ADOLESCENTS’ KNOWLEDGE ON CERVICAL CANCER PREVENTION: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411180932
Cailane Cardoso da Silva1
Eliane Silva de Souza2
Fernanda Magalhães Cavalcante3
Karina Barros das Chagas4
Peterson Mémé5
Bruno Alves de Almeida6
Resumo
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. Este trabalho teve como objetivo identificar o conhecimento de adolescentes na prevenção do câncer de colo uterino, através de uma revisão integrativa da literatura. Foram identificados e selecionados 32 artigos de acordo com os critérios, destes, foram excluídos 15 artigos após a leitura do título e resumos, em seguida foram selecionados 17 artigos potencialmente relevantes e destes, 09 artigos foram excluídos após leitura integral. Logo após, 08 artigos foram incluídos nesta revisão. Em relação a alguns conhecimentos específicos do HPV, como formas de transmissão e como se prevenir, os adolescentes apresentaram um bom conhecimento sobre a temática em pauta. Entretanto, quanto ao segundo objetivo, com relação ao diagnóstico, tratamento e patologias que o HPV pode ocasionar, bem como a relação do HPV com alguns tipos de câncer, o resultado alcançado é consideravelmente insatisfatório. Portanto, pode-se afirmar que os objetivos desta revisão integrativa da literatura foram alcançados parcialmente, portanto, para mudar esta situação é necessário investir no desenvolvimento de métodos de promoção da saúde, principalmente em educação em saúde nas instituições de ensino.
Palavras-chave: Adolescentes, Prevenção, Câncer de Colo Uterino, Papilomavírus Humano.
Abstract
Adolescence is the transition period between childhood and adulthood, characterized by the impulses of physical, mental, emotional, sexual and social development and by the individual’s efforts to achieve goals related to the cultural expectations of the society in which he or she lives. This study aimed to identify the knowledge of adolescents on the prevention of cervical cancer, through an integrative review of the literature. Thirty-two articles were identified and selected according to the criteria, of which 15 articles were excluded after reading the title and abstracts, then 17 potentially
relevant articles were selected and of these, 09 articles were excluded after reading them in full. Soon after, 08 articles were included in this review. Regarding some specific knowledge of HPV, such as forms of transmission and how to prevent it, the adolescents presented good knowledge on the topic at hand. However, regarding the second objective, regarding the diagnosis, treatment and pathologies that HPV can cause, as well as the relationship of HPV with some types of cancer, the result achieved is considerably unsatisfactory. Therefore, it can be stated that the objectives of this integrative literature review were partially achieved, therefore, to change this situation it is necessary to invest in the development of health promotion methods, mainly in health education in educational institutions.
Keywords: Adolescents. Prevention. Cervical Cancer. Human Papillomavirus.
1. INTRODUÇÃO
A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano que ocorre entre a infância e a idade adulta, geralmente compreendida entre os 10 e 19 anos, embora possa variar de acordo com fatores culturais e sociais. Essa etapa é marcada por mudanças físicas, emocionais e sociais significativas, incluindo o desenvolvimento sexual, a busca por identidade, a formação de relacionamentos mais complexos e a maior independência em relação aos pais (Tanner, 1962).
Sabe-se que o HPV é um vírus muito contagioso e que causa diversas doenças como o câncer de colo de útero, e no Brasil, esse tipo de câncer é o mais comum entre as mulheres (Viera et al., 2023). Além disso, verifica-se que o baixo número de adolescentes que realizam o exame citológico de Papanicolau é uma realidade comum nos achados da literatura, essas são situações preocupantes para o setor saúde e, possivelmente ocorre, por conta do déficit existente no segmento da educação em saúde que precisaria estar sendo melhor desenvolvida pelos profissionais de saúde, em particular os médicos da Estratégias de Saúde da Família (ESF) (Cruz & Jardim, 2013; Marçal & Gomes, 2013).
A quantidade reduzida de adolescentes que se submetem ao exame citológico de Papanicolau, como foi destacado, representa uma preocupação relevante para a saúde coletiva. Essa situação é frequentemente relacionada à carência de informação em saúde apropriada, que deveria ser incentivada por especialistas, especialmente médicos do ESF. A sensibilização e a instrução sobre a relevância desse exame são essenciais para aumentar a taxa de participação.
Corroborando, a realização do exame Papanicolau, tem se confrontado, na prática com algumas barreiras presentes em diversos aspectos da vida da mulher, fazendo com que se aumente o número, inclusive, de adolescentes sem nenhum tipo de acompanhamento à sua saúde sexual (Greenwood, Machado & Sampaio, 2006).
Nesse contexto, a adesão dos adolescentes ao exame de Papanicolau pode ser influenciada por diversas barreiras, como: a falta de informação, tabu e estigmas, a dificuldade em acessar serviços de saúde, a cultura e os valores familiares, a falta de incentivo, medo e ansiedade, autonomia e consentimento. Assim, superar essas barreiras requer uma abordagem multidisciplinar que inclua educação, apoio psicológico, campanhas de conscientização e melhorias no acesso aos serviços de saúde.
Logo, esse trabalho se justifica em vista de que pode contribuir para o conhecimento e aquisição de novos comportamentos, identificação de fatores que têm dificultado a adesão das adolescentes ao exame preventivo de Papanicolau e, a importância deste para a saúde sexual e reprodutiva.
Portanto, este trabalho tem como objetivo, identificar o conhecimento de adolescentes na prevenção do câncer de colo uterino, por meio de uma revisão integrativa da literatura (RIL).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A adolescência é o período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizado pelos impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e pelos esforços do indivíduo em alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. A adolescência começa com mudanças físicas durante a puberdade e termina quando o indivíduo integra o seu crescimento e personalidade, ganha gradualmente independência económica e integra-se em grupos sociais (Tanner, 1962).
Os limites cronológicos da adolescência são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 10 e 19 anos (adolescentes) e pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 15 e 24 anos (youth), critério este usado principalmente para fins estatísticos e políticos (Eisenstein, 2005).
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (artigo 2º), e, em casos excepcionais e quando disposto na lei, o estatuto é aplicável até os 21 anos de idade (artigos 121 e 142) (Brasil, 1990).
O câncer do colo do útero (CCU), ainda é um desafio a ser vencido, pois existem mulheres, que nunca realizaram, ou não realizam periodicamente o exame citopatológico, no qual acabam por colocar em risco sua saúde, uma vez que o CCU é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina brasileira e é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV) (Rocha, 2021).
Nesse sentido, o CCU por ser uma doença de crescimento lento e silencioso, pode não apresentar sintomas na fase inicial, mas nos casos mais avançados, pode evoluir para um sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor associada a queixas urinárias ou intestinais que podem afetar a saúde das mulheres (Gomes et al., 2022).
O exame citopatológico de Papanicolau é um método simples realização que permite a detecção de alterações da cérvice uterina, através das análises de células descamadas do epitélio e se constitui até hoje, o método mais indicado para o rastreamento do CCU por ser um exame rápido e indolor e ser de alta eficiência, baixo custo, fácil execução, além de ser ofertado, gratuitamente, em toda rede do sus (Greenwood, Machado & Sampaio, 2006).
Para muitas mulheres a não realização do exame de Papanicolau está atrelado, possivelmente, a fatores de ordem socioeconômica e cultural, por precário nível de informação sobre a gravidade da patologia e por desconhecerem a importância do exame preventivo, afirma (Paula, 2015).
O entendimento de epidemiologia do câncer de colo uterino no Brasil aponta resultados nos últimos anos em mulheres mais jovens. Do ponto de vista nas aplicações de ações pela atenção básica de saúde há uma vulnerabilidade das adolescentes para contraírem o vírus do HPV. Em nosso país o sistema de saúde é universal e o programa nacional de rastreio e triagem para o câncer cervical tem como público-alvo as mulheres entre 25 e 64 anos com vida sexual já iniciada. Contudo, alguns dos estudos realizados no Brasil demonstraram a ocorrência de casos de neoplasia cervical entre mulheres com idade inferior à preconizada pelas diretrizes brasileiras para rastreamento desta patologia (Gomes et al., 2022).
Além do uso da camisinha como método preventivo, percebe-se que as vacinas são seguras e eficazes na prevenção desse vírus, principalmente se forem administradas antes do início da vida sexual, pois os adolescentes adquirem uma boa resposta imune. Mas, é importante ressaltar que a vacina não altera o grau da doença já existente, apenas protege de tipos do vírus no qual não foram expostos. A idade recomendada pelo Ministério da Saúde para vacinação é de meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade (Brasil, 2022).
No período da adolescência frequentemente observam-se fatores de risco, como o início sexual precoce e a multiplicidade de parceiros, além da baixa adesão ao uso da camisinha em suas relações sexuais, vulnerabilidades que resultaram em um aumento nos achados de anormalidades citopatológicas em adolescentes sexualmente ativas, alterando-se de 3% na década de 70 para 20% na década de 90 (Cruz & Jardim, 2013).
Nesse contexto, a estratégia de rastreamento do câncer de colo uterino recomendada pelo Ministério da Saúde é o exame citopatológico prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos. O exame citopatológico é um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero que possam predizer a presença de lesões precursoras do câncer ou do próprio câncer. É a principal estratégia para detectar lesões precocemente. A técnica de coleta adequada e no momento e condições oportunas garante um espécime de melhor qualidade e fornece resultados mais confiáveis (Fundação Osvaldo Cruz, 2023).
Mesmo existindo esse programa e a preocupação seja com a saúde e a prevenção à mulher, ainda existem muitas lacunas com relação à mulher adolescente no que diz respeito à prevenção e estratégias que as faça romper com o receio e/ou medo que as distanciam das unidades de saúde e, consequentemente, de atitudes de prevenção. Com isso, percebe-se a necessidade de buscar as adolescentes, a integralidade e a qualidade dos programas de rastreamento, bem como o seguimento das pacientes. Nesse sentido, o adolescente necessita de orientações e apoio, não só em seu ambiente familiar, mas também nas esferas da educação em saúde (Marçal; Gomes, 2013).
Assim, ao médico da ESF como integrante essencial dos serviços de atenção primária à saúde recai muitas atribuições, das quais destacamos, é realizar ações de educação em saúde a população adstrita, conforme planejamento da equipe e necessidades dos usuários e, no que tange a adolescência além de ser população adstrita é, por demais, necessitados de atenção, educação e acompanhamento (Brasil, 2019).
Muitas razões são apontadas para a não realização do exame preventivo dentre tantas, assinala os fatores culturais, sociais, econômicos e comportamentais, bem como à própria organização dos serviços públicos de saúde como sendo alguns dos principais (Melo et al., 2012).
3. METODOLOGIA
O presente estudo, trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo, por meio de uma revisão integrativa da literatura (RIL). De acordo com Whittemoren e Knafl (2005), a RIL é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado.
Para a busca dos artigos foram utilizadas as bases de dados: PubMed, SciELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).
Para a elaboração da presente revisão integrativa da literatura as seguintes etapas foram percorridas: definição da questão norteadora (problema) e objetivos da pesquisa; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão das publicações (seleção da amostra); busca na literatura; análise e categorização dos estudos, apresentação e discussão dos resultados. Utilizando a estratégia PICO (População, Intervenção e Contexto/Resultados) que orienta a elaboração da pergunta chave da pesquisa e do levantamento bibliográfico. Com base nessa estratégia, elaborou-se a seguinte questão: Quais as estratégias de enfermagem para prevenção do câncer de colo uterino em adolescentes?
O levantamento bibliográfico ocorreu nas seguintes bases de dados: PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para melhor identificação dos estudos pretendidos, utilizamos combinações dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) em português: Adolescentes, Educação em Saúde e Câncer de Colo Uterino e os Medical
Subject Headings (MeSH) em inglês: “Adolescents”, “Health Education” and “Cervical Cancer”. Para garantir resultados melhores, optamos por utilizar a combinação dos descritores com operadores booleanos AND e NOT, considerando os campos: título, resumo e assunto (all fields).
Como critério de inclusão foi dada a preferência a artigos originais, escritos na língua portuguesa e inglesa, disponíveis na íntegra e publicados nos últimos 5 anos. Os critérios de exclusão foram: artigos incompletos, duplicados e que não reflitam o tema ou objetivo proposto.
Os artigos passaram por análise após as buscas eletrônicas nas bases de dados, os estudos encontrados foram inicialmente selecionados pelos revisores a partir da leitura do título e do resumo e posteriormente pela leitura integral. A partir disso, foram selecionados os artigos que obedeceram aos critérios de inclusão. Ademais, sequencialmente, os dados de cada artigo selecionado foram coletados para construção dos resultados.
A partir da interpretação e síntese dos resultados, foram comparados os achados da pesquisa e para o seguimento dessa análise, o conteúdo das questões foi organizado e estruturado seguindo as fases sequenciais: pré-análise, exploração do material e o tratamento dos resultados: inferência e a interpretação.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Conhecimento de adolescentes relacionados às formas de prevenção e de transmissão do HPV
O desconhecimento sobre a finalidade da vacina HPV fica em evidência em alguns depoimentos. O medo da vacina também ficou em evidência, tendo como justificativa o fato de ser injeção, da dor, da agulha e por medo da reação. Como medidas de prevenção, foram citadas o uso de preservativo e a ida periódica ao ginecologista. Seis das participantes não souberam informar nenhuma medida de prevenção contra o papilomavirus humano (Nogueira da Silva et al., 2021).
A respeito das razões para não realização da imunização, a falta de informação sobre a vacina foi a mais citada (63%). Ao questionar aos familiares das meninas se vacinariam suas filhas, 17% afirmaram que não e nenhum desses familiares sabia a função da vacina. Além disso, apesar dos avanços nos programas de vacinação contra o HPV, ainda é presente uma grande desinformação sobre a temática na população, especialmente entre os familiares do público-alvo. A escola foi apontada como protagonista no acesso à informação e pode ser utilizada como meio de acesso à vacina para as jovens e de informação para seus familiares (Viera et al., 2023).
Com base no estudo acima, é preciso pensar em uma ação em educação em saúde sobre o Câncer de Colo de Útero, visando informar acerca das formas de manifestação da doença, sua taxa de incidência e mortalidade, bem como as formas de prevenção do HPV, em específico a vacinação.
Os resultados obtidos de uma educação em saúde são promissores, uma vez que há uma participação ativa das meninas nos encontros e uma receptividade positiva em relação às informações compartilhadas. A ação vacinal também é bem-sucedida, com um número significativo de meninas recebendo a vacina contra o HPV, resultados os quais evidenciam a relevância de estratégias educativas e de imunização para conscientizar e proteger essa população vulnerável (Furtado et al., 2023).
Salientamos que a conscientização sobre o Câncer de Colo de Útero, direcionada a meninas de 14 anos, é uma estratégia relevante e eficaz na promoção da saúde feminina. A combinação de palestra informativa e ação vacinal mostrou-se uma abordagem bem-sucedida para disseminar informações, combater mitos e incentivar a adoção de medidas preventivas, como a vacinação contra o HPV.
Além disso, as participantes do estudo realizado em Minas Gerais entendem a importância da vacinação contra o papilomavirus humano, embora seis participantes, bem como suas famílias, informaram ter receio pela dor da vacinação ou possíveis eventos adversos pós-vacinais (Nogueira da Silva et al., 2021).
Analisando os fatores associados ao conhecimento, atitude e prática de meninas escolares sobre vacinação contra Papilomavírus Humano de dois municípios, um de grande e outro de médio porte, na região Nordeste do Brasil no período de agosto de 2019 a janeiro de 2020, os resultados demonstraram que meninas do município de grande porte apresentaram menor conhecimento e prática (p=0,000). A adequação do Conhecimento na grande metrópole entre brancas e católicas foi maior, assim como a de Atitude. Renda familiar de até dois mil reais revelou menor adequação de Atitude e Prática, e idade abaixo de 12 anos foi menor para Atitude (Ferreira et al., 2022).
Em um estudo epidemiológico desenvolvido com 605 adolescentes de 22 escolas públicas de um município de grande porte do estado de Minas Gerais, cujo objetivo foi descrever o conhecimento de adolescentes sobre vacinas, as doenças imunopreveníveis e as doenças transmissíveis, as fontes de informação mais citadas pelos adolescentes sobre infecções transmissíveis e formas de prevenção foram: escola (65,1 %), comunicação de massa (48,4 %) e pai e mãe (29,9 %). Sobre o conhecimento de infecções/doenças imunopreveníveis, 61,5 % dos adolescentes citaram a febre amarela e 5,6 % o HPV. Além disso, 60,7 % relataram serem vacinados contra a paralisia infantil, 56 % contra a febre amarela e 5 % contra o HPV. A cobertura vacinal média identificada na coleta de dados foi de 45,1 %, aumentando para 91 % após a vacinação. Considerando as respostas dos adolescentes sobre as vacinas presentes no cartão e com qual imunobiológico já tinham sido vacinados, a análise de Kappa evidenciou uma concordância substancial em relação à vacina contra febre amarela e uma concordância moderada entre as demais vacinas (Viegas et al., 2019).
Os resultados de alguns estudos apontam que numa análise crítica, restou corroborado que embora comprovadamente eficaz a vacinação, a população de risco não está totalmente imune ao vírus do HPV, visto que, os estigmas impostos pela sociedade contemporânea, acabam por impedir que a vacinação aconteça em 100% da população. Deste modo, o estudo confirmou a necessidade de políticas de prevenção permanentes nas unidades de saúde que objetivem a educação em saúde para que a vacinação consiga atingir toda a população de risco (Alexandre et al., 2022).
Aplicando-se um questionário a 41 estudantes, com faixa etária de 13 a 15 anos, no município de Guamaré/RN, durante o início de dezembro de 2022, os resultados demonstraram, quanto ao perfil da amostra, que 59% dos entrevistados são do sexo feminino e 51 % têm 14 anos de idade. Dos respondentes, 90% declararam que já ouviram falar sobre o HPV; 68% afirmaram que conheciam as formas de transmissão do vírus; além disso, 89% declaram saber da existência de vacinas contra o HPV, mas apenas 44% confirmam ter sido vacinados contra o vírus. Nesse contexto, os resultados obtidos mostram que os adolescentes possuem conhecimento das informações básicas sobre o HPV (Silva, 2023).
Por mais que a maioria afirme saber se prevenir, é importante que sejam realizadas ações explicando esse tema para os adolescentes, ou seja, abordar os tipos de medidas preventivas que existem e explicar que o uso da camisinha é uma das formas mais importantes, salientando, entretanto, que ela não previne completamente, pois pode haver lesões na região genital que não são protegidas pelo preservativo (Brasil, 2022).
4.2 Conhecimento de adolescentes com relação ao diagnóstico, tratamento do câncer de colo uterino
Em parte, o segundo objetivo foi alcançado, visto que as palavras prevenção e cuidado sempre surgiram nos depoimentos, associando o exame de Papanicolau a uma prática de cuidado de si mesma. Além disto, as representações do câncer de colo do útero evidenciadas nas publicações científicas coincidem em muitos aspectos com essas representações.
Assim, é representado também como uma doença incurável, terrível e mortal, um tumor que cresce no útero, causando dor. E possui uma representação moral de destino, vontade de Deus que não pode ser alterada ou um carma ruim causado pela personalidade do paciente e que, por isso, deve ser escondido.
No imaginário de adolescentes, o câncer é grande, preto, maléfico, doloroso, um monstro, um carrasco destrutivo. Apesar das adolescentes deste estudo não terem mencionado o câncer exatamente dessa maneira, falaram também da capacidade de destruição do corpo, enquanto mulher e mãe, podendo também levar à morte. Isso acontece porque o útero ainda é símbolo de feminilidade, tendo ainda mais significado entre as mulheres jovens e sem filhos (Nogueira da Silva et al., 2021).
Nesse contexto, é necessário promover ações para que os adolescentes conheçam que a principal forma de diagnosticar o vírus em mulheres é realizando o exame Papanicolau e, em homens, realizando exames urológicos. Como também, entender que o tratamento deve ser individualizado e adequado à situação de cada pessoa (Brasil, 2022).
Avaliando a cobertura vacinal contra o HPV em adolescentes e adultas jovens familiares de mulheres com câncer de colo uterino no setor de oncologia de um hospital terciário de referência no Nordeste brasileiro, onde os resultados demonstram que o grau de parentesco entre essas jovens e as pacientes oncológicas em tratamento foi de filha (56%), irmã (3%), sobrinha (22%) e neta (19%). A maior parte dessas meninas (81%) foi instruída a realizar a prevenção contra o HPV, sendo a escola (39%) a principal responsável por fomentar a vacinação (Viera et al., 2023).
Acredita-se que esse predomínio possa estar relacionado à quantidade de meninas inseridas na escola nessa faixa etária, e alguns fatores relacionados a isso é a maior disponibilidade deste grupo para se dedicar aos estudos, enquanto os adolescentes do sexo masculino geralmente precisam ser inseridos precocemente no mercado de trabalho, podendo levar à evasão escolar (Gomes et al., 2022).
5. CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo principal, abordar o conhecimento de adolescentes na prevenção, as formas de transmissão, tratamento e diagnóstico do câncer de colo uterino. Em relação ao primeiro objetivo desta revisão integrativa da literatura, podemos afirmar que este foi alcançado, visto que em relação a alguns conhecimentos específicos do HPV, como formas de transmissão e como se prevenir, os adolescentes apresentaram um bom conhecimento sobre a temática em pauta.
Entretanto, quanto ao segundo objetivo, com relação ao diagnóstico, tratamento e patologias que o HPV pode ocasionar, bem como a relação do HPV com alguns tipos de câncer, o resultado alcançado é consideravelmente insatisfatório.
Além disso, com este trabalho de revisão, foi possível constatar que, apesar da maior parte de adolescentes apresentam um bom conhecimento sobre a existência das vacinas, pode se perceber que a adesão a vacinação é baixa, o que torna os resultados obtidos insatisfatórios, pelo fato de haver uma porcentagem preocupante, principalmente em alguns estudos, de estudantes que não souberam informar se tinham sido vacinados 41%, como também dos que não foram vacinados 15%. Segundo o Ministério da Saúde, a meta é vacinar 80% do público alvo. Neste sentido, pode-se afirmar que os objetivos desta revisão integrativa da literatura foram alcançados parcialmente.
Por fim, para mudar esta situação é necessário investir no desenvolvimento de métodos de promoção da saúde. Neste sentido, a educação sexual nas instituições de ensino deve ser atualizada para poder prestar apoio na educação para a saúde a estes adolescentes.
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1Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: kayllanneakyles361@gmail.com
2Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: eseliane83@gmail.com
3Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: fmcavalcante.fm@gmail.com
4Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: karinabarros378@gmail.com
5Discente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: petersonmeme15@gmail.com
6Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Fametro. E-mail: brunoalvesalmeida20@hotmail.com