REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411222230
Gisele Rodrigues Ramos1; Jenifer Farias Aristides da Silva2; Lorena de Oliveira Almeida3; Maria Eduarda Braine de Campos4; Mayara Gabriela Rosa Gomes5; Renata Rodrigues6; Sandryelle Martins7; Prof. Laura de Moura Rodrigues8; Fabrício Vieira Cavalcante9
RESUMO
A fisioterapia na saúde da mulher é fundamental na prevenção e no tratamento da diminuição da força do assoalho pélvico. Com o enfraquecimento dessa musculatura, a mulher pode desenvolver disfunções sexuais, incontinência urinária, prolapso genital e flacidez vaginal. O fisioterapeuta, com seu vasto conhecimento em fisiologia e movimento, possui a capacidade de auxiliar na resolução dessas condições. Esta pesquisa, uma revisão de literatura, tem como principal objetivo destacar a relevância do tratamento e a importância do fisioterapeuta no manejo da incontinência urinária, desde a percepção corporal até o tratamento propriamente dito. Os resultados evidenciaram ampla concordância entre autores, destacando técnicas diversas para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. Concluiu-se que a prevenção e a aplicação da fisioterapia uroginecológica alcançam bons resultados na saúde e qualidade de vida da mulher.
Palavras-chave: Fisioterapia; assoalho pélvico; incontinência; disfunções.
INTRODUÇÃO
A continência urinária é um processo complexo que depende de vários fatores inter-relacionados. Ela é mantida quando há um controle adequado da sustentação anatômica do trato urinário, bem como uma função esfincteriana normal. Isso significa que deve haver uma continuidade de superfície entre a bexiga e a uretra, e a pressão intra-uretral precisa ser maior que a pressão intravesical. Além disso, é crucial a integridade do músculo detrusor e a inervação preservada tanto da musculatura lisa da uretra quanto do músculo esquelético do esfíncter externo. Esses fatores juntos garantem o funcionamento adequado do sistema urinário e a capacidade de reter a urina até o momento adequado para a micção (PALMA; PORTUGAL, 2009).
De acordo com a Sociedade Internacional de Incontinência Urinária (ICS), a incontinência urinária é caracterizada pela perda involuntária de urina. Ela pode se manifestar em três formas: incontinência urinária de esforço, incontinência urinária de urgência e incontinência urinária mista. Pode ocorrer em ambos os sexos e em todas as idades, mas é mais prevalente em mulheres, com a incontinência urinária de esforço sendo o tipo mais comum (DEDICAÇÃO; HADDAD; SALDANHA; DRUISSO, 2009).
Existem diversos fatores de risco que contribuem para essa condição, incluindo: envelhecimento, menopausa, obesidade, uso de medicações, infecções urinárias, disfunções pélvicas, radioterapia, cirurgias pélvicas, anormalidades neurológicas na região pélvica e genital, predisposição familiar, além de gravidez e parto vaginal (REIS et al., 2013).
Pires (2020) destaca tal condição de saúde como um sintoma frequente que atinge mulheres de todas as idades, podendo impactar significativamente o bem-estar físico, psicológico e social das afetadas. Sua prevalência é maior entre mulheres, devido a fatores anatômicos e ao avanço da idade (8-34% entre idosos), sendo muitas vezes equivocadamente vista como um aspecto natural do envelhecimento (PIRES, 2020).
O Assoalho Pélvico constitui uma camada muscular que oferece suporte aos órgãos pélvicos. Ele é composto pelos músculos elevador do ânus, pubovaginal e coccígeo. Suas funções incluem sustentar os órgãos pélvicos, fechar a pelve, manter as vísceras na posição vertical, além de prevenir a incontinência urinária e fecal. Ademais, o assoalho pélvico é essencial para a função sexual (CASTRO, 2019).
A retenção de urina e a subsequente eliminação da bexiga são processos fisicamente complexos. Para que ocorram de maneira adequada, é essencial que diversos músculos, nervos parassimpáticos, simpáticos, somáticos e sensoriais trabalhem de forma coordenada, evitando a incontinência urinária. O funcionamento apropriado do sistema urinário inferior é fundamental, o que requer a integridade anatômica e das vias nervosas centrais que coordenam as ações da musculatura lisa e estriada do aparelho urinário e do assoalho pélvico. Assim, para manter a integridade funcional do sistema urinário, é recomendável a prática de atividades de conscientização e exercícios voltados ao fortalecimento dos músculos pélvicos (FRANÇA; LIVRAMENTO, 2023).
O assoalho pélvico é constituído pelos músculos levantadores do ânus (pubovisceral, pubococcígeo e iliococcígeo), coccígeo, bulbocavernoso, isquiocavernoso, e pelos músculos perineais transverso profundo e superficial. Essa musculatura pode ser exercitada em todas as fases da vida da mulher, especialmente durante a gestação, já que um períneo enfraquecido pode resultar em disfunções sexuais. A musculatura perineal enfraquecida pode causar incontinência urinária, prolapso genital, disfunção sexual e flacidez vaginal (BARACHO, 2007).
Ponto importante a destacar é que durante a gestação, a musculatura do assoalho pélvico sofre uma sobrecarga, pois é responsável por sustentar os órgãos pélvicos, os anexos embrionários e o peso do bebê. Com o avanço da gravidez, essa sobrecarga aumenta, resultando em uma diminuição da força muscular devido às alterações biomecânicas e hormonais normais desse período. Além disso, fatores como alteração postural, ganho excessivo de peso e hábitos urinários inadequados podem levar a gestante a desenvolver disfunções (NAGAMINE; DANTAS; SILVA, 2021).
Destaca-se ainda a abordagem sobre o estilo de vida sedentário e sua relação com a incontinência urinária em mulheres, destacando a importância da atividade física na prevenção e manejo da condição. Sendo relevante para entender como o estilo de vida influencia a condição e como a fisioterapia pélvica pode ser integrada a abordagens de estilo de vida saudável para tratar a incontinência urinária em mulheres (STEENSTRUP et.al, 2018). A escolha do tema “Fisioterapia Pélvica na Mulher: Avaliação e Tratamento da Incontinência Urinária” se justifica pela sua alta prevalência e pelo impacto significativo na qualidade de vida das mulheres oferecendo uma abordagem não invasiva e eficaz para melhorar os sintomas e a funcionalidade do assoalho pélvico, sendo crucial para promover uma melhor qualidade de vida e a pesquisa nessa área se mostra essencial para desenvolver protocolos de tratamento personalizados e promover a conscientização sobre essa condição de saúde.
O fisioterapeuta, como detentor de conhecimento fisiológico e do movimento, tem ao seu alcance o poder de ajudar a solucionar essa condição ao especializar-se no campo pélvico, conduzindo um tratamento mais adequado e otimizado para suas pacientes, trazendo-lhes um maior conforto diário e uma melhor qualidade de vida. O estudo de Lukaks (2024) aborda a avaliação da incontinência urinária em mulheres, fornecendo percepções sobre os métodos de diagnóstico e avaliação da condição. Reforça a importância de entender os diferentes aspectos da avaliação da incontinência urinária em pacientes do sexo feminino, informando as estratégias de intervenção em fisioterapia pélvica.
Rendón (2022) corrobora a relevância deste tema como uma forma de desmistificar a condição fisiológica apresentada, na sua maioria, relatada por mulheres, e a posição do fisioterapeuta como um educador sobre o assunto, tanto em consultório, na prescrição de exercícios específicos ou como um educador na atenção primária, na promoção e prevenção em saúde, da incontinência urinária.
Diante de todo exposto esta pesquisa do tipo revisão de literatura tem como objetivo principal evidenciar a relevância do tratamento e a importância do profissional fisioterapeuta no manejo da incontinência urinária, desde a percepção corporal ao tratamento. Para isto utilizou-se de objetivos específicos como identificar as principais contribuições de autores na temática, relacionar os prejuízos que a incontinência urinária traz para a vida da paciente, apresentar meios de tratamentos e intervenções fisioterapeutas, e relacionar a atuação profissional com os benefícios proporcionados e a melhora da qualidade de vida.
METODOLOGIA
Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica de natureza descritiva e exploratória, com uma abordagem qualitativa. Sua discussão teórica fundamenta-se em artigos científicos e outras produções intelectuais.
Foram pesquisados artigos nas bases de dados PEDro (Physiotherapy Evidence Database), PubMed, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e Google Acadêmico. Os descritores utilizados foram assoalho pélvico, fisioterapia, mulheres, incontinência urinária, fisioterapia e seus correspondentes, podendo tais descritores estarem no título ou no resumo. Foi ainda utilizada a biblioteca da instituição para pesquisa de livros que abordam sobre os descritores citados acima.
A busca pelo material bibliográfico utilizado foi realizada nos meses de abril e maio do ano de 2024, onde os autores do trabalho avaliaram a qualidade dos estudos, os critérios de inclusão e exclusão, a fim de captarem material significativo existente nas bases de dados relacionados ao tema.
Materiais nos idiomas inglês, português, espanhol e francês, sendo os de língua estrangeira disponíveis em português ou traduzidos sem prejuízo ao conteúdo original.
O recorte de busca literária se deu nos últimos vinte anos (2004 a 2024) para artigos científicos publicados. Para as obras utilizadas não foi estabelecido período em virtude de os conteúdos conceituais permanecerem revisados pelas edições recentes.
Optou-se por incluir na revisão apenas os estudos que abrangem a incontinência urinária em mulheres, sem patologias associadas, com a atuação do fisioterapeuta pélvico.
Em seguida, os resultados de todos os artigos foram analisados para avaliar a eficácia do tratamento fisioterapêutico na incontinência urinária, e evidenciar sua relevância em prol de uma melhora da qualidade de vida nas pacientes.
Foram excluídos os trabalhos que não abordavam saúde da mulher, que abordavam a temática em outras patologias, com datas anteriores a preestabelecidas pelos componentes do grupo.
Após filtrados os descritores, e analisados os resultados tendo por base todos os critérios supracitados, esta revisão teve por base 06 produções científicas e recorreu aos conceitos de 02 obras bibliográficas, dentre outras publicações referenciadas ao longo da revisão.
Os resultados permitiram ampla reflexão sobre o tema, com a abordagem dos vários autores, evidenciando a relevância do tema e a importância da atuação fisioterapêutica no tratamento da incontinência urinária e fortalecimento do assoalho pélvico de mulheres.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao iniciar as pesquisas para unir as publicações que seriam revisadas, a busca localizou 41 publicações. Os artigos que não tinham como temática central a saúde da mulher e o uso das técnicas fisioterápicas em prol de seus tratamentos foram descartados. Tais documentos excluídos, em sua maioria, tratavam de patologias relacionadas ao assoalho pélvico, aprofundaram a incontinência urinária, mas não relacionavam a fisioterapia como uma das contribuições em seu tratamento.
Desta forma, os resultados e a discussão apresentada levaram em consideração os estudos de 06 produções científicas a seguir, além de duas obras conceituais bibliográficas.
Estão apresentadas as publicações utilizadas como base para a revisão.
Autor / Ano | Título | Conclusão |
CASTRO, L. A.; MACHADO, G. C.; TRINDADE, A. P. N. T. da. 2019. | Fisioterapia em Mulheres com Incontinência Urinária – Relatos de Caso. | A intervenção fisioterapêutica, no grupo estudado, foi eficaz para a qualidade de vida das pacientes. |
NAGAMINE, B. P.; DANTAS, R. da S.; SILVA, K. C. C. da. 2021. | A importância do fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico na saúde da mulher. | A fisioterapia torna-se cada vez mais participativa e importante no fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico em prol da satisfação sexual feminina e prevenindo disfunções. |
BUZO, D.F.C.; CRUZ, N.C.; GARBIN, R.F. 2018. | A importância do fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico na satisfação sexual feminina. | É possível inferir que o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico traz benefícios e melhora a qualidade da satisfação sexual. |
FRANÇA, I. D. M.; LIVRAMENTO, R. A.. 2023. | Assoalho pélvico e sua relação com a incontinência urinária: causa e tratamento fisioterapêutico. | Quando se trata de prevenir problemas nos músculos do assoalho pélvico, é cada vez mais importante abandonar a prática de esperar até que os sintomas se agravem para buscar tratamento. Com o aumento da expectativa de vida, a prevenção assume um papel fundamental. O autor defende que o tratamento fisioterápico é a melhor opção não invasiva. |
SILVA, R. G. da; SIQUEIRA, A. P. de. 2023. | Tratamento Fisioterapêutico Da Incontinência Urinária Em Mulheres | A fisioterapia tem se mostrado eficaz no tratamento da incontinência urinária em mulheres, aumentando a força muscular e melhorando a qualidade de vida do paciente. Portanto, o tratamento fisioterapêutico é recomendado como primeira opção de tratamento por ser minimamente invasivo e comprovadamente eficaz. |
KNORST M.R, CAVAZZOTTO K, HENRIQUE M, RESENDE TL.2012. | Intervenção fisioterapêutica em mulheres com incontinência urinária associada ao prolapso de órgão pélvico. | A combinação de eletroterapia e cinesioterapia é eficaz no tratamento e/ou cura dos sintomas da incontinência urinária, seja ela associada ou não ao prolapso pélvico, independentemente do tipo clínico de incontinência apresentado. |
Nas contribuições de Silva (2023) a autora retratou a gravidez e o parto normal como fatores que predispõem a alterações na musculatura do assoalho pélvico, diminuindo a força muscular. O ganho de massa corporal materna e o peso do útero gravídico intensificam a pressão sobre a musculatura do assoalho pélvico durante a gestação. A multiparidade, o parto vaginal, o tempo prolongado do segundo estágio do parto e a episiotomia são causas que reduzem a força dessa musculatura. As alterações fisiológicas sequenciais ao longo da gestação e o parto danificam o suporte pélvico, o corpo perineal e o esfíncter anal, sendo fatores determinantes, a longo prazo, para o surgimento de perdas urinárias e disfunções. Portanto, a autora defende que fortalecer esses músculos é necessário para prevenir ou aliviar possíveis problemas, pois isso ajudará a manter os órgãos internos em seus lugares, prevenindo também disfunções sexuais e incontinência urinária e auxiliando no trabalho de parto. Pontua ainda que os exercícios para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico podem ser realizados antes e depois do parto, pois essa musculatura tende a se enfraquecer devido à necessidade de sustentar o peso do bebê e à força exigida no parto. Esses exercícios podem ser realizados em diversas posições, como decúbito ventral, decúbito dorsal, sentada, posição ortostática, decúbito lateral e de cócoras. A bola suíça é um recurso valioso para fortalecer os músculos pélvicos, pois aumenta o ganho de força da MAP e a percepção sensorial, além de trabalhar outras estruturas musculares.
CASTRO (2019) conduziu um estudo de caso com a participação de três voluntárias. A idade média das participantes foi de 55,3 anos, variando entre 45 e 68 anos. O peso médio das voluntárias foi de 85,3 kg, enquanto a altura média foi de 163,5 cm. As três voluntárias passaram por três gestações, com uma delas tendo sofrido um aborto espontâneo. Todas estão acima do peso, e uma das participantes é classificada com obesidade grau III, segundo o IMC. Duas praticam atividades físicas, e nenhuma utiliza hormonioterapia. As participantes do estudo compartilham fatores de risco comuns para a incontinência urinária, como sobrepeso, múltiplas gestações e idade. A intervenção fisioterapêutica no grupo estudado mostrou-se eficaz na melhoria da qualidade de vida das pacientes. Com relação ao quadro de perda urinária, ambas as pacientes relataram uma redução significativa na frequência das perdas de urina e uma melhora na força muscular do assoalho pélvico, o que resultou em um aumento no grau de contração. Além disso, mencionaram que não sentem mais desconforto ao realizar suas atividades diárias. Desta forma o estudo comprovou a eficácia dos tratamentos em fisioterapia em benefício das pacientes acometidas pela incontinência urinária.
Na mesma linha do estudo de Castro (2019), porém com uma amplitude maior, Knorst et.al (2012) realizou avaliação com 48 mulheres acometidas por incontinência urinária desenvolvida após as gestações, com média de idade de 53 anos, casadas, tendo em média 2 filhos cada, algumas com nenhum filho, e outras chegaram a ter 07 filhos. Após o tratamento fisioterapêutico, observaram se valores significativamente superiores aos valores iniciais atribuídos à musculatura do assoalho pélvico, tanto no grupo sem prolapso quanto no grupo com prolapso. Vale destacar que, nas comparações realizadas entre as pacientes com prolapso, as diferenças foram mais acentuadas do que no grupo de pacientes sem prolapso.
França e Livramento (2023) destacam que a incorporação da cinesioterapia em um programa de fortalecimento do assoalho pélvico se mostra como uma alternativa não cirúrgica eficaz para tratar a incontinência urinária de esforço. A utilização destas técnicas incorpora bons resultados, inclusive para pacientes que passarão por cirurgias, pois os exercícios podem potencializar os resultados ao serem usados como terapia complementar. Os autores pontuam que os métodos de tratamento mais frequentemente recomendados como primeira linha, especialmente para casos mais leves de incontinência urinária, incluem exercícios para fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, verificando-se bons resultados para esse tipo de tratamento conservador, sugerindo que é uma abordagem apropriada e não invasiva para estágios iniciais da condição. A prática desses exercícios promove a estabilização da uretra através do aumento da massa muscular e observam-se resultados positivos geralmente a partir de 6 a 8 semanas de exercícios regulares, refletindo em uma melhoria significativa na qualidade de vida.
A fisioterapia pélvica tem ganhado destaque no tratamento e na prevenção da redução da força dos músculos do assoalho pélvico, alcançando resultados significativos e trazendo benefícios para as mulheres. Utilizando recursos fisioterápicos como cinesioterapia, eletroterapia, biofeedback (um dos dispositivos mais comuns na reabilitação da musculatura pélvica), cones vaginais, dilatadores vaginais, terapias manuais, pilates, entre outros, é possível proporcionar às mulheres uma melhor conscientização corporal. Isso promove o autoconhecimento e a reeducação do assoalho pélvico, prevenindo disfunções sexuais e incontinências. Dessa forma, percebe-se a importância do fortalecimento dessa musculatura para melhorar a satisfação sexual feminina e prevenir disfunções. Portanto, a fisioterapia torna-se cada vez mais essencial no fortalecimento dessa musculatura. (NAGAMINE; DANTAS; SILVA, 2021) A Fisioterapia uroginecológica, embora ainda pouco procurada por pacientes que sofrem com o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, está abrindo novos horizontes no que diz respeito à sexualidade feminina. Em seu artigo Buzo (2018) colocou em discussão diversos recursos fisioterapêuticos voltados ao fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, como a cinesioterapia, a eletroterapia e outros métodos. O autor acredita que esses recursos proporcionam às mulheres uma maior conscientização corporal, reeducação do assoalho pélvico e melhora no desempenho sexual. A autora acrescentou ainda que os músculos do períneo, assim como qualquer músculo esquelético, possuem a capacidade de aumentar tanto o tônus estático quanto a força de resposta rápida. Dessa forma, acredita ser possível inferir que a força e a contração dos músculos do assoalho pélvico exercem uma grande influência na satisfação sexual feminina, impactando significativamente a qualidade de vida da mulher.
Nagamine, Dantas e Silva (2021) reforçam que os objetivos dos exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico são múltiplos: melhorar a força dos músculos dessa região, aumentar a mobilidade pélvica, elevar a sensibilidade clitoriana e perineal, além de promover um maior fluxo sanguíneo. Isso, por sua vez, aprimora diversas fases da resposta sexual, como a lubrificação, a excitação, o desejo e o orgasmo, enquanto reduz tensões musculares e favorece o relaxamento. Esses exercícios também contribuem para a consciência corporal e a qualidade sexual. Devido a esses benefícios, o fortalecimento do assoalho pélvico pode prevenir disfunções sexuais, melhorar a qualidade e a satisfação sexual, além de aumentar a sensibilidade genital e a excitação.
A incontinência urinária gera problemas econômicos, físicos, sociais e psicológicos que impactam de maneira significativa a saúde feminina. O aumento de sua incidência entre as mulheres tornou-se uma preocupação crescente. A abordagem não cirúrgica ganha destaque por seus resultados positivos e pela baixa incidência de efeitos colaterais adversos. O alto custo do tratamento, somado à alta prevalência da condição, justifica a adoção de tratamentos conservadores, visando restaurar a continência urinária e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas. (FRANÇA; LIVRAMENTO, 2023)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisioterapia destaca-se no tratamento e na prevenção da diminuição da força dos músculos do assoalho pélvico, alcançando resultados significativos e beneficiando as mulheres. Utilizando recursos fisioterapêuticos, como o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e outras técnicas mencionadas, proporciona às mulheres uma melhor conscientização corporal, promovendo o autoconhecimento e a reeducação do assoalho pélvico, além de prevenir disfunções sexuais e incontinências. Assim, percebe-se a importância do fortalecimento dessa musculatura para melhorar a satisfação sexual feminina e prevenir disfunções. Portanto, a fisioterapia torna-se cada vez mais essencial no tratamento uroginecológico.
No que diz respeito à prevenção de problemas nos músculos do assoalho pélvico, conclui-se ser crucial abandonar a prática de esperar até que os sintomas se agravem para buscar tratamento. Torna-se fundamental reconhecer que, com o aumento da expectativa de vida da população, a prevenção desempenha um papel vital. A prevenção envolve a realização de exercícios destinados a fortalecer o esfíncter externo da bexiga, reforçar os músculos pélvicos, especialmente o músculo elevador do ânus, prevenir contraturas e manter a tonicidade muscular.
Todo exposto e os resultados encontrados na revisão evidenciam a relevância científica do tema por tratar de um assunto ainda pouco explorado na atenção primária, e até mesmo na comunidade científica, mas de grande importância para a melhoria da qualidade de vida das mulheres com disfunções do assoalho pélvico. Dessa forma, o estudo demonstra e comprova a importância de novas pesquisas para fortalecer o embasamento científico e correlacionar a prática clínica, potencializando o tratamento fisioterapêutico no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico com o objetivo de prevenir disfunções.
REFERÊNCIAS
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