CULTURA PARA TODOS:CENTRO CULTURAL PARA MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PARANÁ

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411191159


Isabela Marchese Pessoa
Orientador(a): M.e Wellington Francisco Bescorovaine


RESUMO

O presente trabalho tem como tema a implantação de um Centro Cultural para a cidade de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná. O objetivo geral deste estudo é propor uma solução arquitetônica a partir de um novo local que disponha de cultura, educação e lazer para os cidadãos rondonenses de todas as faixas etárias. O ambiente cultural existente da cidade está em uma área que não permite grandes ampliações e realiza diferentes festividades adultas no mesmo local que acontecem aulas infantis, precisando então de um novo projeto. Para isto, será utilizado aspectos da Arquitetura Contemporânea e da Arquitetura Bioclimática, focando no conforto dos espaços, na otimização dos ambientes e na acessibilidade. Optou-se por implementar o método de pesquisa exploratória, pois abrange as pesquisas bibliográficas, os estudos de caso e a pesquisa de campo. Devido ao ser humano produzir cultura desde criança, este necessita de um ambiente estruturado para tal, que traga socialização, diferentes conhecimentos, habilidades que transmitam legados culturais.

Palavras-chave: Cultura. Arquitetura acolhedora. Igualdade social. Educação.

ABSTRACT

The present work has as its theme the implementation of a Cultural Center for the city of Marechal Cândido Rondon, in the state of Paraná. The general objective of this study is to propose an architectural solution from a new location that provides culture, education, and leisure for Rondon’s citizens of all age groups. The city’s existing cultural environment is in an area that does not allow for large expansions and holds different adult festivities in the same place that children’s classes are held, thus needing a new project. For this, aspects of Contemporary Architecture and Bioclimatic Architecture will be used, focusing on the comfort of spaces, their utilization, and accessibility. Therefore, we chose to implement the exploratory research method, as it encompasses bibliographic research, case studies, and field research. Because human beings produce culture from childhood, they need a structured environment for this, one that brings socialization, different knowledge, skills that transmit cultural legacies.

Keywords: Culture. Welcoming Architecture. Social equity. Education.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema o desenvolvimento de um Centro Cultural para a cidade de Marechal Cândido Rondon, localizada na mesorregião do oeste paranaense. A palavra Cultura de acordo com Milanesi (1997), possui diversos conceitos e está presente na sociedade desde os primeiros séculos. Esta deriva do vocábulo do latim colere, que era utilizado para determinar o cultivo de plantas e a criação de animais.

Atualmente, o termo cultura teve seu significado alterado, sendo então uma relação de um homem com a sua sociedade e sua cultura, e também a posse de conhecimentos (MILANESI, 1997). Para Neves (2013), os centros culturais são organizações “criadas com o objetivo de se produzir, elaborar e disseminar práticas culturais e bens simbólicos, obtendo o status de local privilegiado para práticas informacionais que dão subsídio às ações culturais”.

A cidade de Marechal Cândido Rondon foi o local escolhido para a implantação de um Centro Cultural. Esta possui 52.944 habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), e a maioria da sua população tem entre 10 e 24 anos de idade, e uma taxa de escolarização de 98,5% com crianças de 6 a 14 anos de idade (IBGE, 2010).

A área estudada foi colonizada por agricultores, que eram em sua maioria alemães que vieram do Rio Grande do Sul. Em 1956 esta possuía uma população composta por 95% de famílias alemãs, que tinham como prioridade primeiro a escola, segundo o hospital e em terceiro a igreja (SAATKAMP, 1984). Essas famílias fortaleceram seus laços culturais e continuaram com os hábitos de geração em geração, expressando isso em suas vestimentas, danças, comidas e construções com a cultura germânica (WEIRICH, 2004) até os dias atuais.

Apesar da cidade ter na sua maioria jovens, diametralmente, esta não possui um local adequado para o incentivo à cultura para as suas crianças e adolescentes. A localidade de Marechal Cândido Rondon detém uma Casa Cultural, trata-se de um grande barracão em estrutura metálica, com saídas de emergência, um banheiro feminino e um banheiro masculino. Em um único espaço para crianças e adolescentes, acontecem aprendizagens de circo, teatro, musicalização, balé e coral, em um local sem estrutura para tais atividades.

Na Casa Cultural de Marechal, acontecem anualmente eventos alemães culturais e regionais, como por exemplo o Oktoberfest, e o aniversário da cidade. Nestas comemorações acontecem atividades adultas, como o consumo de álcool, o uso do cigarro e comportamentos que são inadequados para menores de idade.

Os espaços que incentivam o uso do álcool são inadequados para crianças e adolescentes, porém, seu consumo é um ato habitual na maioria das culturas, sendo atrelado às festividades, ocasiões sociais e eventos culturais. Consequentemente, a utilização irregular e frequente é apontada como um problema na saúde pública por ser uma droga legalizada no comércio brasileiro (Ministério da Saúde do Brasil, 2011).

Segundo Levisky (1998), a família apenas fornece acolhimento a criança por um certo período, depois os elementos sociais formam uma função no desenvolvimento, decisões e personalidade do ser. Quando uma criança está em um sistema familiar vulnerável, onde há o consumo ou abuso de álcool, acontece uma crise no convívio familiar com a comunidade e com a sociedade (Prato, Couto, & Koller, 2009).

Outro ponto em estudo é o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), que é um projeto entre o IBGE e o Ministério da Cultura do Brasil. Segundo seus dados, somente 6,5% das empresas possuem um setor cultural e as famílias brasileiras têm em média um gasto mensal de R$291,18 reais com este setor (IBGE, 2019).

Em uma década, houve a diminuição de 10,3% (IBGE, 2019), no número das organizações do setor cultural brasileiro, sendo um total de 40,2 mil empresas. Diante dos dados apresentados em relação à cultura no Brasil, percebe-se, irremediavelmente, a necessidade do apoio financeiro e incentivo da iniciativa privada para o setor, uma vez que o Brasil respira cultura nas suas mais variadas formas e expressões.

O Brasil é um país que convive com indígenas, negros, brancos, europeus e tantas outras etnias desde o século XVII. Consequentemente, espaços que promovem a educação possuem pessoas de origens culturais e sociais distintas, demonstrando a diversidade sociocultural em um único ambiente de convívio, brincadeiras e ensinos para crianças, adolescentes e adultos (PRADO,1999). Desta forma, o ser humano produz cultura desde criança e necessita, assim, de um ambiente estruturado para tal, que traga para esta a socialização, diferentes conhecimentos e habilidades que transmitam legados culturais. Sendo assim, o projeto proposto em questão corrobora para o município e é de relevância para o futuro cultural dos seus habitantes.

O objetivo geral deste estudo é propor uma solução arquitetônica para o novo Centro Cultural da cidade de Marechal Cândido Rondon – Paraná. Para tanto, serão efetuadas pesquisas bibliográficas e, a campo para melhor entendimento do tema estudado, será inquirido aspectos da arquitetura bioclimática. O projeto decorrerá focando no conforto dos espaços e o seu aproveitamento juntamente com a acessibilidade (NBR 9050). Também será pesquisado como ocorre o funcionamento dos espaços com atividades relacionadas à cultura, a análise das obras correlatas escolhidas serão mais a fundo analisadas, assim como a verificação do entorno do terreno escolhido para o projeto e suas extensões.

Para isto, é de suma importância compreender as metodologias e seus métodos para se coordenar em um estudo. O método científico utilizado para este fim é o de Lakatos e Marconi (2003), onde um agrupamento de atividades sistemáticas e racionais que permitem atingir uma finalidade verdadeira, delineando um caminho a ser seguido, detectando falhas e ajudando nas deliberações.

Sendo assim, após uma análise das metodologias para o projeto, optou-se por implementar o método de pesquisa exploratória, devido a esta abranger as pesquisas bibliográficas, os estudos de caso e a pesquisa de campo. As pesquisas em material teórico, como livros, artigos, normas, leis, outras monografias e internet, serviram para definir os conceitos e suas fundamentações. Já os estudos de casos auxiliaram na demonstração e no funcionamento dos projetos que possuem objetivos similares ao do estudo em desenvolvimento. Assim, será possível avaliar melhor esses programas e aplicar os que tiveram resultados positivos no projeto.

A pesquisa de campo é uma pesquisa baseada em técnicas de observação direta e de informações obtidas com entrevistas, análise de documentações, filmagens e fotografias. Esta teve como finalidade buscar informações sobre o funcionamento e definições de programas. Foram analisadas instituições que incentivam a cultura, instalações utilizadas para a realização de eventos da cidade, estúdios de dança e locais de lazer da cidade de Marechal.

As informações levantadas serviram de base para a apresentação do projeto do Centro Cultural e a definição do seu programa. As entrevistas tiveram como objetivo a busca por mais conhecimento do funcionamento das instituições públicas rondonenses. Além disso, essas entrevistas tiveram como propósito a identificação da atual demanda do município em relação aos espaços culturais.

A partir disso, a monografia foi dividida em cinco partes principais. A primeira trata-se do referencial teórico, onde foram apresentados conceitos e definições de temas que envolvem o Centro Cultural, sobre a antropologia, a Lei Rouanet, a estrutura de uma cidade, os conceitos da Arquitetura Bioclimática e da Arquitetura Contemporânea.

Na segunda parte da monografia é feita uma análise das obras correlatas. Para este propósito, as três obras selecionadas tiveram pertinências no meio em que foram colocadas ou por sua arquitetura ou pela organização da instituição. A terceira parte trata-se do diagnóstico do local da intervenção, suas principais condicionantes, como a análise do entorno, os dados do município e suas leis. O capítulo que trata dos resultados e discussões irá apresentar o conceito do projeto, seu partido, fluxograma com organograma, os materiais que serão utilizados, o programa de necessidades e seus pré-dimensionamentos. As considerações finais apontam de que forma o projeto poderá contribuir para o desenvolvimento da cidade.

Por fim, espera-se que ao final deste trabalho a proposta apresentada atenda aos parâmetros de um Centro Cultural para a cidade de Marechal Cândido Rondon – PR.

1.     REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico mostrará os conceitos e as discussões sobre o tema deste presente projeto, do mesmo modo que como os centros culturais se desenvolveram, a importância deste tema no Brasil, quais são as referências utilizadas no meio urbano e os benefícios da Arquitetura Bioclimática.

1.1  A cultura sobre a perspectiva da Antropologia

Segundo Geertz “sem os homens certamente não haveria cultura, mas, de forma semelhante e muito significativamente, sem cultura, não haveria homens” (1998). Deste modo, pode-se entender que a cultura é uma condição para a vivência dos seres humanos, pois cultura não é somente um agregado de costumes de um povo e suas expressões coletivas, mas sim um conceito mais amplo e complexo.

De acordo com a Revista de Direito Econômico e Socioambiental do Brasil (2016), o vocábulo cultura é uma estrutura complexa de símbolos, signos, mecanismo de controle, relações, concepções, ideologias, saberes, expressões e comportamentos, construídos historicamente, que elaboram e sustentam uma determinada humanidade. Por isso, não se deve dizer humanidade, mas sim em humanidades no plural, pois “Aquilo que caracteriza a unidade do homem […] é sua aptidão praticamente infinita para inventar modos de vida e formas de organização social extremamente diversos” (LAPLANTINE, 2012).

Quando o ser humano nasce, ele já absorve sua cultura e inicia um processo dinâmico de socialização e desenvolvimento físico e intelectual, onde esta, forma a sua identidade alusiva a uma certa cultura. Com isso, este reconhece seu grupo, formando sua identidade cultural, sendo que cada sujeito é, em grande parte, o que é sua cultura. O efeito deste fato é a vida em sociedade, as conexões e os sentimentos sob uma visão etnocêntrica.

Porém, quando os indivíduos ficam presos a apenas uma cultura, tornam-se seres não apenas cegos às dos outros, mas sim míopes […] (LAPLANTINE, 2012), assim, deixando a percepção ontológica, histórica e cultural da sociedade em que nascemos.

Ao lado da naturalização da cultura, e em consequência dela, a vida torna-se algo automático.

Mergulhados no cotidiano, em uma rotina de compromissos infindáveis, na repetição dos dias e do óbvio, na reprodução do pensamento e das ideias […] Alienados, inertes e apáticos, nós nos acostumamos a repetir em cena o texto decorado […] como personagens de uma peça teatral repetida e desgastada. (Revista de Direito Econômico e Socioambiental do Brasil, 2016).

1.2  O desenvolvimento do acesso à cultura no Brasil e na Europa

Ao olhar o ingresso a informação no Brasil, observa-se que foi delineado pelo poder aquisitivo dos indivíduos. No período colonial brasileiro, os jesuítas empenharam-se para promover o acesso à escrita, porém, foram tentativas isoladas devido a educação e a cultura não serem prioridade para os dominantes (SUAIDEN, 2000).

A chegada da biblioteca e da Imprensa Real no Brasil também não correspondeu positivamente para o acesso à informação a todas as classes sociais. Contudo, em 5 de fevereiro de 1811, Pedro Gomes Ferrão de Castello Branco, solicitou um projeto ao governador da Bahia pedindo uma autorização para a criação da fundação bibliotecária (Imagem 1). Esta documentação foi o primeiro projeto brasileiro com o intuito de promover o acesso aos livros e, consequentemente, à educação (SUAIDEN, 2000).

A biblioteca foi inaugurada no Colégio dos Jesuítas em 4 de agosto de 1811, e após este acontecimento diversos governos estaduais tiveram a atitude de criarem bibliotecas. Porém, devido à falta de entendimento dos administradores, os locais improvisados e desatualizados provocaram uma retração por parte dos possíveis usuários, trazendo uma imagem negativa (SUAIDEN, 2000).

Imagem 01: A primeira biblioteca no Brasil, na Igreja do Colégio dos Jesuítas.

Fonte: Coleção Gilberto Ferrez – Acervo Instituto Moreira Salles (VEDANI, 1862).

Apesar destes fatos no Brasil, as bibliotecas são as construções mais antigas da cultura, pois, com a invenção da escrita no ano de 4000 a.c, houve a necessidade de existirem locais para se guardar o conhecimento produzido (MILANESI, 1997).

Já na Idade Média, no século V, houve uma mudança nas bibliotecas devido ao poder político estar com a Igreja Católica, sendo elas agora instituições privadas. Isto apenas se modifica no século XIII com o surgimento das universidades, que permitiram, segundo Milanesi (1997), a busca por novos conhecimentos.

A Revolução Industrial (século XIX) foi a principal responsável pela modificação mais significativa na questão cultural, com a modificação da organização do trabalho, caracterizada pela produção em série nas fábricas, criaram-se novas formas de relacionamento entre o trabalhador e a sociedade, além disso, a alienação das massas trabalhadoras se tornou uma constante que se estende por vários séculos (YURGEL, 1983).

As consequências da Revolução Industrial (século XIX) se desenvolvem em uma cultura industrializada que diminuiu os espaços entre as classes sociais, alcançando diferentes setores populacionais. Pode-se acrescentar que, a invenção do rádio e em seguida da televisão, no século XX, permitiram que essas diferenças se tornassem quase excluídas, onde o conceito central é o “ter para ser”.

1.2.1 Incentivos dados pela Lei Rouanet

A Lei Rouanet, Lei n. 8.313/1991, é uma lei federal que incentiva a cultura no Brasil. Esta foi elaborada pelo então secretário da cultura, Sérgio Paulo Rouanet, quando Fernando Collor era Presidente da República do Brasil. Ela é uma colaboração entre o poder público que abdica de parte dos impostos devidos para o setor privado, onde este último deposita seus recursos em algum produto cultural. A proposta deste incentivo para a cultura é a de que este dispositivo agregue nesta esfera de produção e também no mercado nacional de artes (BARBALHO, 2007).

O método que incentiva projetos culturais está previsto no inciso III do art. 2º da Lei 8.313/1991, onde há a reversão do Imposto de Renda a pagar, por escolha do contribuinte (pessoa física ou jurídica), para o apoio a projetos autorizados pelo Ministério da Cultura (MinC). O MinC dá suporte a projetos culturais por meio de leis, como a Rouanet, e por editais para projetos específicos lançados periodicamente, segundo a Revista de Direito Econômico e Socioambiental (2016).

Esta lei é fundamental para a cultura brasileira, pois, incentiva o acontecimento de projetos culturais todos os anos, em todas as regiões do Brasil (NOHARA, 2016). Sendo assim, esta lei é, por consequência, de grande valor para os artistas rondonenses que em fevereiro de 2022, possuía 171 artistas cadastrados no sistema da prefeitura como pessoa física. Estes dados foram extraídos do questionário aplicado pela Secretaria da Cultura de Marechal, tendo como responsável Edilene Bokorni (APÊNDICE A).

Se o sucesso de uma política pode ser mensurado pelo aspecto quantitativo, então a política cultural brasileira teria sido um sucesso retumbante. A Lei Rouanet foi uma lei revolucionária, na medida em que foi responsável pelo grande aumento do montante investido em cultura no país, através do mecanismo de renúncia fiscal. Ao longo dos anos, a Lei passou a ser amplamente utilizada tanto por empresas públicas como por empresas privadas, e o que se viu foi o enorme crescimento dos valores captados (EARP, 2016).

Gráfico 1: Áreas de atuação dos artistas rondonenses

Fonte: Organizado pela autora com base no APÊNDICE A.

A maioria dos artistas rondonenses estão vinculados nas áreas de atuação musical, canto, artesanato e literatura. O município possui atualmente vinte e cinco escolas de ensino de música e oito escolas de dança regularizadas (ANEXO I).

1.3  A função de um Centro Cultural

A cultura é normalmente associada por normas de comportamento, pela educação, por ideias e modos de se expressar. Estes atributos são passados de geração em geração ou são introduzidos de outras culturas, sendo que eles mudam com o tempo.

Cultura está muito associada a estudo, educação, formação escolar. Por vezes se fala de cultura para se referir unicamente às manifestações artísticas, como o teatro, a música, a pintura, a escultura. Outras vezes, ao se falar na cultura da nossa época ela é quase que identificada com os meios de comunicação de massa, tais como o rádio, o cinema, a televisão. Ou então, cultura diz respeito às festas e cerimônias tradicionais, às lendas e crenças de um povo, ou a seu modo de se vestir, à sua comida, a seu idioma. A lista pode ser ampliada. (SANTOS, 1987).

A infância é uma fase em que normalmente o ser humano tem os primeiros contatos com eventos culturais e sociais, acompanhados de sua família. A formação cultural deste indivíduo se constrói pela assimilação destas vivências, onde o conhecimento adquirido irá produzir ideias e sentimentos que podem modificar-se em processos construtivos. Assim, a cultura forma como o indivíduo é moldando seus conhecimentos, hábitos, valores e crenças (FERRAZ e FUSARI, 1999).

Já a arte é um efeito que se estende por todas as culturas, sejam elas antigas ou atuais. Cada civilização que já existiu detinha de algum modo de expressar sua cultura, seja por formas estáticas ou dinâmicas, mas todas as artes provocam experiências (DUARTE JÚNIOR, 1994).

Assim, o Centro Cultural de Marechal será uma junção de ambientes onde poderão ocorrer diferentes transferências de conhecimentos com culturas dissemelhantes da cidade com suas atividades disponibilizadas. Este terá como intenção realizar ações vinculadas à educação e ao estudo, que são os conceitos da cultura. O funcionamento dos espaços adequados irá realizar apresentações, palestras, treinamentos, exposições e festas da comunidade, sendo que a infraestrutura irá se adequar de acordo com cada tipo de funcionamento.

Para um melhor desempenho das atividades que serão realizadas no centro, necessitam ser observadas suas dimensões mais adequadas. Estas distâncias indicam que, quanto mais próximos de uma certa referência, mais exuberância de detalhes poderá se analisar. Esta faz uma verificação entre distâncias de 500 metros e de 0 metro. Na de 500 metros é viável notar melhor os seres humanos, nos 100 metros foram comprovadas linhas gerais e com 70 metros se reconhecesse as pessoas (Imagem 2). Já as expressões faciais são vistas com 25 metros e a comunicação fica mais clara a 7 metros de distância. Em teatros são empregadas expressões corporais e maquiagens que permitem que as cenas fiquem mais perceptíveis a 35 metros (GEHL, 2015).

Imagem 2: Ilustração de acordo com as diretrizes de Jean Gehl

Fonte: Jean Gehl, 2015. Organizado pela autora.

Deste modo, para melhor evolução do projeto do Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon, a compreensão das distâncias é essencial para definir a área da plateia, para que assim os usuários possam admirar melhor as apresentações com suas riquezas de detalhes.

1.4  O primeiro Centro Cultural

O primeiro centro cultural da forma que é averiguada hoje surgiu no século XX na França, o Centro George Pompidou, porém, a Grécia é vista como o primeiro país onde os espaços livres são atribuídos como função pública, sendo locais de passeio, conversa e lazer da sociedade. É na Grécia que aparece o conceito de espaço livre onde o jardim privado, que era da nobreza, se transforma em um lugar aberto para a comunidade (DE ANGELIS, 2000).

O Centro George Pompidou (Imagem 3), dos arquitetos Richard Rogers e Renzo Piano, ganhou um concurso internacional de arquitetura em 1970, elaborado pelo presidente da França George Pompidou e Sebastian Loste, onde previa-se a construção de um Centro Cultural para a mesma (PASQUOTTO, 2011).

Imagem 3: Maquete do anteprojeto do concurso para o Centro George Pompidou, em Maio de 1972.

Fonte: Peñín Llobell, 2007.

O regulamento do concurso internacional de arquitetura de 1970 requisitava um projeto arquitetônico que atendesse às aulas das diferentes disciplinas, à circulação e aos espaços abertos para as exposições (PASQUOTTO, 2011).

O projeto escolhido mostrou sofisticação tecnológica e flexibilidade espacial. Este foi um marco no desenvolvimento do conceito de projetos para os centros culturais e para os museus, pois: “O Centro George Pompidou marcou a transição entre a tradição moderna dos museus neutros e a tendência que norteou sua construção a partir da década de 1980” (Faccenda, 2003). Ou seja, ele rompeu com a ideia de que em apenas espaços distintos, como museus, teatros e bibliotecas, devessem ter programas culturais e, por isso, este local serviu de estudo para o desenvolvimento do respectivo projeto em questão, pois, quebrou as barreiras existentes naquela sociedade atual. O Centro George Pompidou foi o primeiro local com o conceito de um centro cultural no mundo. No Brasil, foi apenas na década de 1980 que se efetivou a concepção do Centro Cultural do Jabaquara (Imagem 4) e também do Centro Cultural São Paulo, os dois na cidade de São Paulo (NEVES, 2013).

Imagem 4: Centro Cultural do Jabaquara em São Paulo.

Fonte: Fernando Stankuns, 2017.

O Centro Cultural do Jabaquara é uma biblioteca pública, localizada em São Paulo capital, que também possui outras atividades didáticas e informativas, como palestras, exposições, apresentações de música e teatro, além de outros programas que estão voltados à comunidade local (NEVES, 2013).

Os centros culturais necessitam de uma estrutura para o uso coletivo adequado para as diferentes manifestações culturais que ali terão. Os ambientes são para diversas atividades, como leitura, palestras, oficinas, apresentações musicais, teatrais e de dança. Além disso, a instituição deve possuir uma democratização dos espaços, como por exemplo a acessibilidade, diferenciadas áreas de convivência que tenham uma incorporação do interior com o exterior (NEVES, 2013).

O local que incentiva à cultura precisa ser um lugar que estimule a inovação. Assim, a instalação apenas terá sentido se comprometida com a educação das pessoas e sua coletividade. Com isto, a formação dos futuros cidadãos irá valorizar as diferenças. O centro cultural precisa ser um local que transmita acolhimento às pessoas de diferentes idades e classes sociais, além de incentivar seus usuários a manifestarem suas concepções (RAMOS, 2007).

1.5  A estrutura de uma cidade

Segundo Kevin Lynch (1960), as referências que os usuários de uma cidade empregam para construir sua imagem são ligadas por caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos. Esta assimilação é feita aos poucos, sendo o tempo um elemento de grande importância. Cada habitante possui certa combinação com partes da cidade, frutos de interpretações diferentes dos espaços, sendo a imagem impregnada por estas relacionadas às memórias e significados.

Um dos conceitos básicos de Kevin Lynch (1960) é o da legibilidade. Esta se refere aos aspectos visuais que vêm da cidade, não dando importância aos não- visuais, como a numeração das ruas. Assim, legibilidade é a “facilidade com que cada uma das partes [da cidade] pode ser reconhecida e organizada em um padrão coerente”.

Já a percepção ambiental pode ser observada pela sua estrutura, identidade e significado. Estruturar uma área é uma competência vital para todos os animais que se movem, sendo a desorientação torturante para quem vive na cidade. O ambiente legível promove segurança e traz experiências urbanas mais intensas. A estrutura na imagem da cidade deve ter uma relação do objeto com o observador e também com os outros objetos. Já a identificação de um objeto relaciona-se na sua dissemelhança em relação a outras coisas, e esta peça deve ter um significado para o seu observador (LYNCH, 1960).

Como já citado anteriormente, o usuário da cidade possui referências que o auxiliam na construção da imagem desta. Os caminhos (Imagem 5) são canais onde o observador costumeiramente, ocasionalmente ou potencialmente utiliza, podendo ser ruas, calçadas, canais, linhas de trânsito e estradas de ferro. Esta menção é vista como o principal elemento na percepção ambiental para a maioria da sociedade.

Imagem 5: A Avenida Commonwealth

Fonte: The image of the city (Lynch, 1960).

No livro “A imagem da cidade (1960)” de Kevin Lynch, o autor cita a Avenida Commonwealth (Imagem 5), uma rua de grande importância nas cidades de Boston e Newton, Massachusetts. A avenida começa em um jardim público, passa por vários bairros e continua na Rota 30, até cruzar o Rio Charles na fronteira com a cidade de Weston. Esta é citada no livro como exemplo de caminho, pois, ela também passa pelo centro da cidade e possui continuidade.

Já os limites (Imagem 6) são utilizados como barreiras ou elementos de ligação, como por exemplo, os rios, as estradas, as praças e as ruas. Estes limites conseguem ter um efeito de afastamento nas cidades (LYNCH, 1960).

Imagem 6: Exemplo de limite com Chicago ao lado do oceano

Fonte: The image of the city (Lynch, 1960).

Na concepção de Lynch (1960), os bairros (Imagem 7) são porções da cidade onde o observador entra e se identifica. Suas características podem ser texturas, diferentes espaços e formas, algum detalhe, os tipos de edificações e seus usos e sua topografia.

Imagem 7: Diferentes fronteiras dos bairros de Boston.

Fonte: The image of the city (Lynch, 1960).

Os bairros podem ter fronteiras de diferentes tipos. Algumas podem ser fortes, definidas e precisas, e outras ligeiras e incertas, como mostra a figura acima.

Os pontos nodais (Imagem 8) são locais estratégicos na cidade por onde o observador pode entrar. Estes podem ser de grande ou pequena escala, como esquinas, praças, bairros ou uma cidade inteira. Os marcos também podem ser de diferentes escalas, mas, são elementos onde o ser não entra, tendo como característica principal a singularidade.

Imagem 8: A Catedral de Florença – Itália.

Fonte: The image of the city (Lynch, 1960).

Os elementos marcantes normalmente são mais utilizados pelas pessoas que estão familiarizadas com a cidade, particularmente os marcos menos proeminentes e mais comuns, pois, a partir da hora que as pessoas conhecem mais a cidade, elas se baseiam em elementos mais diferenciados.

Imagem 9: A construção da imagem da cidade de Los Angeles – Califórnia, com seus cinco elementos.

Fonte: The image of the city (Lynch, 1960). Organizado pela autora.

Deste modo, pode-se dizer que o projeto para a instalação do Centro Cultural para a cidade escolhida utilizou destes princípios para um melhor zoneamento do mesmo. O terreno para sua inserção necessita ser bem visível, estar em um local movimentado – mas que não gere tantos ruídos – e de fácil acesso para toda a comunidade.

1.6  Arquitetura Bioclimática

O projeto do Centro Cultural irá ter princípios de conforto ambiental na arquitetura, a fim de que seu conceito e métodos transmitam bem-estar ambiental interno no local de estudo.

A arquitetura bioclimática está presente quando se projeta um edifício dando a devida atenção para fatores do clima onde aquele projeto será inserido, com o objetivo de atingir a eficiência energética e o conforto ambiental interno com recursos passivos (OLGYAY, 1998). Assim, deve-se acatar as variáveis climáticas, como temperatura, umidade, radiação solar e movimento do ar, e também ter entendimento do desempenho térmico dos materiais que blindam e da cobertura dos solos adjacentes. Além disso, esta integra aspectos culturais e socioeconômicos.

O tipo de arquitetura em análise, promove uma identidade arquitetônica regional e colabora para as reduções nos usos da climatização, iluminação e ventilação. Desta maneira, esta se torna parte das relações entre as dimensões ambientais, culturais, sociais e também econômicas (FERREIRA, 2015).

Os irmãos Victor e Aladar Olgyay foram os primeiros nas pesquisas sobre a relação entre o ambiente construído, clima e suas trocas de energia, isto na década de 1960. Estes utilizaram os conceitos da bioclimatologia na arquitetura, formularam a expressão projeto bioclimático e também criaram um diagrama bioclimático (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).

Através de estudos ao longo do tempo, se concluiu que para alcançar um menor número no consumo de energia é preciso utilizar da melhor maneira os sistemas passivos e ativos. Os sistemas ativos são apropriados no uso de sistemas de iluminação e no condicionamento do ar eficiente, e os sistemas passivos normalmente estão em edifício, sendo o edifício um sistema de captação, controle, acumulação e distribuição de energia fundamental ao conforto dos seus usuários (MONTEIRO, 2011). Consequentemente, é mais apropriado a utilização de estratégias bioclimáticas que reduzam o consumo de energia.

As estratégias bioclimáticas são soluções que pretendem alcançar a eficiência energética e o conforto ambiental interno com a aplicação das condições ambientais do lugar. As alternativas precisam ser delineadas no início do projeto arquitetônico, tendo como orientação o perfil climático da área que o projeto será instalado (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). As principais estratégias para alcançar tal objetivo é a inércia térmica, o aquecimento solar passivo, a ventilação natural, o resfriamento evaporativo e o sombreamento.

A inércia térmica é um método proveitoso em períodos frios e quentes, pois, seu desempenho necessita das propriedades dos materiais que já estão na edificação, onde estes precisam ser densos, de alta capacidade térmica e baixa transmitância térmica. Este é preferível para regiões com grandes amplitudes térmicas em pequenos espaços de tempo, assim, em tempos frios as paredes e a cobertura podem ser esquentadas pela insolação direta, guardando o calor para a noite, devido a este período de clima estar mais gelado. Em tempos quentes a estratégia será para resfriar o interior do local com o sombreamento das aberturas, a diminuição da

ventilação natural durante o dia e a ventilação seletiva no período noturno, afastando assim o calor acumulado durante o dia (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). Também pode-se ser utilizado o teto jardim e a parede verde, pois, no processo de fotossíntese as plantas retem mais calor, ajudando na diluição da temperatura interna do edifício (LABAKI et al., 2011).

Já o aquecimento solar passivo é a utilização da radiação solar direta para elevar a temperatura do interior do edifício, podendo ser direto ou indireto. O aquecimento direto é realizado por aberturas ou superfícies transparentes que deixam a radiação solar passar, sendo assim, refletida pelas superfícies internas na forma de ondas longas (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014). O aquecimento indireto acontece na utilização de elementos de alta inercia térmica orientados para obter uma maior insolação.

Na ventilação natural as aberturas necessitam estar locadas de forma a promover um fluxo de ar apropriado para o ambiente, trazendo para seus usuários uma sensação de conforto térmico (FROTA; SCHIFFER, 2007). A ventilação passiva possui a ventilação cruzada e a ventilação por efeito chaminé. A primeira citada é consequência das dissemelhanças da pressão do ar causado pelo vento na edificação, sendo melhor projetar as aberturas em zonas de pressão opostas. Já a segunda, precisa da pressão do ar resultante das diferenças da densidade do ar, utilizando como soluções os lanternins e as aberturas zenitais.

Outra estratégia bioclimática é o resfriamento evaporativo. Este é adequado para o resfriamento em lugares de clima mais seco, pois, este método retira o calor do ambiente pela evaporação da água ou evapotranspiração de plantas. Sua performance depende de quanto mais rápida a evaporação da água for, assim a queda da temperatura do ar será maior. A utilização de gramados e árvores promovem o surgimento de um microclima, devido ao seu metabolismo liberar água.

Por último, se tem o sombreamento. Este é fundamental na redução do impacto da radiação solar e pode ser executado através de elementos arquitetônicos, como beirais, marquises e brises, ou com o uso de vegetações. Pode-se acrescentar que é importante que o edifício esteja orientado da maneira correta para a diminuição de elementos adicionais.

1.7  Arquitetura Contemporânea

A Arquitetura Contemporânea começou a ser empregada nos últimos anos do século XX no Brasil, sendo uma releitura das soluções que foram consolidadas no passado às transformando. A partir disso, as características da produção arquitetônica foram vinculadas aos conhecimentos aprofundados da modernidade, a sustentabilidade e às leituras mais sensíveis dos ambientes (BASTOS, ZEIN, 2010).

Deste modo, se pode acrescentar o conceito de tipo e suas formações a partir da arquitetura moderna. O entendimento da palavra tipo surgiu na cultura acadêmica francesa no século XVIII e seu conceito em arquitetura no século XIX (PEREIRA, 2008). Assim, mesmo não tendo uma única definição, entende-se que a termo é um instrumento e não uma categoria (MARTINEZ, 2000). Conhecendo essas características, definir este vocábulo é um posicionamento na interpelação desta pesquisa.

Nessa linha de raciocínio, pode-se conceituar a palavra tipo como a explicação de uma estrutura formal comum, podendo esta ter várias variantes. A associação de tipo e estrutura formal define o tipo como “um princípio ordenador segundo o qual uma série de elementos, governados por relações precisas, adquire uma determinada estrutura” (MARTÍ ARÍS, 1993).

Adotar um tipo arquitetônico parte da compreensão de que este simboliza estruturas que estão em um constante processo de construção e modificação. Assim, “toda arquitetura pode ser vista então como o resultado de uma série de transformações operadas sobre outras arquiteturas” (MARTÍ ARÍS, 1993). As modificações são as que permitem as inovações e a fissura com outros grupos arquitetônicos, como as heranças passadas da Arquitetura Moderna para a Arquitetura Contemporânea.

Para o arquiteto começar um projeto, consciente ou inconscientemente, ele escolhe um tipo arquitetônico ou respeitando aquele estilo, ou sobrepondo outros tipos, ou ainda, transformando este em outra estrutura formal. Deste modo, a utilização do tipo nas criações não é um resultado prefigurado, mas o início de inúmeras probabilidades compositivas (MARTÍ ARÍS, 1993).

A sustentabilidade ambiental formou um modelo na cultura contemporânea que orienta diferentes campos do conhecimento e da ação humana. Na arquitetura, ela tem consequências na teoria e na prática do projeto (ANDO, 2006). Seu objetivo é o conforto ambiental, a diminuição dos gastos com energia elétrica e a melhor utilização dos materiais das estruturas. Os espaços que são projetados utilizando estes conceitos são mais adequados aos preceitos bioclimáticos.

Conclui-se que a Arquitetura Contemporânea é uma mistura de tendências e características. Seus conceitos incluem materiais sustentáveis, conexões entre espaços internos e externos, uso da luz natural, o conforto é uma prioridade e o uso da tecnologia. Sendo assim, o projeto do Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon utilizará estas concepções na sua proposta.

2.  ANÁLISE DE OBRAS CORRELATAS

Neste capítulo serão apresentadas as obras correlacionadas ao assunto definido. As obras foram escolhidas de acordo com seus conceitos culturais, o modo como relaciona-se com o entorno, as atividades que ali são disponibilizadas e sua estética ligada a Arquitetura Contemporânea. A pesquisa tem como propósito propiciar um melhor entendimento da realidade espacial dos projetos arquitetônicos escolhidos, seu paisagismo e como esta se relaciona com o meio urbano.

Deste modo, foram estudadas suas conceituações aplicadas à cultura, seus aspectos formais e compositivos, sua inserção no terreno e contextualização com o entorno, o programa de necessidades desenvolvido e sua funcionalidade, o sistema construtivo e os materiais que foram utilizados. Ao final destes aspectos, será feita uma análise de cada obra, sobre como esta é importante para o desenvolvimento deste projeto do Centro Cultural.

2.1  Centro Cultural de Sedan

Localizado no centro da cidade de Sedan e às margens do Rio Meuse, na França, o Centro Cultural de Sedan foi projetado pelo escritório Richard + Schoeller Archtectes, que é composto pela arquiteta Isabelle Richard e pelo arquiteto Frédéric Schoeller, no ano de 2012 e possui uma área construída de 1.897m². A imagem 10 mostra a fachada deste local.

Imagem 10: Fachada sul do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Sergio Grazia, 2013.

2.1.1 Conceito

Um dos principais conceitos utilizados nesta obra é a interação entre o interior e o exterior, com grandes e pequenas aberturas envidraçadas em vidro colorido. O espaço abriga a maioria das atividades culturais de Sedan, França, com sua flexibilidade e acessibilidade, cumprindo seu papel comunitário. Pode-se observar que sua Arquitetura Contemporânea se integra na cidade, formando espaços de convívio em seu entorno.

Imagem 11: Sala de aula do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Sergio Grazia, 2013.

As salas de aula deste Centro Cultural (Imagem 11) são dinâmicas, espaçosas, possuem iluminação e ventilação natural, poupando bastante energia durante o dia. Estas características fazem este local ter alguns dos conceitos da Arquitetura Bioclimática.

2.1.2 Aspectos formais e compositivos

O Centro possui diversas aberturas envidraçadas (Imagem 12), onde o pedestre pode ver facilmente o que acontece em seu interior, como a dança ao norte, movimentos no Sul e em seu terraço é possível ver o Centro da Juventude e da Cultura. A fachada sul é orientada para a Rua de Ternaux, sendo um simples plano de concreto. Já o espaço público Centro Cultural abre seus quatro lados para a praça. O objetivo da elevação de alguns blocos é a liberação do espaço urbano, afirmando mais uma vez o conceito da interação entre interno e externo. Seus espaços multiusos com palcos e plateias retráteis o transforma em um recinto livre de 350m².

Imagem 12: Aberturas do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Sergio Grazia, 2013.

2.1.3 Inserção no terreno e contextualização com o entorno

No térreo da edificação, a praça e os edifícios vizinhos, juntamente com o átrio, a administração e o teatro formam uma área dinâmica, com a cultura abrindo-se para a cidade. O átrio é voltado para o Rio Meuse (Imagem 13), o espaço multiuso possui palco e plateia retráteis, e na sua parte anterior os bastidores ligam-se à rua.

Imagem 13: Ponte sobre o Rio Meuse

Fonte: Sergio Grazia, 2013.

No pavimento superior o estúdio de dança é modulado de acordo com o palco, auxiliando nos ensaios. Já a cozinha baixa realiza a função de café, voltando-se à ponte sobre o Rio Meuse ao norte.

Imagem 14: Implantação do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Isabelle Richard e Frédéric Schoeller, 2016. Organizado pela autora.

As quadras da cidade de Sedan na França são de tamanhos e formas diferentes. O projeto foi inserido no terreno escolhido de uma maneira fluída, tanto é que sua forma também respeita esse conceito. A edificação está localizada mais à esquerda da quadra (Imagem 14), pois, o Centro Cultural utiliza este espaço livre também como palco de apresentações.

2.1.4 Programa de necessidades e funcionalidade

Para atender às necessidades de educação da cultura, o local em estudo possui no pavimento térreo (Imagem 15) uma grande sala com 197 assentos retráteis, assim como seu palco, de modo que suas aberturas se abram para a praça em frente transformando o local em um espaço livre de 350m². Além disso, possui dois escritórios, um sanitário feminino e masculino, um lavabo, dois vestiários, um ateliê de cozinha, espaços de circulação e halls de entrada.

Imagem 15: Planta Baixa do Pavimento Térreo do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Isabelle Richard e Frédéric Schoeller, 2016. Organizado pela autora.

O pavimento superior (Imagem 16) possui acima da sala das apresentações uma grelha. A grelha é um espaço vazio que fica acima do ângulo de visão de quem está assistindo o espetáculo. Neste são colocados os recursos técnicos e operacionais, como por exemplo, a luz do palco. Este andar detém também seis salas para oficinas, dois escritórios, dois lavabos e diversas circulações.

O Centro Cultural de Sedan dispõe de um elevador para usuários que não podem, por algum motivo, subir e descer às escadas que o local possui, pois, são muitas. O elevador liga o pavimento térreo com o pavimento superior.

Esta é respeitadora do ambiente urbano, contribui pela sua flexibilidade, pela sua acessibilidade à imagem cívica de um lugar de cultura. A acústica de todo o edifício é perfeita, em particular a sala de 197 lugares para usos múltiplos permite atividades musicais e de dança que exigem qualidades de reverberação específicas (RICHARD, SCHOELLER, 2016).

Imagem 16: Planta Baixa do Pavimento Superior do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Isabelle Richard e Frédéric Schoeller, 2016. Organizado pela autora.

A imagem 16 deixa nítido, com a cor azul claro, como este centro possui circulações. Os ambientes são ligados por corredores, escadas e espaços vazios. As salas de aula são, em sua maioria, uma do lado da outra fazendo com que seus usuários tenham convívio e trocas de aprendizado. Além disso, todas elas possuem iluminação e ventilação natural.

2.1.5 Sistemas construtivos e materiais empregados

O projeto é constituído por concreto aparente e vidro. Os materiais são simples, mas o que molda a forma deste centro são os quatro paralelepípedos suspensos que juntamente com os vidros coloridos conectam o entorno. Seus ambientes são bem resolvidos, com atividades voltadas para cada fachada do edifício. A Imagem 17 mostra a elevação da fachada sul, que possui o hall principal para entrada no teatro.

Imagem 17: Elevação da fachada sul do Centro Cultural de Sedan

Fonte: Isabelle Richard e Frédéric Schoeller, 2016.

2.1.6 Conclusão

Para o Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon, foi retirado como referência a interação entre o interior e exterior da edificação, as grandes aberturas que permitem iluminação e ventilação natural, o uso dos vidros e das cores. Estas características são positivas e se alinham aos conceitos da Arquitetura Bioclimática que serão aplicadas no projeto.

2.2  SESC Fábrica Pompéia

Localizado na Rua Clélia na cidade de São Paulo, o SESC Fábrica de Pompéia foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi e os colaboradores André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz. O projeto é do ano de 1977 e possui uma área construída total de 23.571m² com três edifícios prismáticos de concreto e os reformados galpões. O

prisma maior apresenta cinco pavimentos, o prisma menor possui doze pavimentos onde a cada dois pavimentos forma um andar do prisma maior, e o terceiro é um cilindro de setenta anéis de um metro de altura cada, como mostra a Imagem 18 abaixo.

Imagem 18: Os conjuntos do SESC Fábrica de Pompéia

Fonte: Pedro Kok, 2009.

2.2.1 Conceito

O Sistema S é um conjunto de instituições brasileiras privadas formado pelo SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SESI (Serviço Social da Industria), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem) e SESC (Serviço Social do Comércio). Este conjunto de instituições foram criadas com uma administração independente e são assim até os dias de hoje.

O SESC foi criado em 13 de setembro de 1949 e atualmente possui 480 unidades em todo o Brasil. O Serviço Social do Comércio possui oficinas ligadas à cultura, à educação, à saúde, à sustentabilidade, ao lazer e à assistência social, promovendo bem-estar e qualidade de vida.

O SESC Fábrica de Pompéia surge com o encanto que Lina Bo Bardi teve ao visitar o local onde antigamente tinha a Fábrica de Tambores da Pompéia, recuperando-a para transformá-la em um centro de lazer. A antiga fábrica possuía galpões distribuídos racionalmente (Imagem 19) e estrutura em concreto, como os projetos ingleses do começo da industrialização europeia.

Imagem 19: Primeiros estudos de Lina Bo Bardi. A rua e os galpões.

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Ninguém transformou nada. Encontramos a fábrica com uma estrutura belíssima, arquitetonicamente importante, original, ninguém mexeu… O desenho de arquitetura do Centro de Lazer Fábrica da Pompéia partiu do desejo de construir uma outra realidade. Nós colocamos apenas algumas coisinhas: um pouco de água, uma lareira (BARDI, 1993).

De acordo com a arquiteta responsável, os paralelepípedos foram deixados pela sua história. Estes são os calçamentos mais antigos da humanidade com suas pedras cortadas e alisadas com as mãos, sendo um documento da civilização.

Imagem 20: Logotipo do SESC Fábrica da Pompéia

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

O logotipo criado por Lina Bo Bardi para esta unidade da instituição foi feito com o propósito de mostrar para a população que um logotipo é como um selo de comunicação popular. Este, em específico, representa o cilindro que é uma torre- caixa-d ’água-chaminé que despeja flores.

2.2.2 Aspectos formais e compositivos

As áreas reformadas da antiga fábrica somam uma área de 12.000m². Seu programa possui diferentes oficinas. Mesmo com as mudanças, ainda assim, foram deixados os paralelepípedos da rua (Imagem 21), as luminárias, os painéis de alvenaria e os condutores das águas pluviais.

Imagem 21: Galpões depois de recuperados

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Já para o novo complexo, a arquiteta responsável se inspirou na arquitetura dos fortes militares brasileiros, aqueles perdidos perto do oceano ou escondidos no país. Deste modo, surgiram os dois blocos que com uma solução aérea são ligados por passarelas (Imagem 22).

Imagem 22: Passarelas que interligam os blocos.

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Imagem 23: Detalhes das passarelas que ligam os blocos

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Lina Bo Bardi não apoiava o uso do ar-condicionado, e por este motivo surgiram os “buracos das cavernas” sem vidro (Imagem 24) que permitem uma ventilação cruzada permanente no bloco maior. Este tipo de ventilação possui diversos benefícios, pode-se citar a diminuição de energia elétrica, a renovação do ar constante e a conexão com um ambiente mais natural.

Imagem 24: Os “buracos das cavernas”

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

No lado de fora dos edifícios foi projetado um grande deck de madeira (Imagem 25) que percorre de um lado ao outro do terreno. Este possui um local com chuveiros coletivos ao ar livre com o objetivo de unir as pessoas de todas as idades em um deck- solarium.

Imagem 25: Os conjuntos prismáticos

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018. Organizado pela autora.

Um deck-solarium é um local de integração saudável entre pessoas e o ambiente, e o essencial é que haja a incidência do sol. Para uma cidade como São Paulo, onde o lazer ao ar livre e o verde não se encontra com facilidade, este é um diferencial.

  • 2.2.3 Inserção no terreno e contextualização com o entorno

A obra em análise está inserida em um grande espaço na cidade de São Paulo. Por este motivo, a obra divide espaço com uma banca de jornais, um ponto de taxi, uma loja de roupas, uma loja de brinquedos, um grande estacionamento, um lava car, uma oficina de carroceria e uma empresa ferroviária, tudo isto em uma mesma quadra. Estes elementos podem ser entendidos a partir da Imagem 26.

Imagem 26: Implantação do SESC Fábrica da Pompéia

Fonte: Organizado pela autora.

Como pode ser observado pela implantação (Imagem 26), a entrada principal da obra é pela Rua Célia, mas seus contornos passam pela Avenida Pompéia e a Rua Barão do Bananal. A futura Estação do Metrô dar-se-á a linha 6-laranja que ligará 15 estações, atendendo a mais de 630 mil passageiros por dia com 15 quilômetros de extensão. Porém, a estimativa é que ela fique pronta apenas em 2025, mas ela será de grande importância para a instituição. Já o entorno da obra é em sua maioria de residências de médio e alto padrão.

2.2.4 Programa de necessidades e funcionalidade

O SESC Fábrica da Pompéia é dividido em três setores (Imagem 27). O primeiro setor são os ambientes de uso coletivo e cultural de acesso ao público em geral, o segundo setor são espaços privados de acesso público, e o terceiro são áreas privadas de acesso restrito apenas aos usuários da instituição SESC.

Imagem 27: Planta do conjunto SESC Pompéia dividido em setores

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018. Organizado pela autora.

O programa de necessidades dos conjuntos é dividido em 16 partes. O conjunto esportivo possui piscina, ginásio e quadras (Imagem 28 e Imagem 29) e é dividido em cinco pavimentos. As quadras são decoradas de acordo com as cores das estações primavera, verão, outono e inverno.

Imagem 28: Croquis de Lina Bo Bardi

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

As cores escolhidas por Lina para a quadra da primavera lembram das flores coloridas, do verde das vegetações e do azul forte do céu. A quadra verão possui o amarelo forte do sol, o azul do céu e os tons quentes do vermelho. A quadra outono tem os tons secos das árvores, como o marrom e o amarelo. Já a quadra inverno é em cores azuladas e brancas referenciando o azul do céu e o frio.

Imagem 29: Corte do bloco esportivo

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

A lanchonete, os vestiários, a sala de ginástica, lutas e danças somam ao todo 11 pavimentos. A torre da caixa d’água (Imagem 25) foi feita em formas metálicas ficando com uma textura de concreto “rendada” com a inspiração de relembrar a antiga chaminé de tijolos da fábrica e ser de fato um marco vertical da Pompéia. Já o grande deck solarium, que vai de um lado ao outro do terreno, passa entre os blocos e está em cima do córrego da Água Preta, que recebe um grande volume de águas pluviais de toda a região. Esta é uma área de alagamentos recorrentes desde a urbanização da região da Pompéia, tendo sido canalizado o leito do córrego.

O programa de necessidades também possui ateliers de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria, tipografia, biblioteca de lazer, lajes abertas de leitura, videoteca e um grande pavilhão para apresentações temporárias. O pavimento do laboratório fotográfico, do estúdio musical e das salas de danças com vestiários tem 13 andares. Além disso, também tem um grande ambiente de estar, jogos de salão, espetáculos e amostras expositivas com uma grande lareira e um espelho d’água (Imagem 32). O SESC Fábrica da Pompéia contém um teatro (Imagem 30) com 1200 lugares. O teatro tem inspiração no movimento Post-Modern da Europa, que é definido com a Retromania que é conseguir “ao máximo os princípios da documentação histórica reduzidos ao consumo”.

Imagem 30: Vista do interior do Teatro

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Estes conceitos estão visíveis principalmente nas simples cadeiras todas em madeira e sem estofado, fazendo referência aos Autos da Idade Média que eram mostrados em praças com as pessoas em pé ou andando. Já nos teatros greco- romanos os assentos não tinham estofado, pois eram em pedra e ao ar livre.

Imagem 31: Corte transversal do Teatro

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Os estofados nas cadeiras surgem apenas nos teatros áulicos das cortes e continuam até os dias atuais com a sociedade do consumo. A cadeira de madeira do teatro em análise é uma experiência de reenviar a este tipo de espaço um “distanciar e envolver” e não só de se sentar.

Pode-se acrescentar ainda os espaços administrativos que possuem dois pavimentos, o almoxarifado, as oficinas para as manutenções, os vestiários, o refeitório para os funcionários e uma cozinha industrial. Além disso, a obra em estudo tem um restaurante self-service para 2000 refeições e uma choperia para o período noturno.

2.2.5 Sistemas construtivos e materiais empregados

Nos galpões (Imagem 32), que já eram existentes, os telhados foram reformulados com estruturas metálicas, telhas de barro e telhas de vidro. O sistema estrutural é de vigas e pilares pré-fabricadas em concreto armado com fechamento em tijolos de barro. Os pisos antigos são em concreto aparente e após a reforma foram colocados blocos de concreto em algumas partes.

Imagem 32: Espaço de lazer nos galpões

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

A imagem acima mostra o espaço de lazer que está inserido em um dos galpões. Este possui um espelho d’água do córrego que passa no terreno, e o piso deste foi reformulado com os blocos de concreto.

A parte nova do SESC é formada por duas torres prismáticas (Imagem 25), conectadas por oito passarelas e uma torre cilíndrica de 80 metros de altura, as três feitas em concreto aparente moldado a partir de formas de madeira horizontal. O prisma estrutural maior contém a piscina e as quadras esportivas sobrepostas em cinco andares com pé direito duplo de 8,60 metros, pisos em grelha de concreto protendido para áreas de 30 por 40 metros, e paredes perimetrais de 35 centímetros de espessura.

O prisma estrutural menor é ligado ao prisma maior com passarelas de concreto protendido destinando aos vestiários e a sala para exercícios, onde esta última possui

a escada de emergência e os terraços para a circulação. O longo cilindro (Imagem 25) que completa o conjunto e abriga a caixa d’água também é de concreto aparente moldado a partir de formas de madeira horizontal, porém ele contém um diferencial. Para garantir uma textura em sua superfície, foi colocado tecido nas formas de concreto que atualmente estampa uma das marcas mais interessantes do conjunto.

2.2.6 Conclusão

A construção é uma crítica a Arquitetura Moderna mesmo não a deixando de lado totalmente, sendo que esta não possui apenas uma linguagem arquitetônica. A obra tem uma certa individualidade, inserida em um espaço esquematizado com a combinação da justaposição. O novo conjunto é bastante táctil e visual, a forma rígida se funde com os galpões, fixando a atenção das pessoas com sua sensibilidade.

O SESC Fábrica da Pompéia é uma obra correlata deste estudo por ter suas características únicas e particulares. Um exemplo disso são suas diferentes formas em concreto aparente, sua iluminação e ventilação natural. O Projeto do Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon terá uma identidade diferente da que a cidade tradicionalmente alemã possui atualmente, irá conter uma forma orgânica em concreto aparente e bastante iluminação natural.

2.3 Museu de Arte de São Paulo (MASP)

Localizado em uma das avenidas mais movimentadas da cidade de São Paulo, a Avenida Paulista, o Museu de Arte de São Paulo foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, e os cálculos estruturais foram feitos pelo engenheiro J.C. Figueiredo Ferraz. O projeto foi colocado em prática no ano de 1957 e sua inauguração foi em 1968. Esta tem um total de 11.000m², divididos em 5 pavimentos, com um vão livre de 74m², e é mais conhecido como MASP por ser um jeito mais curto de se referenciar ao museu. Estas informações serão melhor entendidas a partir da Imagem 33.

Imagem 33: Fachada do Museu de Arte de São Paulo

Fonte: Pedro Kok, 2008.

2.3.1 Conceito

A arquiteta Lina Bo Bardi queria uma arquitetura simples que pudesse mostrar imediatamente o que era chamado de monumental nos tempos passados. Esta chama o estilo adotado de pobre, não do ponto de vista ético, mas sim, retirando qualquer esnobismo cultural e utilizando soluções mais diretas. Um exemplo disso é a utilização do concreto como sai das formas, e mesmo sendo uma obra feita com materiais dados como “simples” atrai vários visitantes todos os dias.

Imagem 34: Detalhe do concreto sem acabamento do MASP

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

O museu é lembrado pelas pessoas em geral como o edifício de pórticos vermelhos e sua caixa de vidro, onde muitas vezes esquece-se que a memória do local é como uma estrutura social e cultural que é construída e mudada com os anos. A exposição didática que aconteceu no MASP em 1947 foi o marco inicial da instituição museográfica, coordenada pelo marido da arquiteta responsável Pietro Maria Bardi, para que a instituição se tornasse um dos museus com maior referência no mundo. Esta mostrou um novo modo de expor a arte, pois estas eram expostas em grandes painéis feitos de vidro (Imagem 35). O objetivo deste novo modelo era criar um público que entendesse a história da arte como um todo, das origens dos seres humanos até os tempos atuais (da época) “como um processo de repensar constante do campo artístico”.

Imagem 35: Os painéis didáticos de cristal

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Lina Bo Bardi diz que os painéis didáticos de cristal, onde são expostas as artes, não agradam as pessoas que são cômodas, pois, para consultar os dados técnicos destes é preciso voltar-se para atrás dos painéis. As pinturas eram colocadas entre duas folhas de cristal temperado de 1,20 metros que foram importadas de Roma.

Imagem 36: Exposição Costa do Marfim em 1974

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

O museu principia com a proposta de ser como uma obra aberta, mostrando um novo modo de expor a arte brasileira. O MASP é um ambiente de diálogo entre o presente e o passado unindo pinturas, esculturas, gravuras e outras técnicas que lembram do cotidiano da vida da sociedade (Imagem 36).

  • 2.3.2 Aspectos formais e compositivos

O museu em concreto aparente originalmente não possuía a cor vermelha. Porém, no ano de 1989 a obra teve um problema muito grande de infiltração e teve que receber novamente uma impermeabilização, então a arquiteta responsável sugeriu a pintura vermelha.

A obra flutuante e elevada é um grande prisma suspenso (Imagem 37). Separada pelo vão livre, esta também possui um restaurante, um teatro e áreas para atividades culturais e oficinas. Os espaços são divididos com uma área livre para o acesso de seus usuários com espelhos d’água, o andar superior em concreto armado com as grandes fachadas de vidro e o inferior no subsolo.

Imagem 37: Escadaria do vão livre para o andar superior

Fonte: Flávio Kiefer, 1998.

As artes do MASP, para a arquiteta, não poderiam ficar entre paredes opacas de alvenaria, mas sim, teriam que ser transparentes, com luz e ventilação natural. O Belvedere do Trianon (Imagem 38), que é o chamado vão livre, é uma praça sem jardim para poder ter as exposições ao ar-livre e os concertos. O projeto foi feito de um jeito que não atrapalhasse a visão para a Avenida Nove de Julho, pois esta tem um túnel que passa sob o terreno do museu vários metros abaixo.

Imagem 38: O Belvedere do Trianon

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

As paredes de contenção do Museu de Arte de São Paulo são revestidas com argamassa misturada com pedras britas, para dar um efeito natural. Já as escadas dão acessos aos andares superior e inferior, e as rampas internas (Imagem 39) transportam os usuários para os restaurantes e os cavaletes de cristal.

Imagem 39: Rampas internas do MASP

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

Os painéis didáticos pararam de ser utilizados no ano de 1996, por motivos não bem esclarecidos. Porém, no final do ano de 2015 eles retornaram dando mais amplitude para as exposições, e fazendo com que uma obra esteja atrás da outra sem empecilhos.

2.3.3 Inserção no terreno e contextualização com o entorno

O museu está inserido em uma quadra única na Avenida Paulista, cidade de São Paulo. As entradas para o grande vão livre podem ser pela Avenida já citada, ou pela Rua Plínio Figueiredo, ou ainda a Rua Professor Otávio Mendes. O MASP foi construído acima do Túnel 9 de Julho que foi o primeiro túnel de São Paulo, isto explica o edifício em pilotis. Este foi inaugurado em 1938 pelo prefeito Prestes Maia, sendo construído para ligar o centro a zona sul onde somente existiam sítios, alguns palacetes e casarões.

Imagem 40: Ilustração da implantação do MASP

Fonte: Stephen Caffey, 2015. Organizado pela autora.

O Parque Tenente Siqueira Campos está localizado bem em frente ao Museu de Arte de São Paulo, e possui muitas árvores centenárias que foram mantidas em uma região com diversos prédios. No entorno da obra em análise também estão localizadas universidades, diferentes instituições financeiras, comércios, espaços culturais, restaurantes, teatros, cinemas, um hospital e estações de metrô.

A Avenida Paulista, onde está localizado este projeto, é o centro financeiro da cidade. Localizada no Bairro da Bela Vista, o trecho com 3 quilômetros vai da Rua Treze de Maio à Rua da Consolação. Já aos domingos esta se torna aberta aos pedestres, reunindo atividades culturais e de lazer ao ar livre.

2.3.4 Programa de necessidades e funcionalidade

O MASP é dividido em cinco pavimentações, sendo dois andares subterrâneos, um no térreo, um piso superior e o primeiro pavimento. O primeiro (Imagem 41), no nível -9,50, contém o hall cívico quadrado de 22 metros por 24 metros e pé-direito duplo, sendo a entrada independente pela praça da Rua Carlos Comenale. Já o mezanino permite que qualquer exposição seja vista de cima. A entrada em frente a praça leva à biblioteca, com seu acervo de livros e documentos doados por Lina e Pietro Bo Bardi. As áreas à direita possuem o restaurante, as áreas de apoio e serviços.

Imagem 41: Planta baixa nível -9,50 do MASP

Fonte: Alexandra Silva Cárdenas, 2015. Organizado pela autora.

O segundo pavimento subterrâneo (Imagem 42) é um andar de auditórios e mezaninos, sendo este último também espaços expositivos e estratégicos para exposições no Hall Cívico. O grande auditório tem quinhentos lugares, bastidores, camarins e banheiros próprios. Já o auditório menor contém sessenta lugares na diagonal, sendo as dimensões de 9,6 metros × 10 metros, com área total de 96 metros².

Os auditórios possuem sistemas de ventilação mecânica com planos de circulação de ar, um desvão entre as paredes dos auditórios e os arrimos. Os arrimos são as paredes que tem as contenções dos níveis -9,50 e -4,50 em relação ao nível 0,00, da Avenida Paulista.

Imagem 42: Planta baixa nível -4,50 do MASP

Fonte: Alexandra Silva Cárdenas, 2015. Organizado pela autora.

O pavimento térreo (Imagem 43) é como um respiro livre contra as construções altas do entorno. É um espaço que fica todo o tempo aberto ao público, convidando seus usuários a observar a cidade, a participar de shows ao ar livre, atos cívicos, protestos, ponto de encontro, entre outros. Em 13 de agosto de 1992, o local passou a ser chamado de Esplanada Lina Bo Bardi, homenageando a arquiteta responsável, mas popularmente é chamado de vão livre do MASP.

Imagem 43: Planta baixa térrea do MASP

Fonte: Alexandra Silva Cárdenas, 2015. Organizado pela autora.

O andar superior no nível +8,40 (Imagem 44) possui um hall que faz a distribuição para a grande sala de exposições temporárias e o acervo técnico. O museu contém várias salas para sua administração, sanitários femininos e masculinos, e os andares são conectados através de escadas.

Imagem 44: Planta baixa nível +8,40 do MASP

Fonte: Alexandra Silva Cárdenas, 2015. Organizado pela autora.

A última planta baixa é referente ao andar +14,40 (Imagem 45). Este é um grande salão único com suas fachadas todas em vidro, ocupando a projeção do conjunto do Masp com área de 2.100 metros². A pinacoteca é o local onde as obras estão posicionadas nos cavaletes de cristal (Imagem 35), dando ao visitante a impressão das obras terem vida. Este andar se conecta com os outros pela escada, e ao sair desta se tem um vestíbulo que se relaciona com a pinacoteca.

Imagem 45: Planta baixa nível +14,40 do MASP

Fonte: Alexandra Silva Cárdenas, 2015. Organizado pela autora.

2.3.5 Sistemas construtivos e materiais empregados

A forma compositiva do MASP é resultado de sua estrutura. Sua construção foi um grande desafio estrutural para a época com as vigas de concreto protendido e armado aparentes, e as marcas das tábuas de formas carimbadas em sua superfície de pedra, sendo por um período o maior vão livre da América Latina.

As sapatas enterradas no piso foram construídas com concreto armado e tela dupla de aço estrutural com dimensão de 10 metros por 12,5 metros. Elas estão sobre os túneis Nove de Julho (Imagem 40), somente quatro metros acima do topo das abóbodas dos túneis, fazendo com que estes fossem considerados nos cálculos das cargas.

Imagem 46: Corte AA do MASP

Fonte: Marcelo Carvalho Ferraz, 2018.

As colunas do museu saem acima das sapatas, sendo construídas em concreto armado de tela dupla de aço, e dimensão de 4 metros por 2,5 metros. Acima do nível+14,40 os pilares do lado direito são ocos, tendo pêndulos de concreto armado com articulação Freyssinet nas extremidades superior e inferior. Este sistema impede os movimentos horizontais das vigas da cobertura com as mudanças de temperatura, dilatação e retração.

Já os famosos painéis didáticos eram presos no teto por pequenas mordaças com guarnição de borracha e assim suspensos com uma armação de tubos de alumínio que eram fixos entre o teto e o pavimento.

2.3.6 Conclusão

A construção com características da Arquitetura Moderna e Brutalista contém um rigor absoluto, clareza, precisão e implantação adequada em seus conceitos arquitetônicos mais reconhecidos popularmente.

Para o Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon, foi retirado como referência a cor do concreto aparente e os famosos painéis didáticos de Lina Bo Bardi. Estas características são positivas e se alinham aos conceitos de interação entre ambientes externos e internos, além da Arquitetura Bioclimática.

3.  DIAGNÓSTICO

O presente capítulo irá apresentar uma análise da cidade de Marechal Cândido Rondon, a situação problema atual e suas condicionantes para o estudo do projeto de implantação de um Centro Cultural. Em seguimento será apresentado o terreno escolhido para o desenvolvimento deste projeto e a análise das condicionantes físicas e urbanísticas do mesmo.

3.1  O Munícipio de Marechal Cândido Rondon – Paraná

A cidade de Marechal Cândido Rondon é uma cidade paranaense e brasileira (Imagem 47), próxima à fronteira do Paraguai, que possui uma área territorial de 745,748km² (IBGE, 2021) e uma altitude média de 420 metros em relação ao nível do mar.

Imagem 47: Localização do Município de Marechal Cândido Rondon, situado no país Brasil e no estado do Paraná.

Fonte: Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (2020-2021). Organizado pela autora.

A cidade conta atualmente com uma Casa Cultural localizada dentro do Centro de Exposições Álvaro Dias (Imagem 48). A responsável pela secretaria da cultura na prefeitura de Marechal, Edilene Bokorni, administra este local e suas oficinas para as categorias infantil, juvenil e adultos.

Imagem 48: Localização da Casa Cultural, situada dentro do Parque de Exposições Álvaro Dias na cidade de Marechal.

Fonte: Mapas do Google Maps (2019). Organizado pela autora.

O Centro de Exposições de Marechal é composto por um conjunto de atividades culturais, em sua maioria germânicas. A Casa Cultural está inserida neste local (Imagem 48), porém, a área onde ela foi introduzida não permite ampliações laterais devido à falta de terreno ao seu redor e pela inserção de uma caixa d’água do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). O conjunto de construções do parque ainda possui o Centro de Eventos Werner Wander, o Café Colonial, um centro da Polícia Militar, a Mercearia Frankfurt, entre outras atividades.

Imagem 49: Fachada da Casa Cultural em 2018

Fonte: Direitos de uso da imagem cedidos pelo Departamento de Comunicação da Prefeitura de Mal. Cân. Rondon, 2018.

Imagem 50: Fachada atual da Casa Cultural (2022)

Fonte: Acervo da autora, 2022.

Na fachada da Casa Cultural transparece algumas características para os seus usuários e observadores que, ao compararem o ambiente de 2018 (imagem 49), para 2022 (Imagem 50), constatam a falta de todas as letras da fachada, o parcial uso da estrutura do banner e o calçamento fora das Normas Brasileiras (NBR) 11171 e NBR 9050.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050 (2015), a acessibilidade é o uso de espaços coletivos ou privados em áreas urbanas ou rurais por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Aplicando estas normas na área em estudo, verificou-se a irregularidade e a dificuldade de circulação para alguns de seus usuários. Além disso, o local produz poluição sonora por ser todo em alvenaria, não possuindo nenhum tipo de isolamento acústico. Para indicar se um ambiente possui ou não níveis aceitáveis de ruído, determinados para cada tipo de ambiente, é utilizada a NBR 10152 (ABNT, 1987).

Segundo o IBGE (2019), a cidade Marechal possui o bioma da Mata Atlântica e temperaturas elevadas durante quase o ano inteiro, e o tipo de estrutura metálica com telhas de fibrocimento utilizadas não favorece o conforto térmico de seus usuários. Sendo assim, o local em estudo está desrespeitando os conceitos da arquitetura bioclimática, pois, esta relaciona as ligações entre os seres humanos com os atributos climáticos de um local, com o propósito de diminuir consideravelmente a quantidade de energia elétrica consumida na área (ADAM, 2001).

Para a ampliação desta pesquisa através de levantamentos de questões da infraestrutura do local, foi elaborado e aplicado um questionário para a responsável pela Secretaria da Cultura de Marechal, Edilene Bokorni, disponível em formato de apêndice (APÊNDICE A).

É possível observar através do ambiente em análise que estes não possuem salas adequadas para as oficinas. Para a oficina de circo, o local possui poucos objetos de seguridade. Já as oficinas de teatro, musicalização e coral não detém de um local com conforto acústico, conforto lumínico, uma área com um espaço adequado para suas apresentações, que acontecem anualmente. E ainda, as oficinas de dança germânica e de balé não dispõem de salas com espelhos, piso antiderrapante e barra fixa.

Devido a Casa Cultural (Imagem 50) estar em um local que não permite grandes ampliações, a cidade necessita de um ambiente novo e adequado, tanto para essas oficinas, quanto para a sociedade infanto-juvenil e adulta terem um contato maior com diferentes modalidades de cultura.

Espaços que incentivam o uso do álcool são inadequados para crianças e adolescentes, porém, seu consumo é um ato habitual na maioria das culturas, sendo atrelado à festividades, ocasiões sociais e eventos culturais. Contudo, a utilização irregular e frequente é apontada como um problema na saúde pública, por ser uma droga legalizada no comércio e incentivada pela sociedade (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2011).

Segundo Levisky (1998), a família apenas fornece acolhimento a criança por um certo período de tempo, depois os elementos sociais formam uma função no desenvolvimento, decisões e personalidade do ser. Quando uma criança está em um sistema familiar vulnerável (onde há o consumo abusivo de álcool), acontece uma crise no convívio familiar com a comunidade e com a sociedade (PRATO, COUTO e KOLLER, 2009).

Outro ponto em estudo é o Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), que é um projeto entre o IBGE e o Ministério da Cultura do Brasil. Segundo seus dados, somente 6,5% das empresas possuem um setor cultural e as famílias brasileiras têm em média um gasto mensal de R$291,18 reais com este setor (IBGE, 2019).

Em uma década houve a diminuição de 10,3% (IBGE, 2019) no número das organizações do setor cultural brasileiro, sendo um total de 40,2 mil empresas. Diante dos dados apresentados em relação à cultura no Brasil, percebe-se a grande necessidade do fomento da iniciativa privada, pois, em um país repleto de múltiplas culturas regionais, depender estritamente do poder público não parece ser a melhor saída para suprir e superar os desafios que o setor cultural de um modo em geral enfrenta.

O Brasil é um país que convive com indígenas, negros, brancos, europeus e tantas outras etnias desde o século XVII. Consequentemente, espaços que promovem a educação possuem seres de origens culturais e sociais distintas, demonstrando a diversidade sociocultural em um único ambiente de convívio, brincadeiras e ensinos para crianças, adolescentes e adultos (PRADO,1999).

Sendo assim, o ser humano produz cultura desde criança e necessita de um ambiente estruturado para tal, que traga para esta a socialização, diferentes conhecimentos e habilidades que transmitem legados culturais. Como já citado anteriormente, a cidade de Marechal Cândido Rondon tem em sua população uma maioria de habitantes de 10 a 24 anos de idade (IBGE, 2010). Sendo assim, o projeto proposto corrobora para o município e o futuro cultural dos seus habitantes.

3.2  Análise do terreno

O local escolhido para o estudo da materialização do Centro Cultural está inserido em uma região nobre e em grande desenvolvimento da cidade de Marechal Cândido Rondon. O poder público vem investindo recursos nesta parte do município, por ser a entrada rondoniense com maior fluxo de visitantes e que direciona, através da Avenida Rio Grande do Sul, seus usuários para o centro da cidade.

A imagem 51 mostra o terreno escolhido para este projeto, sendo utilizado toda sua área. O entorno mais próximo contém a Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (ACIMACAR), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), um estabelecimento gastronômico, uma corretora de seguros, um escritório de advocacia e o Parque Ecológico Rodolfo Rieger que possui o lago municipal. Abrindo-se mais o raio do entorno do terreno, pode-se observar a inserção do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) a seis quadras da área, o colégio do Serviço Social da Indústria (SESI) também a seis quadras, duas igrejas, um posto de combustível a três quadras e alguns pontos comerciais, porém, o que mais se constata são residências.

Imagem 51: Entorno da área em análise, Marechal Cândido Rondon – Paraná

Fonte: Google Maps, 2022. Organizado pela autora.

Devido esta região estar em desenvolvimento, receber diferentes recursos do município, estar perto de uma escola infantil (CMEI), de um o colégio do Serviço Social da Indústria (SESI), do lago da cidade e de ter bastante moradores em volta, este local de implantação é adequado para seus fins culturais.

3.3  Legislação e Índices Urbanísticos

Conforme o Mapa de zonas de adensamento no distrito sede de Marechal Cândido Rondon (Imagem 52), o local ainda compreende a formatação de uma chácara. A Chácara 52, referente ao número do terreno, detêm as construções existentes do estabelecimento privado gastronômico e a corretora de seguros. Cortando a chácara se observou a Sangua Matilde Cue uma área que é de proteção permanente e de restrição de adensamento.

Imagem 52: Mapa de zonas de adensamento no distrito sede de Marechal Cândido Rondon

Fonte: Plano Diretor de Marechal Cândido Rondon (Anexo I), 2022. Organizado pela autora.

A Chácara 52 é demarcada por algumas zonas da cidade rondonense. Pode- se notar que este terreno (Imagem 52) está na Zona de Alto Adensamento (ZAA), a Zona de Baixo Adensamento (ZBA), a Área Urbana de Proteção Permanente (APP) e a Zona de Restrição de Adensamento (ZRA). Ainda se considera esta área como Zona de Uso Misto 1 (ZUM 1) e Zona de Uso Misto 2 (ZUM 2), segundo a Lei Complementar

Nº 66/2008. A Legislação Municipal através da lei já citada designa os seguintes objetivos para estas zonas:

  1. – Fortalecer as características de uso do solo que vem se consolidando ao longo da Avenida Rio Grande do Sul
  2. – Estimular o dinamismo de uso ao longo das vias com espaço viário adequado (compatível) e vocação ao desenvolvimento de atividades diversas;
  3. – Induzir padrões diferenciados ao longo dos eixos, evitando-se concentração de moradias em vias de fluxo intenso;

V – Exercer a função de área de amortecimento entre zonas residencial e industrial. (Lei Complementar nº 66/2008).

Os índices urbanísticos da Lei Complementar Nº 66/2008 adequam-se na manutenção do uso e ocupação do solo da área em estudo, conforme a Tabela 01.

Tabela 01: Índices Urbanísticos da ZUM 2 de Marechal Cândido Rondon – Paraná

Fonte: Lei Complementar nº 66/2008.

Devido ao terreno original ter uma dimensão muito grande para este estudo, se utilizou as medidas da Imagem 53 para uma melhor organização do conjunto do Centro Cultural.

Imagem 53: Dimensão do terreno para o Centro Cultural

Fonte: Lei Complementar nº 66/2008. Organizado pela autora.

Segundo a Lei Nº 12.651/2012, que cita as áreas de preservação permanente, as faixas de todos os cursos de água natural perene e intermitente que tenham menos de dez metros de largura, necessitam de no mínimo trinta metros de distância para se começar uma construção. Sendo assim, se distanciou estes trinta metros do rio existente e foi traçada uma linha na Rua das Missões para se fazer a continuação desta, e permitindo assim o acesso dos usuários por outra via. A área total do terreno para o Centro Cultural será de 18.089 metros².

3.4  Os condicionantes físicos e ambientais

Dispondo de uma testada frontal voltada ao Norte, o terreno para o projeto compreende uma topografia regular com a soma de 2,80 metros de desnível na testada Norte, extensão frontal de 85 metros e longitudinal de 179,76 metros, com um total de área de 18.157 metros² de terreno. Com o Mapa Topográfico disponibilizado pela Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, foi viável a utilização das curvas de níveis existentes no terreno (Imagem 54).

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, os ventos predominantes na cidade rondonense são provenientes do Nordeste. Deste modo, eles atingem o local de acordo com a trajetória indicada abaixo, juntamente com a incidência solar.

Imagem 54: Topografia do terreno, trajetória de ventos e incidência solar

Fonte: Elaborado pela autora.

Atualmente, o local escolhido não possui edificações, sendo ocupado para o cultivo de milho, tendo um rio e árvores nativas à sua volta. O terreno contém uma barreira vegetal com flores de hibisco, juntamente com uma cerca de arame na testada da Avenida Rio Grande do Sul (Imagem 55).

Imagem 55: Testada panorâmica do terreno na Avenida Rio Grande do Sul

Fonte: Elaborado pela autora.

O passeio público é configurado com o padrão grama-calçada-grama (Imagem 55), por toda a frente do terreno, formando um total de 3,9 metros de largura do meio- fio até o alinhamento predial. Este contém quatro árvores da espécie aroeira, dois postes da rede de distribuição elétrica, uma placa com a indicação da velocidade da via e uma placa orientando uma travessia elevada, que devem ser considerados no desenvolvimento projetual. As imagens abaixo demonstram mais informações.

Imagem 56: Passeio público do terreno

Fonte: Elaborado pela autora.

Imagem 57: Vista Oeste do terreno

Fonte: Elaborado pela autora.

Os veículos, pedestres e deficientes terão acesso ao Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon pela Avenida Rio Grande do Sul, Rua da Consolação e Rua das Missões (Imagem 54). O projeto arquitetônico conta com a entrada/saída de carga/descarga e de acesso dos funcionários pela Rua da Consolação.

A Rua das Missões será aberta e irá se conectar com uma rua interna que cortará o terreno. Esta circulação de veículos foi proposta devido ao terreno ter uma grande dimensão, facilitando a locomoção de vários meios de transporte. Ainda se observa que apesar do projeto estar voltado para a avenida, os barulhos e vibrações não irão interferir no desenvolvimento e no conforto do mesmo.

4.  RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este item irá tratar do estudo da materialização, sendo o início do desenvolvimento do projeto do Centro Cultural para o município de Marechal Cândido Rondon, no Paraná. Será apresentado o programa de necessidades, os pré- dimensionamentos, diagramas funcionais, o conceito e o partido arquitetônico.

4.1  Programa de necessidades e pré-dimensionamento

O programa de necessidades e o pré-dimensionamento do Centro Cultural para Marechal (Tabela 02), foi organizado de acordo com análises das referências projetuais e da demanda do município com espaços culturais. A NBR 9050 será de grande auxílio nesta etapa, sendo os espaços divididos em área de convivência, área administrativa, serviços, acervos, as oficinas e o auditório.

Tabela 02: Programa de necessidades e pré-dimensionamentos

Fonte: Elaborado pela autora.

4.2  Diagramas funcionais

Os diagramas funcionais são organogramas e fluxogramas que se complementam. O primeiro mostra a relação dos setores e ambientes, já o segundo trata dos futuros fluxos destes locais. O Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon será dividido em dois pavimentos que se conectam a partir de circulações verticais, como elevadores, escadas e rampas.

A funcionalidade dos pavimentos foi dividida através das cores definidas pela Tabela 02 com os nomes de cada ambiente (fluxograma), e os fluxos destes estão organizados com setas (organograma), como mostra a Imagem 58 e a Imagem 59.

Imagem 58: Diagrama funcional do primeiro pavimento

Fonte: Elaborado pela autora.

Imagem 59: Diagrama funcional do segundo pavimento

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3  Conceito

O projeto é definido com quatro diretrizes principais consideradas importantes para a formação da proposta. São estas, a saber: a relação entre o interior e o exterior, a valorização da paisagem do entorno do terreno para o Centro Cultural, a utilização dos princípios da Arquitetura Bioclimática e da Arquitetura Contemporânea.

A relação entre os espaços de dentro e de fora do Centro Cultural será de forma harmoniosa. Ambos os locais terão atividades culturais, convívio social e a contemplação do entorno com grande quantidade de vegetação.

O terreno está implantado em uma Área Urbana de Proteção Permanente (APP), e em Zona de Restrição de Adensamento (ZRA). Deste modo, pode-se observar em seu entorno uma visão verde, de clima agradável em meio urbano e que transmite aos seus usuários bem-estar, seguindo a Lei Nº 12.651/2012.

O uso das cores e das formas orgânicas em toda a edificação remetem ao termo lúdico. A palavra lúdico refere-se caráter de jogos, brincadeiras, brinquedos e atividades infantis, segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda (2010). As cores estão presentes nos brises metálicos e nos bancos com formas orgânicas. Outro elemento com esta característica é o tubo de policarbonato que liga o andar térreo ao primeiro pavimento.

Imagem 60: Esquematização do conceito do projeto

Fonte: Elaborado pela autora.

A Arquitetura Contemporânea se une à Arquitetura Bioclimática neste projeto, uma vez que as mesmas possuem conceitos que se agregam e se completam. O objetivo da primeira é o conforto ambiental e a diminuição do consumo com a energia elétrica, sendo que seus espaços são projetados utilizando os preceitos bioclimáticos.

4.3 Partido arquitetônico

O projeto proposto possui características contemporâneas que se unem às obras correlatas, sendo estas o Centro Cultural de Sedan, O SESC Fábrica da Pompéia e o MASP. Os materiais principais são simples, linhas retas, muita iluminação natural através dos vidros temperados e a utilização do cimento queimado contrastando com as cores vivas dos brises, dando mais alegria ao Centro e chamando a atenção do público alvo.

Os brises metálicos inseridos nas fachadas norte, sul e oeste da edificação impedem a incidência dos raios solares para os ambientes internos, reduzindo o calor recebido já que o sol se põe a oeste, além de ser um elemento lúdico (Imagem 02 e Imagem 05). O lado oeste abrange a maior parte das salas de aula com suas grandes janelas de vidro para iluminação natural.

Imagem 61: Fachada (Proposta arquitetônica)

Fonte: Elaborado pela autora.

Outro material que foi bastante utilizado foi a madeira plástica encapsulada. Este está presente em todo o deck (Imagem 05), mesas e cadeiras, que assim não sofrerão com as ações do tempo.

Imagem 62: Deck (Proposta arquitetônica)

Fonte: Elaborado pela autora.

Na imagem acima pode-se observar um tubo transparente que liga o deck ao telhado verde. O tubo é em policarbonato e a rampa interna é em estrutura metálica que se liga aos pilares estruturais e a laje protendida da edificação, fazendo referência ao primeiro complexo cultural, o Centro Georges Pompidou. A ideia do tubo é a criação de um ambiente divertido, lúdico, dinâmico e esteticamente convidativo, assim como a instalação dos brises e bancos coloridos orgânicos.

Ao todo o Centro Cultural para Marechal Cândido Rondon envolve três recepções, uma escada helicoidal que liga o andar térreo com o andar superior, uma escada enclausurada, dois elevadores, um foyer para o auditório, cabine técnica, depósitos, camarins, banheiros, lavabos e vestiários, cozinha, áreas de serviço, espaços de convivência, deck, telhado jardim com cafeteria, quadras de vôlei e tênis, entre outros.

As salas para cursos e aulas do andar térreo são para dança e teatro. Estas dispõem de portas de vidro e brises com corrediças com o intuito de se abrirem para o deck ao lado, caso queiram aumentar as salas, se integrar ao espaço de fora ou fazer apresentações ao ar livre, implementando os conceitos do projeto. Além disso, a turma de teatro também contém o auditório (interior) e o teatro arena (exterior) para seu desenvolvimento artístico.

O pavimento superior inclui a sala multiuso, sala para música e canto, e as salas administrativas. Além disso, as salas para artesanato, pintura e desenho integram-se através de paredes de vidro, caso seja necessário fazer um ambiente para uma turma maior.

O Centro Cultural abrange um espaço para exposições temporárias e um ambiente para a exposição permanente. A primeira está localizada no andar térreo, ao lado da recepção da fachada norte. Esta é composta por estruturas em vidro que recebem as obras de arte dos artistas locais, fazendo referência a obra correlata MASP. Já a segunda é inserida no primeiro pavimento, sendo um memorial da cidade de Marechal Cândido Rondon, contanto suas histórias e desenvolvimentos. O memorial rondonense irá possuir uma reserva técnica com lavabo próprio. A reserva técnica é um ambiente onde são guardados os objetos que não estão em exposição. O sistema estrutural escolhido foi o de laje protendida, pois suporta vãos maiores entre os pilares. Os aços da laje protendida passam pela técnica de protensão que alonga os cabos e cordoalhas da armadura com macacos hidráulicos, garantindo os esforços de tração permanentes ao aço. No Centro, a laje inserida compreende 35 centímetros, os pilares estão a uma distância transversal de 9,50 metros e longitudinal de 19 metros. Isto somente é possível devido as vigas, que ficarão aparentes juntamente com os pilares, estarem no eixo transversal.

As paredes do pavimento térreo serão em alvenaria tradicional com cimento aparente tratado, porém as divisões em alvenaria que ficam no entorno do auditório terão um revestimento com lã de vidro, totalizando 28 centímetros de espessura.

Devido ao projeto ter dois pavimentos e os pilares estarem com uma grande distância, todas as paredes do pavimento superior serão em drywall. Este material é seis vezes mais leve que a construção em alvenaria do pavimento térreo, garantindo uma redução significativa de carga sobre a laje. Além disso, é um ótimo isolante térmico e acústico, promovendo um maior conforto para os alunos, professores e funcionários.

Imagem 63: Secretaria Esportiva (Proposta arquitetônica)

Fonte: Elaborado pela autora.

As coberturas do Centro Cultural, guaritas e secretaria esportiva serão em platibanda. Sendo assim, as telhas de fibrocimento ficarão escondidas. O primeiro irá conter espaços para quatro caixas de água, divididos de dois em dois, com capacidade de 5 mil litros cada caixa. A guarita da entrada/saída de cargas terá uma caixa de 100 litros, pois o espaço é para no máximo dois funcionários. Já o terceiro, irá possuir uma unidade de 500 litros, devido a quantidade de bacias sanitárias masculinas e femininas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho pretendeu entender os benefícios de um Centro Cultural para a cidade de Marechal Cândido Rondon, como esta necessita de um local amplo que mostre as diferenças culturais e o modo com que ela se desdobra para todos os cidadãos, isto a partir da metodologia de pesquisa exploratória por abranger as pesquisas bibliográficas, os estudos de caso e a pesquisa de campo.

Para atingir uma compreensão da solução arquitetônica para o novo e maior ambiente cultural rondonense, definiu-se oito objetivos específicos. O primeiro objetivo específico foi efetuar pesquisas bibliográficas e a campo para o melhor entendimento do tema estudado. Verificou-se que com os conhecimentos adquiridos com estes estudos o assunto foi mais bem compreendido, sendo que não havia a possibilidade de ampliação da Casa Cultural existente e por isso o novo terreno será mais adequado às necessidades dos habitantes. O segundo e terceiro foi inquirir aspectos da Arquitetura Bioclimática e projetar focando no conforto dos espaços e seu aproveitamento. A investigação destes modos trará diferentes características positivas para o projeto, com um maior conforto para seus usuários.

Já o quarto objetivo específico era entender as normativas em um projeto com acessibilidade, levando em conta a NBR 9050. Verificou-se que este foi levado em conta na realização da planta baixa e dos acessos bem definidos, assim como a abertura e amplitude das portas e da circulação. A quinta e sexta intenção era pesquisar como ocorre o funcionamento dos espaços com atividades relacionadas à cultura, e analisar as obras correlatas e suas instalações. Estas foram realizadas através do estudo das referências e suas conclusões com as características do projeto final.

O sétimo intuito deu-se na verificação do entorno do terreno escolhido e suas extensões. Examinou-se que a implantação trará benefícios para os rondonenses, especialmente para os que estão em fase de desenvolvimento por possuir dois colégios na área em análise. O último objetivo específico foi a criação do projeto arquitetônico do novo Centro Cultural.

A análise permitiu concluir que ambientes que estimulam a cultura necessitam de uma estrutura adequada para o uso coletivo e para as diferentes manifestações que ali ocorrerão. A instituição deve possuir uma democratização dos espaços, como por exemplo a acessibilidade.

Com isso, a hipótese do trabalho onde pergunta-se de que modo é possível oferecer um projeto de Centro Cultural que engloba os atributos necessários para satisfazer o bem-estar da futura população rondonense, se confirmou com dados reais e atualizados da quantidade de jovens que ali moram e de como o novo local irá beneficiar o povo.

Sendo assim, as oficinas oferecidas terão um ambiente mais adequado para cada especialidade, os ruídos sonoros produzidos serão resolvidos com uma acústica adequada e a praça ao redor irá unir a comunidade.

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APÊNDICE A

ANEXO I