ANALYSIS OF THE EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF HOSPITALIZATIONS AND DEATHS DUE TO LEUKEMIA IN BRAZIL IN THE PEDIATRIC AGE GROUP: AN ANALYSIS FROM 2017 TO THE PRESENT.
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411172039
Pedro Antônio Ramalho de Almeida Barros1; Cecília da Silva Tourinho2; Eli Emanuele Muniz Carvalho de Oliveira3; José Victor Mesquita Nascimento4; Ricardo Torres Negraes5
Resumo
O presente estudo traz como base o estudo epidemiológico das leucemias, câncer infantojuvenil mais comum e que possui uma alta taxa de prevalência e incidência na população pediátrica, bem como importante impacto na mortalidade desses menores. O objetivo dessa pesquisa é analisar o perfil nacional das internações hospitalares e óbitos por leucemia no período de 2017 até a atualidade. Para isso, foram utilizados dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), coletados na plataforma digital DATASUS, e as variáveis selecionadas foram idade de menor de 1 a 19 anos, sexo masculino e feminino e cor/raça branca, parda, preta, amarela e indígena. Como resultados, obteve-se uma maior prevalência e incidência de internações por leucemia ao longo dos anos, principalmente nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul, com destaque para a faixa etária de 1 a 9 anos, o sexo masculino e a cor/raça parda e branca. Quanto ao número de óbitos, percebem-se dados expressivos nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte, com predomínio em indivíduos de 10 a 19 anos, no sexo masculino e na cor/raça branca e parda. Diante do exposto, infere-se a urgência do quadro das leucemias na população pediátrica no nosso país, o que interfere na qualidade de vida do paciente, nas estatísticas vitais dessa população e no sistema de saúde. Os dados revelam a necessidade de atuação pública em medidas de saúde para mitigar as disparidades regionais em assistência especializada para câncer, o diagnóstico tardio e o tratamento ineficaz e limitante.
Palavras-chave: Epidemiologia. Leucemia. Pediatria. Internação Hospitalar. Óbito.
Abstract
The present study is based on the epidemiological analysis of leukemia, the most common childhood cancer, which has a high prevalence and incidence rate in the pediatric population, as well as a significant impact on mortality in this age group. The objective of this research is to analyze the national profile of hospital admissions and deaths due to leukemia from 2017 to the present. For this purpose, secondary data from the Hospital Information System (SIH) and the Mortality Information System (SIM), collected from the DATASUS digital platform, were used. The selected variables included age groups under 1 to 19 years, male and female gender, and racial/ethnic categories of white, mixed-race, black, Asian, and indigenous populations. The results revealed a higher prevalence and incidence of hospitalizations for leukemia over the years, particularly in the Southeast, Northeast, and South regions, with a significant concentration in the 1 to 9-year age group, among males, and in the mixed-race and white populations. Regarding the number of deaths, substantial data were observed in the Southeast, Northeast, and North regions, predominantly in individuals aged 10 to 19 years, among males, and in the white and mixed-race populations. Given the above, the urgency of addressing leukemia in the pediatric population in Brazil is evident, as it impacts patients’ quality of life, the vital statistics of this population, and the healthcare system. The data highlight the need for public health actions to reduce regional disparities in specialized cancer care, late diagnoses, and ineffective and limited treatments.
Keywords: Epidemiology. Leukemia. Pediatrics. Hospital Admission. Mortality
1 INTRODUÇÃO
As leucemias correspondem a um grupo heterogêneo de doenças que possui como alvo primário o acometimento da medula óssea. Elas representam neoplasias do sistema hematopoiético, o qual é responsável pela formação, desenvolvimento e maturação dos elementos do sangue a partir de células-tronco presentes na medula óssea. Caracterizam-se pelo acúmulo de células em desordem clonal na medula óssea e podem ser divididas segundo a linhagem celular afetada, sendo então denominadas leucemia linfoide ou mieloide (WHITELEY et al., 2021; ARAÚJO et al., 2022; WINTER et al., 2022; CRUZ et al., 2024; TIGRE et al., 2024).
Outra classificação importante envolve a velocidade com que a doença se desenvolve e progride. As leucemias agudas refletem o crescimento celular rápido, em curto intervalo de tempo, enquanto as crônicas, têm evolução mais lenta. Existem mais de 12 tipos de leucemia, todavia os quatro tipos elementares de maior prevalência são: leucemia linfoide aguda (LLA); leucemia linfoide crônica (LLC); leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia mieloide crônica (LMC) (DU et al., 2022; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022; ARANHA et al., 2024; DE SOUSA et al., 2024).
Globalmente, em 2020, a leucemia foi responsável por aproximadamente 2,5% de toda a incidência de câncer e 3,1% da mortalidade por câncer (SUNG et al., 2021; HUANG et al., 2022). Segundo a carga global do câncer em 2022 da GLOBOCAN, banco de dados que contêm estimativas globais para todos os cânceres produzidos pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde, a leucemia foi o 13º câncer mais diagnosticado, e a 10ª principal causa de mortalidade por câncer no mundo. No Brasil, a leucemia foi o 13° câncer com maior incidência e a 11° principal causa de óbito por câncer. Dessa forma, estudos epidemiológicos são necessários para entender o comportamento dessa neoplasia em diferentes localidades e grupos populacionais (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022).
Em crianças e adolescentes as leucemias são o tipo mais comum de câncer, representando em torno de 28% dos casos totais de neoplasias pediátricas, e são consideradas importantes causas de óbitos. As leucemias agudas, especialmente, consistem na maioria dos casos (97%, aproximadamente), e são definidas como uma anormalidade genética, em geral, adquirida, em que há a expansão clonal de células precursoras linfoides, mieloides ou hematopoiéticas imaturas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022).
As LLAs correspondem a cerca de 80% dos casos de leucemia nessa população, especialmente em crianças menores que 15 anos, com pico de incidência entre dois e cinco anos. Por isso, são cruciais a detecção precoce e o início imediato do tratamento, a fim de melhorar as chances de cura. Em contrapartida, as LLCs e as LMAs são mais frequentes em pessoas mais velhas e incomuns na faixa etária de estudo. As primeiras variam apenas de 2% a 5%, já as segundas, de 15% a 20% (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022)
Comparado ao adulto, o câncer infanto-juvenil apresenta como característica menores períodos de latência, crescimento mais acelerado e geralmente é invasivo, com melhor resposta à quimioterapia, o que torna imperativo um diagnóstico precoce e uma abordagem rápida. No Brasil, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença, entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade, considerando o bom controle das doenças infectocontagiosas e a consequente redução da mortalidade por causas evitáveis (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
Do contexto epidemiológico brasileiro, a análise das internações hospitalares e mortalidade por leucemia em crianças é de extrema relevância para entender a magnitude do problema de saúde e subsidiar políticas públicas de saúde voltadas a essa população, objetivando o diagnóstico precoce e localizado, além de condutas terapêuticas adequadas. Isso é importante, visto que, a taxa de sobrevida, a qualidade de vida, bem como a relação efetividade/custo da doença, é maior quanto mais precoce for diagnosticado o câncer (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
Ante o exposto, o estudo sobre o panorama epidemiológico das internações e mortalidade por leucemia em crianças e adolescentes até 19 anos no Brasil entre 2017 e 2024 é essencial, de modo que, permite identificar as desigualdades regionais acerca da incidência da doença, bem como analisar a eficácia das estratégias diagnósticas e terapêuticas implementadas no período. Sobre a dinâmica da desigualdade regional, a análise dos dados é fundamental para propor intervenções direcionadas, em especial para regiões de menor acesso a serviços de saúde especializados.
O presente estudo pretende traçar uma análise epidemiológica quantitativa das internações e mortalidade por leucemia na faixa pediátrica, nacionalmente, do ano de 2017 até a atualidade, visando identificar os principais fatores relacionados à evolução desfavorável do curso desta doença. Através desse panorama epidemiológico, o estudo busca oferecer uma compreensão detalhada do perfil populacional que demanda atenção em saúde especializada e do impacto ocasionado por essa patologia em diferentes grupos populacionais, auxiliando na formulação e implementação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas para o manejo dessas condições.
Além disso, compreender o comportamento epidemiológico da doença de acordo com variáveis como idade, sexo, cor/raça e região é de suma importância. Dados indicam que o risco de leucemia varia entre populações de diferentes idades, sexos e localizações geográficas. Essas disparidades podem ser atribuídas a divergências na prevalência de diferentes fatores de risco ambientais e genéticos (LIM et al., 2014; HUANG et al., 2022).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
O câncer é o principal obstáculo da saúde pública do mundo, sendo classificado como uma das principais causas de morte e, consequentemente, tornando-se um empecilho para o aumento da expectativa de vida em todo o mundo. Na maior parte dos países, o câncer é a primeira ou a segunda principal causa de morte antes dos 70 anos, ocupando posição de destaque em mais de 23 países. Conforme a carga global do câncer em 2022 da GLOBOCAN, a incidência de novos casos para todos os cânceres no mundo foi de 19.976.499, e a mortalidade apresentou um valor de 9.743.832 (SUNG et al., 2021; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022).
No Brasil, a estimativa para os anos de 2023 a 2025 aponta que ocorrerão 704.000 novos casos de câncer. A taxa de incidência, excluído o câncer de pele não melanoma, foi 17% maior em homens do que em mulheres, considerada compatível com as taxas esperadas para países em desenvolvimento. Quanto à distribuição da incidência por região geográfica, as regiões sul e sudeste concentram 70% desta, sendo o sudeste responsável pela metade dos casos (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2022).
Dessa forma, é notório que existe uma grande variação na magnitude e dos tipos de câncer entre as diferentes regiões do Brasil. Segundo a carga global do câncer em 2022 da GLOBOCAN, o Brasil registrou 627.193 novos casos de câncer e 278.835 óbitos. A prevalência de casos nos últimos 5 anos foi de 1.634.441 casos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022).
A leucemia é o tipo de câncer hematológico mais comum, sendo esta uma neoplasia que acomete os leucócitos, ou glóbulos brancos, células com função de defesa contra infecções. Sua característica principal é o acúmulo, na medula óssea, de células anormais, que posteriormente circulam pela corrente sanguínea e acabam não exercendo suas funções como deveriam. Pode ser dividida em diversos tipos, porém os quatro tipos de maior prevalência e importância clínica são: leucemia linfoide aguda (LLA); leucemia linfoide crônica (LLC); leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia mieloide crônica (LMC) (JUNG et al., 2019).
Em relação a suas etiologias, ainda não estão bem estabelecidas nas literaturas científicas, todavia existem estudos sugerindo fatores relacionados as leucemias, como radiação ionizante, chumbo, amônia e agentes infecciosos, os quais aumentam a taxa de incidência e mortalidade da neoplasia em questão (TOWLE, GRESPIN & MONNOT, 2017; ANDRADE et al., 2019). Outros fatores que podem estar associados incluem: obesidade e os fatores dietéticos, assim como o tabagismo, agrotóxicos, e ainda alguns vírus, como vírus da imunodeficiência humana (HIV), Epstein-barr e vírus T-linfotrópico humano (HTLV) (RÊGO, FONSECA, 2015; SARAIVA, SANTOS & MONTEIRO, 2018; ANDRADE et al., 2019).
Segundo a carga global do câncer em 2022 da GLOBOCAN, a leucemia foi o obteve mundialmente 487.294 novos casos, e apresentou uma expressiva mortalidade, com 305.405 óbitos. No cenário nacional, a leucemia apresentou uma totalidade de 11.859 novos casos e 8.790 mortes, apresentando uma importante posição no cenário mundial. Ainda, o território nacional apresentou como prevalência, nos últimos 5 anos, 33.916 casos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2022).
A leucemia linfoide aguda (LLA) está associada à propagação de células B ou T imaturas, os linfoblastos, na medula óssea. Trata-se do tipo mais prevalente na infância, respondendo a cerca de 75 a 80%, e abrange principalmente crianças dos dois aos cinco anos de idade, mais frequentemente meninos. Seus subtipos são dependentes das características das células leucêmicas (MORAES et al., 2017; PUGGINA, 2020; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022).
- LLA – L1: apresenta células pequenas, de morfologia homogênea, núcleo com limite regular, cromatina frouxa, sem a apresentação de nucléolos, com relação núcleo- citoplasma alta e citoplasma escasso de basofilia discreta ou moderada.
- LLA – L2: constituído de células grandes, heterogêneas, com núcleo de tamanho e forma variável, com cromatina frouxa e nucléolos visíveis, as quais podem ainda mostrar irregularidade no contorno, relação núcleo-citoplasma reduzida com citoplasma comumente abundante e basofilia variável.
- LLA – L3: composto por células grandes e homogêneas, núcleo redondo, cromatina frouxa e presença de nucléolos, intensa basofilia e vacuolização citoplasmática.
Outra classificação, revisada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), divide a LLA em (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINFOMA E LEUCEMIA, 2020):
- Leucemia linfoide de células B / linfoma: caracterizado pelo início em células imaturas, que se desenvolvem em linfócitos de células B. Representa cerca de 88% dos casos de crianças com LLA, sendo o mesmo tido como o subtipo mais recorrente da patologia.
- Leucemia Linfoide de células T: ocorre quando as células imaturas transformam-se em linfócitos de células T. Essa é mais recorrente na população adulta, correspondendo a 25% dos casos na população acima dos 20 anos e 12% na população infantil.
A maioria das crianças e adolescentes com LLA manifesta sintomas inespecíficos, como febre, fadiga, letargia e perda de apetite. Dor óssea difusa, causada pela infiltração de linfoblastos no periósteo ou na cortical do osso, é um achado frequente e pode, inclusive, tratar-se do primeiro sintoma da doença. Acomete os membros superiores e/ou inferiores, principalmente as articulações do joelho, tornozelo, punho, cotovelo e quadril (ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021 apud EDGAR, MORGAN, 2016; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022).
A confirmação diagnóstica da LLA é tida através do mielograma, evidenciando um número mínimo de 20% de células imaturas na medula óssea. A diferenciação dos subtipos é feita por meio do exame de imunofenotipagem, classificando-os em linhagem B ou T e de acordo com o estágio de maturação (PUGGINA, 2020).
O tratamento habitual e mais específico é a quimioterapia de longo prazo. Com duração de 2 a 3 anos, é dividida em três fases: indução, consolidação e manutenção; e compreende a administração de quimioterápicos, via oral ou endovenosa. O transplante de células tronco hematopoiéticas é uma alternativa, indicada em situações específicas, entre elas na ocorrência de distúrbio hematológico (benigno ou maligno) ou para recidivas precoces (ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021 apud ROCHA, 2012; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022; FERNANDES, 2024).
Na leucemia linfoide crônica (LLC), há a proliferação e concentração de linfócitos B na medula óssea ou nos linfonodos, primeiramente, com disseminação para o sangue periférico e demais órgãos hematopoiéticos. Ao contrário da forma aguda, ocorre mais em idosos, entre 60 e 80 anos. Os sintomas desenvolvem-se, classicamente, de modo lento e insidioso. Dentre eles, vale destacar a inapetência ou saciedade precoce, fadiga, sudorese noturna, hematomas, infecções recorrentes, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia (ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021; FERNANDES, 2024).
Para um diagnóstico definitivo de LLC, devem ser realizados hemogramas completos, esfregaços sanguíneos, citometria de fluxos e imunofenotipagem, de modo que, o achado de linfocitose periférica absoluta aponta a primeira suspeita de leucemia. O hemograma apresenta leucocitose variável, comumente entre 10.000 a 150.000/mm³, com predomínio de linfócitos similares à linfócitos normais (pequenos, com pouco citoplasma e cromatina nuclear condensada). Há sistemas de estadiamentos que favorecem a mensuração do prognóstico da doença e a escolha da conduta terapêutica, denominados: Estadiamento Rai e Estadiamento de Binet (PUGGINA, 2020; FERNANDES, 2024).
Em relação ao tratamento, ainda não foram reconhecidos programas completamente efetivos para pacientes com LLC. Por esse motivo, é destinado a pacientes em estágios de alto risco da doença. Os agentes terapêuticos utilizados incluem: quimioterápicos; corticosteroides; anticorpos monoclonais; radioterapia; esplenectomia e transplante de medula óssea (FERNANDES, 2024 apud FRAGA et al., 2024).
A leucemia mieloide aguda (LMA) representa uma desordem clonal do sistema hematopoiético, em que ocorre a reprodução intensa e desordenada das células mieloblásticas, culminando na insuficiência de células maduras normais. Com predomínio em adultos, cerca de 50% dos casos atinge homens, e 15 a 20% envolve crianças (KANSAL, 2019; FERNANDES, 2024).
As manifestações da LMA estão associadas principalmente às citopenias, incluindo: palidez e cansaço consequentes à anemia, equimoses, petéquias e hemorragias de mucosa devido a plaquetopenia, além de neutropenia febril. Ademais, podem ocorrer sintomas referentes à síndrome proliferativa, por exemplo, dor óssea, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia e proliferação de células leucêmicas em tecidos extramedulares, como no tecido retro-orbitário; e ao crescimento de células blásticas, também em tecidos extramedulares, como a hipertrofia da gengiva e a leucemia cútis (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022).
Laboratorialmente, o diagnóstico das LMAs é feito pela identificação de hemoglobinas e plaquetas baixas, leucócitos entre <1.000/μl a 200.000/μl, contagem diferencial de células brancas anormais com neutropenia e existência de blastos, anemias normocrômica e normocítica. A realização de punção do sangue medular, assim como o aspirado medular, pode ser eficaz na confirmação, passando por exames citoquímicos, colorações e imunofenotipagem, que permitem a classificação da doença e a definição da conduta (ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021; FERNANDES, 2024).
A abordagem terapêutica da LMA consiste principalmente na indução quimioterápica, podendo ser sucedida por transplante de células tronco. Aquela varia conforme a faixa etária do paciente, e divide-se em dois ciclos, sendo o primeiro, indução de remissão e, o segundo, consolidação da remissão. O objetivo é eliminar as células leucêmicas, de modo que a medula óssea retorne à produção de células normais. Os fármacos mais empregados na quimioterapia, na atualidade, são os agentes alquilantes. Em casos de LMA em primeira remissão ou segunda com fatores de mau prognóstico, indica-se também o transplante de medula óssea (ABREU, DE SOUZA & Gomes, 2021 apud SANTOS et al., 2019; FERNANDES, 2024).
Enfim, a leucemia mieloide crônica (LMC) tem início insidioso, caracterizada por leucocitose decorrente da proliferação de granulócitos. Com frequência é caracterizada pela translocação cromossômica t (9; 22) (q34; q11.2), ocorrendo uma fusão BCR-ABL, formando assim o cromossomo Philadelfia. Sua incidência é maior em indivíduos entre 50 e 60 anos, predominantemente do sexo masculino. O quadro clínico da LMC engloba fadiga, cefaleia, astenia, irritabilidade, febre, sudorese noturna, perda de peso e desconforto em hipocôndrio esquerdo, pela esplenomegalia. Tais sintomas são variáveis de acordo com a fase da doença (KOSCHMIEDER, VETRIE, 2018; MIRANDA-FILHO et al., 2018; ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021; PUGGINA, 2020).
A LMC possui três fases, sendo elas: crônica, acelerada e blástica. Grande parte dos casos (aproximadamente 85%) são diagnosticados na primeira fase, apresentando poucos sinais e sintomas, além de hemograma com leucocitose e blastos circulantes em quantidade reduzida. Durante a fase acelerada, o paciente sofre uma piora gradual e não mais responde à terapia. Alguns podem cursar com esplenomegalia e hemograma com leucocitose acentuada e mais blastos, bem como eosinofilia, basofilia, anemia e trombocitopenia não relacionada ao tratamento. Quanto à crise blástica, é a mais agressiva, capaz de levar a óbito o paciente dentro de meses. Nesta, há aumento no número de blastos linfoides e mieloides (ABREU; DE SOUZA & GOMES, 2021; FERNANDES, 2024).
Visando um cuidado eficaz, o tratamento da LMC é separado em fases, já mencionadas acima, segundo o estágio da doença a que o paciente pertence. Então, na fase crônica utilizam-se os inibidores de tirosina quinase (p. ex.; imatinibe, niotinibe). Na fase acelerada, a eficiência terapêutica é dependente do resultado na fase crônica. Normalmente, aplica-se a mesma medicação da fase crônica, com exceção do imatinibe, que é desprovido de efeito a longo prazo. Já na fase blástica, em razão da pior gravidade dos sintomas, a terapia difere, podendo ser solicitado até mesmo um transplante de medula óssea (ABREU, DE SOUZA & Gomes, 2021; FERNANDES, 2024).
O transplante de medula óssea trata-se da infusão intravenosa de células progenitoras hematopoiéticas, a fim de restabelecer a função da medula. Pode ser obtido por três métodos diferentes: 1) Autólogo, quando as células progenitoras são do próprio paciente; 2) Alogênico, quando há transferência por um familiar ou banco da medula óssea compatível; e 3) Singênico, em que o doador em questão é um irmão gêmeo (ABREU, DE SOUZA & GOMES, 2021; SILVA et al., 2023).
3 METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de um estudo epidemiológico quantitativo, transversal, observacional e descritivo, realizado por meio de coleta de dados públicos secundários no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), pertencentes ao programa TabNet do sítio eletrônico do Departamento de Informática do SUS (DATASUS).
Selecionou-se a leucemia, conforme a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, décima edição (CID-10), para a coleta de dados acerca da morbidade hospitalar por local de internação. O período selecionado para análise foi de janeiro de 2017 até os dados mais recentes disponíveis na plataforma para esse CID, ou seja, agosto de 2024. As variáveis utilizadas para caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes internados foram: idade, sexo e cor/raça.
Quanto a mortalidade por residência, as categorias do CID-10 selecionadas foram: leucemia linfoide (C91), leucemia mieloide (C92), leucemia monocítica (C93), outras leucemias de células de tipo especificado (C94) e leucemia de tipo celular não especificado (C95). O intervalo temporal selecionado foi de janeiro de 2017 até dezembro de 2023, dados mais atuais do ano de 2024 estão ausentes na plataforma. De acordo com informações contidas no DATASUS, os dados de 2023 são apenas dados preliminares. As variáveis utilizadas para análise epidemiológica da mortalidade foram: idade, sexo e cor/raça.
O grupo etário analisado da morbidade hospitalar e mortalidade foi a população pediátrica, composta por cinco faixas etárias: menores de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos e 15 a 19 anos. A análise descritiva quanto ao sexo englobou o sexo masculino e feminino, excluindo-se o ignorado; e enquanto a cor/raça, todas as classificações forma selecionadas (branca, preta, amarela, parda e indígena). Por se tratar de um estudo epidemiológico nacional, todas as regiões do Brasil foram incluídas no estudo.
Os dados coletados foram organizados no programa Microsoft Office Excel, e, em seguida, foi realizada uma análise estatística dos dados obtidos. Tabelas e gráficos foram confeccionados para organizar e tornar mais didático a demonstração dos dados.
Ademais, para o embasamento teórico do presente estudo, foram selecionados trabalhos retirados das bases de dados PubMed, Scielo e Google Acadêmico.
Dados epidemiológicos adicionais foram retirados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do banco de dados que contêm estimativas globais para todos os cânceres produzidos pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por se tratar de uma análise de dados secundários e quantitativos, que não permitem a identificação dos indivíduos e são de acesso público na internet, este estudo não foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa, conforme as diretrizes estabelecidas na Resolução nº 510/2016.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A partir da consulta do banco de dados TabNet, fornecido pelo Ministério da Saúde, foi possível analisar os dados coletados acerca das hospitalizações e óbitos por leucemia e setorizar de acordo com idade, gênero e cor/raça, como proposto anteriormente. A morbidade hospitalar da leucemia, categorizado pelo número de internações hospitalares, por ano de processamento, está lançado na Figura 1.
Figura 1 – Número total de internações hospitalares por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos no Brasil no período de 2017 a agosto de 2024.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Na figura acima, foi correlacionado o número de internações hospitalares por leucemia com o ano de processamento, nas cinco faixas etárias contempladas, de menores de 1 a 19 anos, nos últimos 8 anos em todo o Brasil. Ao total do período em estudo, foram registrados 139.691 internações hospitalares por leucemia.
Diante do exposto, percebe-se um aumento gradual do número de internações por leucemia com o passar dos anos, com um pico evidente em 2023, o qual registrou um número absoluto de 21.380 internações, considerando os dados incompletos do ano de 2024, visto que o último registro foi do mês de agosto. Desconsiderando os dados incompletos do ano de 2024, o ano de 2017 obteve os menores números, com 15.736. Comparando o ano de 2017 com 2023, ano em que obteve o pico de prevalência do período estabelecido, houve um aumento de 35,8%.
No ano de 2020, houve um leve declínio nas internações hospitalares por leucemia, uma queda de 2,5% em relação ao ano anterior. Tal fato pode ser justificado pela pandemia ocasionada pelo vírus SARS-CoV-2, que chegou ao Brasil no ano de 2020, uma vez que houve uma reorganização dos serviços hospitalares para dar prioridade aos pacientes com COVID-19 e consequente reorganização dos centros de hematologia com a desmarcação de consultas em ambulatórios especializados em hematologia (AFONSO et al., 2020; CAMPOS, CANABRAVA, 2020).
As leucemias são doenças onco-hematológicas de grande prevalência e incidência, e que o diagnóstico precoce e tratamento adequado em setor especializado torna-se imperativo. Dessa forma, como a pandemia gerou um impacto significativo no sistema de saúde e nas redes de atenção a saúde, o diagnóstico e seguimento das doenças oncológicas sofrem um efeito negativo. Outro desafio na pandemia envolve o fator de imunossupressão que muitos pacientes oncológicos possuem, o que aumenta o risco de contrair o vírus, sendo, assim, um cuidado mais cauteloso (AFONSO et al., 2020; CAMPOS, CANABRAVA, 2020).
Figura 2 – Comparação do número total de internações por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos no período de 2017 a agosto de 2024 nas diferentes regiões brasileiras.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Na figura acima foi realizada a estratificação dos dados da Figura 1 conforme as regiões brasileiras, sendo elas: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
É possível concluir que a região Centro-Oeste, considerando todo o período da análise epidemiológica, apresentou o menor número médio de internações por leucemia (1.359,87), seguido das seguintes regiões: Norte (1.549,87), Sul (3.071,75), Nordeste (4.492,62) e Sudeste (6.987,25). Em três grandes regiões do país, dentre elas Norte, Nordeste e Sudeste, o pico de prevalência coincidiu com o ano de 2023, contribuindo para alta magnitude de internações nesse período.
Essa discrepância no número de casos de leucemia em regiões do país como Norte e Centro-Oeste, comparando-se com a região de grande poder econômico Sudeste, já foi discutida em outros estudos. A explicação desse fato vai além da quantidade populacional, é multifatorial, porém pode estar associada a dificuldade de atendimento médico especializado necessário para pacientes oncológicos, e até mesmo escassez de recursos e tratamento adequado em algumas regiões, principalmente aquelas afastadas dos grandes polos econômicos (BASSANI, SCHUSTER & CONSONI, 2021; MACHADO et al., 2022)
Outro fator que pode interferir nessa discrepância epidemiológica entre as regiões do país, é a deslocação de pacientes da sua região de origem para localidades que possuem um atendimento especializado adequado e recursos terapêuticos necessários, o que contribui para a concentração de internações na região Sudeste e números desproporcionais nas demais regiões. Esse contexto altera os registros epidemiológicos do país, com falta de registro em regiões menos favorecidas e maior concentração de dados de leucemia em regiões como Sudeste, um grande polo migratório para pacientes onco-hematológicos (BASSANI, SCHUSTER & CONSONI, 2021; LEITE et al., 2021; MACHADO et al., 2022; WINTER et al., 2022).
Figura 3 – Número de internações hospitalares por leucemia no período de 2017 a agosto de 2024 segundo a idade do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Tabela 1 – Comparação do número total de internações por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos no período de 2017 a agosto de 2024 nas diferentes faixas etárias de estudo nas regiões brasileiras.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Nesta tabela foi feita a relação entre os números absolutos das internações por leucemia durante o período de 2017 a agosto de 2024 com as faixas etárias propostas, sendo a primeira menores de 1 ano, a segunda de 1 a 4 anos, a terceira de 5 a 9 anos, a quarta de 10 a 14 anos e a quinta de 15 a 19 anos.
É evidente que na Tabela 1, a terceira faixa etária lidera o número de internações por leucemia, com 30,25% dos casos, tendo a região Sudeste como líder dos números. Logo atrás vem a segunda faixa etária, compreendendo 30,19%, com pouca diferença no número de internações, como se pode ver pela tendência das linhas ao longo dos anos na Figura 3. A primeira faixa etária revela os menores números, correspondendo a apenas 1,45%, com números muito abaixo das faixas etárias subsequentes, observável no padrão quase constante de evolução das internações ao longo dos anos e valores próximos à linha de base do gráfico na Figura 3.
A faixa etária de maior prevalência apresenta um aumento de quase 20% nos números de internações se comparada com a primeira faixa etária. Consistente com os últimos gráficos, observa-se uma tendência do aumento das internações, com um aumento expressivo no ano de 2023, com exceção da faixa etária menor que 1 ano, que foge a essa tendência. No ano de 2020, observa-se uma diminuição das internações de todas as idades do estudo.
Consistente com os dados apresentados em relação à Figura 3 e a Tabela 1, em que a faixa etária de 1 a 4 anos e de 5 a 9 anos são igualmente relevantes para o número de internações por leucemia, estudos, como o de Mutti et al. (2018,) demonstram uma maior incidência de cânceres infantojuvenis em crianças de 2 a 9 anos. Desses cânceres, o que obteve maior incidência foi os hematológicos, com destaque para as leucemias, principalmente o subtipo LLA.
Além disso, o pico de incidência do subtipo LLA, que representa 80% dos casos de leucemia na pediatria, ocorre entre 2-4 anos de idade, o que corrobora para o alto número de casos de leucemia na faixa etária de 1 a 4 anos. A LMA é mais frequente em crianças menores de 1 ano e adolescentes e a LMC é mais diagnosticada em crianças após 4 e 6 anos de idade.
Tais dados vão ao encontro dos números apresentados no presente estudo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2017).
Em um estudo realizado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, constatou-se que as idades mais afetadas pelas leucemias linfoides foram de 0 a 14 anos. Dessa forma, esses dados estão em consenso com os dados encontrados nesta pesquisa, na qual evidenciou um número maior de casos de leucemia entre 1 a 14 anos (CORREA-NETO et al., 2020). Ainda, alguns países como EUA e Alemanha evidenciaram taxas de incidência de leucemia linfoide de 56,5 e 53,1 por milhão de crianças entre 0 e 14 anos, respectivamente (KAATSCH, SPIX, 2016; NOONE et al., 2018).
Figura 4 – Número total de internações hospitalares por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos de 2017 a agosto de 2024 segundo o sexo do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Esse gráfico retrata o número total de internações por leucemia em toda a faixa etária de menores de 1 a 19 anos durante o período de 2017 a agosto de 2024, consoante o sexo do paciente. No geral, totalizou-se 81.982 (58,68%) casos de internações do sexo masculino e 57.709 (41,31%) do sexo feminino.
Foi possível analisar que, consistente com os últimos gráficos relacionados com internação por leucemia, houve um aumento significativo com o passar dos anos nos números de internação por leucemia, em ambos os sexos, com exceção do ano de 2020, em que houve um decréscimo de 1,14% no sexo masculino e 4,65% no sexo feminino, em relação ao ano anterior. Ademais, é evidente também a diferença entre o número de internados quando dividido por sexo, demonstrando uma superioridade masculina que se mantém durante todo o período do estudo.
A maior incidência de internações no sexo masculino visualizada na Figura 4 está em consonância com outros estudos. O estudo de Mutti et al. (2018), o qual avaliou o perfil epidemiológico pediátrico em clínicas oncológicas pelo Brasil, aludiu uma predominância de 64,4% na incidência de câncer infantojuvenil no sexo masculino. Outros estudos nacionais e estudos internacionais, em países como Estados Unidos, Colômbia e Bolívia, apontam para uma maior incidência de câncer infantojuvenil em indivíduos do sexo masculino. Ambos os estudos retratam a leucemia como o câncer infantojuvenil mais comum e, consequentemente, responsável pelo maior número de incidência (GONZALO, HUGO & TATIANA, 2011; SILVA et al., 2012; BRAVO et al., 2013; SIEGEL et al., 2014; PEDROSA et al., 2015; MUTTI et al., 2018).
Figura 5 – Número total de internações hospitalares por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos de 2017 a agosto de 2024 segundo a cor/raça do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). DATASUS.
Já neste gráfico, é retratado o número total de internações por leucemia em toda a faixa etária de menores de 1 a 19 anos durante o período de 2017 a agosto de 2024, consoante a cor/raça do paciente.
A cor/raça parda domina os valores de internações, totalizando, no período citado, 76.340 casos (54,64%). Seguindo, vem a branca, com 57.896 (41,44%); a preta, com 4.306 (3,08%); a amarela, com 777 (0,55%) e a indígena, com 372 (0,26%). Durante todo o período analisado, a cor/raça parda liderou os números de internações, com diferenças expressivas. Quanto a essa variável, percebe-se tendência predominante do aumento do número de internações com o passar dos anos. Todavia, diferente do que ocorre com as variáveis idade e sexo, houve mais oscilação dos dados, com diminuição das internações em anos que não 2020, como a cor/raça preta, amarela e indígena.
Os altos números de internações hospitalares por leucemia em populações de cor/raça branca e parda podem ter como principal fator responsável o alto contingente populacional que se autodeclara dessa forma. No último Censo demográfico do Brasil de 2022, o mais atualizado segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população que se autodeclara parda representou 45,3% do contingente populacional, ou seja, mais de 92,1 milhões, ultrapassando pela primeira vez o número de pessoas que se autodeclaram brancos, que foram responsáveis por 88,2 milhões (43,5%) (BRASIL, 2023).
Dessa forma, essa concentração populacional pode contribuir para a tendência observada nos dados de internações por leucemia, com predomínio da cor/raça parda e branca. Além disso, não foram encontrados estudos recentes acerca de fatores adicionais que corroboram para a alta prevalência e incidência das leucemias em indivíduos que se autodeclaram pardos e brancos.
Os óbitos por leucemia, conforme o conteúdo óbitos por residência, no ano de 2017 a 2023, estão resumidos na Figura 6. Nessa, foram totalizados 5.310 óbitos por leucemia no País.
Figura 6 – Número total de óbitos por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos no Brasil no período de 2017 a 2023.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Na figura acima, foi correlacionado o número de óbitos por leucemia com o ano de óbito, nas cinco faixas etárias contempladas, de menores de 1 a 19 anos, nos últimos 7 anos em todo o Brasil. O total de óbitos registrados durante o período de estudo foi de 5.310.
Percebe-se, no gráfico acima, uma mortalidade quase constante nos primeiros três anos do período estudado, com pico de óbitos ano de 2018. No ano de 2020, houve uma queda de 11,82% do número de óbitos, se comparado com o ano anterior. Apesar de haver um aumento de 8,13% dos óbitos em 2021 comparado ao ano de 2020, ao longo dos 2 anos subsequentes, houve uma queda progressiva da mortalidade, considerando apenas dados preliminares do ano de 2023. Ao analisar a Figura 7, percebe-se uma liderança da região Sudeste em relação ao número de óbitos, com 34%; seguida da região Nordeste, com 30%; Norte, com 14%; Sul, com aproximadamente 14% e Centro-Oeste, com 8%.
Ao analisar os dados da Figura 6, não é possível identificar uma tendência crescente ou decrescente clara nos dados analisados. O estudo da mortalidade por leucemia no Brasil é complexo, visto que a mortalidade é influenciada por diversos fatores, dentre eles a falta de acesso ao tratamento adequado e o abandono deste, visto que o tratamento da leucemia é longo e oneroso, demandando muito do paciente e de sua rede de apoio, tanto em aspectos econômicos, como físicos (SARAIVA, SANTOS & MONTEIRO, 2018).
A pequena redução no número de óbitos na maior parte dos anos analisados pode ser explicada pelo avanço no tratamento das leucemias e no diagnóstico precoce, fato marcante nos últimos anos. A otimização de protocolos quimioterápicos específicos para a população pediátrica, bem como protocolos quimioterápicos que apresentam redução da quimiotoxicidade e melhora no diagnóstico das leucemias são fatores que vem permitindo um aumento na sobrevida de pacientes neoplásicos, principalmente os com doenças hematológicas (HUNGRIA et al., 2019). Essa tendência não se estende apenas para o Brasil, mas diversos outros países da América Latina, Estados Unidos, Canadá, Japão e países europeus apresentaram uma redução da mortalidade por leucemia com o passar dos anos, todavia, países latinos ainda apresentam taxas de óbitos mais elevadas (PULTE et al., 2015; SARAIVA, SANTOS & MONTEIRO, 2018).
Essa pequena tendência decrescente na mortalidade por leucemia está em consonância com um estudo realizado por Saraiva, Santos & Monteiro (2018), os quais evidenciaram uma diminuição na tendência de mortes por leucemia nas capitais do Brasil no período de 1980 a 2015.
Figura 7 – Número total de óbitos por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 no período de 2017 a 2023 por regiões brasileiras.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Quanto a disposição dos números de óbitos por leucemia nas regiões brasileiras, a liderança da região Sudeste pode ter relação com o contingente populacional, visto que, conforme o último censo de 2022, a região possui 84,8 milhões de habitantes, 41,8% da população do país. Dessa forma, por ser a região mais populosa do país, aumenta a probabilidade de se encontrar dados epidemiológicos sobre mortalidade nessa região. Outro fator contribuinte é a concentração de casos de leucemia nessa região devido à migração de pacientes para obter um tratamento especializado em centros oncológicos, o que pode contribuir com o resultado dos dados sobre mortalidade (BASSANI, SCHUSTER & CONSONI, 2021; BRASIL, 2023).
Ademais, essa tendência de concentração de casos na região Sudeste foi observada em todos os anos da pesquisa acima sobre o número de internação por leucemia no país. A região Nordeste pode seguir a mesma lógica acima, visto que é responsável por 26,91% da população do país (BRASIL, 2023).
Todavia, possui bem menos habitantes do que a região Sudeste e apresenta um número de mortalidade por leucemia muito próximo à região mais populosa do Brasil, o que sugere outros fatores contribuintes para essa tendência, como questões socioeconômicas, organização do sistema público e privado, a distância de centros médicos, o atraso do diagnóstico e o número reduzido de serviços oncológicos e médicos oncologistas. Esse
contexto pode ser estendido para a região Norte do país, que se apresenta como a terceira região com maior número de óbitos por leucemia (MUTTI et al., 2018).
Figura 8 – Número de óbitos por leucemia no período de 2017 a 2023 segundo a idade do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Tabela 2 – Comparação do número total de óbitos por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos no período de 2017 a 2024 nas diferentes faixas etárias de estudo nas regiões brasileiras.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Nesta tabela foi feita a relação entre os números de óbitos por leucemia durante o período de 2017 a 2023 com as faixas etárias propostas, sendo a primeira menores de 1 ano, a segunda de 1 a 4 anos, a terceira de 5 a 9 anos, a quarta de 10 a 14 anos e a quinta de 15 a 19 anos.
Ao analisar a Figura 8, percebe-se a ausência de uma tendência decrescente ou crescente clara nos dados apresentados, especialmente na faixa etária de 1 a 19 anos. Todavia, é evidente uma prevalência do número de óbitos por leucemia nessa faixa etária, com liderança da faixa etária da adolescência, especialmente de 15 a 19 anos, com 1.432 óbitos (26,96%), conforme a Tabela 2. Tais dados vão ao encontro de outros estudos ambientados no Brasil. O estudo de Saraiva, Santos & Monteiro (2018) apresenta uma tendência linear crescente de mortalidade por leucemia linfoide, subtipo mais comum na faixa pediátrica, em adolescentes de 15 a 19 anos. Já para o subtipo mieloide, mostrou-se tendência crescente para faixas etárias mais jovens, de 0 a 14 anos. O estudo de Mutti et al. (2018), por sua vez, ao analisar a mortalidade por câncer infantojuvenil, tendo a leucemia como principal causa, apresenta um número maior de óbitos em crianças do que em adolescentes.
Figura 9 – Número total de óbitos por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos de 2017 a 2023 segundo o sexo do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Esse gráfico retrata o número total de óbitos por leucemia em toda a faixa etária de menores de 1 a 19 anos durante o período de 2017 a 2023, consoante o sexo do paciente. No geral, totalizou-se 3.023 (56,93%) óbitos do sexo masculino e 2.287 (43,06%) do sexo feminino.
É possível analisar que não houve uma variabilidade importante no número de óbitos ao longo dos anos em relação a ambos os sexos, com exceção da pequena queda que ocorreu no ano de 2020, sendo mais pronunciada no sexo masculino. No geral, percebe-se que durante todo o período do estudo sobre a mortalidade, o sexo masculino liderou os números, mesmo com a queda do ano de 2020, ainda permaneceu com números maiores. Assim, a mortalidade por leucemia coincidiu com o padrão de predominância masculina observada nas internações hospitalares.
Essa tendência é comum em diversos estudos sobre a mortalidade por câncer infanto- juvenil, no geral, e nas leucemias (MUTTI et al., 2018). Na maioria dos países, estudos reforçam que a maior taxa de mortalidade por leucemia ocorre no sexo masculino, a exemplo dos Estados Unidos e países da América Latina, como Cuba, Equador e México (COUTO et al., 2010; ALA et al., 2014; SARAIVA, SANTOS & MONTEIRO, 2018).
As causas para essa predominância é multifatorial, porém provavelmente seja devido a possíveis recaídas testiculares e a uma depuração do quimioterápico metotrexato de forma mais rápida em indivíduos do sexo masculino (BRANDALISE et al., 2010). Alguns estudos, ainda, sugerem modificações no gene KDM6A, este quando mutado pode replicar células de forma acelerada, desordenada e mutadas, ou seja, transformando-as em células neoplásicas (BISWAS et al., 2019; STIEF et al., 2019).
Figura 10 – Número total de óbitos por leucemia entre crianças menores de 1 a 19 anos de 2017 a agosto de 2024 segundo a cor/raça do paciente no Brasil.
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). DATASUS.
Já nesse gráfico, é retratado o número total de óbitos por leucemia em toda a faixa etária de menores de 1 a 19 anos durante o período de 2017 a 2023, consoante a cor/raça do paciente.
Nota-se, assim como foi visualizado na Figura 5, em que trata das internações hospitalares por leucemia, uma liderança dos casos de indivíduos que se autodeclaram pardos e brancos em todo o período de estudo. A cor/raça branca apresentou 2.462 (46,36%) óbitos, tomando destaque, seguido da parda, com 2.457 (46,27%) óbitos. Já a cor/raça preta foi responsável por 314 (5,91%) óbitos, seguida da indígena, com 69 (1,29%) e, por fim, a amarela, com 8 (0,15%).
Essa alta prevalência nesses dois subgrupos populacionais pode ter como fator contribuinte, assim como foi discutido em relação às internações hospitalares, o fato da cor/raça parda e branca ocuparem a maioria do contingente populacional do país, conforme o Censo Demográfico do Brasil de 2022, o que pode interferir no resultado epidemiológico final concentrado nessas duas subpopulações (BRASIL, 2023).
Em um estudo realizado na Bahia foi observado uma predominância de óbitos da cor/raça parda, foram encontrados 1557 (61,59%) registros de indivíduos de cor/raça parda (LESSA, SILVA & NETO, 2020). Outro estudo realizado estado do Pará evidenciou a prevalência da cor/raça parda no número de óbitos por leucemia, com 2.390 (76,26%) óbitos, seguida da cor/raça branca, com 553 (17,07%). Apesar de o presente estudo de caráter nacional evidenciar uma prevalência de óbitos um pouco maior na população branca, a população parda ainda apresenta um prevalência muito alta (WEBER et al., 2020) Resultados de outras literaturas estão em consonância com o presente estudo, onde a cor/raça branca e parda lideram os números de óbitos por leucemia (BRUNO et al., 2020; CARDOSO et al., 2024; CRUZ et al., 2024).
Ademais, assim como foi exposto na discussão sobre internações hospitalares por leucemia, não foram encontradas literaturas acerca de fatores adicionais que embasam a alta prevalência e incidência das leucemias em indivíduos que se autodeclaram brancos e pardos.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
As leucemias, assim como o câncer de forma geral, são problemas graves de saúde pública e de importante relevância para o sistema de saúde brasileiro. Elas são doenças bastante prevalentes e incidentes na faixa etária pediátrica, levando a um grande número de internações hospitalares e um número de óbitos considerável, o que prejudica a qualidade de vida e as estatísticas vitais dessa população. Apresenta uma evolução epidemiológica preocupante, principalmente nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte, no sexo masculino, na faixa etária de 1 a 19 anos e na população que se autodeclara branca e parda.
Dessa forma, traçar o perfil de comportamento das leucemias no que tange a localidade, período, sexo, idade e cor/raça se torna imperativo, a fim de proporcionar a elaboração de medidas preventivas e uma melhor tomada de decisão.
No presente estudo, analisou-se a evolução do perfil epidemiológico das leucemias nos últimos 8 anos para as internações hospitalares e nos últimos 7 para a mortalidade, e foram estabelecidas variáveis e padrões de comportamento que essas doenças seguiram. Assim, pôde-se estabelecer possíveis especulações e pesquisas de possíveis fatores que possam intervir nos achados.
Diante do cenário analisado, torna-se imprescindível a implementação de políticas públicas que promovam a equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento em todas as regiões do País, a fim de mitigar as desigualdades na infraestrutura e na disponibilidade de profissionais especializados, cenário esse encontrado ao analisar a disparidade Sudeste e demais regiões.
Inúmeros aspectos, sejam eles sociais ou governamentais, apresentam-se como fatores influentes na evolução das internações hospitalares e óbitos por leucemia no país, determinando um perfil multifatorial. Desse modo, os motivos de padrões apresentados nesse trabalho, como a crescente taxa de internação por leucemia durante os anos, a maior prevalência de internações e óbitos em indivíduos que se autodeclaram brancos e pardos, ou a dominância do sexo masculino no número de internações e óbitos, também por leucemia, por exemplo, ainda precisam ser mais bem estudadas e compreendidas.
Apesar da realização de uma análise epidemiológica ampla, este estudo apresenta limitações como à falta de dados mais atualizados acerca do ano de 2024 para as internações hospitalares e principalmente no que se refere aos números de óbitos, visto que os programas de coleta de dados não apresentam registros do ano de 2024, sendo o mais atualizado dados preliminares do ano de 2023. É importante ressaltar que devido a ampla extensão territorial do país e a falha no sistema de saúde em registrar dados de morbidade e mortalidade dos pacientes, o estudo encontra obstáculo na subnotificação das doenças e agravos. Ademais, por se tratar de um estudo transversal, descritivo e quantitativo, não é possível estabelecer de forma precisa fatores de causalidade no comportamento das leucemias frente às variáveis estudadas.
Dessa forma, fazem-se necessários novos estudos futuros para uma melhor compreensão do perfil epidemiológico dessa patologia no país, com dados cada vez mais atualizados, bem como estudos com uma metodologia mais robusta, a fim de identificar presença clara de causalidade entre as ocorrências de leucemia, suas internações e mortalidade frente a variáveis como localidade, sexo, idade e cor/raça. Isso, com o objetivo de dar auxílio a profissionais de saúde, gestores, pesquisadores e pacientes a lidar de forma mais eficaz com a neoplasia estudada, bem como estabelecer um diagnóstico efetivo e um tratamento cada vez mais precoce.
Novas pesquisas, em conjunto com esta, são essenciais para estabelecer novas políticas públicas relacionadas às fases de prevenção, ao rastreio e ao tratamento mais efetivo, corroborando para uma melhora na organização e capacidade do sistema de saúde em lidar com a leucemia, principalmente em pacientes na faixa etária de 1 a 19 anos, que possui número alarmantes, e uma diminuição na prevalência e incidência das internações e óbitos.
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1 Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – UNISL, Porto Velho – RO
Campus 01 e-mail: pedroantonioram47@gmail.com.
2 Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – UNISL, Porto Velho – RO
Campus 01 e-mail: ceciliasilvatourinho@gmail.com.
3 Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – UNISL, Porto Velho – RO
Campus 01 e-mail: eliemanuelle79@gmail.com.
4 Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – UNISL, Porto Velho – RO
Campus 01 e-mail: Josevictormesquita.jv@gmail.com.
5 Docente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário São Lucas – UNISL, Porto Velho – RO Campus 01. Mestre em Ensino em Ciências da Saúde (UNIR), especialista em hematologia e hemoterapia (HEMOPE) e pediatria (IMIP) e-mail: ranegra@gmail.com.