TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411222323


Ana Dos Santos Castelhano
Tricia Marcela Cruz Da Silva
Orientadora: Profª MSc. Maristela Prado e Silva


Resumo 

A Fisioterapia Respiratória dentro das Unidades de Terapia Intensiva tem se  mostrado uma grande aliada na diminuição da morbimortalidade dos pacientes  submetidos a essa terapia. Esta revisão tem como objetivos mostrar a importância  das técnicas de desobstrução das vias aéreas realizada por fisioterapeuta, bem  como suas indicações e precauções em pacientes recém-nascidos internados  nessas unidades e em contrapartida descrever os procedimentos da fisioterapia  respiratória empregados na rotina hospitalar com esses pacientes neonatos. Essa  descrição foi embasada em artigos científicos e livros, os quais revelaram uma  diversidade de pesquisas sobre as intervenções desses profissionais dentro das  UTIs neonatal. 

Palavras chaves: Fisioterapia Respiratória/ Acúmulo de secreções/ Neonatos.

ABSTRACT 

Respiratory with in intensive care units physiotherapy has been shown to be a great  ally in reducing the morbidity and mortality of patients under this therapy. This review  aims to show the importance of the techniques of airway clearance done by a  physiotherapist as their indication and precautions for hospitalized newborns and patients in these units on hand to describe the procedures used in hospital physiotherapy routine with these neonates. This description was based on scientific articles and books, which revealed a diversity of research on interventions such professionals in neonatal ICUs. 

Key words: Respiratory Therapy /Congestion of liquids/ Neonates.

1. INTRODUÇÃO 

O tratamento fisioterapêutico é recente dentro das unidades de terapia  intensiva neonatal, porém é uma área que se encontra em pleno crescimento. De acordo com a portaria do ministério da saúde 3.432 de 12/08/1998, as  unidades de terapia intensiva devem contar com a assistência do fisioterapeuta em  período integral, tendo em vista que a presença desses profissionais nesse  ambiente hospitalar diminui as complicações e o período de hospitalização,  reduzindo assim os custos hospitalares com esses pacientes. 

Em fevereiro do ano de 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária  anunciou que fica proibida a contratação de fisioterapeutas para atuar dentro da UTI neonatal sem a devida especialização em Neonatologia e Pediatria. Essa evolução  na formação acadêmica dos profissionais fisioterapeutas, contribuiu para dar maior  segurança aos pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica e  Neonatal (JOHNSTON et al, 2012). 

Ainda que haja tantos avanços tecnológicos, de acordo com Nicolau e Lahóz  (2007), as afecções respiratórias ainda são as maiores causas de internação na UTI  Neonatal, muitas vezes devido à imaturidade pulmonar. Dentre as várias áreas de  atuação da fisioterapia, a mais utilizada dentro das Unidades de Terapia Intensiva  está na prevenção e tratamento das doenças respiratórias.  

A intervenção do fisioterapeuta em neonatos está indicada quando há  secreção nas vias aéreas, nos casos que apresentam uma condição desfavorável a  gasometria ou ao exame radiológico, possíveis dificuldades com a depuração ciliar,  com a ventilação mecânica ou alguma outra alteração na mecânica respiratória  (LEWIS, HERDENSON-SMART, 1992; GARCIA, NICOLAU, 1996; MACCARI,  ABREU, MIYOSHI, 2001). 

A princípio, fisioterapia respiratória era sinônimo apenas de uma manobra: a  tapotagem. A partir do desenvolvimento de outras manobras fisioterápicas, as  diferentes alternativas para a higiene brônquica foram incrementadas com a  drenagem postural, vibração, compressões e muitas outras que podem tanto ser  utilizadas individualmente quanto associadas. Ressalta-se que essas manobras utilizadas em neonatos não se diferem das utilizadas em pacientes adultos  (NICOLAU e LAHÓZ, 2007). 

Assim, justifica-se a realização desta Revisão Bibliográfica sobre a  importância das técnicas de fisioterapia respiratória na higiene brônquica, suas  indicações e precauções nos pacientes neonatos em Unidade de Terapia Intensiva  Neonatal. 

A COLETA DE DADOS 

A seleção dos artigos utilizados nesta pesquisa foi realizada no período de  Julho a Agosto de 20013 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) optando por  selecionar somente os encontrados no Scientific Electronic Library Online (SciELO) e  no banco de Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS). Foram  utilizados livros no intuito de enobrecer a pesquisa. 

2. FATORES IMPORTANTES SOBRE A APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE  FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM NEONATOS 

De acordo com a descrição de Tarantino (2008), Manobras ou Terapias de  Higiene Brônquica é o conjunto de técnicas não invasivas que têm como função  auxiliar na mobilização e eliminação das secreções pulmonares, promovendo a  limpeza das vias aéreas respiratórias e a melhora da troca gasosa, prevenindo  futuras complicações. 

Para que se tenha uma total eficácia na utilização de manobras de higiene  brônquica, é de suma importância que o profissional tenha um amplo conhecimento  da anatomia e fisiologia respiratória, assim como dos mecanismos e agentes  causadores de patologias pulmonares, para assim poder conduzir uma avaliação  criteriosa das necessidades do paciente (TARANTINO, 2008). 

Infelizmente, de acordo com Irwin e Tecklin (2013), a aplicação de técnicas de  fisioterapia respiratória em pequenos lactentes é mais complexa do que parece ser. Existem alguns fatores que devem ser muito bem revisados antes de se optar  pela escolha da técnica de Fisioterapia Respiratória mais apropriada para o recém  nascido em questão. Dentre esses fatores, o primeiro envolve a necessidade,  devendo o fisioterapeuta se perguntar sempre sobre a real necessidade da  manobra, tendo em vista que neonatos doentes, especialmente os prematuros, não  toleram bem o manuseio, mesmo aqueles da rotina de uma UTI. Pesquisadores  constataram que muitos procedimentos (inserção intravenosa, mudança de posição,  alimentação, trocas de fraldas, percussão torácica e aspiração) podem resultar em  hipoxemia e aumento de consumo de oxigênio (IRWINM, TECKLIN, 2013). Devido a esses fatores, é de suma importância que os procedimentos de  fisioterapia respiratória sejam realizados apenas quando claramente e devidamente  indicados para um problema já existente ou quando for para prevenção de algum  risco maior a esse neonato. Em contrapartida, existe um segundo fator complicador  que envolve a seleção da combinação mais segura e apropriada de procedimentos  de fisioterapia respiratória para os recém-nascidos, onde o programa de tratamento  sempre deve ser elaborado individualmente para cada paciente. O terceiro fator  complicador está relacionado ao tamanho do bebê. O lactente que pesa menos de 1.000g é extremamente pequeno, e técnicas manuais (percussão torácica e  vibração) são, portanto, mais difíceis de realizar devido ao tamanho e a grande  fragilidade do neonato, podendo dessa forma ser prejudicial nessa fase da vida  (IRWINM , TECKLIN, 2013). 

3. OBJETIVOS E INDICAÇÕES DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NEONATAL 

A fisioterapia respiratória é considerada um recurso de grande auxílio no  tratamento, prevenção e cura de diversas patologias pulmonares e tem como  objetivos principais otimizar a clearence mucociliar (onde movimentos ciliares  impulsionam uma fina camada do muco para serem depuradas através das vias  aéreas); prevenir a obstrução e o acúmulo de secreções brônquicas; melhorar a  ventilação e a hematose (trocas gasosas), além da endurance muscular e  respiratória; reduzir gastos energéticos durante a respiração; maior efetividade da  tosse (SARMENTO, 2010; GARCIA, NICOLAU, 1996; WALLIS, PRASA, 1999;  PARTMAN et al, 2000; SCHANS, 1999). Favorecendo assim, as trocas gasosas,  além de manter ou melhorar a mobilidade da caixa torácica e da parede abdominal  (KISNER, 1998; STOLLER, 2000; COSTA, 1999). 

De acordo com Sarmento (2010), a manutenção da higiene brônquica é de  fundamental importância, devido sua grande capacidade de evitar o colapso de vias  aéreas terminais pelo muco, reduzindo com isso o trabalho respiratório e,  consequentemente, o trabalho cardíaco. 

Com relação às indicações da fisioterapia respiratória em recém nascidos pré  termos (RNPT são neonatos prematuros nascidos antes de 37 semanas de idade  gestacional), Paratz e Burns (1993) concluíram que o tratamento fisioterapêutico  para RNPT enfermos tem indicação sob certas condições clínicas, como as  síndromes aspirativas, a síndrome do desconforto respiratório, pneumonias,  atelectasias, e na prevenção de complicações da ventilação mecânica (LEWIS et al,  1992; GARCIA et al, 1996; MACCARI et al, 2001). 

A intervenção fisioterapêutica é indicada na presença de secreção na via  aérea, e nos casos com evoluções desfavoráveis da gasometria arterial ou a  radiologia, sinais indicativos de problemas com a depuração de muco através dos cílios, com a ventilação mecânica ou outra qualquer outra alteração da mecânica  respiratória, e na maioria das vezes com as três condições (LEWIS et al, 1992;  GARCIA et al, 1996; MACCARI et al, 2001). 

Nicolau (2007) afirma que embora os objetivos da fisioterapia neonatal sejam  semelhantes aos traçados para os adultos, a assistência fisioterapêutica em  Neonatologia apresenta particularidades que estão relacionadas com as diferenças  anatômicas e fisiológicas existentes nestes pacientes, que diferem das demais faixas  etárias. 

4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O APARELHO RESPIRATÓRIO DO  RECÉM-NASCIDO 

O sistema respiratório de um recém-nascido deve fazer a transição da  existência intrauterina para a vida extrauterina e as primeiras respirações são  responsáveis pela expansão dos alvéolos e pelo início das trocas gasosas, sua taxa  respiratória inicial é rápida e primariamente abdominal, porém, devido a maturação  pulmonar, ela se torna gradualmente mais lenta (PORTH et al, 2010). 

Existem inúmeras variações anatômicas e fisiológicas entre neonatos,  crianças e adultos. Essas diferenças aumentam a vulnerabilidade do lactente ao  desconforto respiratório, obstrução das vias aéreas e insuficiência respiratória.  Algumas alterações são protetoras e funcionais em um bebê saudável, porém podem contribuir para problemas em um lactente com alguma patologia (IRWIN et  al, 2013). 

De acordo com Sarmento (2010), os neonatos apresentam algumas  características estruturais e funcionais que prejudicam a eliminação de secreções  através das vias aéreas, tais como uma mecânica respiratória pouco eficiente na  manutenção do volume pulmonar; respiração predominantemente nasal até o quarto  ou sexto mês de vida; vias aéreas mais estreitas; menor número de alvéolos pulmonares; diminuição ou ausência de surfactante, responsável por manter a  pressão intra-alveolar e impedir o seu colabamento; o diafragma dos bebês possui  baixa resistência a fadiga, pois apresenta diminuição em suas fibras musculares e  imaturidade do mecanismo da tosse.

De acordo com as informações de Irwin e Tecklin (2013), às diferenças anatômicas que afetam a função dos neonatos são as seguintes: 

1. Laringe alta, permitindo assim que o RN respire e degluta ao mesmo tempo até  por volta de três a quatro meses de vida (IRWIN et al, 2013). A posição mais  elevada da laringe somada com a resistência relativamente baixa da passagem  aérea nasal contribui para que os neonatos respirem somente pelo nariz.  Havendo comprometimento das dimensões das vias aéreas nasais, haverá  conseqüente um aumento do trabalho respiratório nos que respiram  exclusivamente pelo nariz (IRWIN et al, 2013). 

2. A traquéia é pequena e próxima dos brônquios. As estruturas ramificadas dos  brônquios permitem que os agentes infecciosos sejam facilmente transmitidos  através dos pulmões (PORTH, MATFIN, 2010). 

3. Considera-se que o tecido linfático pode estar aumentado no lactente, podendo  com isso contribuir para a obstrução das vias aéreas (IRWIN et al, 2013).  4. De acordo com Irwin e Tecklen, (2013), os recém nascidos a termo têm  aproximadamente 1/20 da área de superfície alveolar de um adulto. A grande  capacidade de aumentar a quantidade dos alvéolos é protetora. O diâmetro e o  suporte estrutural das vias aéreas em lactentes e crianças é reduzido, e com isso  aumentando as chances de obstrução e colapso das vias aéreas são grandes.  5. Os poros de Kohn e canais de Lambert (canais para ventilação colateral) dos  pulmões de recém nascidos são encontrados em menor número (IRWIN et al,  2013). Pode-se associar a uma maior incidência de atelectasias em neonatos.  6. Porth e Matfin (2010), afirmam que o sistema respiratório dos recém-nascidos  passam por um processo de maturação que inclui um aumento na quantidade de  alvéolos pulmonares e crescimento das vias respiratórias e que os lactentes  respiram pelo nariz até os 3 a 4 meses de idade e por isso, qualquer obstrução  das vias aéreas superiores pode causar angústia respiratória. 

Existem nesse grupo, algumas importantes diferenças fisiológicas que afetam  a função cardiopulmonar, são elas: 

1. Diminuição da complacência (distensibilidade pulmonar) dos neonatos. Vale  ressaltar que em recém-nascidos normais a termo verificamos um aumento na complacência pulmonar na primeira semana de vida (IRWIN et al, 2013). Irwin e  Tecklin (2013) relatam ainda que pouca complacência significa que serão  necessárias grandes pressões de insuflação para que seja mantido o volume  pulmonar, precisando assim haver mais trabalho para ventilar seus pulmões. 

Diversos fatores, segundo Pocock (2006) contribuem para essa resistência  pulmonar: durante as primeiras semanas de vida, o lactente tende a respirar  principalmente pelo nariz; segundo, os bronquíolos são muito estreitos. Essas  características favorecem o consumo elevado de energia na respiração do recém nascido. 

2. De acordo com as informações de Pocock (2006), a frequência respiratória no  recém-nascido é bastante alta e muito variável. Frequentemente, assemelha-se  ao padrão fetal de movimentos respiratórios, com alguns episódios de respiração  superficial, ou até mesmo, apnéia, intercalados com períodos de respiração  normal. A posição em pronação para prematuros com apnéia, pode ser resultado  de melhora da ventilação e da oxigenação pulmonar. (IRWIN et al, 2013). 

3. Os recém-nascidos segundo IRWIN et al (2013), realizam uma compensação  durante as dificuldades respiratórias aumentando a freqüência respiratória, ao  invés de aumentar a profundidade da ventilação. 

4. Os neonatos dormem até 20 horas por dia e passam cerca de 80% do sono em  movimentos rápidos dos olhos (REM); há um grande aumento do trabalho  respiratório durante o sono REM secundário a diminuição do tônus da  musculatura postural (intercostal), fazendo com que a caixa torácica se mova para  dentro durante a contração diafragmática (IRWIN et al, 2013). 

5. O diafragma dos neonatos, segundo apresenta uma porcentagem reduzida de  fibras musculares do tipo I (vermelhas de contração lenta, resistentes a fadiga e  com alta capacidade de oxidação). A pequena quantidade dessas fibras no  diafragma dos recém-nascidos aumenta a capacidade de fadiga da musculatura  respiratória (IRWIN et al, 2013). 

5. ACÚMULO DE SECREÇÕES NAS VIAS AÉREAS 

O sistema respiratório possui mecanismos de defesa, responsáveis por barrar  a entrada de organismos invasores, dentre eles os vírus e poeiras para dentro do  sistema respiratório. Dentre os mecanismos de defesa inclui-se o muco brônquico, que é produzido pelas células caliciformes, glândulas submucosas e Células de Clara.  Células Epiteliais Ciliadas que tem a função de transportar as secreções em direção  à traqueia e a laringe, onde são deglutidas; os macrófagos (células fagocitárias)  presentes nos alvéolos que neutralizam a ação dos agentes invasores; e um grande  número de substâncias contidas no próprio muco: imunoglobulinas A e lactoferrina,  dentre outras. Em condições patológicas como na Pneumonia, Bronquite,  Bronquiolite viral, Síndrome da Membrana Hialina, o mecanismo de produção de  muco pode apresentar-se alterado (Figuras 1 e 2), promovendo assim um acúmulo  excessivo de secreção nos pulmões (Brônquios, bronquíolos e alvéolos) e nas vias  respiratórias, alterando assim o seu transporte pelo sistema mucociliar. Neonatos graves internados em Unidades de Terapia Intensiva, são frequentemente  submetidos à respiração artificial em ventiladores mecânicos, levando à excessiva  produção de secreção devido à inibição da ação dos cílios (TARANTINO, 2008;  SARMENTO, 2010). 

Figura 1. Figura mostrando excesso de secreção em bronquíolo inflamado.

Fonte: http://prematuridade.com/saude-do-prematuro 

Figura 2. Excesso de líquido no interior de um alvéolo – exemplificando a presença de fluido  e pus dentro do espaço onde deveria conter apenas ar. 

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Lobar_pneumonia 

6. TÉCNICAS DE HIGIENE BRÔNQUICA UTILIZADAS EM UTI NEONATAL

A Drenagem Postural, para Sarmento (2010), é considerada um recurso  terapêutico simples, com excelentes resultados e amplamente utilizada na  fisioterapia respiratória neonatal, principalmente quando associada a outras técnicas  convencionais de higiene brônquica. Trata-se de um processo da própria natureza,  embasada nos princípios físicos onde a ação da gravidade age movimentando as  secreções através do trato respiratório distal até o proximal, de onde segundo  Tarantino (2008) essa secreção pode ser eliminada do organismo pela tosse ou  através da aspiração mecânica. De acordo com Tarantino (2008), Para que se  tenham bons resultados com a técnica de Drenagem postural, é necessário que o  posicionamento do paciente seja feito de forma adequada, sempre levando em  consideração o brônquio de drenagem da região comprometida, e realizar a  manutenção de hidratação sistêmica. 

A Vibração Torácica consiste na realização de movimentos oscilatórios,  rápidos, rítmicos e de pequena amplitude, com intensidade suficiente para causar  vibração a nível bronquial, exercidos sobre a parede do tórax, podendo ser feita de  forma manual ou mecânica. Seu efeito positivo se dá devido à liquefação do muco  quando submetido a uma agitação constante (ABREU et al, 2006; SELESTRIN et al  2007; ABREU b et al, 2007; ABREU c et al, 2003; ABREU d et al, 2003). Sarmento  (2010), acrescenta que em neonatos, essa manobra deve ser realizada  posicionando-se a os dedos sobre a região torácica, onde o cotovelo e o punho do  terapeuta deverão permanecer imóveis; será realizada uma contração isométrica  dos membros superiores, produzindo os movimentos vibratórios, durante a fase  expiratória do neonato. A técnica mecânica é exercida através da utilização de  aparelhos específicos que produzem movimentos oscilatórios constantes. A  frequência ideal desejada para se ter benefícios com essa manobra situa-se entre 3  e 55 Hz.  

A Compressão Torácica trata-se de uma técnica desobstrutiva que consiste  na compressão feita na parede do tórax durante a fase da expiração, de forma  relativamente brusca e tem como objetivo formar um fluxo turbulento devido a  aceleração do fluxo expiratório intrapulmonar, causando assim a mobilização das  secreções (CARVALHO, 2000; ABREU, 1998; ABREU b et al, 2006; SELESTRIN et  al, 2007; ABREU c et al, 2007; ABREU LC d et al, 2003; OBERWALDNER, 2000). Durante a aplicação da técnica, é necessário que as mãos do fisioterapeuta estejam  dispostas no sentido anatômico dos arcos costais, com os dedos colocados entre estes. A força de compressão deve ser distribuída igualmente entre a palma da mãe  e os dedos (SARMENTO, 2010). 

Percussão ou Tapotagem pode ser considerada como uma manobra  mucocinética, pois atua promovendo a remoção das secreções acumuladas na  árvore brônquica, mobilizando-as das regiões periféricas para as centrais, onde em  neonatos será expelida através da aspiração das vias aéreas (ABREU et al, 2006;  SELESTRIN et al, 2007; ABREU b et al, 2007; HILL, WEBBER, 2000; ABREU c,  1997; ABREU d, 2000; DOMINGUES, 1995). Para realizá-la em recém-nascidos,  onde a estrutura do tórax não comporta a mão do terapeuta, a manobra poderá ser  realizada utilizando os três dedos médios de uma das mãos, elevando-se o dedo do  meio, deixando assim no formato de uma “casinha” (tetting) (SARMENTO, 2010). 

Aspiração de Vias Aéreas é um procedimento utilizado com a finalidade de  remoção das secreções em pacientes que utilizam via aérea artificial ou mesmo  pacientes que apresentem hipersecreção, com deficiência no mecanismo de eliminação dessas secreções traqueobrônquicas, podendo ser feita pelos sistemas  aberto ou fechado (COSTA, 1999; STOLLER, 2000; ABREU, 1998; ABREU b, 2006;  SELESTRIN et al, 2007; ABREU c et al, 2007). No sistema de aspiração aberto,  conecta-se uma sonda, de diâmetro adequado a via aérea do paciente, a uma fonte  de vácuo, devendo ser introduzida na via aérea do paciente. O tempo para  aspiração deve ser o mais breve possível. No sistema de aspiração fechado,  consiste em um dispositivo, onde a sonda de aspiração permanece completamente  protegida no interior de um saco plástico, que permanece acoplado ao ventilador (ABREU et al, 2006; ABREU b et al, 2007; ABREU c et al, 2003; ABREU c et  al,2003). 

Já o Aumento do Fluxo Expiratório (AFE), é uma técnica que tem a  finalidade de promover a expulsão fisiológica das secreções pulmonar, tendo em  vista que a higiene brônquica normal trata-se de uma explosão expiratória reflexa  (tosse) (ABREU et al, 2006; ABREU et al, 2007; ABREU c, 2003;). O objetivo  principal dessa manobra é gerar uma alta velocidade de fluxo de ar na fase da  expiração, com a intenção de desprender as secreções aderidas na parede  respiratória, onde o aumento do fluxo expiratório é alcançado através de um  movimento toracoabdominal sincronizado. Em neonatos, de acordo com as  informações de Sarmento (2010), a manobra assume a função da tosse quando ela  se encontra ineficaz, seja devido à imaturidade do bebê, particularidades  anatomofisiológicas, fadiga muscular ou mesmo nos casos de entubação orotraqueal ou traqueostomia, sua realização deve ser feita de forma leve e modulada, para  provocar vibração sobre as paredes do tórax, porém sem apoio abdominal para que  não prejudique o trânsito intestinal, devendo ser realizado com a polpa dos dedos. 

O Bag Squeezing é indicado para os pacientes que apresentem o quadro de  hipersecreção pulmonar e tampões mucosos e que estejam utilizando ventilação  artificial, por meio do respirador mecânico invasivo (CARVALHO, 2000; COSTA,  1999). É uma manobra que necessita da utilização de uma bolsa de hiperinsuflação  pulmonar (AMBU) e de outras duas técnicas: vibração e compressão. Segundo  Sarmento (2010), dois fisioterapeutas poderão atuar em conjunto onde o primeiro  administra um volume gasoso com a bolsa e o segundo sincronizará a manobra de  vibrocompressão logo após a insuflação, promovendo com isso uma aceleração no  fluxo expiratório e assim gerando um fluxo turbulento estimulando o mecanismo da  tosse, facilitando o deslocamento das secreções. 

A Drenagem Autógena Assistida (DAA) trata-se de uma técnica para  remoção das secreções brônquicas por meio de respirações em diferentes volumes,  caracteriza-se por lentas expirações ativas, e assim proporcionando o máximo de  fluxo dentro das vias aéreas, deslocando e mobilizando as secreções das vias  aéreas periféricas para as vias centrais, a fim de serem eliminadas (HADDAD et al,  2006). 

A Manobra de Desobstrução Rinofaríngea Retrógrada é um recurso  utilizado para desobstrução rinofaringea, onde realiza-se uma manobra de  inspiração rápida e forçada para que se obtenha um reflexo inspiratório  (POSTINAUX, 2004; POSTINAUX b, 2000). 

Glossopulsão Retrógrada caracteriza-se por ser uma técnica utilizada em  pacientes pediátricos que tem como finalidade a condução das secreções expulsas  através da tosse, que ficam contidas no fundo da cavidade bucal (POSTINAUX,  2004; POSTINAUX b, 2000). 

7. TÉCNICAS DE HIGIENE BRÔNQUICA QUE APRESENTAM CONTRA INDICAÇÕES OU RESTRIÇÕES 

Alguns autores contra-indicam qualquer manobra de higiene brônquica para  recém nascidos pré termo com peso de nascimento menor que 1.500g nos primeiros 3 dias de vida, devido à maior instabilidade torácica e maior possibilidade de ocorrer  hemorragia intracraniana (NICOLAU et al; 2007 SANCHES, 1996).  Coppo (1996) e Juliani et al. (2004) questionam a eficácia do método  Tapotagem para higienização brônquica em RN. Isso porque nessa idade, o tórax é  muito maleável, apresenta dimensões reduzidas e, sendo assim, o efeito mecânico  dessa manobra é consideravelmente menor do que em outras faixas etárias. Nesse  caso, seria necessário aplicar uma energia mais intensa do que a aplicada em  adultos para que só assim possa ocorrer o desprendimento das secreções  brônquicas, o que ofereceria o risco de causar dor podendo até chegar, em alguns  casos, a fratura de costelas. 

Os autores Nicolau, Lahóz (2007) e Argent, Morrow (2004), ressaltam ainda sobre a importância da monitoração cardiológica do paciente durante a realização da  manobra Tapotagem, levando em consideração que pode ocorrer arritmia cardíaca  e/ou instabilidade hemodinâmica durante a realização da higiene brônquica com  essa manobra. 

Para a execução da Tapotagem, Sarmento (2010) acrescenta sobre a  necessidade do bebê se encontrar clinicamente estável, pois esse procedimento  tende a significar um estresse desnecessário nos neonatos em situações de  imaturidade extrema, hipoxemia crítica, hipertensão e hemorragia intracraniana  recente. Portanto, fica contraindicada a realização dessa manobra na presença de  enfisema intersticial extenso, hemorragia pulmonar e pneumotórax não drenado. 

Não é recomenda-se a utilização da Tapotagem em recém-nascidos  imediatamente após a extubação, tendo em vista que se for utilizada como rotina  com tempo de aplicação de 1 a 2 minutos (em recém-nascidos com 28 a 37  semanas de idade gestacional) pode ocasionar o colapso de pequenas vias aéreas  (BAGLEY, GRAY, TUDEHOP, FLENADY, SHEARMAN, LAMONT, 2005 apud  JOHNSTON, 2012). 

O posicionamento na postura de Trendelemburg para drenagem de  secreções respiratórias é contra-indicada em recém-nascidos, crianças com  instabilidade hemodinâmica, e/ou com aumento da pressão intracraniana (PIC).  Tendo em vista que essa postura favorece o aumento da PIC, e o refluxo  gastroesofágico (que pode estar presente ao permanecer nesse posicionamento)  eleva o risco de broncoaspiração e pneumonia aspirativa (ARGENT et al, 2004;  MARTIN et al, 2000).

Sarmento (2010) acrescenta que especialmente nos prematuros, a posição de  Trendelemburg é contra-indicada, tendo em vista que o controle do fluxo sanguíneo  cerebral destes é limitado e que, essa posição desencadeia variações no fluxo  sanguíneo sistêmico e cerebral, permanecendo predisposta a ocorrência de lesões  isquêmicas como a Leucomalácea periventricular (lesão da substância branca) como  de lesões hemorrágicas com hemorragias Peri ou intraventricular. Acrescenta ainda  que é inadequada para casos de hidrocefalias não tratadas, pós operatórios de  cirurgias intracranianas e oculares. 

A Drenagem Postural em neonatos, segundo Sarmento (2010), apresenta  restrições quanto à presença de drenos torácicos ou cateter umbilical, devendo ser  adaptada para cada caso em específico. O decúbito ventral está contra-indicado nos  pacientes que apresentam uma distensão abdominal grave, no pós operatório de  cirurgias abdominais ou cardíacas e ainda em pacientes com defeito no fechamento  da parede abdominal (onfalocele e gastrosquise), porém, a postura prona com  relação a postura supina apresenta indicações pois tem a função de otimizar a  mecânica ventilatória de neonatos com insuficiência respiratória. 

Dentre as manobras de higiene brônquica, A Aspiração das Vias Aéreas  está mais propícia a causar lesões nas vias respiratórias e na caixa torácica, inclusive no sistema nervoso central, podendo ocorrer espasmo laríngeo,  bradicardia, retardo no início da respiração, atelectasias, aumento da pressão  intracraniana (PIC) e infecção local (HUSSEY, 1992; MULLEY, 1998 apud HADDAD et al, 2006). 

A Manobra de Zeep, de acordo com as informações de Azeredo (1993), é  contra-indicada em pacientes hemodinâmicamente instáveis e com hipertensão  intracraniana, assim como em recém nascidos, devido a necessidade de elevação  da pressão positiva de um mínimo de 10 cm H2O e alguns instantes depois levar  esta pressão a zero (Zeep) juntamente com a vibrocompressão sobre a parede do  tórax (ABREU, 2007). 

A dor, segundo Sarmento (2010), é uma manifestação vista com freqüência  durante o emprego da Manobra de Compressão Torácica, dificultando e  comprometendo os benefícios provenientes desse recurso, devendo o fisioterapeuta  dosar seu esforço compressivo, sua técnica e se for necessário, solicitar uma  analgesia adequada. Essa manobra está contra-indicada em pacientes com  osteopenia da prematuridade, plaquetopenia, dentre outras.

A manobra de higiene brônquica de Aceleração de Fluxo Expiratório (AFE) é contraindicada em casos de instabilidade hemodinâmica, hipertensão  intracraniana, hemorragia Peri e intraventricular grave, osteopenia da prematuridade  e distúrbios hemorrágicos (SARMENTO, 2010). 

O Bag Squeezing, para que seja feito de forma adequada, faz necessário o  acoplamento de um manômetro na entrada da via aérea do paciente, com o objetivo  de estabelecer limites apropriados de pressão durante a insuflação manual e ainda  do uso do soro fisiológico com a intenção de fluidificar a secreção (AZEREDO, 1993; COSTA, 1999; KISNER, 1998). Essa manobra é contraindicada em casos de  instabilidade hemodinâmica, hipertensão intracraniana, hemorragias Peri e  intraventricular grave, osteopenia da prematuridade, distúrbios hemorrágicos e de  refluxo gastroesofágico (SARMENTO, 2010).  

CONCLUSÃO 

A análise sistemática dos estudos realizados sobre a atuação dos profissionais  fisioterapeutas em unidades de terapia intensiva neonatal apresenta eficácia  comprovada e grande importância na desobstrução das vias aéreas. Evidenciou-se  que essas manobras, atuam promovendo a depuração de secreções brônquicas,  auxiliando sua posterior eliminação. No entanto, o período neonatal parece  apresentar contra-indicações importantes quanto às manobras para higiene brônquica, principalmente em seus primeiros dias de vida. Todavia, há necessidade  de estudos mais controlados, com amostras significativas a respeito de suas  indicações e seus efeitos adversos. 

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