ANÁLISE DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO E/OU TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS VASCULARES PERIFÉRICOS NO ENVELHECIMENTO VASCULAR  

ANALYSIS OF PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN THE PREVENTION AND/OR TREATMENT OF PERIPHERAL VASCULAR DISORDERS IN VASCULAR AGING

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411211723


Ana Victória de Oliveira Souza1
Rafaela Reis Marques1
Lidiane Ferreira Silva Portugal2


Resumo 

O presente estudo analisa a intervenção fisioterapêutica na prevenção e/ou tratamento dos  distúrbios vasculares periféricos relacionados ao envelhecimento vascular. Considerando que o  envelhecimento provoca alterações nas funções corporais, especialmente na saúde vascular, este  trabalho explora a importância da fisioterapia na manutenção da qualidade de vida e na  diminuição dos impactos negativos causados pelas doenças vasculares crônicas em idosos. Objetivo: Avaliar a intervenção fisioterapêutica na prevenção e/ou tratamento dos distúrbios  vasculares periféricos decorrentes do envelhecimento vascular. Métodos: Foi realizada uma  pesquisa descritiva e qualitativa, com intervenções realizadas em indivíduos com sintomas de  distúrbios vasculares periféricos, avaliando a eficácia de exercícios para melhora da circulação  e fortalecimento dos membros inferiores. Resultados: A pesquisa com 10 residentes de ILPI  (média de 75,76 anos) mostrou diferença significativa na perimetria da coxa medial esquerda,  enquanto as outras medidas foram homogêneas. Na força muscular, não houve diferença  estatística, apenas aumento discreto em alguns movimentos. 

Palavras-chave: Fisioterapia. Edema. Idosos. Vascular. Envelhecimento.

ABSTRACT 

The present study analyzes physiotherapeutic intervention in the prevention and/or treatment of  peripheral vascular disorders related to vascular aging. Considering that aging causes changes  in bodily functions, especially in vascular health, this word explores the importance of  physiotherapy in maintaining quality of life and reducing the negative impacts caused by  chronic vascular diseases in the elderly. Objective: To evaluate a physiotherapeutic intervention  in the prevention and/or treatment of peripheral vascular disorders resulting from vascular  aging. Methods: A descriptive and qualitative research was carried out, with interventions carried out on individuals with symptoms of peripheral vascular disorders, evaluating the  effectiveness of exercises to improve circulation and strengthen the lower limbs. Results: A  survey of 10 LTCF residents (average of 75.76 years) showed a significant difference in the  perimetry of the left medial thigh, while other measurements were valid. In muscle strength,  there was no statistical difference, just a slight increase in some movements. 

Keywords: Physiotherapy. Edema. Elderly. Vascular. Aging.

1. INTRODUÇÃO  

O envelhecimento vascular é um ponto importante que determina a saúde humana,  especialmente na população idosa (EL ASSAR et al., 2012). Várias funções corporais  diminuem com a idade, e este conceito pode ser descrito principalmente como o resultado de  mudanças físicas significativas observadas nos idosos, como alterações nas propriedades  mecânicas e estruturais das paredes vasculares (JANI B & RAJKUMAR, 2006). Ademais, o  envelhecimento do endotélio vascular está relacionado com o envelhecimento vascular,  resultando numa reduzida capacidade de formação de novos vasos sanguíneos na presença de  lesões vasculares, promovendo assim a sua ocorrência, avanço e consequências clínicas  (DANTAS, JIMÉNEZ-ALTAYÓ & VILA, 2012). Portanto, atualmente, o envelhecimento  vascular é um desafio para atingir esse objetivo de envelhecimento saudável (EL ASSAR et al.,  2012).  

Caracterizado por alterações estruturais e funcionais nas células endoteliais e  musculares lisas que formam a parede do vaso, o envelhecimento vascular possui alterações na  comunicação entre as duas camadas de células, no qual desempenham um papel importante,  regulando as propriedades arteriais, incluindo tônus e permeabilidade vascular, angiogênese e  respostas inflamatórias (EL ASSAR et al., 2012). Foi descrito como um processo gradual que  envolve modificações, alterações bioquímicas, enzimáticas e celulares na vasculatura e  alterações nos sinais que as regulam. O envelhecimento vascular precoce (EVP), pode ser  acelerado quando se trata de indivíduos suscetíveis a esse processo (BARODKA et al., 2011). 

O tabagismo, o abuso de álcool e o abuso de drogas estão certamente associados ao envelhecimento vascular precoce e à redução da esperança de vida (MOZAFFARIAN, 2016;  BANKS et al., 2019; HAVAKUK, REZKALLA & KLONER, 2017). No entanto, o consumo  moderado de álcool está associado a uma incidência reduzida de doença arterial coronariana e  apresenta alguns benefícios cardiometabólicos (MOZAFFARIAN, 2016). Outros fatores que  influenciam o envelhecimento e a longevidade incluem a qualidade do ar, a duração e a  qualidade do sono, fatores psicológicos e o estatuto socioeconômico (PROVOST et al., 2015;  KARIMI et al., 2019).

A doença vascular periférica tem um impacto significativo na qualidade de vida dos  idosos. A qualidade de vida de uma pessoa é influenciada por todos os aspectos da vida,  englobando ou não a presença de doença, quando relacionada com a saúde, ela está diretamente  ligada com a forma que a pessoa realiza suas atividades diárias, através de análises físicas,  psicológicas e sociais (TOSCANO & OLIVEIRA, 2009). Esta situação é agravada pela  transição demográfica que ocorre no país à medida que a esperança de vida aumenta, prevendo-se que 25% da população idosa do país seja prejudicada a qualquer momento até 2050. Os hábitos de vida adversos, os determinantes socioeconómicos com forte impacto na morbilidade  e mortalidade, e o envelhecimento da população natural aumentarão o risco de  desenvolvimento de feridas crônicas, afetando em primeiro lugar a qualidade de vida do indivíduo (MACIEL et al., 2014; COMEROTA & LURIE, 2015).  

Definido como um aumento de pressão do sistema venoso, a doença venosa crônica  (DVC) é ocasionada pela falta e/ou bloqueio do sistema venoso profundo, sendo responsável  pelas manifestações clínicas da doença. Nota-se um aumento considerável de DVC a partir da  terceira década de vida (SANTOS, PORFÍRIO & PITTA, 2015). O envelhecimento pode  ocorrer de duas formas: natural, temporal, ou através de fatores extrínsecos, como por exemplo,  através de exposição à radiação ultravioleta, presença de radicais livres, variações de  temperatura, tabagismo, poluição, predisposição genética e tonalidade da pele (RIBEIRO,  2006). Segundo Ribeiro (2006), 30 anos é a idade que começa a aparecer sinais do  envelhecimento. 

A fisioterapia desempenha um papel importante na prevenção do agravo, contribuindo  no tratamento dos danos causados pela doença venosa crônica (DVC) e aperfeiçoando o  desempenho e melhorando a circulação, impedindo, deste modo, a diminuição funcional do  paciente e reduzindo as manifestações da patologia (LEAL et al., 2015). Quando se faz um  tratamento precoce, a fisioterapia vascular tem como objetivo a redução do risco de úlceras  venosas, o alívio dos sintomas, e a melhora na qualidade de vida das pessoas com problemas  venosos. Embora este seja um problema de alta incidência e prevalência, faltam pesquisas sobre  tratamentos não invasivos para a insuficiência venosa crônica na literatura, dificultando a  obtenção de dados sobre o tema (LEAL et al., 2016). Este estudo teve como objetivo avaliar a  aplicabilidade da intervenção fisioterapêutica na prevenção e/ou tratamento dos distúrbios  vasculares periféricos decorrentes do envelhecimento vascular.  

2. REVISÃO DE LITERATURA 

O aumento significante da idade da população dos países urbanizados tornou-se um  problema de saúde pública e econômico, pois o aumento da esperança de vida é paralelo à  prevalência de diversas situações patológicas, apesar dos progressos alcançados na prevenção,  diagnóstico e cuidados de saúde (DANTAS et al., 2012). As alterações arteriais relacionadas à  idade em pacientes saudáveis incluem dilatação luminal, aumento da rigidez arterial, distúrbio  endotelial e espessamento intimal difuso (LAURENT, 2012). Além disso, as reações não enzimáticas entre proteínas e glicose, ácidos nucléicos e lipídios geram produtos finais avançados de glicose que se ligam covalentemente ao colágeno vascular, levando à diminuição da elasticidade vascular e à disfunção endotelial. Ressalta-se que as doenças relacionadas  agravam o processo debilitante nos idosos e aumentam a ocorrência de danos vasculares e suas  complicações, por isso a necessidade de uma promoção de saúde para um envelhecimento ativo  e saudável de acordo com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (SEVERO, 2012).  É importante ressaltar que as lesões vasculares, principalmente as localizadas ao redor  dos membros inferiores, afetam idosos em todo o mundo, acumulando riscos ao longo da vida,  resultando em morbidade e mortalidade significativas e com consequências nos sistemas de  saúde em todo o mundo. Globalmente, 49 milhões de pessoas sofrem de feridas vasculares  crônicas, conforme notificado pelos seus respectivos sistemas de saúde, 60% das feridas em  idosos apresentam lesões vasculares dos membros inferiores, dentre as quais as úlceras  multifatoriais ou iatrogênicas são as mais graves, seguidas das lesões diabéticas e venosas e,  por fim, das lesões isquêmicas e arteriais (SINGER; TASSIOPOULOS; KIRSNER, 2017). A prevalência de feridas crônicas nas doenças vasculares varia dependendo da condição e da  etiologia, como má perfusão arterial, diabetes, insuficiência venosa, ou hipertensão. No Brasil,  estudos mostram que idosos, que residem em instituições e/ou estão hospitalizados, apresentam  alta prevalência e incidência de ferida (TORRES et al., 2021; SILVA, GARGUR, 2022).  As doenças vasculares incluem distúrbios do movimento de fluidos que afetam os  sistemas venoso, linfático e arterial. A literatura tem demonstrado o impacto da fisioterapia no  comprometimento funcional causado por essas doenças periféricas. Na doença arterial  periférica, o principal sintoma é a claudicação intermitente, a fisioterapia desempenha um papel  relevante na evolução funcional e na redução dos sintomas. Funcionalmente, está claro que os  indivíduos afetados pela claudicação terão capacidade de marcha reduzida, velocidade de  marcha e força e resistência muscular reduzidas (VYSKOCIL et al., 2014).  A IVC definida como insuficiência venosa crônica é a incapacidade do complexo  venoso de drenar o sangue dos tecidos para o coração por mais de três meses, principalmente  devido à insuficiência das válvulas dos membros inferiores. A insuficiência do complexo venoso resulta em aumento da pressão vascular venosa, resultando na formação de veias  reticulares e varizes (AGUIAR et al., 2005). Essa insuficiência tem um alto impacto nos países  ocidentais devido à sua elevada prevalência, custos de exames e tratamento e dias de trabalho  perdidos (ZIMMET, 1999). Afeta os níveis socioeconômicos, pois acaba afetando o indivíduo  na sua fase produtiva de atividades normais do dia a dia, até mesmo levando a aposentadoria  precoce (SANTOS; PORFIRIO; PITTA, 2009).  

A insuficiência venosa crônica está diretamente relacionada ao aumento da pressão  hidrostática intraluminal, que se altera devido à postura estática de longo prazo, obesidade,  estilo de vida, histórico familiar, gravidez, idade e sexo (EBERHARDT et al., 2014).  Frequentemente são relatados como sintomas da doença sensação de formigamento e também  queimação no final do dia (EBERHARDT; RAFFETTO, 2014). Foi observada presença de  teleangiectasia, varizes, edema, lipodermatoesclerose, ulceração e hiperpigmentação que,  juntamente com os sintomas, afeta negativamente a qualidade de vida (EBERHARDT et al.,  2014). 

A fisioterapia pode melhorar os aspectos funcionais por meio de exercícios  supervisionados de exercícios aeróbicos que incluem caminhada, ciclismo, exercícios de força  e resistência muscular (HAMBURG; BALADY, 2011; LAURET et al., 2014). A melhora da  capacidade de locomoção está relacionada à maior utilização de oxigênio para produção de  energia, melhor metabolismo muscular e melhor redistribuição do fluxo sanguíneo periférico.  O tratamento fisioterapêutico atua também na redução da pressão venosa intracavitária e no  aumento da força e/ou resistência dos músculos tríceps sural por meio de exercícios, levando  em consideração sua interligação com o retorno venoso (QUILICI et al., 2009; ARAUJO et al.,  2016). Além de caminhar ou andar de bicicleta (elevando os membros inferiores), o tratamento  pode incluir recursos destinados a aumentar a mobilidade do tornozelo e aumentar a  flexibilidade muscular (QUILICI et al., 2009; ARAUJO et al., 2016) e, além disso, a  fisioterapia demonstra melhorar a qualidade de vida (GUIDON; MC GEE, 2010). O exercício  físico voltado para o tratamento da doença arterial periférica é indicado e recomendado por ter  um nível mais alto em evidência científica (CONTE; POMPOSELLI, 2015). 

3. METODOLOGIA 

3.1 Tipo, local de estudo e amostragem 

Foi realizada uma pesquisa de campo descritiva, qualitativa e transversal, realizada no Lar São Vicente de Paulo na cidade de Varginha/MG. Foram avaliados para elegibilidade 20  participantes e após seleção, foram considerados para a pesquisa 10 indivíduos. O estudo foi  realizado de agosto a outubro de 2024, uma vez por semana. Como critérios de inclusão,  participaram do estudo indivíduos a partir de 30 anos de idade que frequentavam o Lar São  Vicente de Paulo. Os voluntários escolhidos foram aqueles que apresentaram sinais e sintomas  relacionados aos distúrbios vasculares periféricos como quadro álgico, edema, varizes,  sensação de formigamento ou dormência, diminuição de sensibilidade e pulso, pele ressecada  dos MMII (membros inferiores), palidez e frieza dos membros inferiores. Já como critérios de  exclusão, não participaram indivíduos que não conseguiram responder ao questionário, com  suspeita de trombose venosa profunda (TVP), pós-operatório de MMII (membros inferiores),  úlceras varicosas, doenças neoplásica maligna, gravidez ou puerpério, fratura de quadril ou  MMII, acamados, sintomas de inflamação, e/ou doenças pulmonares crônicas como asma,  bronquite e enfisema pulmonar e processos infecciosos como infecções do trato urinário,  infecção em feridas, pneumonia e infecções da corrente sanguínea. 

3.2 Aspectos Éticos  

Os participantes do estudo foram convidados a participar voluntariamente da pesquisa, a  partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) seguindo a  normatização lei 466/12, pois na execução desta pesquisa poderia gerar dor, desconforto ou  ansiedade, quedas ou constrangimentos. A pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de  Ética em Pesquisa (CEP) da instituição, para avaliação e validação, a fim de garantir o  cumprimento dos princípios éticos e das normas regulatórias estabelecidas, e foi aprovado  conforme parecer nº 6.946.008. 

3.3 Avaliações  

Foi aplicado, inicialmente, um questionário de caracterização da amostra em que  constou nome, idade, grau de escolaridade, profissão, estado civil e contato pessoal. Para os 10  participantes, foi realizada uma avaliação física de membros inferiores (MMII) como força  muscular, edema, doenças vasculares periféricas arteriais e venosas, sensação de  formigamento, avaliação do pulso distal (tibial posterior e pedioso), avaliação da sensibilidade  e da dor, dormência, alterações cutâneas da pele como ressecamento e lesões ulcerativas, frieza  e palidez do membro. Também, foram avaliados os sinais clínicos para verificação da presença de inflamação e/ou infecção. Nesta pesquisa, foi realizada uma avaliação inicial, a intervenção  fisioterapêutica e uma reavaliação final. 

Avaliação de sensibilidade através do Estesiômetro  

Para avaliar a sensibilidade de MMII, foi utilizado o Estesiômetro Monofilamentos de  Nylon Semmes Weisnten®. Este é um instrumento composto por sete monofilamentos (de  linha de polietileno e nylon) de cores e espessuras diferentes. Com o voluntário deitado em  decúbito dorsal, de olhos fechados e com os MMII estendidos, o fisioterapeuta em posição  ortostática encosta o filamento na fáscia plantar, curvando-o e retirando-o suavemente em  determinados pontos. O fisioterapeuta solicita ao voluntário para responder se está ou não  sentindo o toque do filamento e repete-se o toque três vezes em cada ponto. De forma  simplificada, é iniciada a aplicação dos monofilamentos mais finos e verdes. Caso o paciente  não sinta o toque, deve-se aumentar a espessura aos poucos. É possível acompanhar a evolução  do paciente, identificando se há melhora e, assim, adequando o tratamento de acordo com os  resultados, ou a estabilidade do quadro. Os monofilamentos são divididos em filamento verde  (0,07 g), se o paciente responde desde o primeiro fio e sua sensibilidade é considerada normal;  filamento azul (0,02 g) com o quadro ainda dentro do normal; filamento violeta (2,0 g) quando  tem-se a sensibilidade diminuída (dificuldade em sentir formas e temperaturas), porém ainda  não há risco de lesões; filamento vermelho (4,0 g), se o paciente responde a partir desse fio,  pois é provável que não consiga identificar o que é quente e frio. Nesse estágio, o participante já está vulnerável às lesões, assim, o filamento laranja (10,0 g) significa perda de sensibilidade  nos pés, mas ainda podendo sentir pressão profunda e dor em algumas regiões; filamento  magenta (300 g), quando permanece a sensibilidade à dor; e/ou nenhuma resposta, se o  voluntário não responde a nenhum filamento, o que significa que perdeu a sensibilidade à  pressão e, muito provavelmente, à dor. 

Avaliação de força através do MRC (Medical Research Council) 

Foi aplicada a escala de MRC no início e no final da pesquisa. Esta escala foi  desenvolvida pelo Medical Research Council of The United Kingdom, atualmente utilizada de  forma universal, com intuito de avaliar a força muscular de membros inferiores. Para avaliar o  grupo muscular dos flexores do quadril, o voluntário permaneceu sentado e realiza o movimento  de elevação da coxa em direção ao abdômen, enquanto o fisioterapeuta exerce uma resistência em quadríceps. Para o grupo muscular dos extensores de joelho, o voluntário sentado, realiza  uma extensão do joelho, enquanto o fisioterapeuta realiza uma resistência tibial anterior. Já  para o grupo muscular de dorsiflexão de tornozelo, o voluntário sentado realiza o movimento  de elevação do pé em direção ao tibial anterior, e o fisioterapeuta coloca uma resistência no  dorso do pé. A força exercida pelo voluntário foi avaliada de acordo com a escala em  pontuações para verificação da força muscular antes e após a pesquisa, baseada em: 0:  contração muscular não visível; 1: contração muscular visível com ou sem indício de  movimento; 2: movimentos dos membros, mas não em relação à gravidade; 3: movimento do  membro contra a gravidade, mas sem resistência; 4: movimento do membro em relação a pelo  menos alguma resistência imposta pelo examinador; 5: força normal.  

Avaliação de dor pela escala de EVA 

Foi realizada a Escala Visual Analógica (EVA), no início e no final da pesquisa, que  avalia a intensidade da dor do paciente dos membros inferiores. Essa escala consiste em uma  linha reta no qual uma das extremidades possui a marcação “sem dor”, e na outra, “pior dor  possível”. Para realizar a avaliação através da EVA é necessário indagar o voluntário o grau de  dor, sendo que 0 significa ausência total e 10 o nível de dor máxima suportável pelo paciente.  

Intervenção  

Foram realizados treinamentos físicos que incluíram exercícios de panturrilhas, que  tem com o intuito de aumentar retorno venoso e a circulação em membro inferiores, no qual o  voluntário sentado em uma cadeira com os joelhos dobrados em um ângulo de 90°, com os pés  bem apoiados no chão, é instruído a levantar os calcanhares, deixando as pontas dos pés no  chão, e retornando à posição inicial. Após o exercício de panturrilha foi feito um teste no qual  avaliou quantas vezes o voluntário consegue sentar e levantar da cadeira no período de 1  minuto, com intuito de fortalecimento de quadríceps e membros inferiores, os resultados foram  quantificados da primeira à última sessão.  

Foi realizado um circuito, com exercícios para fortalecimento de membros inferiores,  aumento do retorno venoso, equilíbrio, percepção corporal e sensibilidade dos pés. Os  exercícios foram: no colchonete em que o paciente pisou em cima para trabalhar a  propriocepção e percepção da sensibilidade dos pés; step em que o voluntário realizou uma  flexão de quadril e joelho para subir no step, alternando as pernas, e após realizou uma extensão de quadril e de joelho para descer do step, alternando as pernas; nos cones em que foram colocados em linha retas, espaçados em 70 cm, no qual o voluntário passou entre os cones em movimento de zigue-zague para o equilíbrio ser qualificado; 6 bambolês em foram distribuídos no chão, de forma aleatória para que o voluntário pisasse dentro dos círculos, com um ou dois  membros, para qualificar a percepção corporal e o equilíbrio; duas fitas coladas no chão com 20 centímetros de espaçamento formando uma passagem, com 2 metros de comprimento, no  qual o voluntário passou por entre as fitas, treinando o fortalecimento de membros inferiores e  o equilíbrio.  

Durante as avaliações, os dados foram qualificados para identificar o paciente, data de  cada avaliação, resultados da perimetria, estesiômetro, MRC e EVA. Também foram  qualificados os exercícios funcionais realizados em cada sessão de forma individual. 

3.4 Avaliação Estatística  

Os dados coletados foram inseridos em uma planilha do Excel® do Windows. Utilizou-se o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 (SPSS Inc.,  Chicago, IL, USA). Para as variáveis descritivas, foram calculadas a média, o desvio padrão, a  porcentagem e a frequência absoluta. Inicialmente, o teste de Shapiro-Wilk foi aplicado para  verificar se os dados seguiam uma distribuição normal (MIOT, 2017; SHAPIRO; FRANCIA,  1972). Como não foi atendido o princípio de normalidade para as variáveis de estesiometria, foi  aplicado o teste de Wilcoxon. Para as demais análises de comparação foi realizado o teste t  pareado. 

O tamanho do efeito, calculado pelo d de Cohen, também foi realizado de forma post hoc, com intervalo de confiança (IC) de 95%. Os valores de referência para o efeito foram: 0,2  – 0,49 para efeito pequeno; 0,5 – 0,79 para efeito médio; e 0,8 – 1,29 para efeito grande  (COHEN, 1988). Para esses cálculos, foi utilizado o software G*Power 3.1.9.2 (Franz Faul,  Universidade de Kiel, Alemanha). Para a elaboração dos gráficos de comparação de médias, foi  utilizado o software JASP®, versão 0.17.2.1. O nível de significância considerado neste estudo  foi de p<0,05.  

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Dos 10 participantes avaliados, a idade média foi de 75,76 anos e 20% da amostra  possuía edema de MMII (Tabela 1). Os demais resultados estão descritos nas Tabelas 1 e 2. 

Fonte: Autores (2024). A variável dor foi dada mediante média, desvio padrão e  Intervalo de Confiança. As demais variáveis foram descritas mediante frequência  e porcentagem. Legenda: M: Média; ± Desvio Padrão, IC: Intervalo de  Confiança.  

Fonte: Autores (2024). A variável dor foi Idade foi apresentada mediante média, desvio padrão e Intervalo de Confiança. As demais variáveis foram descritas mediante frequência e porcentagem. Legenda: M: Média; ± Desvio Padrão, IC: Intervalo de Confiança.  

No que se refere à análise de perimetria, houve diferença estatística para coxa medial  esquerda, com alto poder da amostra e baixo tamanho de efeito. Não houve diferença  significativa para os demais pontos da perimetria. Entretanto, houve uma redução discreta nos  dados descritivos. Cabe ressaltar que, as medidas entre os membros foram homogêneas entre si  (p>0,05). 

Fonte: Autores (2024). Os dados descritivos foram dados mediante média, desvio padrão e Intervalo de Confiança  (IC). Para as análises de comparação foi aplicado o teste t pareado. (p<0,05)*.  

Para MRC, não houve diferença estatística entre os membros avaliados, contudo, houve  discreto aumento nos dados descritivos nos movimentos: “flexão de quadril esquerdo” e  “dorsiflexão direita e esquerda”. Cabe ressaltar que, as medidas de força entre os membros  foram homogêneas entre si (p>0,05).  

Fonte: Autores (2024). Os dados descritivos foram dados mediante média, desvio padrão e Intervalo de Confiança  (IC). Para as análises de comparação foi aplicado o teste t pareado. (p<0,05)*. 

Com relação à idade e gênero dos idosos institucionalizados, a média encontrada neste estudo foi de 75,8 anos, com predomínio do sexo masculino, contudo, de acordo com Lucena  (2000), foi identificada uma média de idade de 69,5 anos, com predomínio do sexo masculino  em 59% com relação à idosos institucionalizados. 

A inspeção e palpação foi algo relevante na avaliação de MMII, e foi constatado que  70% dos participantes possuem pele ressecada. O ressecamento é comum na pele dos idosos,  principalmente nas pernas, pois nessa idade ocorre uma diminuição da atividade das glândulas  sebáceas e sudoríparas, resultando no ressecamento (FORTES & SUFFREDIN, 2014). O  ressecamento da pele também pode estar associado com banhos quentes e frequentes, uso de  sabonetes com pH não neutro e a baixa ingestão de líquidos (ALVES, VARELLA &  NOGUEIRA, 2005). 

No estudo foi observado que somente 20% encontram-se com edemas. Já no estudo de  Cunha, Valle & Melo (2011), observaram que a causa mais comum de edema em membros  inferiores (MMII) em idoso é a falta de mobilidade e é piorado pela drenagem venosa interna,  e que mesmo o edema em MMII sendo atribuído a uma condição cardíaca nessa faixa etária,  nos estágios iniciais da insuficiência cardíaca, ele costuma ser intermitente, o que pode  dificultar sua detecção durante o exame físico. 

Foi realizada uma perimetria inicial e final de MMII onde foi avaliado coxa proximal,  coxa medial, coxa distal, panturrilha e tornozelo, todas as medidas foram analisadas de ambos  os lados dos participantes. Observou-se uma discreta redução nos valores de coxa medial esquerda. O estudo realizado por Reidel et al. (2020) teve como finalidade analisar os efeitos  da eletroestimulação em idosos e obteve um resultado significativo para perimetria em coxa  direita. 

No quesito força, foi utilizada a escala MRC para avaliação de flexão de quadril,  extensão de joelho e dorsiflexão de tornozelo no início e final do estudo. Nota-se um aumento  discreto nos valores analisados, ressaltando os movimentos de flexão de quadril esquerdo, e  dorsiflexão direita e esquerda. No estudo realizado por Nogueira (2017), verificou-se uma  diferença significativa na força muscular em todos os movimentos de membro inferior direito  (MID) e membro inferior esquerdo (MIE). Embora, ao final, as forças dos membros inferiores  sejam menores que o valor classificado como normal na escala de MRC, os idosos alcançaram  uma melhora significativa comparados com os resultados iniciais. 

Ressalta-se que foram realizados 7 sessões de intervenção fisioterapêutica, com um  número de 10 participantes, com média de 15 minutos cada atendimento, uma vez por semana,  no qual foram executados exercícios de panturrilhas, que tem com o intuito de aumentar retorno  venoso e a circulação em membro inferiores; teste de sentar e levantar da cadeira no período de  1 minuto, com intuito de fortalecimento de quadríceps e membros inferiores; e um circuito, com  exercícios para fortalecimento de membros inferiores, aumento do retorno venoso, equilíbrio,  percepção corporal e sensibilidade dos pés, com colchonete, step, cone, bambolê e fita. Segundo  Zono (2010), a prática de exercícios físicos pode ajudar a reduzir a incidência de diversas  doenças e, especialmente, a melhorar a qualidade de vida dos idosos. O exercício físico pode  contribuir para a diminuição dos valores da pressão arterial.  

Após análise de um estudo realizado por Oliveira, Vinhas & Rabello (2020), foi  constatado que 24 idosos relataram queda, sendo que a maioria não realizava atividades físicas.  Gozzi, Sato & Bertolin (2012) destacam que a prática de exercícios físicos pode melhorar a  qualidade de vida dos idosos ajudando na prevenção de queda, a melhorar o equilíbrio e na  prevenção de doenças crônicas e degenerativas. O exercício físico pode ser considerado  fundamental na prevenção da depressão, no aumento da autoestima e no aumento da integração  social (OLIVEIRA, VINHAS & RABELLO, 2020). 

A prática fisioterapêutica deve ser realizada em períodos maiores. A pesquisa com  idosos pode ser influenciada negativamente por apresentarem demência, fraqueza ao realizar os  exercícios, a falta de compreensão, o que pode consistir em limitações para a execução da  pesquisa. De acordo com Nelson et al. (2007), o ideal de tempo que o idoso deve realizar  atividade aeróbica de intensidade moderada é de pelo menos 30 minutos diários, em cinco dias  da semana. Para exercício de fortalecimento muscular devem ser realizados uma série de 10 a 15 repetições e dois a três dias por semana, não decorrentes. Exercícios para alongamento o  recomendado é de pelo menos 10 minutos mantendo por 10 a 30 segundos; em 3 a 4 repetições  de cada movimento estático, realizar todos os dias que for fazer outro exercício, e para equilíbrio  é recomendado realizar exercícios três vezes por semana. 

5. CONCLUSÃO  

Conclui-se que atividades com idosos possuem limitações devido às diferentes  condições de saúde física e mental. Nas condições deste trabalho, a perimetria foi a avaliação que  mais se destacou na diminuição de circunferência da coxa medial esquerda. Desta forma, é  preciso mais pesquisas com idosos e maiores tempos de intervenções fisioterapêuticas para  avaliar estes pacientes. 

REFERÊNCIAS  

AGUIAR, E. T. et al. Úlcera de insuficiência venosa crônica. Diretrizes sobre diagnóstico,  prevenção e tratamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).  J Vasc Br, v. 4, p. S195-200, 2005.  

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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Centro Universitário do Sul de Minas Campus Varginha MG email: ana.souza10@alunos.unis.edu.br; rafaela.marques1@alunos.unis.edu.br
2Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Centro Universitário do Sul de Minas Campus Varginha MG email: lidiane.portugal@professor.unis.edu.br