenças sistêmicas graves (AMARAL et al, 2023).

Há uma relação bidirecional entre diabetes e doença periodontal. A periodontite pode dificultar o controle glicêmico em pacientes diabéticos, e a diabetes não controlada pode exacerbar a doença periodontal (ROSA, 2018). Mulheres grávidas com doença periodontal têm um risco maior de parto prematuro e baixo peso ao nascer visto que a inflamação e as infecções bacterianas podem afetar adversamente o desenvolvimento fetal. Bactérias orais podem ser aspiradas para os pulmões, especialmente em pacientes com doenças respiratórias pré-existentes, contribuindo para infecções respiratórias, como pneumonia. A motivação para estudar o efeito da doença periodontal na saúde geral do paciente é multifacetada e pode ser impulsionada por várias razões (ALMEIDA et al, 2006).

De acordo com Macedo et al, (2010), para compreender a conexão entre a saúde oral e a saúde sistêmica pode levar a estratégias de prevenção e tratamento que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. Estudos nessa área podem informar campanhas de educação em saúde pública, destacando a importância da higiene bucal não apenas para a saúde dos dentes, mas para a saúde geral do corpo. Amaral et al (2023), ressalta que a prevenção e o tratamento eficaz da doença periodontal podem reduzir os custos associados ao tratamento de condições sistêmicas agravadas pela periodontite, aliviando o ônus financeiro sobre os sistemas de saúde. A pesquisa pode levar a descobertas inovadoras sobre os mecanismos subjacentes que ligam a doença periodontal a outras condições de saúde, potencialmente resultando em novos tratamentos e intervenções.

O estudo do efeito da doença periodontal na saúde geral do paciente é crucial para uma abordagem holística da saúde. Ao reconhecer e tratar a periodontite como um fator que afeta todo o corpo, podemos desenvolver melhores estratégias de tratamento, promover a saúde integral e melhorar os resultados clínicos para os pacientes. Com a crescente evidência de que a doença periodontal pode ter consequências graves além da cavidade oral, é essencial investigar esses vínculos para desenvolver estratégias de prevenção e tratamento que beneficiem a saúde integral dos pacientes. Além disso, uma melhor compreensão dessas relações pode informar políticas públicas de saúde, promovendo uma abordagem mais multidirecional e integrada no cuidado com a saúde (MACEDO et al, 2019).

A doença periodontal tem uma importância social significativa por várias razões, que abrangem desde a saúde individual até o impacto econômico e comunitário. A periodontite pode causar dor, desconforto, mau hálito (halitose), e dificuldade na mastigação e fala. A perda de dentes associada pode levar a problemas estéticos, afetando a autoestima e a confiança dos indivíduos, o que, por sua vez, pode impactar negativamente as relações sociais e profissionais (AMARAL et al, 2023).

Investigar o impacto da doença periodontal na saúde geral dos pacientes é essencial para compreender as conexões biológicas e clínicas entre a periodontite e diversas condições sistêmicas. A literatura científica sugere que a inflamação periodontal pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, destacando a importância de entender os mecanismos subjacentes a essa relação. Além disso, a periodontite tem sido associada a complicações na gravidez, como parto prematuro e baixo peso ao nascer, e pode influenciar na progressão de doenças respiratórias (MACEDO et al, 2019).

Para Amaral et al. (2023), a periodontite é uma evolução da gengivite, que é a forma inicial e mais branda da doença periodontal. O desenvolvimento da gengivite para a periodontite geralmente ocorre devido à falta de higiene bucal adequada e controle microbiano insuficiente. Sem a remoção regular da placa bacteriana por meio da escovação e uso do fio dental, as bactérias começam a penetrar mais profundamente nas gengivas, afetando o osso e os tecidos que suportam os dentes.  Portanto, a manutenção de uma boa higiene bucal, aliada a consultas periódicas com um dentista, é essencial para prevenir que a gengivite progrida para a periodontite, evitando danos irreversíveis à saúde bucal e possíveis complicações sistêmicas.

Diante disso, esse trabalho tem o intuito de investigar a correlação entre a imunidade e a saúde periodontal podendo esclarecer como a resposta imunológica é modulada em presença de inflamação crônica. Identificar a faixa etária afetada pela periodontite permite um direcionamento mais preciso de estratégias de prevenção e tratamento. Por fim, a analisar de estudos e publicações científicas existentes para consolidar o conhecimento sobre a relação entre a doença periodontal e condições sistêmicas, proporcionando uma base sólida para práticas clínicas e políticas de saúde pública.

METODOLOGIA

Será baseada em uma revisão bibliográfica sistemática e abrangente das evidências existentes e dos avanços científicos sobre o tema, será realizada para identificar, avaliar e sintetizar a literatura científica existente sobre a relação entre a doença periodontal e a saúde geral do paciente. Esta abordagem é adequada para compilar e analisar estudos previamente publicados, fornecendo uma visão consolidada das evidências atuais. A questão central da pesquisa será: “Como a doença periodontal influencia a saúde geral dos pacientes e quais são os mecanismos biológicos subjacentes que estabelecem essa conexão?’’. A estratégia de busca envolverá a identificação de palavras-chave e termos relevantes relacionados ao tema. Serão utilizados operadores booleanos para refinar a busca. Exemplos de termos incluem, ‘’Doença periodontal’’, ‘’Periodontite’’, ‘’Saúde sistêmica’’, ‘’Doenças cardiovasculares’’, ‘’Complicações na gravidez’’, ‘’Doenças respiratórias’’. As bases de dados científicas que serão consultadas incluem, PubMed, Scopus, Web of Science, Google Scholar, SciELO. Como critério de exclusão artigos que tratam da diabetes em relação a periodontite, estudos de caso isolados, artigos não revisados por pares e publicações sem acesso ao texto completo. Como critérios de inclusão, estudos publicados em inglês, português e espanhol, estudos que tenham relação entre a doença periodontal e condições sistêmicas. Pesquisas com metodologia robusta, incluindo estudos clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises. A metodologia descrita assegurará a robustez e a validade científica do estudo, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes e integradas.

DESENVOLVIMENTO

3.1 Periodontite crônica, aguda e a importância de novas pesquisas 

Para Almeida et al (2006), a periodontite é uma doença inflamatória que afeta os tecidos de suporte dos dentes, como a gengiva, os ligamentos periodontais e o osso alveolar. Ela pode se manifestar de duas formas principais: crônica e aguda, cada uma com características e progressões distintas. A periodontite crônica é a forma mais comum da doença, especialmente em adultos. Geralmente, seu progresso é lento e gradual, desenvolvendo-se ao longo de meses ou anos. De acordo com Borges et al (2019), a principal causa é o acúmulo de placa bacteriana e tártaro nos dentes, que desencadeia uma resposta inflamatória nos tecidos periodontais. Com o tempo, essa inflamação destrói as fibras que conectam os dentes ao osso e leva à perda óssea, resultando na formação de bolsas periodontais profundas. A retração gengival e a exposição da raiz do dente são características marcantes da periodontite crônica. Embora sua evolução seja lenta, se não tratada, pode levar à perda de dentes (KASSEBAUM et al, 2013).

Já a periodontite aguda é menos comum, porém mais agressiva. Ela ocorre de forma repentina e geralmente está associada a fatores como infecções sistêmicas, imunossupressão ou traumas na região periodontal. Nessa forma, a inflamação é intensa e rapidamente destrói os tecidos ao redor dos dentes. Pacientes com periodontite aguda podem apresentar dor intensa, sangramento espontâneo, formação de pus e abscessos periodontais. Devido à sua rapidez, a periodontite aguda requer intervenção imediata para evitar a destruição grave dos tecidos de suporte (CARRANZA et al, 12. ed. 2016).

A compreensão da periodontite tem raízes antigas. Registros históricos mostram que os egípcios, por volta de 2900 a.C., já observavam problemas relacionados à perda de dentes, que provavelmente envolviam o que conhecemos hoje como periodontite. O papiro de Ebers, um dos documentos médicos mais antigos, descreve tratamentos rudimentares para problemas gengivais (OCRANSKY e HAFFAJEE 1997). No entanto, foi apenas no século XIX que a periodontite começou a ser estudada em profundidade, à medida que as ciências médicas e a microbiologia avançavam. Durante esse período, foi identificado o papel das bactérias na etiologia da doença (WEINBERGER, 1948).

A evolução no entendimento da periodontite continuou ao longo do século XX, com o desenvolvimento de técnicas mais eficazes de prevenção e tratamento. A odontologia moderna reconhece a importância do diagnóstico precoce e da manutenção de uma higiene bucal adequada para prevenir tanto a periodontite crônica quanto a aguda (WEINBERGER, 1948). Hoje, com o auxílio de tecnologias avançadas, como radiografias digitais e procedimentos minimamente invasivos, a periodontite pode ser tratada de maneira eficaz, preservando a saúde dos dentes e das estruturas de suporte (BORGES et al, 2019).

A periodontite, também conhecida como doença periodontal, é uma infecção bacteriana que afeta o periodonto, os tecidos que sustentam os dentes. É uma das condições orais mais comuns, atingindo aproximadamente 50% dos adultos. Essa infecção não se limita às gengivas, mas também compromete os tecidos de suporte, como o osso e o ligamento periodontal. A presença de certos microrganismos relacionados à placa bacteriana é o principal fator por trás dessa doença. Provoca perda de osso e retração gengival, deixando a raiz do dente exposta e resultando em sangramentos frequentes. Além disso, podem surgir bolsas periodontais entre a raiz e o osso, que facilitam o acúmulo de tártaro, resíduos alimentares e microrganismos, favorecendo o aparecimento de abcessos (KASSEBAUM et al, 2013).

Borges et al (2019), complementa afirmando que o estágio inicial da doença periodontal é a gengivite, caracterizada pela inflamação das gengivas. A progressão da doença depende de vários fatores, e o prognóstico varia conforme o quadro clínico. O tratamento da periodontite deve ser personalizado, levando em conta as causas e o estágio da doença. Se não tratada adequadamente, pode evoluir para complicações graves, incluindo a perda dentária. Para mais informações sobre prevenção e tratamento, acesse como tratar a periodontite.

Para Almeida et al (2006), a prevenção e o manejo adequado podem ajudar a reduzir esses custos. A periodontite tem sido associada a diversas condições sistêmicas, como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, complicações na gravidez e doenças respiratórias. Pesquisas indicam que a inflamação crônica e a presença de bactérias periodontais podem contribuir para a inflamação sistêmica e o desenvolvimento dessas doenças. Estudar os mecanismos pelos quais a periodontite influencia a saúde sistêmica pode fornecer insights sobre processos inflamatórios e imunológicos. Isso pode levar à identificação de novos marcadores biológicos e alvos terapêuticos para uma variedade de condições inflamatórias e infecciosas (TONETTI et al, 2018).

Novas pesquisas científicas podem levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para a doença periodontal, incluindo terapias antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras. Além disso, pode informar a criação de protocolos preventivos mais eficazes (KASSEBAUM et al, 2013). A investigação sobre a doença periodontal pode apoiar a elaboração de políticas públicas de saúde mais eficazes, promovendo a educação sobre a importância da higiene bucal e a necessidade de cuidados odontológicos regulares. Isso é essencial para a prevenção da doença periodontal e a mitigação de suas consequências para a saúde geral. A relevância científica da doença periodontal também se estende à colaboração interdisciplinar. A compreensão dos vínculos entre saúde bucal e saúde sistêmica requer a colaboração entre dentistas, médicos, pesquisadores em biomedicina e especialistas em saúde pública (ROSA, 2018).

A importância social e a relevância científica da doença periodontal são vastas e multifacetadas. Reconhecer e abordar a doença periodontal não só melhora a saúde bucal, mas também tem o potencial de impactar positivamente a saúde geral dos pacientes. A pesquisa contínua nesse campo é essencial para desenvolver estratégias de prevenção, tratamento e educação que possam beneficiar tanto indivíduos quanto comunidades inteiras (AMARAL et al, 2023).

Rosa (2018), afirma que a doença periodontal ocorre principalmente devido à falta de programas preventivos de saúde bucal, essenciais para controlar a microbiota patogênica responsável pelo seu desenvolvimento. A periodontite crônica é definida como uma doença multifatorial, causada principalmente por microrganismos Gram-negativos, que estimulam a produção de citocinas pró-inflamatórias pelas células do sistema imunológico.

3.2 Influências na saúde geral

A periodontite, tanto em sua forma crônica quanto aguda, é uma doença inflamatória grave que afeta os tecidos de suporte dos dentes. Uma doença de progressão lenta, está frequentemente associada a uma inflamação de baixo grau que pode perdurar por anos. Esse processo inflamatório contínuo pode desencadear respostas imunes sistêmicas, potencialmente contribuindo para o agravamento de várias condições de saúde (PAPADOPOULOS et al. 2005). Almeida et al (2006), indicam uma relação entre a periodontite crônica e um maior risco de doenças cardíacas, como infarto do miocárdio e aterosclerose. A inflamação sistêmica pode favorecer a formação de placas ateroscleróticas, enquanto as bactérias orais podem atingir a corrente sanguínea e contribuir para a inflamação vascular.

De acordo com Carmelier (2018), a relação entre periodontite e diabetes é bidirecional. Indivíduos com diabetes descontrolada são mais suscetíveis a desenvolver periodontite grave, enquanto a periodontite pode tornar o controle glicêmico mais difícil, agravando a resistência à insulina. A periodontite crônica tem sido associada a desfechos adversos na gravidez, incluindo parto prematuro e baixo peso ao nascer. A inflamação causada pela infecção periodontal pode influenciar os níveis de citocinas inflamatórias, impactando o desenvolvimento fetal. Moimaz et al (2009), segue o mesmo pensamento onde diz que a periodontite aguda, embora menos comum, é uma forma mais agressiva e pode causar complicações graves em curto prazo. Por ser uma infecção severa, ela frequentemente resulta em dor intensa, formação de abscessos e, em casos graves, disseminação de bactérias pela corrente sanguínea (bacteremia), o que pode levar a consequências sistêmicas.

A disseminação de bactérias da infecção periodontal para a corrente sanguínea pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica severa, resultando em septicemia, uma condição potencialmente fatal se não tratada rapidamente. Pacientes imunocomprometidos, como os que estão em tratamento para câncer ou portadores de HIV, são particularmente vulneráveis a complicações graves decorrentes de uma periodontite aguda. A infecção pode se espalhar rapidamente e provocar danos a órgãos vitais. A inter-relação entre saúde oral e saúde sistêmica tem sido amplamente reconhecida na literatura científica. A boca é uma porta de entrada para bactérias que podem afetar outros sistemas do corpo, e a inflamação periodontal crônica ou aguda pode amplificar processos inflamatórios em órgãos distantes (PAPADOPOULOS et al. 2005).

A manutenção de uma boa higiene bucal e o tratamento precoce de condições como a periodontite são, portanto, fundamentais não apenas para a preservação dos dentes, mas também para a prevenção de uma série de complicações sistêmicas. Estratégias de prevenção incluem consultas odontológicas regulares, profilaxia periodontal e o controle rigoroso de fatores de risco, como o tabagismo e a diabetes, para reduzir os impactos da periodontite na saúde geral (PAPADOPOULOS et al. 2005). Tanto a periodontite crônica quanto a aguda têm o potencial de influenciar negativamente a saúde geral, principalmente por meio da disseminação de bactérias e da resposta inflamatória sistêmica. O tratamento adequado e a prevenção dessas condições são essenciais para garantir o bem-estar do indivíduo como um todo (CAMELIER, 2018).

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se pela obstrução das vias aéreas devido à bronquite crônica e/ou enfisema. A bronquite crônica é uma condição inflamatória associada à produção de muco suficiente para causar tosse com expectoração por pelo menos três meses ao ano, por dois ou três anos (ALMEIDA et al, 2006). O enfisema pulmonar destrói as paredes alveolares pulmonares, ampliando anormalmente os espaços aéreos até o bronquíolo terminal. Esta doença inflamatória envolve macrófagos, neutrófilos e linfócitos em sua patogênese. Os estímulos oxidantes diretos das estruturas pulmonares desencadeiam reações bioquímicas que levam à desorganização progressiva das pequenas vias aéreas e ao remodelamento estrutural irreversível. A liberação de substâncias das células recrutadas e do estresse oxidativo pode causar um desequilíbrio temporário dos mecanismos de defesa pulmonar, cuja persistência é fundamental para a fisiopatogenia da DPOC (ROSA, 2018).

A pneumonia é uma infecção do parênquima pulmonar causada por fungos, vírus, infecções parasitárias ou bacterianas, que começa com a colonização da cavidade oral e da mucosa da faringe por patógenos respiratórios, aspiração desses patógenos pelo trato respiratório inferior e falha dos mecanismos de defesa do hospedeiro. A pneumonia bacteriana pode ser classificada como adquirida na comunidade ou hospitalar (nosocomial). Anualmente, mais de 5,6 milhões de casos de pneumonia adquirida na comunidade ocorrem nos Estados Unidos, com uma taxa de mortalidade geral de 5%. No entanto, 1,1 milhão de casos requerem hospitalização, com a taxa de mortalidade variando de 12% na população geral a 40% em unidades de cuidados intensivos (LIBÓRIO-LAGO et al, 2018).

3.3 faixas etárias de maior registro

A periodontite é uma doença inflamatória crônica que afeta os tecidos de suporte dos dentes, sendo um dos principais motivos de perda dentária em adultos. Embora possa ocorrer em qualquer idade, a prevalência da periodontite varia significativamente de acordo com a faixa etária, com maior incidência entre adultos mais velhos. Apesar de menos comum, a periodontite pode se manifestar em jovens adultos (CAMELIER, 2018). Nessa faixa etária, a forma mais observada é a periodontite agressiva, que tem uma progressão rápida e afeta principalmente os primeiros molares e incisivos. Esse tipo de periodontite está geralmente relacionado a fatores genéticos e imunológicos, além de hábitos de higiene bucal inadequados. Ainda que menos prevalente do que em idades mais avançadas, sua gravidade pode ser alta e exigir tratamento especializado (PAPADOPOULOS et al. 2005).

A faixa etária entre 35 e 55 anos é um período crítico para o desenvolvimento da periodontite crônica, que é a forma mais comum da doença. Nessa fase da vida, fatores como acúmulo de placa bacteriana ao longo dos anos, higiene oral deficiente, tabagismo e doenças sistêmicas, como diabetes, começam a afetar a saúde periodontal de maneira mais significativa. O risco de perda óssea e da formação de bolsas periodontais aumenta consideravelmente. Nessa faixa etária, muitos pacientes já começam a apresentar sinais visíveis da doença, como sangramento gengival, retração gengival e mobilidade dentária, se não houver intervenção precoce (MACEDO et al, 2010).

Os maiores índices de periodontite são registrados em pessoas acima de 55 anos, com a prevalência aumentando ainda mais após os 65 anos. Estudos epidemiológicos indicam que até 70% dos adultos idosos apresentam algum grau de periodontite. O envelhecimento por si só não é a causa da doença, mas fatores relacionados à idade, como diminuição da capacidade de regeneração dos tecidos, comorbidades (diabetes, doenças cardíacas), uso de medicamentos e limitações na higienização oral, contribuem para a progressão da periodontite nessa população. Além disso, muitos idosos enfrentam dificuldades motoras e cognitivas que limitam a capacidade de manter uma boa higiene bucal, aumentando o acúmulo de placa bacteriana e agravando a doença periodontal (TONETTI et al, 2018).

Embora a periodontite afete mais frequentemente pessoas em faixas etárias avançadas, sua prevenção deve começar cedo, com medidas de higiene oral adequadas e consultas regulares ao dentista. O diagnóstico precoce é essencial para prevenir complicações graves, como a perda dentária, que pode ter impactos significativos na qualidade de vida, especialmente em idosos (MOIMAZ et al, 2009). Assim, a periodontite é mais prevalente entre adultos de meia-idade e idosos, mas pode afetar indivíduos mais jovens, dependendo de fatores de risco específicos. A conscientização sobre a saúde bucal em todas as fases da vida é crucial para reduzir a prevalência da doença e melhorar os resultados no longo prazo (MACEDO et al, 2010).

Uma condição comum em todo o mundo, afetando uma ampla faixa etária. Em particular, sua prevalência aumenta com a idade, tornando-a um problema significativo em populações envelhecidas. Em muitas comunidades, especialmente em áreas de baixa renda, o acesso a cuidados odontológicos é limitado. Isso pode levar a uma maior prevalência e severidade da doença periodontal nessas populações, exacerbando desigualdades em saúde. Os custos associados ao tratamento da doença periodontal podem ser substanciais, incluindo custos diretos, consultas odontológicas, tratamentos, cirurgias e indiretos, perda de produtividade, dias de trabalho perdidos (AMARAL et al, 2023).

Os sinais clínicos da periodontite com perda de inserção clínica, perda óssea alveolar, profundidade de bolsa e sangramento à sondagem, aumento da mobilidade dental e características histopatológicas como formação de bolsa periodontal, migração do epitélio juncional para apical, perda de fibras colágenas e infiltrados de células inflamatórias no epitélio juncional e na bolsa periodontal. A doença periodontal e as doenças pulmonares crônicas compartilham microrganismos anaeróbios Gram-negativos como principal fator etiológico, provocando respostas imunológicas e inflamatórias com liberação de substâncias biológicas ativas (MACEDO et al, 2010).

A cavidade oral foi considerada por muito tempo um reservatório potencial de patógenos respiratórios. Os mecanismos de infecção incluem: a aspiração pulmonar de patógenos orais capazes de causar pneumonia a colonização da placa dentária por patógenos respiratórios seguidas da aspiração e a facilidade da colonização dos patógenos periodontais na via aérea superior (LIBÓRIO-LAGO et al, 2018).

Macedo et al (2010), diz que os idosos em enfermarias e casas de repouso são mais suscetíveis a infecções do trato respiratório inferior ou outras infecções, devido a mudanças nos mecanismos de defesa do hospedeiro e exposição a microrganismos patogênicos. A composição bacteriana tende a se alterar com a falta de higiene oral e infecções bucais, como gengivite e periodontite. A alta incidência e gravidade das infecções orais em idosos residentes em instituições de cuidados resultam do elevado nível de microrganismos patogênicos na cavidade oral e nos fluidos da orofaringe.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a doença periodontal e sua influência na saúde geral dos pacientes reforça a importância de uma abordagem holística no cuidado com a saúde bucal. Ao conectar a periodontite com diversas condições sistêmicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, complicações na gravidez e infecções respiratórias, fica evidente que o impacto da doença vai além da cavidade oral e assim complicações para os pacientes. A revisão da literatura científica foi possível observar e evidenciar como a inflamação crônica provocada pela periodontite pode contribuir para processos inflamatórios em órgãos distantes e afetar a saúde de forma ampla. É importante destacar a necessidade de novas pesquisas para compreender melhor os mecanismos biológicos subjacentes que estabelecem a relação entre a periodontite e as condições sistêmicas com o decorrer dos anos e principalmente com o aparecimento de novas pandemias, manifestações e doenças. Essa compreensão pode levar ao desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas mais eficazes, além de melhorar as políticas de saúde pública voltadas para a promoção da higiene bucal e a prevenção de complicações sistêmicas. Além disso, foi possível demonstrar a importância da conscientização sobre a periodontite em diferentes faixas etárias, com atenção especial à prevenção e tratamento precoce, especialmente em grupos mais suscetíveis, como pacientes com comorbidades e idosos. Diante do exposto, ao propor uma abordagem interdisciplinar e preventiva que pode beneficiar tanto a saúde individual quanto a coletiva, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo os custos de saúde. É válido considerar que se faz necessários novas pesquisas e atualizações sobre a periodontite, suas manifestações em relação á saúde do paciente com um todo.

REFERÊNCIAS

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1. Acadêmica do curso de graduação do curso de odontologia da faculdade FANORTE;

2. Professora Especialista do curso de odontologia da faculdade FANORTE.

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