REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411161426
Miranda, Caila Gomes
Oliveira, Gabriela Da Silva
Carvalho, Ingride Alauanda Borges
Rocha, Alyane Osório Reis Menezes Feitosa
RESUMO:
Pacientes críticos internados na UTI frequentemente necessitam de suporte respiratório intensivo. A fisioterapia respiratória desempenha um papel crucial no tratamento dessas condições, utilizando técnicas como a cinesioterapia, manobras de higiene brônquica e oxigenoterapia para melhorar a função pulmonar e prevenir complicações respiratórias. Essas intervenções buscam otimizar a ventilação, perfusão e eliminação de secreções, promovendo a recuperação e a estabilidade clínica dos pacientes. O estudo visa destacar a importância da fisioterapia respiratória na UTI, analisando técnicas eficazes para pacientes críticos. A metodologia da pesquisa foi dada por meio de revisão de literatura cientifica nas bases de dados Google Scholar, Scielo e BVS, abrangendo publicações entre 2016 e 2024, sendo utilizado os descritores Fisioterapia respiratórias, Paciente crítico, Unidade de terapia intensiva (UTI). Técnicas de mobilização precoce, posicionamento em prona e ventilação não invasiva mostraram-se benéficas, contribuindo para a aeração pulmonar, redução do tempo de ventilação e melhoras na oxigenação. A fisioterapia respiratória é essencial para pacientes críticos, favorecendo uma recuperação mais rápida e efetiva e reduzindo o tempo de internação na UTI, o que impacta positivamente na saúde pública e na saúde respiratória.
Palavras chaves: Fisioterapia respiratória. Paciente crítico. Unidade de terapia intensiva (UTI).
ABSTRACT:
Critically ill patients admitted to the ICU often require intensive respiratory support. Respiratory physiotherapy plays a crucial role in the treatment of these conditions, using techniques such as kinesiotherapy, bronchial hygiene maneuvers, and oxygen therapy to improve lung function and prevent respiratory complications. These interventions seek to optimize ventilation, perfusion, and secretion clearance, promoting recovery and clinical stability of patients. The study aims to highlight the importance of respiratory physiotherapy in the ICU, analyzing effective techniques for critically ill patients. The research methodology was given through a review of scientific literature in the Google Scholar, Scielo, and BVS databases, covering publications between 2016 and 2024, using the descriptors Respiratory physiotherapy, Critical patient, Intensive care unit (ICU). Early mobilization techniques, prone positioning, and noninvasive ventilation have been shown to be beneficial, contributing to lung aeration, reduced ventilation time, and improvements in oxygenation. Respiratory physiotherapy is essential for critically ill patients, promoting faster and more effective recovery and reducing the length of stay in the ICU, which has a positive impact on public health and respiratory health.
Keywords: Respiratory physiotherapy. Critical patient. Intensive care unit (ICU).
INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente desafiador, marcado por condições adversárias, como iluminação constante, baixa temperatura e a presença de uma grande quantidade de tecnologia. Além da complexidade dos procedimentos realizados, os profissionais que atuam nesse espaço precisam desenvolver habilidades específicas que lhes permitam lidar diariamente com situações de alta pressão, inclusive com questões relacionadas ao fim da vida. É fundamental que eles sejam capazes de responder rapidamente e de forma eficaz às demandas de cuidados, mantendo um nível de competência adequado diante da exigência do ambiente (MACHADO, 2016).
A UTI é um ambiente dedicado à prestação de cuidados altamente especializados, voltado para pacientes em condições graves. Nessa área, os profissionais de saúde devem manter um elevado grau de atenção, utilizando equipamentos tecnológicos de última geração para garantir a manutenção e recuperação da vida desses pacientes. O manejo de alta complexidade na UTI exige uma combinação de conhecimento técnico e soluções, fundamentais para poiar a preservação e recuperação da vida de pacientes em condições críticas ou graves, que reportam instruções específicas e contínuas (GOMES, 2020).
Indivíduos em condição de saúde grave exigem um ambiente estruturado de maneira minuciosa, tanto que não se refere aos cuidados prestados quanto à disponibilidade de recursos adequados. Os pacientes nessa situação apresentam restrições em um ou mais sistemas fisiológicos essenciais, muitas vezes exigindo intervenções artificiais para manter suas funções obrigatórias, além de uma assistência contínua e especializada (MELO, 2020).
O paciente crítico possui sinais oscilatórios e necessita de monitoramento constante, tendo em vista que corre risco iminente de morte, fazendo-se necessário o uso de ventilação mecânica invasiva (VMI) e sedativos, com intuito de diminuir suas funções e evitar parada da musculatura respiratória (TANAKA, 2020).
A fisioterapia possui importante papel nos cuidados ao paciente crítico, sendo integrante indispensável das UTI no Brasil, atuando no tratamento de condições respiratórias agudas, subagudas e crônicas, assim como na prevenção e no tratamento de alterações musculoesqueléticas e declínio funcional decorrentes da internação. (TANAKA, 2020).
A fisioterapia respiratória desempenha um papel essencial na prevenção e tratamento de doenças respiratórias, utilizando diversas técnicas terapêuticas aplicadas em ambientes ambulatoriais, hospitalares e de terapia intensiva. Seu objetivo é melhorar a função pulmonar por meio de procedimentos que promovem a desobstrução dos brônquios, a expansão de áreas pulmonares colapsadas e o equilíbrio entre ventilação e perfusão. Essa intervenção precoce contribui para reduzir o tempo de internação e melhorar significativamente a qualidade do atendimento e a qualidade do atendimento (PEREIRA, 2021).
Para Cordeiro (2020) A oxigenoterapia está entre uma das modalidades terapêuticas mais utilizadas, e pode ser definida como uma oferta maior de oxigênio para um paciente do que a do ar ambiente, está amplamente utilizada no tratamento de hipoxemia, pneumonia, edema pulmonar, atelectasia, doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), pós-operatórios, dentre outros.
Para o mesmo autor, a oferta de oxigênio do paragrafo citado acima requer cuidados especiais, tendo em vista que, sua má administração pode acarretar danos ao paciente, quando é administrado de forma incorreta, dentre os ricos mais comuns está à toxidade do oxigênio, associado ao tempo de exposição, lesões ou ressecamento das vias aéreas, como também a oferta de altas concentrações.
Desta forma, o objetivo da pesquisa é mostrar o objetivo da fisioterapia respiratória em pacientes críticos da unidade de terapia intensiva (UTI)
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho de revisão de literatura do tipo descritivo e qualitativo, foram realizadas pesquisas nas bases de dados, Google Scholar, Scielo e BVS. Foram utilizados artigos atuais publicados nos anos de 2016 a 2024 em Portugues ou inglês, os artigos em inglês foram traduzidos pelo google translate, pesquisados nas bases de dados com os seguintes descritores: Fisioterapia respiratória, Paciente crítico, Terapia intensiva, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Reabilitação pulmonar. Foram estabelecidos como critério de exclusão, artigos publicados antes de 2016, obras duplicadas, incompletas e artigos que não se relacionassem com a temática proposta. Para critérios de inclusão foram inseridas obras completas dentro do recorte temporal. Para analise de dados, foram organizados resultados em forma de quadro através do programa Word.
RESULTADOS
Após análise de estudos que comparam diferentes técnicas de realização de fisioterapia respiratória em pacientes críticos na UTI, foram selecionados autores que demonstram as principais técnicas para um melhor progresso do paciente, no quadro 1.0 é demonstrado relatos de pesquisa com autores, ano, objetivos, metodologia e resultados relacionados a técnicas da fisioterapia respiratória em pacientes na unidade de terapia intensiva.
Quadro 1.0: Recursos utilizados da Fisioterapia na UTI.
Autor/ Ano | Metodologia | Objetivo | Resultados |
Cheryl E.H, et al. 2021. | Estudo de Campo | Objetivo deste estudo foi usar a tomografia de impedância elétrica (EIT) para investigar os efeitos pulmonares agudos de sentar em uma cadeira, juntamente com diferentes atividades físicas, em indivíduos gravemente doentes. | A coorte estudada incluiu 40 indivíduos, dos quais 17 estavam em ventilação mecânica e 23 respiravam espontaneamente. O grupo de controle para cada modalidade foi composto por 5 indivíduos em ventilação mecânica e 5 respirando espontaneamente. A hipoxemia foi observada em 45% dos pacientes respirando espontaneamente, enquanto aqueles em ventilação mecânica apresentaram hipoxemia moderada (50%) ou grave (12%). A mobilização precoce descobriu em um aumento significativo da aeração pulmonar. Nos ventilados mecanicamente, o aumento foi mais pronunciado nas regiões pulmonares anteriores, enquanto nos que respiravam espontaneamente, o aumento ocorreu principalmente nas regiões pulmonares posteriores. O ganho de aeração foi especialmente evidente em indivíduos com valores de oxigenação mais baixos no início do estudo. |
ANJOS, J.L.M. et al. 2020 | Relato de caso | Descrever o relato de caso do uso da posição prona (PP) em pacientes em ventilação espontânea com Insuficiência Respiratória Leve secundária ao COVID-19. | O paciente apresentou hipoxemia (SPO2 -94% e PO2- 62,9), associada a dispneia (Borg 6) na admissão, tendo apresentado melhora na dispneia (Borg 4) e saturação na oximetria de pulso de 96% após 24 horas de início do protocolo. Após 48 horas apresentou melhora gasométrica com valores e SPO2 e PO2 de 96,5% e 80,6 mmHg respectivamente. |
SCHIREIBER, A.F. et al. 2019. | Estudo de Caso | O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos de um programa de fisioterapia em indivíduos que necessitam de ventilação mecânica prolongada e os correlatos do desmame bem-sucedido. | Dos 560 indivíduos submetidos à análise final, 349 (62,3%) foram desmamados com sucesso. A taxa de sucesso do desmame foi significativamente maior em indivíduos que atingiram > 2 etapas do que em indivíduos que atingiram ≤ 2 etapas (72,1% vs 55,9%, respectivamente, razão de chances = 2,04, IC de 95% = 1,42–2,96, P < 0,001). A análise de regressão logística stepwise mostrou que a obtenção de > 2 etapas de fisioterapia foi o principal preditor do desmame bem-sucedido (razão de chances = 2,17, IC de 95% = 1,48–3,23, P < 0,001). A doença subjacente também foi um preditor do desmame bem-sucedido. A taxa geral de desmame bem-sucedido diminuiu e a duração mediana do desmame aumentou durante o período de observação. |
JÚNIOR, J.S.O. et al. 2023 | Pesquisa de Campo | Avaliar a eficácia da abordagem fisioterapêutica na Síndrome Torácica Aguda em pacientes na Unidade de Terapia Intensiva. O estudo teve um enquadramento metodológico Transversal, prospectivo, de campo, explicativo, descritivo, observacional, utilizando o método quantitativo. | A fisioterapia respiratória tem como benefícios, melhora da ventilação e perfusão, melhora da capacidade residual funcional (CRF), melhora da complacência e resistência, redução da dor, promovendo melhora dos aspectos físicos, emocionais e de qualidade de vida ao paciente. Deste modo, estudos que avaliem as evidências da literatura para planejar protocolos, para melhor conduzir o manejo destes pacientes, são de grande importância. |
GUICHARD, I.B.O.L. et al. 2024 | Estudo quantitativo, utilizando o método de amostragem por conveniência. | Este estudo busca entender melhor como os fisioterapeutas podem auxiliar na extubação, um processo que pode ser traumático e perigoso se não for realizado corretamente. | Os resultados da pesquisa demonstraram que as técnicas de fisioterapia respiratória exercem uma influência considerável na extubação não convencional. Os pacientes submetidos à fisioterapia respiratória prévia à extubação apresentaram uma taxa de sucesso na primeira tentativa de extubação significativamente maior (78%) em comparação com aqueles que não receberam esse tratamento (62%). Conclusão: As estratégias da fisioterapia respiratória devem ser reconhecidas como um elemento crucial nos cuidados prestados aos pacientes sob ventilação mecânica não invasiva, e sua aplicação pode aprimorar os resultados durante a extubação. No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para validar esses achados e investigar os mecanismos subjacentes com maior profundidade. |
Naue, W.S. et al 2019 | Ensaio clínico randomizado | Comparar a eficiência das técnicas de vibrocompressão e hiperinsuflação com ventilador mecânico de forma isolada e a associação das duas técnicas (hiperinsuflação com ventilador mecânico + vibrocompressão), na quantidade de secreção aspirada e na alteração de parâmetros hemodinâmicos e pulmonares. | Foram incluídos 93 pacientes (29 vibrocompressão, 32 hiperinsuflação com ventilador mecânico e 32 hiperinsuflação com ventilador mecânico + vibrocompressão) em ventilação mecânica por mais de 24 horas. O grupo hiperinsuflação com ventilador mecânico + vibrocompressão foi o único que apresentou aumento significativo da secreção aspirada, quando comparado a aspiração isolada 0,7g (0,1 – 2,5g) versus 0,2g (0,0 – 0,6g), com valor de p = 0,006. |
MUNCHARAZ. A.B, et al. 2021 | Ensaio clínico pragmático | Determinar a eficácia da ventilação não invasiva versus oxigenoterapia convencional em pacientes com insuficiência respiratória aguda após falha de extubação. | De um total de 2.574 pacientes, 77 foram analisados (38 no grupo de ventilação não invasiva e 39 no grupo de oxigenoterapia convencional). A ventilação não invasiva reduziu as taxas respiratória e cardíaca mais rapidamente do que a oxigenoterapia convencional. A reintubação foi menos comum no grupo de ventilação não invasiva [12 (32%) versus 22 (56%) no grupo de oxigenoterapia convencional, risco relativo 0,58 (IC95% 0,34 – 0,97), p = 0,039]. Os demais parâmetros não apresentaram diferenças significativas. Na análise multivariada, a ventilação não invasiva protegeu contra a reintubação [OR 0,17 (IC95% 0,05 – 0,56), p = 0,004], enquanto a insuficiência hepática antes da extubação e a incapacidade de manter a permeabilidade das vias aéreas predispuseram os pacientes à reintubação. |
Fonte: Autores 2024
DISCUSSÃO
Para o autor citado nos resultados Cheryl (2021) ouve um aumento significativo na melhora da respiração em pacientes com respiração espontânea, quanto ao paciente em ventilação mecânica, causado pela mobilização precoce. Os pacientes dos estudos tiveram ganho de ventilação sendo especialmente evidente em indivíduos com valores de oxigenação menores do que no inicio do estudo.
Assim Rodrigues (2017) demonstra que a mobilização precoce deve ser realizada diariamente em pacientes críticos internados em UTI, tanto em pacientes afetados que estão acamados, inconscientes e sob ventilação mecânica, quanto naquelas conscientes e capazes de caminhar de forma independente. A fisioterapia motora nesses pacientes é considerada uma intervenção segura, viável e bem tolerada, com poucas reações adversas.
Para Zhang (2018), a mobilização precoce em pacientes sob ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva é segura e não aumenta a taxa de mortalidade na alta hospitalar, conforme demonstrado em pesquisas. Além disso, a mobilização precoce apresentou resultados positivos, como a redução do tempo de permanência na UTI e a diminuição do período necessário de ventilação mecânica.
Segundo Cunha (2023) destaca os benefícios e a importância da mobilização precoce em pacientes internados na UTI, evidenciando atitudes desenvolvidas em relação à sua aplicação na assistência intensiva. No entanto, também foram identificadas diversas barreiras, como a rotina de trabalho dos profissionais, a escolha adequada da técnica a ser aplicada para cada paciente, a definição do tempo ideal de intervenção para cada indivíduo, além da disponibilidade dos profissionais para realizar o atendimento.
O autor Anjos (2020) citado nos resultados, demonstrou o protocolo de posição pronada, onde o autor relatou o caso de um paciente que ao ser admitido na unidade de saúde, apresentava hipoxemia, e que após apenas 24 horas do início do protocolo, houve melhora na oximetria de pulso e após 48hs apresentou melhora na gasometria do paciente. Shelhamer (2021), investigou os possíveis benefícios da posição prona (PP) em pacientes com COVID-19 que apresentavam síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) de moderada a grave.
Segundo o estudo de Souza (2022), mostrou que há um avanço significativo na oxigenação dos pacientes ao utilizar a manobra de pronação nas primeiras duas horas, com um ganho moderado nas quatro horas seguintes. No entanto, não há consenso sobre o tempo exato de aplicação dessa técnica. Alguns profissionais optam por manter o paciente em pronação de forma contínua, já que, ao retornar à posição supina, há uma deterioração na gasometria. Assim, considera-se benéfico colocar o paciente em posição prona de forma precoce e mantê-lo assim até que apresente progressos clínicos consistentes.
O estudo de Escorcio (2022), indicou que os pacientes que realizaram a posição prona (PP) permaneceram na UTI por um período um dia menor em comparação com aqueles que não foram submetidos à técnica, porém, essa diferença não apresentou significância estatística. Da mesma forma, não houve variações significativas entre os grupos no que diz respeito ao tempo de intubação e à taxa de mortalidade. Assim, não foi possível estabelecer uma relação entre a realização da PP e o tempo de internação, de intubação orotraqueal (IOT) ou a ocorrência de óbito. Além disso, os pacientes que passaram pela PP apresentaram escores Avaliação de Fisiologia Aguda e Saúde Crônica II (APACHE II) menores, sugerindo que tinham um quadro clínico de menor gravidade em comparação aos que não foram pronados.
Um dos métodos empregados em pacientes críticos é a técnica de higiene brônquica. Conforme observado pelo autor Naue (2019), citado nos resultados, essa técnica auxilia na remoção de secreções acumuladas nas vias aéreas, facilitando a ventilação pulmonar e reduzindo o risco de complicações respiratórias. A higiene brônquica, portanto, torna-se uma intervenção importante para melhorar a função respiratória e promover uma recuperação mais eficaz em pacientes críticos.
Matilde (2018) demonstra em seus estudos que embora técnicas de higiene brônquica sejam aplicadas rotineiramente em pacientes internados, estudos sobre sua eficácia mostram resultados variados, o que levanta questionamentos sobre sua efetividade. A aplicação da vibrocompressão em pacientes ventilados mecanicamente tem demonstrado um efeito positivo na saturação periférica de oxigênio. Além disso, observa-se uma redução na pressão arterial 30 minutos após a aplicação da vibrocompressão e o aumento do fluxo expiratório, embora não haja mudança significativa no volume de secreção removida em comparação com outras técnicas. Por outro lado, o protocolo de fisioterapia respiratória se mostra eficaz na redução da resistência das vias aéreas, efeito que persiste por até duas horas após a aplicação, um benefício que não é observado quando apenas a aspiração traqueal é realizada.
Assim como outros autores Bastos (2018) revelou que a vibrocompressão é a técnica mais frequentemente utilizada, com ampla aceitação entre os profissionais, que demonstram conhecimento adequado sobre suas indicações, contraindicações, e efeitos fisiológicos. Entretanto, identificou-se a necessidade de mais pesquisas científicas para explorar potenciais efeitos colaterais dessa técnica, já que os achados são escassos. O estudo ressaltou a importância do perfil e do conhecimento teórico do fisioterapeuta no manejo adequado dessas intervenções.
Segundo Mauroy (2015), para minimizar os efeitos adversos da retenção de secreções em pacientes submetidos à ventilação mecânica, várias técnicas de higiene brônquica são amplamente empregadas por fisioterapeutas nas UTIs ao redor do mundo. Entre as técnicas mais utilizadas estão a aspiração traqueal, a vibrocompressão (VB) e a hiperinsuflação com ventilador mecânico (HVM). Essas intervenções podem ser aplicadas individualmente ou em combinação, dependendo da patologia e das condições clínicas do paciente.
A técnica de ventilação não invasiva, amplamente utilizada em pacientes críticos na UTI, é fundamental para promover uma recuperação eficaz, conforme demonstrado pelo autor Muncharaz (2021). Essa abordagem oferece suporte ventilatório sem a necessidade de intubação, auxiliando na melhoria da troca gasosa e na redução do trabalho respiratório, o que contribui para a estabilização clínica e diminui o risco de complicações associadas à ventilação invasiva.
O mesmo autor compara a ventilação mecânica com a oxigênioterapia, onde essa técnica serve para fornecer oxigênio suplementar aos pacientes, é aplicada para corrigir quadros de hipoxemia e melhorar a saturação de oxigênio no sangue. Esse procedimento é especialmente importante em pacientes críticos, pois auxilia na manutenção da oxigenação tecidual, sendo uma estratégia essencial para suportar o sistema respiratório em situações de insuficiência respiratória.
Nos estudos de Weigert (2021) foi concluído que o uso da ventilação não invasiva (VNI) em pacientes críticos internados em UTI mostrou-se eficaz na maioria dos casos. A VNI, quando utilizada de forma facilitadora e preventiva, contribui para o desmame da ventilação invasiva, resultando em melhores resultados clínicos. Essa abordagem demonstrou potencial para reduzir o tempo de internação na UTI e favorecer uma alta mais rápida da unidade.
Valverde (2022) aborda que a administração de oxigênio, que começou a ser amplamente utilizada para tratar pneumonia, passou a ter um papel importante na prática clínica atual, especialmente para corrigir quadros de hipoxemia em pacientes críticos. No entanto, essa abordagem liberal, que envolve a aplicação de níveis elevados de fração inspirada de oxigênio (FiO2) e pressão parcial de oxigênio (PaO2), pode expor os pacientes a quadros de hiperóxia.
CONCLUSAO
A fisioterapia respiratória desempenha um papel essencial no tratamento de pacientes críticos internados na UTI, promovendo a recuperação e a manutenção das funções respiratórias por meio de técnicas especializadas como cinesioterapia respiratória, manobras de higiene brônquica, reexpansão pulmonar e oxigenoterapia. Esses métodos têm uma importância significativa, pois ajudam a prevenir complicações pulmonares, otimizar a oxigenação e favorecer a eliminação de secreções, fatores determinantes para a estabilidade clínica e a melhoria dos pacientes críticos.
Além disso, o trabalho do fisioterapeuta respiratório envolve uma abordagem personalizada e integrativa, que avalia as necessidades específicas de cada paciente, resultando em intervenções que visam não apenas à recuperação mais rápida, mas também à redução do tempo de internação e ao aprimoramento do prognóstico. Essa atuação multidisciplinar e em conjunto com a equipe da UTI é fundamental para garantir um cuidado eficaz e seguro, contribuindo diretamente para a otimização de recursos hospitalares e a qualidade do atendimento.
A importância desta pesquisa para a sociedade reside no fato de que o desenvolvimento e a aplicação de técnicas respiratórias eficazes em pacientes críticos na UTI impactam diretamente a saúde pública, ao reduzir as taxas de morbidade e mortalidade associadas a problemas respiratórios graves. Ao aprofundar o conhecimento sobre os benefícios da fisioterapia respiratória em ambiente intensivo, este estudo contribui para a capacitação de profissionais, aprimoramento das práticas e, consequentemente, melhora da qualidade de vida dos pacientes.
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