A NURSE’S ROLE IN HUMANIZED CARE IN THE NEONATAL ICU: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411161106
Andreyna Maria Rodrigues Barbosa¹; Clareana de Santana Borges²; Claudia Valéria Freitas Sousa³; Leonara Da Silva Costa⁴; Maria Eduarda Oliveira Teles⁵; Lennara de Siqueira Coelho⁶.
RESUMO:
Objetivo: compreender o papel do enfermeiro no processo de humanização a assistência em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal – UTIN. Método: para realização da presente revisão de literatura, nos moldes da revisão integrativa, realizou-se uma pesquisa bibliográfica pautada na abordagem qualitativa. Para tanto, foram selecionados treze artigos, sendo este publicados no Banco de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e MEDLINE, respeitando o recorte temporal (2013 – 2023) da pesquisa. Os artigos foram selecionados com base nos seguintes descritores: enfermagem neonatal, humanização da assistência e unidades de terapia intensiva neonatal. Resultado: evidenciou-se que a relevância da atuação do enfermeiro em uma UTI Neonatal, não está relaciona-se meramente a realização de procedimentos técnicos, mas que isso, este está inserido em todos os processos como agente ativo na construção de um ambiente que prioriza a humanização do cuidado, desempenhando papel multifacetado nesse contexto, atuando como cuidador, educador, comunicador e defensor dos direitos dos pacientes e de suas famílias. Conclusão: conclui-se, portanto, que a atuação do enfermeiro contribui amplamente para a consolidação da assistência humanizada em uma UTI Neonatal, seja através de suas habilidades técnicas e da capacidade de estabelecer conexões significativas com os pacientes e suas famílias, bem como ao desempenhar papel crucial na promoção de um ambiente de cuidado que respeita a dignidade, a individualidade e as necessidades emocionais dos recém-nascidos e de suas famílias.
Palavras – Chaves: Enfermagem neonatal; Humanização da assistência e Unidades de terapia intensiva neonatal.
ABSTRACT:
Objective: to understand the nurse’s role in the humanization process of care in Neonatal Intensive Care Units (NICUs). Method: this literature review, following the integrative review approach, conducted a bibliographic search using a qualitative approach. Thirteen articles published in the Nursing Database (BDENF), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), and MEDLINE were selected, adhering to the temporal scope of the study (2013-2023). Articles were chosen based on the descriptors: neonatal nursing, humanization of care, and neonatal intensive care units. Results: it was evident that the nurse’s relevance in a Neonatal ICU extends beyond technical procedures. The nurse plays an active role in creating an environment that prioritizes the humanization of care, acting multifacetedly as a caregiver, educator, communicator, and advocate for the rights of patients and their families. Conclusion: therefore, it is concluded that the nurse’s involvement significantly contributes to the consolidation of humanized care in a Neonatal ICU. This is achieved through technical skills, the ability to establish meaningful connections with patients and their families, and a crucial role in promoting a caring environment that respects the dignity, individuality, and emotional needs of newborns and their families.
Keywords: Neonatal nursing; Humanization of care; Neonatal intensive care units.
Introdução
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) emerge como um ambiente de extrema complexidade, onde os recém-nascidos enfrentam desafios significativos em seus primeiros dias de vida. Nesse contexto, a atuação do enfermeiro desempenha um papel crucial na promoção de uma assistência humanizada, capaz não apenas abordar as demandas clínicas, mas também proporcionar um ambiente compassivo e centrado no paciente.
A humanização na UTIN transcende a mera aplicação de procedimentos médicos, envolvendo uma abordagem holística que considera não apenas a condição física do neonato, mas também seu bem-estar emocional e psicológico. Este trabalho se propõe a explorar e analisar a literatura existente, destacando a importância da atuação do enfermeiro na promoção da humanização dentro deste cenário delicado.
Ao revisar as evidências disponíveis, buscaremos compreender de que modo a enfermagem contribui para a promoção de um ambiente mais acolhedor e empático na UTIN. Além disso, examinaremos quais as habilidades necessárias aos enfermeiros nesse contexto específico e as estratégias adotadas utilizadas, visando, assim, aprimorar continuamente a qualidade da assistência prestada aos neonatos e suas famílias, bem como estes se reconhecem no processo de consolidação da humanização dos cuidados prestados em tais ambientes.
Diante do exposto, este estudo visa não apenas abordar a importância da humanização na UTI Neonatal, mas também destacar o papel fundamental desempenhado pelos enfermeiros nesse processo, contribuindo para a construção de práticas mais humanizadas e centradas no paciente, em consonância com as demandas éticas e sociais contemporâneas.
Metodologia
A revisão integrativa da literatura é caracterizada como uma estratégia em que o pesquisador tem o interesse de sumarizar resultados de um conjunto de pesquisas sobre um mesmo tema, visando estabelecer generalizações ou desenvolver explicações mais abrangentes de um fenômeno específico, a partir da síntese ou análise dos achados. (SONAGLIO et al, 2022).
Desse modo, o estudo em questão trata-se de uma revisão integrativa, onde a pesquisa teve como objetivo compreender o papel do enfermeiro no processo de humanização a assistência em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal – UTIN. Para a realização dessa pesquisa foi necessária a consulta na base de dados da biblioteca virtual em saúde onde teve como suporte as produções cientificas publicadas entre 2013 a 2023.
Durante a pesquisa dos artigos surgiu como questionamento principal qual a importância da atuação do enfermeiro para a consolidação da assistência humanizada em uma UTI Neonatal, bem como a mesma acontece dentro de tal processo.
A busca por publicações aconteceu no período agosto á outubro de 2023, através do acesso online a partir dos seguintes descritores: UTI Neonatal, Enfermagem, Atuação, Humanização e Humanização da Assistência, inseridos nas bases de dados eletrônicas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Base de Dados De Enfermagem – BDENF e MEDLINE, utilizando os descritores de acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DECS).
Os critérios de inclusão estabelecidos são textos desenvolvidos no Brasil, publicados em idioma português, sendo estes redigidos na forma de artigos, publicados entre os anos de 2013 a 2023, contendo artigos completos disponíveis nas bases de dados, e que estiverem relacionados com o tema. Dentro dos critérios de exclusão foram eliminados duplicidades de artigos em bases de dados diferentes, artigos que não contemplavam a temática.
Foi elaborado um roteiro estruturado para a coleta de dados, realizado para a construção deste estudo tendo como objetivo a coleta de trabalhos científicos que abordassem sobre o tema a atuação do enfermeiro na assistência humanizada em UTI Neonatal.
Neste estudo foram utilizados dados devidamente referenciados, identificando e respeitando seus autores, observando rigor ético quanto aos textos científicos pesquisados à propriedade intelectual e as demais fontes de pesquisas, no qual se diz respeito ao uso do conteúdo e de citações das obras consultadas.
Resultados e Discussão
A pesquisa iniciou-se no cadastro do Descritores em Ciências da Saúde (DECS) com os descritores estabelecidos: Enfermagem Neonatal, Humanização da Assistência e Unidades de Terapia Intensiva Neonatal, após a confirmação dos descritores partiu-se para a busca nos bancos de dados LILACS, BDENF e MEDLINE, onde obteve-se 45.957 mil publicações sem a utilização de filtros.
Após o levantamento destas publicações cientificas, mencionando os descritores selecionados partiu-se para a seleção dos artigos. Das 45.957 mil referências que foram encontradas, 41.061 mil artigos não contemplam o tema proposto e não se encaixam dentro dos critérios de inclusão de artigos publicados no Brasil, em língua portuguesa, entre os aos de 2013 a 2023, restando após está análise 4.896 mil artigos. Os resultados destas seleções encontram-se representadas no quadro a seguir.
Quadro 01 – Publicações encontradas nas bases de dados: LILACS, BDENF e MEDILINE com os descritores estabelecidos com e sem a utilização de filtros.
Após a utilização dos filtros estabelecidos em cada base de dados, foi utilizado junto a eles o agrupamento dos descritores controladores através do AND, destes 4.896 mil artigos foram excluídos 4.880 mil, pois não se enquadram nos critérios de inclusão dessa revisão integrativa de literatura ou não possuíam relação com o tema, restando 30 artigos.
Ao analisar estes 30 artigos, foi realizada a leitura minuciosa de todos os resumos e separados aqueles que tinham relação os objetivos da pesquisa e com a temática sobre A Atuação do Enfermeiro na Assistência Humanizada em UTI Neonatal, onde verificou-se que 07 artigos não respondiam a questão norteadora e 10 estudos repetiam-se em duas bases de dados diferentes. Portanto, 17 artigos foram excluídos, restando apenas 13 artigos que serviram para estruturar a revisão integrativa. A conclusão deste resultado está representada no quadro seguinte.
Quadro 02 – Resultado dos artigos utilizados nos 03 bancos de dados BDENF, LILACS e MEDLINE quanto as combinações dos descritores.
BANCO DE DADOS | DESCRITORES COMBINADOS | ARTIGOS SELECIONADOS |
BDENF| LILACS| MEDLINE | Enfermagem Neonatal AND Unidades de Terapia Intensiva Neonatal AND Humanização da Assistência | 08 |
Unidades de Terapia Intensiva Neonatal AND Humanização da Assistência | 05 |
Fonte: Elaborado pelos autores
Quanto ao ano das publicações dentro do período 2013 a 2023 relacionadas a temática A Atuação do Enfermeiro na Assistência Humanizada em UTI Neonatal consta a distribuição no quadro 03:
Quadro 03 – Distribuições das publicações entre os anos de 2013 a 2023.
ANO | Nº DE ARTIGOS |
2013 | 02 |
2015 | 02 |
2016 | 02 |
2017 | 02 |
2019 | 01 |
2020 | 01 |
2022 | 02 |
2023 | 01 |
TOTAL | 13 |
Conforme apresentados no quadro 03, as publicações selecionadas que teve maior frequência foram nos anos de 2013 e 2017, seguidas pelas contidas nos anos de 2015, 2016, 2019 e 2022. Tendo menor frequência de estudo publicado nos anos de 2018, 2020 e 2023.
Durante a pesquisa foram obtidos 13 trabalhos científicos, após serem lidos na integra e distribuídos em um quadro de forma resumida as seguintes áreas: ano, títulos, tipos de estudo e objetivos. Os artigos foram enumerados no quadro a seguir, como forma de facilitar a análise de identificação das etapas.
Quadro 04: Distribuições das publicações científicas em ano, título, tipo de estudo e objetivo.
Nº | ANO | TÍTULO | TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO |
01 | 2023 | Percepções do enfermeiro acerca das competências profissionais para atuação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal | Guia de prática clínica / Pesquisa qualitativa | Identificar o perfil sociodemográfico dos enfermeiros e apreender sua percepção sobre as competências profissionais desempenhadas em UTI. |
02 | 2022 | Empatia de enfermeiras com recém-nascidos hospitalizados em unidades de terapia intensiva neonatal | Estudo prognóstico / Pesquisa qualitativa | Compreender a experiência da empatia de enfermeiras com os recém-nascidos hospitalizados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. |
03 | 2022 | Gestão do cuidado de enfermagem em unidade neonatal: boas práticas em condições singulares de vida | Pesquisa qualitativa | Compreender como a equipe de enfermagem de uma terapia intensiva neonatal organiza seu trabalho baseando-se em boas práticas. |
04 | 2020 | Humanização da assistência de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal | Pesquisa qualitativa | Compreender a humanização da assistência de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal de hospital privado mato-grossense. |
05 | 2019 | Humanização da assistência neonatal na ótica dos profissionais da enfermagem | Pesquisa qualitativa | Identificar a percepção da equipe de Enfermagem sobre a humanização da assistência prestada em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Neonatal / Humanização da Assistência / Equipe de Enfermagem |
06 | 2017 | O valor atribuído pelos profissionais de enfermagem aos cuidados preconizados pelo método canguru | Pesquisa qualitativa | Compreender o valor atribuído pelos profissionais de Enfermagem aos cuidados humanizados propostos pelo Método Canguru. Método: |
07 | 2017 | Aplicabilidade das ações preconizadas pelo método canguru | Guia de prática clínica / Pesquisa qualitativa / Fatores de risco | Identificar a prevalência das ações preconizadas pelo MC na prática de cuidados ao recém-nascido pré- termo e/ou baixo peso, pela equipe de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva neonatal que é referência estadual para o MC. |
08 | 2016 | Atuação do enfermeiro no cuidado ao recém- nascido: proposta de um novo modelo | Estudo observacional / Estudo de prevalência | Investigar a atuação do enfermeiro no cuidado ao recém- nascido nas unidades neonatais diante desse novo modelo de equipe. |
09 | 2016 | Humanização permeando o cuidado de enfermagem neonatal | Pesquisa qualitativa | Descrever o entendimento dos enfermeiros acerca da humanização em unidade de terapia intensiva neonatal; discutir as estratégias de humanização do cuidado aplicadas em unidades de terapia intensiva neonatal sob a luz da Teoria do Cuidado Humano Transpessoal. |
10 | 2015 | A ação intencional da equipe de enfermagem ao cuidar do RN na UTI neonatal | Pesquisa qualitativa | Apreender o que a Equipe de Enfermagem tem em vista ao cuidar do Recém-Nascido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. |
11 | 2015 | Concepções de humanização de profissionais em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal | Pesquisa qualitativa | Investigar a concepção de humanização da equipe de profissionais de três Unidades de Terapia Intensiva Neonatal da Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo. |
12 | 2013 | Percepção da equipe de enfermagem sobre humanização em unidade de tratamento intensivo neonatal e pediátrica | Guia de prática clínica / Pesquisa qualitativa | Identificar a percepção da equipe de enfermagem sobre a humanização no cuidado em uma unidade de terapia intensiva neonatal e pediátrica. |
13 | 2013 | Percepção da Equipe de Enfermagem acerca da Humanização do Cuidado na UTI Neonatal | Estudo de avaliação / Estudo prognóstico / Pesquisa qualitativa | Analisar a percepção da equipe de Enfermagem acerca da humanização do cuidado ao recém-nascido/RN de risco e identificar ações dos profissionais de Enfermagem que contribuem para a humanização do cuidado na unidade de terapia intensiva neonatal/UTIN |
A partir da análise do conteúdo das publicações, foi possível elaborar duas categorias para discussão dos estudos, sendo estas: “Competências e habilidades necessárias ao enfermeiro em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)” e “Percepções do enfermeiro acerca da atuação do mesmo em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).”
Competências e habilidades necessárias ao enfermeiro em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
É consenso entre as literaturas pesquisadas, a compreensão de que uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um setor caracterizado como crítico, no qual exige da equipe multi e interdisciplinar que o compõe, competências e habilidades que respondam satisfatória e efetivamente as demandas que surgem em todos os níveis de complexidade que permeiam o processo de trabalho neste ambiente.
Entende-se que competências profissionais dizem respeito a aquisição de habilidades fundamentais para que seja possível desempenhar as mais diversas atividades, e de acordo com Ferro et al. (2023), tais habilidades e competências são adquiridas academicamente ou desenvolvidas na prática ou por meio de aprendizagem informal.
A função de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal vai além da garantia de adaptação do recém-nascido de risco ou baixo peso ao meio extrauterino, por sua vez, uma UTIN também deve “considerar a intervenção sobre a qualidade de vida deste paciente e a diminuição dos riscos de comorbidades na população futura” (FERRO et al, 2023, p. 03), justificando assim o fato desses espaços passarem a ser cada vez mais alvos de estudos, modernização e promoção de assistência em saúde humanizada e integral dos pacientes,
Na saúde, o conceito de humanização tem sido constantemente difundido, sendo este relacionado a promoção do tratamento digno, respeitoso e dos pacientes, levando em consideração sua individualidade e necessidades emocionais, sociais e psicológicas. Do mesmo modo, de acordo com Mufato e Gaíva (2022), o termo empatia vem sendo cada vem mais debatido nas mais diversas áreas da saúde, como medicina, psicologia e também na enfermagem, sendo ainda considerada como uma importante habilidade requerida no ambiente de uma UTI Neonatal.
A atuação do enfermeiro nesse contexto é de extrema importância, pois ele desempenha um papel central na prestação de cuidados de qualidade, buscando garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos bebês internados. A literatura tem enfatizado a necessidade de uma prática baseada na empatia, no acolhimento e na comunicação efetiva, a fim de promover a humanização em UTI Neonatal.
Além da compreensão das práticas humanizadas e empáticas relacionadas ao acolhimento e comunicação, é de total importância a organização na hora de gerir o cuidado, e como o mesmo se dará durante o processo, devendo assim ter domínio sobre os recursos materiais, físicos e pessoais entre outros, além da avaliação da qualidade das ações prestadas e identificação e planejamento das melhorias necessárias.
Dias et al. (2016) pontua que, na prática, a responsabilidade do cuidado de enfermagem ao RN em UTIN é do enfermeiro, mas que cotidianamente, este profissional por vezes se distanciou do cuidado direto dispensado ao RN, centrando- se nas atividades gerencias, dando preferência à realização de cuidados de maior complexidade, delegando os demais cuidados aos técnicos de enfermagem.
Porém, diante do exposto, os novos processos de trabalho destacam a importância do cuidado integral do paciente pelo enfermeiro, sendo este instigado a assumir cada vez mais papeis antes realizados por técnicos e auxiliares, saindo, portanto, do papel de supervisão e gerenciamento para executor das mais diversas atividades no cuidado ao paciente. Sendo assim, conhecer a atuação desse profissional diante das novas propostas é parte importante para a integralidade do atendimento ao paciente e às demandas institucionais.
Sonaglio et al. (2022) afirma que “a enfermagem atua exercendo diversas atividades gerenciais, seja na gestão e liderança da equipe ou mesmo na assistência direta ao paciente, mostrando-se tal prática, inerente à profissão.” Desse modo, podemos destacar ainda que a gerência do cuidado é um determinante significativo para a aplicação da humanização.
Todo cuidado prestado em uma UTI Neonatal é realizado com minúcia, tanto pelo tamanho quanto pela fragilidade dos pequenos pacientes, bem como por sua condição de saúde instável. A autora supracitada, ressalta a importância do desenvolvimento de Boas Práticas em enfermagem para prestação dos cuidados. Estas devem compreender as especificidades do cuidado da UTIN, estando atrelada a segurança do paciente e da equipe, baseando-se em evidências científicas, protocolos e documentos, devendo ser consideradas ainda como a Humanização do Cuidado propriamente dito.
No tocante a aplicação das Boas Práticas na Gestão do cuidado, essa se dá ao considerar o ser multidimensional durante o cuidado, compartilhando o cuidado como a família, buscando qualificação e atuação profissional constante para proporcionar o cuidado.
Ao identificarmos os pilares da Gestão do Cuidado Baseado em Boas Práticas, a literatura pesquisada traz o Método Canguru como norteador, no qual o cuidado realizado deve estar unificado e articulado entre a equipe. Outro pilar baseia-se na organização dos recursos (humanos, materiais e financeiros) disponíveis e necessários para o cuidado, e por fim, na avaliação da assistência prestada, de forma a identificar melhorias necessárias. (SONAGLIO et al., 2022, p. 03)
Em um cenário tão delicado e complexo como a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), as competências e habilidades do enfermeiro desempenham um papel central na promoção do cuidado de alta qualidade para os recém-nascidos prematuros. Este estudo nos levou a uma profunda compreensão das exigências singulares que essa unidade exige, destacando não apenas a necessidade de habilidades técnicas, mas também de qualidades humanas essenciais.
Tornou-se evidente que a competência técnica, que abrange desde o manejo avançado de equipamentos médicos até a administração precisa de medicamentos, é uma exigência fundamental. A capacidade de avaliar rapidamente as condições dos pacientes e tomar decisões informadas sob pressão é uma característica vital do enfermeiro da UTIN. Além disso, a aptidão para trabalhar em equipe e comunicar-se eficazmente, não apenas com colegas de profissão, mas também com as famílias dos pacientes, emerge como uma competência-chave.
Em resumo, as competências e habilidades necessárias ao enfermeiro na UTIN são multifacetadas. A combinação de competência técnica, habilidades interpessoais e empáticas define o que se espera do enfermeiro apto a atuar neste espaço.
Percepções do enfermeiro acerca da atuação do mesmo em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)
Quando imaginamos o cenário de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é comum nos depararmos com a ideia de que nesse ambiente a tecnologia sobressai as relações interpessoais, e que por sua vez, este se torna um espaço impessoal e frio.
Desse modo, conforme Neto e Rodrigues (2015), “humanizar o cuidado tem se tornado um grande desafio para os profissionais de saúde, demandando atitudes às vezes individuais e pessoais contra todo um sistema tecnológico dominante”, por isso mostra-se de grande importância compreender a percepção do profissional de enfermagem acerca de sua atuação nestes espaços, bem como o mesmo está inserido no processo de humanização do cuidado.
Em suas pesquisas, Lins et al. (2013) notou que para os profissionais objetos de seus estudos, “a humanização está intimamente ligada à forma com que se trata o outro, colocando-se sempre no lugar do paciente, e fazer por ele aquilo que gostaria de estar recebendo”. Dessa forma, o cuidado humanizado tem seu foco na percepção integral do paciente e respeito às suas particularidades e sentimentos.
É consenso entre os autores, que em seu discurso os profissionais de enfermagem compreendem a humanização como “uma modalidade assistencial cujo processo resulta do conhecimento e da prática das várias categorias profissionais atuantes na produção de cuidados em saúde” (REIS et al., 2013, p. 03). O processo de humanização é demorado e complexo, no entanto, é essencial refletir a atuação do enfermeiro no ambiente para que este resulte em um lugar que traga conforto e acolhimento.
A assistência do cuidado não deve limitar-se ao ato de consultar, examinar, percebendo-a como parte de um processo dinâmico, que envolva a tríade profissional, recém-nascido e família, respeitando seus sentimentos e valores proporcionando uma relação respeitosa e autêntica. Cultivando um vínculo verdadeiro que possibilita um trabalho em equipe em prol de um só objetivo.
A presença da família foi um aspecto apontado por Roseiro & Paula (2015) como “muito importante para a oferta de assistência integral na unidade neonatal”. O bebê deixa de ser entendido como um ser isolado, e passa a ser considerado como pertencente à família, que acolherá e cuidará de seu novo membro.
Dessa forma, a humanização do cuidado ao RN deve priorizar o acolhimento à família e sua participação ativa junto ao bebê. Por meio dos dados levantados a partir da literatura pesquisada, verifica-se que os profissionais entendem a importância do contato e da participação dos pais junto ao bebê, através de ações promovidas como: “os horários de visita, dos quais os avós e irmãos também participam; o incentivo ao aleitamento materno, com o trabalho do Banco de Leite; e o incentivo à posição canguru, ao colo e aos cuidados diretos” (ROSEIRO&PAULA 2015, p. 05).
No que se refere a percepção do impacto do cuidado relacionado ao meio físico e às adaptações do ambiente às necessidades do recém-nascido, de acordo com os autores estudados, os profissionais relatam ter conhecimento de que os fatores ambientais, têm grande repercussão para o crescimento e desenvolvimento do recém-nascido, por essa se montra uma preocupação constante no cotidiano do trabalho da UTIN.
Sendo assim, cabe o enfermeiro direcionar sua atenção no sentido de minimizar o impacto que o ambiente estressante as UTIN podem causar a todos que ali estão, organizando, planejando e executando os cuidados de enfermagem de acordo com a necessidade individualizada e a resposta de cada neonato/ família, exercendo assim uma assistência integral, de qualidade e humanizada. (LINS et al. 2013 apud MARTINS et al., 2011; ROLIM, CARDOSO, 2006)
Entende-se que na percepção dos enfermeiros uma grande fonte geradora de estresse para o neonato é a ambiência da UTIN, no que se refere o excesso de luminosidade, ruídos, alarmes. Por isso, as estratégias utilizadas pelos profissionais são efetivas em prol do bem estar do neonato afim de protege-lo e possibilitar conforto. Outro ponto identificado pelos autores sobre a percepção dos enfermeiros acerca de sua atuação, destaca a comunicação como uma ferramenta a ser trabalhada entre a equipe, pois eles se tonam os transmissores que passam todas as informações necessárias para os pais, no a qual é importante que o enfermeiro e sua equipe desenvolvam habilidades de comunicação de forma que construa uma relação sem ruídos.
Conforme Reis et al. (2013), estudo revelam que “a comunicação entre os sujeitos produtores de saúde pode conduzir à humanização das práticas, acarretando, consequentemente, em significativas mudanças no processo de trabalho, resolutividade e qualidade do atendimento, além de promover a saúde de todos”.
Os artigos estudados demostram que na percepção dos enfermeiros há uma grande necessidade de construção de um espaço no qual os profissionais possam expressar seus medos, anseios. Tal espaço traduz-se na expressão de cuidado ao profissional, o que influencia na própria motivação para prestar cuidados de forma humanizada.
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) representa um ambiente desafiador e complexo para os enfermeiros, exigindo não apenas habilidades técnicas excepcionais, mas também uma compreensão profunda das necessidades únicas dos recém-nascidos e de suas famílias.
Dessa forma, conclui-se que os enfermeiros da UTIN desempenham um papel crucial não apenas na prestação de cuidados clínicos intensivos, mas também no apoio emocional às famílias durante momentos extremamente vulneráveis de suas vidas. Suas percepções revelam a complexidade dessa profissão, destacando a necessidade de uma formação contínua, suporte emocional adequado e uma equipe interdisciplinar bem coordenada.
Além disso, este estudo sublinha a importância da comunicação eficaz e da empatia no ambiente da UTIN. Os enfermeiros não apenas administram tratamentos e monitoram sinais vitais, mas também estabelecem vínculos com os bebês prematuros e suas famílias, criando um ambiente de confiança que é fundamental para o processo de cura.
Em última análise, este estudo destaca a necessidade contínua de apoio institucional, investimento em treinamento e reconhecimento adequado para os enfermeiros da UTIN. Ao fazê-lo, podemos garantir que esses profissionais continuem a oferecer cuidados excepcionais, moldando positivamente a vida dos recém-nascidos e de suas famílias, mesmo nos momentos mais difíceis.
Considerações Finais
A assistência humanizada em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais é uma questão fundamental para a promoção do bem-estar e desenvolvimento dos recém-nascidos prematuros e/ou de risco, bem como para o suporte emocional
dispensado às famílias em momentos críticos que permeiam o referido cenário. Neste trabalho, buscou-se explorar a importância da atuação do enfermeiro como peça- chave para a consolidação desse modelo de cuidado.
Ao longo deste estudo, identificou-se a relevância da atuação do enfermeiro na UTI Neonatal, não apenas como um profissional de saúde que realiza procedimentos técnicos, mas também como um agente ativo na construção de um ambiente que prioriza a humanização do cuidado. O enfermeiro desempenha um papel multifacetado nesse contexto, atuando como cuidador, educador, comunicador e defensor dos direitos dos pacientes e de suas famílias.
A humanização da assistência em uma UTI Neonatal é alcançada através de estratégias que envolvem a comunicação eficaz com os familiares, o estabelecimento de vínculos de confiança, o respeito à individualidade do paciente, a promoção do toque terapêutico, o incentivo ao aleitamento materno, o suporte emocional e a participação ativa da família no cuidado. Desse modo, o enfermeiro desempenha um papel crucial na implementação de tais práticas, atuando como mediador entre a equipe de saúde, o recém-nascido e sua família.
Além disso, a capacitação do enfermeiro em habilidades de escuta ativa, empatia e apoio psicossocial desempenha um papel essencial na promoção da humanização. A capacidade de compreender as necessidades emocionais das famílias, bem como de estabelecer uma comunicação eficaz, contribui para a construção de um ambiente de cuidado mais acolhedor e centrado no paciente.
A humanização da assistência em UTIs Neonatais não é apenas uma questão de protocolos clínicos, mas também de atitudes, valores e cultura organizacional. Os enfermeiros desempenham um papel fundamental na disseminação desses princípios e na promoção de uma mudança cultural que coloca o ser humano no centro do cuidado.
Em resumo, a atuação do enfermeiro é de importância indiscutível na consolidação da assistência humanizada em uma UTI Neonatal. Através de suas habilidades técnicas e da capacidade de estabelecer conexões significativas com os pacientes e suas famílias, os enfermeiros desempenham um papel crucial na promoção de um ambiente de cuidado que respeita a dignidade, a individualidade e as necessidades emocionais dos recém-nascidos e de suas famílias. O compromisso com a humanização do cuidado é essencial para o aprimoramento da qualidade da assistência na UTI Neonatal e para o bem-estar de todos os envolvidos nesse processo.
Neste sentido, é fundamental que as instituições de saúde e os gestores reconheçam a importância do papel do enfermeiro e promovam ações de capacitação, valorização e suporte emocional aos profissionais, a fim de garantir a continuidade e a melhoria da assistência humanizada nas UTIs Neonatais.
Referências
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¹Graduanda em Enfermagem da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.
²Graduanda em Enfermagem da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.
³Graduanda em Enfermagem da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.
⁴Graduanda em Enfermagem da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.
⁵Graduanda em Enfermagem da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.
⁶Enfermeira, Mestre e Professora da Faculdade UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí – Teresina – PI.