BENEFÍCIOS DO USO DE TECNOLOGIAS LEVES NO CUIDADO DE IDOSOS COM ALZHEIMER

BENEFITS OF USING SOFT TECHNOLOGIES IN THE CARE OF ELDERLY PEOPLE WITH ALZHEIMER’S

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411182237


Maria Ivanilde de Andrade1
Alessandra Palhoni Sabarense Brandão2
Ana Luiza Rodrigues Pellegrinelli3
Fernanda Cardoso Parreiras4
Joice Batista Maciel Lopes5
Júlia Sosa Antunes Cândido6
Neide Laura Gomes da Silva Carvalho7
Clarissa Karoline Miguel Silva8
Adriana Gomes Gonçalves9
Jander Vasconcelos Santos9
Kristall Sophie Genrich10
Diogo Logan dos Santos Calcagno10
João Pedro Hessel Verraci Menezes10
Maria Fernanda Antunes Bessas do Couto10
Maria Vitória Nascimento Costa10


RESUMO

A doença de Alzheimer representa a forma mais comum de demência em idosos. Os sintomas ocorrem de forma insidiosa, por meio da piora gradual da memória, acompanhada de dificuldades na apreensão de novas informações e perda da habilidade de realizar as Atividades da Vida Diária (AVDs). Nesse contexto, as gerontotecnologias possuem potencial de contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas com Alzheimer e de suas famílias. O presente estudo tem por objetivo, apresentar benefícios das tecnologias educacionais (TEs) no cuidado de pessoas idosas com a doença de Alzheimer. Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de revisão bibliográfica, em que a busca dos dados ocorreu no acervo da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A seleção considerou artigos completos, disponíveis, publicados em português, nos últimos seis anos (2018-2023). A partir desses critérios, identificou-se 12 (doze) artigos para compor a amostra dessa revisão. Os resultados mostraram que as TEs possuem um papel importante na educação em saúde, trazendo inúmeros benefícios para pacientes, familiares e cuidadores. Elas podem proporcionar conhecimentos teóricos e práticos necessários acerca do processo saúde doença, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. Conclui-se que o uso das TEs contribui efetivamente na cognição, mobilidade, convívio social e autoestima de idosos e seus cuidadores, fatores estes fundamentais para a manutenção de um envelhecimento saudável.

Palavras-chave: Idoso; Gerontotecnologia; Doença de Alzheimer.

ABSTRACT

The Alzheimer’s disease is the most common form of dementia in the elderly. Symptoms occur insidiously, through a gradual worsening of memory, accompanied by difficulties in grasping new information and a loss of the ability to perform Activities of Daily Living (ADLs). In this context, gerontechnologies have the potential to contribute to improving the quality of life for elderly individuals with Alzheimer’s and their families. This study aims to present the benefits of educational technologies (ETs) in the care of elderly individuals with Alzheimer’s disease. It is a descriptive exploratory study, based on a literature review, where data was sourced from the Virtual Health Library (BVS). The selection considered complete articles that were available, published in Portuguese, within the last six years (2018-2023). Based on these criteria, 12 articles were identified to compose the sample for this review. The results showed that ETs play an important role in health education, bringing numerous benefits to patients, families, and caregivers. They can provide the theoretical and practical knowledge necessary regarding the health-disease process, contributing to the improvement of the quality of life for elderly individuals. It is concluded that the use of ETs effectively contributes to cognition, mobility, social interaction, and self-esteem of the elderly and their caregivers, which are fundamental factors for maintaining healthy aging.

Key Words:  Elderly; Gerontotechnology; Alzheimer’s disease.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional se apresenta como um fenômeno mundial, em crescimento significativo (SILVA et al., 2020) que traz consigo inúmeros efeitos negativos, entre os quais se destaca o aumento de pessoas vivendo com a demência (COUTINHO; FUNCHAL, 2022).

O aumento da população idosa ocasiona mudanças no perfil epidemiológico das doenças, resultando no aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças degenerativas, que podem comprometer a independência do idoso (DIAS; FREITAS, 2022).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define idoso, todo o indivíduo com 60 anos ou mais. No Brasil, estima-se que o número de idosos seja de aproximadamente 23,8% da população e que alcançará, em 2050, a proporção de duas pessoas idosas para cada uma menor do que cinco anos (PENNA et al., 2021; COUTINHO; FUNCHAL, 2022; CASARIN et al., 2023).

Ao considerar o panorama mundial, as estatísticas apontam que existam aproximadamente 55,2 milhões de pessoas acometidas com demência e, estatísticas internacionais alertam que no ano de 2050, esse número tende a triplicar. Estima-se que a cada 3 segundos, alguém desenvolva a doenças demenciais, dentre as quais se insere a doença de Alzheimer (CASARIN et al., 2023; COUTINHO; FUNCHAL, 2022).

A doença de Alzheimer representa a forma mais comum de demência em idosos, sendo responsável por 50 a 70% dos casos. No Brasil, cerca de 1,2 milhões de pessoas são acometidas pela doença, a qual apresenta caráter neurodegenerativa, progressivo e irreversível que afeta a cognição e a funcionalidade além de comprometer a integridade física, mental e social da pessoa idosa (SCHMIDT et al., 2018; CASARIN et al., 2023).

Comumente, a doença de Alzheimer é caracterizada por três estágios: inicial, intermediário e terminal. Os sintomas ocorrem de forma insidiosa, por meio da piora gradual da memória, acompanhada de dificuldades na apreensão de novas informações e perda da habilidade de realizar as Atividades da Vida Diária (AVDs) (CASARIN et al., 2023; ILHA et al., 2021).

A doença de Alzheimer desencadeia, ao longo do tempo, uma situação de dependência que exige desde auxílio às AVDs até os cuidados integrais e complexos, realizados, na maioria das vezes, por um familiar no domicílio. O indivíduo com Alzheimer, além dos sintomas cognitivos e comportamentais, perde sua autonomia em realizar funções básicas, apresentando grau de dependência e necessitando de cuidados. Essa situação conduz, algumas vezes, à necessidade de auxílio profissional (COUTINHO; FUNCHAL, 2022; ILHA et al., 2020).

Conforme citado por Lira et al. (2021), o envelhecimento é um processo contínuo marcado por alterações físicas e biológicas inerentes a todos os seres humanos, sendo vivenciado de forma singular por cada indivíduo. Diante dessa afirmativa, pode-se inferir que o envelhecimento populacional no Brasil é uma realidade que exige adaptações tecnológicas para atender as necessidades de vida da pessoa idosa, principalmente daquelas diagnosticadas com a doença de Alzheimer (VIDAL et al., 2023).

Nesta perspectiva, a educação em saúde passa a representar uma necessidade social que se impõe no momento histórico atual, em que a adoção de novos paradigmas na formação dos profissionais em saúde não valorize somente o aspecto tecnicista, mas sim o do cuidado como um todo (LIMA; MAIA, 2022).

Frente a essa realidade, as tecnologias educativas (TE) são caracterizadas por um conjunto de ferramentas sistemáticas que tem o intuito de preparar, executar e analisar o processo de aprendizagem a fim de torná-lo mais eficaz. Faz-se necessário o desenvolvimento de ações que influenciem a manutenção do envelhecimento ativo, visando diminuir o risco de fragilidade e vulnerabilidade, por meio do incentivo à participação social (LIRA et al., 2021; SILVA et al., 2020).

Diante desse contexto, surge a gerontotecnologia que implica no desenvolvimento de produtos, técnicas e serviços fundamentados no conhecimento do processo de envelhecimento, para a melhoria do cotidiano dos idosos. Dessa forma, as gerontotecnologias possuem potencial de contribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas com Alzheimer e de suas famílias (SILVA et al., 2021).

Casarin et al. (2023), ressaltam que é crescente a utilização de tecnologias na prestação de cuidados, as quais podem ser empregadas para apoiar, facilitar e criar novas possibilidades no cuidado à pessoa idosa com demência. No entanto, é oportuno observar as especificidades de cada familiar/cuidador, sendo as Tecnologias Cuidativo Educacionais complexas (TCEs) uma importante ferramenta para esse fim.

No contexto da pessoa idosa, as TEs na forma de produto podem ser conceituadas como os equipamentos, as máquinas barras de apoio e tapetes antiderrapantes, etc. Além disso, também existem as gerontotecnologias em forma de processo/conhecimento/estratégia, as quais caracterizam-se como as diversas ferramentas não materializadas empregadas para o cuidado, por exemplo, grupos de apoio, estratégias para acalmar, distrair e envolver ativamente a pessoa idosa, entre outros recursos (CASARIN et al., 2023).

Tento isto posto, destaca-se as TEs como dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender, como ferramenta para ampliar o conhecimento e alcançar os cuidadores informais e formais, favorecendo a melhoria do processo de cuidar do idoso com demência (COUTINHO; FUNCHAL, 2022).

Mediante tudo o que foi exposto, o presente estudo tem por objetivo, apresentar benefícios das tecnologias educacionais (TE) no cuidado de pessoas idosas acometidas com a doença de Alzheimer.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de revisão bibliográfica, na qual a busca dos dados ocorreu no acervo da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em novembro de 2023. Os estudos foram selecionados a partir dos descritores idoso, gerontotecnologia e doença de Alzheimer, associando estes ao operador booleano AND. A seleção considerou artigos completos, disponíveis, publicados em português, nos últimos seis anos (2018-2023). A partir desses critérios, identificou-se 32 artigos, cujos resumos foram lidos, a fim de analisar se o objetivo deles tinha relação com a temática a ser abordada. A partir deste filtro, foram descartados 20 artigos por não atender aos critérios estabelecidos, restando 12 (doze) artigos para compor a amostra dessa revisão.

RESULTADOS

Os estudos estão dispostos nos quadros 1 e 2 e foram categorizados segundo os autores, ano de publicação, título, tipo de estudo, objetivo e resultados.

Quadro 1. Categorização dos estudos incluídos na revisão.

Autores/anoTítuloTipo de estudoObjetivo do estudo
CASARIN, F et al., 2023Building care gerontotechnologies in the context of elderly person with Alzheimer’s disease.Pesquisa-ação estratégicaConstruir gerontotecnologias de cuidado para auxiliar familiares cuidadores nas dificuldades vivenciadas no contexto das pessoas idosas com doença de Alzheimer.
COUTINHO, K. B.; FUNCHAL, A. C. L., 2022Tecnologias educacionais (TE) em saúde relacionadas ao contexto do idoso com demência: uma revisão integrativa.Revisão integrativa de literaturaIdentificar (TE) em saúde relacionadas ao idoso com demência de acordo com a literatura nacional e internacional.
DIAS, F. P. S.; FREITAS, F. F. Q., 2022As tecnologias cuidativo-educacional como auxílio aos cuidadores de idosos.Revisão integrativa de literaturaAnalisar a produção científica que aborda as tecnologias cuidativo-educacional destinadas aos cuidadores de idosos.
ILHA, Set al., 2018Gerontotecnologias utilizadas pelos familiares/cuidadores de idosos com Alzheimer: contribuição ao cuidado complexo.Estudo exploratório, descritivoIdentificar gerontotecnologias desenvolvidas pelos familiares/cuidadores como estratégias de cuidado complexo à pessoa idosa/família com DA.
  ILHA, Set al., 2020(Geronto)Tecnologias cuidativas para pessoas idosas com DA e suas famílias: contribuição de oficinas de sensibilização/capacitação.Pesquisa-ação estratégicaDescrever (geronto)tecnologias cuidativas para pessoas idosas com a DA e suas famílias, a partir de oficinas de sensibilização/capacitação.
  ILHA, Set al., 2021Oficinas de sensibilização sobre a doença de Alzheimer no idoso/família: contribuições ao conhecimento em saúde. Entrevista semiestruturadaDescrever contribuições de oficinas de sensibilização para o conhecimento dos acadêmicos dos cursos da área da saúde acerca de DA na pessoa idosa/família.
LIMA, V. S. S.; MAIA, L. F. S., 2022Ações educativas do enfermeiro para a qualidade de vida de pessoas idosas com Alzheimer. Estudo de revisão bibliográfica da literaturaDescrever atividades educativas realizadas pelo enfermeiro para melhora da qualidade de vida de pessoas idosas com DA.
  LIRA, G. S. L et al., 2021O uso de tecnologias educacionais para idosos: uma revisão integrativa da literatura.Revisão integrativa de literaturaAnalisar a produção científica abordando as tecnologias educacionais desenvolvidas e/ou validades para o cuidado com a pessoa idosa.
PENNA, M. O et al., 2021Extension activities with caregivers of people with Alzheimer’s disease: Challenges in times of COVID-19. Relato de experiênciaRelatar a experiência da organização das atividades extensionistas do grupo AMICA, em ambiente remoto durante o período de isolamento social devido a pandemia por COVID-19.
SCHMIDT, M. Set al., 2018Challenges and technologies of care developed by caregivers of patients with Alzheimer’s disease.Estudo exploratório qualitativoConhecer os desafios e tecnologias de cuidado desenvolvidas por cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer.
SILVA, R. R et al., 2020The use of gerontotechnologies to improve the quality of life of the elderly: an experience report. Estudo descritivo, do tipo de relato de experiênciaRelatar o uso de gerontotecnologias com um grupo de idosos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada em Belém-PA.
VIDAL, T. I. R et al., 2023Tecnologias na reabilitação e cuidados de longo prazo em idosos: aplicações atuais e perspectivas futuras. Revisão integrativa de literaturaIdentificar a realidade e a perspectiva futura da aplicação de tecnologias na reabilitação e cuidados em idosos.

Fonte: dados da pesquisa, 2024.

Quadro 2. Resultados dos estudos incluídos na revisão.

ArtigoTítuloResultados
1Building care gerontotechnologies in the context of elderly person with Alzheimer’s disease.As gerontotecnologias contribuem no processo de cuidado junto aos familiares e cuidadores no cotidiano, mediante a necessidade do idoso.
2Tecnologias educacionais (TE) em saúde relacionadas ao contexto do idoso com demência: uma revisão integrativa.As tecnologias educacionais, com destaque para as TE digitais alcançam um público mais amplo quando comparado à outras TE, facilitando o acesso e atendendo as necessidades do público-alvo.
3As tecnologias cuidativo-educacional (TCE) como auxílio aos cuidadores de idosos.As TCE contribuem com o conhecimento teórico e prático dos cuidadores, da comunidade e dos profissionais.
4Gerontotecnologias utilizadas pelos familiares e cuidadores de idosos com Alzheimer: contribuição ao cuidado complexo.As gerontotecnologias na forma de produto e de processo/conhecimento/estratégias auxiliam no cuidado/convivência com a pessoa idosa com Alzheimer.
  5(Geronto)Tecnologias cuidativas para pessoas idosas com doença de Alzheimer e suas famílias: contribuição de oficinas de sensibilização/capacitação.As oficinas contribuiram para o conhecimento dos estudantes e apresentaram potencial de contribuição para o cuidado da pessoa idosa com Alzheimer e sua família.
  6Oficinas de sensibilização sobre a doença de Alzheimer no idoso/família: contribuições ao conhecimento em saúde. As oficinas de sensibilização contribuiram para a percepção dos acadêmicos acerca dos fatores de risco, diagnóstico e tratamento do idoso com Alzheimer.
7Ações educativas do enfermeiro para a qualidade de vida de pessoas idosas com Alzheimer. As ações educativas desenvolvidas ocorreram de forma participativa e dinâmica, favorecendo mais autonomia e melhor qualidade de vida ao idoso.
8O uso de tecnologias educacionais (TE) para idosos: uma revisão integrativa da literatura.As TE digitais como vídeos educativos, iPads e livretos, estreitaram o vínculo com o idoso, família e comunidade.
9Extension activities with caregivers of people with Alzheimer’s disease: Challenges in times of COVID-19. As atividades representaram uma relevante estratégia de educação, diminuindo a distância entre os membros do grupo, redução da ansiedade e compreensão da importância do autocuidado.
10Challenges and technologies of care developed by caregivers of patients with Alzheimer’s disease.As estratégias de cuidado potencializam a compreensão, reflexão e discussão acerca do cuidado de qualidade ao idoso com Alzheimer.
11The use of gerontotechnologies to improve the quality of life of the elderly: an experience report. A gerontotecnologia ajuda na identificação de fatores de riscos como o declínio da cognição, memória, percepção visual e mobilidade da pessoa idosa.
12Tecnologias na reabilitação e cuidados de longo prazo em idosos: aplicações atuais e perspectivas futuras. A tecnologia favorece o acesso à informação, a autonomia, as conexões sociais e compensa possíveis desgastes físicos e cognitivos provenientes do envelhecimento.

Fonte: dados da pesquisa, 2024.

Benefícios das tecnologias leves no cuidado de idosos com Alzheimer

De acordo com Silva et al. (2020), as intervenções educativas, para o idoso, facilitam a compreensão das pessoas envolvidas, permitindo a construção de um novo saber, por meio das relações educativas e dialógicas, transformando a prática profissional com um olhar em relação ao mundo e não apenas o envelhecimento.

Nesse ínterim, Coutinho & Funchal (2022), destacam que as tecnologias educacionais mediam os processos de ensinar e aprender, podendo ser utilizadas como ferramentas para ampliar o conhecimento e alcançar os cuidadores informais e formais, favorecendo a melhoria do processo de cuidar da pessoa idosa com demência.

Sobre as tecnologias desenvolvidas pelos cuidadores, Schmidt et al. (2018) ressaltam a importância dos jogos de palavras cruzadas, quebra cabeças, atividades de recorte com base nas AVD e atividades instrumentais de vida diária (AIVD), elaboração de jogos, quais sejam: associação de imagem com a escrita e jogo de memória. Acredita-se que essas tecnologias possam auxiliar no processo de cuidado ao idoso com a doença de Alzheimer (SCHMIDT et al., 2018).

De acordo com Ilha et al. (2018) as gerontotecnologias na forma de produto para a pessoa idosa com doença de Alzheimer, caracterizam-se por massa de modelar, técnica de crochê, novelo de linha e utilização de uma boneca, crachá ou pulseira de identificação da pessoa idosa e contato telefônico do familiar; calendário do banho para facilitar o aceite da higiene corporal; caixa, vidrinhos/potinhos para separar as medicações por dias da semana e horário/turno; cartelas de medicação com dias de administração dos comprimidos identificados com caneta permanente; folder e manual e barras de apoio para prevenção das quedas, livro para anotação dos cuidados diários, entre outros (ILHA et al., 2018).

As TEs impressas são instrumentos capazes de contribuir com a compreensão do usuário, com potencial de alcance às pessoas responsáveis pelo cuidado como também o próprio idoso, entretanto, Dias e Freitas (2022) alertam que esse tipo de tecnologia pode ser inviável em alguns casos, como nos quais a pessoa que utilizará seja de baixa escolaridade, o que pode dificultar a compreensão do conteúdo do material.

Dessa forma, Lira et al. (2021), reforçam que a utilização de ferramentas que viabilizam ações cuidativas educacionais se configura como um instrumento de trabalho e também de lazer, inovando a aquisição e partilha da informação, em que a comunicação torna-se essencial para manter a personalidade, um senso de identidade e conexão. Nesse sentido, as tecnologias educacionais digitais, promovem a troca de conhecimentos, oferecendo suporte e acompanhamento ao familiar/cuidador, promovendo o conhecimento e a consciência dos leigos sobre a doença de Alzheimer (COUTINHO; FUNCHAL, 2022).

Coutinho e Funchal (2022), ressaltam as TEs como importante mecanismo motivacional ao cuidador do idoso, capaz de intensificar habilidades que contribuem com o processo do cuidar, de modo a ampliar a colaboração entre o cuidador e o idoso que recebe as ações do cuidar. Para, além disso, essas tecnologias auxiliares são essenciais para minimizar riscos e danos decorrentes das limitações decorrentes da senescência (VIDAL et al., 2023).

Lira et al. (2021), afirmam que atividades educativas que fazem uso de linguagem clara, considerando a instrução do idoso e não o infantilizando, são mais eficazes. Dessa forma, o uso de tecnologias como vídeos, iPad ou livros educativos viabilizam a compreensão e detecção de sintomas, auxiliando na tomada de decisão, no que tange a procura por serviços de atenção à saúde (LIRA et al., 2021).

Para Casarin et al. (2023), as gerontotecnologias possuem potencial de contribuir na melhoria da qualidade de vida de pessoas das pessoas idosas com a doença de Alzheimer e de suas famílias. Contudo, embora existam pesquisas desenvolvidas na temática, existem lacunas no que se refere à construção das gerontotecnologias de cuidado de baixo custo para o contexto da doença.

Diante disso, as indústrias tecnológicas responsáveis por desenvolver artigos direcionados ao público idoso devem superar desafios operacionais e comerciais, como a escassa diversidade de produtos, a falta de personalização e a dificuldade de adequar o equipamento à realidade dessa parcela populacional (VIDAL et al., 2023).

As tecnologias educacionais têm como benefícios apoiar cuidadores familiares, reduzir o estigma sobre a demência, fornecer informações de estratégias de gerenciamento do cuidado e fortalecer a capacidade do cuidador de ter empatia pela pessoa com demência, ensinar empatia e facilitar a aprendizagem de estudantes sobre idosos com doença de Alzheimer e conscientizar e educar a população idosa sobre as estratégias de modificação do estilo de vida (COUTINHO; FUNCHAL, 2022).

CONCLUSÃO

Pode-se constatar com este estudo que as TEs possuem um papel importante na educação em saúde, trazendo inúmeros benefícios para pacientes, familiares e cuidadores. Elas podem proporcionar tanto aos familiares/cuidadores, como ao próprio idoso, conhecimentos teóricos e práticos necessários acerca do processo saúde doença, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

Foram identificadas, diversas formas de TE que auxiliam os cuidadores de idosos no processo do cuidar, nos quais as principais tecnologias de cuidado encontradas neste estudo podem ser adaptadas para a pessoa idosa no ambiente domiciliar, uma vez que a tecnologia deverá estar associada ao modo como as pessoas idosas vivem.

Ressalta-se também que o uso das TEs contribui efetivamente na cognição, mobilidade, convívio social e autoestima de idosos e seus cuidadores, fatores estes fundamentais para a manutenção de um envelhecimento saudável.

O estudo demonstrou que ainda é emergente a elaboração de mais pesquisas sobre as TEs no contexto estudado, evidenciando uma lacuna do conhecimento a ser explorada, principalmente no que concerne as demências que envolve a população idosa.

Ademais, compreende-se que o desenvolvimento de mais estudos possa criar e validar tecnologias que possibilitem promoção do cuidado à pessoa idosa com a doença de Alzheimer e seus familiares. Nesse sentido, sugere-se que pesquisas sejam desenvolvidas, em diferentes cenários, com intuito fortalecer e ampliar as (geronto)tecnologias de cuidado nesse campo da atenção.

REFERÊNCIAS

CASARIN, F et al. Building care gerontotechnologies in the context of elderly person with Alzheimer’s disease. Rev Rene[S. l.], v. 24, p. e92218, 2023. 

COUTINHO, K. B.; FUNCHAL, A. C. L. Tecnologias educacionais em saúde relacionadas ao contexto do idoso com demência: uma revisão integrativa. Revista Recien – Revista Científica de Enfermagem, [S. l.], v. 12, n. 38, p. 298–306, 2022.

DIAS, F. P. S.; FREITAS, F. F. Q. As tecnologias cuidativo-educacional como auxílio aos cuidadores de idosos. Revista Enfermagem Atual In Derme[S. l.], v. 96, n. 39, 2022.

ILHA, S. et al. Gerontotecnologias utilizadas pelos familiares/cuidadores de idosos com Alzheimer: contribuição ao cuidado complexo. Texto & Contexto – Enfermagem, v. 27, n. 4, p. e5210017, 2018.

ILHA, S. et al. (Geronto)Tecnologias cuidativas para pessoas idosas com doença de Alzheimer e suas famílias: contribuição de oficinas de sensibilização/capacitação. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 23, n. 3, p. e200129, 2020.

ILHA, S et al. Oficinas de sensibilização sobre a doença de Alzheimer no idoso/família: contribuições ao conhecimento em saúde. Revista Kairós-Gerontologia[S. l.], v. 24, n. 3, p. 23–43, 2021. 

LIMA, V. S. S.; MAIA, L. F. S. Ações educativas do enfermeiro para a qualidade de vida de pessoas idosas com Alzheimer. Revista Recien – Revista Científica de Enfermagem[S. l.], v. 12, n. 38, p. 436–441, 2022.

LIRA, G. S. L et al. O uso de tecnologias educacionais para idosos: uma revisão integrativa da literatura. Rev Enferm Atual In Derme, v. 95, n. 34, e-021054, 2021.

PENNA, M. O et al. Extension activities with caregivers of people with Alzheimer’s disease: Challenges in times of COVID-19. Research, Society and Development[S. l.], v. 10, n. 5, p. e31510514967, 2021. 

SCHMIDT, M. S. et al. Challenges and technologies of care developed by caregivers of patients with Alzheimer’s disease. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 21, n. 5, p. 579–587, set. 2018.

SILVA, R. R et al. The use of gerontotechnologies to improve the quality of life of the elderly: an experience report. Research, Society and Development[S. l.], v. 9, n. 9, p. e64996861, 2020. 

VIDAL, T. I. R et al. Tecnologias na reabilitação e cuidados de longo prazo em idosos: aplicações atuais e perspectivas futuras. Revista Multidisciplinar em Saúde[S. l.], v. 4, n. 3, p. 969–974, 2023.


1Enfermeira e Gerontóloga. Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (UNA/BH). Doutoranda em Biotecnologias em Saúde (UNP/RN). Docente e Professora TI em Pesquisa do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

2Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG. Docente dos Cursos de Medicina e Enfermagem da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

3Nutricionista. Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFMG. Especialista em Comportamento Alimentar. Docente dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia e biomedicina da Faseh. Coordenadora adjunta da Faseh, Vespasiano/MG, Brasil;

4Médica. Mestre em Ciências Aplicadas à Oncologia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM/MG). Cirurgiã Geral do Instituto Mário Penna. Cirurgiã Oncológica da FHEMIG/HAC; Docente e Pesquisadora do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

5Enfermeira. Mestre em Administração. Enfermeira no CTI Cardiológico do Hospital das Clínicas da UFMG. Docente do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

6Enfermeira. Mestre e Doutora em Saúde Pública, com ênfase em Epidemiologia pela UFMG. Especializada em Nefrologia.Docente do Curso de Medicina da UniBH e FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

7Enfermeira.  Pós-graduada em urgência, emergência, terapia intensiva e trauma. Hospital João XXIII, Belo Horizonte/MG, Brasil.

8Acadêmica do 6° Período do Curso de Enfermagem da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.

9Acadêmicos do 4° Período do Curso de Odontologia da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.

10Acadêmicos da 4ª Etapa do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.