REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411222305
Tatiane Nunes Ferraz
Orientadora: Priscilla Mota da Costa
RESUMO
Flacidez cutânea é a perda de firmeza e elasticidade da pele, resultando em aspecto solto e enrugado, frequentemente associado ao envelhecimento e à degradação direta da matriz extracelular. Nessa pesquisa, objetivou-se pesquisar a eficiência, os limites bem como a eficácia do uso desses procedimentos na melhoria da flacidez cutânea, através de revisão bibliográfica sistemática. Assim sendo, foi aplicada uma pesquisa em PUBMED/MEDLINE, Web of Science, Scopus e Google Scholar, usando palavras-chaves para pesquisa com base nos últimos 10 anos. Nesse caso, ao total, 27 pesquisas clínicas, ou experimentais, observacionais ou aplicadas foram encontradas. Resultados evidenciaram 4 eixos: injetáveis, de radiofrequência, lasers e ultrassom, de microagulhamento e, por fim, de métodos gerais. Observou-se, que cada uma dessas abordagens possui suas particularidades e potencialidades, permitindo personalização do tratamento conforme as necessidades e expectativas dos pacientes ao caso de flacidez de pele.
Palavras-chave: Flacidez cutânea, toxina botulínica, preenchimentos dérmicos e rejuvenescimento da pele.
ABSTRACT
Skin sagging is the loss of firmness and elasticity of the skin, resulting in a loose and wrinkled appearance, often associated with aging and direct degradation of the extracellular matrix. In this research, the objective was to research the efficiency, limits and effectiveness of the use of these procedures in improving skin sagging, through a systematic bibliographic review. Therefore, a search was carried out in PUBMED/MEDLINE, Web of Science, Scopus and Google Scholar, using search keywords based on the last 10 years. In this case, in total, 27 clinical, experimental, observational or applied research studies were found. Results showed 4 axes: injectables, radiofrequency, lasers and ultrasound, microneedling and, finally, general methods. It was observed that each of these approaches has its particularities and potential, allowing treatment customization according to the needs and expectations of patients in the case of sagging skin.
Keywords: Skin sagging, botulinum toxin, dermal fillers and skin rejuvenation.
1. INTRODUÇÃO
A flacidez da pele é um dos principais sinais (senão considerado o principal) de envelhecimento cutâneo, afetando tanto homens quanto as mulheres a partir de uma certa idade (MOTTA et al., 2022). Resultante de muitos mecanismos internos, como o estresse oxidativo, e externos, como tabagismo, exposição aos raios UV e consumo de álcool, é impossível escapar desse fenômeno é demasiado difícil tratá-lo. Todavia, cosméticos/dispositivos médicos são continuamente desenvolvidos para retardar esse processo, reduzir seus impactos e até mesmo devolver a firmeza original à nossa pele (BLAYLOCK; LIBOV, 2022).
Para que um tratamento seja eficaz, é fundamental entender os mecanismos subjacentes à flacidez cutânea. Para isso, é necessário prestar atenção em proteína extremamente importante no corpo humano: o colágeno (GINAT, 2019). O colágeno é proteína fibrilar estrutural, predominante e ubíqua (presente em todo órgão) em todos os mamíferos. Atua suporte para órgãos como os pulmões, ossos e pele, permitindo que resistam aos choques, às deformações e às rupturas; e é composto por três fibras de protocolágeno que lhe conferem resistência como corda (GINAT, 2019; SARKAR; SINHA, 2022). Presente na matriz extracelular, ele é continuamente renovado entre as metaloproteases, que o destroem quando está envelhecido, e os fibroblastos, que o ressintetizam para substituí-lo. Assim, a pele humana é composta por colágeno jovem e funcional, capaz de desempenhar de forma ideal sua função de sustentação (GINAT, 2019; SARKAR; SINHA, 2022).
Com o tempo, ocorre uma degradação do colágeno. Estudos recentes afirmam que o colágeno presente na pele de uma mulher de 28 anos com o de uma mulher de 83 anos destaca uma degradação em termos de quantidade, com o colágeno sendo significativamente menos denso em pele madura em comparação a uma pele jovem. Para além disso, também se observa uma degradação na qualidade, com o colágeno ficando enovelado, desorganizado, adquirindo forma tortuosa/disfuncional (ZAIDI; HUSSAIN; SUDHAKARAN, 2019; DWIVEDI et al., 2022).
Um dos principais responsáveis, mas não único, pelo envelhecimento celular conhecido é o estresse oxidativo. O estresse oxidativo pode ser causado por fatores ambientais, como a poluição, o sol e o tabaco, mas também por mecanismos internos, como doenças. Por exemplo, estresse oxidativo pode levar a uma peroxidação lipídica das membranas celulares, resultando, assim, na morte celular e, consequentemente, na diminuição dos fibroblastos (DWIVEDI et al., 2022).
Para além disso, com o passar do tempo, mitocôndrias, que produzem energia por meio da fosforilação oxidativa, têm, assim, sua atividade energética reduzida (uma diminuição do ATP), mas a sua produção de produtos oxidativos (ROS) aumenta. Isso danifica, em uma reação em cadeia, os mecanismos importantes dentro das células, como o proteassoma, um complexo essencial responsável por destruir as proteínas mal enoveladas e disfuncionais para permitir o reaproveitamento de seus aminoácidos na criação de novas proteínas (ZAIDI; HUSSAIN; SUDHAKARAN, 2019).
Paralelamente a esse fenômeno, observa-se processo de glicação de proteínas (ANDREWS, 2022). De fato, devido ao consumo de açúcar industrializado, moléculas de glicose se fixam em proteínas de renovação lenta, como colágeno ou elastina, inibindo sua função (EISENSCHENK et al., 2019; ZAIDI; HUSSAIN; SUDHAKARAN, 2019; ANDREWS, 2022; DWIVEDI et al., 2022).
Em uma normalidade, essas moléculas são imediatamente direcionadas para o proteassoma a serem recicladas. No entanto, como o proteassoma está danificado pelo estresse oxidativo, sua atividade é desacelerada, resultando na acumulação de proteínas disfuncionais na matriz extracelular (MICHELETTI et al., 2022). Com envelhecimento, vários mecanismos causam modificação quantitativa e qualitativa do colágeno, levando a perda de sustentação da pele (ZAIDI; HUSSAIN; SUDHAKARAN, 2019). Estudar a flacidez, logo, é relevante.
Tão relevante que, de fato, um dos maiores desafios deste século XXI é a luta contra o envelhecimento, definido como um conjunto de mecanismos fisiológicos que alteram as capacidades físicas e intelectuais do organismo. O envelhecimento da pele é só traço visível desse processo. Está associado a grandes defeitos de cicatrização, relacionados com a alteração das propriedades biomecânicas das células cutâneas, principalmente dos fibroblastos dérmicos (JAMES et al., 2019).
O envelhecimento da pele e dos tecidos de suporte é bastante evidente ao olho tácito. A epiderme afina, o processo de renovação celular diminui: a proliferação de queratinócitos é retardada. As junções dermo-epidérmicas ficam fragilizadas. A derme atrofia-se, com diminuição da celularidade, da vascularização e da matriz extracelular. O tecido adiposo subcutâneo também atrofia (devido a mecanismos de senescência, lipólise e redistribuição visceral), assim como massas musculares que sofrem uma amiotrofia. Esses fenômenos induzem o afinamento geral da pele e enfraquecimento de seu suporte adipomuscular, levando ao relaxamento cutâneo (HAY; ASIEDU, 2019; COLEGIO, 2018; ZAIDI).
A perda de tecido cutâneo, especialmente nas camadas dérmica e hipodérmica, favorece o aparecimento de sinais visíveis, como as rugas. O envelhecimento também está associado aos defeitos de cicatrização, responsáveis pelo surgimento de feridas crônicas, úlceras e até escaras, além de poder favorecer o aparecimento de patologias cutâneas mais graves (JAMES; ELSTON; MCMAHON, 2017). O envelhecimento é processo gradual que ocorre naturalmente, mas que pode ser acelerado e, não por menos, pode ser “retardado”, assim através da própria saúde individual (HALL; HALL, 2017) e dos usos de procedimentos estéticos, invasivos e não invasivos. Para o caso desta pesquisa, foca-se nos procedimentos não invasivos, que são procedimentos estéticos que têm como objetivo melhorar a aparência sem a necessidade de cirurgia ou intervenções invasivas na pele. Entre os mais reconhecidos estão a toxina botulínica, os preenchimentos, os peelings, microdermoabrasão e laser (PINTO; FONTDEVILA, 2019). Em tempo, esta pesquisa tem como objetivo pesquisar a eficiência, os limites bem como a eficácia do uso desses procedimentos na melhoria da flacidez cutânea, por meio da metodologia a seguir.
2. METODOLOGIA
A pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica sistemática, conduzida por meio de busca abrangente em plataformas de pesquisa acadêmica para identificar e analisar estudos publicados nos últimos 10 anos. 4 plataformas foram selecionadas: PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar.
Para guiar a pesquisa, foram elaboradas doze palavras-chave relacionadas aos procedimentos estéticos não invasivos e à flacidez cutânea, utilizadas em português e inglês. Palavras-chave incluíram termos como “flacidez cutânea”, “toxina botulínica”, “preenchimentos dérmicos” e “rejuvenescimento da pele”. Aplicação dessas palavras nas plataformas visou identificar artigos que abordassem a eficácia dos tratamentos estéticos não invasivos. Apenas publicações dos últimos 10 anos, revisadas por pares e que ficassem em procedimentos estéticos não invasivos relacionados à flacidez cutânea, foram incluídas. A análise dos dados coletados ocorreu via organização dos artigos em banco de dados, a extração e a realização de análises qualiquantitativa. A interpretação dos dados considerou fatores como idade e tipo de pele, analisando quantitativamente e qualitativamente as pesquisas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao total, a partir dos filtros que foram apresentados acima (tanto de exclusão como de inclusão), um total de 27 pesquisas foram encontradas para compor todas as análises desta revisão. Elas são apresentadas no Quadro 1, considerando o ano de publicação, a autoria, o objetivo central, a amostra para qual a pesquisa foi gerada e aplicada e, o tipo de pesquisa que foi realizada.
Quadro 1: Pesquisas Selecionadas para Análise
Fonte: Elaborado pela Autora (2024)
Baseando-se, assim, nos grupos de artigos apresentados no quadro acima, as próximas subseções discutem cada um dos resultados desta pesquisa, partindo do tipo de técnica que foi encontrada.
3.1 INJETÁVEIS
Investigações sobre a flacidez da pele, em especial em relação aos tratamentos com ácido hialurônico e ainda peptídeos sintéticos, revelam resultados promissores, demonstrando a eficácia de várias abordagens. O estudo de Campiche et al. (2019) focou na perda de volume, flacidez e/ou firmeza da pele, características marcantes do envelhecimento cutâneo, decorrentes da degradação de uma matriz extracelular. Para contrabalançar essa perda, desenvolveram tripeptídeo, com a atividade estimulante sobre o ácido hialurônico em ambientes in vitro.
Resultados demonstraram aumento no conteúdo de ácido hialurônico (HA) e Cluster of Differentiation 4 (CD44), além de melhorias visíveis (+50%) na firmeza da pele, evidenciadas por uma redução na deformação das bochechas e um aumento no volume da pele sob os olhos. Esses dados sugerem que o tripeptídeo não apenas promove a síntese de HA, mas também melhora a hidratação da pele, enfatizando potencial como agente anti-envelhecimento (CAMPICHE et al., 2019).
Hsieh et al. (2023) investigaram os efeitos biostimuladores de microinjeções de ácido hialurônico de partículas pequenas (SPCLHA) em oito pacientes. Três injeções foram realizadas, e parâmetros biofísicos foram avaliados em diferentes intervalos. A análise histológica revelou espessamento da epiderme e aumento na vascularização da pele tratada (HSIEH et al., 2023). Os resultados indicaram que essa técnica é eficaz para rejuvenescimento cutâneo, evidenciando seu potencial na melhora da flacidez da pele (HSIEH et al., 2023).
Sundaram et al. (2018) conduziram um estudo controlado de face dividida, que envolveu 24 mulheres de 35 a 55 anos, com o objetivo de investigar a eficácia de um soro de ácido hialurônico reticulado (RHA) na melhoria dos resultados clínicos de procedimentos como preenchimentos, microneedling e peeling químico (SUNDARAM et al., 2018). Participantes foram divididos em três grupos, onde cada grupo recebeu um dos tratamentos mencionados, seguido pela aplicação do soro RHA em um lado do rosto por 28 dias. As pontuações dos avaliadores cegos indicaram maior melhoria na aparência da pele, incluindo aumento na uniformidade, textura e aparência global. Os participantes também relataram maior satisfação com a aparência do lado tratado do rosto (SUNDARAM et al., 2018).
Bernardo et al. (2024) investigaram a eficácia dos biostimuladores de poli-L-ácido láctico (PLLA) e polidioxanona (PDO) em ratos para observar o seu impacto na produção de colágeno tipo I/III, relacionados à flacidez cutânea (Bernardo ET AL., 2023). O experimento utilizou 16 ratas Wistar divididas em quatro grupos: G1, que recebeu subcisão hipodérmica (HS); G2, que recebeu HS e injeção de PLLA; G3, que recebeu HS e injeção de PDO; e G4, que serviu como grupo controle sem tratamento. Os resultados mostraram que o grupo G3 apresentou maior organização e espessura do tecido hipodérmico e dérmico, indicando uma melhor resposta do biostimulador PDO em comparação ao PLLA (G2), que exibiu irregularidades na disposição das fibras de colágeno (BERNARDO et al., 2023).
No estudo de Hertz-Kleptow et al. (2019), a eficácia e segurança de um novo preenchimento de ácido hialurônico (CPM®-HA20G) foram investigadas, tão logo, em 25 mulheres com sinais de envelhecimento facial. Os resultados mostraram aumento significativo na elasticidade e firmeza da pele nas semanas 9 e 12, com melhorias em tom, radiância e hidratação até 36 semanas. Redução da fadiga da pele, rugosidade e da vermelhidão foi observada ao longo do tempo. Em tempo, tanto os sujeitos quanto os avaliadores cegos demonstraram alta satisfação com os resultados do tratamento, indicando que o CPM®-HA20G é eficaz para revitalização da pele e pode ser uma abordagem precoce para intervenções em pacientes com, assim sendo, sinais iniciais de envelhecimento (HERTZ-KLEPTOW et al., 2019).
Ayatollahi et al. (2020) exploraram a eficácia e segurança da terapia de injeção de ácido hialurônico não reticulado em 20 indivíduos com uma média de 40,15 anos. Três injeções foram administradas com intervalos de três semanas (AYATOLLAHI et al., 2020). A avaliação da hidratação e elasticidade da pele foi realizada antes e após a intervenção, com acompanhamento de um mês. Resultados mostraram um aumento significativo na hidratação da pele tanto uma semana quanto quatro meses após o último tratamento. Firmeza da pele também apresentou uma redução significativa logo após o primeiro mês e continuou a melhorar (AYATOLLAHI et al., 2020).
Stuzin; Rohrich; Dayan (2019) examinaram a compartimentalização da gordura facial no processo de rejuvenescimento e suas implicações clínicas para o tratamento da flacidez cutânea. A análise focou-se na perda de volume em compartimentos faciais específicos e na forma como essa perda contribui à deflação da região das bochechas, um sinal clássico do envelhecimento facial.
O estudo propôs que o conhecimento detalhado da anatomia da gordura facial permite uma abordagem personalizada para o reposicionamento dos compartimentos de gordura e a restauração do volume profundo, utilizando, assim sendo, o sistema musculoaponeurótico superficial (SMAS). Autores assinalaram que a compreensão da compartimentalização da gordura é crucial ao sucesso em tratamentos de flacidez e que reposição volumétrica dos compartimentos faciais profundos, combinada com as técnicas de tração do SMAS, resulta em rejuvenescimento mais efetivo e duradouro (STUZIN; ROHRICH; DAYAN, 2019).
Kleine-Börger et al. (2022) analisaram as propriedades viscoelásticas da pele após microinjeções com o CPM-HA20G. Quinze sujeitos foram randomizados para receber três tratamentos ou tratamento único. Medidas de propriedades viscoelásticas foram realizadas antes e após as injeções. Os resultados mostraram que tanto quanto três tratamentos consecutivos melhoraram significativamente a firmeza da pele, com resultados ainda mais pronunciados no grupo de múltiplos tratamentos (KLEINE-BÖRGER et al., 2022), fundamentalmente.
3.2 RADIOFREQUÊNCIA, ULTRASSOM E LASERS
Friedman et al. (2020) avaliaram o sistema Doublo de ultrassom focalizado intenso (IFUS) em 43 pacientes com laxidez no pescoço e rosto. Dentre os participantes, 52,9% relataram alguma melhora, enquanto efeitos adversos, como eritema e edema, foram leves e transitórios. Resultados sugerem que ultrassom é seguro para pacientes com flacidez leve. Gold e Biron (2023) estudaram um dispositivo de um ultrassom não focado em 15 participantes com idades entre 40 e 69 anos. Após duas sessões, às avaliações aos 3 e 6 meses mostraram uma melhora consistente em todas as áreas tratadas, com pontuação média de dor de 5,6 em uma escala de 0 a 10, indicando dor tolerável. Em tempo, o estudo de Oni et al. (2014) com 103 adultos revelou que 58,1% apresentaram melhora observada por revisores cegos, e 63,6% reportaram melhoria após 90 dias. A pacientes com IMC acima de 30 kg/m², 54,5% não mostraram melhora, ressaltando a importância do IMC na eficácia do tratamento).
Suh et al. (2015) obtiveram melhoras de 63,6% nas avaliações subjetivas e 72,7% nas objetivas em 11 pacientes tratados com IFUS, além de aumento das fibras de colágeno. Ko et al. (2017) mostraram melhorias significativas em todos os locais tratados em 32 participantes, com uma pontuação média de dor de 3,00±1,586, e sem relatos de dor em 4 e 12 semanas após o tratamento. Yutskovskaya et al. (2020) avaliaram a combinação de ultrassom microfocado com hidróxido de cálcio em 20 participantes, observando reduções significativas nas linhas de marionete e contorno da mandíbula, com melhorias em pontuações de 2,47±0,8 para 1,8±0,7 (P≤0,00003) e de 2,2±0,7 para 1,89±0,56 (P≤0,005).
Por fim, Tanaka et al. (2014) relataram que o tratamento com radiofrequência controlada por fase múltipla em 10 pacientes resultou assim em aumento significativo na densidade de elastina (p=0,0013), sem efeitos colaterais.
3.3 MICROAGULHAMENTO
Embora com número limitado, estudos de Gawdat et al. (2021), Kaplan (2016), Tanaka (2015) e Liu et al. (2024) trabalham com microagulhamento.
Gawdat et al. (2021) realizaram estudo com 20 pacientes com laxidade cervical moderada, comparando microagulhamento de radiofrequência fracionada isolado e combinado com plasma rico em plaquetas (PRP). Ambos grupos mostraram melhorias significativas na espessura dérmica e no ângulo cervicomental. Embora grupo tratado com PRP tenha apresentado tendência de resultados mais positivos, eficácia adicional do PRP permanece uma questão em aberto. Kaplan (2016) avaliou a eficiência de um protocolo com radiofrequência multisource em 14 pacientes, que n=12 tratamentos (8 não ablativos e 4 fracionados). Viu-se que 43% dos participantes notaram melhorias excelentes/muito boas, com tempo de recuperação mínimo e sem efeitos adversos. Confirmou-se que a combinação de modalidades de tratamento com radiofrequência é eficaz, proporcionando resultados satisfatórios.
Tanaka (2015) focou na eficácia do microagulhamento de radiofrequência não isolada (NIMNRF) em 20 pacientes, com coagulação não térmica em profundidades específicas. Após seis meses, a redução volumétrica média foi de 12,1 mL, com 90% dos pacientes satisfeitos. Complicações foram mínimas, consistindo em leve ardência e eritema temporários, destacando o NIMNRF como abordagem segura e eficaz para flacidez facial. Por último, Liu et al. (2024) realizaram um estudo prospectivo com 21 pacientes submetidos a três tratamentos com assim sistema de microagulhamento de radiofrequência assistido por vácuo. Os resultados mostraram reduções significativas nas alterações volumétricas e rugas faciais na região tratada em comparação ao lado de controle. O tratamento demonstrou ser seguro e eficaz, com aqui efeitos benéficos sustentados por até seis meses, destacando seu potencial para o rejuvenescimento facial duradouro, fundamentalmente.
3.4 OUTROS PROCEDIMENTOS ENCONTRADOS
Outros procedimentos, de menor ênfase na pesquisa, foram encontrados. Esse é o caso do estudo de Mul et al. (2018), que investigaram utilização de dois polímeros, polivinilpirrolidona (PVP) e poliacrilato, em ensaio clínico duplo-cego com 32 mulheres de 35 a 65 anos que apresentavam perda de elasticidade. Ambas as formulações mostraram um aperto instantâneo da pele facial, mas apenas o poliacrilato resultou em melhorias significativas na firmeza e redução das rugas. Bernstein e Bloom (2017) avaliaram a criolipólise na redução de gordura submental em 14 participantes. Os resultados mostraram uma taxa de identificação correta de 81% entre as imagens pré e pós-tratamento, além de uma redução média da camada de gordura de 2,3 mm.
A satisfação dos participantes foi alta, com 93% contente com tratamento. A eficácia e segurança da criolipólise foram corroboradas por Jalian et al. (2022), que também observaram melhorias significativas na gordura submental com combinação de criolipólise e ATX-101, resultando em redução média de aproximadamente dois graus na avaliação estética. Assim, ambos os estudos indicam que a criolipólise é uma abordagem segura e eficaz para a redução de gordura submental, com resultados positivos sustentados, respectivamente (BERNSTEIN; BLOOM, 2017).
Por fim, Kakar et al. (2014) compararam a dor relatada por pacientes com e sem experiência prévia em procedimentos estéticos por meio de polímeros. Com eficiência de 71% de resultados positivos pela amostra, também se relatou que a dor é tolerada em face aos resultados. Já Yan et al. (2022) investigaram dispositivo de iontoforese para a entrega de vitamina C em 24 participantes e os resultados mostraram melhorias significativas na hidratação e aperto dos poros, evidenciando eficácia do dispositivo. Este achado complementa a eficácia observada em outros estudos, como o de Guo et al. (2023), que demonstraram que o ácido hialurônico reticulado por aminoácidos (ACHA) melhorou significativamente elasticidade e umidade da pele (>54%, p >000,5). Por fim, Lee et al. (2022) compararam preenchedores de polinucleotídeos (PN) com ácido hialurônico, encontrando eficácia boa, mas com superioridade em elasticidade e hidratação para o grupo PN. Isso sugere que, embora ambos os preenchedores sejam eficazes, polinucleotídeo pode oferecer vantagens adicionais. Em síntese, esses estudos demonstram uma diversidade de abordagens na dermatologia estética, evidenciando que tanto a segurança quanto à eficácia são fundamentais na avaliação de novos tratamentos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A flacidez da pele é um dos principais sinais do envelhecimento cutâneo, e diversas abordagens têm sido estudadas para tratá-la, especialmente os tratamentos injetáveis. Pesquisas recentes sobre o uso de ácido hialurônico e peptídeos sintéticos revelaram resultados promissores. O tripeptídeo, aplicado em equivalentes cutâneos 3D, aumentou significativamente o conteúdo de ácido hialurônico, resultando em melhorias visíveis na firmeza da pele. Além disso, microinjeções de partículas pequenas de ácido hialurônico demonstraram estimular, assim, a produção de colágeno, ajudando a restaurar a integridade estrutural da pele. Dessa forma, a atuação do biomédico é fundamental à aplicação segura e eficaz dessas técnicas, garantindo a personalização do tratamento conforme as necessidades de cada paciente.
As tecnologias de radiofrequência e ultrassom também têm se destacado no tratamento da flacidez cutânea, com avanços notáveis. Nisso, estudos com ultrassom focalizado intenso demonstraram que essa técnica é uma opção segura e eficaz para melhorar a pele facial, com muitos participantes relatando resultados positivos. O uso de dispositivos de ultrassom não focado também apresentou resultados satisfatórios em áreas como supercílio e pescoço. De fato, o sistema Ulthera, que utiliza ultrassom microfocado, foi eficaz na indução de colágeno, destacando, tão logo, a importância do biomédico na seleção e aplicação dessas tecnologias para maximizar os resultados e a segurança do tratamento.
O microagulhamento, especialmente quando combinado com radiofrequência, representa uma alternativa eficaz para tratar a flacidez. Estudos indicam que essa abordagem, aliada ao uso de plasma rico em plaquetas, resulta, assim, em melhorias significativas na espessura dérmica e definição do contorno facial. A utilização de plataformas de radiofrequência multisource oferece resultados com, de fato, tempo de recuperação mínimo, o que é atraente aos pacientes. A segurança e eficácia dessas técnicas não invasivas, apoiadas por dados de pesquisa que mostram alta satisfação dos pacientes, reforçam a importância da abordagem multidisciplinar, onde biomédico atua em papel crucial para otimizar intervenções estéticas. Estratégias combinadas para o tratamento da flacidez não só proporcionam resultados duradouros, mas também atendem às expectativas dos pacientes, oferecendo um panorama otimista para o rejuvenescimento cutâneo.
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