A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

THE IMPORTANCE OF SUPERVISED INTERNSHIP FOR TEACHER TRAINING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411221741


Márcio Reis Bispo dos Santos1,
Paulo Cesar Luciano da Silva2,
Josefa Eleusa da Rocha3


RESUMO

O presente relatório descreve sobre as experiências aprendidas durante as aulas de ciências ministradas com alunos do 9º ano, do Ensino Fundamental Referente à disciplina de Estágio Supervisionado II do curso de Ciências Biológicas na modalidade presencial da Universidade Estadual de Alagoas, coordenado pelo professoro Renan e orientado pela professorada Eleusa. Relatório descreverá sobre minha atuação enquanto estagiário na respectiva turma do 9º ano, a descrição das atividades ministradas no ensino Fundamental. A metodologia utilizada está pautada nas pesquisas bibliográficas entre elas fundamentada na contribuição dos teóricos: Martins e Romanowski (2001); Menegolla e Sant’Anna (2012; 2001); Pimenta e Lima (2012); Severino (2007); Vigotski (2007; 1998; 2001), entre outros. Por meio dos resultados alcançados percebesse a importância do estágio supervisionado para a formação dos acadêmicos. É possível afirmar que o estágio é uma etapa essencial e fundamental da graduação, pois é nele que o graduando estabelece relações entre teoria e prática, colocando seu conhecimento em prática e assim construindo sua identidade profissional. O Estágio Supervisionado é muito importante para a aquisição da prática profissional, pois durante esse período o aluno pode colocar em prática todo o conhecimento teórico que adquiriu durante a graduação. Além disso, o estudante aprende a resolver problemas e passa a entender a grande importância que tem o educador na formação pessoal e profissional de seus alunos.

Palavras-chave: Licenciaturas. Estágio Supervisionado. Ciências Biologicas.

1 INTRODUÇÃO 

O estágio é uma experiência primordial e muito importante na formação do professor, pois no ambiente escolar veremos como as coisas realmente acontecem. Durante formação, o aluno absorve conhecimentos práticos que propicia uma experiência de como as coisas acontecem na prática e o estágio supervisionado é o momento ideal para isso. Tendo como função integrar as inúmeras disciplinas que compõem o currículo acadêmico, dando-lhes unidade estrutural e testando-lhes o nível de consistência e o grau de entrosamento. Por meio dele, o estudante pode perceber as diferenças do mundo organizacional e exercitar sua adaptação ao mercado de trabalho.

O estágio curricular supervisionado II (observação e regência), do curso de Ciências Biológica, da Universidade Estadual de Alagoas tem cumprido de forma eficiente o papel de elo entre os mundos acadêmico e profissional ao possibilitar ao estagiário a oportunidade de conhecimento da administração, das diretrizes e do funcionamento das organizações e suas inter-relações com a comunidade. A realização de estágios será incentivada como forma de aproximar os alunos das necessidades do mundo do trabalho, criando oportunidades de exercitar a prática profissional, além de enriquecer e atualizar a formação acadêmica.

Pode-se, observar a situação geral da mesma e buscar algumas importantes informações. Com a ajuda e apoio da diretoria e coordenadora pedagógica da escola, foram registros a respeito do público que a compõe, tanto da estrutura, quanto dos contribuintes de modo geral, também, informações de cunho administrativo e pedagógico foram absorvidas.

A escola foi calorosa e acolhedora em alguns momentos e em outros um pouco dificultadora, mas as atividades do estágio não foram prejudicadas. As dificuldades foram em relação ao acesso aos materiais oficiais da escola e aos trâmites burocráticos da efetivação das atividades de estágio, como as assinaturas.

Junto a avanços e transformações, tem o desafio sociocultural que faz com que sejam direcionadas ações para a realidade do aluno, possibilitando a ele, oportunidade de se defrontar com soluções para os obstáculos visualizados na trajetória de vida, para que consiga desse modo, identificar-se como ser humano capaz de pensar a condição social e modificá-lo.

Nesse sentido as situações surgidas com a vivência no âmbito escolar propiciam à estagiária experiência que serão muito úteis na sua carreira profissional e uma maneira de firmar esse compromisso implica num bom planejamento, dando lugar e sentido a ação conduzida pelas Diretrizes do Projeto Político Pedagógico. Assim o mesmo cumpre eficazmente seu dever de ser uma ponte entre a universidade e as instituições que futuramente absorverão os futuros profissionais, permitindo que o estagiário tenha contato com as mais diferentes relações existentes na instituição de ensino, dessa forma, o estágio se torna uma peça fundamental na formação do professor

2 INSERÇÃO DO ESTUDANTE NO MERCADO DE TRABALHO

Em tempos pretéritos, ser graduado em um curso superior bastava para que se garantisse um bom emprego, mas isso mudou completamente, e nos dias atuais com um mercado de trabalho que está em constante mudança e muito competitivo, ter um curso superior não é mais um diferencial e sim uma obrigação assim como a fluência em uma segunda língua que é essencial.

É normal um estudante encontrar dificuldades para entrar no mercado de trabalho, os critérios de seleção estão cada vez mais rigorosos e isso faz com que a busca por uma maior qualificação aumente. Em um mundo multifuncional como o atual é necessário aprender e desempenhar várias funções, o que faz com que seja importante fazer a prática caminhar juntamente com a teoria e uma das formas de se conseguir essa prática é com o estágio (CARPANÊS, 2018).

Antes o conhecimento podia ser considerado um privilégio da minoria, mas, encontrasse hoje disseminado para os vários segmentos da sociedade. Porém, quanto maior a facilidade de acesso a ele, maior será o grau de exigência e mais acirrada é a concorrência. Com isso é preciso estar bem preparado e os trabalhos acadêmicos, incluindo o estágio supervisionado, adquirem fundamental importância porque possibilitam ao estudante pesquisar, vivenciar práticas referentes à sua área de atuação e expressar suas ideias, diminuindo assim a ansiedade quando chegar a hora de enfrentar o mercado de trabalho (BIANCHI; ALVARENGA; BIANCHI, 2009).

As poucas oportunidades de exercício prático deixam o estudante inseguro, e contribui para a fragilização na construção da sua identidade profissional, o que prejudica as perspectivas de inserção no mercado de trabalho (GONDIM, 2012). Outra consequência da falta de um bom estágio enquanto realiza os estudos é a inserção de forma forçada, um profissional recém-formado que não consegue uma oportunidade de emprego na sua área de formação por falta de experiência se sente forçado a procurar e aceitar um emprego em outra área de atuação, o que faz com que todos os anos de dedicação e estudo para obter sucesso profissional seja perdido (VARANDA, 2014).

Assim sendo, para que a inserção no mercado de trabalho aconteça de uma forma mais efetiva o profissional deve ser preparado para enfrentar todas as situações do dia a dia de uma empresa e o estágio vai proporcionar esta preparação além de fazer com que o estudante adquira a experiência mínima exigida pelo mercado de hoje.

2.1 A importância da realização do estágio

Para a compreensão da grande importância que o estágio tem na vida profissional das pessoas é necessário entender seus aspectos. O estágio é um fator de interesse curricular com objetivos educacionais e formativos, sendo configurado como conjunto programado de atividades em compatibilidade com o contexto básico da profissão, podendo ser eminentemente social, cultural e ou profissional (MANUAL CIEE, 2013).

O estágio, na vida discente, é um momento importante no processo de formação, pois oferece condições aos futuros profissionais, especialmente aos estudantes de cursos técnicos, a possibilidade de colocarem em prática os fundamentos teóricos de suas formações especificas que são ensinados durantes as aulas (SILVA,2013).

Além de o mesmo se configura como uma possibilidade de conhecer a realidade da profissão que o discente optou para desempenhar, com a orientação do professor e o acompanhamento do supervisor, conforme a lei nº 11.788/2008, em seu Artigo 3º, § 1º:

“O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação final”. Caracterizando-se como um elemento curricular essencial para o desenvolvimento dos discentes de cursos técnicos, sendo também, um lugar de aproximação entre a instituição de ensino e o ambiente organizacional, permitindo uma integração com à realidade do mundo do trabalho. Durante o estágio, portanto, é o momento que existe o contato com as atividades que oportunizam o desenvolvimento inicial da compreensão daquilo que tem estudado e começa a fazer a relação com o cotidiano do seu trabalho (SCALABRIN & MOLINARI, pág. 45. 2009.)

Passando a entra em contato com o mundo organizacional, atuando em várias áreas do mercado, e consequentemente desenvolvendo suas competências profissionais. Brandão entende a competência como combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidade e atitudes, expressas pelo desempenho profissional quando as pessoas agem frente às situações profissionais, buscando soluções e colaborando para a estratégia da empresa. Logo, a competência agrega valor, seja econômico ou social, às discentes e à organização por contribuírem para consecução dos objetivos organizacionais.

A expressão da competência ocorre quando a estagiário gera um resultado no trabalho, decorrente da aplicação do conjunto de conhecimento, habilidades e atitudes (CHAs), as dimensões da competência ou elementos constitutivos da competência. As três dimensões da competência são: o conhecimento, o saber, é o conhecimento que o indivíduo adquiriu ou acumulou durante a vida, as informações assimiladas e estruturas por ele que possuem impacto sobre o seu comprometimento ou julgamento sobre um determinado assunto; a habilidade, o saber fazer, está relacionado à aplicação produtiva do conhecimento, ou seja, a capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos armazenados em sua memória e utilizá-los em uma ação, podendo ser classificadas a) intelectuais, quando abrange processos mentais de organização e reorganização de informações b) motoras ou manipulativas, quando exigirem fundamentalmente uma coordenação neuromuscular; e a atitude, o querer fazer, refere-se a aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho.

Dizendo respeito a um sentimento ou à predisposição da pessoa, que influência sua conduta em relação aos outros, ao trabalho ou a situação, como explica Brandão 2009, citando Durand (2000). Sob essa perspectiva, a competência resulta da mobilização, por parte do estagiário, de uma combinação de recursos ou insumos e que os três elementos no trabalho geram uma competência ou desempenho profissional.

Logo, os elementos constitutivos da competência, evidenciando o caráter de interdependência e complementaridade entre elas e, por isso, o estágio é uma prática importante, pois apresenta grandes benefícios para a aprendizagem, para o progresso das competências profissionais no que se refere à sua formação, levando em conta a importância de se colocar em prática os conhecimentos e habilidades adquiridas na academia logo no começo da sua vida profissional, pois, é a maneira na qual o estudante irá vivenciar na prática o que tem estudado na instituição. Sendo um processo de aprendizagem necessário a um profissional que deseja realmente estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira e deve acontecer durante o curso de formação acadêmica, no qual os estudantes são incentivados a conhecerem espaços organizacionais entrando em contato com a realidade do mundo do trabalho, e consequentemente as suas perspectivas e desafios.

Entretanto o Estágio quando adequadamente concebido, orientado e avaliado, cria e aprimora benefícios tangíveis e intangíveis para o aluno: melhora a qualificação acadêmica; evidencia e aprimora qualidades pessoais; estimula a transição da adolescência à vida adulta; facilita a transição da vida acadêmica à vida profissional; provoca o exercício da orientação vocacional; rompe a dicotomia do saber e fazer; rompe o cordão umbilical com a escola e proporciona uma insubstituível experiência de vida. (BARROS; LIMONGI 2003, p. 4).

O Estágio Supervisionado é concebido como parte integrante e essencial na formação do aluno. É o lócus privilegiado de aprendizagem do saber-fazer o trabalho onde o aluno treina o seu papel e onde a sua identidade profissional é gerada, construída e referida (BIANCHI; ALVARENGA; BIANCHI, 2009, p.14).

Com o estágio é possível identificar deficiências e falhas e extrair benefícios desses erros, e com isso diminuir as chances de cometer falhas quando começar a carreira profissional, além de conseguir aumentar o conhecimento com as dificuldades enfrentadas.

O estágio serve também de ferramenta integradora de pessoas onde ocorre a articulação entre o estudante e o seu orientador, e o contato com todos os outros profissionais que se encontram na empresa, o que se torna uma grande oportunidade para aumentar o potencial do estudante (MACHINESKI; MACHADO; SILVA, 2011). Para o estudante o estágio reduz as dificuldades e quebra o impacto de adaptação no futuro profissional, o ajuda a definir-se em face da profissão escolhida e se aprimorar. Ainda de acordo com o mesmo autor, para a empresa, o estágio facilita o processo de recrutamento e seleção de futuros profissionais e ajuda na descoberta de novos talentos.

O aprendizado passa a ser muito mais eficaz quando é adquirido por meio da prática, que retém maior aprendizado do que apenas lendo ou ouvindo, afinal, por meio da prática se absorve conhecimentos com mais eficiência (PINHEIRO, 2008). É normal o estagiário lembrar o que aprendeu em sala de aula enquanto está realizando as atividades do estágio e também lembrar o que realizou no estágio enquanto está em sala de aula. São muitos os benefícios e as vantagens para quem já estagiou, o conhecimento teórico adquirido em sala de aula é necessário, mas com o conhecimento adquirido por meio do trabalho é possível assimilar os elementos que foram ensinados teoricamente.

O Estágio supervisionado é uma exigência da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 nos cursos de formação de docentes. Segundo Oliveira e Cunha (2006), o Estágio Supervisionado é uma atividade que propicia ao aluno adquirir a experiência profissional que é relativamente importante para a sua inserção no mercado de trabalho. (PINHEIRO, pág. 122. 2008)

É uma atividade obrigatória que deve ser realizada pelos alunos de cursos de Licenciatura e deve cumprir uma carga horária pré-estabelecida pela instituição de Ensino. Esta prática é o primeiro contato que o futuro professor terá com seu futuro campo de atuação. Por meio da observação, da participação e da regência, o licenciando poderá construir futuras ações pedagógicas (PASSERINI, 2007).

O objetivo do Estágio Supervisionado é proporcionar ao aluno a oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em situações da prática profissional, criando a possibilidade do exercício de suas habilidades. Espera-se que, com isso, que o aluno tenha a opção de incorporar atitudes práticas e adquirir uma visão crítica de sua área de atuação profissional (OLIVEIRA; CUNHA, 2006).

O Estágio Supervisionado baseia-se em um treinamento que possibilita aos estudantes vivenciarem o que aprenderam durante a graduação (MAFUANI, 2011). Os cursos de Licenciatura devem relacionar teoria e prática de forma interdisciplinar, sendo que os componentes curriculares não podem ser isolados. Por isso, o Estágio Supervisionado é considerado um elo entre o conhecimento construído durante a vida acadêmica e a experiência real, que os discentes terão em sala de aula quando profissionais (FILHO, 2010).

Um docente bem qualificado profissionalmente exerce o verdadeiro papel de cidadão dentro do contexto social, à medida que atua como um agente multiplicador de conhecimentos contribui com a formação de mais cidadãos participativos e possuidores de espírito crítico, verdadeiro objetivo da Educação Nacional (FERNANDEZ; SILVEIRA, 2007). Segundo Alarcão (1996), o estágio deve ser considerado tão importante como os outros conteúdos curriculares do curso. Infelizmente os próprios docentes, assim como as Universidades ainda não deram o devido valor à prática da formação do professor.

Deste modo, tanto o aprender a profissão docente quanto dar continuidade a mesma faz parte do cotidiano do professor. É dessa forma que o profissional conseguirá sempre fazer a ligação entre teoria e prática (FILHO, 2010). Com isso fica clara a importância desta atividade, que traz imensos benefícios para a aprendizagem, para a melhoria do ensino e principalmente para o estagiário. Sendo que os maiores beneficiados será a sociedade e, em especial, a comunidade a que se destinam os profissionais egressos da universidade (BIANCHI et al., 1998).

Segundo Farias (2009), a construção da identidade professional se dá inicialmete através do processo sócio-histórico, desta forma: Somos sujeitos com capacidade de criar e recriar nosso modo de estar no mundo e nele intervir, ou seja, sujeitos de praxis. Nesse sentido, o professor, como qualquer outro ser humano, se produz por meio das relações que estabelece com o mundo físico e social. É pela ação interativa com as dimensões materiais e simbólicas da realidade social em que se encontra inserido, pelas experiências individuais e coletivas tecidas no mundo vivido, que o professor intervém de modo criativo e autocriativo em sua relação com os outros e com o universe do trabalho. (FARIAS et al., 2009, p. 57-58)

Como podemos observar na citação de Farias (2009), o professor se constrói através de suas vivências e experiências, tanto as pessoais quanto as profissionais. O profissionalismo está voltado para a formação e para a relação com os saberes. Sendo assim, a identidade profissional se dá através do processo sócio-histórico, história de vida, formação e prática docente.

Segundo Alves, Sanchez e Magalhães (2013) a formação não se pauta na acumulação das discussões teórica, mas sim através do processo de reflexão sobre sua própria prática, bem como na construção da identidade docente. Dessa forma as autoras enfatizam a importância do estágio, sendo este um momento de constante construção e reflexão, para a busca constante pela melhoria das ações baseadas nas concepções teóricas, que juntamente se fundamentam na prática do profissional.

[…] mas por meio de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e (re)construção contínua de uma identidade pessoal. […] o estágio se torna um momento de atividade teórica-prática que se apresenta num constante processo de ação reflexão levando a uma ação transformadora. (ALVES; SANCHEZ; MAGALHÃES, 2013, p. 100-101).

Podemos refletir que, para alguém se tornar bom naquilo que faz deve-se considerar as razões pelas quais escolheram para suas vidas determinadas profissões. Podemos então entender que o professor tem como papel social a formação de homens críticos e autônomos, uma vez que o mesmo, está inserido nos campos da economia, política e cultura.

Sendo o estágio um momento de suma importância para agregar saberes a este momento de construção. Segundo Pimenta (1996): Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias.

Constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o ser professor, nas escolas, nos sindicatos e em outros agrupamentos. (PIMENTA, 1996, p. 76).

Dessa forma pode se pontuar que toda a bagagem teórica recebida na graduação é de extrema importância, no entanto, esta somente, não supre as reais necessidades para a formação docente. Dentre as necessidades poderíamos aqui destacar as especializações na área, mas tudo isso só terá sentido a partir da construção desse professional, das inúmeras maneiras de se construir um professor. A identidade docente começa a ser construída quando o profissional passar a refletir e ressignificar a razão social da profissão.

Reflexões sobre a importância do estágio para a aprendizagem da docência O estágio se configura como um dos mais importantes momentos da formação do docente, sendo esta a inserção que visa possibilitar a interação com a realidade escolar, a fim de promover uma intensa reflexão por parte do acadêmico em seu processo de formação profissional. A prática na rede de ensino favorece o aprimoramento dos conhecimentos adquiridos no curso de Pedagogia. Correia e Franzolin (2013) apontam:

A realização do estágio é um momento essencial na formação do futuro professor, pois, é possível ampliar a análise de um contexto, possibilitando também o desenvolvimento de uma postura adequada, compreensão e problematização de diversas situações, além de coletivamente desenvolver ações possíveis (intervenções) no campo de observação. (CORREIA; FRANZOLIN, 2013, p. 22721).

Este é o momento que oportuniza a vivência de tudo que foi aprendido em sala de aula, a reflexão sobre as práticas que serão usadas futuramente, bem como as formas de agir com os alunos e com os membros pertencentes à comunidade escolar. É o contato real com a formação do ser humano.

Quando volta se o olhar para a educação, após a aquisição de vastos conhecimentos da área, percebe-se que ensinar não se limita a repassar informações ou direcionar o caminho, vai muito além de considerar o que é certo ou errado e, sim, de formar consciência nos alunos, deles para com o mundo, para com o próximo, deles para com eles mesmos, a fim de formar uma consciência crítica que busca sempre mais, que argumenta, que se sente parte presente e necessária a todos.

3 ANÁLISE DOS DADOS

O desenvolvimento do estágio, enquanto disciplina do currículo dos cursos de licenciatura, isolada das demais, apresenta-se limitado para garantir uma boa formação docente. Neste momento considero o estágio como um momento rico na formação, pois além de possibilitar o contato direto com a realidade da escola, permite dialogar com as pessoas envolvidas no processo, formando assim sua identidade profissional. No entanto, reclamam do distanciamento entre teoria e prática e da ausência de atividades didáticas desde o início do curso. Para superar essa dicotomia é necessária uma organização curricular capaz de estabelecer uma estreita ligação entre disciplinas específicas e as práticas de ensino, bem como entre a escola campo de estágio e a instituição formadora. Vale ressaltar que o processo de vivenciar a prática pedagógica ao longo do curso enriquece a construção da identidade profissional do professor. No processo de escolarização dos alunos do 6º ao 9º ano, o ensino de Ciências Naturais tem como objetivo estimular o desenvolvimento de competências e habilidades, que lhes possibilitem a compreensão e análise do mundo natural no sentido de oferecer a eles condições de atuação consciente e cidadã, na edificação de uma sociedade justa.

Diante dos dados obtidos no estagio II em ciencias biologicas (Aulas ministradas no 9º ano do ensino fundamental) podemos considerar que a melhoria da formação inicial docente passa necessariamente pela mudança de pensamento dos professores formadores e da postura político-pedagógica das instituições de formação em relação às licenciaturas e como resultado das mudanças no pensar o estágio curricular supervisionado. O não cumprimento de diretrizes educacionais compromete o avanço das discussões em torno de uma prática de ensino inovadora que prepara o aluno com competências necessárias para o exercício da profissão de professor. Os problemas de ensino e aprendizagem em ciências e biologia têm uma forte ligação com as deficiências na formação dos professores marcada pela dificuldade em compreender a própria ciência e os processos educativos. Há uma valorização excessiva das teorias em detrimento das práticas, esquecendo-se da transposição didática, fator primordial no processo de aprender.

A desmistificação da ciência é outro aspecto importante no interior dos conteúdos da disciplina de Ciências Naturais. É importante a discussão sobre os limites e os poderes da ciência, bem como a desconstrução do estereótipo a respeito do cientista, como uma figura dotada de inteligência e sem vida social, que possui uma carga inata para habitar o mundo da ciência. Os alunos necessitam perceber que o acesso aos resultados da pesquisa científica envolvem fatores políticos e econômicos, que produzir ciência é uma questão de soberania nacional.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estágio Supervisionado em Ciências no 9ºano é de suma importância para a formação do licenciando em Ciências Biológicas. Além disso, com a nova proposta da Base Nacional Comum Curricular aprovada em 2018, surge uma necessidade maior de entender as relações entre professor e aluno e como o ensino de Ciências Naturais está sendo aplicado com a realidade dos alunos e das escolas públicas brasileiras. Dessa forma, entender a dinâmica e o contexto social, histórico e cultural dos estudantes é fundamental para atingir as competências e as habilidades propostas pela BNCC.

Além disso, o Estágio Supervisionado II permitiu maior integração com os alunos em sala de aula e com a forma como ocorrem a vivência e o dia a dia do professor. Assim, em meio a tantas dificuldades enfrentadas na e pela escola pública, foi possível enxergar uma mudança a partir da docência regida durante o estágio supervisionado.

As experiências vivenciadas no Ensino Fundamental mostraram que os alunos da rede pública precisam de um olhar mais aprofundado em relação à infraestrutura da escola, aos materiais e livros didáticos e às mudanças do comportamento em sala. Contudo, são necessários maior investimento e maior incentivo desde os processos básicos de educação, como a escrita, a leitura e a interpretação de textos. Por tanto, sem apoio político e pedagógico, algumas competências e habilidades propostas pela BNCC não serão cumpridas e muito menos atingidas, visto que boa parte das habilidades exige boa estruturação e conhecimento por parte dos professores, da coordenação pedagógica e da direção da escola.

As análises do estágio são importantes para a formação docente, auxiliando no desenvolvimento e organização do estágio de regência. Estas análises trouxeram um olhar de criticidade para formação, de modo que tornou – se possível olhar e pensar como um futuro professor, também proporcionando experiências, enfrentando problemas reais do dia a dia como um professor: As tecnologias utilizadas nos dias atuais mostram resultados benéficos na educação. O uso de projetores, vídeos, imagens, que retratam exemplos e conteúdos os quais estão sendo trabalhados em sala, mostram o lúdico, auxiliando na aprendizagem dos alunos. Dessa forma, Dalbosco (2021, p. 15) traz a concepção de que a tecnologia pode ser benéfica, onde “a sociedade digital não gera apenas riscos e preocupações, mas também vantagens que se forem bem aproveitadas pedagogicamente poderão contribuir para o melhoramento cultural e moral das pessoas.

5 REFERÊNCIAS

ALARCÃO, I. Formação reflexiva de professores – estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, 2006.

BIANCHI, A. C. M., et al. Orientações para o Estágio em Licenciatura. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 200715.

FERNANDEZ, C.M.B.; SILVEIRA, D.N. Formação inicial de professores: desafios do estágio curricular supervisionado e territorialidades na licenciatura. In: 30ª Reunião Anual da ANPED, 2017, Caxambu.

FILHO, A. P. O Estágio Supervisionado e sua importância na formação docente. Revista P@rtes. 2012.

JANUARIO, G. O Estágio Supervisionado e suas contribuições para a prática pedagógica do professor. In: SEMINÁRIO DE HISTÓRIA E INVESTIGAÇÕES DE/EM AULAS DE MATEMÁTICA, 2, 2008, Campinas. Anais: II SHIAM. Campinas: GdS/FE-Unicamp, 2008. v. único. p. 1-8.

MAFUANI, F. Estágio e sua importância para a formação do universitário. Instituto de Ensino superior de Bauru. 2011.

OLIVEIRA, E.S.G.; CUNHA, V.L. O estágio Supervisionado na formação continuada docente à distância: desafios a vencer e Construção de novas subjetividades. Revista de Educación a Distancia. Ano V, n. 14, 2016.

PASSERINI, Gislaine Alexandre. O estágio supervisionado na formação inicial de professores de matemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em matemática da UEL. 121f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina. Londrina: UEL, 2017.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poésis – Volume 3, nº 3 e 4, p. 5-24, 2005/2006.

SANTOS, S. M. P. O lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. SILVESTRE, M. A. Prática de Ensino e estágios Supervisionados: da observação de modelos à aprendizagem da docência. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v.11, n. 34, p. 835-861, set./dez. 2011.

VEIGA, I. P. A. (Org.) Aula: Gênese, Dimensões, Princípios e Práticas. Campinas: Papirus, 2018.


1Formando do curso de ciências biológicas da universidade estadual de alagoas UNEAL.
marcio.santos3@alunos.uneal.edu.br orcid:0009-0009-9845-8258

2paulo.silva.2021@alunos.uneal.edu.br orcid:0009-0009-0648-146x

3eleusa.rocha@uneal.edu.br